segunda-feira, 29 de junho de 2015

Meu inimigo

"O ehthros mou", de Yorgos Tsemberopoulos (2013) A crise financeira da Grécia mais uma vez alimenta o seu Cinema com um filme cru e desesperançoso. Imigrantes ilegais, desemprego, falta de perspectiva, e a consequente onda de violência que assola o País fazem parte desse drama realista que evoca momentos do clássico dos anos 70 "Desejo de matar", com Charles Bronson. Mas diferente do filme americano, aqui a primeira morte é seguida de uma profunda crise de consciência e dilema moral. Para onde estamos caminhando? Qual o nosso futuro? Através dessa metáfora, o Cineasta Yorgos Tsemberopoulos realiza a sua visão pessimista sobre um País que tenta encontrar uma saída digna para o seu momento crítico na Economia, no Governo, na violência e na educação. Kostas é um comerciante, dono de uma loja de flores. Patriarca de uma familia feliz, pai de um casal de adolescentes, subitamente suas vidas são alteradas bruscamente após um assalto em sua residência. Os bandidos levam dinheiro e um deles estupra sua filha. Aconselhado por um vizinho, após constatar que a polícia nada fará, Kostas resolve fazer vingança com as próprias mãos. Belamente conduzido por uma ótima performance de Manolis Mavromatakis, no papel de Kostas, é um filme que procura evitar mostrar a violência, sugerindo mais do que expondo. A Atenas mostrada no filme está longe de ser o paraíso turístico apresentado em cartões postais. Infelizmente, o problema da violência gerado pela imigração é uma constante na Europa, e o filme procura fazer u alerta sobre um problema aparentemente sem solução a curto prazo. O desfecho deixa claro a opção do cineasta em ";lavar as mãos" e se fazer de cego. Nota: 7

sábado, 27 de junho de 2015

Suzanne

"Suzanne", de Katell Quillévéré (2013) Ótimo drama intimista francês, vencedor de vários prêmius internacionais, entre eles o de Melhor atriz coadjuvante para Adèle Haenel ( do divertido "Amor à primeira briga"). O filme também foi a produção que abriu a Mostra "Semana da crítica" no Festival de Cannes 2013. Ambientado em Marselhe, narra a história de Nicholas, um vi;uvo que trabalha como caminhoneiro. Ele é pai de duas meninas, Maria ( Adele) e a pequena Suzanne ( Sara Forestier). os anos se passam, as meninas crescem. Maria vai trabalhar em uma Fábrica de tecidos, e Suzanne estuda. Suzanne, mesmo tendo uma boa educação dada por seu pai, se mostra uma jovem que gosta de sair do eixo. Engravida de um homem que ela nem sabe quem é, depois conhece um jogador de partidas de cavalo por quem se apaixona e acaba entrando no mundo do crime. O maior mérito do filme é o trabalho extraordinário dos 3 atores principais: o belga François Damiens, no papel de Nicholas, Sara Forestier no papel prinicipal e Adele Haenel, como a irmã. Eles todos trabalham com a emoção à flor da pele, e emocionam na grande maioria das cenas. Performances inteligentes, minimalistas. O filme segue um tom bastante melancólico e desesperançoso, o que é uma constante nos filmes europeus atuais. A trilha sonora. de Verity Susman, é brilhante, lembrando acordes do grupo francês "M83". Nota: 8

Jurassic world

"Jurassic world", de Colin Trevorrow (2015) 20 anos depois, a franquia de "Jurassic Park" retorna, porém sem brilho. A história é praticamente a mesma. Na mesma Ilha da Costa rica, após o evento de 20 anos atrás, um Parque é construído no local. Aberto ao público, e comandado por Claire ( Bryce Howard Dallas), o local ganha injeção de ânimo com o futuro anúncio de um novo dinossauro, que na verdade,é um híbrido criado geneticamente. 2 sobrinhos de Claire passam o final de emana no parque, porém o dinossauro escapa e provoca tumulto. Para poder eliminá-lo, Claire contara com a ajuda de Owen (Chris Pratt). O filme é totalmente previsível, e isso porquê ele constrói personagens exatamente iguais ao original de Spielberg. Além de tudo, a mesma trilha musical, com a famosa música tema, colaboram com a sensação de estarmos vendo o mesmo filme. E claro, os mesmos vilões que gananciosos, querem a continuidade do parque mesmo que esteja sob ameaças ( esse personagem j;a existe desde "Tubarão", de Spielberg, e virou clichê em qualquer filme catástrofe. Então porquê ver o filme? Bom, para início de conversa, é um pipocão produzido por Spielberg. Depois, tem algumas cenas de ação bem dirigidas. Os atores principais ( Pratt e Dallas) estão ótimos. O que ficou ruim? A participação do ator indiano Irrfan Khan ( de "The lunchbox" e "As aventuras de Pi") e Omar Sy ( de "Os intocáveis"), ambos pagando mico em participações sem graça. No mais, é ficar 124 minutos deixando o cérebro em casa, e se deixando levar pela sonoplastia barulhenta e pelos efeitos que anestesiam nossos sentidos e nos fazem querer acompanhar o filme ( que inclusive, achei longo). Ah, o que é diferente? "Os mocinhos do filme são justamente, os vilões do filme original. Nota: 6

quinta-feira, 25 de junho de 2015

O albanês

"Der albaner", de Johannes Naber (2010) Co-produção Albânia/Alemanha, vencedor de vários prêmios internacionais, "O albanês" é mais um filme que mostra uma Europa desolada, sem futuro, sem emprego. Arben é um jovem e belo albanês que atravessa fronteira coma Grécia para trabalhar com sub-emprego. De volta ao seu vilarejo, ele descobre que sue pai vendeu a sua amada Etleva, filha de uma outra tribo de camponeses, para um homem que quer casar com ela. A única forma de reverter essa comprar é Arben pagar esse dinheiro de volta. Ele resolve entãp seguir clandestinamente para Berlin e juntar dinheiro o suficiente para poder reembolsar sue pai. No entanto, diante de tantas dificuldades, Arben acaba entrando no jogo de uma Máfia russa. Filmes com tema como esse já vimos às dezenas. O que difere esse filme dos outros são as belas paisagens na Albânia, e um sabor melodramático que é raro nessas produções. No fundo, é uma história de amor sobre um casal que se ama de uma forma pura e honesta. A direção do alemão Johannes Naber é boa, apesar do ritmo do filme ser bem lenta. Os atores estão corretos, e o Ator Nik Xhelilaj, no papel de Arben carrega o filme nas costas, se saindo melhor que os outros. Algumas sub-tramas do roteiro poderiam ter sido cortadas, como por exemplo a história do irmão rapper de Arben. É um filme melancólico e bastante triste, sobre uma era onde vencer na vida é sinônimo de sobrevivência. Nota: 7

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Divertida mente

"Inside out", de Pete Docter (2015) O Cineasta e roteirista Pete Docter, que realizou "Monstros S.A" e "Up, altas aventuras", é um grande especialista em lidar com emoções. Em ambos os filmes citados, ele trabalha com a nostalgia e lembranças de um mundo que todos guardamos dentro de cada um de nós, a criança que não quer morrer. Em "Divertida mente", Pete realiza mais uma obra-prima. Assim como em "Up", aqui ele também trabalha com um longo prólogo que apresenta os personagens e deixando claro ao espectador que filme iremos assistir. A história da menina Reily, que vive feiz com seus pais em Minnesotta, e de uma hora para outra é obrigada a abandonar tudo ( amigos, colégio) para se mudar para San Francisco, é narrada pelo ponto de vista das "emoções", personalizadas pela Alegria, tristeza, medo, Nojo e outras figuras antológicas que habitam a mente da menina. O roteiro é extremamente criativo, uma verdadeira aula de como se contar uma boa história com ritmo, suspense, desenvoltura e muita emoção. Pete Docter tem o dom de lidar com elementos melodramáticos sem se tornar novelesco. Os diálogos são divertidos, e muitas cenas me levaram às lágrimas. Várias cenas antológicas, principalmente a da sala da desfragmentação, hilária. Esse filme é mais do que recomendado, deveria ser obrigatório a todos assistirem, e principalmente as crianças, para poderem se divertir e ao mesmo tempo exercitar a criatividade e dar asas à imaginação. Esse é o grande legado desse filme, deixar claro que nenhum sonho é impossível, e que todas as fantasias podem se tornar reais. Nota: 10

terça-feira, 23 de junho de 2015

Enquanto somos jovens

"While we're young", de Noah Baumbach (2014) O cineasta independente americano Noah Baumbach, autor dos cults "Frances Ha" e "A lula e a baleia", apresenta aqui um filme onde ele faz uma crítica feroz a uma nova geração voltada ao mundo cibernético e alienado dos whatsapp e Facebook da vida. Provavelmente os personagens de Ben Stiller ( Josh) e Naomi Watts ( Cornelia) são um alter ego dele mesmo e de sua esposa, a atriz Greta Gerwig, que estão se aproximando dessa faixa etárea dos personagens, 40 anos. Josh, um documentarista fracassado e que possui a 10 anos um projeto sobre o Afeganistão, e sua mulher, Cornelia, vivem uma relação sem brilho. Entediados, eles acabam conhecendo Jamie ( Adam Driver, Melhor Ator em Veneza por "Corações famintos") e Darby ( Amanda Seyfried). Jamie é também um documentarista, e Darby abdicou de seus sonhos para viver um mundo alienado e juvenil ao lado de Jamie. Josh e Cornelia vão se afastando de seus amigos com a mesma faixa etárea e redescobrem os prazeres de voltar a serem jovens de novo. Confesso que esse foi o filme que menos gostei de Baumbach, talvez porquê eu tenha achado a mensagem do filme bastante pueril, ingênua e até mesmo caricata do que é ser jovem. O protótipo do jovem, encarnado por Jamie, ainda acaba se revelando um mau caráter. Os atores estão todos ótimos, mas o ritmo do filme achei lento e as piadas achei bem tolas, especialmente quando Cornelia vai dançar em um curso de hip hop e vai assimilando isso para a sua vida pessoal. O filme ainda discute temas como paternidade, ética profissional, e tantos outros, mas o que ficou realmente guardado para mim e digno de nota é perceber que Naomi Watts está envelhecendo. Talvez esse seja de fato o grande reconhecimento do filme. mostrar que o tempo passa e que outras gerações seguem atrás de nós. Um melancolismo paira sobre todo o filme, se for visto por essa ótica. Nota: 7

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Quem sou eu? Nenhum sistema está seguro

"Who Am I - Kein System ist sicher"", de Baran bo Odar (2014) Ótimo suspense de ação alemão, na linha de "O ilusionista", "Transe", "Prenda-me se for capaz" e até mesmo "Identidade Bourne", em produção de menor escala. Benjamin é o protótipo do nerd: tímido, CDF, quer namorar uma garota da escola mas não sabe como, sem amigos, sem família. Até que ele resolve sair do anonimato ingressando em uma organização de Hackers, que disputam com outros grupos quem são os mais fodões. O que ele não esperava era ser preso por uma agente do Governo, Hanne (Trine Dyrholm, excelente atriz de filmes de Lars Von Triers). Aqui não se pode confiar em ninguém, e o filme revela uma bela reviravolta no desfecho. Assisti ao filme sem compromisso algum e fui ficando cada vez mais preso a ele: visual moderno, ritmo dinâmico, bons atores jovens e um clima de subversão bem presente em 'V de Vingança". É um filme frenético e deve agradar também à garotada, já que os personagens são bem do universo deles, e o filme de certa forma discute temas bem atuais pros jovens europeus: desemprego, sem dinheiro, sem comida, universo do computador, falta de perspectiva e solidão.. Bela fotografia e trilha sonora. Nota: 7

A lição

"Urok", de Kristina Grozeva e Petar Valchanov (2014) Há muito tempo eu não ficava tão angustiado cm um filme como em esse "A lição". Me lembrei do mal estar provocado por "Dançando no escuro", de Lars Von Triers, e a saga da heroína que tenta a todo custo ser honesta em um mundo de extrema corrupção. Dirigido e escrito por Kristina Grozeva e Petar Valchanov, ambos se basearam na história real de uma professora na Bulgária, país produtor do filme. Nadezhda ( a extraordinária Margita Gosheva) interpreta uma professora que tenta resolver em sua aula de inglês, o problema de um aluno que rouba. Ela não consegue descobrir quem é, e vai punindo os alunos. Paralelo, temos a sua história pessoal: seu marido não pagou as prestações da casa, por conta de bebedeira, e a casa vai ao leilão. Para evitar que isso aconteça, Nadezhda faz um empréstimo com um agiota mafioso, e vai assim, entrando em um poço sem fundo. A direção lembra demais os filmes dos irmãos Dardenne: a protagonista marginalizada pela sociedade, a câmera na mão que a acompanha, o dilema da personagem e a força dramática. Inclusive a estrutura do filme lembra bastante o filme "2 dias e 1 noite", com Marion Cotillard. em ambos os filmes, a protagonista tem um prazo para resolver o seu grande problema social, que envolve dilemas morais. Excelente elenco, um roteiro que se não fosse baseado em fatos reais, eu teria dito que é muito forçação de barra para ir ferrando cada vez mais a protagonista, a ponto do espectador ficar sufocado. O filme recebeu vários prêmios em festivais, inclusive um especial em Berlin. Recomendado com ressalvas, pois é um filme muito baixo astral. Nota: 8

domingo, 14 de junho de 2015

Uma simples formalidade

"Una simples formalitá", de Giuseppe Tornatore (1994) Assistir a esse filme do italiano Giuseppe Tornatore, famoso pelo drama "CInema Paradiso", é uma experiência curiosa. Realizado em 1994, ele se transformou em um cult que acabou influenciando Shayamalan em seu blockbuster "O Sexto sentido", além de Scorsese em "A ilha do medo". Todas as referências de ambos os filmes se encontram no filme. Em relação ao roteiro, nada pode ser dito, correndo o risco de fazer spoiler ( não, aqui ninguém diz : "Vejo pessoas mortas"ou coisas do gênero. Tecnicamente, a claustrofobia e a fotografia influenciaram bastante Scorsese, que ainda trouxe uma narrativa tensa e bizarra sobre tudo o que estamos vendo. Um escritor ( Gerard Depardieu) foge em uma noite chuvosa e segue pela estrada, até ser enquadrado pela polícia, que o leva até uma Delegacia. Lá, ele é interrogado pelo Comissário ( Roman Polanski), que acaba descobrindo que ele é Onoff, um famoso escritor de outrora, hoje no ostracismo. O que vemos a partir daí, é um belo jogo de gato e rato, onde qualquer informação dada ou vista é importante para a resolução da trama. Bem dirigido, Giuseppe vai conduzindo o espectador em uma teia diabólica, por mais que o filme tenha um ar extremamente teatral, visto que ele praticamente acontece em uma sala de polícia. Polanski e Depardieu fazem um maravilhoso embate, e é uma pena que Polanski não tenha mais trabalhado como Ator. A trilha sonora ficou a cargo do mestre Ennio Morricone. Nota: 7

sábado, 13 de junho de 2015

Corações famintos

"Hungry hearts", de Saverio Costanzo (2014) Em 2010, o Cineasta italiano realizou "A solidão dos números primos", um excelente drama que virou cult, até mesmo de Woody Allen, que o homenageou em "Para Roma com amor". Em seu mais recente filme, Saverio Costanzo filmou em Nova York. Mas a intensidade dramática e a tensão psicológica do primeiro filme permanecem aqui. Vencedor em Veneza dos prêmios de Melhor Ator e Atriz ( Adam Drive e Alba Rohrwacher), o longa tem uma pegada à la Roman Polansky, mais precisamente com "O bebê de Rosemary". "A solidão.." já tinha um foco mais no surrealismo de David Lynch. Claustrofóbico, "Corações famintos" começa como uma típica comédia romântica, até cair no mais fundo poço depressivo, na linha dos filmes de Lars Von Triers de cortar os pulsos. Tamanha perversidade com a protagonista não encontra resposta satisfatória no roteiro, que simplesmente, assim do nada, a transforma em uma espécie de vilã, simplesmente pelo fato dela ser...Vegan. Jude e Mina se conhecem em um banheiro de um restaurante chinês de Nova York. Logo eles transam, ela engravida, ela tem o bebê. Tudo isso em pouco tempo. A partir daí, o filme se transforma e provoca uma revolução na personagem de Mina. A menina encantadora e fofa, italiana, se transforma em uma psicótica que quer porquê quer que o filho seja alimentado de forma "Pura", sem alimentação regada à carne e produtos industriais, sem antibióticos e sem consultas médicas. Quando o marido percebe que isso pode botar a vida do filho em risco, ele decide convocar sua mãe e tirar a criança da casa. A direção de Saverio toma um rumo inesperado. Ele faz uso de lentes grandes angulares, assim como Polansky fez para provocar a loucura de Mia Farrow em "O bebê de Rosemary". Mas aqui, parece um recurso deslocado, falso. Mesmo assim, Saverio é pródigo no trabalho de composição dos personagens. Seus atores costumam se entregar, se jogando aos personagens. A trilha sonora também subitamente ganha acordes de Bernard Hermann em "Psicose". Saverio deveria ter focado apenas no drama, e evitar tentar realizar um filme de suspense. Mesmo assim, é um filme provocativo, que merece atenção. apesar do ritmo lento. Nota: 7

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Testamento da juventude

"Testament of youth", de James Kent (2014) O livro best seller de Vera Brittain, escrito em 1933, "Testamento da juventude", é considerado o mais importante diário escrito sobre os horrores da guerra. No caso, a 1a Guerra Mundial. O livro faz um relato trágico da juventude de Vera, aos 17 anos. Como mulher, ela lutou para poder estudar na Oxford University, mesmo contra vontade de seu pai. Ela se apaixonou por Roland, o melhor amigo de seu irmão Edward. Rolando tem o sonho de ser escritor, assim como Vera. A guerra estoura e Roland e Edwards se alistam. Vera e Roland se separam, porém ele retorna logo em seguida apenas para pedi-la em casamento. Mas a Guerra avança ainda mais na Europa. O que faz o espectador querer assistir a essa adaptação correta e novelesca do romance? Afinal, todos os clichês se um bom romance durante uma Guerra se encontram aí: a separação,a dor, a protagonista desistindo de seus sonhos para se tornar enfermeira. Tudo isso já foi visto mil vezes. Mas por se tratar de uma produção inglesa, a desculpa já está dada: o filme vale ser visto por conta de seu elenco fabuloso, repleto de atores famosos e não tão famosos. A protagonista Alicia Vikander, mais conhecida como namorada de Michael Fassbender, participou ano passado do cul "Ex machina". Ela está ótima, sensível, linda, o papel da mocinha. Tem Kit Harington ( O Jon Snow de "Game of thrones"), aqui explorando o que ele tem de melhor: o charme e romantismo dos filmes antigos. E tem os mega medalhões Emily Watson ( no papel da mãe de Vera) e Miranda Richadson ( no papel da reitora da Universidade). O filme tem todo aquele clima e atmosfera dos filmes de James Ivory, e é inglês até o talo. Belíssima fotografia e trilha sonora. Um filme que fará muita gente chorar, e inclusive, faz uma referência a "E o vento levou", na clássica cena do campo repleto de mortos e feridos. O filme comemora os 100 anos do início da 1a Guerra Mundial. Nota: 7

terça-feira, 9 de junho de 2015

O discípulo

"Lärjungen", de Ulrika Bengts (2013) Intenso drama finlandês, premiado em vários festivais. Narra a história de um faroleiro, Niklas, em uma Ilha da Finlândia, que mora em uma ilha com seus 2 filhos: o adolescente Karl, e uma menina, além de sua esposa. O filho mais velho de Niklas morreu em um acidente de barco, tentando salvar vidas, e acabou sendo considerado um herói. Niklas quer que Karl siga a carreira de faroleiro, mas ele quer ser capitão. Até que um dia um adolescente, Gustaf, é enviado até o farol para se tornar o discípulo de Niklas. Mentiras, tirania, submissão são os temas desse drama extremamente bem atuado pelo elenco. Especialmente os 2 adolescentes. Limpos, sem caricaturas, se expressando através de olhares e composição de corpo. A direção é segura e tem uma narrativa fria e muito dura. ë um filme triste, daqueles que eu adoro ver em se tratando de filmes Europeus sem qualquer tipo de condescendência com os seus personagens. Para quem curte um filme assim, onde você sai arrasado no final, é uma ótima pedida. Nota: 10

segunda-feira, 8 de junho de 2015

No no sleep

"Wu Wu xiang", de Tsai Min Liang (2015) Em seu mais recente filme, o cineasta chinês Tsai Min Liang mais uma vez retorna com o seu personagem do Monge peregrino, interpretado pelo seu ator fetiche Lee Kan Sheng. Assim como em "Jornada ao oeste" e outros curtas, Tsai Min Liang quer fazer a sua tese sobre o Homem que vive na grande cidade, e a questão do tempo. O Monge caminha a passos lentos, frente à velocidade do homem moderno, que não tem tempo para reflexão e para respirar. Dessa forma, o monge caminha praticamente em passos de câmera lenta, em composição extremamente difícil de Lee Kan Sheng, que tem domínio completo sobre o seu corpo. Em "Jornada ao oeste", existe a famosa cena dele descendo uma escada, em um plano único de 14 minutos. Para não cinéfilos, é uma cena que faz qualquer espectador abandonar a sala de exibição. Para quem entender a proposta de Min Liang, pode ser uma bela forma de expressar poesia e conteúdo. Aqui, ambientado em Hong Kong, o monge caminha..e caminha..a passos lentos..em oposição ao trem veloz. Porém, o filme surpreeende quando na metade, mostra uma casa de banho. Um outro homem toma banho totalmente nú em cena. Um longo plano dele se ensaboando e se lavando. Em seguida, ele segue até uma banheira, e se deita ao lado de outro homem, interpretado pelo mesmo Lee Kan Sheng. existe uma forte tensão sexual entre os dois, culminando em cenas sensuais dos dois dormindo em camas separadas. Um filme sobre a solidão e o amor entre homens, que não chega a se consumar sexualmente. Kan Sheng já havia explorado esse tema de forma mais sutil em "Não quero dormir agora". Nota: 7

sábado, 6 de junho de 2015

A incrível história de Adeline

"The age of Adeline", de Lee Toland Krieger (2014) Fantasia romântica, na linha de "O Curioso caso de Benjamin Button" , "Te amarei para sempre" e "Questão de tempo". Aliás, o filme é tão açucarado, que poderia perfeitamente ser uma produção da Disney. Tudo é voltado para o Amor puro, sem maldades. O amor idealizado e eterno. Blake Lively, de "The gossip girls", interpreta Adeline. Ela nasceu em 1908. Como toda mulher romântica, ela se apaixona por um homem ao acaso, se casam e têm uma filha. Mas o marido morre durante a construção da ponte de Golden Gate, em São Francisco, Adeline fica desolada. Uma noite, indo visitar seus pais, ela sofre um acidente de carro e se afoga. O carro é atingido por um raio e a partir daí, Adeline não envelhece nunca mais. Corta para 2015. Adeline agora se chama Jenny. Na verdade, ela precisa esconder sua verdadeira identidade. Todos que passam pela sua vida envelhecem e morrem. Até que ela conhece Ellis ( Michiel Huisman, o Daario de "Game of Thrones"). Ele se apaixona perdidamente por ela, mas ela não quer se envolver justamente porquê ela não pode desenvolver um amor por um mortal. Até que ela conhece os pais de Ellis, e se assusta ao reconhecer Willian ( Harrison Ford), pai de Ellis, um grande amor do passado. O filme é totalmente previsível e segue a cartilha do drama romântico da heroína sofredora. Em determinado momento surge inclusive o nome de Barbara Cartland, a Rainha das novelas românticas. E esse é o grande trunfo do filme, é não ter medo de apostar no público feminino que se deixa levar por essa história de faz de contas. O elenco é bonito, a fotografia, trilha sonora, tudo provoca aquele suspiro de "quisera eu estar no lugar de Adeline". E como os produtores não são bobos nem nada, ainda enfiam uma cena de Michiel Huisman enrolado em uma toalha. O filme funciona 100% ao que se destina. Para os mais exigentes, vão ficar dizendo que é um filme antiquado. Nota: 7

Chappie

"Chappie", de Neill Blomkamp (2015) O cineasta sul africano Neill Blomkamp, famoso mundialmente por "Distrito 9" e por ter escalado o brasileiro Wagner Moura em "Elysium", novamente se aventura em ficção científica cibernética em "Chappie", Chappie é uma contração para "Camarada", apelido carinhoso dado por uma família de desajustados marginais ao robô número 22 ( Sharlto Copley, habitueé dos filmes de Blomkamp). Como todo filme de Blomkamp, o futuro está dominado pela violência e pela desordem pública. A população sofre com políticos corruptos e com a extrema violência praticada por grupos de assaltantes. O efetivo policial não está dando conta e a solução é a criação de uma força policial formada por andróides, criados por Deon ( o indiano Dav Patel), CEO de uma grande empresa de cibernética, presidido por Michelly ( Sigourney Weaver). Lá também trabalha o rival de Deon, Vincent ( Hugh Jackman), que teve o seu projeto de robô eliminado por Michelly em pro de Deon. Vincent sabota os robôs e deon cai em desgraça, porém um de seus robôs, o de número 22, acaba sendo um experimento seu, de inteligência artificial. Mas esse robô cai nas mãos de uma família de bandidos, que deseja treiná-lo para ser um robô assaltante. O filme na verdade é uma grande parábola sobre o bem e o mal. Todos os personagens são esterotipados, mas lá pro final existe uma grande reviravolta na personalidade de vários personagens. Blomkamp é um grande artesão, ele sabe dirigir e criar um visual incrível. Mas o que ficou faltando aqui foi um roteiro mais consistente, e a impressão de estarmos vendo "Robocop" paira o filme inteiro. O elenco, repleto de astros, está mal aproveirtado. Sigourney praticamente faz figuração e Hugh Jackman ficou deslocado no seu papel. O filme vai fundo no melodrama e não tem medo de parecer piegas. Isso nem me incomodou. O que realmente me tirou do sério, foi a veracidade. Os personagens toda hora entram e saem da empresa e não tem ninguém vigiando: eles roubam, e;es trazem equipamento, eles manipulam dados, e absolutamente nenhum funcionário aparece. O filme vale pelo seu visual, e pelo final que é maravilhoso e muito bem construído como drama sentimental. E Chappie, o robô, é um personagem muito bacana. Merecia um filme envolvente. Nota: 7

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Cala a boca Philip

"Listen up Philip", de Alex Ross Perry (2014) Eu sempre havia ouvido falar da palavra "Misantropo", mas nunca soube seu significado. Após ver o filme "Cala a boca Philip", ficou claro e preciso. Philip ( Jason Schwartzman) é um Misantropo. Uma pessoa inteligente, mas que odeia convívio com sociedade e com outras pessoas. Um egoísta. E para deixar bem claro, um chato! O Diretor e roteirista Alex Ross Perry, em seu terceiro longa independente, realiza um verdadeiro tratado sobre como ser um mala, e como deixar o espectador entediado. Seu filme, com produção gráfica e visual toda referente aos anos 70 ( Créditos, poster, trilha sonora) faz pretensamente uma homenagem aos filmes independentes da época, principalmente os de John Cassavetes, o Papa do Cinema independente, e também aos de Woody Allen do início da década de 70. Ele inclusive filmou em película 166 MM< para dar aquele ar e textura granulada, tão tipica da galera e que hoje em dia tende a ser algo "hype". Mas de nada adianta essa homenagem, se o roteiro cansa o espectador. O principal motivo? O personagem absolutamente irritante e antipático de Philip. Um cara egocêntrico, que não escuta ninguém, que maltrata os amigos, a namorada Ashley, que é fotógrafa e sabe-se lá Deus o que ela viu em Philip. Philip é um escritor às vésperas de lançar o sue segundo livro. O seu primeiro foi um sucesso, mas ele entra numa vibração de que as cosias podem não funcionar agora. Alheio à publicidade, ele resolve passar um tempo na casa do escritor Ike Zimmerman ( Johathan Pryce), seu ídolo, e ali, ele passa a refletir ainda mais sobre a vida. Woody Allen é verborrágico, mas cada diálogo de seus filmes é saboreado com gula pelos seus fãs. Aqui, tudo sôa pedante, inclusive porquê existe um narrador que vai ditando o filme. É uma crise existencial que não combina com o tom de comédia amarga que o filme quer propor. Não dei risadas, muito menos me simpatizei com o personagem. Restou fiar atento ao visual do filme. Tem estilo, mas a falta de um roteiro mais sedutor prejudicou bastante a apreciação do filme. Nota: 5

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Welcome to me

"Welcome to me", de Shira Piven (2014) Segundo longa dirigido pela Atriz americana Shira Piven, é uma comédia dramática protagonizado por Kristen Wiig, que tem se tornado uma das atrizes mais requisitadas no Cinema independente americano. Revelada como roteirista e atriz na comédia blockbuster "Missão madrinhas de casamento", Wiig está seguindo um caminho diferente do desejado por todos os artistas em Hollywood. Flertando com o cinema independente, ela realizou recentemente vários filmes que agradaram a público e crítica, como " Walter Mitty", de Ben Stiller, e "Os irmãos esqueleto". Wiig interpreta Alice Klieg, uma mulher diagnosticada como portadora do transtorno de personalidade ( Borderline). Ela faz tratamento com o psiquiatra ( Tim Robbins), mas ao ganhar 86 milhões na loteria, resolve abandonar os remédios e usar o dinheiro para comprar espaço televisivo em um canal independente, dirigido por Rich (James Marsden) e tendo como garoto propagando dos produtos anunciados Gabe ( Wes Bentley). O canal está falindo e ambos os irmãos vêm uma chance d e faturar algum dinheiro. No entanto, o desejo de Alice é ter um canal somente seu, e tendo como tema a sua vida. Diante de tal programa inusitado, onde ela relata fatos de sua vida, aliado a aulas de culinária e muitas bizarrices, o público reage bem e o programa é um sucesso. Mas o transtorno bipolar de Alice vai se intensificando e o programa vai se tornando bastante realista e cruel, recebendo vários processos judiciais. Com um tema tão bom, que tem um visual deliciosamente cafona, o filme não empolga. Frio, de ritmo arrastado, a grande razão de se assistir é acompanhar a performance brilhante de Kristen Wiig, em um papel dificílimo de uma mulher que age como uma montanha russa de emoções. Outro ponto alto é o elenco mega estelar: Além dos citados acima, ainda temos Joan Cusack e Jennifer Jason Leigh. Particularmente eu gostaria de ter me rendido ao filme emocionalmente, mas isso não aconteceu. Nota: 6