sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Saturno em oposição

"Saturno contro", de Ferzan Özpetek (2007) Com o sucesso de "O primeiro quem disse"de 2010, foi lançado nos cinemas o filme anterior do cineasta turco residente na Itália Ferzan Özpetek "Saturno em oposição", de 2007. Assim como "O primeiro que disse" e boa parte dos dramas italianos, existe um grupo numeroso de personagens, envoltos em dramas particulares que submergem mediante uma crise. Um grupo de amigos constantemente se encontra para almócos ou jantares na casa de um deles, Davide, escritor de livros, casado com Lorenzo. Entre os amigos, estão o casal Antonio e Angélica, e Roberto e Neval.Ao grupo também de junta Roberta, amiga solitária de Lorenzo e astróloga, e Paolo, jovem escritor que abre uma crise no relacionamento de Davide e Lorenzo. Quando Lorenzo sofre um aneurisma e vem a morrer, o grupo acaba expondo os seus dramas internos, e a ameaça do grupo se desfazer é eminente. Filmes sobre grupos de amigos é bastante comum no cinema, e é fácil para o espectador se identificar com pelo menos um dos personagens. Alternando drama e pequenas doses de humor e romance, 'Saturno em oposição" deve muito de seu sucesso ao excelente nível dos atores, que evitam emnoções fáceis e se entregam a um realismo bem dosado. A cena do grupo caminhando pelos corerdores de um hospital em direção à sala do necrotério é de uma rara beleza, alternando melancolia e poesia mediante o imponderável.

Ruído branco

"White noise", de Noah Baumbach (2022) Eu sempre fui um grande fã do cineasta Noah Baumbach e sempre curti bastante os seus filmes. Mas confesso que "Ruído branco" é um ponto fora da curva: durante todo o seu longo e tedioso tempo de duração, 136 minutos, eu fiquei totalmente indiferente. Não tava fazendo a mínima idéia de qual filme eu estava assistindo. EM uma mistura de gêneros, que ao meu ver se unem de forma abrupta ( incluindo um insuitado n;umero musical em um supermercado no final), o filme de Baumbach só foi possível assistir com muitos e muitos bocejos. O filme concorreu no Festival de Veneza 2022, e de lá saiu com um prêmio especial. Baumbach trabalha com seus atores habituais: Adam Driver e Greta Gerwig, em uma trama que se passa no ano de 1984, adaptado do livro escrito por Don DeLillo. Driver é JAck, um professor renomado que vai defender a tese sobre Hitler. Ele tem um colega na Universidade, Murray (Don Cheadle) que vai apresentar um trabalho sobre Elvis. jack é casado com Babette (Gerwig), com quem tem uma filha, fora outros 3 de outros três casamentos, todos morando com o casal. Babette sofre com medo da morte, e para isso, toma escondida pílulas experimentais que a a judam a lidar com essa obsessão, compradas de um traficante, Mr Gray. Um acidente que espalha no ar da cidade lixo tóxico faz com que o governo obrigue toda a população a se esconder em um abrigo. A partir dessa experiência, Jack também passa a temer a morte. Não é fácil acompanhar o filme. Drama, ação, fantasia, suspense. Tem um momento do filme que parece cena de Spilerbeg, outro parece uma cena pastelão de "Férias fruustradas". Pode ser que numa revisão no futuro eu venha a curtir melhor o filme. mas no momento, passo adiante.

Como Bruce Lee mudou o mundo

"How Bruce Lee changed the world", de Steve Webb (2009) Documentário que abrange a vida, carreira e legado do astro Bruce Lee, "Como Bruce :Lee mudou o mundo" foi escrito e dirigido por Steve Weeb, certamente um grande fã de Lee, pois chega a declarar que ele foi o maior astro da história do cinema. Exageros à parte, é uma boa oportunidade de se conhecer cenas de seus filmes clássicos, como "Operação dragão", seu maior sucesso comercial, e que Lee nem pode desfrutar do sucesso, pois viria a falecer no dia 20 de julho de 1973, em uma piscina de sua casa em Hong Kong. Ceneastas como Brad Rattner, que dirigiu a franquia "As hora do rush", Tarantino, astros como JAckie Chan, compositores como Lalo Schinfrin, que compôs a trilha de "Operação dragão" , rappers como LL Cool J, e também a esposa e filha de Bruce Lee. Todos em sintonia endeusam a imagem do astro de Hong Kong. E é curioso saber que até hoje, a sua imagem é preservada em comerciais, campanhas publicitárias, referências em filmes e até na cultura rap. Estátuas foram erguidas em sua homenagem, incluindo em Bósnia. Lee trouxe filmes de artes marciais para o Ocidente e redefiniu a imagem dos homens asiáticos para o público, que até então, via atores ocidentais interpretando asiaticos caricatos, estilo Fu Manchu e seus bigodes finos e compridos e exóticos. O filme traz imagens inéditas e domésticas do início de sua carreira, como por ex, dançarino de Tcha Tcha, e acompanha sua filha e esposa em viagens em Hong Kong e Seattle, onde homenagens foram feitas ao astro.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

As três faces de Eva

"The three faces of Eva", de Nunnally Johnson (1957) Confesso que sempre tive curiosidade para assistir a esse drama, mas nunca tive impulso para ver. Descobri o link do filme completo no Youtube e decidi dar uma chance a ele, ainda mais que sempre soube que a atriz Joanne Woodward havia ganho o Oscar de melhor atriz pela sua performance bastante complexa de três personalidades distintas. O filme foi baseada no livro homônimo dos psiquiatras Corbett H. Thigpen e Hervey M. Cleckley, que também ajudaram a escrever o roteiro do filme. A história foi baseada no caso da paciente Chris Costner Sizemore, também conhecida como Eve White, uma mulher que eles supunham sofrer de transtorno dissociativo de identidade (então conhecido como distúrbio de personalidades múltiplas). Pela primeira vez, o tema da múltipla personalidade foi apresentada em um filme. Eva White (Woodward) é casada com Ralph e mãe da pequena Bonnie. Eva White é tímida, depressiva, uma dona de casa submissa. De repente, Eva se transforma em Eva Black: uma mulher de personalidade exuberante, sensual, libertina. O marido leva a esposa para os psiquiatras Curtis (Lee J. Cobb) e Francis Edwin Jerome), que passam a estudá-la. Para a surpresa dele,s uma terceira personalidade surge: Jane, uma mulher mais tranquila, mas com um trauma no passado. Coms sessões de hipnose, os médicos procuram descobrir a causa da disfunção em Eva/Jane. Um filme complexo, com um tema árido e que popde afugentar espectadores que apenas desejam assistir a um passatempo. Repleto de termos médicos e narrado como sendo um "caso" a ser investigado, o filme é frio e de certa forma, distanciado. Vale sim pelo trabalho de Woodward, que depois iria se casar com Paul Newman. VAle também como um filme de estudo para estudantes da área médica e psicologia.

Império da Luz

"Empire of light", de Sam Mendes (2022) Drama escrito e dirigido por Sam Mendes, que pela 1a vez dirige um filme com um roteiro 100% escrito por ele, e novamente fotografado pelo seu parceiro habitual Roger Deakins, que ganhou o Oscar de fotografia com o filme anterior de Mendes, "1917". "Império da Luz" é antes de mais nada, um filme que celebra o amor à sala de cinema e ao cinema em si. TAnto que no seu desfecho, tem uma cena que lembra bastante 'A rosa púrpura do Cairo", de Woody Allen, que também declarava o seu amor à sétima arte com o filme estrelado por Mia Farrow. No entanto, sam Mendes decide incluir tantos temas no filme, que a história se dilui bastante em inúmeros personagens, capitaneados por Hilary (Olivia Colman). Ela é gerente de um cinema antigo em uma cidade litorânea do Reino Unido nos anos 80 de Margareth Tatcher. Hilary é solitária e anti-social, portadora de esquizofrenia que ela trata com remédios. O gerente do cinema é Donald (Colin Firth), casado mas que obriga Hilary a fazer sexo com ele em seu escritório. Quando Stephan (Micheal Ward), um jovem negro que sonha em estudar arquitetura começa a trabalhar no cinema, Hilary é incumbida de orientá-lo nos serviços. A partir daí, Hilary acaba se envolvendo emocionalmente com Stephen, e passa a parar de tomar remédios. Ao seguir Stephan na rua, Hilary fica chocada com a violência que ele sofre de skinheads por ser negro. Como falei anteriormente, só o fato de um filme falar sobre cinema e paixão pela sétima arte já é um ótimo tema em si. Mas incluir aí doença mental, racismo, manifestações populares contra o governo Tatcher, assédio moral e sexual, se torna um excesso, e Mendes acaba perdendo o foco sobre a protagonista, que se dilui em muitos assuntos. Mas a performance de Olivia Colman é primorosa, assim como a do elenco que a acompanha, comd estaque para Toby Jones, no papel de um projecionista cinéfilo. A fotografia, a trilha sonora, a direção de arte, figurinos, tudo com alto nível técnico para representar o melhor dos anos 80 da classe média. Um filme melancólico por todos os motivos.

Sick of myself

"Syk pike", de Kristoffer Borgli (2022) Concorrendo em importantes Festivais, entre eles, o de CAnnes 2022, na mostra Un certain regard, o drama norueguês "Sick of myself" tem sido comparado à "A pior pessoa do mundo", também norueguês, pelos críticos. Isso por conta da protagonista: em ambos os filmes, a protagonista, uma jovem na faixa dos 30 anos, não se esforça nem um pouco em ser amável, e para tal, ela usa e abusa da boa vontade das pessoas. Signe (Kristine Kujath Thorp) namora o jovem Thomas (Eirik Sæther). Ela trabalha como atendente em uma cafeteria. Ele fica famoso por exôr móveis roubados em sua exposição e atrai atenção da mídia.Cada vez mais ofuscada pela recente ascensão de seu namorado à fama como artista, Signe traça um plano cruel para recuperar sua merecida atenção no meio da elite cultural de Oslo: ela paseme scrúpulos ssa a tomar drogas pesadas, seu corpo vai se dformando, e asism, chama atenção de algumas pessoas. Mas não da forma como imaginava. Uma parábola cruel sobre o poder da fama a qualquer preço para pessoas anônimas, "Sick of myself" mistura gêneros: vai um pouco de humor, drama, e começa a se transformar em um body modification através da decomposição do corpo, em ótimo trabalho de maquiagem. É um filme que não procura agradar ao público: a protagonista é repulsiva, não mede consequências e age por toral ciúme. Poderia ser uma versão arthouse de "Nasce uma estrela".

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

O tesouro do Pequeno Nicolau

"Le trésor du petit Nicolas", de Julien Rappeneau (2021) Terceira adaptação cinematográfica dos famosos personagens escritos por René Goscinny e ilustrados por Jean-Jacques Sempé entre os anos 1956 e 1964, "O tesouro do Pequeno Nicolau" é dirigido por Julien Rappeneau, que substitui o cineasta LAurent Tirard que dirigiu "O pequeno Nicolau" e "As férias do Pequeno Nicolau". Agora interpretado por Ilan Debrabant, Nicolau vive na maior felicidade na escola, com seus pais e principalmente com o seu grupo de amigos, intitulado "Os invencíveis", e também, como ele memso diz, inseperáveis. Mas o mundo de Nicolau está prestes a desabar: seu pai foi promovido e a família deverá s emudar em 3 meses para uma cidade distante, perto da Merselha. Nicolau junta seus amigos e vão em busca de um tesouro, cuja fortuna poderá ser usada para impedir que seu pai viaje. Confesso que chorei bastante no desfecho do filme. Me lembrou muito a mesma melancolia de "Toy story 3", filmes que falam sobre amizade e desapego. A trilha sonora de Martin Rappeneau é linda demais. Toda a parte técnica do filme é um primor: a fotografia de Vincent Mathias, a direção de arte, maquiagem, figurinos. O elenco todo é sensacional: não somente as crianças, todas incríveis em suas caricaturas, como também os adultos. O ótimo ator Jean-Pierre Darroussin vivendo o diretor que brinca com trocadilhos é um bonus maravilhoso. COmo nos outros filmes, o filme certamente fará mais efeito em adultos nos tálgicos do que com a garotada afeita à tecnologia e que dificilmente irá se comunicar com essa garotada que ama a vida social com os amigos.

My small land

"Mai sumoru rando", de Emma Kawawada (2021) Longa de estréia da roteirista e diretora japonesa Emma Kawwawada, que já foi assistente de direção do consagrado Koreeda. Isso explica a semelhança entre o tema dos filmes de Koreeda, principalmente "Ninguém pode saber": são filmes que falam sobre famílias desestruturadas. O filme recebeu prêmio especial no Festival de Berlim 2021, o de Anistia. A história do filme gira em torno de Sarya (Lina Arashi), de 16 anos, uma refugiada curda no Japão. No início, a vida de Sarya está ótima: ela tem notas boas na escola, tem muiutoas amigas e no trabalho da loja de conveniências o patrão a elogia, além de flertar levemente com o sobrinho dele. No entanto, quando o governo do Japão rejeita o pedido de refúgio de seu pai, Sarya passa sentir na pele a rejeição: todos a olham diferente, pois os vistos de todos foram cancelados. Elaa e seus dois irmãos menores não podeme studar, não podem trabalhar nem sair da cidade. Para piorar a situação, o pai de Sarya é preso por emprego ilegal. Isso força Sarya a cuidar de seus irmãos mais novos. Ela ainda sofre pressão da comunidade curda, que quer que ela se case com um dos rapazes do grupo. Fui pesquisar sobre a presença de curdos no Japão: Hoje, cerca de 2.000 curdos vivem na área da Grande Tóquio. A maioria é originária do sul da Turquia, onde a discriminação e os confrontos armados levaram os curdos étnicos a fugirem para outros lugares. Embora muitos curdos no Japão falem japonês fluentemente e não conheçam outro lar , eles geralmente têm problemas para obter status de residência legal e serem aceitos por outros japoneses. A atriz Lina Arashi, no papel de Sarya, está excelente. O filme todo vai em cima dela, que precisa se desdobrar em muitas emoções. Impressionante o quanto ela e todos os outros curdos do elenco falam bem japon6es e adquiriram corporalmente todos os hábitos culturais. Um bom filme, lento, triste, mas curioso.

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

As diabólicas

"Les diabolique", de Henri-Georges Clouzot (1955) Obra-prima do cinema de suspense psicológico, considerado por muitos crítios um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. Alfred Hitchcock quiz comprar os direitos do livro "Celle qui n'était plus", escrito por Pierre Boileau e Thomas Narcejac, mas o perdeu para Clouzot. "Psicose" , segundo Hitchcock, só seria possível por causa do filme "As diabólicas", que inspirou o mestre do suspense. Ambos os filmes possuem plot twists no desfecho e também, seus realizadores pediram ao público para que não revelassem o desfecho para não estragar a surpresa da platéia. De fato, "As diabólicas", é dos primeiros filmes que trazem Plot twists, aquelas viradas de última hora na narrativa que surpreende o espectador. Foi considerado pelos críticios Nova Yorquinos o melhor filme estrangeiro de 1855, e a fotografia em preto e branco de Armand Thirard é fundamental ara dar a atmosfera de tensão. Em um internato para meninos, o Diretor da escola, Michel Delassalle (Paul Meurisse) é casado com a professora Chrstina (Vera Clouzot, esposa do diretor e brasileira) e tem como amante a sóbria professora Nicole (Simone SIgnoret). Michel é ríspido e duro com os alunos e com Chrstina, a quem trata com mão de ferro. Nicole trama com Chrstina de matarem Michel, que também trata mal Nicole. Elas alugam uma casa em uma cidade vizinha, o dopam com calmante no whisky e o afogam na banheira. Depois, jogam o corpo na piscina da escola. Porém, os dias se pssam, e as crianças e a própria Chrsrina passam a ter visões com Michel. Com uma direção brilhante ( a exceção é a cena das duas mulheres em um carro na estrada, o efeito do back projection ficou bem ruim) e um excelente trabalho das duas atrizes principais, o filme é carregado em atmosfera de suspense contínuo. De fato, o roteiro engana bem o espectador, e a cena do banheiro é antológica, um primor de decupagem, que certamente Hitchcock se inspirou para fazer a cena do chuveiro.

A caixa

"La caja", de Lorenzo Vigas (2022) Premiado com o Leão de Ouro em Veneza 2015 pelo drama Lgbtqiap+ "De longe, te observo", o cineasta venezuelano Lorenzo Vigas retorna ao tema da relação pai e filho ausentes no cruel drama "A caixa", co-produção com México. Produzido pelo cineasta Michel Franco, que certamente deu o tom ao filme, com eus filme sbrutais e angustiantes. O ator Hernán Mendoza, protagonista do filme de Franco, 'Depois de Lucia", agora é quem interpreta o pai do jovem Hatzin. Ou pelo menos, o menino acredita que seja seu pai. Hatzin vem da Cidade do México, a pedido de sua avó, para vir buscar os restos mortais de seu pai, encontrado em um fosso clandestino com outras 50 ossadas. Ao entrar em um ônibus para retornar para casa, Hatzin vê um homem que ele acredita ser seu pai. mas o homem se diz chamar mario. Insistindo muiuto, Haztin não quer voltar para casa até que o homem diga que é seu pai. Fascinado com a inistência do menino, o homem o acolhe e o leva ao seu trabalho: ele contrata desempregados para trabalhar em uma fábrica de rouoas de forma desumana, sem respeito ao horário de trabalho. e pagando pouco. O menino vai testemunhando os atos cruéis do homem que ele acredita ser seu pai e vai igualmente se transformando. Os latinos são conhecidos por fazerem filmes brutais, onde a violência, a misoginia e a questão da luta de classes se mostra muito presente. Aqui não é diferente. Em um mundo governado por homens, cabe às mulheres papéis secundários, nem 8 nem oitenta: ou elas são mulheres bancadas por bandidos, ou elas são mulheres que lutam pelos seus direitos. O trabalho dos atores é muito bom, e o jovem Hatzin, que dá nome também ao personagem, encanta com o seu olhar melancólico.

Everything in the end

"Everything in the end", de Mylissa Fitzsimmons (2021) Premiado em diversos festivais internacionais, "Everything in the end" é o longa de estréia da cineasta e roteirista americana Mylissa Fitzsimmons. O filme é uma co-produção globalizada Estados Unidos/Islândia/Portugal e traz o tema do fim do mundo. O filme em princípio parece estar atrasado, pois o tema do fim do mundo foi bastante comum há pelo menos uns 10 anos para c;a, com diversos filmes e séries lidando com o tema, sendo o mais famoso, "Melancolia", de Lars Von Triers. Mas o espectador que se deixar levar pela história irá apreciar lindíssimas locações na islândia, lindamente fotografada por Todd Hickey. A históri aé simples"um jovem português, Paulo (Hugo de Souza), decide passar seus últimos dias de vida na Islândia, país que sua mãe, já falecida, queria muito ter conhecido. O pai de Paulo o abandonou quando nasceu e o paradeiro está na Islândia. Durante o seu percurso como peregrino, Paulo irá encontrar pessoas solitárias e melancólicas, cada um com uma idéia de como passar o fim do mundo. Dirigido com sensibilidade, cm um ritmo contemplativo, com locações acachapantes, o filme evoca serenidade, apesar do tema fatalista. Bons atores, belas imagens.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O buraco na cerca

"El hoyo en la cerca", de Joaquin del Paso (2021) Há tempos eu não ficava com tanta raiva de um filme. Não por ele ser ruim, pelo contrário, os jovens atores, sem nenhum trabalho de atuação prévio, são excelentes. A fotografia, a montagem que cria uma atmosfera insuportável de tensão. Mas o que me deixou irritado foi certamente o roteiro, que possui um dos desfechos mais repulsivos e odiosos que vi recentemente. Se você juntar Lars Von triers, Michael Haneke e Michel Franco no mesmo saco, talvez não tivessem coragem de usar crianças como obejtos de suas mensagens moraius e sociais perante uma sociedade doentia. O filme acontece em um acampamento de férias, lugar icônico em filmes de terror, onde costumam acontecer massacres: é uma instituição conhecida como Centro Escolar Los Pinos, uma escola religiosa frequentada por filhos das elites do país. Isolada, próxima a um vilarejo pobre habitado por indígenas. É o lugar que ajuda seus participantes a se aproximarem de Deus e ajuda a transformar meninos em homens. É cercado e isolado e os meninos são informados de que estão sempre sendo vigiados. Os guardiões do acampamento são formados por padres e professores rígidos na educação, ávidos em procurar entre os alunos, os mais fracos. Segundo eles, os fortes sobrevivem. Quando um buraco é encontrado na cerca do perímetro, a histeria se espalha por todo o acampamento. Os meninos entendem que algo os espreita, e precisam estar sempre atentos. Misgonia, homofobia, racismo, classismo, além de abuso sexual, estupro, abuso de auotirdade. O filme é um aglomerado de tudo isso, e muito mais. Não indicaria o filme a ninguém para assistir, pois certamente não é um filme fácil. É doentio, e por mais que o roteirista e diretor Joaquin del Paso quizesse com o roteiro fazer crítica à elite e a sociedade dominada por brancos e poderosos, as imagens são muito agressivas e repulsivas.

Abraça-me com força

"Serre moi fort", de Mathieu Amalric (2021) Exibido no Festival de Cannes 2021, "Segure-me forte" é dirigido pelo ator e direor francês Mathieu Amalric. Adaptado da peça teatral escrita por Claudine Galea(play, "Je reviens de loin", o filme é um labirinto de emoções, alternadas em tempos distintos, muitos deles, projetados pela mente enlutada de Clarisse (Vicky Krieps, de "Trama fantasma"e 'Corsage"). Mas do que ela quer fugir? Casada com Marc e mãe dos adoelscentes Paul e Lucie, Clarisse, em uma manhã, decide pegar o carro e abandonar a família, seguindo em direção ao litoral. A família, enquanto isso, precisa se adaptar à sua fuga e entender o que está acontecendo com Clarisse. Além do trabalho excepcional de Vicky Kreps, deve-se chamar a atenção para a bela fotografia de Christophe Beaucarne, captando as emoções da personagem em ambientes internos e externos de extrema beleza, e a complexa montagem de François Gédigier. Não é um filme fácil de ser visto, é bastante triste, mas para quem busca uma narrtiva diferente, esse filme é uma boa pedida.

Eami

"Eami", de paz Encina (2022) O Chaco Paraguaio é o território com a maior taxa de desmatamento do mundo. Com essa informação, a cineasta, roteirista e produtora paraguaia Paz Encina realiza um filme poesia, um misto de ficção, documentário e lindas imagens, vencedor do prêmio de melhor narrativa no prestigiado Rotterdan 2022. A sinopse do filme diz: "Situado no chaco paraguaio, EAMI é narrado da perspectiva da jovem Eami, de cinco anos, integrante da comunidade Ayoreo Totobiegosode, cuja terra natal é invadida por colonizadores com a intenção de brutalmente expulsar os Ayoreo de suas terras ancestrais." No entanto, reduzir o filme a essa sinopsee, é privar o espectdor de experiência sensorial, tanto na narração da pequena Eami, quanto nas imagens das paisagens e a relação dos indigenas com a sua terra, lindamente fotografado por Guillermo Saposnik . A montagem é da brasileira Jordana Berg, que montou os filmes de Eduardo COutinho. É um filme difícil, hermético, me lembrou os filmes do Gdofrey Redgio, como "Koyanisqatsi".

domingo, 25 de dezembro de 2022

La nuit du 12

"la nuit du 12", de Dominik Moll (2022) Exibido no Festival de Cannes 2022, "la nuit du 12" é co-escrito e dirigido pelo cineasta alemão mas radicado na França Dominik Moll. Seus filmes são representantes do gênero trhiller psiológico, e entre eles estão os premiados "Harry chegou para ajudar", "Lemming-Instinto animal", e "Only the animals". "La nuit du 12" é um suspense criminal baseado em fatos reais: Na cidade de Saint Jean de Maurienne, a jovem Clara foi barbaramente assassinada de madrugada, ao voltar da casa de sua amiga Nanie. Clara estava andando na rua e foi abordada por uma pessoa não identificada, que lhe jogou gasolina e tocou fogo. Clara morreu queimada. Policiais começam a investigar os possíveis suspeitos: ex-namorados de Clara. A amiha Nanie reclama que nas entrevistas, Clara é associada à uma mulher sexualmente ativa e que se envolvia com homens de todos os tipos. O tempo passa, e nada de concreto surge, deixando os policiais Yohan e Marceau angustiados. No início do filme, surge uma cartela informando que na França, acontecem 800 crimes em média, e que 20% deles são insulúveis. O caso de Clara é um deles. Ou seja, logo de cara, o espectador já sabe que não haverá um suspeito e que a história continua em aberto. Isso me fez lembrar do excelente filme de Bong Joon Hoo, "Memórias de um assassino": também baseado em fatos reaisi, e assim como no filme de Domink Moll, durante toda sua narrativa, entrevista possíveis suspeitos, mas sem nenhuma conclusão. Poderia até ser uma refilmagem francesa do filme, de tão similar. Para quem gosta de histórias de crimes reiais, vai curtir, apesar do ritmo lento e de não haver cenas de ação.

Klondike- A guerra da Ucrânia

"Klondike", de Maryna Er Gorbach (2022) Escrito e dirigido pela cineasta ucraniana Maryna Er Gorbach, dedicado por ela à todas as mulheres. O filme recebeu 38 prêmios internacionais, entre eles, o de melhor direção em Sundance 2022 e prêmio ecumênico no Fetsival de Berlim. Baseado em história real, o filme se passa em 2014, ano em que se iniciou a Guerra na fronteira entre Ucrânia e Russia pelo direito de posse das terras. Um grupo de u cranianos separatistas é a favor que a região seja anexada à Rússia. Entre eles, está o maridode Irka (Oxana Cherkashyna), uma dona de casa que mora com o marido Tolik (Sergey Shadrin) em uma fazenda. A casa deles é atingida por engano por um morteiro, e uma das paredes cai. Nesse mesmo dia de 17 de julho de 2014, um voo de passageiros da Malaysia Airlines foi abatido sobre Donbass, matando quase 300 pessoas. Irka está determinada a manter sua posição, mesmo quando seus companheiros fogem das forças armadas que se aproximam. Irka quer continuar morando no local, mesmo sabendo que tropas separatistas estão chegando. O filme tem uma linguagem muito bem realizada pela câmera do fotógrafo Svyatoslav Bulakovskiy: são planos longos, ora fixos, ora em travellings lentos, sendo vistos em sua grande parte através da parede derrubada da casa, como se fosse uma tela de cinema mostrando ao espectador os horrores da guerra. são cenas grandiosas, como a do avião abatido. Outra cena angustiante é a de um casal hilandês em busca de sua filha, vítima do acidente. O desfecho é angustiante, mas ainda assim, um recado simbólico da diretora apresentando um mundo brutal governado por homens imbecis, ao passso que às mulheres resta a sensibilidade.

sábado, 24 de dezembro de 2022

Frimas

"Frimas", de Marianne Farley (2021) Concorrendo em vários Festivais independentes, "Frimas" é um drama canadense que se ambienta em um futuro onde o aborto é considerado ilegal e deve ser feito na clandestinidade sob risco de infração criminal e até 10 anos de prisão, ou até mesmo, morte. Kara (Karine Gonthier-Hyndman) é uma mulher desesperada que deseja fazer o aborto, pois ela está com uma gestação derisco, mas seu marido é a favor da lei anti-aborto. Kara negocia um aborto clandetsino que acontece dentro de um caminhão frigorífico e é atenida pela asutera Dra Hubert (Chantal Baril). Até que a polícia decide parar o caminhão para avaliação de rotina. O filme foi escrito e dirigido pela cineasta Marianne Farley e é bem dirigido, com um crescendo d etensão durante a cena, pois existe um tempo para que o aborto seja realizado, 10 minutos, Aa duas atrizes são ótimas. A ambientação de quase todo o filme dentro do caminhão provoca uma sensação ainda maior de mau estar e decsonforto.

Spoiler alert

"Spolier alert", de Michael Showalter (2022) Adaptação do livro de memórias do jornalista de tv Michael Ausiello (Jim Parons) escrito em 2017, "Spoiler Alert: The Hero Dies", o filme "Spoiler alert" é um romance que s etransforma em um drama na 2a sua segunda metade, ao falar sobre doença terminal do companheiro de Ausiello, o fotógrafo Kit Cowan (Ben Aldridge). Curiosamente, a história lembra muiuto o reente filme "Mais que amigos/Bros": um homem na faixa dos 30 anos, nerd, gay e anti-social, conhece em uma balada um homem que é seu aposto: bonito, musculoso e padrão. Por alguma razão, o rapaz acaba se apaixonando pela personalidade do nerd, que aqui, é apaixonado por Smurffs. Em ambos os filmes, o outro não se assume, nem pros amigos, nem família, e acaba sendo pressionado pelo companheiro. A diferença é que aqui, o namorado bonitão descobre estar com câncer terminal e tem poucos meses de vida. Sally Fields é um trunfo no filme, e interpreta a mãe de Kit. A cena que ela decsobre que o filme é gay é ótima, graças à excelente qu;imica entre Fields e Parsons, dois grandes atores. A ytrilha sonora cobre músicas que vão dos anos 2000 a 2010, como Kylie Minogue. O filme é longo e arrastado, e tem uma linguagem que não curti muuto: por ser apaixonado por tv, o filme traz lembranças de Ausiello como cenas de uma sitcom, com ele criança e sua relação complexa com seus pais e irmão mais velho.Vale pelo elenco e pela forma digna e sem caricatura de retratar o mundo gay, nas mãos do diretor Michael Showalter, também realizador de "The big sick", que também falava de personagens com doenças terminais.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O amor dá voltas

"O amor dá voltas", de Marcos Bernstein (2022) Romance protagonizado por Cleo, Angel ANgelkort e Juliana Didone, e trazendo participações de Klebber Toledo e Pablo Sanábio, o filme é co-escrito e dirigido por Marcos Bernstein, também realizador de "Meu pé de laranja lima" e "O outro lado da rua". André (Igor Angelkorte) ficou por um ano em um país no continente africano servindo ao Médicos Sem Fronteira. Durante esse período se correspondia com sua amada Beta (Juliana Didone) por meio de cartas apaixonadas de ambos os lados. Mas ao retornar André descobre que Beta já está casada com Sergio (Klebber Toledo) e tem uma filha pequena. Sem entenderem nada, André mais tarde saberá que quem respondia as cartas era Dani (Cleo), irmã de Beta e apaixonada por ele desde que ela era adolescente. Um triângulo amoroso bem defendido pelo trio de atores, e trazendo uma fotografia requintada de Gustavo Hadba e Lula Cerri. A direção de arte é do falecido Thiago Marques, minimnalista mas funcional. O coração do filme, no entanto, pertence à Cleo, radiante em frente às câmeras e exercendo a versatilidade de emoções da personagem Dani.

Glass onion- Um mistério Knives out

"Glass onion", de Rian Johnson (2022) Três anos do seu grande sucesso "Knives out- Entre facas e segredos", o roteirista e cineasta Rian Johnson traz a segunda parte da franquia, "Glass onion". COmo sempre, o elenco é o seu grande chamariz, e toda a parte técnica de fotografia, figurino, direção de arte, montagem , efeitos e trilha sonora. Mas aonde o primeiro foi muito bem, no roteiro, que surpreendeu, aqui fiquei chocado com a obviedade do desfecho do whodonit. E mais: o roteiro traz muitaos Deus ex-machina e eventos que facilitam que os protagonistas testemunhem todas as ações: ou seja, estão sempre presentes. O desfecho me chocou mais ainda pela falta de cuidados, fosse no Brasil os críticos iriam apedrejar: em um momento onde milhares de estilhaços de vidro são jogados ao chão, as mulheres estão todas de sandálias abertas e nem sequer se machucam ou os etsilhaços entram entre os dedos. A niopse: um excêntrico bilionário, Miles (Edward Norton) convida um grupo de notáveis amigos (e também o detetive Blanc, Daniel Craig) para um fim de semana em sua ilha particular na Grécia para participar de um pequeno jogo — uma investigação sobre o seu próprio assassinato. Só que outros convoidados são assassinados antes. Janelle Moneé está muito bem como Helen/Andi, Kate Hudson é um ótimo retorno, estava sumida; Dave BAutista naquela sua persona brucutu; a excelente Kathryn Hahn, entre outros. VAle e muito pelo elenco e pela técnica. O roteiro vai divertir, mas faltou o espectador participar mais do jogo de gato e rato.

Desaprendendo a dormir

"Desaprendendo a dormir", de Gustavo Vinagre (2021) Cineasta carioca radicado em São Pauylo, Gustavo Vinagre é dono de uma filmografia experimental, queer, fetichista e totalmente radical. O próprio se escala em boa parte de seus filmes, em cenas de sexo explícito repleto de hardcore lgbt, como foram "Nova Dubai", "A rosa azul de Novalis". Também dirigiu os docs "Vil.má" e "Lembro bem dos corvos". Em "Desaprendendo a dormir", realizado durante a pandemia, Gustavo provavelmente trazendo a experiência tr;agica que foi viver em lockdown, e tendo todo seu metabolismo alterado, fala no filme sobre sono e seus problemas, normalmente associado à insônia. Em uma linguagem experimental, o filme começa com Hypnos(Carlos Escher), Deus do sono e Youtuber, alertando para os distúrbios do sono: ao longo do filme, vários amigos de Vinagre, como Fábio Leal e Julia Katharine dão depoimentos sobre seus problemas de sono e os sonhos descritos. Paralelo, temos a história de um casal, formado por Flávio, interpretado pelo próprio diretor e José(Caetano Gotardo). Enquanto um, perde o apetite sexual por editar filmes pornôs gays o outro investiga possibilidades de vida em Marte. Tentando fazer voltar a libido do companheiro, Flavio tenta seduzi-lo, sem sucesso, até que decide fazer pegação em apss e traezr para casa um homem jovem e musculoso, (Rafael Rudolf, também fotógrafo do filme), fazendo sexo com ele e tentando trazer José para um menage, sem sucesso. O filme é repleto de cenas de sexo explícito, e em muitas dela, o casal faz uso de dildo. Mas a cena mais chocante certamente é a final, o que faz com que o filme seja reduzido a um público muuito restrito: uma cena explícita de fist fucking de F;avio em José. Gustavo é ousado o sufuciente para não se censurar em seus filmes.

Rocky, um lutador

"Rocky', de John G. Avildsen (1976) "Rocky, um lutador", conseguiu um grande feito em 1977, durante a cerimônica do Oscar: abocanhar 3 prêmios, entre eles, o de melhor filme, derrubando pessoas pesados como "Taxi driver", "Todos os homens do presidente", 'Rede de intrigas" e "Essa terra é minha", e de melhor diretor, para John G. AViuldsen, além de melhor montagem. O filme também estava nominado para melhor atriz, Thalia Shire (irmã de Coppola), ator coadjuvante, para Burguess Meredith e Burt Young, música, com a antológica "Gonna fly now", de Bill Conti, além de roteiro, escrito pelo próprio Stallone em menos de 4 dias e que por si só, já é um filme à parte. Stallone só venderia seu roteiro se ele protagonizasse o filme, e mediante a recusa dos produtores, Stallone passsou fome, chegando a vender seu cachorro, Buktus, por 30 dólares, e o recuperando 1 semana depois, quando vendeu o roteiro. Não à tôa, Buktus aparece no filme. O diretor John G. Avildsen ganhou fama por ter dado início à duas franquias milionárias: além, de "Rocky", em 1984 lançou 'karate kid". Muitos críticos na época desdenharam do filme, chamando-o de 'Cinderela" e que trazia valores antiquados à nova Hollywood. Mas nada disso impediu que o filme fosse a maior bilheteria de 1976, e que sua franquia permaneça viva até hoje, com "Creed". Stallone é Rocky Balboa, morador do subúrbio pobre de Filadélfia. Para sobreviver, ele vive de ganhar mixarias em lutas de boxe de 5a categoria, e trabalha para um agiota italiano para cobrar dívidas. Rocky é apaixonado pela tímida atendente de uma pet shop, Adrian (Shiire), irmã do amigo de Stallone, Paulie (Burt Young). Quando por um golpe do destino, Stalone é convocado para lutar contra o campeão mundial APollo Creed (Carl Weathers), a baixa auto-estima de Rocky o derruba, mas ele é incentivado por Paulie, Adrian e o técnico veteranio Mickey (Burguess Meredith). Além da excelente direção, fotografia, montagem e trilha sonora, a grande força do filme é a escalação do elenco, com atores formidáveis em cenas antológicas, como a da discussão entre Paulie, Adrian e Paulie, ou a sedução de Rocky com Adrian. São momento ssublimes de atuação.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Nas ondas da fé

"Nas ondas da fé", de Felipe Joffily (2022) O que mais impressiona no filme é a quantidade de participações especiais de um filme que tem como protagonistas, Marcelo Adnet e Letícia Lima, nos papéis do casal Hickson e Jessica. Gregorio Duvivier, Tonico Pereira, Thelmo Fernandes, Debora Lamm, Fernando Caruso,Ernani Moraes, Roberta Rodrigues, Marcus Veras, Elisa Lucinda, Stepan Nercessian, Michel Melamed, Otavio Muller, Xando Graça, Paulinho Serra. Hickson e Jessica moram no subúrbio carioca. Ele faz todo tipo de bicos para manter a casa: conserta computadores, faz telemensagens. Jessica trabalha em um salão. Um dia, Jessica, que é evangélica, consegue pedir ao Apóstolo Adriano (Fernandes) para tentar conseguir um emprego pra Hickson na Rádio "Nas ondas da fé". O que ele consegue no entanto é trabalho de auxiliar de serviços gerais. Ao querer ajudar dois funcionários a consertar o computador, Hickson testa o aparelho fazendo um personagem, Pastor Hickson. A gravação acabou indo sem querer ao ar, e fa zum enorme sucesso. Logo, Hickson se torna PAstor Hickson para poder angariar dízimos dos fiéis. Um filme que discute de forma divertida e muitas vezes dramática a questão da grande entrada da Igreja evangélica no país, onde fiéis entregam dízimos para manter as igrejas e aumenytar os padrões de vida dos pastores. O roteiro toca em diversos assuntos, mas o limte da corrupção e o quanto o ser humano se vende para almejar o sucesso, é algo que o personagem de Hickson expõe bem.

O Tablado e Maria Clara Machado

"O Tablado e Maria Clara Machado", de Creuza Gravina (2022) Documentário que explora a origem e a grande herança cultural que é o Teatro Tablado, inaugurado no Rio de Janeiro, no Jardim Botânico, em 1951. maria Clara MAchado, escritora e dramaturga, foi quem inaugurou. Escreveu e adaptou suas obras de grande sucesso, como "Pluft, o fantasminha", "MAroquinhas Fru Fru", A bruxinha que era boa", "Teibobó city', entre outras. Até hoje, a escola formou mais de 5000 alunos, muitos famosos como MArieta Severo, Cininha de PAula, Miguel Falabella, Leandro Hassun, Marcelo Adnet, Marcelo Serrado, André Mattos, etc. OS professores também são muito reverenciados: Sura Berditchevsky, Ricardo Kosovsky, Bernardo Jablonsky, Luiz Carlos Tourinho, Debora Lahm, entre outros. O filme é composto por depoimentos de Andrea Beltrão, Claudia Abreu, Marieta Severo, Marcos Palmeira, entre muiutos outros famosos, imagens de arquivo de encenações e depoimentos de MAria Clara Machado. O fiulme é uma boa oportunidade de escutar muitas histórias de bastidores e a paixão que Maria Clara trouxe a todos que lá estudaram.

Johnny Depp - O rei do cult

"Johnny Depp- The King of cult", de Danielle Winter (2019) Para quem é fã dop trabalho do ator Johnny Depp, esse documentário é imperdível: cobre toda a sua infÂncia, seu início como músico, depois o início na carreira como ator, após um conselho de Nicholas Cage. Seu primeiro filme foi o terror 'A hora do pesadelo", e daí em diante, fez filmes e séries que o próprio Johnny resolveu dar um basta. Eram projetos que não o faziam crescer como ator. Decidiu então escolher projetos independentes, como "CRy baby", "Gilbert Grape". A sua virada na carreira foi quando conheceu Tim Burton, com quem trabalhou em filmes e personagens que o marcaram como ator de caracterização e tipos totalmente bizarros, como "Edward mãos de tesoura", "Ed Wood", entre outros. Para quem qiuer entender o método de trabalho de Depp, esse filme tem ótimas entrevistas e depoimentos. O filme, no enatnto, não menciona em momento algum o exaustivo processo judicial com sua ex-, Amber Heard. O filme foca apenas em seus trabalhos e personagens.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Bia mais um

"Bia mais um", de Wellington Sari (2021) Longa de estréia do roteirista e cineasta paranaense Wellington Sari, "Bia mais um" é uma produção independente que traz os dilmes dos pós adolescentes, uma idade onde o jovem não é mais um adolescente mas também não são adultos. É a fase onde decisões precisam ser tomadas, mas as pessoas ainda não estão amadurecidas o suficiente oara assumir compromissos profissionais ou um relacionamento mais firme. Bia (Gabrielle Pizzato) e Jean (Gustavo Piaskoski) moram em Curitiba. Bia acaba de vir de um período ond emorou fora , e volta a morar com seus pais. Mas ela já não se sente mais inserida naquele contexto familiar. Suas amigas agem como se ainda fossem adolecentes, e uma delas zôa Bia por ela gostar de arte. Uma noite em uma lanchonete com suas amigas, Bia conhece Jean por acaso. Eles se esbarram novamente e acabam criando uma amizade, unidos pelos mesmos dilemas, falta de comunicação com seus pais e receosos do que o futuro os aguarda. Um filme bastante melancólico, sobre uma geração que não consegue se encaixar em nenhum perfil, e mesmo que custam rede social e games, são pouco sociáveis e acabam se isolando do mundo. Certamente muita gente irá se identificar com as angústias e anseios dos dois personagens, defendidos com garra pelos atores. Uma narrativa simples, de baixo orçamento, mas que prende a atenção pelo carisma dos personagens.

Selvagem

"Selvagem", de Diego da Costa (2019) Belo drama brasileiro premiado em diversos festivais, "Selvagem" reconstitui fiscionalmente os eventosque antecederam a ocupação de escolas públicas de São Paulo em 2015. O Governador Geraldo Alckmin , junto de seu secretário de educação, fizeram uma reforma educacional para economizar gastos, que consistia em fechar escolas, demitir professores e fazer com que vários alunos tivessem que estudar em escolas muito distantes de suas casas. Merendas ecsolares foram cortadas, os banheiros e dependências das escolas não tinham manutenção. PElo ponto de vista dos estudantes, vemos as conversas com seus pais que não concordam com a invasão dos akunos, pois a mídia os considerava como vândalos. Dois dos alunos fazem com que o espectador entenda o envolvimento dee alunos até então alienados ao tema: Ciro (Kelson Succi), aspirante a poeta, e Sofia (Fran Santos), a nerd da sala, porém muito mais preocupada com o ENEM do que com as denúncias de outros alunos. O filme tem um elenco de bons jovens atores, além de veteranos como Vilma Melo e Lucélia Santos. Os diálogos são bem didáticos, certamente para fazer qualquer espectador entender a proposta do filme. A cena do batalhão de polícia expulsando os alunos é bem feita, ainda mais para um padrão de filme baixo orçamento.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Cassiopéia

"Cassiopéia", de Clóvis Vieira (1996) Os bastidores da produção da primeira animação brasileira toda realizada em CGI ficaram muito mais famosas do que o filme em si. A produção começou em 1992, mas somente foi finalizada em 1996. Durante esse período, o animador Clovis Vieira conseguiu apoio financeiro do dono de um restaurante e de uma produtora, Nello de Rossi. Depois o Governo de São Paulo ajudou no investimento, ao custo total de orçamento de 1,5 milhão de reais. Faltando apenas 6 meses para a conclusão do filme os estúdios da NDR foram invadidos e alguns CDs que arquivavam alguns processos já feitos de Cassiopeia foram roubados, obrigando a produtora a refazer diversas cenas, acarretando posteriormente o atraso de seu lançamento. A distribuidora Playarte lançou o filme no dia da estréia das Olimpíadas de 1996. e a mídia toda estava voltada pro evento esportivo. O filme acabou sendo um enorme fracasso de bilheteria. A história é bem simples, e é uma colcha de retalhos de clássicos da ficção científica, como "Star wars"e 'Star Trek". Na constelação de Cassiopéia, no Planeta Atenéia, todos vivem em paz. Mas invasores atacam o planeta, na intenção de drenar toda sua energia vital. Desesperada, a princesa Lisa envia sinais de socorro pelo espaço. Chip e Chop recebem o pedido e, com a ajuda de Galileu e Leonardo, partem para salvar Atenéia. O filme na época do lançamento competiu com "Toy story", também lançado em 1996, ao título de primeira animação 100% realizada em CGI. O filme da Pixar levou o título, o que é contestado pelo fato de terem feito bonecos filmados e depois trabalhado em rotoscopia para converter para animação. De qualquer forma, o filme, visto hoje em dia, ficou muito datado: sem ritmo, personagens sem carisma e sem personalidade visual ( são todos robôs, cada um com uma cor, tipo "Telletubies') e nem saem da nave espacial. Os diálogos são confusos e complexos pra garotada e a trilha sonora onipresente cansa.

Tubarão- mar de sangue

"Shark bait", de James Nunn (2022) É impressionante como o grande público consome filmes de tubarão assassino. Todo anos, pelo menos uns 5 filmes são lançados, e claro, sempre com a mesma história. Alguns mais trash, como as versões de 'Sharknado", Zombie shark", e outros que procuram ser mais realistas, como é o caso desse "Tubarão-mar de sangue". O filme começa no litoral do México. Ali, um grupo de cinco amigos aproveitam as suas férias: Nat (Holly Earl), Tom (Jack Trueman), Milly (Catherine Hannay), Tyler (Malachi Pullar-Latchman) e Greg (Thomas Flynn). Eles decidem passear de jet ski, mas o local que aluga está fechdo. Eles então decidem roubar duas jet skies e seguirem mar adentro. Numa manobra imprudente, os dois jet skies trombam e um afunda. Um dos amigos fica com uma enorme ferida na perna, mas os cinco não conseguem ir todos juntos no jet sky que ficou. Pior: ele não está funcionando. E claro, um enorme tubarão branco irá atacar um por um. Impressionente como a fórmula das vítimas é a mesma, independente de ser filme de tubarão ou filme de serial killer tipo Jason: sempre morrem os negros, os fortõpes bobões, as meninas bitchies, o namoradinho....a final girl ainda é, pelo visto, uma premissa que ainda funciona. O filme é melhor que muitos outros filmes genéricos de tubarão, mas isso nem chega a ser uma qualidade, pois a maioria é muito ruim. Diferenciada por ser uma produção inglesa com atores ingleses, e rodado em Malta. Tem uma ou outra cena boa, como o primeiro ataque, com uma das jovens com o cabelo preso no relógio da primeira vítima sendo arrastada pelo tubarão. O CGI às vezes grita, mas é isso aí.

domingo, 18 de dezembro de 2022

Like me

"Like me", de Eyal Kantor (2022) Drama LGBTQIAP+ israelense, "Like me' é um coming of age de um estudante que acaba de completar 18 anos de idade, Tom (Yoav Keren). Já com bastante experiência sexual, Tom costuma marcar encontros via app. Ele trabalha como entregador de Pizza hut e vive chegqando atrasado e levando bronca do patrão. Seu pai já não o aguenta mais e pede para que ele saia de casa. Tom estuda arte dramática junto do seu melhor amigo, Gilad. Um dia, Tom conhece um fotógrafo de moda mais velho, Rami (Gal Amitai). Rami, interessado em Tom, mantém um relacionamento tóxico com ele: faz fotos nuas dele, uma forma de poder prendê-lo. Mas Tom decide investir na paixão platônica que sente por Gilad, e aproveita as aulas e exercícios de teatro para investir. Um filme curioso apenas por ter sido rodado em israel e com atores israelenses. As cenas de sexo são bem intensas, e o jovem ator protagonista Yoav Keren é totalmente desinibido nas cenas de sexo e de nudez frontal. O roteiro é repleto de cliches, principalmente a de Gilad, que ap;os ter passado uma noite de paixão com Tom, decide dizer no dia seguinte que não é a dele e que só fez sexo porque estava bêbado.

Fritz Lang- O círculo do destino- Os filmes alemães

"Fritz Lang, le cercle du destin - Les films allemands", de Jorge Dana (2004) Documentário produzido na França que apresenta a figura mítica do cineasta alemão Fritz Lang, contando o seu início antes de sua entrada no cinema, seus filmes pela UFA (produtora estatal alemã), a sua ida para Hollywood em 1933 e o seu retorno à Berlin já nos anos 50, doente e cansado. Em 1963, ele participa como ator no filme "O desprezo", de Godard, como uma grande homenagem à sua carreira. LAng estudou pintura em Paris no início do sçeulo XX, e lá assistou seu primeiro filme, em 1913, ficando fascinado. COm a explosão da 1a guerra, ele se alistou e foi até Viena. Durante a guerra se feriu, e durante a sua rceuperação no hospital, escreveu vários roteiros que queria transformar em filmes. Seus orimeiros filmes foram sucesso: "A morte cansada", "O anel dos Nibelungos", "As aranhas", "Dr MAbuse, o jogador", até chegar o seu filme mais famoso, 'Metrópolis", em 1927, filme que quase levou a UFA à falência. Depois veio "Os espiões", que segundo um dos críticios que dão depoimento no filme, é a base dos filmes de Hitchcock. Lang era famoso pela sua tirania, tanto com equipe, quanto com o elenco. Ele maltratava a todos. TAmbém, era mulherengo, e adorava descobrir atrizes jovens e desconhecidas, pois com seu poder, as colocava no filme. Muitas se tornaram suas amantes. A sua primeira esposa, descobrindo um caso, acabou se suicidando, mas segundo o filme, houve a possibilidade dela discutir com Lang e a arma ter disparado. A atriz Brigitte Helm, protagonista de "Metropolis", quase morreu duas vezes no set: na cena da fogueira, com Lang pedindo mais fogo, e na cena que fica pendurada em uma corda presa a um sino, quando quase caiu de uma altura considerável. O filme traz depoimentos de cineastas como Claude Chabrol e Volker Sclhoendorff, que diz que se baseou em "M, o vampiro de Dusseldorf", para realizar seu primeiro filme, "O jovem Torless". Críticios e pesquisadores também dao depoimentos, com informações curiosas sobre o temperamento terrível de Lang. O que eu não sabia era que no final da vida, Lang criou um pequeno chimpanzé, chamado Peter, que ele criava como se fosse seu filho, e que tinha que estar em todas as reuniões e fotos de imprensa.

As bestas

"Las bestas", de Rodrigo Sorogoyen (2022) Vencedor de mais de 10 prêmios internacionais, incluso o prestigiado San Sebastian, e exibido no Festival de Cannes 2022, "As bestas" é um excelente thriller psicológico baseado em trágica história real. O filme remete tematicamente ao clássico de Sam Pechimpah, "Sob o domínio do medo", onde moradores locais agem de forma estranha e violenta contra novos moradores. Ambientado na área rural da Galícia, o filme adapta a história ocorrida com o holandês Martin Verfondern, em janeiro de 2010, sem deixar vestígios. Ele era casado com Margo, e desde que se recusou a vender suas terras para uma empresa que queria instalar moinhos, foi constantemente ameaçado pelos vizinhos, dois irmãos que não conseguiram vender suas terras por causa de Martin. O filme adapta a nacionalidade do casal para franceses. Antoine (Denis Ménochet) e Olga (Marina Fois) decidiram se mudar para a área rural e dedicar a vida à eco-agricultura. Por não concordarem em vender as suas terras para a construção de moinhos, o casal é ameaçado pelos irmãos Xan (Luis Zahera) e Lorenzo (Diego Anido). O cineasta e co-roteirista espanhol Rodrigo Sorogoyen foi aclamado pela crítica por esse excelente exercício de suspense e construção d epersonagens, defendido por atores em alto nível de performance. O que prejudica a narrativa é a longa duração do filme, de quase 140 minutos de duração, mas é compreensível por conta da passagem de bastão entre personagens, como se o filme fosse dividido em dois atos bem claros. A fotografia acentuando o tom dramático, a trilha sonora que assusta com seus tons que vao anunciando alguma tragédia por vir.

Macho caponata

"Tsuyogari caponata", de Shoichi Yokoyama (2019) Drama erótico LGBT japonês, "Macho caponata" tem uma história simples, mas filmada de forma totalmente crua em termos de sexo e bizarra na trama. Takeshi é dono de uma cantina italiana em uma ilha do Japão. Sua irmã grávida o ajuda na cantina. Um dia, surge um rapaz, Kazuyoshi, por quem Takashi se apaixona. Os dois constantemente fazem sexo na praia. Quando a irmã de Takeshi decide ir morar na cidade grande, Takeshi tem a ajuda de Kazuyoshi. Mas um dia, um estranho surge na vida dos dois. Esfomeado, o jovem é servido de caponata, especialidade de de Takeshi, que o convida para trabalhar com ele. Takeshi e o rapaz acabam fazendo sexo na praia, e Kazuyoshi vê, decidindo ir embora. A bizarrice da história é inserir o antepasto da caponata como elemento erótico na trama. As cenas do rapaz só de sunga preparando o molho na cozinha é tosca, e ao memso tempo, hilária. As cenas de sexo são reais e explícitas, e a entrega dos 3 atores é por inteiro. Não é um bom filme, no entanto, falta-lhe carisma nos personagens e uma história mais interessante.

sábado, 17 de dezembro de 2022

Dakaichi - The movie

"Dakaretai Otoko 1-i ni Odosarete Imasu", de Naoyuki Tatsuwa (2021) A série de mangá Yayoi ( com protagonismo gay) "Dakaichi- I've been harassed by the sexiest man in the world" foi lançada em 2013 no Japão, criado por Hashigo Sakurabi. Adaptada para uma série de anime, foi um grande sucesso. A história gira em torno de Takato Saijō, ator desde a infância, reconhecido como o "homem mais sexy do ano" na indústria do entretenimento por cinco anos consecutivos. Quando surge o jovem ator Junta Azumaya, Takato perde seu posto. Enquanto Takato a princípio vê Junta como um rival, por outro lado, Junta admira muito Takato e está apaixonada por ele. Em 'Dakaichi- the movie", Takato e Junta fazem grande sucesso e já superaram sua rivalidade. Os dois são amantes, sendo Junta o ativo na relação. Para o próximo, o agente de ambos decide escalar os dois para uma mesma peça, a adaptaçao de "Bodas de sangue", de Garca Lorca. Para Junta é fácil, pois ele tem um avô espanhol e já teve aulas de flamenco. Takato não quer ficar atrás, e decide viajar até o Sul da Espanha para aprender espanhol e dançar flamenco. Lá, ele acaba conhecendo o avô de Junta e Antonio, um garoto que cresceu com Junta e que é apaixonado ainda por ele, criando um triângulo amoroso. Como um anime BL, 'Dakaichi" é bem mediano: história fraca e confusa, as cenas de romance também são bem light. O filme é longo, arrastado e tecnicamente simples.

Meu tio José

"Meu tio José", de Ducca Rios (2021) Premiada animação brasileira, concorreu em Annecy e na Mostra de São Paulo. O filme traz um olhar infantil sobre. ditadura militar no Brasil, a anistia e a evolução da extrema direita no país e no mundo já nos anos 2000. Em 1983, José Sebastião Rios de Moura, membro do grupo de esquerda Dissidência da Guanabara, é baleado dentro de uma farmácia em Salvador, em atentado político. O país já estava na Anistia, mas pessoas como José ainda incomodavam setores militares. Entre a vida e a morte no hospital, seu sobrinho, Adonias, instigado pela redação livre que a professora pede aos lunos, decide escrever sobre o Tio José, através de relatos que sua família faz dele. Adonias desconhecia totalmente a situação política no país, e mais, não fazia idéia de que seu tio entrou na luta armada e se exilou na França. José Sebastião é de verdade, tio do cineasta Ducca Rios, que conta essa história de forma didática, para que qualquer criança consiga entender o que se passou na história do Brasil. Com um olhar carinhoso sobre sua família, Ducca traz como pano de fundo a paixão que seu avô e seu tio tinham pela arte, paixão que o próprio herdou de José. Wagner Moura faz a voz de José, Lorena Comparato, Tonio Pereira, Jackson Costa e outros atores dão vozes regionais aos outros personagens. Um mergulho histórico sobre a ditadura no país, um filme que deve ser visto pelas crianças e que elas tenham argumentos para discutir com seus pais e defender pontos de vista.

Elefante

"Slon", de Kamil Krawczycki (2022) Drama LGBTQIAP+ polonês, "Elefante" é um coming of age e também um filme sobre se descobrir e se aceitar perante a família e a sociedade. Bartek (Jan Hrynkiewicz) é um jovem que mora no interior da Polônia, junto de sua mãe bipolar. Seu pai faleceu, e Bartek precisa cuidar de sua fazenda e do cavalo que ele tanto ama. Seu sonho é montar um estábulo. Sua irmã mais velha foi embora para a cidade grande e os deixou. De noite, Bartek trabalha em um bar, e se despede de Dawid (Pawel Tomaszewski), um filho de um fazendeiro vizinho que deseja estudar fora. Passa um tempo, Dawid retorna, e entre ele e Bartek surge paixão. OS jovcens homofóbicos da cidade passam a decsonfiar da relação dois dois e os ameaçam. Em termos de roteiro, "Elefante" não traz muita coisa nova. As histórias sobre descoberta da sexualidade, a primeira paixão, a rejeição familiar, homofobia dos moradores da cidade pequena. Aonde o filme ganha o espectador, é na belíssima fotografia de Jakub Sztuk, trazendo tons outonais para o filme, em belas locações. O trabalho dos dois atores também é digno de nota. A direção de KamilKrawczycki é delicada e respeitosa, e para um longa de estréia, é um filme bem superior a muitos filmes de tema semelhante.

O território

"The territory", de Alex Pritz (2022) Vencedor dos prêmios do público e do juri de melhor documentário em Sundance 2022, "O território" é dirigido pelo documentarista americano Alex Pritz, tendo em sua equipe técnica integrantes da aldeia indígena Uru-eu-wau-wau, no norte de Rondônia. O povo Uru-eu-wau-wau, situado no norte de Rondônia, resiste aos avanços do agronegócio, das madeireiras e dos grileiros que ameaçam invadir suas terras. Diante da incompetência da FUNAI em proteger seu território, coube aos próprios indígenas patrulharem seus domínios. O filme começou a ser rodado em 2018, ainda antes da vitória de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil. Acompanhando basicamente 3 focos distintos: a ambientalista Neidinha Bandeira, o jovem indígena Bitaté, munido de uma filmadora e um drone, e o ponto de vista dos grileiros, que desmatam a região para ali, construírem uma cidade. O filme deixa claro que durante o Governo de Bolsonaroi, duplicaram as invasões em terras indígenas e também, a área de desmatamento da floresta Amazônica. Fora o ataque dos grileiros e o descaso da Funai, os indígenas ainda tiveram que conviver com a covid, responsável pela morte de vários integrantes de tribos vizinhas. "O território" é um filme denúncia, trágico e que precisa ser visto pela maior quantidade de pessoas possíveis, muitas delas indiferentes ao que acontece com a Floresta amazônica, fauna, flora e os povos indígenas.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Noite infeliz

"Violent night", de Tommy Wirkola (2022) Diretor norueguês que fez sucesso em seu país natal com a franquia de terror "Dead snow", Wirkola foi abraçado por Hollywood, onde realizou o interessante "Onde está segubda?" e o fraco "João e Maria- caçadores de bruxas". A sua chance de acontecer de vez em Hollywood vem com 'Noite infeliz", protagonizado por David HArbour no papel dele mesmo, o papai Noel. Notel está em crise: bêbado, irritado, sem acreditar mais nas crianças, que hoje em dia, segundo ele, ganham um presente mas já o descartam querendo outro. Noel está desacreditado da humanidade. Ao entregar os presentes da pequena Trudy, ele descobre que a mansão d afamília está sendo assaltada por mercenários, que querem o dinheiro da matriarca (Beverly D'angelo). O chefo todo poderoso é interpretado por John Leguizamo. Quando Trudy, acreditando em Papel Noel, lhe pede ajuda, Noel decide encarar os brutamontes. O maior problema de "Noite violenta" é não encontrar o seu público alvo. O roteiro e a trilha sonora parecem querer que o filme seja mais um filme da franquia "Esqueceram de mim", com aqueles vilões caricatos, que são derrotados por uma menininha e suas armadilhas. No entanto, a viol6encia extrema do filme impede que o filme seja consumido por crianças. Nessa mistura de "Home alone" e "Duro de matar", ou qualquer desses filmes violentos de invasão domicliar, o roteiro tenta brincar com piadas bobas, voltadas a um público infantil, mas repleta de cenas violentas que só caberiam em quem deseja buscar um "Rambo" ou "Desejo de matar". O mais doido é que a co-protagonista Trudy, uma menina de 10 anos, monta armadilhas mortais e se diverte com isso, principalmente quando mata um vilão da pior forma possível. Talvez o filme fosse para ser isso memso, uma grande paródia aos filmes de ação ambientado no Natal. Mas é tudo tão óbvio, os vilões tão caricatos, que é impossível não entender como o filme acabará.

Les heroiques

"Les heroiques", de Maxime Roy (2021) Longa de estréia do cineasta Maxime Roy, que escreveu o roteiro junto do ator protagonista, François Créton, aqui interpretando Michel Kowalski. Na verdade, o roteiro é uma adaptação da vida de François: aos 53 anos, magro, viciado em metanfetaminaa. Sem dinheiro, François é um ex-punk e motoqueiro, pai de um filho adolescente, LEo (Romeu Créton, filho real do ator. Para piorar, François tem um bebê de uma mulher que os abandonou, e precisa cuidar de seu pai moribundo, com quem tem péssima relação. Ele conta com a ajuda de seu amigo Jean Pierre (Patrick d'Assumçao) e da companheira de seu api, Josiane (Ariane Ascaride). Seu filho Leo tenta uma reaproximção, assim que o pai frequenta o AA. Mas o caminho da redenção de François é árduo, e a tentação de voltar a se drogar é enorme, diante de tantas dificuldades na vida. Um drama intenso e bastante sofrido, sobre personagens losers que moram na periferia de Paris. Apesar de ser bastante realista sob o ponto de vista dos que perderam tudo na vida, o filme tem um desfecho que não leva a tragédia dos personagens ao pessimismo. Sempre há uma luz no fim do túnel, e comno o filme mostra, contando com a ajuda de amigos e familiares. Excelente trabalho de todo o elenco.

Então eu posso

"Man ham mitounam", de Abbas Kiarostami (1975) Restaurado em 2018, esse lindo curta dirigido e escrito pelo iraniano Abbas Kiaristami é uma divertida e lúdica alegoria sobre o universo infantil. Duas crianças estão assistindo aula. A profesosra mostra uma animação, com animais fazendo suas ações. Um dos menininhos diz que é capaz de reproduzir tudo o que cada animal faz: nadar como um peixe, subir na árvore como um macaco, correr como um cavalo, cavar como um rato, entre outras ações. Mas quando a professora mostra um pombo voando, o menino fica muda. E aó, corta para uma imagem de um avião decolando. O filme é tão simples de execução, mas ao mesmo tempo, tão lúdico. Fico imaginando as crianças pequenas assistindo, deve ser uma delçiia. Muito bom, com apenas 4 minutos, me diverti muito.

Nanny

"Nanny", de Nikyatu Jusu (2022) Drama de terror psicológico, vencedor do Grande prêmio do juri em Sundance 2022. O filme me lembrou bastante o terror inglês "O que ficou para trás", sobre um casal de imigrantes africanos que são alojados pelo governo inglês em uma casa, e passam a ter alucinações sobre algo traumático do passado. Aisha (Anna Diop) é uma imigrante senegalesa que mora em um quarto em Nova York. Em busca de trabalho, ela acaba sendo contratada como babé de uma família branca: a esposa Amy, o marido fotógrafo Adam e a filha pequena Rose. O casal aparentemente está em crise. Aisha trabalha ali todo dia no confortável apartamento, mas as suas diárias acabam sendo atrasadas pelos patrões. Aisha precisa juntar dinheior para poder trazer seu filho peqiueno do Senegal e vir comorar com ela. Mas Aisha tem tido pesadelos recorrentes onde se vê no mar, se afogando. Longa de estréia da cineasta e roteirista de Serra leoa Nikyatu Jusu, o filme não me trouxe novidades, pelo fato de me fazer lembrar do filme "O que ficou para trás". Fica uma mensagem de crítica social sobre a família branca que Rose trabalha: o marido fotógrafo decora o apartamento com fotos de africanos, como se quisesse lacrar com a cultura afroamericana. Os atores estão ok, os efeitos são funcionais para um filme de baixo orçamento. Uma pena que não tenham apostado mais no terror, ficou um suspens ebem light.

RRR: Revolta, Rebelião, Revolução

"RRR: Rise Roar Revolt", de S.S. Rajamouli (2022) Um filme espetacular que te faz vibrar, torcer pelos heróis, odiar os vilões, tem ação, aventura, e até mesmo números musicais. Não, não é nenhum filme da Disney nem da Marvel, e sim, um enorme sucesso indiano, "RRR- Revolta, rebelião, reviolução", que está entre os cinco concorrentes ao Globo de ouro de filme estrangeiro 2023. Vencedor de diversos prêmios em Fetsivais dos Estados Unidos, o filme é uma mega exagerada aventura épica que faz lembrar o tempo todo de "300", por conta de suas cenas de ação exageradas em câmera lenta, e de "Passagem para a ïndia", de David Lean, por trazer à tona os anos 20 na ïndia, ainda sobre a colonização inlgesa e já preparando espaço para a grande revolução de independência, que aconteceu em 1947. Passado na década de 1920, em uma Índia ainda colônia do Império Britânico, “RRR” conta a história da incrível amizade entre um oficial indiano servindo aos britânicos, Raju (Ram Charan), e o camponês revolucionário Bheem (N. T. Rama Rao Jr.). Ambos se tornam grandes amigos por obra do acaso, ao salvarem um menino de um acidente, mas se veem divididos pela missão de Bheem de salvar sua irmã Malli das autoridades coloniais.Raju por sua vez, guarda um grande sergredo: ele se infiltra no exército para poder fornecer armas ao seu povo. Quando Bheem é preso, Raju precisa castigá-lo, e entra em grande conflito, pois não pode revelar suas reais intenções. O filme é baseado em fatos reais. Os dois protagonistas de fato existiram e foram importantes figuras para o processo de independência do País, junto de Ghandi, Jawaharlal Nehru e outros setores da sociedade. Mas segundo matérias, eles nunca se encontratam e obviamente, não são so super heróis apresnetados no filme. O filme, como não poderia deixar de ser, tem pelo menos dois números dignos de Bollywood. E é interessante pensar como os atores hindus precisam além de interpretar, cantar, dançar e fazer cenas de ação. O filme é bem lomngo, 185 minutos, mas entretém o tempo todo com muitas cenas de ação, drama e de amizade que farão o espectador soltar umas lágrimas.