segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Caminhos da memória


"Reminiscence", de Lisa Joy (2021)
Ficção científica que mistura ação, trhiller, romance e filme noir, no mesmo estilo do clássico "Gattaca, a experiência genética", de Andrew Niccol, de 1997.
"Caminhos da memória" foi escrito e dirigido por Lisa Joy, show runner da série "Westworld" e que aqui estréia na direção de filmes.
O filme tem uma trama bastante confusa, mas que no final, acaba sendo uma história de amor. Hugh Jackman é Nick Bannister, que, junto de Emily ( Thandie Newton ), administra uma máquina que produz reminiscências em quem busca memórias de seu passado. Nesse futuro distópico, uma cliente, Mae (Rebecca Ferguson) surge querendo a memória de onde está a chave dela. Com o tempo, Nick se apaixona por Mae. Um dia, ela desaparece sem deixar vestígios. Ao buscar as memórias dela, Nick percebe que Mae estava envolvida em uma trama de perigosos bandidos envolvendo assassinatos e traições.
O filme parece uma trama esticada de algum episódio de "Black mirror". A trama vai para vários lugares, e no final fica tudo bastante confuso. O ritmo é lento, e o que vale assistir nesse filme com visual deja vu, é a presença de um elenco forte em um filme que prometia mais, mas deixa um pouco a desejar, até porque ele é cansativo e longo.

domingo, 29 de agosto de 2021

Sangre


"Sangre", de Amat Escalante (2005)
Longa de estréia do controverso e polêmico cineasta espanhol Amat Escalante, radicado no México e conhecido pelos violentos filmes "Heli", "A região selvagem" e "Los bastardos".
"Sangre" venceu o prêmio Fipresci no Festival de Cannes 2005.
O filme conta a história de Diego (Cirilo Recio), um contador de pessoas em um centro de pesquisa no México; sua esposa Blanca (Laura Saldaña), atendente em um sushi bar e viciada em sexo. O casal passa o dia trabalhando e d enoite, assistem novela e fazem sexo de forma burocrática. Um dia, a filha de Diego, Karina (Claudia Orozco) bate na sua porta e pede para morar com ele. Mas a esposa de Diego é ciumenta e não aceita. Karina namora um jovem viciado e esse relacionamento terá um fim trágico.
O filme, como todos de Amat, é formado por não atores. Em uma tradição dos filmes de Robert Bresson, os atores praticamente não expressam emoções, mesmo em situação críticas. É um filme de ritmo bastante lento e com um desfecho em aberto, simbólico. As cenas de sexo do casal lembram bastante a forma de CArlos Reygadas filmar: sexo sem tesão, frio, distanciado. Amat por um bom tempo foi assistente de direção de Reygadas e certamente se influenciou na sua forma de filmar.

A protegida


"The protégé", de Martin Campbell (2021)
Diretor de 2 filmes de James Bond, 'Goldeneye" e "Cassino Royale", e também do grande fracasso da Marvel "Lanterna verde", Martin Campbell retorna após 4 anos sem filmar com um filme de ação que mistura "Kill Bill" e "Sr e Sra Smith" descaradamente.
No Vietnã em 1991, uma menina vietnamita, Anna, é encontrada pelo assassino Moody (Samuel L. Jackson) ensanguentada em um armário, onde aparentemente ela matou 4 soldados vietnamitas. Nos dias de hoje, Anna (Maggie Q) é uma assassina de aluguel treinada por Moody, e que usa como fachada uma livraria refinada em Londres. Ambos são contratados por um milionário romeno para buscar o filho sequestrado, mas acabam se envolvendo com um igualmente assassino de aluguel Rembrandt (Michael Keaton).
O filme se apropria de clichês requentados de tantos outros filmes de ação, mas do nada, Anna e Rembrandt, que tentam se matar o tempo todo, resolvem ir pra cama, após uma coreografia totalmente inspirada em "Sr e Sra Smith". A trama é confusa, o ritmo é arrastado, apesar das cenas de ação, e são muitos personagens que entram e saem de cena. Samuel L. Jackson fazendo o mesmo papel de sempre e Michael Keaton dando uma de durão em um papel indeciso sobre o seu caráter. Maggie Q tenta, mas o filme tem um roteiro que não ajuda a sua personagem se tornar carismática.

sábado, 28 de agosto de 2021

Teerã tabu


"Teheran tabu", de Ali Soozandeh (2017)
Premiada animação do cineasta iraniano Ali Soozandeh, radicado na Alemanha, também autor do roteiro. O filme concorreu no Festival de Cannes e em Annecy, maior Festival de animação do mundo. O filme é um drama melancólico e trágico sobre personagens que sucumbem às duras leis islâmicas do Irã, e principalmente, onde as mulheres enfrentam seu destino em uma sociedade machista e patriarcal.
O filme foi rodado com atores e depois sofreu o processo de rotoscopia, visto em "Valsa para Bashir" e "Scanner darkly", de Richard Linklater.
A prostituta Paru procura sobreviver com seu filho Elias, mudo, de 6 anos. O marido está preso e não lhe dá o divórcio. Sem condições financeiras, Paru aceita a proposta de um juiz arrogante: ser amante dele e assim, poder morar na casa dele. Paru se torna amiga da vizinha Sara, uma mulher grávida mas infeliz no casamento, pois o marido não permite que ela estude ou trabalhar. E por fim, o músico Babak transa com a jovem Donya no banheiro de uma boite, mas no dia seguinte ecebe uma ligação da jovem dizendo que se ele não arranjar uma cirurgia para reconstrução de hímem dela, o noivo dela irá matar os dois.
O filme trata os personagens com dignidade, mas a vida dura e sofrida em Teerã impede que eles encontrem paz e felicidade. Cada um carrega uma tragédia em suas vidas. O cineasta Ali Soozandeh tinha a intenção de filmar o longa com atores, mas devido a impossibilidade de filmar um drama com temas tão fortes, resolveu filmar na Alemanha com atores em estúdio e depois fazer rotoscopia, aplicando imagens de Teerã.

Ânimo juventude


"Animo juventud!", de Carlos Armella (2020)
Excelente comédia dramática mexicana, com uma narrativa nos moldes de Alejandro Inarritu e seu "Amores perros". Escrito e dirigido por Carlos Armella, o filme apresenta 4 jovens, moradores da periferia da Cidade do México, representantes da classe média. Uma geração em busca de amor carinho, representatividade, e com total incomunicabilidade com o universo dos adultos.
Martín ( Rodrigo Cortés ) é um grafiteiro que pinta a parede de uma casa, com uma declaração de amor a Cris, uma garota que não o deseja, O dono da casa prende Martin e o ameaça.
Daniel ( Mario Palmerín ) é um taxista que trabalha muito para provar dinheiro para sua namorada grávida de 16 anos,. Seu sonho é ser músico, mas a necessidade o obrigou a ser taxista, mas ele precisa se envolve com policiais e assaltantes.
Dulce ( Daniela Arce ) se faz de brigona na escola, mas no fundo, ela é carente e deseja um amor.
Pedro ( Iñaki Godoy ) decide não se comunicar mais com ninguém em espanhol e cria uma linguagem própria, o que irrita os seus pais e professores.
Com muita criatividade, ótima direção e um time de jovens atores excepcionais e carismáticos, "Ânimo juventude!" é um retrato pessimista, mas carinhoso com os protagonistas. Repleto de humor irônico, e com bons links entre as histórias. Uma ótima pedida

O mistério de Candyman


"Candyman", de Bernard Rose (1992)
Clássico de terror de 1992, que teve duas continuações fracas, e foi retomada com maestria em 2021 por Jordan Peele em 'A lenda de Candyman".
O filme é a adaptação do conto "The forbidden", do mestre do terror Clive Barker, com trilha sonora do genial Philip Glass. Bernard Rose, cineasta inglês, dirige e co-escreve.
O filme acompanha Helen Lyle (Virginia Madsen), uma estudante de graduação de Chicago concluindo uma tese sobre lendas urbanas , que a leva à lenda do " Candyman", o espírito vingativo de um artista e filho de uma escrava assassinada no final do século 19 por sua relação com a filha de um rico branco. O local aonde foi assassinado o artista agora é um conjunto habitacional da periferia de Chicago, Cabrini Green, onde a comunidade negra vive. Helen segue até lá com sua amiga Bernadette para buscar pistas do assassinato de uma mulher. Helen é cética e não acredita na lenda, mas aos poucos crimes acontecem, e a própria Helen é acusada de praticá-los.
Com uma ótima direção, repleta de nuances e uma atmosfera onírica, e belos planos aéreos, "O mistério de Candyman" tornou dois atores em astros do cinema de terror: Virginia Madsen e Tony Todd, no papel de Candyman. Um filme repleto de belas cenas assustadoras, e sem precisar apelar para o gore para dar sustos no público.

Doutor Gama


"Doutor gama", de Jeferson De (2021)
Drama histórico retratando a vida de Luis Gama, nascido em 1830, em Salvador, filho de mãe africana livre, a revolucionária Luiza Mahin (Izabel Zuaá) e pai branco de origem portuguesa (Felipe Kannernberg). Quando o menino tinha quatro anos, sua mãe, Luísa, participou da revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.Aos 10 anos de idade, foi vendido pelo seu pai como escravo, para poder pagar dívidas. Luís foi levado para o Rio de Janeiro, e depois, para São Paulo, para trabalhar como um escravo doméstico. Ele ficou amigo de Antonio (Jonny Massaro e Higor Campanaro, adulto) , que o ensinou a ler e escrever. Luís então, reivindicou a sua liberdade, por ser filho de mãe livre. Se formou em direito e a partir de então, foi considerado um dos grandes defensores de escravos. Libertou e defendeu mais de 500 escravos. Seus textos e discursos inspiraram abolicionistas e republicanos. Na cartela fina, é dito que O Brasil foi o ultimo Pais do ocidente a abolir a escravidão, em 1888
Luís Gama é interpretado por Pedro Guilherme (Criança), Angelo Fernandes (Jovem e Cesar Mello (Adulto) . Logo no início, Jeferson De provoca o espectador, colocando Luís Gama falando para a câmera, o espectador, e questionando sobre como as pessoas têm agido passivamente diante da violência contra a comunidade negra. O grande trunfo do filme, narrado de forma cronológica, é o seu elenco: Dani Ornellas, Erom Cordeiro, Daniel Rocha, Romeu Evaristo, Clara Choveaux, Zezé Motta, Mariana Nunes, Sidney Santiago, entre os já citados. Rodado em Paraty e produzido pela Paranoid de Heitor Dhalia, é um filme importante para trazer ao público a história de um dos grandes nomes da história do Brasil.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

O desejo te libertará


"Desire will set you free", de Yony Leyser (2015)
Drama LGBTQIAP+ alemão, é um filme excêntrico que apresenta uma fauna underground da cena Queer em Berlim. O filme foi escrito e dirigido pelo cineasta americano Yony Leyser, de descendência israelense e palestina, traz um relato autobiográfico da sua residência em Berlim. Ezra (Leyser) é um escritor americano que frequenta a cena underground queer de Berlim. Ele frequentemente sai com um grupo de amigos gays lésbicas e punks. Ele conhece Sasha, um russo imigrante que fugiu de seu país e trabalha como garoto de programa. Ezra se apaixona por Sascha, mas esse está em processo de transição de gênero. Os personagens descobrem influências e resquícios da República de Weimar, da Segunda Guerra Mundial, dos anos Bowie e do punk. O filme também faz uma crítica à política do País em relação à imigração.
"O desejo te libertará" é um filme mega independente, lembrando os primeiros filmes de Greg Araki ou até mesmo de Derek Jarman. Com um visual que remete bastante a punk dos anos 80, o filme é um tratado sociológico de uma tribo que só quer saber de curtir a vida, as drogas, sexo e orgias.

On the set of "Elephant"- Rolling through time


"On the set of "Elephant"- Rolling through time", de Felix Andrew (2004)

Making of do aclamado filme de Gus Van Sant, "Elefante". O filme apresenta depoimentos dos alunos em sua primeira experiência como atores, o processo de direção de atores, os ensaios dos complexos movimentos de câmera, aula com instrutor de tiro e manuseio de armas. Mas a parte mais curiosa é ver Gus Van Sant editando o filme na moviola, com todo o preciosismo que lhe confere. Outra parte curiosa, e que denota o processo de realização de filmes que não existem mais, é a apresentação do copião das filmagens, com uma equipe montando uma enorme tela de cinema para projetar o que foi filmado. Um belo registro de um filme clássico.

A lenda de Candyman


"Candyman", de Nia DaCosta (2021)
Produzido e co-escrito por Jordan Peele, "A lenda de Candyman" é uma continuação do cult de 1992, com Virginia Madsen no elenco. Anthony (Yahya Abdul-Mateen II) e sua esposa Brianna (Teyonah Parris) se mudam para o conjunto habitacional de Caribni Green, mesmo lugar do filme anterior. O local passa por gentrificação, modernizando os prédios e expulsando quem não pode pagar, majoritariamente comunidade negra. Anthony é um artista plástico em crise criativa, e Brianna é diretora de uma galeria de arte. Quando Anthony conhece Burke, um antigo morador do conjunto, esse lhe fala sobre Candyman. Anthony influenciado pelo que Burke disse, pinta um quadro inspirado no massacre onde um morador negro, Sherman, foi morto. Na exposição, uma filipeta diz que se a pessoa falar "Candyman" 5 vezes em frente a um espelho, ele surge.
Dirigido pela estreante Nia DaCosta, o filme tem inspirações em "A hora do pesadelo", "A mosca" e outros filmes de terror. Com bons atores e ótima direção, que cria uma atmosfera de suspense constante, o filme é uma grande metáfora sobre a violência de brancos autoritários contra os negros. Personagens negros, gays e asiáticos não são mortos, e sim, os brancos arrogantes e praticantes de bullying. Os créditos finais, narrando a evolução dos Candyman , apresentada como sombra chinesa, é uma grande sacada.

Respect- a história de Aretha Franklin


"Respect", de Liesl Tommy (2021)
O drama biográfico sobre a Rainha do Soul, Aretha Franklin, termia com a sua apresentação no Kennedy Center Honors 2015, em uma platéia lotada, incluindo Barack e Michelle Obama, cantando "You make me feel like a natural woman". Não há quem não fique aos prantos nesse momento. É a celebração para uma das artistas mais prestigiadas da música,, nascida em 1942 e falecida em 2018, aos 76 anos.
O filme engloba a vida de Aretha, chamada pela família de Ree Ree, desde os 10 anos de idade, morando com o seu pai, o Pastor conservador Franklin (Forest Whitaker) e seus 3 irmãos. Os pais são separados, e Aretha fica feliz no dia do encontro com sua mãe, que a ensina a cantar. O Pastor Franklin obriga Aretha a cantar na igreja, fazendo grande sucesso entre os fieis. Aretha é estuprada em sua casa por um dos convidados da festa de seu pai. A partir daí, Aretha cresce (Jenniffer Hudson) e se muda para Nova York, Ela assina contrato com a Columbia records, mas mesmo depois de vários discos, ela não faz nenhum hit. Aretha e seu pai mantêm uma relação conflituosa, até que ela conhece Ted (Marlon Wayans), um agente que quer levá-la para outra gravadora e cuidar de sua carreira.
Assim como outras divas da música, como Whitney Houston, Tina Turner, Cher, entre outras, Aretha foi do céu ao inferno: apanhava do marido, se tornou alcóolatra. A estréia na direção da cineasta Liesl Tommy é certeira, com grande capricho na produção, direção de arte, figurinos e maquiagem, além do excelente trabalho do elenco, em especial Jennifer Hudson e da pequena Skye Dakota Turner, no papel de Aretha criança. É um filme convencional, como muitas outras cinebiografias. O que prejudica é a sua longa duração, quase 150 minutos, que tornam o filme arrastado, com tantas tramas e personagens. Ainda bem que tem as músicas de Aretha para darem um up, todas as vezes que Jennifer canta. E a cena final dela cantando na Igreja de seu pai, no ano de 1972, para gravar ao vivo seu disco "Amazing Grace", até hoje, campeão de vendas de um disco do gênero, com milhões de cópias vendidas.

No man of God


"No man of God", de Amber Sealey. (2021)
Dirigido pela cineasta Amber Sealey, "No man of God" concorreu no Festiva de Tribeca 2021.
O filme é baseado nas entrevistas transcritas entre o investigador da Polícia federal Bill Hagmaier (Elijah Wood) e Ted Bundy (Luke Kirby), o serial killer que matou e estuprou dezenas de mulheres nos Estados Unidos nos anos 70. Ted era um homem bonito e acima de qualquer suspeita, o que facilitava na sedução das mulheres. Ted morreu em 1989 após sua sentença de morte ter sido aprovada.
O filme lembra muito a série de David Fincher "Mindhunter", que tinha o mesmo mote. A história de Ted Bundy já foi levada ao cinema diversas vezes, sendo a última com Zac Efron no papel do assassino. O agente do FBI entrevistou Ted Bundy, que sempre havia recusado até então a dar entrevistas, no período de 84 a 89, e dessas entrevistas, Thomas Harris se inspirou para escrever Ö silêncio dos inocentes"e "Mindhunter". O filme leva a crer que qualquer um poderia se tornar um serial killer, em vário momentos, o agente Bill observa mulheres da mesma forma que Ted teria olhado. "No man of God" acontece quase 80 por cento do filme dentro da sala de depoimentos, somente os dois atores, o que poderia levar a crer que o filme poderia ser lançado um palco de teatro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Pedro coelho 2- O fugitivo


"Peter rabbit 2- the runaway", de Will Gluck. (2021)
Continuação do filme de grande sucesso lançado em 2018, "Peter coelho 2- O fugitivo" começa com o casamento de Thomas (Domhnall Gleeson) e Bea (Rose Byrne), tendo os animais da fazenda como convidados da festa. Bea lançou o livro com desenhos de Peter e seus amigos, e o livro faz sucesso, chamando a atenção do editor Nigel (David Oyelowo), um ambicioso livreiro que quer fazer do livro um grande sucesso no mundo todo, mas fazendo de Peter um vilão. Chateado com a representação de vilão, Peter foge e acaba encontrando um grupo de animais malandros que o chamam para praticar roubos.
Narrado por Margot Robbie, que também dá voz à coelha Flopsy, o filme tem no elenco o seu ponto forte, incluindo James Corden na voz de Peter. Mas infelizmente, o filme não tem a graciosidade do primeiro filme. Aqui, a trama é repleta de sub-plots e personagens, o que esvazia a narrativa. Algumas cenas são divertidas, mas fica a sensação de estar vendo "Baby o porquinho atrapalhado 2", que tem uma trama em semelhante.

Homem onça


"Homem onça", de Vinicius Reis (2021)
Vencedor do prêmio de atriz coadjuvante para Bianca Byington em Gramado 2021, "Homem onça" é uma alegoria do homem abatido como um animal. Essa alegoria acontece em 1997, no Rio de Janeiro. Pedro (Chico Diaz) é gerente dentro da Gás Brasil, empresa estatal, e em seu núcleo o trabalho é na ênfase ambiental. Mas a empresa está sendo privatizada, e Pedro vai ser obrigado a demitir a sua equipe. Sentindo que seu mundo está desmoronando, Pedro decide voltar a morar e sua cidade natal, Barbosa, estado do Rio, mas sua esposa e filha se recusam a ir.
Com uma interpretação impecável de Chico Diaz, o filme dá o seu recado para a privatização que está acontecendo no país atualmente, onde o resultado será desemprego em massa. Esse olhar pessimista é conduzido com esmero por Vinícius Reis, que consegue trazer realismo fantástico, drama e um certo humor a uma história tão melancólica. O elenco é formado por grandes nomes: Emilio de Mello, Dani Ornellas, Silvia Buarque, Álamo Facó, entre outros.

A floresta silenciosa


"The silent forest", de Ko Chen-Nien (2020)
Denso drama de Taiwan, vencedor de diversos prêmios internacionais. O filme é baseado em uma aterrorizante história real: em uma escola para surdos, jovens estudantes praticam bullying e assédio sexual, seguido de estupro, de outros estudantes. Os assediados comunicam o fato aos professores, que nada fazem, acreditando ser imaginação. Quando um novo professor chega, ele é procurado pelo novo estudante Chang Cheng, que dá o relato de ter testemunhado a aluna Bei Bei ser estuprada na fila de trás do ônibus escolar.
O filme lembra o drama húngaro "A gangue", também ambientada em uma instituição para surdos mudos e que traz um ambiente de violência.
Com um time de excelentes jovens atores, o filme investe em um drama visceral, com direito a cenas de estupro envolvendo crianças. É um filme bastante incômodo, mais pela apatia dos adultos, inertes e passivos ao que está acontecendo ao redor.
Ótima fotografia e edição, que conferem ao filme uma atmosfera quase que de filme de terror psicológico.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Raízes macabras


"The old ways", de Christopher Alender (2021)
Filme de terror tendo como base o exorcismo, só que dessa vez, dentro de uma cultura latina e no lugar de um padre, uma bruxa que se utiliza de rituais antigos. O filme foi exibido em Festivais de filmes de gênero, como Sitges.
Cristina (Brigitte Kali Canales) é enviada pelo seu chefe para Veracruz, na Venezuela, para fazer uma matéria sobre rituais. Ao chegar na região, ela adentra uma caverna chamada de "La boca". Ao acordar, Cristina se vê trancada em um ambiente onde uma velha bruxa e seu filho começam a praticar um ritual para expulsar o demônio que está dentro dela.
O filme não traz nada de novo, apenas a curiosidade de ser um exorcismo diferente. Os atores são bons, com destaque para Brigitte Kali Canales no papel principal. Bons efeitos para um filme de baixo orçamento.

O menino mais bonito do mundo


"The most beautiful boy in the world", de Kristina Lindström e Kristian Petri (2021)
Premiado documentário sueco sobre Björn Andresen, o ator que interpretou Tadzio, o jovem fetiche de Dirk Bogarde em "Morte em Veneza", de Luchino Visconti. O filme concorreu em Sundance e outros importantes Festivais, e traz à luz os maus tratos que Visconti aplicava em Bjorn, que iam de assédio moral até exposição do corpo desnudo do menino durante a audição para o personagem. Hoje em dia, com mais de 60 anos, Bjorn sente que o filme não lhe fez bem, o tornou uma pessoa triste e reprimida.
O filme começa mostrando Visconti rodando o mundo em busca do ator perfeito para o papel de Tadzio. Durante anos, Visconti viajou para Russia, Finlândia, Suécia e Suíça em busca do garoto ideal. Em Estocolmo, ele se deparou com Bjorn nas audições e teve certeza de que ele seria ideal para o papel. A avó de Bjorn era quem o levava para os testes. Visconti pediu que o menino tirasse a roupa, o que, pelas imagens, mostra o desconforto do menino. Com o sucesso do filme, e a estréia épica no Festival de Cannes, Bjorn era assediado por todos. Na coletiva de imprensa em Cannes, Visconti humilhou Bjorn, dizendo que ele já não era tão bonito quanto na época das filmagens, e que já estava envelhecendo. Durante a viagem para Tokyo, para divulgar o filme, Bjorn fez um sucesso tão grande com a sua beleza nórdica, que foi convidado a cantar músicas em japonês, o que o tornou na época um pop star. Fora isso, sua imagem era usada em mangás como a representação do ideal de beleza.
Bjorn diz em entrevista que Viconti não o dirigia, apenas dava quatro comandos: "Go, Stop, turn around, smile". Visconti proibiu que a equipe do filme, majoritariamente homossexual, se aproximasse dele. Numa entrevista para um Canal francês em 2005, Bjorn diz que após o filme, ele constantemente assediado por gays. Uma cena memorável em sua melancolia é a de Bjorn em um karaokê em Tokyo, cantando a música que ele cantava quando jovem, em japonês.
A curiosidade é que Bjorn faz uma participação no filme "Midsommar", de Ari Aster, como o idoso que se joga do penhasco.
O filme é um retrato cruel de um jovem que foi absorvido pela mídia, se tornou uma estrela e logo depois, colocado no ostracismo. Visconti sai como vilão desse documentário.

terça-feira, 24 de agosto de 2021

PodeCrer!


"PodeCrer!", de Arthur Fontes (2007)
Adaptação da obra de Marcelo Dantas, que também desenvolveu o roteiro para o cinema, "PodeCrer!" é uma despretensiosa comédia romântica que acompanha o dia a dia de um grupo de 7 estudantes colegiais, antes de entrarem na faculdade. A história se passa em 1981, ano da anistia no Brasil. Carol (Maria Flor) retorna ao país com seus pais exilados. No início do ano letivo, ela faz amizade com Melissa (Fernanda Paes Leme) e Silvinha (Liliana Castro). João (Dudu Azevedo) sonha em ser músico, mas sua mãe o pressiona para escolher uma profissão convencional. Os três fiéis amigos de João, PP (Silvio Guindane), Marquinho (Gregorio Duvivier) e Tavico (Marcelo Adnet) aprontam todas com as meninas e só querem saber de curtir a vida.
O filme tem como pano de fundo para sub-plots amorosos e pegações, a situação política do Brasil no início dos anos 80, e a difícil escolha dos adolescentes em ter que decidir por um futuro com a chegada do vestibular. O filme tem todos os clichês do gênero, mas funciona por conta da ficha técnica do filme, na fotografia, arte e figurino, e também pelo ótimo trabalho do elenco, que conta com participações de Stepan Nercessian, Malu Mader, José de Abreu e Patricia Travassos.

Lá e cá


"Lá e cá", de Sandra Kogut (1995(
Estréia da cineasta Sandra Kogut no cinema, "Lá e cá" foi lançado em 1995 e foi a primeira parceria da cineasta com a atriz Regina Casé, com quem viria repetir a dobradinha em "Três verões", de 2019. A ficha técnica é composta por um time de matar inveja: Música de Hebert Vianna, fotografia de Zé Tadeu, som de Toninho Muricy, ass de direção de Rosane Svartzman. O filme é uma livre adaptação do conto 'Monólogo de Tuquinha Batista', de Aníbal Machado.
Tuquinha Batista (Casé) é uma suburbana que fala no orelhão com sua irmã, que agora mora em Copacabana. A irmã chama Tuquinha para morar com ela, mas ela resiste, pois teme que não se adapte à Zona sul.
O filme é uma mistura de drama, comédia e documentário. Sandra utiliza cartela s letreiros, além de grafismos nas imagens. É um olhar encantador e apaixonado pelo subúrbio, pelo charm em Madureira, pelas ruas de comércio, pelas vizinhas. pelo papo de botequim. Regina personifica como poucas essa figura suburbana sem cair em estereótipos, trazendo todo o seu carisma e talento.

Smiley face killers


"Smiley face killers", de Tim Hunter (2020)
Suspense independente americano, cuja maior atração é o seu roteirista, o autor cultuado dos clássicos dos anos 90 "Psicopata americano" e "Abaixo de zero". Bret Easton Ellis.
O filme é vagamente inspirado em uma lenda urbana que associa o afogamento de 150 jovens entre os anos 90 e 2000 a um grupo de serial killers que deixam a marca de Smiley ao lado dos cadáveres.
A história foi atualizada para os dias de hoje. Jake é o protótipo do estudante perfeito: bonito, atlético, tem uma namorada que o ama e um grupo de amigos. Mas Jake passa a receber estranhas mensagens em seu celular, e aos poucos, vai percebendo coisas que os outros acreditam ser paranóia de Jake. Uma van suspeita passa a perseguir Jake, enquanto ele procura saber o que está acontecendo.
Justamente o roteiro que era para ser o elemento de mais destaque no filme, por conta de sua autoria, acaba se tornando o ponto mais fraco da produção. Diálogos simplórios, uma construção sem sal e sem um crescendo de paranóia, "Smiley face killers" também padece de uma direção sem criatividade e de atores medianos, escalados certamente por sua beleza física. O filme não empolga, e não se explica o porquê dos serial killers. A destacar, a sequência do posto de gasolina, essa sim bem desenvolvida, mas é pouco para o filme como um todo.

Jonas que terá 25 anos no ano 2000


"Jonas que aura 25 ans en l'an 2000", de Alain Tanner (1972)
Clássico drama político da Suíça lançado em 1975, escrito e dirigido pelo cineasta Alain Tanner. O filme é uma visão pessimista do mundo, acompanhando toda uma geração de jovens que fizeram parte da revolução de maio de 68 e que agora, em 1975, viram todos os seus sonhos sucumbirem por conta da economia capitalista e de governos que não valorizam o social/
O filme acompanha 8 personagens, na faixa dos 30 anos, todos desencantados e alguns deles em sub-empregos ou mesmo desempregados. Entre eles, temos Marie (miou Miou), uma caixa de supermercado que deixa de registra produtos dos clientes, como forma de protesto contra o seu empregador. São personagens carismáticos, apaixonantes, mesmo que em suas tristezas e frustrações.
Um belo filme, muito bem dirigido e cm ótimos atores. Os movimentos de câmera em travellings longos são muito bem compostos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Ménage


"Menáge", de Luan Cardoso (2020)
Longa de estréia do cineasta Luan Cardoso, um jovem de 26 anos que rodou vários Festivais no Brasil e no mundo com essa parábola sobre corrupção em uma sociedade machista.
É fácil enxergar referências ao cinema de Tarantino e de "Repulsa ao sexo", de Polanski. "Menáge" é um filme maldito que fala com o cinema brasileiro feito nos anos 70, alegórico, repleto de sexo e onde a mulher é objetificada. Luan Cardoso traz 3 protagonistas masculinos e que se sentem os donos do mundo, mas em uma noite no motel, o mundo ruiu para todos.
O advogado Ariel (Vinícius Ferreira) e dois políticos, Roberto (Francisco Gaspar) e Veiga (Lino Camilo) trabalham na mesma campanha política. Os três decidem chamar uma prostituta e passarem a noite em um mote regado a sexo, drogas e álcool. Mas a prostituta morre de overdose, e Ariel revela que fez sexo com ela sem camisinha. É a deixa para que os outros matem Ariel como queima de arquivo.
Com uma linguagem totalmente desconexa, unindo passado, presente muitas vezes deixando o espectador confuso. As paranóias do grupo, entupidos de cocaína, é apresentada em imagens que remetem ao pesadelo, com o corpo de mulher envolto em plástico ganhando vida/ Os atores estão bem, trabalhando com visceralidade as camadas de seus personagens complexos.

A barraca do beijo 3


"The kissing booth 3", de Vince Marcello (2021)
Devo dizer que o que mais gostei dessa 3a e última parte de uma trilogia, foi a música que toca nos créditos finais, "All over the world", da Electric light Orquestra que faz parte da trilha de "Xanadu".
O filme é uma chorumela só, e mais da metade do filme são os personagens Elle (Joey King), Lee (Joey Courtney) e Noah (Jacob Elordi) discutindo lealdade, amizade, traição e principalmente, se recusando a crescer e a entender que a maturidade traz decisões difíceis. Agora, Elle precisa decidir se ela vai estudar em Berkley para ficar junto de seu melhor amigo, Lee, ou se vai estudar em Harvard e ficar do lado do homem que ama. Mas antes de decidir para onde vai, Elle, Lee e Noah decidem passar um tempo na casa de versão dos pais de Noah e Lee, que está sendo colocada à venda. Ali, eles lembram dos bons momentos que viveram juntos.
Assistindo ao filme, muita adolescente certamente irá pensar: Envelhecer é um saco! Sim, o filme é uma ode à eterna juventude, mas deixa claro que em algum momento, o jovem precisa dar um rumo em sua vida e tomar decisões que irão mudar a sua vida para sempre. Até aí tudo bem, mas quando o filme vira uma disputa entre os três protagonista, deixando a protagonista se sentindo pressionada, muita gente torceu o nariz diante do que chamam ser um relacionamento machista abusivo e tóxico. O filme ainda cria outros triângulos desnecessários, e ainda encontra espaço para Elle ficar com ciúmes da nova namorada do pai! Tanto sub-plot torna o filme longo e cansativo.
A curiosidade é que essa parte 3 foi rodada junto da parte 2, em 2019, o que foi um grande acerto da produção, evitando assim filmar durante a pandemia.

O ocaso de uma Estrela


"Lady sings the blues", de Sidney Furie (1972)
Drama biográfico sobre a cantora de blues Bille Holiday, foi lançado em 1972 e indicado a cinco Oscars. Um deles, para Diana Ross, estreando como atriz e duramente criticada pela mídia. O filme foi produzido pela Motown records e Diana era a sua grande estrela na época. Mas hoje em dia muita gente reconhece o excelente trabalho de Diana dando vid à conturbada existência de Billie Holiday.
Billie nasceu na Filadélfia em 1915 e morreu em 1959 aos 44 anos em Nova Iorque. O filme acompanha a vida de Billie desde os 15 nos de idade, trabalhando em bordéís, seu estupro, e principalmente, o seu relacionamento com Louis (Billy Dee Willians), um homem que a viu cantando em um pequeno bar e a levou a alcançar vôos maiores. Mas a solidão e depressão de Bille a levou às drogas e ao alcool.
Durante a turnê, Billie testemunha as consequências do linchamento de um afro-americano, o que a pressiona a gravar a polêmica canção " Strange Fruit ", hoje um hino cntra o racismo.
Diana Ross está deslumbrante no papel de Billie, e brilha em todas as cenas em que aparece. O elenco também é formado por excelentes atores negros, como Billy dee Willians, Scatman Crothers e Richard Pryor. Com requinte na direção de arte e figurinos, o filme é uma super produção de bom gosto e sofisticada.

Stone fruit


"Stone fruit", de Brandon Krajewski (2020)
Escrito, produzido e dirigido pelo cineasta americano Brandon Krajewski, "Stone fruit" é um drama indie LGBTQIAP+ que encontrou dificuldades para lançamento, por dois motivos: o protagonista, Matt Palazzolo, morreu em um acidente em 2018 ( o filme é dedicado a ele). Rodado em 2017, o filme pegou também a pandemia , e somente agora encontrou espaço para ser lançado.
O filme poderia ser perfeitamente uma peça de teatro com 3 atores homens: Russ (Rob Warner) e Manny (Matt Palazzolo) formam um casal gay na faixa dos 35 anos de idade. Casados há anos, eles decidem se divorciar. Para tanto, eles decidem passar um último final de semana juntos, na região vinícola de Paso Roles, na Califórnia. Byron (Thomas Hobson), amigo de ambos, surge do nada no final de semana e os três acabam colocando anos limpos em toda a relação.
Assim como a trilogia de Richard Linklater, "Antes do amanhecer", "Stone fruit" busca falar da relação através de longos diálogos, de tom naturalista e bastante extensos. É cansativo pelo excesso de diálogos, mas as belas locações e os bons atores mantêm o interesse.

domingo, 22 de agosto de 2021

Suor


"Sweat", de Magnus von Horn (2020)
Drama polonês pessimista sobre o universo dos digital influencers, "Suor" ganhou mais de 14 prêmios em Festivais internacionais, além de ter concorrido à Palma de ouro em Cannes 2020.
Sylwia Zajac ( Magdalena Kolesnik) é uma famosa influencer de Instagram com mais de 600 mil seguidores. Ela é ligada à área do bem estar e exercícios físicos, e o filme acompanha 3 dias de sua vida. Uma rotina que vai de boa parte do dia mostrando momentos casuais e frugais de sua vida, cmo toma um suco, falar com fãs, mostrar sempre seu sorriso para as postagens de stories. Mas quando a câmera está desligada, ela precisa lidar com um perigoso stalker, um amigo assediador, uma mãe controladora e cm quem ela não se dá.
COm um trabalho excepcional da atriz Magdalena Kolesnik, em um difícil papel que alterna emoções, "Suor" não economiza nas críticas às redes sociais e de quem vive do aparente mundo da felicidade, escondendo suas reais emoções. É um filme de roteiro óbvio, mas que conta com um trabalho primoroso de direção,e dição e atuação.

sábado, 21 de agosto de 2021

Dancer


"Dancer", de Steven Cantor (2016)
Documentário sobre o controverso dançarino de ballet clássico Sergei Polunin, considerado pela mídia o novo Rudolf Nureyev, e também , o "bad boy" do ballet, devido ao seu comportamento controverso: uso de drogas, tatuagem no peito de Vladimir Putin e a constante depressão, que o fez querer se aposentar no auge de sua carreira aos 25 anos de idade. O filme é justamente sobre a impressionante retomada de sua carreira, após ter protagonizado um video clip da banda de rock Heizer, "Take me to the church", dirigida pelo diretor pop David LaChapelle em 2015 e que viralizou, com mais de 16 milhões de views em pouco tempo, fazendo com que Sergei Plunin se tornasse mundialmente famoso, até por quem não conhece ballet.
Nascido em 1989, em Kherson, sul da Ucrânia, uma região pobre, Sergei começou a dançar aos 6 anos de idade. Aos 13, Polunin mudou-se por conta própria para Londres para estudar na British Royal Ballet School sem saber uma palavra em inglês; aos 19, ele se tornou o mais jovem dançarino principal do Royal Ballet.
Sergei é um gênio e aclamado mundialmente. O filme apresenta seus números de dança magistrais, e claro, o video clip que o tornou uma celebridade na internet. Sexy, com um físico invejável, Sergei constantemente dá depoimentos polêmicos, mas acaba sempre se sobressaindo por conta de seu enorme talento.

A mesma parte de um homem

"A mesma parte de um homem", de Ana Johann (2020)
Vencedor do 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes com o prêmio Helena Ignez de Destaque Feminino., "A mesma parte de um homem" é o longa de estréia da cineasta Ana Johann, que também co-escreve o roteiro.
Ambientado no Norte do Paraná, em uma região de florestas, o filme lembra bastante clássico cm Clint Eastwood, 'O estranho que nós amamos". Em uma casa isolada na floresta, moram Renata (Clarissa Kiste), seu marido Miguel (Otavio Linhares) e a filha Luana (Laís Cristina). O marido é violento e bruto, fazendo sexo animal com a esposa, e maltratando as mulheres . Quando o marido morre, a viúva e filha temem a presença de outros homens que se aproximam delas. Um dia, um homem misterioso bate na porta delas, Luís (Irandhir Santos). Ele está sem memória. Renata decide mentir para o homem e dizer que ele é seu marido e pai de Luana. Renata redescobre o prazer do sexo, mas teme que o homem relembre sua memória.

O filme lembra também um filme sul africano sobre uma mulher acidentada e que é descoberta por um homem que a faz acreditar seu sua esposa, fazendo sexo com ela o tempo todo. "A mesma parte de um homem" é um filme sob a ótica feminina, de uma sociedade machista e patriarcal que oprime as vontades e desejos das mulheres. Com um ritmo lento e contemplativo, o filme é valorizado pelo excelente trabalho do elenco. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

A garota que fugiu


"The girl who got away", de Michael Morrissey (2021)
Assustador filme de terror, escrito e dirigido por Michael Morrissey, "A garota que fugiu" é um filme indie americano que busca referência em slashers dos anos 80, como "Halloween" e 'Sexta-feira 13".
Em 1998, uma jovem, Christina, é salva na estrada, após fugir de uma mulher que pretende matá-la. 20 anos depois, Christina agora é uma professora primária, com desejos de adotar uma criança. Para seu desespero, a prisioneira Elizabeth Caulfield, que estava a caminho de uma transferência de presídio, escapa e agora deseja encontrar Chrstina, que foi a garota que conseguiu escapar da morte de um cativeiro há 20 anos atrás, quando Elisabeth matou 4 pessoas.
O filme tem uma atmosfera sinistra, favorecido pela fotografia e pela performance de Kaye Tuckerman, no papel da psicopata Elisabeth, uma serial killer brutal. O filme tem boas cenas de suspense, e um desfecho que, mesmo óbvio, dá nos nervos.

Annette


"Annette", de Leos Carax (2021)
Vencedor da Palma de ouro de melhor direção e de melhor trilha sonora no Festival de Cannes 2021, "Annette" é um musical dramático repleto de alegorias, dirigido pelo cineasta Leos Carax, que há 9 anos não lançava um filme (seu último foi "Holly motors").
O filme é uma fantasia que mistura drama, romance, realismo fantástico em um filme totalmente cantado, no estilo Jacques Demy. Não existem falas que não sejam cantadas.
A história é sobre o amor entre Henry e Ann: O comediante de stand up Henry McHenry ( Adam Driver ) declara publicamente seu noivado com a mundialmente famosa soprano Ann Desfranoux (Marion Cotillard ). Pouco depois, Ann dá à luz sua filha Annette, retratada por uma marionete de madeira. O casamento se torna difícil com Henry tendo que cuidar de Annette enquanto sua esposa está viajando devido à sua carreira em ascensão.
O filme é uma crítica feroz à exposição na mídia e à paternidade, com ecos de "Nasce uma estrela", onde uma das partes digere mal o estrelato da parceira. O filme, como em qualquer filme de Leos Carax, prima pela estranheza: a filha Annette é representada por uma boneca de madeira, tipo Pinóquio. Tudo é estiloso no filme: os enquadramentos, a fotografia, a direção de arte. É um filme muito longo, com 140 minutos de duração. Eu su apaixonado por musicas, mas confesso que fiquei dividido aqui, não me senti seduzido. O que de fato é primoroso, é o brilhante plano-sequência inicial, de cair o queixo. Essa cena sim mereceu a Palma de Cannes de direção. Adam Driver e Marion Cottilard são dois grandes atores, e certamente muito do charme do filme se deve aao carisma de ambos.

Stillwater


"Stillwater", de Tom Mccarthy (2021)
Com uma performance monstruosa de Matt Damon, "Stillwater" concorreu no Festival de Cannes 2021, e é livremente inspirado no caso real de Amanda Knox, estudante americana e residente na Itália, acusada de ter assassinado sua roommate em 2007.
Matt Damon é Bill, um profissional desempregado da área de escavação de petróleo, morador de Oklahoma e desempregado. Ele viaja até Marselha, França, para visitar sua filha Allison (Abigail Breslin), presa há 4 anos, acusada de ter assassinado sua companheira de quarto e amante. Allison mostra para seu pai um bilhete que pode provar a sua inocência, escrito por um jovem muçulmano, possível culpado. A polícia não ajuda, e Bill resolve investigar sozinho. Ele se relaciona com uma atriz mãe solteira, Virginie, mãe da pequena Maya.
O filme é dividido em 3 atos: a apresentação de Bill, 2o ato seu relacionamento com Virginie, e o 3o ato, onde investem no suspense policial, e criticado pela mídia por acentuar o racismo contra muçulmanos e a xenofobia.
Mccarthy investe novamente no drama investigativo, assim como em seu Oscarizado "Spotlight", mas aqui peca elo excesso de duração, 140 minutos de duração. O filme abraça vários gêneros, e pode confundir o espectador. A reviravolta do último ato é boa, contando com um trabalha maravilhoso de Abigail Breslin, a ex-atriz mirim de "A pequena Miss Sunshine".

A lenda do cavaleiro verde


"The green knight", de David Lowery (2021)
Aclamado pela crítica mundial pela sua exuberante atmosfera e visual onírico, "A lenda do cavaleiro verde" é dirigido pelo cineasta do premiado "The ghost story" e é uma adaptação do poema anônimo do século 14, Sir Gawain e o Cavaleiro Verde., imortalizado em um poema anônimo do século 14. O filme conta a história de sobrinho do Rei Arthur e um aspirante a cavaleiro. No dia de Ano Novo, o Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda se reúnem em Camelot para festejar e trocar presentes. Um misterioso Cavaleiro Verde interrompe as festividades e propõe um tipo diferente de troca: qualquer um dos cavaleiros pode golpeá-lo com um golpe de seu machado; em troca, o Cavaleiro Verde voltará em um ano para devolver o golpe. Sir Gawain (Dev Patel), o mais jovem dos cavaleiros e sobrinho de Arthur, aceita o desafio e decapita o Cavaleiro Verde. Todos ficam chocados quando o Cavaleiro Verde pega sua cabeça decepada. Ele diz que Gawain deve encontrá-lo na Capela Verde daqui a um ano para receber um golpe semelhante, por sua barganha.
David Lowery diz que se inspirou nos filmes: "Excalibur", "O cristal encantado", Maria Antonieta," A Paixão de Joana D’Arc", e "Drácula de Bram Stoker". O elenco conta com Alicia Vikander, Joel Edgerton, Ralph Ineson entre outros. A fotografia gótica e fantasmagórica é de Andrew Droz Palermo, que também fotografou "The ghost story". Dav Patel está incrível, exalando sensualidade, e fazendo bem o ambicioso e covarde aspirante a cavaleiro. O filme é uma fantasia para adultos, com seres monstruosos e entidades.

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Free guy- Assumindo o controle


"Free guy", de Shawn Levy (2021)
Diretor de "Uma noite no museu" e do seriado "Stranger things", Shawn Levy realiza um dos filmes mais criativos dos últimos anos, uma mistura de dois grandes clássicos: "O show de Truman". "Tron" e "Detona Ralph".
O filme transita entre dois mundos: o real, e o do game "Free city", onde avatares de jogadores e figurantes que só existem para serem mortos pelos avatares. Guy (Ryan Reynolds) é um dos figurantes: todo dia ele acorda fazendo a mesma rotina de casa até chegar no banco, aonde trabalha, até ser morto por algum avatar. o entanto, um dia, quando seu caminho cruza com o da avatar Millie (Jodie Comer), tudo muda: ele passa a se tornar o primeiro AI com vida própria.No mundo real, Keys (Joe Keery) trabalha em uma empresa de programação de games, e seu patrão mau caráter, Antwan (Taika Waititi), procura dominar o mercado de games.
O filme é catártico, com cenas geniais que passeiam entre a comédia, aventura romance e ação. Todo o elenco está fenomenal, incluindo a galera que faz a figuração, mas o filme simplesmente não existiria sem Ryan Reynolds, um dos atores mais divertidos e carismáticos do cinema atual. O filme é repleto de easter eggs, e o visual é impressionante. A trilha sonora é uma festa à parte, com clássicos pops. Imperdível.

quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Sete Mortes nos Olhos de um Gato


"La morte negli occhi del gatto", de Antonio Margheriti (1973)
Adaptado do livro escrito por Peter Bryan, "Sete Mortes nos Olhos de um Gato" é um giallio fraquíssimo dirigido pelo italiano Antonio Margheretti. A curiosidade do filme, é que ele é protagonizado pela atriz francesa Jane Birkin, na época casada com o compositor Serge Gainsburg, que participa do elenco como o Inspetor da polícia.
O filme foi filmado na Escócia, e conta com um elenco multinacional: franceses, ingleses, italianos, americanos e alemães, por conta da co-produção Itália, França e Alemanha ocidental.
Corringa (Jane Birkin) é uma estudante expulsa de um colégio de freiras e que surge sem avisar no Castelo de sua família. Sua tia, Mary, é a proprietária, mas está falida. A mãe de Corringa, ALicia, também está no castelo, mas não quer emprestar dinheiro. Outras pessoas se encontram no castelo, incluindo um reverendo e o primo de Corringa. Mortes começam a acontecer, todas testemunhadas por um gato amarelo.
A trilha sonora ficou a cargo de Riz Ortolani, famoso pela trilha do clássico "Mondo cane". A trama tem um visual gótico, com direto a velas e passagens secretas no castelo. Infelizmente a trama é fraca, e os atores são bastante amadores na construção de seus personagens, e para piorar, estão dublados.

Procurando por um elefante


"Searching for the elephant", de Jeong Seung-Ku (2009)
Drama sul coreano escrito e dirigido por Jeong Seung-Ku, "Procurando por um elefante" é uma mistura de vários gêneros: drama, romance, thriller e filme erótico. Uma mistura de "Shame" com "Abaixo de zero", só que com personagens ricos e bonitos na faixa dos 30 anos de idade que vivem em uma Seul moderna, fria e solitária.
Hyun Woo tem dois amigos de infância: Min Suk, um cirurgião plástico casado com sua irmã Soo Yeon , e Jin Hyuk , um especialista financeiro. Apesar de bem sucedidos cada um tem uma história de transtornos de comportamento impróprio ou doença mental: Hyun é esquizofrênico , e a doença se intensificou desde que sua esposa o abandonou. Min Suk é viciado em sexo.
Jin Kyuk trai sua esposa. As histórias se entrecruzam e seguem para um destino trágico.
É inconcebível que um filme com histórias tão simples tenha 150 minutos de duração, um excesso de sub-plots que arrastam a narrativa. O filme tem cenas de sexo intensas, cenas de violência e principalmente, confunde o espectador com o ponto de vista esquizofrênico do protagonista, deixando o público em dúvida sobre o que é real ou alucinação.

As mil e uma


""Las mil y una, de Clarisa Navas (2020)
Escrito e dirigido pela cineasta argentina Clarisa Navas, esse é seu segundo filme e rodou diversos Festivais de cinema, entre eles os prestigiados Berlim, Mar del Plata e San Sebastian.
O filme apresenta, em tom documental, a rotina de Íris (Sofia Cabrera), uma jovem expulsa da escola e que resolve passar um tempo na casa de seus primos, moradores de Corrientes, província da região norte da Argentina. Nessa região de periferia de classe média baixa, Íris convive em um mundo machista, homofóbico e de constante assédio sexual. Seus primos, Dario e Alê,, assim como Íris, também buscam uma identidade e um espaço em um mundo sem perspectiva. Um dia, Íris conhece Renata (Ana Carolina Garcia), uma mulher mais velha, assumidamente lésbica, por quem sente um forte interesse. Mas a vizinhança diz que Renata se prostitui e é soropositiva, o que deixa Íris instigada.
Um drama LGBYQIAP+ de temática lésbica, esse filme argentino se escora em excelentes atores para dar um tom documental a uma realidade bastante sofrida de quem mora em conjuntos habitacionais. É um filme pessimista em relação a toda uma geração que está sem foco, crescidos sob uma educação patriarcal e que procuram ser como eles querem ser, mas para isso, pagam seu preço.
O filme é longo, 2 horas de duração, e seu ritmo lento. Poderia ter uns 20 minutos a menos e condensar no conflito das duas protagonistas, ao invés de abrir para alguns sub-plots.

O menino no vestido


"The boy in the dress", de Matt Limpsey (2014)
Que filme maravilhoso! Baseado no livro escrito por David Wallians, "O menino no vestido" tem um excelente roteiro, elenco, timing, trilha sonora. É um "Billy Elliot" do mundo da moda e do futebol, com direito a uma participação especial da super modelo Kate Moss, musa do pequeno Dennis (Billy Kennedy, fenomenal), um menino de 12 anos que mora com seu pai e seu irmão bronco. Seu pai está depressivo e amargo desde que sua esposa abandonou a família. Dennis guarda uma foto de sua mãe e é o melhor jogador do time de sua escola. Mas quando ele vê uma capa de revista com Kate Moss, ele se deslumbra. AO ficar amigo da colega Lisa (Temi Orelaja), que sonha em ser estilista, ele pede para servir de modelo para as coleções dela e passa a se vestir de menina.
O filme tem o ousado tema de Cross dressing em crianças, mas com a ótima direção, que respeita os personagens, e o talento incrível de todo um ótimo elenco inglês, "O menino no vestido"faz rir, encanta e faz chorar. A cena do jogo de futebol ao som de "I want to break free" é emocionante.

Halloween 2- o pesadelo continua


"Halloween 2", de Rick Rosenthal (1981)
Ótima continuação de "Halloween- a noite do terror", de John Carpenter, de 1978, e que foi um estrondoso sucesso de crítica e bilheteria. Os produtores vislumbraram que uma sequência seria igualmente bem sucedida e encomendaram a John Carpenter e sua produtora Debra Hill um roteiro de uma parte 2, que começasse exatamente aonde terminou o primeiro filme. John Carpenter se recusou a dirigir, e passou a bola para Tommy Lee Jones, o editor do primeiro filme, que também recusou ( ele acabou dirigindo a parte 3). Carpenter chamou seu amigo Rick Rosenthal, estreando na direção, que tentou captar a atmosfera de terror do filme original.
Michael Myers consegue fugir, e segue para o hospital de Haddonfield, aonde Laura Strode (Jamie Lee Curtis) está hospitalizada. Dr Loomis (Donald Pleasence), em paralelo, tenta procurar Michael pela cidade.
O filme tem muito boas cenas de morte, diferente do primeiro filme, aqui é mais explícito e gore, influência certamente do sucesso da franquia "Sexta-feira 13". Tem muita gente que torce o nariz para essa continuação, mas eu acho muito boa, com cenas de suspense muito boas nos corredores e elevador do hospital. O que talvez estrague o filme seja a imortalidade de Michael, que leva tiros e não morre.

terça-feira, 17 de agosto de 2021

Straight story


"Straight story", de Vladimiros Kiriakidis e Efi Mouriki (2006)
Comédia romântica LGBTQIAP+ grega, escrita, dirigida e interpretada pelo casal Vladimiros Kiriakidis e Efi Mouriki.
No mundo onde vivem os personagens, o normal é ser gay e os "diferentes", são os heteros. O casal gay de meia idade Petrs e Stefanos vivem felizes. Giannis, o filho, tem uma questão: ele é hetero, mas tem medo de sair do armário. Ele é apaixonado por uma garçonete. Zeta, que é namorada de Stela. Nessa confusão toda, surge ainda um ex-namorado de Stefanos para bagunçar a vida de todos.
Curioso ver uma comédia grega cheia de cenas farsescas, levando em conta a filmografia que vem do País. O filme é divertido, apesar do roteiro com uma história tão controversa, que poderia ter sido uma grande piada de mau gosto, não fosse o bom trabalho dos atores e a preocupação dos roteiristas e diretores de não ridicularizar o olhar sobre a comunidade Lgbt.