quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Cathy come home

"Cathy come home", de Ken Loach (1966) Extraordinário docudrama dirigido por Ken Loach e exibido originalmente pela Bbc Television em 1966. Em 2000, uma Pesquisa feita pela Indústria da televisão considerou esse filme o 2o melhor telefilme já realizado na Inglaterra. Na época do lançamento, o filme foi um escândalo ao mostrar de forma realista o dia a dia de um casal de jovens operários e a sua decaída para se tornarem sem teto. Porém, o que mais chocou a sociedade foi mostrar cenas de sexo e romance entre o casal, algo jamais imaginado pela classe burguesa, que fazia comentários tipo : " Os operários também fazem sexo.". Cathy ( em atuação visceral de Carol White) é uma jovem que sai da zona ruiral para tentar a vida em Londres. Lea, ela conhece Reg, um motorista de caminhão. Ambos se tornam felizes e passam a morar juntos. Quando Cathy engravida, ela perde o emprego. Mais: eles precisam sair do prédio, que não aceita crianças. Para piorar, Reg sofre um acidente com o caminhão que estava sem freio, e também perde o emprego, pois seu patrão ignora leis trabalhistas. Ambos vai morar com a mãe de Reg em um conjunto habitacional, mas o excesso de pessoas em um apartamento pequeno faz com que Cathy se estresse com a sogra. Eles passam então a morar de favor, em trailers ate chegar no ápice de Cathy e as crianças terem que ir morar em um abrigo do governo que não permite que os maridos fiquem. O filme, dirigido com extrema competência por um jovem Ken Loach, já mostra todos os códigos de seus filmes: atuação naturalista, narrativa documental, critica ao sistema social do Governo britânico. A atriz Carol White fez sucesso e acabou indo para os Estados Unidos trabalhar, mas faleceu jovem. Uma frade de Loach resume esse filme obrigatório em todos os aspectos: "O Estado cria a ilusão de que, se você é pobre, a culpa é sua."

O bom vizinho

"The good neighbor", de Kasra Farahani (2016) Usando o mote de "Janela indiscreta", o filme de Kasra Farahani poderia ter sido um divetrido filme de suspense adolescente. Tem ótimos atores jovens, James Cann como o suposto serial killer..mas faltou uma direção mais atenta aos códigos de um bom suspense, e principalmente, falhas no roteiro. Dois adolescentes, Sean e Ethan, estão prestes a fazer um projeto para a escola. Ethan sugere que eles façam uma espécie de um experimento real: colocar câmeras de segurança escondidas dentro da casa do vizinho Harold (James Cann), mal visto pela vizinhança pelo seu modo violento de reprimir os vizinhos. E mais: eles irão fazer com que pareça que as atividades paranormais estejam acontecendo na casa, somente para gravar as reações de Harold assustado. Mas para a surpresa deles, Harold não se assusta com nada, fazendo-os crer que ele esconde a esposa dele no porão, único lugar na casa que eles não botaram câmeras. O mais grave no roteiro, é entremear na edição flashforwards de cenas de um tribunal, com vários dos personagens que surgem ao longo do filme. Um erro brutal, pois corta todo o suspense do filme. O espectador deveria ficar até o final do filme tentando saber quem morre, mas não, esses personagens surgem no tribunal DURANTE O FILME! Um exemplo: um personagem que surge na casa de Harold, e desce ao porão pra ver se está tudo bem..SURGE NO TRIBUNAL antes mesmo dessa cena que acabei de descrever, ou seja, óbvio que ele não morreu! O desfecho também, assim que se descobre o plot twist, ficou longo, parece que vai começar um outro filme. Tinha que ter sido mais enxuto, pois naquele climax, a gente já quer que o filme acabe. Enfim, uma boa idéia, que mistura , além de " Janela indiscreta", " Atividade paranormal" e o recente "O homem nas trevas", desperdiçada.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

OBS - Orquestra Brasileira de Sapateado

"OBS - Orquestra Brasileira de Sapateado", de Maria Clara (2017) Belo documentário, extremamente educativo e motivador, dirigido com muita sensibilidade pela Cineasta Maria Clara. O filme foi realizado com o propósito de registrar a comemoração dos 25 anos da Orquestra Brasileira de Sapateado, antiga “Cia Dá no Pé”, foi fundada pelas coreógrafas Stella Antunes e Amalia Machado, e pelo maestro Tim Rescala. Na ocasião da comemoração, foi lançado o espetáculo OBS MIX, que une 2 gerações da Orquestra: as fundadoras e as filhas delas, fazendo um pout pourri desses 25 anos de muitos espetáculos memoráveis. Maria Clara e o roteirista e editor Rodrigo Selios fizeram uma pesquisa com o vasto material de Vhs, jornal e outras mídias e juntaram no filme. Acompanhamos a génese do grupo, os primeiros musicais e o clímax maravilhosa, um evento na Orla de Ipanema chamada de "Sapateada", uma caminhada com os alunos sapateando e desenvolvendo suas habilidades. O filme entrevista alunos, professores, alunas americanas e todas relatam seus sonhos, suas ambições artísticas e o grande desejo de estar presente nessa manifestação cultural da dança pouco patrocinada, mas bastante apreciada. Ficamos sabendo também que a Orquestra foi responsável em difundir o sapateado da cultura negra, do hip hop, quando na época, só e falava no sapateado clássico, tipo Fred Astaire e Gene kelly. O filme foi exibido e premiado em diversos Festivais, inclusive em Roma. Vamos torcer para que aqui no Brasil, seja lançado em algum Canal, tipo Gnt. Fotografia de Silvia Gangemi, Som de Zeze Dalice e edição de som de Maria Muricy.

Boneco de neve

"The snowman", de Tomas Alfredson (2017) Adaptação do best seller policial do norueguês Jo Nesbo, dirigido pelo mesmo realizador do clássico de terror "Deixa ela entrar". "Boneco de neve" foi destruído pela crítica, o que é uma pena, pois eu gostei bastante. E' um suspense que cumpre o que promete, repleto de cenas de tirar o fôlego, auxiliado por uma fotografia exuberante de Dion Beebe, que ganhou o Oscar de fotografia por "Memórias de uma Gueixa". Primeira coisa que preciso falar depois de ter visto o filme: Quero visitar a Noruega! Que Pais lindo! Michael Fassbender interpreta Harry Hole, um policial separado de sua esposa, Rakel ( Charlotte Gainsbourg) e com um filho adolescente, Oleg. Separados, Harry se tornou alcoólatra. Ele é chamado para investigar um caso sobre mulheres desaparecidas e que aparecem depois com o corpo esquartejado. Em comum: são mulheres divorciadas, e com filhos. Katrine (Rebecca Ferguson) é uma policial que chega para fazer par com Harry, e ambos tentam identificar o serial killer. Com um elenco de famosos fazendo participação ( Chloe Sevigny, Val Kilmer, J k Simmons), o filme é repleto de clima e atmosfera que sufoca e angustia a medida que vai avançando Não é um filme perfeito, mas também não é o filme ruim que querem fazer o publico acreditar ser.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Não devore meu coração

“Não devore meu coração”, de Felipe Bragança (2017) Falando objetivamente: o que mais gostei foi da trilha sonora oitentista repleta de sintetizadores. Imaginem um filme que parece uma mistura de “ Romeu e Julieta”, “ Stranger things”, “ A guerra dos botões”. “ Reza a lenda” e que ousa escalar Ney Matogrosso como um capataz viril e assassino? Cauã Raymond praticamente repete seu personagem do motoqueiro rebelde de “ Reza a lenda”. O que mais me incomodou no roteiro foi tentar acreditar na história de amor entre dois adolescentes, ele branco brasileiro, e ela Índia Guarani paraguaia. Não existe chama, não existe credibilidade nessa relação. Por mais metafórica que seja esse encontro Brasil/Paraguai representado nesse amor juvenil, não existe liga. De bom, mesmo, é a atuação dos 2 jovens atores: Eduardo Macedo, no papel de Joca, irmão de Fernando (Caua Raymond), e Adeli Benitez, no papel de Bonasa, a jovem Índia. Caua é ótimo Ator e já provou isso em outros filmes, mas aqui no filme, sua imagem surge meio desconexa no meio de tantos atores desconhecidos. Mesma sensação eu tive quando assisti a "Abril despedaçado", de Walter Salles, quando surgia Rodrigo Santoro no meio dos nordestinos. O filme fica em um híbrido entre ser Pop, através de sua estética, enquadramentos e trilha sonora, e claro, o grupo de motoqueiros, e um filme de denuncia, ao querer fazer o espectador se lembrar que na Guerra do Paraguay, o Brasil matou mais de 60 mil paraguaios, e continua matando, segundo a historia do filme. O filme foi exibido na Mostra Geração, do festival de Berlin, e entrou em Competição em Sundance.

Veronica

\\ “Veronica”, de Paco Plaza (2017) Dirigido pelo cineasta espanhol Paco Plaza, responsável pela trilogia de terror de sucesso “ REC” , “Veronica” pega emprestado o mote de 2 projetos blockbusters: “Invocação do mal” e só seriado “ Stranger things”. Do primeiro, ele pega o mote de histórias sobrenaturais baseadas em fatos reais. Do segundo, o uso de crianças que usam rádios comunicadores e trilha sonora oitentista repleta de sintetizadores. Paco também homenageia a obra prima de Carlos Saura, “ Cria Cuervos”, ao falar da história de crianças presas em um apartamento e pais ausentes. Para isso, ele escalou Ana Torrent, a menina extraordinária de “ Cria Cuervos”, aqui no papel da mãe delas. Em junho de 1991, a polícia foi chamada para uma ligação de emergência em um apartamento. Ao chegar lá, o detetive testemunha um fenômeno paranormal. O filme retrocede 3 dias e acompanhamos a história de Veronica, 15 anos e sua relação com seus três irmãos pequenos, a ausência da mãe e a morte do pai. Com a chegada do eclipse solar, ela brinca com duas amigas de Ouija e acaba invocando o espírito de seu pai. Bem dirigido e com ótimas performance de todo o elenco infantil, o filme se diferencia de similares americanos por trazer um olhar mais realista ao tema e menos fantasioso. Para quem gosta de um bom suspense Inteligente, essa é uma boa pedida.

O último capítulo

"I Am the Pretty Thing That Lives in the House", de Osgood Perkins (2016) Dirigido pelo filho do Ator Anthony Perkins, que estreou em longas com o ótimo filme de terror "The blackcoat’s Daughter", "O último capitulo" foi anunciado como a primeira produção de terror da Netflix, lançado em 2016. A premissa do filme é simples e manjada: uma jovem enfermeira é contratada para tomar conta de uma idosa que está com demência. A idosa mora sozinha em uma casa considerada mal assombrada. Mais: a senhora é uma autora de livros best seller de terror. A enfermeira morre de medo de sentir medo e ainda sofre do coração. Mas aos poucos ela vai percebendo que a casa pode estar povoada de fantasmas. Já de cara, a personagem anuncia em Off que vai morrer. Com essa informação, a gente fica o tempo todo querendo saber do que forma ela irá morrer naquela casa. O que mais me irritou no roteiro na verdade, é porque diabos uma pessoa que sofre do coração e sente medo, fica mais de um ano sozinha tomando conta de uma idosa em um lugar onde coisas estranhas acontecem? Qual o sentido disso? fazer o filme avançar? O filme tem um ritmo extremamente lento, e dificilmente um fã de filme de terror vai curtir o filme. ele não assusta, seu suspense é ultra light e o desfecho ainda é uma bobagem. O Diretor sgood Perkins foi mais bem sucedido em seu filme anterior, assustador e violento. Aqui, ele só promete.

domingo, 26 de novembro de 2017

Logan Lucky- Roubo em família

"Logan Lucky", de Steven Soderbergh (2017) O mais curioso nessa retomada de Steve Soderbergh, que em 2013 havia dito que estava se aposentando do Cinema, é o nome da roteirista, Rebecca Blunt. Totalmente desconhecida e anônima, muita gente acredita ser o pseudónimo do próprio Soderbergh. Muito possível, afinal, "Logan Lucky" é exatamente a historia de "Onze homens e um segredo", com a diferença de não ter o glamour do filme. "Logan Lucky" fala de Loosers, de caipiras de Virginia, que curtem música country, bebem toda noite, e são brutos, sem muita cultura. Nesse universo, residem os irmãos Logan, considerados amaldiçoados pelos populares do local. Jimmy (Channing Tatum) era um jogador de futebol promissor, mas machucou o joelho e virou operário. Clyde (Adam Driver) foi soldado e perdeu uma mão na Guerra do Iraque e agora trabalha como barman. A irmã Mellie (Riley Keough) trabalha em um salão como cabeleireira. Ao perder seu emprego e não ter como bancar pensão para sua filha pequena que mora com sua ex, Bobbie (Katie Holmes), Logan resolve arquitetar um plano para assaltar o dinheiro arrecadado no autódromo durante uma corrida. Além dos irmãos, ele conta com a ajuda de Bob (Daniel Craig), famoso detonador de explosivos, que se encontra preso. Totalmente calcado em um elenco estelar ( que ainda conta com Hillary Swank e Seth Macfarlaine, entre outros), "Logan Lucky" tem um roteiro audacioso, repleto de pormenores que envolvem o dia do assalto, muito bem planejado. Mas como um todo, achei o filme chatíssimo. Longo, aborrecido, com alguns poucos momentos divertidos e /ou de suspense, o filme me ganhou no quesito elenco e elenco de apoio, composto por aqueles tipos totalmente desengonçados, típicos de um filme dos irmãos Coen. Nessa visão da America totalmente desesperançada e aonde os espertos ganham espaço, o filme homenageia os malandros. E se forem charmosos como os potagonistas, melhor ainda. Tecnicamente perfeito, mas emocionalmente sem brilho. Vale como passatempo, mas meia boca.

sábado, 25 de novembro de 2017

Verão 1993

"Estiu 1993", de Carla Simón (2017) Vencedor de vários prêmios internacionais, entre eles no Festival de Berlin 2017 o prêmio de "Melhor primeiro filme", " Verão 1993" foi o filme escolhido pela Espanha para representá-la no Oscar de Filme estrangeiro em 2018. O filme é uma versão autobiográfica da Cineasta e roteirista Carla Simón, quando ela tinha 6 anos de idade e foi morar com os seus tios. Seus pais haviam morrido de Aids, que na época ainda era uma doença bastante prematura, e por isso ela sofreu muito preconceito. Laila, alter-ego de Carla, demora a se habituar a morar com seus tios. Ela morava em Barcelona, e agora precisa morar no campo, e mais, se adaptar a conviver com Anna, a filha pequena dos tios, por quem ela nutre ciúmes. A grande forca do filme é a performance arrebatadora das duas crianças. Laia Artigas, como Laila, e Paula Robles, como Anna, agem de forma extremamente naturalista, e atuam espontaneamente, como se a câmera estivesse escondida. Existem cenas que ficamos nos perguntando como que as meninas conseguiram decorar as falas e interpretá-las. Os adultos também são ótimos, mas o filme é das crianças. Carla Simón imprime um ritmo bastante lento para o filme, e o roteiro segue de forma totalmente fragmentada, como se fossem cenas aleatórias mostrando o dia a dia de Laila. Muitas cenas são totalmente documentais. O filme me lembrou bastante do clássico de Carlos Saura, "Cria Cuervos", Menos pela questão política e mais pela perversidade das crianças e o olhar extremamente aguçado sobre o mundo dos adultos. Confesso que fiquei frustrado com o desfecho, em aberto.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O Pai de Itália

"Il padre d'Italia", de Fabio Mollo (2017) Co-escrito e Dirigido por Fabio Mollo, "O Pai de Itália" ganhou vários Prêmios internacionais. Sensível e contundente, esse drama romanceado narra a história de Paolo (em bela interpretação de Luca Marinelli), um jovem homossexual que trabalha como vendedor de uma loja de departamentos. Triste pelo rompimento de seu namoro com seu namorado de 8 anos, que desejava ter um filho, Paolo vai para o dark room de uma boite gay. Lá, ele conhece Mia (Isabella Ragonese, excelente), uma jovem rebelde grávida que desmaia na sua frente. Imatira, Mia implora para que Paolo a leve até o pai de seu filho, em outra cidade. Paolo pede a van da empresa emprestada e segue estrada com a jovem. O que ele não poderia imaginar, é que ali será o inicio de um road movie e de uma viagem de auto-conhecimento. Com dois personagens protagonistas bastante carismáticos e apaixonantes, " O Pai de Itália" conquista o espectador. O filme tem momentos bastante poéticos e lúdicos, enaltecidos pela lindas locações em Turim, Nápoles, Roma. A fotografia de Daria D'Antonio, que dez 2a unidade em "A grande beleza", é lindíssima. Para quem curte um bom road movie e um filme de gênero, vai gostar bastante. Um bom resgate do melodrama italiano.

Lola Pater

"Lola Pater", de Nadir Moknèche (2017) Escrito e dirigido pelo Cineasta francês de descendência marroquina Nadir Moknèche, "Lola Pater" é um lindo veículo para o talento da Diva francesa Fanny Ardant. Ela interpreta Lola, ou Farid. Farid foi casado com Malika, ambos argelinos. Mas Farid foi embora após o nascimento de Zino, pois sempre soube que quiz ser mulher. Décadas depois, após a morte de Malika, Zino resolve procurar seu pai por conta da herança, mas se surpreende ao descobrir que agora seu pai é uma mulher. Impossível não pensar em Almodovar, mas um Almodovar apenas na temática, sem os excessos dele. Com um elenco maravilhoso liderado por Ardant, totalmente crível fazendo a transsexual, temos também Tewfik Jallab, no papel de Zino. Belo Ator, ele confere ao seu personagem todas as nuances complexas: frustração, dor, tristeza, humilhação, alegria. Bem dirigido, econômico, sem apelar para lágrimas, o filme emociona e conquista justamente pela sua simplicidade. Bela fotografia.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Mala Mala

"Mala Mala", de Antonio Santini e Dan Sickles (2014) Premiadíssimo documentário que faz um retrato da Comunidade das transsexuais e drag queens em Porto Rico. Através do depoimento de 9 entrevistadas, acompanhamos a luta diária de Drags e transsexuais para serem reconhecidas como cidadãs, inclusive fazendo aprovar uma Lei inédita que proíbe discriminação para seleção em empregos por conta de critérios associados a identidade de gênero. Divertido e emocionante, as entrevistas são feitas em palcos de night clubs, de inferninhos, na zona de prostituição e em lugares turísticos da cidade. Uma das drag queens, "April", foi selecionada para participar do programa "Rupaul's drag race" e virou celebridade no País. Os depoimentos são muito crus e obviamente, falam sobre bullying, aplicação de hormônios, a dúvida de fazer operação de mudança de sexo, e a briga interna entre os próprios grupos que possuem preconceito entre eles mesmos ( uma Transsexual acusa as que se prostituem de denegrirem a imagem delas). Os números musicais são deliciosos, registrados com muita sensibilidade pela dupla de diretores. Fotografia e trilha sonora ajudam a dar uma atmosfera "Glitter" , e mesmo em momentos melancólicos, existe uma aura de força e empoderamento presentes no ar. O Desfecho é emocionante, começando pela Marcha gay em 2013, e revelando o destino de cada uma das entrevistadas. Um filme que merece ser exibido e discutido pela platéia.

Ninguém está olhando

"Nadie nos mira", de Julia Solomonoff (2017) Premiado em vários Festivais, entre eles o Cine Ceará, de onde saiu com Melhor Filme, Melhor Ator, Edição e crítica, e em Tribeca com o prêmio de Melhor Ator, "Ninguém está olhando" celebra a profissão do Ator. O olhar da co-roteirista e Diretora Julia Solomonoff poderia em principio, ser confundido com um ponto de vista extremamente cruel sobre essa profissão. O protagonista, o Ator argentino Nicola (Guillermo Pfening, soberbo), abdica de uma carreira em ascensão na Argentina com uma novela de sucesso, para tentar a carreira em Nova York, protagonizando um filme independente de um jovem Cineasta mexicano. Ficamos sabendo que na verdade, Nicola era amante do Diretor da novela, Martin, casado e com filha, e resolveu sair daquele ambiente pois se sentia sufocado. No entanto, a sua vida em Nova York vai de mal a pior: os produtores querem um ator famoso; nos testes que vai fazer para papel de latino o consideram europeu demais, por seu loiro e seu visto está para vencer. Sem dinheiro, Nicola faz bicos de garçon, de babá, chegando até mesmo a roubar em mercados. Nesse verdadeiro mundo cão da instabilidade profissional e financeira, Nicola vai esgotando as suas possibilidades. E' um filme que deve ser visto por todos os atores, pois provavelmente, alguma das situações retratadas já foram vividas. Assédio, frustração, testes de elenco claustrofóbicos, humilhação, busca por um perfil. Um filme doloroso, que fala sobre sonhos frustrados, mas que acende uma luz no fim do túnel para quem não larga mão da profissão.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O porteiro do dia

"O porteiro do dia", de Fábio Leal (2017) Premiado curta gay pernambucano, repleto de safadeza e malícia. Os atores Edilson Silva e Carlos Eduardo Ferraz passam mais da metade do filme pelados e trepando, entregando ao filme 2 interpretações viscerais e bastante despojadas. Marcelo é um jovem técnico de som de cinema, e mora em um condomínio. Gay assumido, ele flerta com o porteiro Márcio. De tanto seduzir, ele acaba conquistando Márcio, que segue com ele em seguidas cenas de sexo quente. O mais interessante do filme, escrito e dirigido por Fabio Leal, é mostrar que mesmo dentro do gueto gay, existe um forte preconceito racial e social. O filme é longo para um curta, 25 minutos, mas tem belas cenas, como a final, na praia ao entardecer. Fora isso, na trilha sonora eclética, Fabio resgatou a cult de Marina Lima, "Pé na tábua", e o hino pop do Daft Punk, "Giorgio by Moroder". O Ator Carlos Eduardo Ferraz tem uma divertida cena na cozinha, de cuecas, dançando e cantando um hit de Beyoncé. Definitivamente, um filme contra a caretice.

O outro lado

"Al otro lado", de Rodrigo Alvarez Flores (2017) Premiado curta mexicano, escrito e dirigido por Rodrigo Alvarez Flores. O filme narra a história de amor entre 2 jovens gays, Claudio e Felipe. Um dia, o pai de Claudio flagra os 2 na cama e a=manda o filho para os Estados Unidos. Felipe, desesperado, atravessa a fronteira, em busca de seu amado. Com enxutos 15 minutos, o filme apresenta uma história de amor trágica, calcada nos sentimentos verdadeiros entre 2 jovens, impossibilitados de assumir o seu caso pela homofobia de seus pais. Bem dirigido, com bela fotografia e edição, o filme emociona e surpreende pelo seu belo desfecho. Pode-se dizer que é um filme mais de edição do que de roteiro, pois a história é bem simples, e no caso, é a edição que traz a surpresa na narrativa.

Mudbound: Lágrimas sobre o Mississipi

"Mudbound", de Dee Rees (2017) Epico baseado em um livro de Hillary Jordan, "Mudbound" foi produzido pela Netflix e exibido com muito sucesso no Festival de Sundance 2017. Dirigido por uma jovem Mulher negra, e com fotografia também de uma mulher, Rachel Morrison , de "Fruitvalley Station", o filme parece uma mistura de " O primeiro ano do resto de nossas vidas" com "Mississipi em chamas". Do primeiro filme, ele pega o tema de soldados que lutaram na 2a Guerra Mundial e que voltaram repletos de traumas e tragédias pessoais. Do filme de Alan Parker, ele pega o tema do racismo no Sul dos Estados Unidos, e a influencia da Klu Klux Klan na vida dos negros que moravam na região. Com quase 140 minutos de duração, o filme faz um raio X de 2 famílias em Mississipi: os brancos da família MacAllan, e os negros da familia Jackson. Ambientado entre os anos 30 e 40, o roteiro espertamente dá voz a todos os Personagens, cobrindo vários Pontos de vista: do homem negro, da mulher negra, da mulher branca, do Homem branco racista, do homem branco favorável `a causa negra. Dee Rees evitou polemicas, e assim, todos encontram o sue lugar no filme, deixando claro o ponto de vista do movimento feminista e da luta pelos direitos sociais. O filme tem excelente interpretação de todo o elenco: Carey Mulighan, Garret Hedlund, Jason Clarke, a cantora Mary J. Blidge, estreando com muita força no papel da matriarca da família Jackson, Rob Morgan ( incrivel como o patriarca Jackson) , Jason Mitchell como o carismático Ronsel e por ultimo, Konathan Banks, assustador como o vilanesco Pappy, lider da familia MacAllan e da Klu Klux Klan. Belíssima fotografia, ótima reconstituição de época, mão firme na direção de Dee Ress, fazem desse filme um projeto obrigatório.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Assassinato no Expresso Oriente

"Murder on the orient express", de Kenneth Branagh (2017) Adaptado da obra homônima de Agatha Christie, e levada `as telas em uma versão famosa de Sidney Lumet em 1974, essa nova versão do suspense protagonizado pelo Detetive belga Hercule Poirot veio coberto de uma saraivada de críticas negativas. No entanto, eu adorei o filme. O filme celebra aquele retorno a um tipo de Cinemão antigo, repleto de Estrelas de cinema, com muito Luxo, Glamour. Um bom roteiro e Atores de alto nível que farão com que você se sinta no palco de um grande Teatro, se deliciando com as falas ditas por eles, cada um com direito a um momento solo. Talvez o grande problema do filme seja que muita gente já viu o original e já sabe o seu desfecho. Eu mesmo fiquei me perguntando se Kenneth Branagh ousaria mudar o final, somente para surpreender quem esperasse o óbvio. Kenneth Branagh está ótimo como Poirot, O filme faz várias alusões `a religião, a começar pelo prólogo, no Muro das Lamentações, e o desfecho, uma referencia `a Santa Ceia. Judi Dench, Penelope Cruz, Willen Dafoe, Jonnhy Depp, Michelle Pfeiffer dão vida a personagens repletos de mistério. E' verdade que cada um deles tem pouco tempo na tela, mas também seria impossível te-los o tempo todo, afinal, o filme é de Poirot. Alguns pontos negativos: O ritmo lento de algumas cenas, e principalmente, o CGI, falso demais. No mais, é se deliciar com o filme, e para quem nunca viu, preste atenção em cada detalhe.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Maudie- Sua vida e sua Arte

"Maudie", de Aisling Walsh (2016) Delicada biografia da artista plástica Maude Lewis, considerada uma das Artistas populares mais famosas do Canadá. Nascida em 1903, Maud teve artrite reumatóide na sua juventude, o que a impossibilitou de fazer vários movimentos e a ser considerada uma aleijada pela família. Criada pela Tia Ida e pelo seu irmão Charles, ela engravidou durante uma farra em uma boite local. Sua Tia disse que a bebe nasceu deformada e morreu. Maud conhece Everett Lewis, um pescador rude que está `a procura de uma empregada. ele mora em uma pequena casa afastada, e Maud se disponibiliza para exercer a profissão. Em principio Everett renega a presença daquela mulher em sua casa, mas na falta de opções, a contrata. Aos poucos, ele vai permitindo que ela tome conta de sua casa. Maud tem um dom: a pintura. Ela vai ficando famosa, e Everett ganha dinheiro com isso. A fama de sua pintura simples ganha proporções avassaladoras, até chegar no Presidente americano Nixon. Realizado com sentimentalismo, ( o que pode irritar espectadores que não gostam de uma narrativa novelesca), o filme foi dirigido e escrito por mulheres, e tem esse ponto de vista sobre a condição feminina perante uma sociedade machista. Com belíssimas locações e uma fotografia deslumbrante, alternando as estações do ano, o filme conta com performances avassaladoras de Sally Hawkins e de Ethan Hawke. Sally aprendeu a pintar para viver a personagem, e o seu trabalho corporal impressiona e comove. Ethan vive um tipo meio Clint Eastwood, bronco, e faz esse papel muito bem. O filme ganhou vários Prêmios em festivais Internacionais.

Historias de amor que não pertencem a esse mundo

"Amori che non sanno stare al mondo", de Francesca Comencini (2017) Adaptado de um livro escrito pela própria Cineasta, que está em alta na Itália por seu uma das Diretoras da série de tv de grande sucesso "Gomorra". O filme é um drama romântico, com algumas pitadas de humor e situações bastante ousadas. Com uma excelente interpretação de Lucia Mascino, no papel de Claudia, e de Thomas Trabacchi, no papel de Flavio, o filme fala sobre o amor na meia idade. Claudia e Flavio são professores em uma Universidade em Roma. Após se conhecerem em uma palestra acalorada com estudantes, Claudia se diz apaixonada por Flavio, que aceita o namoro. Em principio felizes, a relação vai se deteriorando, com a neurose e histeria de Claudia, que quer que Flavio se dedique mais ao casal e também deseja um filho, e pelo fato de Flavio se sentir sufocado com tanto amor. O filme se passa em 2 tempos: o passado, retratando esse amor, e o presente, com a tentativa de Claudia namorar uma aluna lésbica, para esquecer de Flavio, e de Flavio namorar uma aluna, para se sentir mais jovem. O filme é repleto de clichês do gênero, mas é tudo feito com muita sutileza, boa direção e mão firme pela diretora. A bela fotografia e as locações exuberantes ajudam a dar um clima romântico e melancólico ao filme, que no final das contas, fala sobre viver novas possibilidades, quando a vida mesmo parece estar entrando no fim. Para quem ama filmes como "Shirley Valentine", uma boa pedida. O filme foi exibido no prestigiado Festival de Locarno.

Vazante

"Vazante", de Daniela Thomas )2017= Premiado no Festival de Brasilia 2017 com os prêmios de Melhor direção de arte e melhor atriz coadjuvante, para Jai Baptista, no papel da escrava Feliciana, " Vazante" também foi exibido no Festival de Berlim. O filme teria passado incólume pelo circuito como um drama que retrata a relação entre Fazendeiro português, negociante de escravos e gado, e o seu casamento com sua sobrinha de 12 anos. Talvez desse mídia por ser o primeiro filme solo de Daniela Thomas. Ou talvez por ser um filme que mostra a sociedade machista opressora já em 1821, e que se mantém igual nos dias de hoje. Nem o excelente trabalho do elenco, mescla de atores brasileiros e portugueses, foi o suficiente para encher os olhos da platéia. O que realmente chamou a atenção de todos, foi o gigantesco bafafá que se formou em relação ao filme, após sua tumultuada exibição no Festival de Brasilia. Um grupo de manifestantes do movimento negro, formado por atores, diretores e críticos de cinema, ficou revoltada com o tratamento que os negros apresentam no filme. Acusaram Daniela, roteirista do filme, de manter o olhar passivo e subjetivo dos personagens negros, que não encontram protagonismo na história nem relevância. Para piorar, o personagem de Fabricio Boliveira, um escravo alforrriado, massacra a comunidade negra, chicoteando e ameaçando de morte. Esse personagem é quase uma cópia do de Samuel L Jackson em "Django", de Tarantino. Após 2 horas de exibição (ritmo extremamente lento), o que ficou realmente para mim, foi a belíssima fotografia de Inti Briones, em preto e branco acachapante, e o rosto do ator português Adriano Carvalho, o seu olhar é avassalador e hipnótico, parece que seus olhos vão saltar das telas. Do roteiro, fiquei frustrado com o desfecho, um lugar comum para quem quer acreditar no amor entre os diferentes.

domingo, 19 de novembro de 2017

E se os gatos desaparecessem da Terra?

"Sekai kara neko ga kietanara ", de Akira Nagai (2016) Adaptação do romance homônimo escrito por Genki Kawamura, " E se os gatos desaparecessem da Terra?" é uma espécie de "A felicidade não se compra", de Frank Capra, versão japonesa. Na tradição do cinema sentimental japonês, que nos trouxe o premiado " A partida", Oscar de filme estrangeiro em 2008, o filme de Akira Nagai fará chorar a platéia que com certeza irá se emocionar com a triste trajetória do jovem carteiro interpretado por um ótimo Takeru Satoh. O Carteiro não tem nome: ele mora sozinho com seu gato. Um dia, ao fazer as entregas postais, ele passa mal. Ao fazer uma consulta médica, descobre ter um estagio avançado de tumor cerebral, que lhe dará poucos dias de vida. Ao chegar em casa, ele é recebido pelo seu duplo, uma espécie de demônio que diz que poderá lhe dar mais dias de vida, contanto que vá se desfazendo de coisas aparentemente supérfluas: celular, filmes, gatos. A medida que ele se desfaz das coisas, vamos descobrindo um pouco mais sobre sua vida: a convivência com a mãe portadora de doença terminal, o seu pai que se fechou em luto, uma ex-namorada traumatizada com uma morte, um amigo cinéfilo tímido. O filme tem um tratamento de filme de fantasia, quase um filme da Disney, mas a sua tristeza impede que ganhe uma refilmagem americana. A cultura japonesa tem uma relação muito diferente sobre o tema da Morte, e aqui ela é tratada de forma bastante piegas, mas mesmo assim, bela. O filme é proibido para pessoas que se irritam com trilha sonora sentimental e cenas que forcam o choro. De brinde, belos planos de gatinhos muito fofos.

sábado, 18 de novembro de 2017

No intenso agora

"No intenso agora", de Joao Moreira Salles (2017) Documentário que faz uma análise sobre o Movimento estudantil e dos trabalhadores por direitos de igualdade social e política nos anos 60 pelo Mundo, mais precisamente no ano de 1968, em Paris, Tchekoslovaquia, Brasil, fazendo uso dos mártires de cada um desses movimentos. Joao Moreira Salles se apropria de imagens amadoras que sua mãe fez quando visitou a China da Revolução cultural de 1966 e faz uma analogia entre o Universo Burguês e o Universo da classe operária e assalariada. Impossível também não identificar um olhar sobre o atual estado sócio-politico-economico no Brasil de hoje em dia, com o Brasil dos anos 60, ou seja, praticamente tudo continua igual. Joao faz toda uma tese sobre todos esses temas propostos, mas aonde eu mais me identifiquei, foi quando ele faz uma critica ao uso da mídia para conseguir os seus intentos. Dois exemplos esmagadores: O líder do movimento estudantil em Paris, Daniel Cohn-Bendit, que usa um poderoso discurso quando fala para um canal de televisão, e que no final das contas, acabou virando vitima de seu próprio personagem: fugiu para a Alemanha bancado por uma Revista burguesa, e depois vendeu a sua historia por dinheiro para a publicação de um livro biográfico. Depois, Quando fala que o Presidente francês Charles de Gaulle venceu a Revolução de maio de 68, quando resolveu não aparecer na tv ( por conta de sua imagem de idos contrastando com os jovens estudantis rebeldes) e gravou um discurso poderoso para a rádio. A sua voz imponente conquistou a nação e ele venceu a luta sem derramamento de sangue. Joao também diz que o movimento estudantil em Paris foi um movimento machista de homens brancos, aonde negros e mulheres fizeram figuração, ao contrario dos americanos. Por conta da alta qualidade das imagens de arquivo mostradas, é um filme obrigatório, mas que tem uma longa duração, e que teria sido melhor apresentada como seriado de televisão dividido em 2 ou 3 capítulos.

Ratos de praia

"Beach rats", de Eliza Hittman (2017) Vencedor de vários prêmios internacionais, entre eles o de Melhor Direção em Sundance 2017, "Ratos de praia" foi escrito e dirigido por Eliza Hittman, Ambientado na Região de Conney Island, em Nova York, o filme apresenta Frankie, um típico adolescente que faz parte de uma gangue de delinquentes que bebem, roubam e paqueram garotas em Conney Island. Frankie mora com sua mãe e sua irmã: seu pai está com câncer terminal. Frankie leva uma via dupla: com os amigos, ele se faz passa por hetero, namorando Simone, uma vendedora de loja que ele destrata. De noite, ele fica online caçando gays mais velhos para transar. Essa vida dupla o levará a um destino trágico. Ótimo drama independente, interpretado com muito vigor por Harris Dickinson, no papel de Frankie, e por Madeleine Weistein, no papel de Simone. Com excelente fotografia, trilha sonora, direção, é um filme que impacta pela sua crueza e visceralidade. Uma historia comum que acontece em qualquer lugar do mundo, sobre jovens em conflito sexual sobre a sua verdadeira identidade e que se transformam em psicopatas. Vale assistir.

Newness

"Newness", de Drake Doremus (2017) Você sabe o que significa "Geração Millenial"? Sao pessoas quase na faixa dos 30 anos, que nasceram no boom da tecnologia do final dos anos 90. Conectados `a Internet desde crianças, não conseguem viver sem estar com o aparelho do celular na mão, fazendo uso de algum aplicativo. Assim são os personagens de "Newness", exibido em Sundance 2017: ricos, bonitos, jovens, bem-sucedidos, sexualmente ativos e em busca de sexo livre e sem compromissos. Fazem uso de aplicativos de pegação para um "one night stand". O Farmacêutico Martin (Nicholas Hoult) e a fisioterapeuta Gabi (Laia Costa, espanhola, protagonista do cult alemão "Victoria") se conhecem em um desses aplicativos. Após uma noite juntos, eles resolvem se ver de novo. E de novo..até criarem um relacionamento estável. Porém, eles não estão acostumados com fidelidade e em dividir assuntos pessoais, e entram em crise. Confesso que no início achei o filme interessante, mas depois foi ficando maçante. Os personagens são chatíssimos, repletos de pequenos dramas burgueses, nada que uma boa terapia não pudesse resolver ou algum tarja preta. Mas não, preferem ficar gritando, jogando coisas chatas na frente do outro, um papo irritante que vai e que volta..ou seja, um filme que quer fazer acreditar que o Amor é possível em uma época onde o egoísmo e o individualismo imperam..mas os roteiristas deveriam ter deixado os personagens mais simpáticos..,do jeito que está, fica difícil aguentar aquela pessoa por meia hora do seu lado. Até mesmo Woody Allen trabalha melhor os seus tipos neuróticos urbanos. Tudo no filme é estilizado: as cenas de sexo, a fotografia, de um pudor que não combina com o tema do relacionamento aberto e repleto de sacanagem que os personagens estão acostumados. Faltou pimenta,

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

O dia depois

"Geu-hu", de Hong San Soo (2017) Impressionante a voracidade com que o Cineasta sul coreano Hong San Soo filme seus longas. Somente em 2017, ele lançou 3 Filmes, todos disputando importantes Festivais Internacionais: " `A noite na praia sozinha", que levou melhor Atriz em Berlin, " A câmera de Claire", com Isabelle Huppert, e esse "O dia depois", que disputou Cannes. Sao muito poucos os Cineastas com tanto prestigio nesses Festivais mundiais, que tem seus filmes disputados a tapas. O mais incrível mesmo, para quem conhece a filmografia do Cineasta, é que todos os seus filmes parecem ser exatamente o mesmo. A estética, o roteiro, a forma de decupar, são sempre as mesmas. Planos Longos, nada de closes, diálogos banais sendo discutidos em restaurantes, no meio de muita comida e bebida. Quase todos os seus filmes giram em torno do tema da infidelidade. Quando lançou " A noite na praia sozinha", todos os olhares se voltaram para sua atriz fetiche, Kim Min Hee, que todos descobriram ser amante de Hong San Soo. A esposa dele fez escândalo, mas de nada adiantou: ele se juntou a Kim, e desde então, ela tem trabalhado em todos os seus filmes. Os últimos filmes são essa expiação sobre a traição. Song é um editor de livros de meia idade, dono de uma livraria. Casado, ele trai sua esposa com sua ex-secretária, que não trabalha mais lá. Ao contratar uma nova funcionária, Areum (Kim Min Hee), sua esposa a confunde com a amante e a destrata. O filme é esse compendio de maus-entendidos, onde dramas pessoas afloram com muita melancolia. Song acaba se tornando um homem mau caráter, pois em momento algum ele desmente `a esposa de que Areum não é a amante. mesmo quando ele diz no inicio, sua esposa não acredita, e ele deixa ela dessa dúvida. Não é dos filmes que mais gosto de Hong San Soo ( o que mais gostei recentemente foi "Certo agora, errado antes', pela brincadeira de linguagem. Mas sempre é bom ver seu elenco trabalhando de forma naturalista e minimalista.

Liga da Justiça

"Justice League", de Zack Snyder (2017) Pipoca da melhor qualidade, me diverti bastante durante 2 horas assistindo a esse primeiro encontro dos super heróis da Liga da Justiça. O elenco foi escolhido a dedo, todos incríveis em seus papéis. Gal Gadot liderando esse time masculino com muita garra, sua Mulher Maravilha é Poder do início ao fim. Ben Affleck e Henry Cavill emprestando canastrice deliciosa ao Batman e Super man, Jason Mamoa arrebentando como Aquaman, Ray Fisher mandando ver como Cyborg e por fim, um Ezra Miller arrepiando e se divertindo muito com seu The Flash. Ele é o contraponto ao Spider man de Tom Holland em "Os Vingadores", emprestando juventude e alegria ao filme. O roteiro é aquele mesmo de sempre, povo salvando o mundo dos malvados, no caso, o Lobo do estepe e seu esquadrão de morcegos que se alimentam do medo. Time vencedor, com um elenco de apoio mega de luxo: Amy Adams, J K Simmons, Diane Lane e Jeremy Irons. Após o filme tem duas cenas finais heim!

Aqui não Aconteceu Nada

"Aqui no ha pasado nada", de Alejandro Fernández Almendras (2016) O cineasta chileno Alejandro Fernández Almendras, que realizou o excelente drama "Matar um homem" em 2014, agora lança outro filme sobre a violência inerte dentro de uma pessoa comum. Baseado em história real, mais precisamente envolvendo um acidente com o filho de um influente Senador chileno, da Família Larrain, o filme fala sobre impunidade, corrupção e mentiras envolvendo o Poder. Vicente é um jovem de família rica. Ele retorna de Los Angeles para voltar a morar no Chile com seus pais. Uma noite, durante uma festa na praia, ele conhece duas garotas. Elas o apresentam a Manuel Larrain, filho de um Senador. Todos bebem muito. Vicente dirige o carro, e logo depois Manuel assume a direção. Vicente é deixado em casa. Horas depois, os jovens o procuram e dizem ter acontecido um acidente: Manuel atropelou um homem e o matou, mas botam a culpa em Vicente, dizendo que ele quem estava dirigindo o carro. Vicente não consegue provar a sua inocência. Com uma boa direção dos jovens atores, o filme não surpreende tanto quanto ao filme anterior do cineasta, inclusive tem um ritmo arrastado e a conclusão do filme é bastante irritante. A trilha sonora repleta de raps só favorece o clichê sobre a juventude alienada, regada a sexo sem proteção, bebedeiras sem fim e drogas pesadas. Surpreendentemente, o filme ganhou o Premio Fipresci da critica no Festival de Cartagena. Ponto positivo é a bela fotografia de Inti Briones, fotografo peruano que já fotografou alguns filmes brasileiros, como "Vazante", "Pequeno segredo" e " Jia Zhengke, o homem de Fenyang".

10 centavos para o número da Besta

"10 centavos para o número da Besta", de Guillermo Planel (2017) Documentário Co-produzido pelo Canal Brasil, contando a sensacional trajetória do Ator gaúcho Paulo Cesar Pereio. Narrado pelo próprio em suas andanças por Sao Paulo, no bairro de Bela Vista, onde mora, ou dentro de seu apartamento, Pereio narra histórias de bastidores de boa parte dos 121 filmes em que trabalhou. Algumas cabeludas ( como a do Motel com Sonia Braga no dia em que faltou luz), ou divertidas, quando entrou no lugar de Joel Barcelos em um filme, pois o mesmo cobrou uma grana e Pereio diz " Tomara que me chamem para todos os filmes que o Joel não topar fazer". Tem também um depoimento lindo, quando ele comenta com um Ator : "Acenda a sua luz". E o Ator " Mas a Luz do set está apagada!". Pereio: " A sua Luz interna!!". O filme vale cada depoimento, cada frase. Imperdível, uma historia do cinema brasileiro, através de um dos maiores representantes, que já trabalhou com quase todos os grandes Cineastas brasileiros. Como ele mesmo diz : " O melhor Cinema Brasileiro é feito aqui no Brasil!". Pereio é uma figura impar, um dos raros artistas com discurso contra as caretices culturais.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O jantar

"The dinner", de Oren Moverman (2017) Exibido no Festival de Berlin em 2016, "O jantar" é baseado em um livro de autoria de Herman Koch. O filme é bem polemico e apresenta 4 personagens adultos e 2 adolescentes moralmente ambíguos, cruéis, corruptos, reflexo dos novos tempos. Ao fim da sessão, fica uma sensação terrível de impotência e de querer fazer desaparecer aquele mundo ali ao qual eles pertencem. Ricos, bem criados, mas totalmente anti-éticos e imorais. O tema do filme me lembrou bastante o drama romeno "Instinto maternal", que ganhou o Urso de Ouro em Berlin 2014. O filme conta a historia de uma mãe rica que descobre que seu filho matou acidentalmente uma criança de 14 anos e faz de tudo para acobertar o crime. Em "O jantar", o mote é o mesmo. Depois de um prólogo apresentando 2 adolescentes ateando fogo em uma sem teto, matando-a com requintes de crueldade, o filme corta para um jantar em um restaurante chique. Ali, somos apresentados a 2 casais: Paul (Steve Coogan) e Katelyn (Rebecca Hall), e Stan (Richard Gere) e Claire (Laura Linney). Paul é professor de historia, Stan está em plena campanha para Governador. O motivo do jantar: eles são os pais dos adolescentes criminosos, e arquitetam um plano para acobertar os crimes. O filme discute ética, racismo, misoginia, mansplanning, luta de classes e tantos outros temas típicos do nosso dia a dia. O filme não esconde a sua narrativa teatral. 80% acontece durante o jantar, dividido em capítulos de uma carta de restaurante. As cenas que acontecem fora do restaurante, vários flashback que fazem o espectador entender melhor a relação conflituosa entre os irmãos e as esposas, achei dispensáveis e fazem o filme focar longo. Mas vale ser assistido e discutido, por conta do seu teor altamente explosivo, e pelo belo trabalho dos 4 atores principais.

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Tab Hunter: Confidencial

"Tab Hunter: Confidential", de Jeffrey Schwarz (2015) Documentário premiado em vários Festivais, apresenta ao espectador a figura lendária de Tab Hunter, um dos atores de maior prestigio dos anos 50 e 60 em Hollywood, antes da chegada de James Dean , Marlon Brando e outros atores da escola naturalista. Tab Hunter representava a essência do americano: branco, olhos azuis, bonito, bom moço. Por muito tempo, essa imagem funcionou, mas logo depois caiu em um profundo ostracismo, até se reinventar em filmes cults como "Polyester", de John Waters. Desde criança, Tab Hunter ( de nome Arthur Andrew Kelm) sempre foi apaixonado por Cinema, mas não tinha ideia de como chegar lá. Quando esse dia chegou, em filmes pavorosos, um agente de atores viu nele um Ator em potencial que poderia explodir, por conta de sua beleza que seduzia a todos. Dito e feito: Tab explodiu, fez filmes de sucesso, ss lançou como cantor , fazia muita publicidade, era tido como o genro que toda mãe queria ter. Mas Tab tinha um segredo: ele era gay. Naquela época, sair do armário era o suicídio para qualquer astro. O Estúdio da Warner Bros o obrigou a sair com estrelas como Natalie Wood para sair nas capas das revistas com possíveis namoradas. Tab sempre sofreu com essa vida dupla. O filme acompanha sua gloria e sua decadência, além de relatar seus namoros com famosos, como Anthony Perkins, que preferiu se casar e ter filhos para não sujar a sua carreira. Hoje em dia, Tab é assumido, e se casou com um produtor de cinema 30 anos mais jovem, Allan Gleizer, que captou para o seu primeiro projeto, "Lust in the dusk", e também produziu esse documentário sobre Tab Hunter. O filme, apesar de bem didático, tem um conteúdo muito interessante sobre como funciona a Hollywood homofóbica e careta dos anos 50 e 60.

Pai em dose dupla 2

"Daddy's home 2", de Sean Anders. Continuação da comedia de grande sucesso, traz de volta s personagens de Brad (Will Ferrel) e Dusty (Mark Wahlberg), 2 pais super atrapalhados. Um é pai biológico e outro é padrasto dos filhos do primeiro casamento de Dusty com Sara). Agora que todos já se deram bem e convivem harmoniosamente, juntos eles preparam a Festa de Natal, juntando as duas famílias. Brad convida seus pais, mas somente surge seu pai, Dom (John Lithgow). Já o pai de Dusty, surge tem ser sido convidado: na infância, ele odiava o pai, que o abandonava para paquerar garotas. Juntos, alugam uma casa nas montanhas, mas muita confusão irá acontecer. A dupla Ferrel e Walhberg já haviam dado super certo no filme anterior. Aqui, eles continuam divertidos, e adicionados aos talentos de Ligthgow e de Mel Gibson, muito `a vontade no papel do pai machista. As crianças também possuem ótimas gags, como a da fila de beijos, sensacional e politicamente incorreta. Esse é um filme para levar a galera para assistirem juntos e racharem o bico de tanto rir.

Uma verdade mais inconveniente

"An Inconvenient Sequel: Truth to Power", de Bonni Cohen e Jon Shenk (2017) \10 anos depois de ter lançado seu documentário, " Uma verdade inconveniente", que fez um alerta para o Mundo e a população sobre o perigo da aquecimento Global, Al Gore surge com um documentário que dá sequencia ao seu pensamento, só que dessa vez, propondo soluções. Através de palestras pelo mundo inteiro, ele arregimenta voluntários, que ajudam a pregar a sua idéia de energia renovável: energia solar e energia aeólica, principalmente, evitando dessa forma soltar combustão e gás carbônico no ar. Al Gore prova através de imagens reais, que o aquecimento global é o responsável pelas inundações, secas, tempestades e outras ações da natureza contra o ser humano. O filme tem um tom bem didático, mas nada que seja chato ou para pessoas com níveis avançados de pensamento. E' um filme que diz a todos, e propõe que todos ajudemos a fazer desse, um mundo melhor. Se Al Gore não dissesse que ele aposentou a política, com certeza todos sairiam do filme desejando que ele seja o próximo Presidente dos Eua, tal o seu carisma. Vale assistir.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Contatos imediatos do terceiro grau

“Close encounters of the third kind”, de Steven Spielberg (1977) Após o grande sucesso de “Tubarão” em 1975, Steven Spielberg co- escreveu e dirigiu esse clássico da ficção científica que acaba de completar 40 anos no ano de 2017. Escalando para os protagonistas Richard Dreyfuss, que acabara de filmar “Tubarão” , e o famoso cineasta francês Francois Truffaut, o filme fez história por conta de seus efeitos especiais e pela trilha sonora épica de John Willian. Revisto, o filme ficou tecnicamente datado, mas mesmo assim o seu roteiro continua instigante. Eu havia me esquecido a lentidão da narrativa, quase que em registro documental, em um filme de quase 140 minutos. Se tivesse sido lançado hoje em dia, teria sido um grande fracasso, mas na época a plateia suportava filmes blockbusters longos e sem ritmo. Dreyfuss interpreta Roy, casado e com três filhos. Uma noite, na estrada, Roy testemunha a aparição de varias naves espaciais e a partir daí ele começa a ter visões. Sua esposa ( Teri Gaar) acha que ele está ficando louco e vai embora de casa com os filhos. Paralelo, um cientista francês, Lacombe ( Truffaut), está trabalhando com o governo americano com o intuito de fazer contato com os extraterrestres. Spielberg como sempre, tem como pano de fundo a desintegração de uma família: pais que se separam, filhos que sofrem com a perda. Spielberg se espelha na sua história real, quando seu pai abandonou a família, e por conta desse trauma, ele sempre procura uma forma de retratar esse drama em seus filmes. No filme, já podemos perceber embriões para filmes futuros de Spielberg: “ Caçadores da arca perdida”, “Poltergeist” e “ Et, o extraterrestre”.

domingo, 12 de novembro de 2017

Loveless

"Loveless", de Andrey Zvyagintsev (2017) Co-escrito e dirigido pelo Cineasta russo Andrey Zvyagintsev ( mesmo realizador dos premiados "O retorno" e "Leviata"), o filme venceu vários prêmios internacionais, entre eles, o Grande Premio do Juri de Cannes 2017. O filme apresenta uma Russia totalmente desencantada, cinzenta, repleta de pessoas egoístas, egocêntricas e sem amor ao próximo. Reflexo do mundo moderno, as pessoas passam o dia todo curvadas olhando para o seu celular, tirando selfies e preocupadas com suas aparências. No meio desse Universo de desamor, somos apresentados ao casal Zhenia e Alexei. Eles estão se divorciando, e cada um já encontro seu novo par. Zhenia namora um homem mais velho, e Alexei namora uma mulher que já está grávida dele. Alyosha é o filho de 12 anos do casal. Indesejado, nem Zhenia nem Alexei querem ficar com ele, que inclusive testemunha a sua mãe dizendo que preferia que ele não tivesse nascido. Um dia, a diretora da escola liga para Zhenia e avisa que Alyosha não vai `a escola por 2 dias. Somente aí, o casal se dá conta do sumiço do garoto, e apreendem uma busca com a policia para descobrir o paradeiro do menino. "Loveless" ´é um filme cruel, e como o próprio titulo diz, não há espaço para amor, carinho ao próximo. Difícil não sair arrasado depois da projeção. Andrey Zvyagintsev. sempre foi pessimista em seus filmes, mas aqui ele vai a um grau máximo de ira contra o ser humano. Ninguém presta. Todas as relações amorosas são frutos da incomunicabilidade e da falta de esperança. O filme tem um ritmo lento, uma longa duração, mas apresenta um excelente time de atores e uma direção segura de Andrey Zvyagintsev. O filme foi apresentado pela Russia como o seu representante para concorrer a uma vaga para o Oscar.

sábado, 11 de novembro de 2017

Na via láctea

"On the Milky Road ", de Emir Kusturika (2016) Nove anos após seu último longa, "Promessas", lançado em 2007, O cineasta iuguslavo Emir Kusturika, duas vezes premiado com a Palma de Ouro em Cannes, lança "Na via láctea", exibido em Competição no Festival de Veneza 2016. O filme saiu com um Premio especial, e o resultado dividiu a crítica. Como sempre, Kusturika se apropria da alegoria e das metáforas para falar de seu Pais que por anos, sofreu as consequências da Guerra dos Bálcãs. Talvez aqui, seja onde ele mais fez uso da fantasia e do nonsense, se apropriando de animais repletos de ação, casais que flutuam no ar, galinhas neuróticas que se olham no espelho, gansos que se banham em sangue para atrair insetos e outras bizarrices. Para os mais cinéfilos, é aqui que Kusturika mais se aproxima do cinema do chileno Jodorowsky e do francês Michel Gondry, que não escondem a sua influencia no surrealismo e no onírico para transformar cenas dramáticas e trágicas em mero lirismo e poesia. O filme é muito bonito e mágico, como se fosse tudo um grande sonho colorido mesclado a pesadelos violentos. Morte e Amor, sexo e tragédia caminham de mãos dadas durante o filme. Kusturika interpreta o protagonista Kosta, um leiteiro que cruza a fronteira durante a Guerra dos Balcãs nos anos 90 para entregar leite aos soldados. Cavalgando com sua jula e tendo companheiros um falcão e seu guarda chuva, Kosta está prestes a se casar com uma mulher na região. No entanto, ele acaba conhecendo a noiva de seu cunhado. Ela (Monica Bellucci) possui um passado trágico, assim como Kosta. Ambos se apaixonam, e fogem, mas são perseguidos por soldados. Repleto de efeitos especiais ( a bem da verdade, bem toscos), o filme chama a atenção pelo uso de uma variedade enorme de animais de cena, o que me fez pensar sobre a dificuldade de filmar os animais. Fora isso, Kusturika investiu bastante em cenas musicadas e cenas de guerra. Monica como sempre belíssima em cena, e Kusturika também não faz feio (impressiona sua semelhança com o ator americano John C. Reilly). Mas o que atrapalha essa viagem lisérgica épica é a sua longa duração, 125 minutos. Do meio em diante, o filme se resume `a perseguição dos soldados contra o casal, e ai o filme perde o ritmo e o fôlego. 20 minutos a menos, por favor...

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A noite é delas

"Rough night", de Lucia Aniello (2017) Juro que fiz de tudo para gostar dessa comédia, mas foi quase impossível. Co-escrito pela Diretora Lucia Aniello, junto do ator Paul W. Downs, que interpreta o namorado de Scarlett Johansson, " A noite é delas" é um arremedo de "Se beber não case" com " Um morto muito louco". A ideia era fazer uma versão feminina desses dois sucessos do cinema, valorizando o protagonismo feminino. No entanto, o roteiro é tão ruim, e as atrizes são tão sem carisma e chatas, que fica difícil achar graça ou mesmo rir. Alguém consegue achar graça de uma cena onde as protagonistas deliberadamente cheiram pó, como se fossem tomar coca-cola e acharem essa atitude super normal? Ou testemunharem a amiga transar com um casal ninfomaníaco ( pobre Demi Moore!!!!) e achar isso normal? O filme tem um repertório infame de gags pretensamente feitas para serem engracadas, mas surtem o efeito contrario. Um exemplo: As maigas estouram um champagne no aeroporto para comemorar, e toda a figuracao se abaixa, achando que é uma bomba! Serio que é para rir? Nada funciona. Roteiro sem graça, personagens antipáticos ( nem Scarlet está bem) e um time de atrizes que foram escaladas sem simpatia. O protagonista masculino só está lá porque ele co-escreveu o roteiro. Sabe qual a piafa relacionada ao personagem dele? Ele descobre que está sem dinheiro para colocar gasolina no carro, e vários turistas perguntam se ele não topa 15 dólares pra pagar boquete!!!!!! A história? Um grupo de amigas se reencontram 10 anos depois de formadas e resolvem fazer uma despedida de solteira em Miami. Para tal, contratam um stripper, que acaba morrendo acidentalmente. Daí elas fazem de tudo para esconder o corpo deles.... Para quem gosta de piadas sujas e sacanas, pode até ser que goste....mas a verdade é que não é engraçado. Uma pena. O filme foi um mega fracasso de critica e publico nos Estados Unidos, e aqui no Brasil decidiram não lançar no cinema, indo direto pro dvd.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O castelo de vidro

"The glass castle", de Destin Daniel Cretton (2017) Dirigido pelo mesmo realizador do premiado filme independente "Short term 12", produção que lançou o nome de Brie Larson para a mídia, "O castelo de vidro" é baseado em uma incrível história real, escrito pela jornalista Jeannette Walls. Jeannete Walls ( Brie Larson na fase adulta) cresceu em um lar disfuncional. Seus pais, Rex (Woody Harrelson, excelente) e Rose Marie (Naomi Watss, emocionante) criam seus 4 filhos com muito amor, mas sem dinheiro, comida e nem mesmo um lar. O casal é contra o sistema capitalista e materialista, e por isso, vivem pulando de lar em lar, de casa abandonada para casa abandonada. Rex não consegue se fixar em nenhum emprego mas isso não o desespera. eles possuem uma forma muito peculiar de educar os filhos. O filme é contado pelo ponto de vista de Jeannette já adulta, prestes a se casar com um contador e famosa colunista de fofocas. Ao ser questionada quem são seus pais, que ela faz questão de esconder, e testemunhar os dois catando comida no lixo, Jeannette tem flashes do seu passado. Gostei muito do filme, que foi super mal lançado no circuito, e me lembrou bastante do filme com Viggo Mortensen, "Capitão Fantástico". A premissa é muito semelhante. Pais que usam da criatividade e da imaginação e do amor da família para se manterem serem unidos. O filme emociona, e o elenco é um grande trunfo. Woody Harrelson é um excelente ator que faz bem tudo o que ele interpreta. Seu personagem é bastante polemico e complexo e fica difícil o espectador sentir carisma por ele, mas por incrível que pareça, ele consegue. Algumas cenas são fortes e nos fazem pensar sobre como educar entes queridos, mas a mensagem do filme é bem clara. Um filme que vale assistir, por fazer questionar valores., família e do que vale a pena nessa vida.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O nó do Diabo

"O nó do Diabo", de Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi (2017) Filme de terror brasileiro que conseguiu o feito de ter sido selecionado para a Competição principal do prestigiado Festival de Brasilia em 2017, "O Nó do Diabo" se apropria do gênero para fazer uma metáfora da situação politico-social brasileira dos dias recentes. Racismo, escravidão, luta de classes sociais, machismo, intolerância. O filme percorre 200 anos da história do Brasil, em 5 episódios independentes mas interligados por todos esses temas e por um personagem: Fernando Teixeira, que em todos os curtas representa o papel do Senhor do Engenho. O filme retrocede no tempo, como se dissesse que o Pais também retrocede na sua historia: começa em 2018, segue para 1987, 1921, 1871 e termina em 1818, todos ambientados na Paraíba, na mesma Fazenda de Engenho, onde havia um cemitério de escravos. O filme se apropria da estética trash de filmes de terror dos anos 70 e 80, com muito sangue, gore e vísceras. Difícil não se lembrar das produções de Lamberto Bava e Lucio Fulcci. O filme é prejudicado pela sua longa duração ( 126 minutos) e pela total irregularidade na qualidade dos episódios. Os melhores são os 2o e 2o ( o do casal que pede emprego e o das irmãs escravas). Os outros são problemáticos no quesito Direção , elenco irregular e efeitos. O quarto episódio deveria ter sido cortado na edição, sua historia pouco acrescenta e tem um ritmo muito arrastado, alem de ter uma linguagem totalmente destoante dos demais. De qualquer forma, é bastante louvável a realização de um filme de gênero no Brasil, mas acho difícil ele ser um projeto que irá conquistar um grande público. No elenco, nomes de peso como Zezé Motta e Everaldo Pontes dão peso a um enorme quadro de personagens.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A última fronteira

"The last face", de Sean Penn (2016) Nove anos após o sucesso de seu último filme, "Na natureza selvagem", lançado em 2007, Sean Penn realiza um dos filmes mais vaiados na Competição em Cannes 2016. Tendo como pano de fundo a guerra civil entre diferentes tribos no Sudão, Charlize Theron e Javier Barden protagonizam uma história que foi execrada pela crítica Internacional, acusados de colocarem Atores brancos liderando um elenco de negros sem voz ativa, situação semelhante a encontrada no filme de Daniela Thomas, "Vazante", que tem como tema a escravidão no Brasil. Para mim, o mais grave no roteiro escrito por Erin Dignam é deixar em segundo plano toda a questão da luta armada na Africa, provocando milhares de mortes, e valorizar o vai e vem amoroso entre os médicos Wren (Charlize Theron) e Miguel (Javier Barden). Sao 2 filmes que não combinam, não se misturam e gritam entre si, tal o disparate. Sean Penn teria tido sorte maior se apenas tivesse seguido o seu feeling de Cineasta engajado em causas sociais, no caso, refugiados da Africa. Wren é filha de um dos fundadores de uma Ong que cuida de feridos da guerra civil em países do terceiro mundo. Durante uma ação na Africa, ela conhece o medico Miguel, e ambos se apaixonam. Acompanhamos 10 anos na relação do casal, e o filme é dividido em 2 tempos que se entrecruzam na edição, para que o espectador fique se perguntando o que causou o rompimento do namoro deles. ( o filme começa com Miguel, nos dias de hoje, procurando por Wren e ela se recusa a recebe-lo). Sean Penn caprichou nas cenas de violência, muito provavelmente para chocar a plateia e chamar a atenção para o que está acontecendo em vários países da Africa. O filho de Sean Penn e de Robin Wright, Hopper Penn, faz uma participação com um piloto de helicóptero e tem uma das falas mais bizarras do filme, quando aponta para uma jovem africana dançando e diz que ela foi estuprada e teve a pele entre a vagina e o anus rasgada. Outros astros internacionais foram sub-aproveitados, como Jean Reno, que praticamente faz figuração, e Adèle Exarchopoulos, que faz uma enfermeira e está ali somente para criar um totalmente dispensável triângulo amoroso. O filme tem mais de 130 minutos e parece interminável!

domingo, 5 de novembro de 2017

A infância de Ivan

"Ivanovo detstvo", de Andrei Tarkovsky (1962) Primeiro longa dirigido pelo Cineasta russo Andrei Tarkovsky, Vencedor do Leão de Ouro de melhor filme em Veneza 1962. Passei boa parte da minha vida achando que o filme era sobre a infância do Czar russo Ivan, o Terrível, e por isso demorei a assistir. Para minha surpresa, ao assistir, descobri que o filme é baseado em um conto de 1957, escrito por Vladimir Bogomolov e Michail Papava. Ivan é um garoto de 12 anos, cuja família foi assassinada pelos nazistas que começaram a ofensiva para invadir a Russia durante a 2a Guerra Mundial Ivan se alia aos soldados russos e se torna um espião, se infiltrando em front alemão para obter informações e trazer para os russos. Protegido de 3 oficiais, um deles, Coronel Kholin, decide mandar Ivan para uma escola militar, para protege-lo do inevitável embate entre as duas frentes. Mas ivan se nega a abandonar a batalha, absorvida pela sede de vingança. Com uma fotografia impressionante de Vadim Yusov, "A infância de Ivan" se apropria de imagens em preto e branco que oscilam entre o realista e o fantasmagórico. Isso porque o filme é quase todo pelo ponto de vista de Ivan: quando ele se apega `as suas memórias, relatando momentos felizes com sua família, o filme tem um tom luminoso, onírico. Na frente de batalha, adquire tons soturnos, de um grande pesadelo. A performance do jovem ator Nikolay Burlyaev, na época com 15 anos, também impressiona pelo seu vigor e energia. Tarkovsky era famoso em dirigir atores, e exigia deles uma presença cênica imponente, quase que como se estivessem no centro de um palco de teatro. O trabalho de câmera alternando profundidade de foco e movimentos de grua ou panorâmica revelando detalhes do cenário, dos rostos combalidos dos personagens. Os enquadramentos valorizam tudo: locação, cenário, personagens, em perfeita composição, como quadros pintados. A fumaça onipresente, o som da gota d'água constante deixando claro o grande incomodo que o filme quer causar. Tarkovksy não foi o primeiro Diretor do filme, tendo entrado logo após a Mosfilm ter desistido de outros 2 cineastas. Já no primeiro trabalho, Tarkovsky deixou claro a sua marca autoral, que foi se lapidando a cada filme em planos mais longos e com temática mais voltada ao metafísico e ao questionamento religioso.

sábado, 4 de novembro de 2017

Vida em família

"Family life", de Ken Loach (1971) 3o Longa dirigido pelo consagrado Cineasta inglês Ken Loach, em 1971. Até então, boa parte de sua produção foi voltada para a teledramaturgia. Com suas produções voltadas para a temática social do homem comum e trabalhador, Ken Loach passou a ser conhecido como um Cineasta de esquerda. Em seus filmes, invariavelmente ele faz críticas ao Governo Inglês, que deixa a população assalariada `a mercê de burocratas que destroem a vida das famílias menos abastadas. Em "Vida em família", acompanhamos o drama de Janice (Sandy Ratcliff, excelente), uma jovem de 19 anos, filha de pais ultra-conservadores. Os pais de Janice a recriminam por ela não viver uma vida "normal": não consegue emprego, uma relação estável e para piorar, ela engravida de um namorado pintor. Janice vai piorando o seu estado mental, tamanho o assédio moral praticado pelos seus pais, que acaba sendo diagnosticada como esquizofrênica. Levada para fazer tratamentos psiquiátricos polémicos, Janice vai perdendo a sua noção de indivíduo. Filme cruel, que mostra como o conflito de gerações pode prejudicar a educação de uma jovem. Os pais de Janice vivem questionando a liberdade dos jovens como causadora dos distúrbios morais e sociais no Governo. A alienação provocada pela esquizofrenia é uma metáfora que Ken Loach encontrou para explorar esse enorme abismo geracional e educacional que até hoje, provoca danos aos jovens. Filmado como um documentário, e com excelente performance naturalista de todo o elenco, o filme recebeu 6 prêmios internacionais, 6 deles no Festival de Berlin em 1972. Uma aula de direção e de atuação.

Brawl in cell block 99

"Brawl in cell block 99", de S. Craig Zahler (2017) Absolutamente chocado com a hiper violência desse drama criminal do mesmo Realizador do excelente "Bone Tomahawk", um faroeste de canibais protagonizado por Kurt Russel. Acredito que nem a franquia "Jogos mortais" inteira se equivalem aos 30 minutos finais desse filme estrelado por um insano e possesso Vince Vaughn, aqui reconstruindo a sua carreira, quando muitos em Hollywood já o davam por encerrada. Vince interpreta Bradley Thomas, muito provavelmente tendo como referencia o Jake la Motta de Robert de Niro em "O touro indomável". Bradley é um ex-boxeador, que atualmente trabalha como operador de guincho de carros para uma oficina. Ao ser demitido, ele chega mais cedo em casa e reencontra sua esposa Lauren (Jennifer Carpenter, ótima) o traindo. Após um acesso de fúria, ele a perdoa. Passa um ano, Bradley virou traficante, se associando ao seu amigo Gil, e Lauren está grávida. Bradley acaba preso em uma operação que dá errado. Sua esposa é sequestrada e para libertá-la, o sequestrador quer que Bradley se transfira para um presidio de segurança máxima e mate um traficante, a mando do sequestrador, caso contrário, a esposa e o bebe de Bradley serão executados. O filme é longo, 135 minutos, e até a primeira hora a história ainda está sendo estabelecida. A partir daí, o roteiro habilmente vai deixando o espectador encucado, tentando descobrir de que forma Bradley sairá essa arapuca. Definitivamente, não é um filme para fracos. Para os que conseguirem assistir até o final, vai se deparar com uma performance fabulosa de Vaughn. O cineasta e roteirista S. Craig Zahler. é um esteta da violência, e em seus filmes ele mostra a angústia pelo qual seus personagens precisam passar, revelando seus instintos mais animalescos. Parabéns para o time de maquiadores e protéticos, pois os efeitos realmente são de assustar qualquer um.

O animal cordial

"O animal cordial", de Gabriela Amaral Almeida (2017) Escrito e dirigido por Gabriela Amaral Almeida, " O animal cordial" é um raro filme de gênero brasileiro que abraça o Filme B repleto de sangue e violência gore. O filme homenageia toda aquela linha de filmes obscuros que fizeram a alegria dos marmanjos sedentos por filmes sádicos de Wes Craven, Lucio Fulcci e outros que tinham prazer de matar seus personagens com requintes de violência. Lembram de "Quadrilha de sádicos", "Feliz aniversário macabro"? Nessa produção da RT Features, vencedor dos Troféus Redentor de Melhor Ator (Murilo Benicio) e Melhor Atriz (Luciana Paes) do Festival do rio 2017, Gabriela Amaral propõe uma metáfora da sociedade brasileira, repleta de machismo, homofobia, racismo, corrupção, luta de classes sociais e escravidão. Tudo isso está encrustado na aparente paz e sossego das personagens que habitam o restaurante de Inácio (Benício): a garçonete Sara (Paes), o casal de clientes ricos Veronica (Camila Morgado) e Bruno, um advogado vivido por Jiddu Pinheiro. Temos também um cliente que é um policial á paisana (Ernani Moraes), um cozinheiro homossexual (Irandhir Santos) e por fim, uma dupla de assaltantes, um nordestino (Ariclenes Barroso) e um playboy (Humberto Carrão). Os personagens enfrentam seu dia de fúria e saem distribuindo tiros, facadas e navalhadas, tudo embalado por uma trilha sonora que evoca todos os sintetizadores dos filmes dos anos 70 e 80, além de reminiscência de trilhas de Kubrick e John Carpenter. O filme é uma fantasia, tem gente que leva a sério, e tem gente que acredita estar diante de uma enorme alegoria sócio-economica e política brasileira. De fato, não é um filme que irá agradar a todo mundo, mas há de convir que Gabriela foi corajosa em convencer um elenco renomado a encarar essa sangria bestial, e mais, desnudar Luciana Paes de uma forma que nem Neville D' almeida teria coragem em seus filmes clássicos. Em tempos de caretice e censura, é muita coisa.

Depois daquela montanha

“The mountain between us”, de Hany Abu Assad (2017) Quase todo filme trabalha com metáforas, e esse suposto filme de aventura e sobrevivência não poderia deixar de ser uma. As montanhas geladas e assustadoras acabam sendo uma simbologia da relação fria e distante entre duas pessoas totalmente opostas em histórias de vida. Eu seria a última pessoa do mundo a convidar o Diretor palestino a dirigir esse drama romântico ( ele dirigiu filmes importantes e premiados como “ Paradise Now”), mas ainda bem que os produtores americanos têm essa noção de que um Cineasta pode ser eclético e filmar qualquer gênero, qualquer tipo de filme (quando se permitem, claro). Ben (Idris Elba) é um médico. Alex (Kate Winslet) e uma fotógrafa jornalística. Ambos se encontram no aeroporto de Idaho e precisam embarcar para Nova York. Ele para encontrar a esposa, ela para casar. Mas impossibilitados de embarcar, resolvem alugar um pequeno bimotor ( o piloto é o sumido Beau Bridges, irmão de Jeff Bridges). Quando estão atravessando as montanhas geladas, o piloto sofre um derrame e o avião cai. A partir daí, é a costumeira luta pela sobrevivência, e por sorte, acompanhados pelo esperto cachorro do piloto, que estava no avião. Idris e Kate carregam o filme, mas o excesso de "facilidades" que o roteiro se permite, para fazer a história caminhar, incomoda bastante. Para quem quer um sessão da tarde romântico ( pois é isso o que o filme acaba sendo), é uma boa pedida. Para os que buscam ação e aventura...melhor não esperar tanta adrenalina.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

No Rio vale tudo

"Si tu vas à Rio... tu meurs", de Philippe Clair (1987) Rodado no Rio de Janeiro de 1987, o que mais surpreende nesse filme de produção Franca/Italia/Brasil é a presença do consagrado fotógrafo Walter Carvalho na ficha técnica. No original, o filme tem a tradução de "Se você for ao Rio, você morre", o que deixa claro os propósitos dessa comédia escrachada e despropositada, que destrói a imagem da cidade Maravilhosa mundo afora. Absolutamente todos os clichês sobre o rio de Janeiro para gringos se encontram aqui: assaltos por pivetes, praias erotizadas com mulheres se oferecendo para qualquer um, traficantes em cada esquina, Wilson Grey no elenco...tem até um taxista que a cada pedestre que ele atropela e mata, ele comemora..,para o pavor do protagonista, um Padre italiano que vem ao Rio trabalhar em uma Paroquia e que é assaltado assim que pega o bonde da Lapa, ficando apenas de cuecas. O que ele não sabe, é que ele tem um irmão gémeo, que tem como comparsas um grupo de traficantes que vieram ao Rio vender 1 milhão de dólares em cocaína que eles encontraram aleatoriamente dentro de um peixe quando estavam pescando na Itália!!!!!!!!! E mais: a única mulher do grupo é...Roberta Close! Ela mesma, dando porrada em todo mundo e seduzindo os homens colocando os seios `a mostra! O filme tinha tudo para ser um clássico trash, daqueles de fazer a gente morrer de rir..mas o efeito infelizmente não é esse. A gente fica constrangido com tantas piadas ruins...o que de fato vale ver no filme, são as imagens da cidade da época, e um elenco com talentos queridos que já se foram: Elke Maravilha, Tiao Macalé, e Wilson Grey. E claro, Roberta Close em cena é sempre um evento! Ainda mais, dublada! Ver a ficha técnica também é uma diversão, muita gente boa que ainda trabalha no audiovisual está ali presente hehe...e isso numa época que não tinha celular nem computador! Viva o Cinema!