sábado, 30 de abril de 2016

Saída

"Hui Guang zoumingqu ", de Hsiang Chienn (2014) "Saída" e' uma versão Taiwanesa do clássico " Shirley Valentine". Ling ( Shiang Chi Chen) mora com sua filha. O marido está em Shanghai e nunca atende o telefone. A filha a desobedece. Para optar Ling perde seu emprego de costureira e ainda tem que cuidar da sogra no hospital. Um dia porém, um homem enfermo com bandagem nos olhos e' internado na maca em frente da sogra. O homem desperta interesse sexual em Ling, que todo dia cuida dele sem ele saber quem é. Com o uso inusitado do tema de " Luzes da cidade", de Chaplin, "Saida" e' um belo drama independente de Taiwan que venceu vários prêmios de melhor filme e atriz para a excelente Shiang Chi Chen que está antologica no papel da sofrida Ling. O filme tem pitadas de humor, romance é aquele olhar meio Almodovariano que empresta sutileza, feminilidade é ingenuidade para o papel feminino. Simples na história mas dirigido com muita sensibilidade, e' uma pena que filmes assim não cheguem no circuito.

Intrusos

"Intruders", de Adam Schindler (2015) Suspense do gênero " invasão de domicílio, de onde saíram filmes como "Funny games" e "Uma noite de crime", narra a história de Anna ( Beth Riesgraf, otima e sósia de Kate Hudson), que mora em uma mansão isolada com o seu irmão inferno. Ficamos sabendo que por dez anos não sai de casa, por conta de uma agorafobia que ela desenvolveu. Quando seu irmão morre, Anna se sente só. No dia do funeral, ela acaba não indo para o evento e fica em casa. Três homens invadem a casa em busca de dinheiro, achando que estivesse vazia. Ao descobrirem que Anna se encontra ali, eles resolvem matá-la. O que eles não esperavam e' que a cada esconder segredos. Bom suspense que em determinado momento parece que vai virar uma espécie de "Jogos mortais" mesclado ao cult " Somos o que somos", um terror mexicano sensacional. O personagem de Anna e' bem interessante e a trama desenvolve com curiosidade. O problema do filme e' a sua virada na trama, porque aí a gente não se importa com o que vai acontecer com determinados personagens. Mas vale como passatempo e para quem quer um pouco de sangue, vai encontrar. Curiosidade e' ver Rory Culkin, irmão de Macaulay e a cara dele, no elenco.

Lamb

"Lamb", de Ross Partridge (2015) Baseado no livro escrito por Bonnie Nadzam, "Lamb" e' um drama extremamente melancólico. Controverso e polêmico, fala sobre a amizade entre um homem de 47 é uma menina de 11 anos. Ambientado em Chicago, acompanhamos a trajetória de David Lamb ( Ross Partridge), que acaba de perder seu pai e cuja esposa o abandonou. Sentado em um estacionamento, ele conhece a menina Tommie ( Oona Laurence). Tommie vive nas ruas pois sua mãe e o namorado dela não ligam para ela. David propõe a Tommie que ela passe uma semana com ele em seu rancho afastado da cidade, o que ela prontamente aceita. Durante essa estadia, uma leve tensão sexual surge, porém David mantém um pacto com a menina de que, a qualquer insatisfação da parte dela, ele a levará de volta para casa. Triste, o drama venceu vários prêmios em festivais independentes. Escrito, produzido e dirigido pelo ator Ross Partridge, que ainda protagoniza, a força do filme reside no talento dos dois atores. A menina Oona e' uma força da natureza e não é' daquelas crianças chatas que querem provar que sabem atuar. Ela age colo criança e aí está o seu sucesso. A fotografia e a trilha sonora são fantásticas, contribuindo para a atmosfera triste. De ritmo lento, o filme acaba se perdendo na sub-trama da namorada de David. Mesmo assim, merece muito ser visto pelo incomodo que o filme provoca. Como o subtítulo do filme diz, " existe uma linha tênue na inocência".

Fantasia improviso- Primeiro movimento

"Fantasia improviso- Primeiro movimento", de Duda Gorter (2016) urta metragem selecionado para a Mostra Short Corner em Cannes 2016, narra o drama de Laura ( Gisele Froes), professora de piano em crise no seu casamento e que encontra nos seus alunos possíveis iscas para a sua instigação sexual e amorosa. Laura vive em um mundo recluso, criando fantasias sensoriais que ao mesmo tempo que lhe dão prazer, lhe atormentam. A direção fica a sua atenção no belo trabalho de Gisele Froes, densa e enigmática. A fotografia de Jacques Cheuiche previlegia esse olhar cru e melancólico sobre a vida, através de uma palheta de cores mais escura. A câmera na mão intensifica essa tensão sexual. Os planos são longos, um olhar de tempo real sobre as ações do cotidiano e olhares que se cruzam através do incômodo. Risco a fazer referências ao universo do Polones Kieslowsky.

Capitão America: Guerra Civil

"Captain America: Civil war", de Anthony e Joe Russo (2016) Alguém precisa renomear esse filme e chamar de "Os Vingadores 3". Com exceção do Thor e do Hulk, tá todo mundo no nome, e bem distribuído. Ou seja, não é só o Capitão America. e para surpresa, outros super heróis surgem....parece que a Marvel em peso resolveu comparecer no filme. Fico imaginando os salários astronômicos para comportar tanta gente no filme. Até Marisa Tomei aparece..no inusitado papel de Tia May, do famoso Peter Parker. Os cineastas Anthony e Joe Russo decididamente são os melhores Diretores de toda a franquia da Marvel. Eles misturam em doses cavalares ação, humor e dessa vez, um arco dramático que vai balançar toda a estrutura emocional dos super heróis. E claro, tudo em nome da vingança. O que seria dos filmes de super-heróis se os vilões não tivessem sede de vingança? Daquelas que dizimam milhares de pessoas inocentes, mas quem se incomoda com elas? Após um incidente aonde inocentes morrem, o Governo resolve adotar uma medida drástica: impôr aos Vingadores que eles hajam apenas sob orientação do Governo. Capitão America alega que ele precisa ter liberdade, ao passo que o Homem de Ferro concorda com o Governo. Assim, 2 times de super heróis se formam para poder mostrar ao Mundo quem é que manda. Enquanto isso, o verdadeiro vilã, Zemo ( o alemão pop star Daniel Bruhl) tenta botar seu plano em ação. Além da elogiadíssima direção e da edição frenética, podemos também dizer que o elenco em peso está excelente e super sintonizado com os personagens que interpretam. A cada herói que surge, o público vibra. O filme no entanto, me pareceu longo demais, a ponto de eu ficar torcendo para o filme acabar logo e o que faltava resolver na trama vir em uma continuação. Efeitos especiais incríveis e uma divertida citação de "O império contra ataca".

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Ninguém quer a noite

"Nadie quiere la noche", de Isabel Coixet (2015) Baseado em fatos reais, esse drama dirigido pela espanhola Isabel Coixet, do excelente " Minha vida sem mim", é um épico sobre amor e a luta interna para aceitar as diferenças culturais. Josephine Peary ( Juliette Binoche) é a dedicada e amorosa esposa do explorador Robert Peary. Sabendo que o marido está prestes para encontrar o centro do Polo Norte, um grande feito para o ano de 1908, ela resolve viajar até o Artico e ir ao seu encontro. Porém chegando lá ela descobre que ele já seguiu com a expedição. Querendo estar ao lado dele, ela desobedece a orientação do guia, ( Gabriel Byrne) e insiste que quer ir ao encontro dele. Com a aproximação dos ventos do inverno, Josephine acaba isolada em uma cabana no meio do deserto glacial. Com ela, acaba ficando uma esquimó, Allaka ( a japonesa Rinku Kikuchi). Josephine a mantém longe, principalmente depois que descobre que ela é amante de Robert e está grávida. Mas o inverno chega e ela precisa lidar com o seu ódio e ciúme é juntas elas lutam contra a morte iminente. Com uma fotografia extraordinária de Jean Claude Larrieu, o filme foi rodado em estúdio e em locações na Noruega. A direção de Isabel procura amenizar as tintas exageradamente melodramáticas do roteiro, trazendo sutilezas e emoção na relação das duas mulheres. O ritmo é bastante lento, e a partir da meia hora de filme se torna um embate de interpretação entre Juliette e Rinku, duas excelentes performances. O desfecho é arrasador, e para palas afeitos a um bom novelão, vai amar bastante a historia . O filme abriu o Festival de Berlin 2015, mas não levou nenhum prêmio.

A frente fria que a chuva traz

"A frente fria que a chuva traz", de Neville d'Almeida (2015) Em 2012, o cineasta independente americano Harmony Corine realizou o cult "Spring breakers". No filme, as atrizes teens e ídolos de toda uma juventude saudável escandalizaram seus fãs, ao protagonizarem cenas de sexo, uso de drogas e muita bebedeira. Pior: elas ( Selena Gomez, Vanessa Hudgens e até mesmo James Franco) eram bandidonas, representando o que de pior havia na geração dourada americana. Em 2015, o cineasta Neville D' Almeida, famosos por alguns dos filmes mais sacanas e libidinosos da história do cinema brasileiro ( "A dama do lotação", "Os 7 gatinhos"), pega o livro do ator e escritor Mario Bortolotto e adapta aquilo que chamo de "Rio Babilônia" versão remix. Para quem nunca viu, "Rio Babilônia" é talvez um dos filmes mais polêmicos do Cinema brasileiro. Ídolos da garotada, como Bruna Linzmeyer, Chay Suede, Jonny Massaro e Juliana Lohhmann protagonizam cenas onde alguns dos diálogos mais suaves não fica abaixo de "Quero chupar seu p...", Vou dar meu c...", quero cheirar pó. e por ai vai. Provavelmente, por um bom tempo, nenhum espectador verá algum desses atores fazendo cenas que cheguem aos pés do que verão em uma hora e meia do filme de Neville D'almeida. é muita execração, depravação, sordidez, putaria, sacanagem elevados a mil. A grande diferença de "Rio Babilônia" com "A frente fria que a chuva traz'? Comparar os 2 filmes mostra como a sociedade fico careta. Nos anos 80 o filme de Neville mostrava cenas de sexo explícito com atores globais: Denise Dumont e Cristiane Torloni em cenas para lá de tórridas e proibidas. Em pleno ano de 2016, o máximo que vemos no filme novo de Neville é uma bunda masculina e um par de seios. Ficou perigoso expôr os atores, os espectadores protestam. O olhar ficou diferente, e as intenções também. As minorias estão aí, levantando bandeiras, e até uma cena onde uma das meninas é quase estuprada no morro já não tem mais a mesma força de filmes de outrora de Neville ( basta lembrar do estupro em Vera Fisher no filme "Navalha na carne"). O filme acontece em um dia. Um grupo de jovens novo-ricos alugam uma laje no Morro do Vidigal e resolvem fazer uma festa regada a sexo, drogas e música eletrônica, sem se preocuparem com os excessos. No meio da festa, um convidado especial: O cantor sertanejo Raposão, em hilária atuação de Michel Melamed, interpretando um cover de Latino. Entre os organizadores da festa, estão Espeto ( Chay Suede), Alisson ( Jonnhy Massaro) e uma conhecida deles, a sem teto Armsterdã ( Bruna Linzmeyer). Juliane Araújo, Natalia Lima Verde, Marina Provenzzano, Juliana Lohhman, Flavio Bauraqui e mais os outros atores citados estão ótimos: crus e com os pés chafurdados na marginalidade, sem medo de se exporem em cenas e diálogos de muita baixaria. Parabéns a todos eles. Destaque também para a fotografia de Kika Cunha, e para as belas locações no Vidigal, que proporcionam ao espectador que não está acostumado com a proximidade da riqueza e da pobreza um olhar que fica entre o acachapante e o inóspito. Difícil recomendar o filme a quem não esteja livre para mergulhar nas profundezas do inferno carioca.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

República dos assassinos

República dos assassinos", de Miguel Faria JR (1979) Drama policial baseado no livro homônimo de Aguinaldo Silva, tem leve inspiração na vida do policial Mariel Mariscot, que fazia parte do famoso " Esquadrão da morte", composto por elite da polícia com o intuito de matar bandidos. Mateus ( Tarcísio Meira) e' um policial que comanda um grupo de elite que sai matando bandidos na cidade do Rio de Janeiro. Apadrinhados clandestinamente por um senador dono de um jornal ( José Lewgoy), cuja filha ( Silvia Bandeira) está tendo um caso com Mateus. A atriz Darlene Gloria e a Travesti Rogeria, que na vida real namoraram Mariscot, são aqui representadas por Sandra Brea e Anselmo Vasconcellos, este em Atuação antológica, pelos quais recebeu inúmeros prêmios. Italo Rossi, Milton Moraes, Elba Ramalho e Tonico Pereira são outros atores que complementam esse elenco excepcional de um thriller de alta qualidade. Curioso notar que nos anos 70 e 80 o Brasil produzia ótimos exemplares de filmes de ação e policial, e depois, o gênero foi rareando, só voltando a recuperar fôlego com " Tropa de elite". A cena do beijo entre Tonico Pereira e Anselmo Vasconcellos nos faz pensar em como o cinema já foi mais transgressor.

Ele está de volta

"Er ist wieder da", de David Wnendt (2015) Divertida sátira política e social, que parte da premissa de que Hitler não morreu e que surge inesperadamente na Alemanha de 2014. Tarantino, em "Bastardos inglórios", também já havia parodiado e subvertido o destino do ditador alemão, provocando polêmica. "Ele está de volta" se baseia em um livro best seller lançado em 2011. Adaptado para o cinema em 2015, o filme tem um interessante olhar de ficção e falso documentário, algo semelhante ao "Borat". Hitler acorda e se encontra na Berlin atual. Amparado por um cineasta, que acredita que Hitler seja um comediante, eles perambulam pelas ruas da cidade. Pessoas comuns ( não atores) questionam, vibram e refutam o fato de alguém hoje em dia estar ganhando a vida caracterizado como Hitler. O filme se utiliza de várias linguagens e é bastante dinâmico, mas jamais deixa aquela sensação estranha de que os criadores estão brincando com algo bastante sério. Afinal, Hitler pode até ser ridicularizado e ser motivo de chacota, mas incomoda o fato de que, devido à crise européia e ao desemprego e crise imigratória, uma figura semelhante a Hitler faria um grande estardalhaço e com certeza, seria um líder para tanta gente desamparada e sem esperanças. Um filme que faz rir, mas também faz refletir sobre os nosso rumos e o que de fato mudou desde o fim da 2a guerra até os dias de hoje. Recentemente o livro " Minha luta" bateu recorde de vendas na Alemanha. A atuação de Oliver Masucci como Hitler e' sensacional.

Lady Snowblood - Vingança na neve

ça na neve
"Lady Snowblood", de Toshyia Fujita (1973) Adaptação de um mangá, esse clássico cult de 1973 foi a grande inspiração para Tarantino realizar o seu "Kill Bill". Após o lançamento do filme de Tarantino, "Lady snowblood" foi descoberto por cinéfilos do mundo inteiro. Eu mesmo só tive a chance de o assistir agora, e fiquei impressionado com tantas "homenagens"que Tarantino fez a esse filme cujo tema principal é a vingança. Na Era Meiji, uma presidiária dá à luz um bebê. Antes de morrer, a mãe diz à sua filha recém nascida que ela é Filha da vingança e que a sua vida será dedicada a se vingar daqueles que um dia, mataram o marido e o filho de sua mãe, e a estupraram. Yuki, a bebê, é criada então por uma das presidiárias e seu marido, um monge que ensina à criança as artes marciais e o uso da espada, para que, quando complete 20 anos de idade, se vingue. Aos completar os 20 anos, Yuki sai em busca dos 4 assassinos de sua família. Com uma direção criativa e inovadora, beirando o experimental ( e muito uso de câmera na mão), Toshyio Fujita reinventa a trama de ação e de vingança, tão em voga na época. Mesclando temas musicais ( Soul, faroeste de Morricone, romântico brega) , a narrativa se embui de uma aura pop que se apresenta através de cortes na edição modernos, divisão do filme em capítulos ( cada um com um título), uso de quadrinhos e principalmente, um exagero no sangue, que faz a delícia de qualquer cinéfilo. O sangue sempre jorra em litros, uma imagem que o aproxima dos quadrinhos. É tudo tão exagerado, Kitsch, mas extremamente requintado e operístico, que Tarantino não teve dúvidas: chupou quase o filme todo. A atriz Meiko Taji, no papel de Yuki, está arrasadora. É um filme essencial, arrojado, e um grande guia para quem acha que a modernidade no cinema só chegou com a violência e a forma de contar os filmes de Tarantino. Antes dele, Toshyia Fujita já mesclava gêneros, homenageava os filmes, obscuros, os faroestes de Sergio Leone e dava a tudo uma dimensão de melodrama trágico, contando os capítulos em flashback e flashforward.

domingo, 24 de abril de 2016

Em nome da lei

"Em nome da lei", de Sérgio Rezende (2016) Diretor de inúmeros grandes sucessos , como " O homem da capa preta" , " Guerra de Canudos" e "Lamarca", Sérgio Rezende volta ao cinema político envolto em trama policial em narrativa típica do cineasta grego Costa Gavras. Baseado em história real, o filme narra a trajetória do juiz Vitor ( Mateus Solano), um juiz federal que veio de São Paulo para uma cidade que faz fronteira com Brasil e Paraguai, ou seja, terra de ninguém. Chegando lá, ele vem cheio de sede de justiça: colocar na cadeira o traficante Gomez ( Chico Diaz), homem poderoso apoiado por 80 por cento da cidade e tudo como herói. Para auxilia-lo em sua missão, ele se une à procuradora Alice ( Paolla Oliveira) e o policial Elton (Eduardo Galvão). Traições e reviravoltas entram em seu caminho, e Vitor luta contra o tempo. Sérgio Rezende surpreende fazendo um filme dentro da melhor tradição do gênero filme de ação, com uma técnica de primeira qualidade. O filme não faz feio e podemos desculpar qualquer deslize do roteiro por conta de um elenco competente e onde as participações se destacam. Gustavo Nader diverte no papel de um oficial da justiça, o cinema todo vem abaixo com as suas tiradas hilárias. Bela fotografia do craque Nonato Estrela. Ótima produção que valoriza as locações e mostra grandiosidade na trama.

O cadáver de Anna fritz

"El cadaver de Anna Fritz", de Héctor Hernandez Vicens (2015) Ótimo suspense psicológico espanhol, " O cadáver de Anna Fritz" é uma trama cheia de reviravoltas. Em menos de 80 minutos, somos apresentados a uma trama sórdida e perversa. Anna Fritz é uma das atrizes mais famosas e desejadas da Espanha, tendo trabalhado com Woody Allen, Almodovar. Durante uma festa, no entanto, ela morre. A comoção e' geral e seu corpo é enviado secretamente a um necrotério para que ninguém saiba aonde ela esteja. O responsável pela guarda noturna do necrotério convida dois amigos para juntos e sozinhos, molestarem o cadáver da jovem falecida. No entanto, uma grande virada na história os aguarda. Bem defendido pelos jovens atores, o filme é um belo entretenimento realizado com baixo orçamento e em somente uma locacao. Com ótima fotografia e trilha envolvente, o filme provoca ( falar de necrofilia é algo muito bizarro). A direção é segura e a trama toda provoca bastante angústia em sua concisa narrativa. Para alguns, o filme pode lembrar a trama do cult " Deadgirl".

sábado, 23 de abril de 2016

Ilsa, a guardiã perversa do SS

"Ilsa, she wolf from Ss", de Don Edmonds (1975) Clássico absoluto do gênero " Nazi exploitation", " Ilsa" é um enorme sucesso cult, arrematando fãs no mundo inteiro, adeptos de um cinema repulsivo e degradante, entre elas, Tarantino. Lançado em 1975, esse filme canadense tem cenas de sexo, torturas e devassidão que até filmes recentes não conseguem chegar aos pés. Ilsa ( a musa Dyanne Thorne, americana ex atriz Porno) é uma oficial nazista que quer provar aos seus superiores que a mulher é mais resistente à dor do que o homem. Para provar a sua tese, ela tortura prisioneiros de ambos os sexos: fervura, decapitação, castração, vibradores que provocam choques, aplicação de doenças ( tifo, sifilis, etc), enquanto Ilsa e os oficiais se saciam sexualmente com Orgias, lesbianismo, golden shower e chicotadas. Impossível recomendar o filme a quem quer que seja. Como se diz, assista por sua conta e risco. A personagem de Ilsa se tornou uma franquia em mais 3 outros filmes.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Non love song

"Non love song", de Erik Gernand ( 2009) Exibido em mais de 45 Festivais internacionais, tendo ganho vários prêmios, "Non love song" é um curta americano que fala sobre amizade e amor. Dois amigos passam o último dia de férias juntos. Antes da despedida, na praia, Josh tira várias fotos de Alex. Alex estranha, acha a atitude do amigo muito gay. Para piorar, Josh diz que gravou uma fita k-7 com uma música que ele compôs para Alex, que fala sobre a amizade entre eles. Alex, obviamente, está apaixonado pelo amigo, mas teme que perca a amizade caso conte a verdade. Belo curta em menos de 9 minutos, que narra uma história de paixão platônica, dolorosa. Em belo preto e branco e rodado em 16 mm. o filme certamente deixará muita gente triste e melancólico no seu desfecho. Afinal, nem todas as histórias de amor terminam bem. Sensível, bem dirigido e com boas atuações dos 2 jovens atores.

Somewhere only we know

"Somewhere only we know", de Jamie Lawrence (2008) Premiadíssimo curta Neo-zelandês, totalmente sem diálogos, e extremamente emocionante. Ele usa um recurso narrativo semelhante ao prólogo primoroso do desenho "Up, altas aventuras", da Pixar: em 10 minutos, somente com imagens clipadas e música, acompanhamos um linda história de amor. Antes mesmo de "Carol", com Rooney Mara e Cate Blanchett, em "Somewhere only we know" já temos uma história de amor impossível entre 2 mulheres nos anos 40 na Nova Zelândia. Tudo filmado com extremo bom gosto, com uma linha melodramática maravilhosa. O filme começa nos dias de hoje, com os 3 protagonistas já bem idosos. Daí, o filme volta aos anos 40 para entendermos como foi a juventude do casal e a amiga que se apaixonou pela esposa do outro. Os atores são todos ótimos, tantos os idosos quanto os jovens, e é bem difícil não se emocionar no final. Uma pequena obra-prima, concisa, bem narrada e sublime. Aula de cinema. https://vimeo.com/16442185

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Colonia

"Colonia", de Florian Gallenberger (2015) Drama baseado em fatos reais, é resultado de uma produção globalizada: Cineasta alemão, atores ingleses ( Emma Watson) e alemão ( Daniel Bruhl) e contando uma história do Chile na época da ditadura. Setembro de 1973: um jovem alemão, Daniel ( Daniel Bruhl) está morando em Santiago, ajudando um grupo ativista a favor do governo de Salvador Allende. Lena ( Emma Watson) é uma aeromoça que resolve passar o final de semana em Santiago para rever Daniel, seu namorado. O que eles não esperavam, é que a ditadura de Pinochet assumisse o governo. Por conta disso, Daniel é preso e enviado para a Colônia Dignidade. Sabendo disso, Lena desiste de voar e vai até a Colonia, se fazendo passar por uma religiosa e tentando encontrar Daniel. A colônia é comandada por Paul Schafer ( Michael Nykvist), um ex-médico nazista que fugiu e resolveu montar a seita batista. Na verdade, a seita é um esconderijo para presos políticos, onde eles eram torturados e assassinados. Paul Schafer era pedófilo e seviciava os meninos, e maltratava os fi;eis, infringindo regras extremamente rígidas de convívio. O filme mistura vários gêneros"romance, drama, suspense. A terça parte final é bem tensa, e lembra bastante o filme "Argo", de Ben Aflfeck. Os atores estão todos ótimos e, com destaque para Michael Nykvist, aterrorizante como o líder Paul Schafer. Emma Watson mostra maturidade, e é interessante observar como ela tem se preocupado em escolher projetos que exijam bastante de sua performance: mulheres batalhadoras, personagens fortes. A direção é boa, e o único porém seria a longa duração do filme, ele dá uma barriga lá pelo meio. Um bom passatempo, cinemão à moda antiga, onde a gente torce pelos heróis.

Nazithon: Decadência e destruição

"Nazithon: decadence and destruction", de Charles Band (2013) Documentário que retrata o universo mais do que bizarro do sub-gênero cinematográfico apelidado de "Nazi exploitation". Esses filmes surgiram na década de 60 e tiveram seu auge até os anos 80. Tarantino é um grande fã desses filmes, que normalmente eram exibidos em sessões "Grindhouse", sessões duplas em cinema eróticos ou que exibiam filmes violentos. Um dos filmes mais famosos surgiu no final dos anos 60 e se chamava "Ilsa, a guardiã perversa do SS", com a grande musa do gênero, Dyanne Thorne. Ela sempre interpretava uma oficial nazista que torturava mulheres e homens, utilizando-os como experimentos médicos ou para o bel prazer sexual. O documentário exibe trechos de dezenas desses filmes, divididos em segmentos. São cenas de orgias, lesbianismo, violência extrema, torturas, estupros, assassinatos, e outras aberrações. Divertido foi ver que já no final, surgiram filmes com variantes do gênero horror: oficiais nazistas que viraram zumbis. O mais interessante é perceber que o clássico "Os deuses malditos", de Luchino Visconti, se apropriou bastante desse tipo de narrativa. Outro clássico, 'Saló, 120 dias de sodoma, de Pasolini, também se inspirou bastante nesses filmes obscuros. Obviamente, que esses filmes são para um público bem restrito, que está em busca de fetiches e masoquismos. Bom gosto nota zero, diversão garantida para os cinéfilos de plantão.

O Rei da morte

"Des todesking", de Jorg Buttgereit (1990) Cult de terror alemão, na lista dos filmes mais degradantes do Cinema. Realizado em 1989, durante a queda do muro de Berlin, o filme apresenta 7 histórias independentes tendo o suicídio como tema em comum. O filme foi rodado em 16 mm, sem som, com narrativa experimental. Tem aquele look sujo que eu adoro em filmes independentes, uma atmosfera de sordidez e de submundo que somente os alemães conseguiam fazer na década de 70 e 80. Entre as histórias, existe a de um homem que escreve uma carta de despedida , toma veneno e deita na banheira cheia. Em outra, uma mulher veste um colete, acopla uma câmera de 16 mm, empunha uma arma e sai matando todo mundo em um concerto de rock ( semelhanças com o atentado de Paris?). Uma mulher solitária inveja um jovem casal do prédio da frente, sem imaginar que toda aquela felicidade vai culminar em um pacto suicida. O elenco é todo formado por não atores e integrantes da equipe. Ninguém recebeu cachê. A direção de Jorg Buttgereit é super criativa e elabora planos e movimentos de câmera sem ter acesso a equipamentos, improvisando tudo. Absolutamente não recomendado para pessoas depressivas.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Mais forte que bombas

"Louder than bombs", de Joaquim Trier (2015) Dirigido e escrito pelo cineasta norueguês Joaquim Trier, que dirigiu em 2011 o belo "Oslo, 31 de agosto", essa co-produção Dinamarca/Noruega e França competiu em Cannes 2015. É um filme extremamente melancólico, saí muito triste da projeção. Não que ele seja depressivo, mas sim porquê ele tem como tema a família e as mentiras que são formuladas para poder manter todos unidos. Outros temas recorrentes : solidão, medo, amor, desamor. O filme é belissimamente dirigido com muita sensibilidade, com narrações em off sublimes e imagens poéticas. Trilha sonora envolvente e fotografia que enfatiza os momentos lúdicos e oniricos do filme. A história gira em torno de uma família: Gene ( Gabriel Byrne), ex-ator e atualmente professor; Isabelle ( Isabelle Huppert), fotógrafa de guerra, morta em um acidente de carro próximo à sua casa; Conrad ( Devin Druid), o filho caçula, que sofre a devastação da morte de sua mãe; e Jonah ( Jesse Eisemberg), o filho mais velho que acaba de se tornar pai, mas foge dos compromissos da paternidade. Com o "fantasma"de Isabelle assombrando a família, através de memórias que se revelam aos poucos, Joaquim Trier envolve o espectador em uma trama sedutora e triste. O filme bem momentos realmente de sonho puro: a levitação de Isabelle, a narração do conto de Conrad. Recomendadíssimo para quem curte um filme autoral.

Sem saída

"Eden lake", de James Watkins (2008) Dirigido e escrito pelo mesmo cineasta inglês de "A mulher de preto", terror com Daniel Redcliff, "Sem saída" é um filme muito angustiante e que me deixou extremamente irritado no final. O título original, "Eden Lake", deve ter sido alguma brincadeira com o "Crystal Lake" de "Sexta feira 13" e Jason. Só que dessa vez, ao invés de ter apenas um assassino, é um grupo de adolescentes sanguinários que farão a farra contra um casal de namorados, interpretados por Kelly Reilly e Michael Fassbender. O filme ganhou vários prêmios em Festivais de filmes fantásticos mundo afora, e de fato é um filme assustador pela sua brutalidade e violência. Steve ( Fassbender) e Jenny ( Reilly) vão passar um final de semana em um parque na periferia de Londres. onde existe o Eden Lake. No caminho, eles se estranham com um grupo de adolescentes. No dia seguinte, o carro sumiu e Steve vai tomar satisfação com os garotos. A partir daí, o filme vira uma brincadeira mortal de gato e rato, que faz lembrar bastante clássicos filmes onde o terror e a violência imperam em pessoas comuns que fazem de tudo para sobreviver: "Amargo pesadelo", "Cabo do medo", "Sob o domínio do medo", "Última casa à esquerda", "O homem de palha" e porquê não, "Sexta feira 13". A direção do filme é excelente: conduz o espectador em um espiral de emoções fortes, em cenas muito bem construídas e ótimas atuações de todo o elenco. O roteiro, simples, só irrita por conta de decisões idiotas que os personagens tomam ao longo da narrativa. Ótimas trilha sonora e fotografia. O desfecho é realmente acachapante.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Hush: a morte ouve

"Hush", de Mike Flanagan (2015) Diretor de vários filmes de terror, entre eles "O espelho", Mike Flanagan escreveu o roteiro de "A morte ouve" junto de sua esposa, a atriz Kate Siegel, que também protagoniza a produção. A história já é bem batida: uma escritora surda muda, Maddie, mora em uma casa afastada do centro. A casa é toda blimpada, e ela mora sozinha. Um dia, enquanto ela cozinha, uma vizinha é assassinada por um serial killer na porta de sua casa, enquanto pedia socorro à Maddie. A partir daí, o filme se transforma em uma jornada de terror noite adentro, onde Maddie tenta fugir de seu algoz, o assassino vivido por John Galagher Jr, que esteve no elenco do recente "Rua Cloverfield 10". Muito semelhante a vários cults do gênero "Home invasion", como "Uma noite de crime", "Eles" e "Os estranhos", é quase todo pelo ponto de vista da protagonista, ou seja, o filme quase não tem diálogos. Bem dirigido e com bastante clima de tensão, o único senão é que o filme é bastante escuro, daí tem horas que mal se vê o que acontece. Ótima atuação de Kate Siegel, e trilha sonora bastante eficiente. É quase um "Sexta feira 13" para iniciantes.

De onde eu te vejo

"De onde eu te vejo", de Luiz Villaça (2015) O cineasta Luiz Villaç provavelmente se inspirou no cult " Medianeiras" e realizou um dos filmes de atmosfera mais argentinas do cinema brasileiro. Com uma excelente fotografia de Alexandre Ermel, que valoriza as emoções agridoces da história, e atuações bulhastes e comoventes de Denise Fraga e Domingos Montagner, o filme só não é melhor por conta de 20 minutos a mais que ele tem. Quando o filme parece se encaminhar para um desfecho... Começa tudo de novo. E aí a barriga já tomou conta de todo o projeto.. E aquela sensação de estar vendo uma das Melhores comédias românticas brasileiras se esvai. De qualquer forma, a metáfora do relacionamento que o filme se propõe, comparando a destruição e demolição de prédios de São Paulo a uma história de amor de 20 anos que se dissolve é muito bonita. "Manhattan" de Woody Allen também me vem à mente, uma vez que Luiz Villaça faz aqui sua homenagem a cidade que ele mora e ama. Denise e Domingos interpretam um casal que se separa e resolvem morar um de frente para o outro. Através das janelas de seus prédios, eles se veem, se controlam e se observam. O elenco de veteranos, Juca de Oliveira, Laura Cardoso, Fulvio Stefanini e Marisa Orth entregam paixão a um filme destinado a fazer refletir sobre os caminhos que levamos para as nossas vidas. Vale super a pena assistir e constar que Denise Fraga é uma super atriz que merece colher mais louros em sua carreira.

Ave César

"Hail Caesar", de Joel e Ethan Coen (2016) Todo grande Cineasta tem em sua filmografia algum filme para homenagear a indústria que lhes trouxe fama e poder: Truffaut, David Mamet, Irmãos Taviani, Scorcese. Agora os irmãos Coen dão o seu olhar para os produtores, os astros, roteiristas e tecnicos de Hollywood e as loucuras e psicopatias existentes nesse mercado do entretenimento. Ambientado nos anos 50, no auge da rivalidade com a Rússia, o filme brinca com todos os gêneros: faroeste, musical, drama, suspense e claro, a comédia maluca. O super mega elenco, capitaneado por um genial Josh Brolin, interpretando um produtor de cinema que procura resolver os problemas de todos os seus filmes. Astros que dão ataque, diretores estrelas, etc. George Clooney interpreta o maior astro do estúdio, que durante uma filmagem sobre um filme que fala sobre a vida de Cristo, e' sequestrado por figurantes, que na verdade servem ao braço comunista da indústria. Scarlett Johanson, Ralph Fiennes, Tilda Swinton, Johan Hill, Frances Macdormand, Channing Tatum e muitos outros brilham em suas cenas impagáveis. Mas a grande surpresa e' Alden Enreinreich, no papel de um ator que só interpreta Cowboys e que é escalado para interpretar um drama. Suas cenas são antológicas. A fotografia de Roger Deakins é extraordinária, dando o tom do technicolor das produções da época. Um filme genial, que fará a glória de cinéfilos.

domingo, 17 de abril de 2016

O convite

"The invitation", de Karyn Kusama (2015) Ótimo drama psicológico que vai se desenvolvendo em um suspense de altíssima qualidade. Will e Kira receberam um convite para um jantar do casal Eden e David ( Michael Husnain, de "The game of thrones"). Will e Eden foram casados a 2 anos atrás, mas após a morte acidental do filho, a relação degringolou, quando Eden tentou o suicídio. Ao chegar na casa, Will conhece David, novo marido de Den, e ficam sabendo que eles passaram um tempo no Mexico, frequentando uma seita onde os participantes procuram aliviar a dor da perda de algum ente querido. Todos se divertem na festa, menos Will, que acredita que Eden e David estão armando algum evento que irá provocar uma reviravolta na noite. Will tenta convencer todos que algo irá acontece, mas ninguém acredita e ele vai passando por neurótico. Excelente filme que se baseia no talento dos atores, quase todos desconhecidos. É quase uma peça teatral, com todo mundo confinado na mansão. Muitos diálogos e jogos de cena aonde nada é o que parece ser. Ótima direção da cineasta Karyn Kusama, com roteiro espero e trilha sonora envolvente. A fotografia também ajuda a criar uma atmosfera de terror constante. Recomendado para quem curte um filme angustiante.

sábado, 16 de abril de 2016

O escaravelho do diabo

"O escaravelho do Diabo", de Carlo Milani (2016) Baseado no livro de Lucia Machado de Almeida, clássico da série Vagalume, lançado nos anos 70 e que tive o prazer de ler várias vezes no colégio, "O escaravelho do diabo" me trouxe grandes expectativas. Não fiquei apaixonado, nem um pouco, mas é um filme correto que infelizmente tem um desfecho apressado e insatisfatório, com a apresentação do assassino revelado de forma frenética, com direito a toda aquela ambientação sinistra. A direção de arte, os efeitos e a fotografia de Pedro Farkas dão dignidade ao projeto. O elenco tem acertos e parte da escalação duvidosa. A direção de Carlo Milani busca referencia nos clássicos de suspense psicológico que fizeram história: além de " O silêncio dos inocentes", temos ecos de " Seven". Mas a curiosidade mesmo foi perceber que Lucia Machado anteviu a figura de Freddy Krueger e " A hora do pesadelo": para quem conhece a saga do vilao, sabe que a gênese se encontra na história de bullying que ele sofreu na infância. O tempo passa, essas crianças cresceram... Mas o trauma permaneceu. Ambientado na fictícia cidade de Vila das flores, um serial killer envia pelo correio um escaravelho que precede a morte de quem o recebe. O menino Alberto, irmão de uma das vítimas, procura apertar a polícia da coincidência de somente ruivos morrerem.

Quanto tempo o tempo tem

"Quanto tempo o tempo tem", de Adriana Dutra (2015) Encantador Documentário, que provoca o espectador e faz pensar sobre a nossa existência. Usando como mote a percepção do tempo através dos séculos, a roteirista e cineasta Adriana Dutra (Walter Carvalho co-dirigiu e fotografou) viajou para vários países entrevistando filósofos, pensadores, intelectuais, escritores e transumanistas ( sai do filme super confuso com essa nova linha de pensamento, que tem muito de ficção-científica mas vamos lá). Entre eles, estão os brasileiros Arnaldo Jabor, Nelida Pinon e o rabino Miguel Konder. Todos divagando sobre como o tempo foi estipulado e como nesses tempos de alta tecnologia e redes sociais as pessoas sempre se são desculpas para nunca ter tempo para nada. O tempo se esmiuçou, pois nas horas vagas nos esmiuçamos no celular ou computador. Interessante a discussão sobre a implementação da carga horária advinda da sociedade industrial e a necessidade de "prender" o ser humano dentro de horários. O filme também fala sobre a aposentadoria e a necessidade da terceira idade continuar no mercado de trabalho e por ultimo, a discussão da longevidade e sobre a morte iminente. Lírico, poético, instigante, e' um filme curto de 76 minutos que merece ser visto e ter seus temas discutidos em todas sociais. Excelente trilha sonora e efeitos de animação.

A garota de fogo

"Magical girl", de Carlos Vermut (2014) Escrito e dirigido pelo espanhol Carlos Vermut, "A garota de fogo" ganhou inúmeros prêmios em Festivais do mundo todo. Como em um filme de Robert Altman, a trama costura veios personagens que se entrevejam em tramas bizarras e que falam de obsessão. Uma menina com leucemia quer um último desejo: pede para seu pai professor desempregado um vestido de uma personagem de anime, que custa 7 mil euros. Uma jovem psicótica obcecada pelo seu marido que a trata como uma criança. Um homem ex presidiário obcecado por sua ex-aluna. O elenco é extraordinário e a direção de Carlos Vermut bastante emblemática e criando uma atmosfera de mistério, o espectador fica sempre descobrindo aos poucos detalhes da trama tão intrincada. A fotografia, em tons pastéis e azulados, abafa qualquer possibilidade de risadas nos momentos de humor negro, se encaixando na linha dos irmãos Coen. O filme só é longo e um ritmo bem arrastado, talvez com 20 minutos a menos seria mais surpreendente e magnetizaste. De qualquer forma, e' uma grata experiência e para quem curte tramas de vingança, vai se esbaldar.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Hardcore: missão extrema

"Hardcore Henry", de Ilya Naishuller (2015) Pegando o mote de "Enter the void", de Gaspar Noé, onde o filme inteiro é narrado em 1a pessoa, ou seja, pelo ponto de vista do protagonista que nunca aparece, "Hardcore: missão extrema" é uma espécie de mistura de "Robocop" e "Lucy", de Luc Besson, com Scarlett Johanson. Fazer o filme todo pelo POV do personagem é como se estivéssemos vendo um video game em Live action. Há quem vá torcer o nariz, mas é inegável a grande diversão, agregado ao talento do ótimo ator sul africano Sharlto Copley, de "Distrito 9", que aqui interpreta mais de 10 personagens. Um homem, Henry, acorda e se vê em um laboratório: através de uma bela cientista, Estelle, ele descobre ter sobrevivido a um acidente e foi transformado em cyborg para poder sobreviver. Ela diz que é sua esposa. Um vilão, Akan, surge e sequestra Estelle. Para ajudá-lo no resgate, ele conhece Jimmy ( Sharlto Copley), um homem que consegue sempre ressuscitar em outro personagem, toda vez que é morto. Henry precisa lutar contra mercenários e soldados robôs, antes que seja tarde para resgatar sua esposa. Violento, insano, dinâmico e bastante ágil, "Hardocore" é um ótimo passatempo, descompromissado para quem curte filmes de ação e ficção científica. Os efeitos são excelentes, e o trabalho do operador de câmera é impressionante: afinal, tudo é pelo POV de Henry. A direção do estreante em longa Ilya Naishuller, que também é cantor de uma banda de punk rock e criador de games, é bastante criativa e mantém o espectador atento durante toda a projeção. É adrenalina do início ao fim, ininterrupto. Vale lembrar que o produtor do filme é o cineasta e produtor russo Timur Bekmambetov, uma espécie de Jerry Bruckheimery local, que só produz mega blockbusters de ação. Entre seus filmes, estão os sucessos "Procurado", com Angelina Jolie, "Guardiões do dia"e "Abraham Lincoln, caçador de vampiros".

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A paixão de JL

"A paixão de JL", de Carlos Nader (2015) Um dos filmes mais tristes a que assisti, o documentário "A paixão de JL" me lembrou bastante a experiência que tive ao assistir ao documentário sobre "A verdade sobre Marlon Brando". No filme, ouvimos o ator Marlon Brando falando sobre vida e profissão, através de mais de 300 fitas que ele deixou como legado, aonde ele fazia uma espécie de terapia, registrando todos os seus pensamentos e divagações. Em "A paixão de JL", o cineasta Carlos Nader faz o mesmo. Amigo de Leonilson, ele se apropria das fitas K7 deixadas gravadas pelo Artista, morto aos 36 anos em decorrência da Aids, e faz um dos filmes mais belos do cinema nacional. Leonilson, em 1990, resolveu gravar áudios aonde ele discursava sobre a vida, sobre seus amores, sobre a sua condição de homossexual, sobre fatos relevantes da economia, política e cultura mundial. Apaixonado por cinema e música, vemos trechos de filmes como "Paris Texas" e "Um filme de Nick", de Win Wenders, e o clip de Madonna, "Cherish". A idéia era que esses áudios virassem um livro depois. Leonilson era cearense e se mudou para São Paulo, realizando mais de 4000 obras, se tornando um dos artistas mais influentes dos anos 80 no Brasil. Em 1991, ao descobrir ser portador do vírus do HIV, ele desaba emocionalmente, e os relatos passa, a ser sobre morte e depressão, e mais, sobre a possibilidade de nunca mais namorar ( "quem vai querer namorar um cara com Aids?" e o temor de que sua família saiba sobre a sua condição. Lembrando que nessa época, a Aids era tratada com o coquetel de Azt e existiam muitos os efeitos colaterais, além do preconceito ser enorme para os portadores da doença. Havia o estigma da morte eminente. Pouco vemos de imagens de Leonilson. No entanto, o filme é repleto de imagens de suas obras, de suas dores retratadas nas pinturas e tecelagens. Trechos de filmes clips, documentários ( Relembramos de Annie Lennox cantando "Everytime we say good bye" em "Ricardo II", de Derek Jarman). O filme faz uma brilhante investigação nostálgica sobre os anos 80 e início dos 90, com imagens de arquivo chaves do período, como a derrubada do muro de Berlin, os tanques na Praça da Paz Celestial, o Impeachment de Collor. Alerta: é um filme bastante depressivo, os relatos são bem duros e comoventes. O filme venceu inúmeros prêmios em Festivais, merecidamente.

terça-feira, 12 de abril de 2016

# Horror

"#Horror", de Tara Subkoff (2015) A atriz e artista plástica Tara Subkoff estréia na direção com um drama psicológico com tintas de terror. Também roteirista, ela teve a idéia do filme depois de ouvir uma confissão da filha de uma amiga falando sobre o cyberbullying que ela sofria das amigas no colégio. Em Connecticut, Nova York, 6 meninas ricas de 12 anos de idade se encontram para uma tarde na mansao de uma delas, Sofia, que se localiza dentro de uma floresta isolada. A mãe de Sofia, Alex ( Chloe Sevigny) faz a linha perua milionária que ignora a filha. Todas as meninas são viciadas em um game de celular, uma espécie de Candy Crush misturado a uma rede social, onde elas postam fotos e fazem comentários. Aos poucos, o convívio entre as meninas vai se tornando mais cruel, até que um serial killer surge e vai matando uma a uma. "#Horror" é um filme dúbio. Como roteiro, é ruim. Porém, como estética, é interessante, pois tem um olhar artístico e cult da diretora Tara Subkoff e da fotógrafa Learan Kahanov. Os planos são bonitos, a luz, interessantíssima. O elenco também é bastante satisfatório. As meninas são boas, mesmo que suas personagens sejam antipáticas ao extremo. Chloe Sevigny parece brincar no papel da mãe "Bitchie" e Timothy Hutton exagera no tom do pai de uma das meninas, o cirurgião Plástico Dr White. Ele passa o filme todo quase que gritando. O filme é longo, e se tivesse 20 minutos a menos, seria bem mais interessante. O ritmo é bastante lento para os fãs habituais de terror. A direção de arte é muito boa e Tara Subkoff convidou vários de seus amigos artistas plásticos para cederem suas obras para o filme. É uma forma interessante de se fazer um filme com baixo orçamento. No final, é uma crítica até de certa forma ingênua sobre pais e filhos que perderam a comunicação por conta de redes sociais. A morte se transforma em uma metáfora desse relacionamento.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Violent shit, The movie

'Violent shit, o filme", de Luigi Pastore (2015) Em 1987, o cineasta alemão Andreas Schnaas realizou aquele que e considerado o pior filme da história: o cult de terror "Violent shit", que fez tanto sucesso, que gerou 2 continuações. O filme narra a história do serial killer Karl, the butcher, que usa uma máscara que reza a lenda, pertenceu a Átila, o Huno, e é dominada por um espírito de vingança. Aí você pergunta: porque um cineasta italiano resolve refilmar o pior filme da história? Acho que é justamente para que fãs de trash como eu possam ter acesso a ele, e dizer com todas as letras que finalmente, posso dizer que assisti ao pior filme da minha vida, até o presente momento. Ele é tão ruim, tão ruim, que morri de rir em várias cenas, que inclui uma quase cena de sexo explícito lá pro final: uma orgia entre 3 mulheres e 2 homens. E pasmem, uma das mulheres é uma atriz de nome "Choco Late". Clássico! O filme começa na Alemanha, há 25 anos atrás, mostrando a origem de Karl: ainda criança, chega em casa atrasado e é castigado pela sua mãe. Um demônio surge e lhe entrega a máscara, e ele acaba matando a mãe. Após fugir da prisão, Karl ressurge em Roma, dessa vez, sendo ressuscitado por um professor maluco, que teve acesso à máscara. 2 detetives, um italiano e um alemão, procuram descobrir o paradeiro do assassino, enquanto novas vítimas vão surgindo. As cenas de gore são péssimas, e inclui uma cena onde o pênis de uma vítima é decepado, e a medula óssea de outra, retirado. O roteiro é pavoroso, e as atuações, hilariantes de tão constrangedoras. Fotografia, direção, edição, tudo da pior qualidade. Para fãs dos filmes de Dario Argento, o alento fica por conta da trilha sonora de Claudio Simonetti da banda Globlins, que produziu boa parte das trilhas dos filmes de Argento.

O tesouro

"Comoara", de Corneliu Porumboiu (2015) Dirigido e escrito pelo cineasta romeno Corneliu Porumboiu, mesmo realizador de "A leste de Bucareste" e "Polícia, adjetivo", "O tesouro" tem recebido inúmeros prêmios em Festivais do mundo inteiro. Em Cannes 2015, recebeu um prêmio especial na Mostra "Un certain regard", e ganhou também o Fipresci em Atenas. O filme, como não poderia deixar de ser, sendo uma obra de Corneliu Porumboiu, é uma comédia dramática repleta de segundas intenções e metáforas contra o Governo Romeno. O tema da corrupção moral é uma constante em sua obra. O filme narra a história de Costi um funcionário de uma empresa que cobra dívidas da prefeitura. Endividado, ele mora com sua esposa e seu filho pequeno, que sofre bullying na escola. Um dia, um vizinho, Adrian, procura Costi e lhe pede dinheiro emprestado. Sem condições para ajudá-lo, Costi é novamente abordado por Adrian, que lhe propõe algo inusitado: ele diz que seu avô enterrou um tesouro no terreno da família, e propõe que Costi banque o serviço de um detector de metais. Tentado pela possibilidade de ganhar dinheiro, Costi vai atrás do dinheiro para bancar o serviço. Pela leis do Governo romeno, qualquer tesouro encontrado em terras romenas, escondido antes do Governo comunista e encontrado recentemente, deve ser notificado para a polícia. A pessoa fica com 30% do valor. Porem, Costi e Adrian pretendem driblar o governo e não anunciar, mesmo sabendo que podem ser presos. É com essa história sobre ricos e pobres, sobre tentações e corrupção, que o cineasta Corneliu Porumboiu apresenta ao espectador uma fábula moralista sobre erros e acertos. Com planos longos e bastante diálogos, o que é típico do seu cinema, Corneliu procura se desvencillhar do clichê do cinema americano que normalmente em situações de caça ao tesouro cria situações mirabolantes. Corneliu constrói uma narrativa que deixa o espectador constantemente tenso, torcendo pelo sucesso dos "heróis". A cada momento, algo pode dar errado. Mesmo com essa construção de suspense, o filme tem um ritmo bastante lento, e pode provocar tédio mortal no espectador tradicional. A destacar o excelente trabalho dos atores.

domingo, 10 de abril de 2016

Rua Cloverfield 10

"10 Cloverfield lane", de Dan Trachtenberg (2016) Sucessor do mega sucesso "Cloverfield monstro", "Rua Cloverfield 10" não tem relação com o famoso filme de J J Abrams. Aqui, ele apenas produz, mas mantém aquela aura de mistério e de surpresa do qual ele tanto gosta. Ao invés da super-produção, investiu-se no oposto: um filme claustrofóbico, onde 90 % acontece em um bunker apertado no sub-solo de uma fazenda. São apenas 3 atores no elenco: Michelle ( Mary Elisabeth Winsted), Howard ( John Goodman) e Emmet (John Gallagher Jr.). O filme parte da premissa de "The walking dead": os zumbis são apenas pano de fundo, o mal existe no homem. Michelle é uma jovem que deseja estudar estilismo, mas discute com seu namorado e resolve pegar o carro e ir embora. Na estrada, ela bate em um carro e sofre um acidente. Ao acordar, se vê presa em um bunker: Howard é o dono da fazenda, e ele diz a ela que o mundo lá fora acabou e está dominado por um ataque nuclear. Michelle não acredita e tenta fugir, mas é inútil. Junto aos 2, também tem Emmet, um jovem que veio pedir auxílio a Howard. Um pouco de "Louca obsessão"e "O iluminado" mesclado a surpresas que irão surgir ao longo do roteiro, o grande barato do filme é subverter o que se espera dele: um filme de ação. É um drama psicológico, um filme de atores, e o melhor é que nunca sabemos o que pode acontecer. Os atores são excelentes, a trama ótima..até os 5 minutos finais, que me deixaram meio cabreiro. Mas tudo bem, até então a gente curtiu tanto o filme, que meio que tentei relevar o desfecho. Se bem que até agora, está na minha cabeça.

They look like people

"They look like people", de Perry Blackshear (2015) Drama psicológico erroneamente divulgado como se fosse um filme de terror, foi escrito e dirigido pelo Cineasta americano Perry Blackshear, que também fotografou, editou e produziu o filme. É uma produção independente realizada com recursos esparsos mas com bastante criatividade. Quase 70% do filme acontece em um apartamento, e por isso, ele se assemelha bastante a "Repulsa ao sexo", de Polansky. É um filme que fala sobre esquizofrenia e claustrofobia. Belamente fotografado e enquadrado, o filme narra a história de Wyatt (MacLeod Andrews), um homem desequilibrado que reencontra por um acaso um amigo de faculdade, Christian (Evan Dumouchel). Eles resolvem morar juntos para dividir despesas. Wyatt passa a escutar vozes e ligações que dizem para ele não confiar em ninguém e que em 6 dias o mundo irá acabar, que todos são aliens disfarçados. Evan por sua vez, tem um problema de relacionamento com sua chefe na empresa, e por conta disso, possui baixa auto-estima. Ambos precisam lidar com seus fantasmas internos, antes que façam mal a alguém. Com edição de som muito bem cuidada e assustadora, o filme provoca uma atmosfera de constante suspense, mesmo que seja um drama. Curto, com 80 minutos, se baseia bastante no trabalho dos 2 atores, ótimos. O roteiro é simples. A direção e edição de Perry Blakshear fazem do filme um produto a ser considerado, é um pequeno cult que mostra um trabalho autoral de gênero, mesmo que desenvolvido como um filme mais artístico do que de passatempo, e por isso, provocará bocejos por boa parte da platéia. O que é uma pena, considerando suas qualidades artísticas advindas debaixo orçamento.

sábado, 9 de abril de 2016

Anestesia

"Anesthesia", de Tim Blake Nelson (2015) Dirigido e escrito pelo ator e diretor Tim Blake Nelson, "Anestesia"foi lançado no Festival de Tribeca e conta com inúmeras participações de elenco all star em seu casting. O filme parte da premissa da estrutura do filme painel, popularizado pelo cineasta Robert Altman, onde várias histórias se entrecruzam. O filme "Crash", de Paul Haggis, acabou ficando mais conhecido por essa narrativa e "Anestesia"se apropria disso. Um professor de filosofia, Walter (Sam Waterston), casado com Msrcia ( Glenn Close) é pai de um filho, Nelson ( Tim Blake Nelson) , cuja esposa descobre ter um câncer. Nelson é pai de 2 adolescentes, que reagem de forma diferente à notícia da doença da mãe. A vida de Walter se mistura a de seus alunos, entre eles, a jovem e depressiva Sofie ( Kristen Stewart), e a um viciado em drogas, Joe. Como se vê, todas as histórias falam de luta e de desamor, de busca de esperança para uma vida que se encontra travada. As atuações são ok, o roteiro, nada original. É um bom filme para se assistir em um final de dia: honesto, correto, e só.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Blackbird

"Blackbird", de Patrik-Ian Polk (2014) Adaptação do livro homônimo escrito por Larry Duplechan, "Blackbird" foi produzido pela cantora e atriz Mo'nique. Produção independente quase que inteiramente rodado com equipe e elenco negros, é um filme com uma mensagem clara: que os jovens devem seguir o caminho do seu coração, não importa os obstáculos da vida. Randy é um adolescente nascido e criado em uma cidade conservadora no Mississipi, dentro de uma comunidade negra e de religião batista. Sua mãe ( Mo'nique) é extremamente religiosa e desde o desaparecimento de sua filha mais nova, se desentendeu do marido, acabando por se separar dele. Randy é inseguro em relação à sua sexualidade, e todos acreditam que ele seja gay. Ele sonha com um outro colega da escola, e se pune por conta disso. Belo drama, dirigido com muita sensibilidade, e com ótimas atuações de todo o elenco. O roteiro carrega bastante no melodrama, mas de uma forma geral, por mais que pareça que vai resvalar para o sentimentalismo barato, o cuidado da direção e o apuro dos atores mantêm a qualidade do projeto. Mo'nique é uma excelente atriz e deveria ser mais aproveitada em filmes. As músicas gospel são bonitas, e a descoberta de sua sexualidade reserva cenas divertidas e emocionantes para Randy. Recomendado para quem gosta de dramas cativantes e com mensagens que falam direto ao coração.

terça-feira, 5 de abril de 2016

O prefeito

"O prefeito", de Bruno Safadi (2015) Melhor Filme Iberoamericano, pelo juri da crítica (FIPRESCI), no 34o Festival do Uruguai, "O Prefeito" é uma produção de baixíssimo orçamento capitaneada por Bruno Safadi e Cavi Borges. Uma farsa política com tintas referenciais no humor visual de Jacques Tati e no libelo dos neo-realistas italianos, que se apropriaram das locações reais para explorar o seu Cinema de guerrilha, "O prefeito"me remeteu a um distante e pouco conhecido filme dirigido e escrito pelo cartunista Henfil em 1987: "Tanga, deu no New York Times". Se apropriando do humor e da sátira para poder alfinetar a verdadeira tragédia econômica e política pelo qual o País está passando. No caso, O Prefeito ( interpretado com deliciosa irreverência por Nizo Neto) , Gustavo Novaes, como seu assecla, e Djin Sgarnzela , como sua musa inspiradora e conselheira, é um politico que deseja separar o Estado do Rio de Janeiro do restante do País. Se apropriando do discurso de grandes estadistas, como Brizola, Getúlio Vargas e Janio Quadros, o Prefeito tem uma figura e um linguajar fora de época. Seu Palácio está "construído"entre os destroços da demolição da Avenida Perimetral, esse verdadeiro mausoléu a céu aberto, repleto de rebocos e concreto e muito barulho, ele "Governa" o estado. Negociando favores com outros políticos, entre eles a Presidente, ele oferece ruas e bairro em troca de serviços. Por estar filmando em ruas e locações barlhentas, o cineasta Bruno Safadi se apropria do recurso da narração em Off na maioria das cenas. é um projeto experimental, que também faz uso de fotos still para contar cenas. Bruno foi assistente de direção de Nelson Pereira dos Santos e de Julio Bressane, de quem busca referências para seus filmes. Ele já dirigiu vários curtas e os longas "Meu nome é Dindi" e "Éden". É um filme experimental, e para os espectadores que forem assistir, terão a chance de entrar em contato com um olhar autoral, debochado e irreverente de um CInema muito inspirador e que encontra na falta de dinheiro a sua criatividade.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Meu namorado é michê

"Meu namorado é Michê", de Lufe Steffen (2006) Delicioso e debochado curta de 3 minutos Vencedor do Prêmio Porta curtas Petrobrás do Festival Mix Brasil em 2006. Rodado em Super 8, narra a tragicômica epopéía de um casal de namorados que dividem o apartamento. Quando o cliente do michê está para chegar, o namorado vai para a rua e aguarda o término do atendimento. É uma idéia simples, sem diálogos, quase um video clip, ao som da maravilhosa música "In the flesh", do Blondie, com pegada super anos 50. Criativo, divertido e singelo. Uma ode à cafonice. https://www.youtube.com/watch?v=PWrTSi24I8I

Mondo Lux, o mundo visual de Werner Schroeter

"Mondo Lux - Die Bilderwelten des Werner Schroeter", de Elfi Mikesch. Documentário que explora os últimos anos de vida do cineasta alemão Werner Schroeter, um dos expoentes do Novo CInema alemão que surgiu no final dos anos 60, junto de Fassbinder, Wolker Schoendorff e Win Wenders. O seu cinema, mais próximo ao de Fassbinder mesclado a Visconti, era baseado em uma estética gay, provocativa, debochada. Em 2008, ganhou um Urso de Ouro em Berlin pelo filme "Esta noite". Além de cineasta, Schroeter era fotógrafo e diretor teatral. Entre suas atrizes favoritas, está Isabelle Huppert, uma das entrevistadas do filme. O filme acompanha Schoeter durante a montagem teatral de "Electra": mostra o ensaio exaustivo e perfeccionista com as atrizes, além de exibir trechos de seus filmes famosos. É um documentário padrão, com ótimos depoimentos de atores, fotógrafos e cineastas amigos , como Win Wenders e Rosa Von Praunheim, mostrando um pouco da personalidade excêntrica de Schroeter. Dá vontade de ver a todos os seus filmes assistindo ao documentário, ainda mais que assisti acredito, a apenas 2 de seus filmes. Todos os trechos exibidos me instigaram bastante. É um filme melancólico, que acompanha o passo a passo da derrocada física de Schroeter, acometido de um câncer tratado à base de quimioterapia.

sábado, 2 de abril de 2016

James White

"James White", de Josh Mond (2015) Um dos filmes mais tristes e dolorosos que vi recentemente, lembra bastante em conceito estético do húngaro "O filho de Saul". Isso porquê a câmera fica colada no rosto ou nas costas do protagonista, assim como no filme "O filho de Saul", e fica ali, o acompanhando para todos os lugares. É um mar de dor, de sufoco, de melancolia, de vida sem rumo. James é um jovem desempregado e sem perspectiva alguma de um futuro melhor que mora em Nova York. Seu pai, que abandonou a família e se casou de novo, acaba de morrer. Sua mãe, Gail (Cynthia Nixon), é uma professora aposentada por conta de um câncer terminal que a está dizimando. A condição de sua mãe torna James uma figura frágil, e a doença dela acaba sendo uma metáfora para a fragilidade física e mental dele. Carinhoso com sua mãe, e violento e brutal com o mundo externo, James não sabe como dar rumo à sua vida. Christopher Abbott, no papel de James, e Cynthia Nixon, de "Sex and the city", no papel de sua mãe, apresentam duas das performances mais poderosas que você já viu em uma relação de mãe e filho. Todo Ator deveria assistir a esse jogo de amor e ódio entre pessoas que se amam e que não podem conviver juntos. É soberbo. O filme venceu um prêmio em Sundance, o do "Next audience award", além de reconhecimento em vários outros Festivais Internacionais. O filme tem um relato semi-autobiográfico do Diretor e roteirista Josh Mond. O seu trabalho é cru, frio, poderoso. Josh Mond é dono de uma produtora independente, junto de eus amigos e sócios Antonio Campos ( Filho do jornalista Lucas Mendes) e Sean Durkin. Eles dirigem e produzem os filmes um dos outros. Antonio diriigu "Afterscholl"e "SImon killer", e Sean dirigiu "Martha Marcy May Marlene", todos os filmes aclamados em Festivais mundo afora. Um filme forte, denso, com pelo menos uma cena antológica: o do filho e mãe no banheiro, e ele narrando para ela um sonho formidável onde ela está sem câncer e feliz. Emocionante.