domingo, 9 de maio de 2021

Águia na cabeça


"Águia na cabeça", de Paulo Thiago (1984)
Impossível após assistir ao excelente documentário 'Doutor Carlos", não querer assistir ao drama policial de 1984, 'Águia na cabeça", de Paulo Thiago. Ao lado de clássicos como "República dos assassinos", de Miguel Faria Jr, e "Lúcio Flavio, o passageiro da agonia", de Hector Babenco, são dos melhores exemplares do gênero da filmografia brasileira. Produtos dos anos 80, são filmes recheados de perversidade, uma visão decadente da sociedade brasileira, envolta com corrupção na polícia, política e também, muito sexo desglamurizado, O que mais me atrai nesses filmes é a estética suja e crua, filmes devassos e sem qualquer tipo de filtro moral. Filmes impossíveis de serem realizados nos dias d hoje, ainda mais se considerando um elenco estelar que certamente hoje não se disponibilizaria a realizar cenas tão intensas e explícitas.
O elenco conta um um cast do melhor que tinha na época, em impressionante quantidade: Cristiane Torloni, Nuno Leal Maia, Jece Valadão, Zezé Motta, Teresa Rachel, Vera Fisher, Lucélia Santos, Maurício do Valle, Jofre Soares, Hugo Carvana, Xuxa Lopes, Wilson Grey, Chico Diaz e Nildo Parente. A equipe técnica também era de uma galera super top: Produção de Carlos Moletta e Joaquim Vaz de Carvalho; Roteiro de Paulo Thiago, Doc Comparato e Aguinaldo Silva; Fotografia de Antonio Penido; direção de arte de Clovis Bueno; Maquiagem e figurino de Carlos Prieto. Música tema cantada por Fafá de Belém.
A história gira em torno da disputa pelo controle de áreas comandadas por bicheiros. Uma organização de contraventores envolvida com políticos para poderem obter qualquer tipo de interferências na administração de qualquer setor da sociedade e do governo. Traições tanto políticas e amorosas, onde a lealdade não é um caráter de nenhum personagem.
O filme é um registro histórico de um Rio de Janeiro da época onde os bicheiros comandavam todas as esferas, tanto da sociedade, quanto do carnaval, futebol e governo. Para quem gosta de filmes brasileiros realistas e sem censura, um clássico obrigatório. O filme concorreu no Festival de Gramado em 1984.

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