quinta-feira, 29 de junho de 2023

Mares do desterro

"Mares do desterro", de Sandra Alves (2022) Prêmio de Melhor Longa Experimental no 15th Edition of Montreal Independent Film Festival 2022, "Mares do desterro" é uma produção da Elo Studios dentro do Selo ELAS, dedicado a filmes dirigidos por mulheres. O filme foi escrito por Amilcar Monteiro Claro e Sandra Alves dirigiu, fotografou e fez a câmera. O longa foi rodado na Praia da Solidão, em Florianópolis. Logo no início, "Mares do desterro" me fez lembrar bastante de "O cavalo de Turim", obra-prima do cineasta húngaro Bela Taar. A fotografia em preto e branco, a família isolada em uma casa afastada da civilização, uma época solta na cronologia. Segredos escondem a família representada pelos pais Joaquim (Luciano Bortoluzzi), a mãe Luzia (Georgette Fadel) e os 3 filhos: as gêmeas Divina (Débora Ingrid) e Serena (também Débora Ingrid) e Mariano (Ianô Hak). Narrada em elipses temporais que voltam no tempo, para entendermos o destino de Serena, que desaparaceu. A mãe reza todo dia pelo seu retorno; o pai segue com o cavalo em sua busca, às vezes sumindo por dias; o filho está trancado em uma jaula, onde só lhe é permitido comer; e Divina procura entender o que aconteceu naquela família. Desde que os pais se casaram, Joaquim fez questão de isolar a família em uma casa afastada, longe de tudo e de todos, sem socialização. O filme aborda temas bastante tabus e polêmicos, como relacionamento tóxico, machismo, incesto, violência doméstica. O roteiro de Amilcar curiosamente dá voz às mulheres, e o seu olhar sobre as vítimas da masculinidade tóxica são o olhaar de uma nova mulher que surge na figura de Divina, que entende que a sua mãe foi educada dentro dos padrões de uma cultura paternalista, onde a mulher deve se casar, cuidar do lar e gerar filhos. É um filme belamente poético, duro, cruel, com vibrantes atuações e uma cena poderosa no seu desfecho performada por Débora Ingrid, atriz cearense que ganhou o prêmio de destaque Feminino na Competição Nacional do Femina Festival de Cinema 2022. Um filme experimental na forma, mas atordoante no conteúdo.

Mato seco em chamas

"Mato seco em chamas", de Joana Pimenta e Adirley Queirós (2022) Exibido no Festival de Berlin e vencedor do prêmio de fotografia para Jona Pimenta em 2022, "Mato seco em chamas' venceu no Festival de Brasília os candangos de melhor direção, roteiro, atriz (dividido entre Lea Alves e Joana Darc), atriz coadjuvante (Andreia Vieira), ator coadjuvante (coro de motoqueiros), direção de arte (Denise Vieira) e trilha sonora (Muleka 100 Kalcinha), além do Abraccine. Co-escrito e co-dirigido pelo cineasta de Brasília Adirley Queirós, mesmo realizador de "Branco sai, preto fica", e "Era uma vez, Brasília". "Mato seco em chamas" é uma junção de todos os seus filmes. Novamente ambientado na cidade satélite de Ceilândia, o filme é uma distopia ambientada no Brasil antea da eleição de Bolsonaro, no ano de 2018. A cidade é dividida entre Brasília e a Favela de Sol Nascente, em Ceilândia. Ali, moram as "Gasolineiras das quebradas", Chitara (Joana Darc Furtado), Lea e Andreia. A gangue formada pelas mulheres rouba petróleo de um oleoduto, refinam e vendem para os motoqueiros da comunidade. Uma milícia circunda a comunidade, enquanto em Brasília as eleições elegem Bolsonaro como presidente da direita do país. Novamente, Adirley e Joana Pimenta mesclam documentário e ficção para falar do Brasil do povo, sufocado pela elite que parece morar em um outro país. Trazendo imagens reais da manifestação de bolsonaristas nas ruas de Brasília, o filme traz um visual que segundo muitos críticos dizem, traz referências a "Mad Max" e aos faroestes de Sergio Leone. A terra seca e batida da comunidade favorece à idéia de ser um filme distópico, povoado pela classe braisleira marginalizada, onde ex-presidiárias assumem o poder e lutam contra a " ordem e progresso" instituído pelo governo. Uma visão pessimista sobre um país em grave crise, mas que tra zum belo plano sequência no final, com Motoboys circulando pelas ruas de Ceilândia. Outro momento icônico é o de mulheres dançando funk dentro de um ônibus. Um momento apoteótico, de liberdade e vigor.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Run rabbit run

"Run rabbit run", de Daina Reid (2023 Exibido no Festival de Sundance, "Run rabbit run" é um drama de suspense psicológico sobre uma mulher com alucinações que trazem traumas de seu passado. Mas a própria não consegue mais discernir o que é real e o que é fantasia. O filme é uma produção australiana, que já trouxe o excelente terror "Mr Babadook". O filme até parece entrar na mesma seara, apresentando uma mãe que chega em uma casa e passa a ver alucinações. Sarah Snook é Sarah, mãe da pequena Mia (Lilly Latorre). O avô de Mia morre e Mia fica triste no dia de seu aniversário. Mia passa a se comportar de forma estranha e quer conhecer sua avó, Joan (Gretta Scachhi) que está internada em uma clínica com demência. Joan ao ver Mia acredita que ela seja Alice, irmã de Sarah que desapareceu aos 7 anos de idade. Sarah decide levar Mia para a isolada casa de infância onde ela morou com a família e conta sobre Alice, que ela sumiu. A partir desse momento, Mia incorpora Alice e passa a agir como ela. O filme deixa muitas pontas em aberto, principalmente o seu desfecho, ficando ao cargo do espectador interpretar por conta própria. As três atrizes principais estão ótimas. O filme no entanto, não assusta. Tem um ritmo muito lento e o que tem de mais interessante na sua narrativa é a revelação do que aconteceu com Alice, uma situação bem sinistra.

Meninos provincianos

"Des garçons de province", de Gaël Lépingle (2022) Belo drama LGBTQIAP+ francês, repleto de lindase poéticas cenas homoeróticas interpretadas por um elenco jovem e repletos de frescor. Dividida em 3 histórias ambientadas em equenas cidades rurais da França: Vendeuvre-sur-Barse no Aube, La Chapelle Saint-Mesmin e Hermoy no Loiret, o filme traz um olhar sobre a juventude gay que mora em cidades pequenas. Vivendo na rotina, em vidas repletas de tédio e o desejo de querer almejar algo longe dali. Na 1a história, Youseef é um homem negro e gay casado com um homem que ele ama. Ambos desejam abrir um restaurante. Quando chega uma trupe de artistas queer que irão se apresentar na cidade, vindos de Paris, Youssef se encanta com a alegria e o colorido e decide repensar a sua vida. Na 2a história, um adolescente, Mathieu, precisa devolver um par de saltos altos à irmã de um garoto que ele anda flertando. Mathieu decide calçar os saltos e caminhar pelas ruas da cidade, experimentando uma liberdade que ele nunca havia ousado em público. Na 3a história, Jonas é um rapaz contratado por um professor espanhol de aposentado mas que agora fotografa nus masculinos. Rola um início de flerte entre os dois, mas quando Jonas vasculha os arquivos do computador do fotógrafo, descobre fotos de nu de menores de idade. O filme tem uma belíssima cena final, ambientada em um cabaré de Paris com a mesma trupe do início. Os atores são bons, espontâneos e o filme é rodado com naturalismo nas interpretações e um ritmo bastante lento, contemplativo.

All Man: The International Male Story

"All Man: The International Male Story", de Bryan Darling e Jesse Finley Reed (2022) Delicioso documentário LGBTQIAP+, obrigatório para quem estuda moda e comportamento. Na década de 70, um ex-fuzileiro naval, Gene Burkard, nascido em Wisconsin, lançou um catálodo de moda masculina para ser vendida door to door, como se fosse uma Avon da moda masculina. Um dos carros chefes do catálogo foi o "Jockstrap", as cuecas de esportistas. O grande sucesso do catálogo foi que ele usava modelos heteros para posarem nas páginas do catálogo, usando roupas sexies e coloridas que eram pouco comum para os heteros. Os clientes dos anos 70 em sua maioria eram gays, que se dliciavam com as fotos dos modleos, principalmente nas páginas de underwear. Nos anos 80, 75% das clientes eram mulheres, que compravam as roupas com a intenção de fazerem seus maridos e namorados ficarem tão bonitos quanto os modelos. Com o grande sucesso, tendo clientes do naipe de Barbra Streisand, Elton John e Cher, a publicação rapidamente se tornou o equivalente gay dos catálogos da Victoria's Secret. O sucesso foi avassalador, com editoriais fotografados em vários países. Mas foi justamente esse sucesso que fez com que as roupas passaram a ser vendidas nas principais lojas de departamentos, o que significou o fim da linha da International Male. Burkard acabou vendendo o catálogo para a Hanover Direct, demitindo toda a equipe que começou a trabalhar no catálogo. O mais diverrtido é ouvir os modelos da revista nos dias de hoje sendo reconhecidos pelos compradores da revista, dizendo que se masturbavam vendo as fotos dele na sessão de underwear. O filme reserva um capítulo à parte dedicado ao adevento da AIds nos anos 80, e como impactou na revista; fotógrafos e editores da revista morriam de HIV, e ainda assim, a revista vendida um mundo hedonista com homens lindos, sorridentes, em ambiente ensolarado, enquanto os gays iam morrendo. O filme finaliza mostrando imagens de Ben Stiller no filme "Zoolander", de 2001, interpretando um modelo que já havia posado para a revista, e dando a declaração de que a revista foi precursora so movimento dos metrossexuais, quando o homem teve liberdade de ser qume ele quizesse, valorizando o seu visual.

terça-feira, 27 de junho de 2023

Caravaggio- A alma e o sangue

"Caravaggio- the soul and the blood", de Jesus Garces Lambert (2018) Documentário dirigido pelo cineasta Jesus Garces Lambert, "Caravaggio" é uma visão bastante particular do cineasta sobre vida e obra do grande mestre da pintura italiana. O filme apresenta a vida tumultuada do artista, envolvido em brigas, assassinato. Sua peregrinação por Roma, Sicília, Malta, Nápoles. Apresentando cada uma de suas famosas pinturas, o filme traz o olhar de historiadores de arte sobre as representações, com muitas curiosidades históricas e mistérios escondidos nas pinturas. A parte mais polêmica é a dedicada aos modelos usados nas pinturas: prostitutas, mendigos e o grande escândalo da pintura "A morte da Virgem": uma prostituta encontrada morta no rio, afogada, foi usada como modelo para representar a virgem Maria. O filme é entrecortado com cenas artísticas e experimentais, tendo o ator Marigliano Emanuele dando voz ao pintor em sua angústia e melancolia. Provavelmente o público mais purista não irá gostar do olhar contemporâneio do cineasta, que traz imagens publicitárias para ilustrar muitas das narrativas trazidas pelo projeto.

Invisível

"The unseen", de Geoff Redknap (2016) Interessante filme de fantasia, rodada no Canadá e que lembra bastante os primeiros filmes de David Cronemberg. Escrito e dirigido por Geoff Redknap, maquiador de efeitos em Hollywood e que estréia na direção de longas com o tema do homem invisível. Bob Langmore (Aden Young) abandonou a esposa e sua filha, deixando-as para trás. A esposa Darlene agora está casada com uma mulher e criam a adolescente Eva (Julia Sarah Stone, ótima). Eva passa asentir sintomas estranhos em seu corpo. Um dia, ao visitar uma montanha com amigos, ela desaparece. Darlene liga para Bob e pede que ele a ajude a encontrá-la. Bob está sofrendo com sintomas de sua inivisibilidade, cada vez mais agressiva, e acredita que sua filha esteja também e que a doença seja hereditária. Com belas locações no norte do Canadá, região gélida, o filme traz um roteiro competente, que aposta mais no drama familiar e se apropria da fantasia para traezr metáforas sobre ser diferente. Bons atores em uma narrativa lenta, mas que vale a pena ser assistida.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

My partner

"My partner', de Keli'i Grace (2023) Rara produção LGBTQIAP+ vinda do Hawaii, com equipe, elenco totalmente formado por profissionais da ilha americana. "My partner" é um "BL", Boy love, ou seja, um romance gay com atores asiáticos. O filme tem no elenco a comunidade filipina residente no Hawaii, e por isos o filme é falado em Hawaiano, filipino e inglês. É uma ótima oportunidade de se conhecer melhor hábitos e costumes do local, com celebração d eluau, danças típicas e a miscigenação com outras etnias. Edmar (Jayron Muñoz) é um estudante que tira notas altas na escola. A professora pede um trabalho final do ano : que os alunos formem duplas e apresentem algum prato típico da culinária local como tese. A professora une Edmar e Pili (Kaipo Dudoit), um rapaz musculoso e viril que namora uma aluna. Os dois de cara não dão certo, pois possuem culturas distintas. Mas a professora não permite que eles troquem de dupla. Edmar e Pili precisarão deixar d elado as diferenças e trabalharem juntos. Pili convida Edmar para conhecer sua família que tem plantação de arooz e aos poucos, vão se identificando, se apaixonando um pelo outro. O filme tem atores amadores e por isso o rendimento é fraco. O roteiro é simples e óbvio. Mas como o público alvo do filme quer ver mesmo romance, issso a produção entrega, com bela fotografia, lindas locaçõs, trilha sonora romântica e muita câmera lenta para apresentar os corpos definidos do elenco.

Big boys

"Big boys", de Corey Sherman (2023) Delicado e sensível drama LGBTQIAP+, "Big boys" é uma produção independente americana e traz um olhar respeitoso sobre um adolescente de 14 anos, Jamie, um menino chubby que não se assume gay, mas que se apaixona pelo namorado de sua prima, Dan. Dan é um homem grande tipo urso, e o mais legal do filme é tirar o objeto de desejo de um garoto gay do padrão musculoso e viril. A paixão de um menino obeso por um homem urso rende ótimas cenas, com bons diálogos e um momento constrangedor, quando Jamie fica excitado, Dan percebe e fica um clima estrnho entre os dois. Jamie (o excelente Isaac Krasner) é inseguro e carente por atenção. Seu irmão padrão Will constantemente o provoca e faz bullying. Durante um fim de semana, Jamie, Will , Allie ( a prima) e Dan seguem para um acampamento. Ali, Jamie tenta flertar com uma garota, mas não dá certo. Seu ponto de atenção é todo em Dan, mas ele precisa ser discreto para não chamar atenção. O filme poderia ter sido uma comédia, mas o diretor e roteirista apostou em um drama coming of age e de saída do armário, e acertou na qualidade artística do projeto.

Que horas eu te pego?

"No hard feelings", de Gene Stupnitsky (2023) Em 1967, Mike Nichols dirigiu uma de suas obras-primas, 'A primeira noite de um homem", com Dustin Hoffman e Anne Bancroft. Hoffman interpretou Benjamin, um jovem seduzido por uma mulher mais jovem, Mrs Robinson. Mas Hoffman tinha 29 anos na época, interpretando um pós-adolescente. Em "Que horas eu te pego?", Jennifer Lawrence interpreta Maddie, 32 anos, e seduzindo Percy (Andrew Barth Feldman), 19 anos. Muita gente criticou essa disparidade de idade dos personagens, mas a verdade é que isso não choca mais ninguém, seria polêmico se Percy fosse menor de idade. O filme é divertido e repleto de picardia, incluindo uma nudez total de Lawrence, uma ousadia que eu de fato não esperava. MAddie é motorista de uber e bartender em Montauk, Nova York. Cheia de dívidas, ela tem seu carro rebocado. Sem ter como trabalhar e pagar as d;ividas da casa que ela herdou de sua mãe e ainda paga, Maddie aceita um anúncio inusitado: a de namorar o jovem Percy, a pedido dos pais dele, os milionários Laird (Matthew Broderick) e Allison Becker (Laura Benanti). Surpresos por Maddie ser mais velha, os pais topam, contanto que Percy não saiba que ela foi contratada, em troca de um carro novo. Recluso no início, Percy, que é tímido e sofreu bullying de um estudante, vai aos poucos se rendendo aos galanteios de Maddie, que entra em conflito moral ao se apaixonar pelo rapaz. O filme é politicamente incorreto com muitas gags picantes, mas não chega ao nível de "Ameircan pie" e "Porky's" que eram mais sacanas. Maddie é uma mulher empoderada e sabe fazer uso de sua sensualidade e corpo, e jamais diexa um homem dizer o que ela deve fazer. Isso faz a diferença, para evitar que as pessoas reclamem da objetificação de seu corpo em cena. Tanto Jennifer quanto Andrew Barth têm uma química maravilhosa em cena. Uma pena que Matthew Broderick esteja mal aproveitado, certamente poderia renbder mais piadas ao filme.

domingo, 25 de junho de 2023

The Angry Black Girl and Her Monster

"The Angry Black Girl and Her Monster", de Bomani J. Story (2023) Concorrendo no Festival SXSW, "The black girl and her monster" é uma versão black ambientada em um bairro de periferia da Carolina do Norte. Escrito e dirigido pelo cineasta Romani J. Story, essa livre versão da obra clássica de Mary Shelley traz para o contexto contemporâneo do racismo e das mortes de integrantes da comunidade negra pela polícia e por traficantes de drogas e a utiliza como uma metáfora para o terror fantástico. Vicaria (Layla DeLeon Hayes) é uma adolescente que perdeu a sua mãe por bala perdida e recentemente o seu irmão mais velho Chris (Edem Atsu-Swanzy), morto em briga de gangues. Morando com seu pai, Donald (Chad L. Coleman), que faz jornada dupla como mecânico e segurança de noite, Vicaria é uma gênia em ciências. Ela acredita que a morte é uma doença, e por esse ponto de vista, é rechaçada pela sua professora branca. Vicaria decide roubar pedaços de corpos de negros mortos e cria um ser para ressuscitar seu irmão Chris. Mas o novo Chris, formado por corpos de negros mortos violentamente, se torna um monstro que deseja se vingar de todos que os mataram. O filme tem uma ótima premissa, principalmente quando fala sobre a dôr da comunidade negra, morta pela polícia, e faz disso um ato simbólico através da figura de um Frankestein negro formado por negros assssinados. Mas o filme é indeciso sobre seu gênero, e não funciona muito como terror. Tivesse apostado no drama realista e discutir temas atuais como "Blacklivesmatter", teria sido mais bem sucedido. O que segura a atenção é o trabalho do elenco majoritariamente negro, e ua cena muito boa e poderosa do pai de Vicaria a defendendo contra a professora intolerante.

Sonho norueguês

"Norwegean dream", de Leiv Igor Devold (2023) Co- priduzido por Noruega, Polônia e Alemanha, "Sonho norueguês" é um drama LGBTQIAP+ coming of age, com uma história densa e dramática sobre imigração e exploração trabalhista. Um jovem imigrante polonês, Robert (Hubert Milkowski), 19 anos, viaja da Polônia para a Noruega para poder trabalhar. Ele é empregado em uma fábrica de salmão para pagar as dívidas de sua mãe. Introvertido, Robert mora no alojamento da f;abrica, tendo que pagar os custos. O filho adotivo do dono da fábrica, o jovem Ivar, um rapaz negro, trabalha na fábrica e ensina o manejo das máquinas a Robert. Os dois se tornanm amigos e os sentimentos em comum fazem Robert decsobrir a sua sexualidade. Ivar tem o sonho de ser Drag queen, mas seu pai adotivo exige masculinidade dele e o trabalho na fábrica. A mãe de Robert surge e, fugindo de dívidas, e Robert se sente pressionado. O filme é dirigido com sensibilidade, e além da trama romântica, o filme pauta a questao social e econômica de imigrantes poloneses que são explorados na Noruega, exigindo melhores condições de trabalho e greve. É um conflito enorme para o jovem protagonista, sobre a sua sexulidade e sobr euma possível traição aos colegas do trabalho. Com boas atuações, é um belo exemplar de filme que traz temas como racismo, xenofobia e homofobia.

Golden delicious

"Golden delicious", de Jason Karman (2023) Drama romântico coming of age Lgbtqiap+ canadense, "Golden delicious" é uma variação do memso tema para quem já assistiu "I love, Simon" e "Alex strangelove". São filmes que tem um protagonista adolescente na high school, tem uma namorada, adora esporte, tem pais adoráveis...só que não. Seus pais estão em crise, ele conhece um novo vizinho por quem se apaixona, e odeia esporte. "Golden delicious" apresenta a família asiática de Jke (Cardi Wong), uma geração de chineses que mora no Canadá e fala chinês. Os pais são donos de restaurante chin6es. Seu pai, como todo pai asiático, quer que seu filho seja esportista. A filha deseja ser cozinheira, mas a mãe constantemente diz que a comida dela é ruim. A mãe odeia estar no restaurante. E o pai tem uma amante. Jake tem uma namorada, vee, que ele faz juras de amor, mas ao conhecer o vizinho Aleks (Chris Carson), vem a descobrir a sua verdadeira identidade e seus desejos. O filme venceu 8 prêmios em festivais de gênero. É um bom filme, mesmo que absolutamnte previsível em tudo. A longa duração torna a narrativa cansativa, pois o filme apresneta diversos sub-plots e dramas de cada familiar. Mas é simpático, tem bons atores e uma mensagem fofa no final, daquelas bem teens.

The lost boys

"Le paradis", de Zeno Graton (2023) Concorrendo no Festival de Berlim 2023, "The lost boys" é um lindo drama romÂntico LGBTQIAP+, ambientado em um centro de detenção juvenil de Paris. Joe (Khalil Gharbia, de "Peter von Kant", de François Ozon) está preso por infração. Faltam algumas semanas para ele ser liberado. Mas quando surge um novo detento, o rebelde Willian, cujos pais nem foram à audiência, surge entre os dois um amor juvenil que desafiará as convenções do local. Joe decide que quer ficar mais tempo ali dentro e para isso tem que provocar uma infração. Com 3 performances excelentes, de Julien De Saint Jean como Willian, Khalil Gharbia como Joe e de Eye Haidara como a educadora Sophie, "The lost boys" traz uma narrativa realista bem propria de filmes dos irmãos Dardenne, com um olhar documental sobre o dia a dia dos internos. Com belas cenas de romance entre os dois rapazes, o filme mostra um amor verdadeiro surgido no meio do caos, de forma poética e lúdica.

sábado, 24 de junho de 2023

Sobre nós mas não sobre nós

"About us but not about us", de Jun Lana (2022) Que peça de teatro incrível esse filme daria, com 2 atores: 1 de 40 anos, outro de 20 anos, ambos gays. "Sobre nós, mas não sobr enós" é um excelente drama LGBTQIAP+ filipino, vencedor de 10 prêmios no Fetsival de Manilla, incluindo melhor ator para Romnick Sarmenta, melhor diretor, roteiro e filme. O roteiro, habilmente escrito pelo diretor Jun Lana, traz várias reviravoltas na trama, que começa em seu 1o ato como um corriqueiro suposto romance entre um professor de literatura mais velho e um jovem estudante. O texto me fez lembrar muito de "Oleanna", de DAvid Mamet, que também versa sobre relação tóxica entre professor e aluna. A história se passa durante a pandemia da covid em Manilla. Um estudante, Lance Elijah Canlas), de 20 anos, convida seu professor para um almoço. Sem entender o real motivo do convite, o professor Eric (Romnick Sarmenta) vai ao encontro. É um restaurante chique, onde Eric costumava comer com seu ex-namorado, Marcos, que se suicidou. O almoço dura 90 minutos, que é o tempo que o restaurante pemrite para um cliente permanecer, para dar tempo de sanitizar e receber o próximo cliente. No início, Lance parece querer deixar no ar o interesse do professor poe ele, por ser mais jovem. Mais: Marcos ficou sabendo da ajuda de Eric nos trabalhos de Lance e passou a ficar enciumado. Com duas performances brilhantes, os atores interpretam também Marcos em momentos específicos, na memória, moostrando a versatilidade em dar vida a várias facetas. Com apenas um único cenário, o restaurante, o filme nãio esconde o seu ar teatral, mas o tetxo é tão interessante e imprevisível, que mantém o constante aprisionamento do espectador, até seu final diabólico.

Elementos

"Elemental", de Peter Sohn (2023) A mídia em peso anunciou que "Elementos" foi a pior bilheteria de estréia de um filme da Pixar nos cinemas. Assistindo ao filme, fiquei bastante pensativo para entender que fatores podem ter influenciado esse iminente fracasso. Tinha gente que comentou, sme ter visto o filme, que o filme queria lacrar com o primeiro personagem não binário de uma animação. A passagem desse personagem é tão fugaz na tela, que quem piscar corre o risco de nem perceber. Descartada essa hipótese, pensei para mim mesmo como espectyador ao final da sessão: eu não ri ou gargalhei uma única vez no filme. Ou seja, quem esperar assistir a uma comédia, vai se decepcionar. O filme é assumidamente um romance, com muita ação e aventura como pano de fundo. Mas de fato, é uma reinvenção da clássica história de "Romeu e Julieta", entre um elemento do fogo, Faísca, e um elemento da água, Gota. (aliás, o personagem Gota me remeteu o tempo todo ao Tio Espicha da família do Gaasparzinho). Eu preciso assistir ao filme novamente, pois a primeira visão foi frustrante , esperava de fato uma comédia e personagens divertidos. Estranhei aquele chororô da família da Água. Fui pesquisar e li que o roteiro é adaptado da vida real do diretor e roteirista sul coreano Peter Sohn (realizador da animação "O bom dinossauro"), que tem tema srecorrentes para uma família asiática: a obrigação dos filhos de trabalharem para os pais, que esperam que os filhos dêem continuidade ao comércio. A questão do orgulho, da tradição, da vergonha, tudo está ali. Como as vozes originais da Faísca pertence à uma atriz asiática e do Gota é um ator negro, fica clara a questão preconceituosa dos asiáticos para os não pertencentes da cultura. O melhor mesmo ficou pro início: o espetacular curta que antecede o filme, protagonizado por Carl, de "Up, altas aventuras", intitulado "O encontro de Cartrl": uma pérola maravilhosa.

On my way out- a vida secreta de Nani e Popi

"On my way out- the secret life of Nani and Popi", de Brandon Gross e Skyler Gross (2017) Excelente e comovente documentário LGBTQIAP+ que traz uma história de amor entre o casal de idosos Roman Blank (Popi) e Ruth Blank (Nani). Ambos são sobreviventes do holocausto na Alemanha nazista. Após se reencontrarem, se mudaram para o Canadá e viveram juntos por 65 anos, em um casamento aparentemente feliz, com 2 filhos e 2 netos. Mas no aniversário de 65 anos de casamento, Popi, aos 95 anos, decide fazer uma revelação à sua família: sempre foi gay, e Nani sabia disso, mas ameaçando se suicidar, mantiveram um pacto de casal feliz, numa época onde sair do armário era algo impossível. Popi decide se divorciar aos 95 anos, para infelicidade de Nani. COmo ela está sofrendo de demência, suas filhas acreditam que ela não registrará perfeitamente o que está ocorrendo. Concorrendo no prestigiado Fetsival SXSW, o filme traz uma narrativa emocionante sobre 2 pessoas que sempre se amaram, mas de uma forma muito particular. A suurpresa de suas filhas, e a decisão dos netos em fazer o documentário e registrar tudo o que acon tece após o pedido de divórcio, a tentativa das filhas de alegar que já estão velhos para isso. A cena de Popi frequentando uma convenção para idosos Lgbt é muito tocante, a felicidade estampada em seu rosto de pertencimento. O desfecho é de fazer o espectador cair em prantos.

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Broadway

"Broadway", de Christos Massalas (2022) Premiado em Festivais independentes, o filme de estréia do roteirista e cineasta grego Christos Massalas abraça diversos gêneros: drama, musical, thriller e um universo queer. Essa mistura se torna bastante irregular, mas alguns momentos isolados fazem a experiência valer a pena. Eu adoro o cinema grego angustiante de cineastas como Yorgos Lanthimos, Athina Rachel e outros realizadores do cinema que surgiu no país durante a crise econômica do início dos anos 2000. "Broadway" mantém a tradição das esuiqistices, mas abandona a metáfora da crise política e econômica da forma radical que era apresentada. O filme traz muitas semelhanças com o cinema de Pedro Almodovar, principalmente de "A pelq eu habito" e na trilha sonora a cargo do oscarizado liban6es Gabriel Yared, por O paciente inglês", em 1997. O filme nos apresenta a Nelly, uma jovem dançarina de uma boite de streap tease, que provoca a sua mãe e seu padrasto rico, que não a querem ali. A mãe envia seguranças para resgatá-la, mas Nelly foge com um dos frequentadores do local, Marko. Ele a leva até Broadway, um complexo abandonado de teatros e cinema. Ali, ele mantém seus capangas: um casal gay , um idoso e um macaco, que juntos, batem carteira pelas ruas. Nelly e Marco se tornam amantes. Nelly se apresenta nas ruas e durante a apresentação, o grupo rouba as carteiras. Um homem surge na vida do grupo, todo machucado. COm o tempo, nelly transforma esse homem em uma figura feminina, que vem a se chamar Barbara e vai se apresnetar em dupla com Nelly, que acaba se sentindo atraída pela persona feminina de Barbara. A trilha sonora traz pérolas pop, como "Fame" e "Spinning me round". É um projeto ousado, sem dúvida, mas as várias sub-tramas, principalmente a que envolve mafiosos, me pareceu bem pouco interessante. Adoraria que o filme tivesse focado mais na trama dos conflitos de gênero.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Pamfir

"Pamfir", de Dmytro Sukholytkyy-Sobchuk (2022) Filmes angustiantes como "Um herói", de Asghar Farhadi, "Dançando no ecsuro", de Lars Von Triers ou dramas humanistas dos irmãos Dardenne possuem um tipo de gatilho emocional que às vezes me fazem querer sair do cinema. Os roteiros e a direção trazem um teor de sadismo com a jornada dos protagonistas, que cada vez vão se fudendo mais e mais, que chega a um nível de insuportável. É assim também com esse drama tenso do ucraniano Dmytro Sukholytkyy-Sobchuk, em seu impressionante filme de estréia. Vencedor de 18 prêmios internacionais e concorrendo em importantes festivais como Cannes, o filme tem uma fotografia e um trabalho de câmera incríveis, compostos por planos-sequências magistralmente marcados. O protagonista é Leonid (Oleksandr Yatsentyuk), que retorna à sua vila na Ucrânia após anos trabalhando na Polônia. Leonid reencontra sua esposa Olena (Solomiya Kyrylova) e o filho adolescente Nazar (Stanislav Potyak). Olena é amorosa e trabalhadora e fica feliz com o retorno do marido, que no passado, fazia contrabandos, mas largou essa vida para felicidade da esposa. Um dia, Nazar é obrigado a tomar conta da igreja da vila e acidentalmente provoca fogo no local. O pastor quer que Loenid pague pelo prejuizo, mas que não comente nem com a esposa, o filho nem ninguém que a auotira foi do filho e que ele vai bancar o prejuízo. Sem dinheiro, leonid decide voltar a trabalhar com contrabando, mas provoca a ira do chefão da cidade. Tendo um Festival como pano de fundo, "Pamfir", que significa "pedra", é um filme tenso e bastante imprevisível. Tem uma cena que lembra a famosa cena de porradaria de "Oldboy": Leonid briga com dezenas de capangas do chefão sozinho, em plano sequência. Fiquei encantado com a técnica e o excelente trabalho dos atores, mas profundamente irritado com o personagem do adolescente rebelde e com a trajetória do pober Leonid e sua esposa.

São Paulo- Cidade em Montação

"São Paulo- Cidade em Montação", de Lucas Mendes (2023) Escrito, produzido e dirigido por Lucas Mendes, "São Paulo- Cidade em montação" é um documentário bastante esclarecedor para o público sobre a importância da Parada Lgbt de São Paulo para a cultura, economia e sociedade brasileira. O filme apresenta diversas personalidades da comunidade queer descrevendo o significado da gíria "montação". A drag Leo Aquila traz uma definição muito esclarecedora em termos de emoção sobre o termo: "Montação é questao de vida, sobrevivência. Quando montava estava feliz, quando não montava, ficava triste. Quando a parada surgiu, em 1997, ainda sob a sigla GLS, os gaus não queriam se expôr ou serem vistos como gays pela sociedade. Havia um problema geracional em não se assumir, as pessoas tinham medo de serem recriminadas pela família, de perderem emprego. As pessoas que realmente construíram o movimento foram as drags e as travestis." Outro depoimento revelador é o da drag Kaká di Polly, falecida em janeiro de 2023: fala da importância da Parada e de que forma as lutas implementadas pela comunidade transformaram o pensamento da cosiedade como um todo. O filme é repleto de imagens históricas das paradas desde o seu surgimento, em 1997, até os dias de hoje. Um miitante queer fala da importância da parada, que trouxe pautas vanguardistas quando ainda não se falavam nela, como o casamento igualitário, e outras reinvidicações que acabaram sendo implantadas. Minorias ganharam força e passaram a lutar: a smulheres contra o machismo, trans e travestis batalhando contra preconceitos e transfobia, os negros contra o racismo. Um ponto importante para a idealização do documentário, e de onde vem toda a construção da narrativa, são os dois anos em que a Parada não saiu para as ruas, por conta da pandemia associada ao Governo Bolsonaro. Quando em 2022 a paradaa decie sair, o filme foca em sua preparação e em discursos que afirmam que o evento será marco histórico. Com a restrição do confinamento, o evento reuniu 4 milhões de pessoas.

Baile soul

"Baile soul", de Cavi Borges (2023) Exibido na 18ª Mostra de Cinema de Ouro Preto em 2023, o documentário "Baile soul" é uma viagem musical sobre um dos mais importantes movimentos culturais e sociais do Rio de Janeiro, ocorrido no final dos anos 60. Em plena ditadura militar, quando a comunidade negra se encontrava marginalizada e alijada da sociedade. As opções de entretenimento popular era a festa da Penha, carnaval, bailes tradicionais de salão, baile da jovem guarda, entre outros. Mas a juventude negra não se via nessas atividades culturais, não havia uma identificação. Surgiu então na rádio Mundial um programa capitaneado pelo Dj Big Boy que revolucinou a história musical da época: bastante viajado, Big Boy trazia discos que tinha uma sonoridade até então desconhecida: soul, funk, protagonizado por James Brown e outros grandes cantores negros. Com o sucesso da rádio, Big Boy promoveu festas no Canecão em 1970, intitulado "Da pesada": brancos, negros, ricos, pobres, todos se misturavam de forma saudavel nesse evento que foi muiuto disputado. Na mesma época, a luta dos negros americanos pelos direitos civis eclodiu: Panteras negras, Martin Luther King. Os negros passaram a se aceitar na afroculturalidade: os cabelos black powers sunstituíram os cabelos alisados. As roupas traziam forma e coloridos da Africa. Esse comportamento foi importado nos bailes, e pela 1a vez, a comunidade negra paassou a olhar para si, para sua própria história e as mudanças vieram no visual e comportamento. Importantes personalidades do movimento Black do Rio de Janeiro dão depoimento no filme: Dom Filó, DJ Corello, Dr Sidney, entre outros, falam da importância de Tony Tornado, Gerson King Combo, Tim Maia e do próprip Simonal para a dissemanação da black music brasileira. O filme faz a evolução cronológica dos bailes, passando pelo Furacão 2000 e os atuais bailes nas comunidades. O filme é entrecortado pelo monólogo de Antonio Pitanga no filme de Neville D'almeida "Jardim de guerra", com o manifesto "O poder negro".

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Sede assassina

"Misanthrope", de Damián Szifron (2023) Suspense policial rodado no Canadá e curiosamente, co-escrito e dirigido pelo argentino Damián Szifron, realizador dos mega sucessos "Relatos selvagens", de 2014, e "Os simuladores", série de tv. Szifron ficou sem filmar desde 2014, e é instigante que venha com uma trama policial sobre um serial killer que atira aleatoriamente nas ruas de Baltimore enquanto a polícia e o FBi tentam desesperadamente localizá-lo. Se pensarmos bem, o filme até poderia ser um episódio de "Relatos selvagens", pois também fala sobre pessoas estressadas e que descarregam na humanidade todas as mazelas do mundo. Só que aqui, o gênero é asusmidamente policial e suspense. Na noite do reveillon em Baltimore, um atirador anônimo mata 17 pessoas. A policial Eleanor Falco (Shailene Woodley) consegue rastrear de onde vem os tiros, mas chegando lá, o apartamento explode. O investigador chefe do FBI, Geoffrey Lammark (Ben Mendelsohn), pede que Eleanor se junte a ele e juntos tentam identificar o assassino, antes que mate mais pessoas. Szifron é muito bom diretor e sabe criar cenas de suspense, vide o início e a ótima cena do shopping. 'Sede assassina" é um bom filme, com ótimas performances do trio Woodley, Mendelsohn e Ralph Ineson. A fotografia e a trilha sonora ajudam a criar a atmosfera de melancolia e desespero que o filme exige, e que termina com nota bem triste.

terça-feira, 20 de junho de 2023

Tinnitus

"Tinnitus", de Gregorio Graziosi (2022) Tinnitus (Wikipedia): também chamado de acufeno, zumbido ou tinido é a sensação de ouvir som na ausência de qualquer som externo.[1] Embora muitas vezes descrito como semelhante a um zumbido no ouvido, pode também assemelhar-se a um tinido, sibilo ou rugido. O filme "Tinnitus" foi co-escrito por Marco Dutra e é vendido pelas campanhas como um terror do sub-gênero "body horror". Mão não encontrei nada de terror no filme. O que existe é um drama psicológico que usa o tinnitus da protagonista para como uma forma de explorar metaforicamente temas como relação abusiva, misgonia, machismo, sororidade e stress e depressão. Marina (Joana de Verona ) e Luísa (Indira Nascimento)forma uma dupla de competição olímpic de slatos ornamentais. Durante uma competição no rio de Janeiro, Marina passa a ouvir zumbidos e que acaba lhe provocando um acidente no salto. Quatro anos depois, Marina abandonou a ginástica e trabalha como sereia em aquário turístico. ela é casada há com o médico que faz tratamento experimental com ela, usando remédios e conselhos de médicos para expor Marina como uma cobaia. Marina é procurada por uma jovem, Teresa, que faz dupla com sua ex-parceira Luísa. Marina e Teresa acabam flertando e passam a ter um caso, além de Teresa dar ânimo para Marina voltar à ginástica olímpica. O filme tem um ritmo bastante lento. Um item que me chamou a atenção foi a qualidade dos efeitos de pós produção, principalmente durante as competições. Não sei se foi proposital, mas estão estranhos e muito com cara de aplicação. No elenco, tem a participação especial de Antonio Pitanga, integrante e um grupo de auto ajuda que Marina participa. O filme ganhou no 50o Festival de Gramado, os Kikitos de fotografia, direção de arte e montagem.

Medusa Deluxe

"Medusa deluxe", de Thomas Hardiman (2022) Pode um filme ser bom e memorável apenas com a sua cena de créditos finais? Em 2014, a cineasta iraniana lançou o filme de serial killer "As vozes", de com Ryan Reynolds e Anna Kendrick. Um filme excêntrico que termina com uma cena de créditos finaos com todo o elenco dançando um número musical. Essa extravagância acontece exatamente igual em "Medusa Deluxe". Todo o elenco surge dançando um exuberante número de Disco ao som do clássico de George Mcrae "Don't you feel my love". Quanto ao filme em si, "Meduda Deluxe",longa de estréia do cineasta britânico Thomas Hardiman, é um exercício de estilo. O cineasta mescla drama, suspense, tema Lgbt, musical e humor ácido para apresnetar em um plano sequência um assassinato que acontece em um prédio aonde está acontecendo um concurso de penteados exóticos. Cabeleireiros, modelos, amantes, seguranças, todos são suspeitos. Mas o filme não segue uma cartilha de Sherlock Holmes nem Hercule Poirot: a narrativa quer justamente apresentar tecnicamente que a câmera e os atoress conseguem ter domínio sobre um plano-sequência ( que nem é, ele é picotado em planos invisíveis, assim como em "Birdman"). O elenco é ótimo, a direção de arte, a fotografia, câmera..mas assim como em "Vitoria", um drama alemão também em plano sequência, fica aquela sensação que a câmera apenas segue os personagens, e fica aquele tempo morto, perda de ritmo.

Maria- Ninguém sabe quem sou eu

"Maria- Ninguém sabe quem sou eu", de Carlos Jardim (2022) Em determinado momento do documentário que desnuda a cantora Maria Bethânia para o público, o diretor perhunta"As pessoas têm medo de você.". Bethânia: "Sou educada, civilizada, respeito o outro, com liberdade mas dentro de normalidade saudável e possível de convívio. As pessoas não devem ter medo de mim, nem medo de se aproximar." Diante da fama de difícil e perfeccionista, Bethânia se defende, dizendo que ama ensaiar, justamente para buscar a liberdade cênica nos palcos, mas para isos, ela quer abstrair a parte técnica que precisa estar perfeita. "Sou rigorosa, chata, exigente comigo mesma e com os companheiros de rabalho."Bethânia abre seu coração e fala praticamente de tudo para a câmera: seu sonho de 5 anos de iadde de ser trapezista, a educação de Dona Canô, sua mãe; sua estreáia aos 17 anos no espetáculo de UAgusto Boal "Opinião", entrando no lugar de Nara Leão, que Bethânia endeusa, chamando-a de heroína por ter se iimposto no samba e ajudado a criar a bossa nova num universo masculino. Diz que odeia microfone sme fio que parece um plástico e que gosta do fio pois lembra um chicote. Ama andar descalça no palco, ama cantar Raul Seixas, Erasmo e Roberto. O filme é peça obrigatória para fãs da cantora, recheado de material de arquivo com cenas de seus shows icônicos.

Além da lenda- O filme

"Além da lenda- O filme", de Marília Mafé e Marcos França (2021) Não tem como não lembrar do clássico juvenil "A história sem fim" ao assistir ao primeiro longa pernambucano "Além da lenda- O filme", a versão para o cinema da série animada exibida na Tv Brasil em 2018, com 13 episódios. Ambos os filmes falam sobre o poder da fantasia e da imaginação, e que a nova geração está esquecendo as histórias infantis e por isso, vilões decidem tomar conta do mundo. E como pano de fundo, um poderoso livro que será a chave para a salvação da humanidade. O filme é bem simpático e certamente fará a alegria da garotada, além de animar os pais ao trazer resgate do folclore brasileiro para as novas gerações que a desconhecem. Figuras como Negrinho do Pastoreiro, Saci, Curupira, Chibamba, Cabra Cabriola, Comadre Fulozinha, Cuca, o Boto fazem parte desse universo bastante brasileiro, ameaçados por um trio de vilões americanos, celebrados pelo Halloween, festa estadounidense: a Bruxa Witcha, oespantalho Jerry Moon e a caveira Midnight tipo ( uma espécie de Caveira do He Man). No dia 31 de outubro, celebra-se no Brasil o dia do saci. Mas como os brasileiros decsonhecem a data e comemoram o di de Halloween, que é na mesma data, o filme parte dessa premissa e mostra os vilões querendo tomar posse de um livro onde as lendas estão presnetes, e asism, poder alterar as histórias. Para evitar que isso aconteça, os series do folclore vão atrás do meni o Lucas, que habita o mundo real e que gosta de senhar em um caderno, que é a salvação para combater os vilões. Gabriel Leone e Hugo Bonemer são atores convidados: Leone dá voz ao Lucas, e Bonemer, ao Curupira. Juntos, eles cantam a fofa música tema, "Nova história".

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Abestalhados 2

"Abestalhados 2", de Marcelo Botta e Marcos Jorge (2022) Pegando o mote do clássico 'Os penetras", com Eddie Murphy e Steve Martin, onde um Cineasta sem orçamento mas com amor à arte filma aleatoriamente um ator famoso para montar um filme, 'Abestalhados 2" faz uma sátira devastadora sobre o cinema nacional, trazendo todos os clichês conhecidos do grande público: falta de patrocinador, relação abusiva entre Diretor X ator; discussão diretor X roteirista, piti de ator estrela, etc. Em uma agência de publicidade que produz comerciais, o diretor Paulo Carmo (Paulinho Serra) expressa oseu desejo para seus amigos da equipe técnica Manuel Oliveira (Raul Chequer), Alex Balas (Felipe Torres) e Eric Rios (Leandro Ramos) de finalmente realizarem um blockbuster de ação. Mas ao pedirem patrocínio para um banco, têm o projeto rejeitado. Sem desistir, decidem fazer o filme de uma forma sui generis: escalarem atores conhecidos nos comerciais e sem que eles saibam, filmar cenas para o filme em contexto totalmente dierente do comercial. Com um tipo de humor próprio para quem acompanha os sketches de "Hermes e Renato" e programas de humor de tv fechada e conteúdo de internet, o filme tem um ritmo clipado e dinâmico repleto de participações especiais: Alexandre Rodrigues, Isabella Santoni, Maurício Meirelles, Marcelo Mansfield, Cris Vianna, Ary França, entre outros. A curiosidade é ver nos créditos o nome na co-direção e roteiro de Marcos Jorge, diretor de 'Estômago" , "Mundo cão" e "O duelo", realizando a sua primeira comédia.

A esposa de Tchaikovsky

"Zhena Chaikovskogo", de Kirill Serebrennikov (2022) É curioso que a cena mais meorável desse drama de época que retrata a tragédia de Antonina Miluikova (Alyona Mikhailova), seja a última cena do filme: um plano sequência magistral, que na verdade é um número musical gay e provocativo, repleto de homens jovens e musculosos totalmente nús em seu esplendor. O cineasta russo Kirill Serebrennikov , diretor do brilhante "Verão", é um cineasta abertamente gay e militante da causa Lgbt, e isso justifica porquê um filme tendo Antonia Miluikova possui muitas cenas homoeróticas e nudez total do elenco macsulino. Concorrendo à Palma de ouro no Fetsival de Cannes 2022, o filme traz muitos elementos já vistos em "Verão": realismo fantástico, onirico e planos e movimentos de câmera estilizados e longos. A história de Antonina já havia sido levado às telas em 1971 pelo cineasta inglês Kurt Russel, com Glenda Jackson no papel de Antonina e Richard Chamberlain no papel do compositor russo Pyotr Tchaikovsky, no filme "Delírio de amor". Co- produzido pela Rússia, França e Suíça, o filme é ambientado noS éculo XIX, no ano de 1877. Antonina nasceu pobre, mas tinha um sonho de ser compositora. Ao receber uma herança, ela decide estudar piano. Nas aulas, ela conhece Tchaikovsky, por quem ela tem verdadeira obsessão. Ao ser apresnetada a ele, ela lhe escreve uma carta propondo lhe entregar as terras herdadas em troca de casamento. Tchaikovsky estranhou o pedido, mas a socieddae russa, já desconfiando de sua homossexualidade, acaba sendo o motivo para Tchaikovsky aceitar a proposta. No casamento, no entanto, Tchaikovsky deixa claro para Antonina que não quer envolvimento sexual, e se tratarem como a irmãos. Mas Antonina quebra o pacto. einveste em Tchaikovsky, que se irrita e começa a tratá-la com desdém. Antonina passa a se relacionar com outros homens, mas mantendo sempre a obsessão em Tchaikovsky. A atriz Alyona Mikhailova, a grande protagonista do filme, tem um trabalho incrível repleto de nuances, e ao longo da narrativa, vai começando a ter surtos psicóticos e delírios. (Antonia morreu internada em um asilo para doentes mentais, no ano de 1917. Tchaikovsky morreu de cólera em 1893, aos 53 anos). A narrativa do cineasta vais endo embaralhada com cenas de fantasia. É um filme ousado e que talvez não agrade a um público conservador que queira assistir ao filme como uma biografia didática de Antonina.

domingo, 18 de junho de 2023

Amado

"Amado", de Edu Felistoque e Erik de Castro (2022) Policial brasileiro dirigido pelo paulista Edu Felistoque e pelo brasiliense Erik de Castro, inspirado na história real do cabo Amado, morador de Ceilândia, cidade satélite de Brasília. Amado ficou conhecido como o homem que tinha o corpo fechado pelos seus inimigos. Mas esa informação é muito diferente do clássico de Nelon Pereira dos Santos, "O amuleto de Ogum", onde o protagonista buscava proteção de Ogum. Aqui, Amado luta sozinho contra policiais corruptos, bandidos e traficantes que querem a sua cabeça. O filme traz referências dos anos 80, tanto estéticas quanto dramatúrgicas: a justiça com as próprias mãos, tão comum em filmes de Charles Bronson, Schawrzenegger, Stallone, encontra paralleo com a ânsia por vingança e justiça. Os enquadramentos, a fotografia, e muitas cenas parecem ter saído direto dos anos 80, inclusive as cenas de sexo, onde uma cena dentro de um banheiro lembra muitos filmes eróticos da época. Para quem gosta de um policial brucutu, pode curtir esse filme sme medo: tem pancadaria, tiroteios, traficantes, prostitutas, polciiais corruptos, tudo aquilo que a cartilha manda. E o nosso herói, claro, não sorri, é a figura fria e destemida que sai distribuindo bordoadas pra lá e pra cá. O elenco é um trunfo do filme: Sergio Menezes está bem, Gabriela Correa, como a prostituta Linda, é ótima revelação, além de Igor Cotrim como um vilão que reprsenta a parte podre da corporação. Adriana Lessa é outro destaque. Edu Felistoque é conhecido por escalar atores dos anos 90 em seus policiais: Rubens Caribé em 'Cano serrado", Igor Cotrim e Alexandre Barilari em 'Amado".

A mãe

"A mãe", de Criatiano burlan (2022) Comovente drama dirigido e escrito pelo gaúcho radicado em São Paulo Cristiano Burlan. Ele mesmo testemunha de dois crimes bárbaros que transformaram a sua vida (em 2001, seu irmão foi assassinado pela polícia", e em 2003 sua mãe foi morta pelo namorado", gerando os documentários "Mataram meu irmão" e 'Elegia de um crime"), Burlan uniu mãe e filho para expiar os seus próprios fantasmas. Marcélia Cartaxo é Maria, uma camelô que mora na periferia junto de seu filho, Valdo (Dunstin Farias). Trabalhando na capital, Maria batalha por sobrevivência em sua rotina. Um dia, seu filho desaparece. Procurando saber do paradeiro dele, Maria sofre com a burocracia do estado e o descaso das autoridades. Determinada a procurar sozinha, Maria acredita que ele possa ter sido assassinado pelos policiais militares. No elenco, além do trabalho formidável de Cartaxo, tem as participações de Helena Ignez, Tuna Dwek e Carlos Meceni, entre outros. Um filme forte e denso, venceu diversos prêmios nos Festivais de Vitória e Gramado, de onde saiu com os Kikitos de melhor atriz, direção e fotografia para André S. Brandão.

Curtas jornadas noite adentro

"Curtas jornadas noite adentro", de Thiago B. Mendonça (2021) Somente a brilhante cena final do belo drama dirigido e escrito por Thiago B. mendonça já vale o ingresso: uma roda de samba em um bar de periferia de São Paulo, composto pelos protagonistas que cantam melancolicamente o clássico samba "Alegria continua", de Mauro Duarte e Noca da Portela, e tendo ao fundo duas crianças sambando em extrema felicidade. De imediato, essa cena me fez lembrar da cena final de "orfeu do carnaval", uma das cenas mais lindas de toda a história do cinema, com um otimismo avassalador mediante a tragédia que é a vida. O título vem como referência ao livro de Eugenne O'neill. "Longa jornada noite adentro", e também do ótimo filme chin6es de Bi Gan, todo rodado em plano sequência. O roteiro acompanha um grupo de 6 integrantes de um grupo de samba Zagaia, e o drama de cada umd eles, que luta para sobreviver durante o dia, ma a alegria de viver vem desse encontro da resistência do artista independente cantando samba. Temos Ninão (Carlos Francisco, o pai de "Marte um"), Madá (Monalisa Madalena), Paulo (Renato Martins), Marçal (Tiganá Macedo), Edgalo )Enaldinho da cuíca), Clara (Lua Reis), Jeguedé (Marquinho Dikuã), Surdo (Val Pires). Morando na periferia, cada um desses integrantes possui o seu drama pessoal e particular, diante de temas como racismo, assédio, machismo, luta de classes e claro,a. desvalorização do aryista independente. O filme é uma via crucis arrebatadora e cruelmente trágica de quem vive da arte e deseja espalhar cultura, mas sofre perseguição principalmente do preconceito da polícia, racista e brutal. Um trabalho uniforme de talentosos atores e músicos, em registro naturalista de interpretação.

A queda

"A queda", de Diego Rocha (2020) Escrito, dirigido e co-produzido por Diego Rocha, "A queda" tem o título homônimo do clássico de Ruy Guerra, de 1978. em comum, os dois filmes falam sobre a queda de uma pessoa e de que forma essa tragédia epxlora a corrupção, traição e intriga em setores da sociedade. Filmado na Zona da mata e em Belo Horizonte, o filme é uma trama policial que se mistura ao drama. Danirl Rocha interpreta Beto, um policial forense que invetsiga o suicídio de um empresário de 75 anos. Beto acredita que foi assassinato, e vai atrás de possíveis suspeitos, entre eles, a amante Barbara (Juliane Guimarães) e a médica Ana (Branca Messina). A primeira foi favorecida no testamento, e a 2a, atendia o empresário. Paralelo, Beto lida com a demência de seu avô, Gera (Gracindo Jr. Um bom filme prejudicado pela longa duração, com muitas sub-tramas, e confesso quee a parte que mais me comoveu foi a relação do neto e o avô, apresnetando dramas suficientes para um filme. Gracindo jr está magnético e arrebatador, em conjunto com o belo trabalho de Daniel rocha, um ator minimalista, repleto de complexidades emotivas em seu rosto. As atrizes Branca Messina e Juliane Guimarães são ótimas atrizes, mas a trama policial sai perdendo em contraste com o drama familiar.

sábado, 17 de junho de 2023

À sombra das figueiras

"Taht alshajra", de Erige Sehiri (2021) Belo drama tunisiano, dirigido e escrito pela cineasta Erige Sehiri em seu longa de ficção de estréia. O filme concorreu em diversos Fetsivais, incluindo o Festival de Cannes, na Mostra Quinzena dos realizadores. Totalmente improvisado e com não atores, o filme tem muito do neo realismo italiano, principalmente de 'Arroz amargo". A história acompanha 1 dia na vida de catadores de figos, jovens e adultos, recebendo uma mixaria no final do dia. O filme começa com os trabalhadores sendo apanhados na estrada e entrando em uma lotada caçamba de caminhonete, e termina com os mesmos retornando para casa. mas Erige não quiz fazer um filme frio e pessimista sobre o trabalho árduo, quase escravo. Ela decide apontar a câmera para os pequenos dramas de cada um dos trabalhadores. Romances, fofocas, roubos, misoginia, empoderamento feminino. velhice, sonhos. Esses são alguns dos temas elaborados pelos personagens, durante um lindo dia de sol em um belo campo de figueiras, mas com trabalho extremamente cansativo. O filme tem um olhar feminino: além da direção e roteiro, a fotógrafa Frida Marzouk traz brilho e potência nas imagens. A beleza das imagens, dos rostos de jovens e idosos, e dos figos vibrantes e deliciosos.

A fúria de Becky

"The wrath of Becky", de Matt Angel e Suzanne Coote (2023) Continuação de "Becky", de 2008, protagonizado por uma menina de 13 anos que se vinga de forma brutal dos neo nazistas que invadiram a sua casa e mataram seu pai, essa Parte 2 é totalmente focada em "John Wick": o cachorro de Bekcy, agora adotada por uma senhora, elana, é sequestrado por um grupo misógeno chamado de "Homens notáveis", liderados por Sean Willian Scott, o Stiff de "American pie". Elana também é assassinada, e só resta à Becky se vingar. O roteiro é mega hiper genérico, bem no estilo "revenge movie", com cenas de violência e vilões que pedem para ser mortos por serem tão maus e tão imbecis. A personagem agora tem 16 anos, e é interessante que é a própria idade da atriz. Auqi no Brasil, jamais que o juizado de menores deixaria uma atriz menor de idade praticar crimes bárbaros como as do filme.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Sparta

"Sparta", de Ulrich Seidl (2022) Rejeitado em quase todos os festivais em que foi inscrito, o filme do provocativo cineasta austríaco Ulrich Seidl é baseado em abusiva história real: em 2001, um professor alemão de karatê, Markus Roth, criou uma escola na área pobre da Romênia e recrutou meninos para aulas gratuitas. As aulas eram fachada para uma rede mundial de pedofilia. Markus gravava os meninos em roupas íntimas e nús em seus banhos e vendia o material. Porém, o que provocu a ira dos festivais e organizadores foi a matéria publicada na revista alemã Der Spiegel, alegando que Ulrich mentiu para as crianças e seus pais, escondendo o tema do filme e que o protagonista que contracenava com eles interpretava um pedófilo. Isso gerou o tema da ética profissional, e com certeza, aqui no Brasil isso resultaria em prisão para os envolvidos. Mas como na Europa muita coisa vira terra de ninguém, ficou elas por elas, até porque as família pobres não tinham condições de avançar com processos, pelo menos, não até o momento. O filme foi rodado em conjunto com "Rimini", também de Seidl. Em 'Rimini" e "Sparta", somos apresentados a 2 irmãos, que se unem com a doença do pai nazista que está doente. Jonnhy Bravo é um cantor decadente de hotel na Itália. Eqld é um funcionário de usina nuclear na Romênia, e namora uma garota local. Mas ele desiste do namoro e decide construir uma escolinha de artes marciais, chamada Sparta, e convoca os meninos dos bairros pobres da Transilvânia. Fico pensando em quão complexo e atordoante deve ter sido para o renomado ator austríaco Georg Friedrich Ewald dar vida a Ewald, em cenas bastante polêmicas. Seild não tem questão com temas explosivos, vide seus filmes anteriores, que tratam de temas e personagens abusivos, misógenos, repulsivos e violentos. Não tem como recomendar o filme para ninguém.

Pacificado

"Pacified", de Paxton Winters (2019) Um ótimo exemplar de "favela movie", curiosamente dirigido por um norte americano, o texano Paxton Winters. A trajetória de Winters é sui generis: morou por anos na Turquia e ali rodou seu 1o filme, "Crude", em 2003. Depois, veio ao Rio de Janeiro, como jornalista e fotógrafo para cobrir as Olimpíadas no Rio de Janeiro e mooru por 10 anos no Morro dos Prazeres. Ali, criou amizade e saiu então o projeto de "Pacififcado", escrito a seis mãos com Wellington Magalhães, morador do Morro, e com Joseph Carter, também morador da comunidade por doze anos. Vencedor de importantes prêmios, como Melhor filme do público na Mostra de SP, melhor diretor em San Sebastian, entre outros, o filme apresenta como pano de fundo da trama um contetxo histórico: o fracasso das UPPS, a pacificação de "fachada" que o governo instaurou nas comunidades durante o período de realização dos jogos e assim que terminou, a cidade voltou a ser a mesma violenta das mídias de sempre. O título do filme tem duplo sentido: não só sobre as Upps e a "pacificação" temporária, quanto o estado de espírito de um dos protagonistas, Jaca (Bukassa Kabengele ), ex-chefe do tráfico dos Prazeres que foi preso pela UPP e com o fim dela, foi soltoo, permanecendo 13 anos preso. Nesse período, sua filha, Tati (Cássia Nasciment, excelente) mora com a mãe, a drogada Andrea (Debora Nascimento), a vó de Jaca, Dona Preta (Léa Garcia) e o irmão de Jaca, Dudu (Rafael Logam). O tráfico agora está nas mãos de Nelson (José Loreto), que assumiu a boca após a prisão de jaca. Acontece que Dudu se juntou ao tráfico, para desgosto de Jaca, que já não deseja mais esse mundo para si. Mas os moradores insistem em pedir favores para ele, frustrados com a administração de Nelson. O filme é muito bem dirigido, com atores surpreendendo em papéis pouco vistos em suas carreiras, como o caso de Debora Nascimento, e a revelação Cássia Nascimento. A fotografia, de Laura Merians Goncalves, é incrível, apesar das críticas que compararam à estética da beleza das comunidades lançada desde "Cidade de Deus". A produção, entre outros, é do cineasta Darren Aronofsky.

À beira da loucura

"In the mouth of madness", de John Carpenter (1994) Um dos filmes mais subestimados do mestre do horror John Carpenter, "à Beira da loucura" foi esquecido pelo tempo. Revendo agora, é evidente o carinho que Carpenter tem por Stephen King, outro mestre, e traz elementos de Lovecraft à essa trama surrealista onde criador e criatura se misturam no mesmo universo. Através de uma trama complexa escrita por Michael De Luca, somos apresentados a John Trent (Sam Niell). Ele é um um investigador de seguros que é contratado para encontrar Sutter Cane (Jürgen Prochnow), um famoso autor de livros de terror que desapareceu antes de finalizar a última obra – "À beira da loucura", pela qual foi contratado a fazer. O contratante é Jackson (Charlon Heston), que apresenta a John a editora Linda Styles (Julie Carmen) para ajudá-lo a encontrar o autor. Paralelo, pessoas que leram o livro vão enlouquecendo e se tornando homicidas, mas John acredita ser uma jogada de marketing. No entanto, ao começar a ler os livros, o próprio John vai começando a alucinar. O filme tem efeitos práticos bastante datados, mas que conferem um charme vintage à produção. Não chegam ao nível dos efeitos de 'o enigma d eoutro mundo", mas não comprometem o resultado. A trama é tão interessante que vale muito a pena assistir. Sam Neill estava numa ótima fase em sua carreira: tinha acabado de vir do sucesso "O piano" e no mesmo ano lançou o blockbuster 'Jurrasic Park". A cena de uma personagem se transformando em uma espécie de aranha e virando a cabeça é icônica, um primor.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Um dia na vida

"A day in a life", de Larry Clark e Jonathan Velasquez (2021) Larry Clark ficou famoso mundialmente quando lançou o controverso e polêmico "Kids" em 1995. Probido em diversos países, o filme chocou a todos com cenas de adolescentes fazendo sexo explícito, usando drogas e bebendo, além de se comportarem como adultos em situações extremas. Depois vieram "Ken Park", "Smell like us" entre outros filmes que insistiam na mesma fórmula. Agora, em 2021, Crak lança "Um dia na vida", rodado em Paris, e co-dirigido com Jonathan Velasquez. A história? a mesma de sempre. Sexo, adoelscentes, drogas e muita balada. Um dia na vida de doois adolescentes: Enzo e Gabrielle. Eles estudam na mesma escola. Enzo se masturba ensando em Gabrielle no seu quarto. Na balada, so dois cheiram cocaína, dançam, bebem, fazem sexo. Nada de novo no front, a diferença é o uso de atores franceses e a presença doe xcelente ator Vincent Macaigne. Clark é hábil em extrair regitros espontâneos de seus não atores, como se estivessem na vida real, sendo filmados com câmeras escondidas. Um filme chato, filmado em super closes, a onda do cinema fetichista de Clark morrou nos anos 90, hoje em dia é só repetição.

Bem vindos de novo

"Bem vindos de novo", de Marcos Yoshi (2021) Eu, como asiático, me senti totalmente represnetado por esse emocionante documentário brasileiro dirigido pelo descencente de japoneses Marco Yoshi. O filme é um diário corajoso, por expôr a vida de sua família em mínimos detalhes, e por ter como pano de fundo um Brasil do desemprego, da falta de perspectiva e oportunidade para pessoas com mais de 40 anos, que por mais que tenham experiência e força de vontade, não encontram oportunidades de trabalho digno. Para quem é asiático, sabe que dificilmente os integrantes de gerações mais velhas expressasm suas emoções. São frios, duros e dedicam sua vida inteiramente ao trabalho e a ensinamentos de como ser honesto, mesmo que para isso, tenha que construir uma máscara de frieza e de seriedade. Marco Yoshi, formado em cinema, decidiu fazer um registro de seus pais, Roberto e Yayoko Yoshisaki. O filme mescla imagens de arquivo, fotos, VHS, ou seja, todo tipo de material que qualquer família guardaria como lembrança. É através dessas imagens que Marcos faz a descrição de seus pais: no final dos anos 90, eram donos de uma loja de comséticos na divisa de Foz do Iguaçu com o Paraguai, vendendo para sacoleiros de todo o país. Mas com a crise econômica e a abertura de importação, a loja faliu. Sem vislumbrrar nennhuma possibilidade de trabalho, o casal decide viajar ao Japão e trabalhar como dekasseguis (descendentes de japoneses que trabalham em fábricas no japão, um serviço terceirizado que o japon6es local não quer). Deixando os 3 filhos ainda jovens aos cuidados dos avós e tios, o que era para ser 2 anos de trabalho fora, acabou sendo 13 anos. Nesse período, quando os pais retornam, já não existe reconhecimento: pais e filhos não se conhecem mais. Registrando até antes da pandemia, Marcos faz uma narrativa onde descreve em offs seus sentimentos de filho abandonado e como o filme se tornou uma espécie de terapia de reaproximação. mas o filme é repleto de reviravoltas dramáticas e confesso que no desfecho eu saí emocionalmente arrasado.

The Flash

"The Flash", de Andy Muschietti (2023) É impressionante a carreira do argentino Andy Muschietti em Hollywood, uma carreira meteórica, assim como o personagem de seu 4o longa, Flash. Com apenas um curta, "Mama", de 2008, Muschietti abriu seu lugar nos Estados Unidos, conduzindo uma versão em longa-metragem do curta, depois realizando os mega sucessos de "It, a coisa", e agora, "The Flash". E confesso que o que mais gostei no filme foram justamente os easter eggs referentes ao elenco e suas participações especiais, repetindo o que "Homem Aranha- sem volta para casa" havia feito em 2022. Por isso, quem for assistir ao filme, é bom dar uma recordada nos atores que interpretaram as diversas versões de Batman, Superman e o maior meme de todos, de um ator que supostamente teria interpretado um desses super heróis. E como Harrison Ford no novo "Indiana Jones", uma salva de palmas para o CGI que rejuvenesce qualquer ator e o transforma com as feições da época que realizaou o filme. O filme ficou bastante comentado nas redes sociais e na mídia por causa do bafafá envolvendo seu protagonista, Ezra Miller, que andou frequnetando as páfinas policiais recentemente. Só será possícel apreciar o filme se o ator for dissociado do personagem. O roteiro é divertido e diferente dos primeiros filmes da DC, aqui é repleto de humor, até porquê Barry/Flash é um personagem jovem, quase um parente próximo das travessuras de Peter Parker. E se você ainda não enjoou dos metaversos, vai se delciiar com as muitas surpresas que o filme reserva. E do elenco, um destaque especial à participação especial da atriz espanhola Maribel Verdú, emocionante como a mãe de Barry.

Narciso e Goldmund

"Narziss und Goldmund", de Stefan Ruzowitzky (2020) Na mitologia grega, Apolo e Dionísio são ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus da razão e o racional, enquanto que Dionísio é o deus da loucura e do caos. Com base nesse mito, o premiado escritor alemão Herman Hesse, prêmio Nobel de literatura em 1946, lançou em 1930 o livro "Narciso e Goldmund". Hesse foi um escritor redescoberto por leitores dos anos 60 da contracultura, com seus livros que falam sobre liberdade, repensando o papel da religião no mundo. O cineasta austríaco Stefan Ruzowitzky ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 2008 com o drama "Os falsários". Ao adaptar o livro de Hesse, co-produzido pela Alemanha e Áustria, o filme traz como pano de fundo um contetxo homoerótico, que segundo eu pesquisei, não existia no livro. Na idade média, em um país da Europa central, Narciso mora em um mosteiro. Ele é extremamente religioso e focado na vida sacerdotal. Um dia, Goldmund é enviado pelo pai para o mosteiro. O pai o enviou para lá para evitar que o matasse, culpando-o pelo comportamento da mãe, que ele chama de vadia. o pai alamdiçoa Goldmund, dizendo que e;e será um vagabundo igual à mãe. Arredio no início, Narciso acaba cuidando de Goldmund e se tornam grandes amigos. Sete anos se passam. Narciso (Sabin Tambrea) e Goldmund (Jannis Niewöhner) são unha e carne, apesar de Goldmund ter um espírito livre. Narciso nutre um sentimento por Goldmund que ele não sabe explicar e por isso, se pune, chocieando-se dezenas de vezes como punição. Goldmund, que se tornou um belo rapaz, foge do mosteiro e vai procurar sua mãe que o abandonou quando ele era pequeno. No caminho, Goldmundo se encanta com o mundo, e também com a vida boêmia: bebidas, farras, mulheres, o que o coloca em apuro diversas vezes. Narciso, ressentido pela fuga do amigo, se torna o abade do Mosteiro. O filme traz excelente reconstituição de época, com ótima direção de arte e figurino e maquiagem bem detalhista, me fazendo lembrar muito de filmes como "O nome da rosa". Os atores estão muito bem em seus papéis, e a narrativa flui bem em duas épocas distintas, presente e flashback. O que me incomoodu foi o desfecho moralista, uma punição para os que, pelos olhos dos outros, não seguem os padrões do verdadeiro cristão.