domingo, 2 de setembro de 2018

Monika e o desejo

"Sommaren med Monikao", de Ingmar Bergman (1953) Impressionante a presença do espelho nesse filme, um dos primeiros de Bergman, lançado em 1953, 4 anos antes das suas grandes obras-primas, O sétimo selo" e "Morangos silvestres", lançados em 1957. Logo no início do filme, vemos um idoso se olhando em um espelho. Ele sai, e entra Monika, na sua exuberância, juventude e atrevimento, também se olhando no espelho. A marca do envelhecimento, da perda do frescor da vida, temas tão presentes em quase toda a filmografia de Bergman, já se encontra aqui. O filme traz uma mensagem muito clara: a juventude é uma fase da nossa vida, aproveite, seja livre, sem regras, pois logo a maturidade chegará, e com ela, o cinza da vida, as obrigações, os filhos, o trabalho, as contas a pagar, o envelhecimento, a morte. Monika representa o lado bom da vida: o verão, o sexo, a nudez, o frescor, o mar, o sol, a liberdade. Quando Harry, um jovem empregado a conhece em um bar, ele logo fica encantado por essa vendedora de uma quitanda, em pleno auge de sua beleza e sensualidade. Ela o seduz, ele se deixa encantar. ele larga o emprego,a família, tudo, para fugir com ela até uma Ilha, e ali, passarem por uma fase de liberdade como ele nunca havia provado antes. Mas essa liberdade tem seu preço, e Harry pagará muito caro. O filme fez a cabeça de muitos cineastas mundo afora. Truffaut o homenageou em 'Os incompreendidos": Antoine Doinel, seu personagem fetiche, rouba uma foto do filme em um cinema; Woody Allen disse que esse foi o seu primeiro Bergman, e que somente o assistiu, porque seus vizinhos diziam que tinha uma cena de nudez. algo impensável na época. Nos Estados Unidos, o filme foi proibido para menores, e lançado como um filme erótico, e até hoje é o filme mais rentável de Bergman nos Estados Unidos. Bergman conheceu a jovem atriz Harriet Andersson e escreveu o papel para ela. eles chegaram a ter um caso, e Harriet foi uma das grandes musas dos filmes de Bergman. Lars Ekborg, no papel de Harry, também está brilhante. É um filme cruel, moralista visto pelos olhos de hoje, mas mesmo assim, um filme obrigatório, com uma fotografia esplendida de Gunnar Fischer, que veio a fotografar 'O sétimo selo"e "Morangos silvestres", todos em um preto e branco mágico e assustador.

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