domingo, 30 de setembro de 2018

Hotel Artemis

"Hotel Artemis", de Drew Pearce (2018) Longa de estréia do roteirista Drew Pearce, que escreveu, entre outros, "Homem de ferro 3", é uma ficção científica de ação que tem toda a cara de produção da Netflix, mas foi lançada nos cinemas e devidamente destruída pela crítica. Assistindo ao filme, achei que tem uma proposta bem interessante, e uma aura cult que já começa pelo elenco eclético: Jodie Foster, Jeff Goldblum, Sofia Boutella, Dave Bautista ( o Drax de "Guardiões das galáxias"), Zachary Quinto e muito mais. O filme acontece quase que todo dentro de um Hotel, chamado Artemis, coordenado pela Enfermeira Thomas ( Jodie Foster), cuja função é receber bandidos feridos em ação. O Hotel pertence a um poderoso mafioso ( Goldblum), que pretende repassar o empreendimento ao seu filho, o também marginal Crosby (Quinto). O filme começa com uma quadrilha assaltando um banco. Feridos em ação policial, os 2 irmãos, Honolulu e Waikiki, fogem e seguem até o Hotel Artemis para serem atendidos. O local já está repleto de outros marginais, e o bando de Crosby também segue para lá, a fim de recuperar uma caneta com dados roubado por Waikiki. O filme lembra um pouco o filme indonésio "The Raid", onde policiais e bandidos se enfrentam numa mesma locação. é bem curioso ver Jodie Foster comandando essa produção obscura, mas ela defende muito bem sua personagem, de passado trágico. O visual é bem interessante, e mesmo que não chegue a arrebatar, é um filme que prende a atenção e que funciona muito como passatempo.

Uma noite de doze anos

“La noche de 12 años”, de Álvaro Brechner (2018) Dirigido e escrito pelo uruguaio Álvaro Brechner, essa co-produção Uruguai e Argentina foi selecionado pelo Uruguai para tentar uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2019. O filme narra a emocionante e dramática trajetória de 3 amigos guerrilheiros, entre eles, o jovem José Mujica, o Pepe, ( o ator espanhol Antonio de lá Torre o interpreta magistralmente) , futuro Presidente do Uruguai em 2009. De 1972 a 1985, ele e seus dois companheiros, Eleuterio, futuro ministro, e Maurício ( Chino Darín), futuro escritor. Os três pertenciam ao grupo dos Tupamaro, grupo de resistência, e foram presos. Como não poderiam ser mortos, sofreram todo o tipo de tortura psicológica por parte dos militares. A direção do filme é brilhante, fazendo uso de vários conceitos linguísticos. Os atores estão incríveis e o filme contém muitas cenas antológicas: o encontro da mãe de Mujica, e o desfecho, além da cena que os militares invadem uma casa onde estão os guerrilheiros, uma aula de cinema. Atenção também ao ótimo trabalho de Cesar Troncoso, no papel de um General. Obrigatório!

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Baronesa

"Baronesa", de Juliana Antunes (2017) Premiado documentário dirigido e escrito por Juliana Antunes, é uma produção mineira toda rodada em Belo Horizonte, mais precisamente, na comunidade de Vila Mariquinhas, periferia da Capital. O filme, com um olhar totalmente feminino ( o filme tem uma equipe quase toda de mulheres), foca sua câmera em 2 protagonistas: as amigas e moradoras Andreia e Leidiane. Assim como qualquer morador de comunidade, as duas já se acostumaram a todas as barbaridades: tiroteiro, tráfico de drogas, violência doméstica, assédio, brigas, desemprego, etc. Mesmo assim, no bate papo descontraído das duas, elas procuram encontrar um fiapo de motivação para continuarem vivendo e batalhando seu dia a dia: os filhos, os bailes, o sexo, os amigos, as drogas ( tem uma impressionante cena onde uma delas cheira de forma totalmente espontânea uma carreira de cocaína, junto de um amigo, sem qualquer tipo de preocupação de estarem sendo filmados). Lá na parte final, durante uma conversa, elas presenciam um tiroteiro: o câmera se esconde, mas para elas, é apenas mais um dia. É um filme que não pode ser visto como um documentário etnográfico sobre moradores de comunidade. Existe um propósito para ele: acompanhar seres humanos no limite da sobrevivência e da dignidade, e que não perdem jamais a sua esperança de uma vida melhor. Andreia almeja se mudar pro bairro vizinho, Baronesa, mas lhe falta dinheiro. Um filme digno, que merece ser visto e discutido.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O homem perfeito

"O homem perfeito", de Marcus Baldini (2018) Divertida comédia romântica que realmente faz rir com situações e diálogos ácidos e totalmente antenados com os novos tempos de combate ao machismo e empoderamento feminino. Tudo bem que as 2 personagens femininas, Diana ( Luana Piovani) e Mel ( Juliana Paiva) não conseguem viver sozinhas e estão em busca de seus parceiros ideais. Mas se não fosse isso, acabariam de vez as comédias românticas, não? Dinâmico, atores espertíssimos e em bons momentos, com bela fotografia de Marcelo Brasil. Um passatempo muito digno de muitas sessões da tarde. Diana (Piovani) namora há anos com o nerd Rodrigo (Marco Luque). Chega uma hora que ela cansa da falta de ambição do namorado e o bota para fora de casa. Sozinha, ela percebe que sua vida era melhor com ele, mas aí, ao visualizar uma rede social, descobre que ele namora uma menina mais jovem, Mel, aspirante a bailarina profissional. Diana acaba sendo convocada pelo seu editor para escrever a biografia de um sertanejo mimado, Caique (Sergio Guizé). Os dois não se bicam, mas Diana acaba tendo uma idéia: se aproveitar de Caíque para usara rede social e provocar Mel, criando um perfil falso onde o avatar se diz apaixonado por ela. Mas os planos dão errado para todos os lados. Com uma leve pitada de "Cyrano de Berjerac", o filme cumpre o que promete: diversão, risos, tudo de forma despretenciosa. Vale assistir!

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Rosa Morena

"Rosa Morena", de Carlos Augusto de Oliveira (2010) Primeira co-produção Brasil e Dinamarca, "Rosa Morena" pega emprestado a música de Dorival Caymmi e batiza uma história que fala sobre adoção aqui no Brasil. Thomas ( Anders W. Berthelsen, em ótima atuação), é um engenheiro bem sucedido dinamarquês, que vem para São Paulo para visitar um amigo dinamarquês que se casou com uma brasileira (Viviane Pasmanter), que trabalha para uma Ong. Thomas revela que veio para tentar adotar uma criança brasileira, já que em sue País, ser gay e solteiro, dificulta bastante as possibilidades. Thomas conhece um advogado que oferece um serviço sujo de adoção, e ele recusa. Ao conhecer Maria (Barbara Garcia), uma jovem de comunidade, desempregada e alcóolatra, que está grávida, Thomas enxerga a possibilidade de negociar o bebê que está para nascer. Finalizado em 2009, o filme nem chegou a ser lançado comercialmente no Brasil, tendo sido exibido na Mostra Internacional de cinema de SP. O que é uma pena: é um filme bastante decente, tecnicamente muito bom, que reúne um time de grandes profissionais do Brasil, e que fala em temas muito atuais. O filme fez muito sucesso em Festivais estrangeiros tendo ganho vários filmes. O filme carrega na dose do melodrama, mas para quem gosta de sentimentos extremados, é uma boa pedida. O diretor e co-roteirista Carlos Augusto de Oliveira mora há mais de uma década na Dinamarca, e foi o mentor do projeto

Técnica de um delator

"Les doulos", de Jean Pierre Melville (1963) Filme de gangster preferido de Martin Scorsese e de Quentin Tarantino, "Técnica de um delator" é uma obra-prima policial que tem um trabalho formidável de Direção, Roteiro e elenco, aliados à uma trilha sonora poderosa de Paul Misraki e de uma fotografia em preto e branco de Nicolas Hayer, que homenageia o CInema noir americano. Acredito que esse roteiro tenha sido uma referência para que Scorsese realizasse o seu "Os infiltrados", por sua vez, remake de um filme chinês. O tema da fidelidade entre bandidos e a possível traição de um deles como informante da polícia, é a matéria prima desse filme complexo, que engana o espectador o tempo todo. Maurice ( Serge Reggiani) é um bandido que sai da prisão após 6 anos de cadeia. Ele vai procurar um amigo que intercepta jóias roubadas e o mata, roubando dinheiro e as jóias. Em seu caminho, ele cruza com Sillein ( Jean Paul Belmondo), um parceiro do crime, mas que Maurice acredita ser informante da polícia. A cena inicial do filme, com Maurice em longo plano-sequência caminhando por uma travessa, com certeza inspirou Tarantino no início de "Jackie Brown", com a protagonista andando em uma esteira rolante. Muitos virtuosismos de câmera, como a famosa cena de 360o dentro de uma delegacia, ou a bela cena final, debaixo da chuva, com uma fotografia incrível. O filme é essencialmente masculino, e às mulheres são relegados papéis secundários. existe uma cena que provavelmente, se o filme tivesse sido lançado hoje em dia, teria sido massacrada pela galera do politicamente correto: uma das mulheres sendo torturada. É uma cena forte, comandada por um Jean Paul Belmondo arrasador, 3 anos depois do seu mega sucesso em Acossado", de Godard.

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sem data, sem assinatura

'No Date, No Sign", de Vahid Jalilvand (2017) Absolutamente atordoado após a sessão desse filme multi premiado em diversos Festivais, incluindo os prêmios de melhor Diretor e Ator (Navid Mohammadzadeh, que interpreta o pai) na Mostra Horizonte do Festival de Veneza 2017. O filme lembra bastante a filmografia de Asghar Farhadi, aclamado Diretor de "O apartamento"e "A separação;". São muitos pontos em comum: o cinema iraniano urbano, mostrando a classe média e a classe baixa lutando no dia a dia de uma cultura conservadora, religiosa e machista. A questão da culpa permeia totalmente o filme: pesa na consciência dos 2 protagonistas masculinos, e cabe às mulheres a serenidade para tentar refletir sobre os atos de seus companheiros. Fiquei surpreso com a forma como o filme apresenta as personagens femininas: fortes, cheias de personalidade e lutando pelo seu espaço e sua voz. Dr Kaveh é um médico legista de um Hospital Iml. Ao sair do trabalho, de noite, ele é fechado por um carro e acaba atropelando uma família que estava na moto. O menino de 8 anos se machuca, o medico pede pro pai levá-lo ao hospital. O pai quer chamar a polícia, mas o médico pede para que não, pois seu seguro está vencido e indeniza o homem com dinheiro. No dia seguinte, o menino aparece morto no hospital, e a autópsia diz que ele morreu de botulismo. Com o peso na consciência,a crente que o menino morreu por conta do acidente, o médico se mantém em silêncio. Porém essa sua atitude acarretará consequências trágicas para todos. Com um roteiro primoroso, que vai levando o filme a um redemoinho de reviravoltas na trama, o filme se favorece também da Direção, do elenco fenomenal ( todos os 4 protagonistas estão formidáveis!) e da fotografia. existe um plano, visto pelo retrovisor, que é uma obra prima de concepção. Outro momento inesquecível, é a cena do pai urrando do lado de fora, em luto pela morte do filho. Uma porrada no estômago, comparável ao grito em silêncio de Al Pacino em "O poderoso chefão 3".

Vermelho, branco e azul

"Red, white and blue", de Simon Rumley (2010) Um dos filmes mais violentos e brutais a que eu assisti, não recomendo a ninguém ver, a não ser que não se incomode em ver uma menina de 10 anos ser torturada e esfaqueada, um rapaz ser escalpelado vivo e uma mulher ser mutilada e decapitada. Esse filme inglês venceu vários prêmios em festivais de cinema de gênero, como o Fantasia, e é uma produção inglesa. OS 3 atores principais dão um show de visceralidade, mas deve ter sido um pesadelo para todos eles terem feito o filme. Erica é uma mulher que perambula pelas noites de bar em bar, flertando com homens e transando com eles, sem uso de camisinha. Nate é um ex-veterano da guerra do Iraque, e procura um emprego na cidade. Franki é um jovem guitarrista de uma banda de rock, e cuida de sua mãe, que está com câncer. Essas 3 histórias se cruzam de forma aterrorizante. As histórias se entrecruzam, até chegar ao terço final, quando tudo converge. Atenção: somente assista se você tiver visto "Martyrs", um filme com cenas de violência semelhantes. é um filme realista, não é como "Jogos mortais", que é tudo fantasioso. Para fazer perder noites de sono.

domingo, 23 de setembro de 2018

O samurai

"Le samourai", de Jean Pierre Melville (1967) Um dos filmes preferidos de Tarantino, essa obra-prima de 1967 é uma adaptação do livro de Joan Mcleod. Primoroso em todos os seus quesitos técnicos: roteiro, fotografia em tons acizentados de Henri Decaë, trilha sonora jazzística de François de Roubaix , montagem vigorosa de Monique Bonnot e Yolande Maurette e o talento magnético de Alain Delon , em mais um de seus personagens antológicos, depois de "O sol por testemunha" e de dois clássicos de Visconti, "Rocco e seus irmãos"e O leopardo". Jean Pierre Melville era um grande apaixonado pelo cinema americano e sua linguagem, especialmente o cinema noir, que ele homenageia espetacularmente aqui. Melville foi contra a corrente dos cineastas da Nouvelle Vague, que estavam em busca de novas linguagens e o movimento estava tomando conta da França. Alain Delon interpreta Jef Costello, um assassino de aluguel que mora sozinho em um cafofo, junto de seu passarinho, preso em uma gaiola. Jef segue a regra dos samurais, sempre de forma meticulosa e solitária. No entanto, ao cometer seu próximo assassinato, ele é visto por uma testemunha, uma pianista de um bar. Jef é preso como suspeito, mas logo em seguida, solto. Tanto a polícia quanto os criminosos que o contrataram estão em sue encalço. O filme é repleto de cenas antológicas, entre elas, 2 de destaque: a perseguição no metrô, ao final; e a brilhante cena de 2 policiais grampeando o seu apartamento. essa cena é uma aula de montagem e edição de som: silenciosa, apenas com o pio do passarinho como fundo sonoro, é uma cena bastante tensa. Alain Delon representa aquele assassino elegante, bem vestido, frio e meticuloso, que apaixona as mulheres. Confesso que eu jamais havia ouvido falar desse filme, e somente tomei conhecimento após assistir ao documentário de Bertrand Tavernier, onde ele homenageia o cinema francês: "O cinema através do cinema francês". Obrigatório!

Dogman

"Dogman", de Matteo Garrone (2018) Realizador dos premiados "Gomorra" e "Reality", Matteo Garrone ganhou inúmeros prêmios por "Dogman", incluindo Melhor ator em Cannes ( para Marcello Fonte) e Palma de ouro para o elenco canino. O filme narra a história de Marcello, dono de uma pet shop em um bairro pobre de periferia. Sem amigos, Marcello vive da companhia dos cães que ele toma conta. Separado de sua esposa, Marcello recebe constantemente visitas de sua filha, a quem ele promete uma viagem. Sem dinheiro para cumprir sua promessa, Marcello se deixa seduzir por Simone, um marginal brutamontes da região, temido por todos. Marcello vende pequenas quantidades de cocaína para ganhar dinheiro extra, e Simone é grande consumidor. Simone convida Marcello para um roubo, mas as coisas terminam mal. Brutal, é um filme extremamente violento, lembrando os primeiros filmes de Tarantino, como "Cães de aluguel"., com longas cenas de tortura. Marcello Fontes interpreta de forma genial o protagonista, alternando momentos de delicadeza com brutalidade. Edoardo Pesce, no papel de Simone, também está antológico, com um personagem bastante complexo, baseado muito em sua extrema forma física, mas também em seu silêncio e olhar carrancudo. Bela fotografia de Nicolai Brüel, em tons escuros, trazendo uma atmosfera de pesadelo para as cenas noturnas. A cena de Marcello tentando reavivar um cachorro congelado pelos bandidos é antológica e angustiante.

Viagem através do Cinema francês

"Voyage à travers le cinéma français", de Bertrand Tavernier (2016) Exibido em importantes Festivais internacionais, como Cannes e San Sebastian, "Viagem através do Cinema francês" é um ambicioso documentário de 3:30 horas de duração, dirigido por um dos Cineastas franceses mais premiados do mundo, Bertrand Tavernier. Tavernier dirigiu alguns clássicos, como "Por volta da meia noite" e "Um sonho de domingo". Nesse documentário roteirizado por ele, ele passa a limpo Cineastas, compositores e atores que fizeram a sua formação cinematográfica. Não esperem o Cinema francês passado a limpo. Tavernier foi bem meticuloso, e citou apenas poucos profissionais da filmografia francesa. Os Cineastas Jacques Becker, Jean Renoir, Marcel Carné, Jean Pierre Melville, Claude Sautet, François Truffaut, Jean Luc Godard, Jean Vigo, Jean Sacha; o compositor Maurice Jaubert, e os Atores Jean Gabin e Eddie Constantine, famoso com o detetive Lemmy Caution, depois homenageado em "Alphaville", de Godard. O filme , diferente de documentários de cinema, como o de Scorsese, tem um ponto de vista extremamente pessoal. Tavernier fala da importância desses técnicos, e também cita relatos curiosos, como a péssima fama de Melville, que destratava equipe e elenco, ou o estrelismo de Jean Gabin, considerado um Ator de caracterização. O filme obviamente será melhor apreciado por Cinéfilos apaixonados pelo Cinema francês. Eu mesmo conheço muito pouco da quase centena de filmes citados aqui, principalmente os da década de 30 a 50. Tavernier conta como o cinema foi importante na sua infância, para fugir do sofrimento da 2a Guerra mundial. e por conta da falta de alimentos, ele acabou contraindo desnutrição e teve um problema de visão. O documentário foi criticado por algumas pessoas por somente apresentar filmografia de Cineastas homens, deixando um espaço ínfimo para Agnes Varda. O próprio Tavernier prometeu que caso realize outro documentário sobre o cinema francês reservará mais espaço para as Cineastas.

sábado, 22 de setembro de 2018

Noite de Terror

"Black Christmas", de Bob Clark (1974) Clássico cult de terror de 1974, considerado como o precursor do "Slasher"nos Estados Unidos. "Halloween", de John Carpenter havia sido concebido para ser uma continuação desse filme, mas logo depois o próprio Carpenter desistiu da idéia. O elenco do filme conta com as participações de Olivia Hussey ( "Romeu e Julieta", de Zefirelli), Kir Dullea ( "2001, uma odisséia no espaço") e Margot Kidder ( Lois Lane de "Superman"). Totalmente rodado no Canadá, o filme foi dirigido por Bob Clark, que uma década depois, ficaria famosos por rodar a comédia erótica "Porky's". Em uma casa, moram várias estudantes da Universidade. Elas comemoram o Natal, enquanto um serial killer se instala na casa delas. Uma a uma vai sendo assassinada, e o corpo, escondido. As garotas pensam que as colegas desaparecidas foram embora, mas logo a polícia procura investigar o sumiço, mas ninguém se dá conta de que o assassino está na própria casa. Diferente dos outros slashers, "Noite de terror' investe na dramaturgia. As protagonistas são independentes, e a protagonista, Jess, discute com o seu namorado porquê ela quer abortar. As cenas de morte não são gráifcas como os filmes que vieram a seguir. Mas é um filme bastante curioso, pois seus diálogos são bastante explícitos, quando o assassino faz ligações telefônicas, ela cita coisas que fariam Hilda Hildst ficar com vergonha.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Halloween- A noite do terror

"Halloween", de John Carpenter (1978) O maior sucesso comercial de toda a filmografia do Mestre do terror John Carpenter ( custou 300 mil dólares e rendeu 70 milhões), é também considerado um dos melhores filmes do gênero em toda a história do cinema. Tem críticos que o consideram o precursor do "Slasher", enquanto outros creditam a "Noite do Terror"(Black Christmas), de 1974, como o filme que deu origem aos filmes com Serial Killers em cenas de assassinatos explícitos, com requintes de crueldade. No Cinema italiano, desde os anos 60 já existia o "Giallio", graças aos filmes de Mario Bava, Dario Argento, que exageravam nas mortes e ainda traziam doses fartas de erotismo. Os americanos censuravam o sexo, tanto que virou cartilha que todo casal que faz sexo, morria na sequência. Não tem como negar que uma das grandes referências de "Halloween" vem de "Psicose": a casa assustadora, a facada no início do filme que remete à cena do chuveiro e também a escadaria. A atriz Jamie Lee Curtis é filha de Janet Leigh, protagonista de Psicose". A máscara do assassino Michael Meyers, lembra muito o semblante de Norman Bates no final, aquele olhar totalmente sem emoção e frio. Em 1963, na cidade de Haddonfield, na noite de Natal, o então garoto Michael Meyers assassina sua irmã mais velha, sem motivo aparente. 15 anos depois, ele escapa do sanatório, e retorna à cidade, dessa vez para aterrorizar os habitantes, entre eles, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), babá de Tommy, e que na noite de Halloween precisa cuidar do menino. O psiquiatra Dr Loomis ( Donald Pleasence) , que cuidava de Michael, vai ao seu encalço, para evitar que ele mate mas pessoas. "Halloween" é uma verdadeira cartilha de como criar tensão e suspense. Todos os filmes posteriores copiaram as suas formulas, inclusive duas que odeio, mas que entendo que faz parte: o assassino que anda a passos lentos, ao invés de correr; e quando a heroína acha que matou o vilão e fica ali, plantada sem fazer nada. Não dá para falar do filme sem citar a excelente trilha sonora , composta pelo próprio John Carpenter, que compôs um tema absolutamente assustador. Sempre revejo o filme, que teve 7 continuações, incluindo um reboot dirigido por Rob Zombie. Em 2018, foi lançado um novo filme, produzido por John Carpenter, que ignora totalmente as continuações e segue do filme original.

Takara- A noite em que eu nadei

"Takara - La nuit où j'ai nagé", de Kohei Igarashi e Damien Manivel (2017) Há tempos eu não assistia um filme tão minimalista como esse aqui, talvez apenas em filmes iranianos, como "O balão branco". A premissa do filme pode ser contada em apenas uma linha, e durante os quase 80 minutos do filme, sem diálogos, acompanhamos um menino de 6 anos que, saudoso do pai, vai em sua busca, fugindo da escola e tentando encontrar o local do trabalho dele. Takara ( o personagem e o ator mirim têm o mesmo nome) todo dia acorda com o barulho do carro do seu pai, que sai de madrugada pro trabalho, no mercado de peixe. Ao sair de casa com sua irmã para a escola, ele decide sair pelas estradas repletas de neve e perambular pela cidade. O filme é repleto de pequenos momentos , quase um documentário. Bastante melancólico, o filme faz um retrato de certa forma fria e cruel da sociedade japonesa, da falta de compaixão e de comunicação entre as pessoas. O menino de 6 anos vaga pelas ruas o dia todo, e simplesmente nenhum adulto estranha a solidão do menino. Como uma fábula, o filme começa com "As quatro estações de Vivaldi", fazendo a junção entre as culturas ocidental e oriental (assim como a dupla de cineastas, um japonês e um francês). O ritmo é bastante lento, e pode aborrecer espectadores menos acostumados com um cinema mais contemplativo. Linda fotografia e o pequeno Takara é um colírio para os olhos, uma fofura total. O filme foi exibido no Festival de Veneza 2017.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

7 dias em Entebbe

"Entebbe", de José Padilha (2018) A história real do sequestro de um avião no ano de 1976, que partiu de Telaviv com destino a Paris, rendeu vários filmes, sendo o mais famoso com Charles Bronson. O Cineasta José Padilha, que realizou os sucessos "Tropa de elite" e "Robocop", investe em mais uma versão da história, com um elenco internacional, encabeçado pelo alemão Daniel Brühl e pela inglesa Rosamund Pike, interpretando 2 dos 4 terroristas favoráveis à libertação da Palestina após a criação do estado de Israel em 14 de maio de 1948. Esses 4 terroristas ( 2 alemães e 2 palestinos) sequestraram o avião e o levaram até Entebbe, na Uganda, dominada pelo ditador Idi Amin. Israel se recusou a negociar com os terroristas e acabou invadindo o local. Padilha chamou seu parceiro da fotografia, Lula Carvalho, e na trilha sonora convocou Rodrigo Amarante, ex-integrante do grupo Los Hermanos. O filme tem mais drama do que ação, e seu ritmo é dado mais pela trilha do que pela montagem em si (a montagem é de Daniel Rezende). O filme não me empolgou, talvez porque eu estivesse esperando mais ação, algo como "Munique", de Spielberg. Também não curti as inserções de dança contemporânea, uma metáfora da relação dos soldados e do conflito em si. O que valeu a pena no filme, foi botar os 2 lados da mesma moeda como vilões e mocinhos. Num jogo onde a Paz é o prêmio, todos saem perdendo pela intolerância.

Venus

"Venus", de Eisha Marjara (2018) Longa de estréia da documentarista e curta-metragista canadense Eisha Marjara, que também escreveu o roteiro. Essa comédia dramática conta a história de Sid, uma transgênero que está a um passo de fazer a cirurgia de mudança de sexo. De família repressora indiana, Sid descobre que tem um filho de 14 anos, fruto de sua relação com Kirsten, sua ex-colega de faculdade com quem teve um casal antes de decidir virar uma mulher. Em princípio Sid renega o menino, mas aos poucos vai se encantando com a sagacidade do menino. Sid também precisa lidar com o medo de seu namorado, Daniel (Pierre-Yves Cardinal, que interpretou um homofóbico em "Tom na fazenda") de assumir o romance deles em público. Delicado, realizado com muito carinho ( é visível o amor com que a diretora Eisha Mariara lida com seus protagonistas), "Venus) diverte e emociona, em uma comédia de costumes com mais momentos dramáticos do que cômicos. O filme apresenta bem o drama de Sid, que sofre de todos os lados: seus pais, o namorado, o filho, a ex-mulher, todos a pressionam, deixando Sid totalmente desbaratado. Com excelente performance de Debargo Sanyal, no papel de Sid, é um filme antenado com os novos tempos de família nuclear, discutindo temas tabus. Bela fotografia e muitos momentos emocionantes.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Gente de bem

"The land of steady habits", de Nicole Holofcener (2018) Adaptação do romance de Ted Thompson, "Gente de bem" foi adaptado pelo próprio e também pela Diretora Nicole Holofcener. O filme é um drama familiar, e tem como protagonista Anders (Ben Mendelsohn), um homem que acabou de completar 60 anos e por conta disso, resolveu pedir divórcio, sair de casa, abandonando mulher e filho. Anders também pediu demissão do trabalho e passa o dia tentando decorar a sua casa, na verdade, uma forma de ocupar o seu tempo ocioso. Carente emocionalmente, ele transa com diversas mulheres, mas não se esquece de sua ex-esposa, que está namorando. O filho de Anders, Preston, tem um péssimo relacionamento com seus pais e com a vida. Anders resolve tentar reatar com a ex e com o filho. Com algumas pitadas mínimas de humor, "Gente de bem' procura fazer um retrato da família americana de classe média suburbana totalmente looser, um tema muito comum ao drama independente americano. Mas aqui acho que faltou carisma aos personagens. Achei todos sem sal, apáticos, não me envolvi com nenhum deles. A gente assiste ao filme, quebra o galho, mas não emociona. "A pequena Miss Sunshine" ou o filme "Amizades improváveis' tratam do mesmo tema de forma absolutamente encantadora.

Limites

"Boundaries", de Shana Feste (2018) Sensível e simpática comédia dramática do gênero Road Movie", o famoso "feel good movie". onde o espectador ri, se emociona e chora um pouquinho no final da sessão. O Road movie é uma espécie de muleta para o roteirista criar situações de reconciliação entre parentes, uma estrutura já bem manjada, mas que particularmente, eu gosto muito. Vera Farmiga, protagonista da franquia "A invocação do mal", interpreta Laura, uma mulher abandonada pelo marido e vice com seu filho problemático, Henry ( Lewis MacDougall, de "Sete minutos depois da meia noite"). Carente, ela recolhe animais na rua e traz para casa. Precisando de dinheiro para pagar uma escola especial para Henry, Laura liga para o seu Pai, Jack (Christopher Plummer), internado em uma asilo para idosos e que acabou de ser expulso de lá porque plantava maconha para revender. Há anos sem se falarem, ele topa dar o dinheiro, com a condição de levar levá-lo até San Francisco. Laura topa, e leva seu filho junto, mas ignora o real motivo de seu pai fazer a viagem. Todo o elenco está bastante carismático: Farmiga, Plummer, o menino, e também o ótimo elenco de apoio, composto dos veteranos Christopher Lloyd e Peter Fonda. O roteiro e a direção de Shane Feste funciona a contento: nada inovador, mas cumpre sua missão de contar uma boa história com emoção.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

A primeira noite do crime

“The first purge”, de Gerard McMurray (2018) Prequel do grande sucesso de 2013, “ A Noite do crime”, com Ethan Hawke, e que depois gerou mais 2 continuações, foi também escrito pelo mesmo Diretor dos outros filmes, James DeMonaco, porém a função da Direção coube a Gerard McMurray. Esse filme veio repleto de postura anti-Trump: diferente dos filmes anteriores, onde os assassinatos podiam ocorrer com qualquer indivíduo, sem distinção de raça, sexo ou classe social, em “ A primeira noite do crime”, o alvo são os negros e os latinos. Os brancos, em sua totalidade, são os vilões da história, incluindo um grupo da Klu Klux Khan. O mais curioso e ousado do roteiro, é que ele é politicamente incorreto: o mocinho do filme é um traficante de drogas. A gente acaba torcendo para que ele e sua gangue de mal encarados e traficantes matem todos os homens brancos que surgem na frente deles, afinal, os caucasianos são muito, muito malvados. O filme fala sobre a decadência do Governo americano: desemprego em massa, muitas dívidas, população violenta, crescimento de imigrantes e da população pobre, basicamente negros e latinos. O governo decide fazer um experimento, restrito apenas à região de State Island, em Nova York, uma área notoriamente pobre: a população, durante 12 horas, poderá matar quem ela quiser, sem sofrer qualquer tipo de punição. Tem gente que é contra e outros não entendem direito, então o governo decide dar 5 mil dólares a cada cidadão que permanecer no local durante essa noite. O filme é até bem dirigido, com boas cenas de ação e efeitos, além de um ótimo elenco de atores negros. Mas para quem é fã da franquia, esse filme vai ser considerado dos mais fracos, justamente porquê ele sai da premissa do filme original, e acabou se transformando mais em uma crítica social do que um filme de terror, que era a base do original. Aqui prevalece as cenas de ação, dos justiceiros à la Bruce Willis e Stallone, que resolvem se armar e sair pipocando tiros para salvar seus entes queridos. Li que agora a franquia vai se transformar em seriado. Vão ter que tirar leite de pedra para sustentar um mote que já está mega batido.

Uma criatura gentil

"Krotkaya", de Sergey Loznitsa (2017) Pegando emprestado o título de uma obra do escritor russo Fiódor Dostoiévski, o filme "Uma criatura gentil" não é adaptação do conto. Concorrendo no Festival de Cannes em 2017, o filme é uma metáfora contra o Governo do Presidente Putin. Eu poderia até dizer que é quase que uma versão russa do clássico "Brazil, o filme", de Terry Gillian. Uma forte crítica ao Governo, à burocracia do estado, às tentativas fracassadas do Herói de poder cumprir a sua missão. Uma mulher ( a protagonista não tem nome, e é creditada como "Uma criatura gentil") mora no interior sozinha, pois seu marido foi acusado de um assassinato e está preso em uma penitenciária na Grande cidade. Pobre, ela manda pelos correios constantemente, uma caixa com roupas e comida para ela. Um dia, ela recebe de volta a última remessa de caixa. Intrigada pela devolução, e sem notícias de seu marido, ela decide juntar dinheiro e ir até a penitenciária. Ao chegar lá, ela é confrontada com uma máfia de todo tipo de gente, que tenta lhe extorquir dinheiro para entrar na prisão, para poder dormir uma noite em uma pensão, que tenta lhe roubar a caixa de provisões do marido. Funcionários burocratas e mal humorados, uma legião de prostitutas que moram na cidade para atender aos visitantes do presídio, cafetões, bandidos, etc. A mulher tenta, em vão, lutar contra todo esse sistema. Com inacreditáveis 150 minutos de duração, o que torna a experiência de assisti-lo um ato praticamente heróico do espectador, e também com um ritmo extremamente lento, "Uma criatura gentil' tem uma performance vigorosa da protagonista e também um ótimo time de atores fazendo os inúmeros personagens secundários. O diretor Sergey Loznitsa se apropria de planos longos para contar a sua história, que tem um ato final alegórico, quase uma encenação do cineasta Emir Kusturica, com os seus excessos e ambiente quase carnavalesco e bufônico. O que mais gostei no filme, foi que em muitas cenas, a narrativa começa com personagens que não fazem parte da história, fazendo algum tipo de comentário social e político, e daí, a câmera vai até a protagonista, mostrando que ela é testemunha desses registros, como se ela fosse o espectador. Um recurso bem interessante.

Luna

"Luna", de Cris Azzi (2018) Após o grande sucesso de crítica de "Ferrugem", de Aly Muritiba, mais um filme nacional expõe o mesmo tema do bullying e do vazamento de vídeo íntimo de uma jovem estudante trazendo consequências trágicas para os envolvidos. Produção mineira, o Cineasta e roteirista Cris Azzi realiza o seu primeiro longa de ficção, após ter realizado documentários e de ter trabalhado em mais de 20 Longas como Assistente de direção, entre eles, dos diretores Karin Ainouz e Sergio Rezende. Luana é uma jovem de classe média baixa, que mora na periferia junto de sua mãe. Ela vai começar um novo ano letivo, e no primeiro dia de aula, ela conhece Emília, uma jovem de família rica. As duas criam forte laço de amizade. Um dia, elas brincam na internet, e se expõem uma para outra, nuas (Luana usa o nick "Luna" na web). Esse vídeo acaba sendo roubado e é espalhado por todos na escola. Minimalista, o filme traz performance naturalista do elenco. Eduarda Fernandes e Ana Clara Ligeiro, Luana e Emília no filme, são estudantes de interpretação que acabaram ganhando os papéis. O filme tem um ritmo lento, e uma cena que correu o risco de parecer tosca ( a cena do delírio de Luana). Mas os temas propostos por Cris no filme acabam superando eventuais deslizes: a sororidade, o emponderamento feminino, o machismo, o bullying, a ausência de um núcleo familiar, o assédio sexual e moral. Na sessão que eu fui, a platéia aplaudiu em êxtase a cena final. O fotógrafo Luis Abramo traz uma bela luz ao filme, melancólica, e sua câmera em alguns momentos faz lembrar "Elefante", de us Van Sant, explorando o ambiente da escola através do personagem, com a câmera colada em seu ombro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Seu amor ferve a água do banho

"Yu wo wakasuhodo no atsui ai", de Ryôta Nakano (2016) Nossa, chorei cem mil litros assistindo a esse fabuloso drama japonês, indicado pelo Japão para concorrer à uma das vagas dos finalistas ao Oscar de filme estrangeiro em 2018. O filme é representante de um gênero japonês chamado "Hahamono", ou filmes de mães. Assim como "A partida", filme japonês que ganhou o Oscar em 2009, o drama fala sobre morte, desapego, abandono familiar, casa de banhos e redenção. Temas caros ao cinema japonês, que sempre abraçou o melodrama e o sentimentalismo, sem medo de aparentar pieguice. Futaba (Rie Miyazawa) vice com sua filha adolescente Azumi em um bairro classe média de Tokyo. Ela trabalha como vendedora, e possui uma casa de banhos da família, que está desativada desde que seu marido foi embora. Futaba é uma mulher que ajuda a todos, e quer que sua filha saiba lutar com as adversidades da vida, principalmente contra o bullying que ela sofre na escola. Um dia, ao fazer exames, Futaba descobre estar com câncer terminal. Ela decide então que antes de morrer, ela precisa fazer algumas coisas: tornar Azumi uma mulher independente; descobrir o paradeiro de seu ex-marido, para que ele cuide de Azumi; reabrir a casa de banhos; e por último, um segredo que poderá mudar o rumo de sua vida. Lindo, com excelente e delicada direção de Ryota Nakano, o filme atinge níveis de encantamento e melancolia que farão o espectador se debulhar em lágrimas tal a beleza dos diálogos, das imagens e principalmente, do talento de todos os atores envolvidos. É um filme de alma feminina, com protagonistas mulheres cativantes, de várias gerações. O diretor evita a pieguice apresentando um trabalho sutil, e os atores, em pleno estágio de naturalismo. Que beleza as duas atrizes principais, Rie, no papel de Futaba, e Hana Sugisaki, no papel de Azumi. Destaque também para a pequena Aoi Itô, no papel de Ayuki, a outra filha do ex-marido, e Joe Odagiri, no papel de Kazuhiro, o ex-marido, sempre aparentemente apático, mas de uma profunda tristeza interna.

domingo, 16 de setembro de 2018

O confeiteiro

"The cakemaker", de Ofir Raul Graizer (2018) Filme de estréia do roteirista e cineasta israelense Ofir Raul Graizer, foi o filme selecionado para representar Israel como uma das finalistas para o Oscar de filme estrangeiro em 2019. Filmado com extrema delicadeza, esse drama poderoso fala sobre Perda e depressão. Thomas, alemão, e Anat, Judia, estão de luto pela mesma pessoa. Oren era ao mesmo tempo amante de Thomas, e marido de Anat. Durante um ano, Oren ia para Berlin à negócios, e numa das idas até um CAfé, conhece o confeiteiro de lá, Thomas, por quem se apaixona e tornam-se amantes por 1 ano. Um dia, Oren volta para Jerusalém e não retorna mais. Preocupado, Thomas vai procurar saber o que aconteceu e descobre que Oren morreu em um acidente de carro. Desolado e sem sentido para continuar vivendo, Thomas resolve ir até Jersusalém, para descobrir um pouco mais sobre Oren. Ele vai até o café de Anat e se oferece para trabalhar lá de confeiteiro. O cunhado de Anat e outros judeus olham Thomas com preconceito, pelo fato de ele ser alemão e preparar doces na cozinha Kosher do café de Anat. Mas aos poucos, os 2 universos se aproximam, amparados pelo luto e pelo significado do amor, independente de gênero e cultura. A culinária geralmente é utilizada nos filmes para aproximar pessoas que de certa forma, possuem diferenças. Comida=Amor = tolerância. foi assim em "Como água para chocolate", "A festa de Babette", "Chocolate". Todo o filme é bastante bonito, o diretor conduz tudo com bastante elegância. Os 2 atores principais, Kalkhof e Sara Adler, estão sublimes, e nos momentos de silêncio de seus personagens, contundentes. O filme reserva uma surpresa no roteiro no terceiro ato, o que comove ainda mais o espectador.

O predador

"The predator", de Shane Black (2018) Diretor de "Homem de ferro 3" e o ótimo "Dois caras legais", o cineasta Shane Black ficou com a missão de revigorar a franquia "Predador", que além do original, rendeu continuações bem fracas, incluindo um mix muito ruim do "Predador X Aliens". Agora, um Predador Gigante e uns cães predadores invadem uma cidade, em busca de um artefato que está nas mãos de Rory (Jacob Trembley, de novo fazendo um papel de garoto que sofre bullying, depois de "Extraordinário"). Para salvar a vida do filho, o soldado McKena traz a sua tropa de soldados de elite para tentar matar o predador. A eles, se junta a bióloga Bracket. Bom, não há muito o que falar de um filme que faz parte de uma franquia mega hiper repetitiva. Mesma porradaria, mortes, povo do governo sendo escroto, coisas e tal. Achei que o menino Jacob Trembley ficou mal aproveitado. Fico também revoltado com esses roteiristas, que incluem personagens de apoio apenas para servir de escada e serem mortos: o latino, os negros, o marginalizado. Enfim, vale como pipocão, para quem quer tiro, porrada e bomba.

Mondo Rocco

"Mondo Rocco", de Pat Rocco (1970) Pat Rocco é considerado o primeiro Cineasta independente americano a realizar filmes para um público estritamente gay a partir dos anos 60. Nesse documentário "Mondo Rocco", estão reunidos 10 curtas, entre ficção e registros documentais, apresentando uma Los Angeles dos anos 60, ainda lutando pela reconhecimento do Movimento gay, e já tendo um início da revolução sexual que sacudiria a América da época. Considerado um importante documento histórico, o filme apresenta um Cabaret onde Drag queens se apresentam dublando Barbra Streisand, Judy Garland, Mae West; O próprio Pat Rocco conduz um documentário entrevistando gays que participam da Marcha a favor do movimento gay; vemos policias invadindo um bar gay; Pessoas cantando músicas de "Hair" na praça pública; um dançarino totalmente nu fazendo uma apresentação em uma casa de shows; e para os Voyeuristas e fetichistas de plantão, Pat Rocco incluiu pequenos segmentos apresentando os famosos "Beefcakes", que eram modelos musculosos totalmente nus para o deleite dos espectadores, em histórias ingênuas que eram pretexto pros rapazes tirarem as roupas. Desses, o mais instigante e sensual, é o episódio onde um garoto de programa seduz e ensina um jovem hetero desempregado a ser um michê. A curiosidade do título do filme, foi porque Pat Rocco pegou carona nos documentários "exploitation" que ficaram comuns nos anos 60, por conta do grande sucesso de "Mondo Cane". Esse tipo de filme explorava o lado bizarro, cruel e violento da humanidade.

sábado, 15 de setembro de 2018

Buscando...

“Searching...”, de Aneesh Chaganty (2018) Surge um novo Shayamalan no Cinema! Filme foda em todos os sentidos: Roteiro, Direção, montagem, concepção visual, trilha sonora, atuação!! A linguagem do found footage já está mais do que gasta no cinema. Sabendo disso, o roteirista e Cineasta Aneesh Chaganty resolveu fazer diferente: ele pegou a ideia do filme de guerra de Brian de Palma, “Redacted”, que mostra uma guerra inteira exibida nas telas somente em monitores de celular, filmadoras, Skype, etc, sem nunca filmar os atores fora desse ambiente online. O filme inteiro é visto através de telas; monitor de computador em dezenas de sites, câmeras de segurança, celular, etc, tudo em tempo real. E o filme consegue prender a atenção do espectador durante os seus 100 minutos sem nenhum segundo de respiro! Tensão o tempo todo! Um resultou brilhante é impressionante! Após a morte d sua esposa por câncer, David acaba se ausentando da vida de sua filha, Margot. Um dia, ela sai para estudar, mas acaba desaparecendo. De início David acha que ela quiz pregar uma peça nele, mas aos poucos ele começa a se desesperar: procura por conhecidos dela, lugares onde ela possa estar. Inconformado, ele procura a polícia. E aí luta contra o tempo para tentar descobrir o paradeiro dela. O filme o tempo todo exala o suspense de Hitchcock e as pegadinhas de roteiro de Shayamalan. Inteligente, criativo, e sempre surpreendente, o filme ainda lança ao estrelato John Choo, que interpretou Sulu na nova franquia de “ Star Trek”. Um elenco protagonizado por orientais, nessa nova onda de Hollywood que resolveu buscar nos asiáticos o seu novo filão de sucesso, vide o mega sucesso de “ Podres de ricos”.

Mandy

"Mandy", de Panos Cosmatos (2018) O que seria do atual cinema independente e dos seriados de tv, sem a referência dos anos 80, a década mais pop de todas? Filmes cults da época, como "Mad Max", "Hellraiser", "O massacre da serra elétrica", "Demons, os filhos das trevas" servem de base para essa fantasia de horror psicodélico de Panos Cosmatos. Para quem assistiu o seu filme anterior, "Além do arco íris negro", sabe do que estou falando. Ali, ele já experimentava as cores fortes e hiperrealistas, as referências metafísicas e sensoriais de Jodorowsky, David Lynch e Tarkovsky, sempre emerso em uma atmosfera de pesadelo. "Mandy", exibido com louvor e palmas em Sundance e Cannes, não poderia existir, se não fosse a contribuição de Nicholas Cage e do compositor islandês Johan Johannsson, recém falecido em 2018, e que compôs as trilhas primorosas de "Sicario" e 'A chegada", Nicholas Cage, que ultimamente virou meme por conta de tantos filmes ruins que fez em sua carreira, e de suas caras e bocas, aqui exercita todo aquele olhar e sorriso malígno que ele adora fazer. E a gente ama! Ele está perfeito no papel do marido que resolve se vingar, e cada movimento seu é celebrado com êxtase pelo espectador. Johan Johannsson criou uma trilha estranha, repleta de ruídos assustadores e que possibilitam o espectador entrar na atmosfera onírica maldita do filme. A melhor definição para o filme, veio de um crítico americano: "Mandy" parece aquelas capas de Lp das bandas de Heavy Metal dos anos 80 e que criaram vida". Red (Cage) e Mandy ( Andrea Riseborough, ótima) moram em uma cabana isolada na floresta. Eles formam um casal apaixonado: trabalham, e de noite assistem filmes juntos em casa. Ele é lenhador, ela trabalha em uma loja de conveniências. Mandy tem apreço por literatura barata de livros de fantasia e terror, e tem pesadelos constantes. Um dia, ao ir a pé para o trabalho, Mandy cruza com uma van, onde se encontram toda a gangue de Jeremiah, um líder de uma seita chamada "Black skulls" e que conjuram uma gangue de demônios motoqueiros toda noite. Jeremiah resolve sequestrar Mandy e Red, com a finalidade de que Mandy seja uma integrante do grupo. Diante de sua recusa, ele a mata cruelmente. Red consegue se soltar, e agora tudo o que ele quer, é vingança. O roteiro em si, é repleto de clichês, e é o que menos interessa. O que conta aqui no filme, e a atmosfera, a fotografia, a ousadia e criatividade de Panos Cosmatos de fazer o filme que ele quiz, sem concessões. O espectador fica o tempo todo falando para si mesmo : É sério isso"? Muitas cenas antológicas: uma luta diante de uma tv que está exibindo um filme de sexo explícito, uma outra luta de serra elétrica, e definitivamente, a cena de Red entrando em um banheiro, alucinado, tomando uma vodka. Ah, e o que dizer dele cheirando pó? Cult dos cults, um filme para cinéfilos amantes de terror e alucinação, uma pena que seja dificil agradar ao público médio, pelo ritmo lento da primeira parte, mais metafísica e existencialista.

Domingo

“Domingo”, de Fellipe Barbosa e Clara Linhart (2018) Na obra prima de Bunuel, “ O anjo exterminador”, a classe operária abandona a mansão da classe média alta decadente logo no início do filme. Em “ Domingo”, ela abandona no fim. O filme é repleto de referências cinematográficas: “ O pântano”, de Lucrécia Martel, “ Festa de família”, de Thomas Vintemberg e até mesmo “ Casa grande”, do próprio Fellipe Barbosa. Tensão sexual, conflito de classes, decadência moral e econômica, tudo embalado no período político onde O Presidente Lula assume a presidência do Brasil pela primeira vez. O elenco enorme, resulto de rostos conhecidos e outros que são lançamento, inclui dois veteranos que voltam ao cinema: a musa do cinema novo Itala Nandi e Clemente Viscaino, esse representando metaforicamente a direita que teme um esquerdista no governo. Seus diálogos clichês sobre o comunismo que assume o governo reverbera em consequências trágicas. O filme foi exibido em Mostra paralela no Festival de Veneza 2018 com grande sucesso. Para quem ama filmes que falam sobre famílias desajustadas, herdeiros do cinema italiano de Dino Risi e Ettore Scola, vai se divertir com esse retrato louco, sexual e pandemônio bem brasileiro.

Rostos cancelados

"Cancelled faces", de Lior Shamriz (2015) O cineasta israelense Lior Shamriz mora em Berlin e em Los Angeles. Seu cinema fala sobre personagens perdidos na imensidão das grandes metrópoles. Foi assim em "Japan, Japan", rodado em Tela Viv, e agora com "Rostos cancelados", rodado em Seul. Seus protagonistas vivem a solidão. a sensação de estarem perdidos dentro de uma sociedade capitalista e consumista. Em "Rostos cancelados", que foi exibido no Festival de Berlin, acompanhamos Unk, um jovem operário que trabalha em uma fábrica e mora com sua mãe. Seu pai foi embora morar nos Estados Unidos. Seu irmão serve o exército. Unk tem poucos amigos, e é solitário. Gay não assumido, uma noite, ao dirigir na rua, atropela Boaz, que apareceu de repente no seu caminho. Entre os 2 surge uma tensão sexual imediata, e eles vão transar. Unk é pobre.. Boaz é rico. Essa diferença social incomoda Unk, mas ele é apaixonado por Boaz. A paixão torna-se doentia, a ponto de Unk perseguir Boaz por suas andanças pelas noites de Seul, sem rumo. O filme é dividido em 2 segmentos: uma é essa sinopse descrita acima. A outra história, acontece como uma programa de tv: um teatro filmado, onde é apresentada a história da queda de Jerusalém há 2 mil anos atrás. A melhor parte do filme é quando narra a história de amor doentio entre Unk e Boaz. A parte do teatro filmado é entediante e pretensiosa, mas no desfecho, acaba servindo como uma metáfora da relação dos 2 rapazes. Belamente fotografado em preto e branco, me fez lembrar o tempo todo, por conta da estilização, dos filmes de Wong Kar Wai. Me lembrei também de "O martírio de Joana D'arc", de Dryer, por conta dos closes e enquadramentos. Um filme sensual, belo, instigante, e com 2 atores muito interessantes. existe um monólogo da mãe de Unk, durante o café da manhã, que também é excelente

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Alfa

"Alpha", de Albert Hughes (2018) A gente passa o filme todo pensando: Mas esse filme parece "300"..parece "Caninos brancos"..parece "Game of thrones"...enfim, parece tantos outros filmes de ação e aventura. Isso se explica pela filmografia do Cineasta Albert Hughes. No início dos anos 2000, ele filmava junto de seu irmão, e assinavam como "The Hughes Brotehrs". Juntos, fizeram, entre outros, "Do inferno'e "O livro de Eli". Todos os seus filmes são bastante estilizados., e aqui em 'Alfa", essa estilização chega em nível máximo, para o bem e para o mal. A história acontece na Europa, 20 mil anos atrás. Uma pequena comunidade vive de caças antes da chegada do inverno. Para isso, os homens seguem quase uma semana de estrada, para caçar búfalos selvagens. Entre eles, está o chefe da tribo e seu filho, Kade ( Kodi Smit-McPhee, que estreou em 'Deixa ela entrar" e depois fez "A estrada" e "X-men- Apocalipse"). O chefe quer que Kade seja seu sucessor, e para isso, ele precisa ser um macho Alfa ( trocadilho com o título do filme(. Mais sensível, Kade não consegue matar os animais. Até que na caça decisiva, ele é lançado pelo animal para um precipício. Kade é dado como morto, e seu pai vai embora. desolado. Até que inesperadamente, ao ferir um lobo que o ameaçou, Kade o salva. A partir daí, os 2 tornam-se grandes amigos. O filme apresenta ao espectador a origem da relação de amizade entre o Homem e o cão, no caso, um lobo. Quem ama animais, vai se apaixonar pelo filme, principalmente no desfecho, que é absolutamente encantador. Mas o filme, atenção, não é um filme da Disney. O que quero dizer com isso, é que tem cenas de violência que pequeninos podem ficar assustados. Na minha sessão, teve uma criança que perguntou pra mãe: "eles mataram o coelho?" Ponto negativo para a cópia brasileira: a dublagem. Não que a qualidade da dublagem estivesse ruim. O problema foi assistir a um filme que se passa há 20 mil anos atrás, com as pessoas falando um português corretíssimo, e palavras difíceis, como "alcatéia". Deveriam ter mantido o original, com uma língua própria criada para o filme, e botar legendas.

Ardente

"Beoning", de Lee Chang Dong (2018) Drama de suspense sul coreano indicado para uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2019. 'Ardente" é uma intrincada trama que remete aos filmes de mistério de Hitchcock: o que estamos vendo, é real ou não? Com um roteiro instigante, que brinca o tempo todo com a essência do Cinema, que é a arte de contar uma mentira. Lee Chang Dong novamente fala sobre serial killers e literatura, assim como em seu filme de 2000, "Poesia", que venceu o Palma de ouro de roteiro. "Ardente" é um filme que mistura gêneros, e o espectador nunca sabe qual será o próximo passo. Jong Su é um rapaz que trabalha para uma loja fazendo entregas. Nascido numa fazenda, ele saiu de sua cidade, logo após seu pai surtar e agredir um funcionário da prefeitura. Ao fazer uma entrega, ele conhece Hae Mi, uma jovem extrovertida mas igualmente solitária, que trabalha como animadora de produtos de uma loja de rua. Ela diz a Jong Su que o conhece desde criança, e mesmo ele não se lembrado, tornam-se amigos e amantes. Hae Mi faz uma viagem até a África e pede para que Jong Su tome conta de seu gato. Ao retornar de viagem, ela vem acompanhada de Ben ( Steven Young, o Glenn de "The walking dead"). Ben é um jovem milionário,e logo os 3 se tornam amigos. Um dia, Hae Mi desaparece, e Jong Su acredita que ben está por trás de seu sumiço. , e resolve investigar. Com um excelente trabalho dos 3 atores, exalando sensualidade e talento, Lee Chang Dong filma tudo com extrema elegância. O filme o tempo todo engana o espectador, que acha que vai para um caminho óbvio. Muita gente poderá por conta disso, ficar puta com o filme. O desfecho, em aberto, propõe muitas discussões e leituras. O filme é bastante longo, quase 2:30, mas quem chegar até o fim, certamente terá visto um filme muito bem acabado, com fotografia exuberante, e com pelo menos 2 cenas antológicas: a dança sensual de Hae Mi no pôr do sol, e a cena dela fazendo uma mímica comendo uma laranja imaginária. No Festival de Cannes 2018, o filme ganhou o Prêmio Fipresci, concedido pela Crítica ao melhor filme do Festival.

Side effected

'Side effected", de Lev Pakman (2013) Excelente curta, vencedor de vários Prêmios e nomeado para importantes Festivais, como Cannes, Palm Spring e San Diego. Em apenas 7 minutos, o filme apresenta uma brilhante conversa entre um Dono de uma empresa farmacêutica e um de seus cientistas. o Dono ouviu comentários acerca do novo remédio produzido pelo farmacêutico,e quer que o rapaz explique os efeitos colaterais, as quais ele tenta rebater todos os comentários contrários. O desfecho do filme é absolutamente avassalador. Com um humor negro afiadíssimo, os diálogos são espertos, e o elenco então, fenomenal. Direção, fotografia, montagem, tudo perfeito. https://vimeo.com/62317984

Dez segundos para vencer

"Dez segundos para vencer", de José Alvarenga Jr (2018) Ambiciosa cinebiografia do pugilista brasileiro Eder Jofre, que vai da década de 50 até os anos 70, começando pela sua infância, sua pós-adolescência e o seu desejo de ser um desenhista até começar a treinar nos ringues e se tornar campeão mundial no ao de 1961, nos Estados Unidos. Depois disso ele se casa com sua esposa Cida, com quem tem filhos, mas a crise conjugal o faz se afastar do boxe. Anos depois, em 1973, ele retorna aos ringues, e novamente, se torna campeão mundial. Mas o filme é mais do que isso: pegando carona na narrativa de "Dois filhos de Francisco', de Breno Silveira, que também é um dos produtores do filme, "Dez segundos para vencer" tem na figura paterna o grande personagem. Através de sua obsessão, de sua perseverança, do desejo de tirar sua família do limbo, da pobreza e de mostrarem ao mundo de que eles são capazes, o filme contrói tudo pelo ponto de vista de Kid Jofre ( Osmar Prado, sensacional). É ele quem carrega o filme, é ele que, com seu método cruel de treinamento, faz o filho se tornar o grande campeão. Mas será que tanto sacrifício valeu a pena? Pelo visto sim. O filme traz a mensagem de que, com muito treinamento, luta, garra e ambição, conseguimos construir a nossa estrada. Mas convenhamos, todos os filmes de lutadores possuem esse mesmo mote. O que se conclui que vencer é uma metáfora de chegar ao topo da pirâmide, sair do anonimato e se tornar alguém visível, de sucesso. O elenco é a grande força do filme. Daniel de Oliveira, Sandra Corveloni ( no papel da mãe), Osmar Prado e Renato Gelli, que faz o tio Silvano, são o destaque. Tanto Osmar quanto Ricardo Gelli ganharam prêmios de interpretação em Gramado 2018, de ator e ator coadjuvante, respectivamente. A direção de arte e a fotografia, de Lula Carvalho, também ajudam a recriar esse universo pobre da família, decadente e ao mesmo tempo onírico.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Sodoma

"Sodom", de Mark Wilshin (2017) "Sodom" é um filme inglês, todo rodado em Berlin, e é praticamente uma refilmagem do filme chileno "Na cama", que já havia rendido outras 2 refilmagens, uma brasileira, "Entre lençóis", e outra italiana, "Um quarto em Roma". Tanto a versão original quanto a brasileira apresentam um casal hetero; a italiana, um casal lésbico, e nessa versão inglesa, é um casal gay. Outra diferença é que aqui, a história acontece em um apartamento, e não em um quarto de Motel. Will está em sua noite de despedida de solteiro. Quando o filme começa, ele está nú, algemado em um poste. Michael surge, e o solta, levando-o para o seu apartamento para vestir o rapaz. Will explica que é jogador de futebol, e que seus amigos o prenderam como pegadinha de despedida de solteiro. ele está prestes a se casar com a sua noiva. Michael é um pianista e se encontra solteiro há anos após seu namorado ir embora, depois de uma relação de mais de 10 anos. Will tem 20 anos, Michael tem 40. Entre eles, nasce uma tensão sexual, que resulta em sexo. Eles passam a noite juntos, conversam. Mas o dia amanhece. E Will precisa tomar uma decisão. Um drama essencialmente teatral, é verborrágico do início ao fim. O que menos gostei no filme, que é entediante, foi a escalação do ator que interpreta Will, o jogador de futebol. Tanto o ator quanto a sua interpretação são muito suaves, e logo no primeiro fotograma, está mais do que evidente de que ele é gay. Faltou masculinidade. Talvez se tivessem invertido os papéis, pois o Ator que interpreta Michael tem mais o phisique de role de Will. Fora isso, faltou para o filme mais sensualidade, tesão. As cenas de sexo são frias. Um filme que poderia ter rendido muito mais, e ter um desfecho mais emocionante.

Eu sou culpado

"Falscher Bekenner ", de Christoph Hochhäusler (2005) Um retrato altamente desolador da juventude na Alemanha. "Eu sou culpado" é um drama bastante depressivo e angustiante. Armin é um adolescente que acabou de se formar na escola. Seus pais o pressionam para que ele procure seu primeiro emprego. Armin, apático e totalmente sme ambição na vida, vai para várias entrevistas, mas não passa em nenhuma, pois não entende a estratégia das perguntas e não tem vivência para poder responde-las. Frustrado, sem amigos, Armin se refugia em banheiros públicos, fantasiando relações sexuais com estranhos. Com atuação visceral do jovem Constantin von Jascheroff, que venceu prêmios de melhor ator em alguns Festivais ( o filme concorreu na Mostra "Um certo olhar" de Cannes) , "Eu sou culpado' mostra da forma mais desoladora possível, a decadência da Europa, em seus valores morais e sociais, o desemprego, a falta de comunicação e a desesperança. Quem busca um filme que leva o protagonista ao fundo do poço, vai adorar esse aqui. De quebra o filme tem excelentes cenas de entrevistas, testes vocacionais e psicológicos.

Com Thelma

"Avec Thelma", de Raphaël Balboni e Ann Sirot (2017) Lindo e emocionante curta belga, dirigido e interpretado com muita sensibilidade. Jean e Vincent formam um casal gay de meia idade. Eles moram juntos e com eles, uma gata. Um dia, o irmão de Jean liga da Islândia, dizendo que o vulcão entrou em erupção e que por conta disso, irá chegar dias depois em casa com a sua esposa. O irmão pede para Jean tomar conta da filha deles, Thelma, de 3 anos de idade. A presença de Thelma ilumina a vida do casal, trazendo uma alegria já há muito perdida na vida deles. Interpretado de forma totalmente naturalista, o filme traz registros da vida em comum do casal com Thelma, onde eles brincam, cantam, dormem totalmente preocupados com ela. Divertido, morri de rir na cena que eles vão para um espetáculo e contratam um baby sitter. Vincent fica preocupado, porquê a primeira coisa que o babá ( um gay) pergunta, é qual a senha do wi fi. Altamente recomendado.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

O que te faz ficar viva

"What keeps you alive", de Colin Minihan (2018) Escrito e dirigido por Colin Minihan, esse suspense psicológico canadense tem uma premissa bastante interessante: um filme de suspense protagonizado por um casal de lésbicas, naquela linha de luta pela sobrevivência. Mas o que não funciona nesse filme, que foi exibido em alguns Festivais de Cinema independente? Os 20 minutos finais, que estragam todo o filme. Sabe aquela decisão estúpida, que te faz ficar irritado, vontade de deixar de ver o filme? Pois é. Jules e Jackie resolvem comemorar 1 ano de casadas indo para uma casa no meio de uma floresta isolada, que pertenceu ao pai de Jackie. Quando criança, o pai de Jackie costumava caçar, ensinando a filha a técnica de caça a animais selvagens. Quando uma vizinha reconhece Jackie mas a chama por um outro nome, Jules estranha. Até que durante um passeio, o inesperado acontece: Jackie empurra Jules precipício abaixo. Acreditando que Jules está morta, Jackie liga para a polícia. Mas para sua surrpresa, Jules reaparece, sedenta de vingança. Curioso que em vários aspectos, o filme se assemelha ao recente "Vingança". de Coralie Fargeat. A protagonista do filme, também jogada de um precipício, não morre, e resolve se vingar de seu namorado. A primeira metade do filme é bastante decente. Mas o que levou o roteirista e diretor Colin Minan a irritar a platéia com o seu desfecho ridículo, não dá para entender. As atrizes dão conta do recado, dando um mínimo de credibilidade às personagens, por mais ridículas que sejam os seus atos.

Precauções Diante de uma Prostituta Santa

'Warnung vor einer heiligen Nutte", de Rainer Werner Fassbinder (1971) Sou um grande fã dos filmes de Fassbinder, mas confesso que eu nuca havia ouvido falar dessa produção de 1971. Muita gente compara esse filme a "8 1/2", de Fellini, "Noite americana", de Truffaut, ou "O desprezo", de Godard, pelo simples fato de se ambientar em uma filmagem onde técnicos e atores. Eu incluiria aí mais uma outra referência, mais óbvia para mim, apesar do filme ter vindo depois: "O estado das coisas", de Wim Wenders, de 1982. Ambos os filmes falam sobre a agrura de um produtor de uma equipe de filmagem pela falta de financiamento, que impossibilita a filmagem. Falta material e equipamento, e o Diretor também desapareceu. A equipe e elenco ficam aguardando em compasso de espera no Hotel onde estão hospedados, na Espanha, e que também servirá de cenário pro filme. ( o filme foi rodado em Nápoles, Itália). Quando o Cineasta aparece, o caos continua, pois o equipamento não apareceu. O Cineasta resolve ensaiar as cenas com o elenco, na esperança de que o equipamento apareça. Mesclando metalinguagem ( cenas da filmagem são às vezes confundias com as cenas dos personagens), Fassbinder abusa da linguagem teatral, uma forte característica de sua filmografia. Os atores interpretam de forma totalmente anti-naturalista, como se estivessem chapados, apáticos. Particularmente não curti o filme, achei entediante. Gosto mais dos melodramas de Fassbinder, pós "Lágrimas amargas de Petra Von Kant". O ponto positivo aqui, é a fotografia e trabalho de câmera de Michael Baulhaus, fotógrafo de quase todos os filmes de Fassbinder, e que depois viria a trabalhar com Martin Scorsese em boa parte de seus filmes.

Maçaneta

“Knob”, de Hans Tsai (2018) Divertido curta de animação, dirigido por um especialista em efeitos visuais que já trabalhou em filmes como “Deadpool”. O filme chega a ser escatológico, mas isso faz parte da história, por mais nojento que possa parecer. Um homem está aguardando o seu momento pra uma entrevista de emprego. Ele resolve ir ao banheiro. Um problema: o homem tem toc de limpeza. Um outro homem sai do banheiro, depois de fazer as necessidades, sem lavar o banheiro e sem lavar as mãos. O entrevistado se desespera: não tem papel para limpar as mãos nem sabão, e por isso, ele não consegue pegar na maçaneta, com nojo. Como sair e não perder a entrevista? O filme tem apenas 4 minutos, mas é bem engraçado. Ganhou vários prêmios em festivais de animação. https://youtu.be/Ww22UCUrTIk

O silêncio

“The silent”, de Tony Tikannen (2013) Curta de suspense finlandês exibido em vários Festivais, é uma fábula sobre luto, repleto de atmosfera gótica e muita poesia nas imagens. Me lembrou bastante o clássico “Inverno de sangue em Veneza”, inclusive a menininha usa também um casaco de cor vermelha. Com excelente fotografia e trilha sonora, o filme tem como protagonista uma menina, que acorda de um pesadelo. Ela mora com seus pais em uma casa em frente à um rio. O que ela busca? E porque os pais choram? Bela Direção, e um bom trabalho de atores, que interpretaram sem diálogos. https://youtu.be/lce_DJH4XmE

Speechless

“Speechless”, de Daniel Manzano (2018) Exibido em Festivais de filmes fantásticos, “Speechless” é um curta de suspense que brinca com a figura maligna da Samara, aquela entidade japonesa de cabelos pretos longos cobrindo o rosto e os grunhidos assustadores. Um homem lava suas roupas em uma lavanderia. De repente, ele percebe que não está sozinho. Mais do que suspense, o filme é uma divertida paródia realizada com pouca grana mas muita presença de espírito. Parece bobo, e é, mas como homenagem vale o ingresso. https://youtu.be/qZ5MD2l6rGM

Manequim

“Manequim”, de Derec Nunes (2013) Curta de suspense premiado em festivais de filmes de gênero, é uma ideia simples em cima de alucinação e que tem um final em aberto. Ou também quem sabe, ser visto como uma metáfora que faz uma crítica a pessoas workaholicks que deixam de aproveitar a vida para se dedicar exclusivamente ao trabalho e entram em parafuso. Uma estilista trabalha em seu escritório de madrugada costurando uma roupa para ser entregue. Ela vai vestindo a manequim com partes de roupa que ela vai confeccionando. Cansada, a mulher toma um comprimido. De repente, ela percebe que a manequim parece ter criado vida. Realizado com baixo orçamento, mas com uma ótima técnica, com destaque para a fotografia, repleta de atmosfera, e a edição de som, que inclui ruídos assustadores, como o barulho das bolinhas de plástico estourando. Repleto de clichês do gênero, é um filme que tem um suspense bem light. https://youtu.be/5SM76emW-s8

domingo, 9 de setembro de 2018

Irmão, irmã

"Die Geschwister", de Jan Krüger (2016) Melancólico drama Lgbtqi+ alemão, livremente inspirado no conto dos irmãos Grimm, "Irmãozinho, irmãzinha". Thiés é Gerente de uma corretora de imóveis, e apresenta imóveis para pretendentes. Em umas das apresentações de apartamento, entre os vários interessados, ele se sente atraído por um jovem rapaz, Bruno. Thies é solitário, e durante a sua rotina matinal, fazendo cooper, ele esbarra em Bruno. Logo eles se tornam amantes. Thies descobre que Bruno é refugiado polonês, junto de sua irmã, Sonja. Por serem imigrantes ilegais, não conseguem trabalho nem documentação para alugar um imóvel. Thies, apaixonado, permite que os irmãos fiquem em um imóvel desalojado. O filme é um libelo a favor dos refugiados ( em uma cena, vemos uma pichação "Refugees welcome"), mas ao mesmo tempo, mostra a dura realidade de quem veio para Berlin em busca de um sonho. O filme fala também sobre a dificuldade de se alugar um espaço em Berlin, por questões raciais e morais, e também sobre aceitação da homossexualidade. O trio principal de atores é ótimo, e as cenas de sexo, bem filmadas e sensuais.

Uma história de Joy: Joy e a garça

"A Joy Story: Joy and Heron", de Kyra Buschor e Constantin Paeplow (2018) Maravilhoso curta de animação, encomendada pelo Meg Site chinês DJ.com, para promover Yoy, o cãozinho que é a logo da empresa. Os animadores americanos Kyra Buschor e Constantin Paeplow foram convidados para dirigir essa encantadora história, sem diálogos, sobre Joy e seu dono. Eles seguem para uma pescaria. Súbito, uma garça chega e começa a roubar as minhocas, sem que o dono veja. Joy tenta evitar, mas o dono se irrita com ele. De início, parece aqueles desenhos do Pica Pau sacaneando todo mundo, mas logo se transforma em outra coisa. Impossível não se emocionar, e com certeza, a Disney ou a Pixar já devem estar de olho nessa equipe. Assistam, são apenas 3 minutos. https://www.youtube.com/watch?v=1lo-8UWhVcg

Triângulo rosa

"Pink triangle", de Ryan Davis (2010) Excelente curta realizado por Alunos da Universidade de cinema da Carolina do Norte, e que impressiona pela sua alta qualidade técnica: direção de arte, fotografia, etc. exibido em inúmeros Festivais LgbtqI+, o filme fala sobre o triângulo rosa, um dos símbolos usados nos campos de concentração nazistas. Indicava quais homens haviam sido capturados por serem homossexuais. Todos os capturados pelos nazistas recebiam algum emblema em suas roupas. No filme, um informante nazista precisa delatar homossexuais para um General alemão. Quando o General lhe apresenta uma foto tirada dentro de um bar clandestino frequentado por gays, o homem observa que no fundo da foto, está seu ex-amante. A narrativa retrocede no tempo e descobrimos qual a relação desse informante com o rapaz da foto. Com um roteiro emocionante, o filme tem a estrutura de um melodrama, sem que isso seja usado em termo pejorativo. é um filme que como disse antes, impressiona por sua qualidade, sendo um filme de realização de curso. Vale muito ser visto. https://www.youtube.com/watch?v=NSOPwefW2Xw

sábado, 8 de setembro de 2018

78/52: A cena do chuveiro de Hitchcock

"78/52:Hitchcock's shower scene", de Alexandre O. Philippe (2017) Com o sub-título de "78 planos e 52 cortes que mudaram a História do Cinema", esse documentário é obrigatório para Diretores, Montadores, roteiristas, estudantes de cinema, compositores e cinéfilos. O Documentarista Alexandre O. Philippe analisa passo a passo a realização de uma das cenas mais icônicas da história do cinema, entrevistando Diretores (Peter Bogdanovich, Eli Roth e dezenas de outros), Atores (Jamie Lee Curtis, Elijah Wood, etc), o famoso compositor Danny Elfman, montadores, roteiristas, produtores, críticos de cinema e toda uma sorte de pessoas envolvidas com a Sétima Arte e que falam sobre a genialidade do filme "Psicose" e a sua importância cultural, rompendo com a tradição da velha e ingênua Hollywood. O filme começa com a entrevista da dublê de corpo da atriz Janet Leigh. Marli Renfro, que era coelhinha da Playboy e que foi chamada para uma audição sem nem saber do que se tratava. Ela foi contratada para 3 dias de filmagem, e acabou filmando 7 dias! Outro momento brilhante, e que deixa claro a importância da interpretação de um Cineasta sobre o livro ou roteiro que ele lê, é como que Hitchcock transformou umas pequenas linhas do livro, que não tem absolutamente nenhum impacto em relação à morte da protagonista, e ainda apresenta de cara quem é o assassino. Hitchcock subverteu a escrita e filmou separado a cena do chuveiro, pois queria dar atenção especial para ela, e ainda assim, não apresentou o rosto do assassino. O documentarista filma a cena como descrita no livro, mostrando a cara do assassino, e de fato, a cena virou outra coisa. Hithcock também subverteu o papel do herói e protagonista do filme, ao matar a sua heroína no meio do filme, chocando a todos que o assistiram, sem acreditar. Hith soube manipular sua audiência: contratou uma grande estrela, Janet Leigh, e ninguém poderia sequer imaginar que ela não estaria o filme todo. O filme faz uma tese de que as manifestações estudantis, culturais, etc, influenciaram Hitchcock a fazer um filme em preto e branco, mostrando uma America aterradora, aonde a morte pode acontecer dentro do banheiro da pessoa, pois acreditava-se que o perigo residia lá fora (Comunistas, etc) , mas dentro da casa era tudo dominado. Eu ficaria horas aqui escrevendo sobre esse filme, mas o melhor é assisti-lo várias vezes. É uma verdadeira Aula de Cinema.

Next Gen

"Next gen", de Kevin R. Adam e Joe Ksander (2018) Co-produção CHina e Canadá, "Next Gen" foi oferecido para compra durante o Festival de Cannes em 2018 e a Netflix a comprou por 30 milhões de dólares! O filme é um misto de "Operação Big Hero", "Blade Runner", "Transformers", o episódio de Black Mirror "The entiry story of us", e definitivamente, não é um filme para crianças pequenas. Ele é bastante violento, inclusive um importante personagem simplesmente é desintegrado pelo vilão e morre! Fora isso, o robô protagonista, 7723 ( baseado em quadrinhos na China) faz um verdadeiro massacre de robôs, muito deles fofinhos e "humanizados", com carinhas e tudo o mais. Fora isso, a protagonista, a adolescente Mai, é daquelas meninas arrogantes, irritantes e malas sem alça, que passa o filme todo reclamando de tudo. E a mãe dela, para piora, representa o supra sumo da pessoa viciada em tecnologia e rede social, que não se dá conta da presença da filha e está mais interessada no lançamento dos robôs de última geração. A história gira em torno da amizade entre uma menina, Mai, e um robô, que foi criado secretamente pro um cientista para combater um vilão, Justin Pin, cópia de Steve Jobs, que quer destruir o mundo. O que o filme tem de interessante, é a crítica ao consumismo, mostrando milhares de pessoas querendo comprar o último lançamento em robôs, chamado de Q-Bo 6 ( olha o Iphone aí). A animação em si é bem feita, com traços muitos parecidos com os bonecos da Pixar, mas a grande diferença e o roteiro. Não sei se esse filme teria condições de ser lançado na tela grande, mas na Netflix certamente será um sucesso. O filme não chega a ser de todo mal, dá para assistir, tem lá seus momentos de emoção, e um cãozinho que solta palavrões que rouba as cenas. Na dublagem americana, atores consagrados encabeçam a lista: John Krasisnky ( que protagonizou e dirigiu "Um lugar silencioso". Constance Wu ( que protagoniza o sucesso "Podres de ricos", Michael Pena e Jason Sudeikis.