sábado, 31 de maio de 2014

Corte

"Cut", de Amir Naderi (2011) "O cinema não é uma prostituta. O cinema é arte". Com essas palavras de ordem o protagonista Shuji prega a vida eterna ao cinema autoral e declara a sua guerra aos cinema meramente de entretenimento. O Cineasta iraniano Amir Naderi, radicado nos Estados Unidos, realiza aqui o seu testamento de paixão pelo Cinema. Mais uma vez, o Japão é o país escolhido por um cineasta iraniano para construir a sua narrativa ( Abbas Kiarostami filmou "Um alguém apaixonado"). O protagonista Shuji é um cineasta independente e cinéfilo. Ele realiza sessões ao ar livre de clássicos do cinema. Um dia, um mafioso da yakuza o procura, dizendo que mataram o irmão de Shuji. O motivo: empréstimos feitos pelo irmão de Shuji para poder bancar os filmes do irmão, mas que ele não consegui saldar as dívidas. Shuji é obrigado a pagar as dívidas para não morrer também. Se sentindo culpado, a única possibilidade dele poder pagar a dívida é se deixando ser um saco de pancadas. A cada soco desferido, ele ganha um dinheiro. Essa sessão de tortura deve ser realizado no banheiro onde o sue irmão foi morto, a pedido de Shuji, uma forma de expiar sua culpa. O Cineasta Amir Naderi se utiliza da violência dos filmes japoneses para poder fazer a sua matáfora sobre a morte do Cinema de autor. A parte final é brilhante: após 11 dias consecutivos de porradaria, chega o último dia. Shuji deve levar 100 socos para saldar as dividas. Para resistir aos socos, Shuji conta 100 filmes obrigatórios, e cada lembrança desses filmes o faz ter forças para resistir. A partir daí, surgem 100 nomes de filmes clássicos, entre eles "Pixote"e "O dragão da maldade contra o santo guerreiro". É um filme radical, bruto e ao mesmo tempo um alerta sobre o fim de uma era do romantismo pela paixão do cinema de autor. Como cinéfilo,me vi no lugar de Shuji. Mas diferente dele, penso que o filme de entretenimento também tem o seu valor. Nota: 7

Não é o homossexual que é perverso, mas a sociedade em que ele vive

"Nicht der Homosexuelle ist pervers, sondern die Situation, in der er lebt", de Rosa Von Praunheim (1971) Delirante e divertido docu-drama realizado pelo cineasta alemão cult Rosa Von Praunheim em 1971. Obviamente o filme como um tratado do homossexualismo é datado, com questões que já foram levantadas por grupo gays ao longo das décadas seguintes. Mesmo assim, não tem como não se deixar levar pelos ideais anárquicos de Praunheim da época. Se utilizando de atores amadores e de uma narração off estranhíssima, fora de sync, que às vezes sôa como mera narração, outras como vozes dos atores, o filme é um desbunde visual e sim, um registro impecável de uma era. Figurinos cafonas e penteados indescritiveis, um ode à cultura campy que mostra como as pessoas eram livres, em todos os sentidos. Praunheim faz uso de uma metralhadora verbal que ataca por todos os lados: ataca a sociedade, o governo, os casais heteros, os casais gays, o amor, as relações. O filme na época de seu lançamento levantou discussões a cerca de suas mensagem ferinas e ao mostrar o homossexual como uma pessoa infeliz e promíscua, sempre em busca da satisfação sexual. Mesmo com esse pensamento, o filme foi importante para criar vários grupos gays na Alemanha que pudessem lutar pelos ideais da comunidade. O filme narra a história de Daniel, um jovem da cidade do interior que vem morar em Berlin. Tímido, Daniel é seduzido na rua e vai morar com Clemens, um homem mais velho, mas apaixonado pela jovialidade de Daniel. Mas o tempo passa e a relação vira um tédio. Daniel vai embora, e aos poucos, vai se libertando, se relacionando com todos os tipos de pessoas e em ambientes cada vez mais promiscuos e undergorunds. É definitivamente um clássico do cinema marginal, e eu particularmente, adoro esses filmes sujos e malditos alemães. Nota: 7

O duplo

"The double", de Richard Ayoade (2013) Livremente inspirado no livro 'O duplo", de Fiódor Dostoiévski, publicado em 1866. O filme narra a história de Simon James (Jesse Eisemberg), um funcionário público que mora em um País qualquer, em uma época qualquer, guido por uma sociedade distópica e liderado pelo "O Coronel". Simon é tímido, boa gente, altruísta. Mas tem um inconveniente: Ele se sente um fantasma, pois ninguém nota a presença dele e ele não existe para ninguém. Simon tem uma paixão platônica: Hannah (Mia Wasilowska), uma copiadora que trabalha no mesmo prédio. Simon vive sua rotina, até que um dia surge James Simon ( Também Jesse): ele se veste igual e é uma cópia de Simon, mas com uma diferença: é mais seguro, sedutor e trapaceiro. Todos começam a bajular James, inclusive Hannah, e Simon precisa tomar uma atitude. Delirante fantasia surrealista dirigida por Richard Ayoade, cineasta inglês que em 2010 trouxe "Submarino", um ótimo filme que passou batido pelo circuito. Em "O duplo", Ayoade e Dostievksi querem discutir a questão do homem em conflito com si próprio, e que precisa se desmembrar em dois para poder refletir sobre a sua existência. Ele deve fazer algo que modifique sua vida, ou deve viver em constante passividade em um mundo egocêntrico e frio? Claras alusões aos filmes "Brazil, o filme "e "O clube da luta", esse belo filme tem um elenco comandado por 2 atores jovens que brlham em Hollywod e que toparam fazer esse filme de baixo orçamento justamente pela sua característica de filme fora do Circuito comercial. É um filme complexo, estilizado e que vai deixar muita gente se perguntando sobre várias pontas em aberto (inclusive eu). Talvez o filme peque pelo excesso de estilo e intelectualismo desnecessário, ma sé inegável seu charme cult, principalmente pela fotografia e pela trilha sonora recheada de canções pop japonesas dos anos 60. Jesse Eisemberg mais uma vez com aquele seus tiques nervosos de falar rápido e se contorcer o tempo todo, talvez ele não fosse a melhor opção pro filme. O elenco de apoio sim é que rouba a atenção. Nota: 7

sexta-feira, 30 de maio de 2014

24 exposições

"24 exposures", de Joe Swanberg (2013) Esse filme é uma junção de forças de integrantes do cinema independente americano, em uma vertente chamada de "Mumblecore". Não existem assistentes de direção, continuistas, etc. Tudo para reduzir o custo e fazer o filme baratíssimo. A equipe é super mega reduzida. O diretor Joe Swanberg dirigiu entre outros o bom "Um brinde à amizade", mas aqui ele perde a mão. Escrito e editado por ele, o roteiro é fraco, ingênuo e sem força alguma. O filme narra a história de Billy, um fotógrafo especializado em fotos eróticas femininas. Casado, ele acaba seduzindo as modelos e transa com algumas. Um dia, uma de suas modelos aparece morta, e Billy é levantado como suspeito do crime por um policial. Sem charme algum, o filme prima pelo amadorismo e pela falta de ritmo. Nem ao menos sensual o filme é, dada a sua matéria prima. O ator Adam Wingard, que interpreta Billy, é amigo de Joe Swanberg e o dirigiu no filme de terror "Agora você é o próximo". O restante do elenco é bem mediano. Swanberg já teve dias melhores, e espero que a quantidade de filmes que ele realiza seja revertido em menos filmes e mais qualidade. Nota: 3

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Malévola

"Maleficent", de Robert Stromberg (2014) Estréia na Direção do artista de Computação gráfica Robert Stromberg, que fez entre outros "As aventuras de Pi", "Piratas do Caribe", "Alice no país das maravilhas" e "O labirinto do Fauno". É possível ver todos esses filmes aqui em "Malévola", uma adaptação extremamente ousada do conto de Perrault, "A bela adormecida". O filme se vale de várias cenas do desenho original da própria Disney, porém acrescenta um prólogo e um desfecho diferente. É impossível pensar em uma Malévola que não seja a atriz Angelina Jolie: ela está perfeita no papel. E também produtora do filme, ela se cercou dos melhores atores ingleses que pôde: para fazer o trio de fadas madrinhas, ela escalou Imelda Staunton, Juno Temple e Lesley Manville. No papel do seu assecla trapalhão, a incrível performance de Sam Riley, de "Control"( filme do Joy Division) e "On the road", filme do Walter Salles. O Rei é interpretado por Sharlto Copley, coroando de vez sua ascenção em Hollywood desde a sua aparição em "Distrito 9". Esse filme é proibido para quem odeia fofuras, luta do bem contra o mal de forma maniqueísta. É a essência dos contos de fada e do visual do Mundo Disney: cores, fadas, monstros, animais que criam vida, nuvens e castelos, dragões e cavaleiros, príncipes e maldições. A bela canção título "Once upon a dream" , famosa no imaginário popular, foi reinterpretada por Lana Del Rey em versão Dark. Me diverti e achei um super pipocão. Os efeitos são ótimos e arrebatadores. Claro, dentro dos padrões de violência Disney. Nota: 8

quarta-feira, 28 de maio de 2014

The normal heart

"The normal heart", de Ryan Murphy (2014) Produtor de diversas séries de sucesso na televisão, entre elas "Glee", "Nip Tuck", "American horror story", além de ter dirigido o longa "Comer rezar amar", Ryan Murphy atinge seu ápice como Diretor aqui nesse telefilme produzido pela HBO. Baseando-se em fatos reais, e tendo como matéria prima a peça teatral "The normal heart", de Larry Kramer, encenada em 1985 ( ainda no calor da devastação da epidemia), o filme narra a história de Ned (Mark Ruffalo), um diretor de uma Ong voltada para a saúde da comunidade gay, que luta contra o Governo e contra todos que o rodeiam para que abram seus olhos para o surgimento de uma nova doença, um vírus misteriosos, chamado pela mídia de "câncer gay". O Governo americano ignora o fato de que milhares de gays estão morrendo e não dedicam investimento para a descoberta de uma cura, justamente por ter apenas gays como vítimas. Ned ganha apoio da médica Dra Emma (Julia Roberts) , que atende casos de pacientes com essa doença e que também luta contra o Governo. Ryan Murphy, além de se valer de um roteiro brilhante, presenteia todo o seu imenso e formidável elenco com cenas antológicas. Cada um dos protagonistas possui pelo menos uma cena de grande impacto de seu personagem, como se fossem monólogos. Intensos, é lindo de ver atores que em boa parte ainda não haviam encontrado papéis tão dramáticos e que pudessem provar para o mundo que sim, eles são atores, além de rostinhos bonitos e que podem ganhar elogios da crítica e público. Esse é o grande dom do cinema e tv americanos, que enxergam em atores de comédia e filmes de ação um potencial também para papéís dramáticos. Dois exemplos são Jim Parsons ( de "The big bang theory") e Taylor Kitsch ( "John Carter"). Ambos estão irreconhecíveis. O personagem de Jim, importante para costurar o filme com o seu porta-arquivo com fichas que possuem nomes de pacientes com o vírus e que vai fazendo a passagem de tempo através dele. Matt Boomer também é um exemplo de galã que se entregou para o personagem do repórter que contrai o vírus. Matt emagreceu 18 kilos para o personagem, e a sua cena de discussão com ele e seu namorado Ned no final é muito foda. Mark Ruffalo e Julia Roberts engrandecem o projeto com suas performances viscerais, é muita cena poderosa de ambos os personagens. O filme encontra paralelo com "E a vida continua", "Angels in America"e "Dallas Buyers club". Em todos esses filmes, vemos a luta de cientistas, médicos e pessoas comuns contra o surgimento do vírus ainda desconhecido. São filmes que falam do impacto do câncer gay na sociedade e a cegueira do Governo em admitir a existência do vírus. Todas aquelas imagens fortes da época estão de volta: pessoas de aspecto cadavérico, Sarcomas de karposi, diarréias, etc. Ousado, forte, emotivo, e com uma frase que guardarei na memória: "Você precisa lutar por quem você ama". A trilha sonora, recheada de pérolas pop dos anos 80 ( o filme vai de 81 a 84) e a reconstituição de época merecem palmas. Nota: 8

Três mundos

"Trois mondes" , de Catherine Corsini (2012) Drama francês que remete aos filmes "21 gramas" e "Crash". Al é um jovem promissor e ambicioso: vendedor em uma loja de venda de carros, ele vai se casar com a filha do dono da empresa e se tornar gerente. Numa noite, ele se embebeda com 2 amigos da empresa e acaba atropelando um imigrante ilegal. Aconselhado pelos amigos, ele foge sem dar assistência. Uma mulher testemunha o atropelamento, e sai em busca do atropelador e da viuva do acidentado. Dessa forma, os vários personagens se entrecruzam selando seus destinos através desse acidente, que destrói a vida de todos. Exibido na Mostra "Um certan regard", de Cannes 2013, o filme tem boa direção e bela fotografia. A grande força do filme reside na interpretação do trio principal. Desconhecidos, todos os três esbanjam talento em seus personagens tristes e malancólicos. O roteiro segue óbvio, em cima do tema da culpa e redenção. Mas cumpre o que promete, o que já é muito. Nota: 7

terça-feira, 27 de maio de 2014

Entre vales

"Entre vales", de Philippe Barcinski (2013)

Pelos olhos de Maisie

"What Maisie knew", de Scott McGehee e David Siegel (2012) Cacete, coitada dessa Maisie! Eta mundo cruel esse, o dos adultos. Baseado no livro de Henry James, " What Maisie knew", escrito em 1897, que narra o drama de Maisie, uma menina que fica entre o centro da disputa de psse de seus ais que estão se separando. Entra uma briga e outra, Maisie fica com a babá, com o amante da mãe, com governante e toda sorte de gente que aparece no caminho. Dirigido pela dupla de cineastas independentes Scott McGehee e David Siegel, que aqui fazem seu debut no cinema Maisntream. o filme é atualizado para a Nova York de hoje, com seu caos urbano, o egocentrismo exacerbado dos adultos e falta de carinho para com seus filhos. A pergunta é: Porquê ter filhos se você não pode cuidar deles? Dentro dessa premissa, acompanhamos o drama da pequena Maisie, 7 anos, que todo dia ouve a discussão entre seu pai marchant (Steve Coogan) e sua mãe, uma roqueira fracassada (Juliane Moore). A babá (Joanna Vanderham) é amante do pai, e a mãe como vingança arranja um jovem amante, um barman (Alexander Skarsgård). Maisie sofre na mão de todos, e para sobreviver, precisa administrar o ódio dos adultos com a serenidade da criança. Cruel, melancólico, assistir ao filme é uma prova de fogo, principalmente para as pessoas sensíveis com histórico de crianças abandonadas e maltratadas pelos pais. Um drama bem dirigido, de bela fotografia, um pouco longo mas que mantém o interesse. O roteiro às vezes sôa muito forçado ao criar situações que sensibilizem o espectador. Os pais sempre ausentes, sempre discutindo. Todo o drama do mundo caindo nas costas da menina. Mas graças a Deus que o filme não descamba para o melodrama barato, e mais, possui um elenco formidável. Todos dispensam comentários, mas é preciso ressaltar o trabalho da pequena Onata Aprile, simplesmente tocante e espontânea, sem aquelas chatices de crianças super-dotadas. Ela é apenas uma criança. Nota: 8

Caracóis na chuva

"Snails in the rain", de Yariv Mozer (2013)] Drama israelense baseado no livro "O jardim das árvores mortas" , de Yossi Levy Avni . O Diretor Yariv Mozer é o mesmo do excelente documentário "Os homens invisíveis", sobre palestinos que fogem da ira de sua pátria e de sua familia por serem gays e vivem clandestinamente em Israel. Em "Caracóis na chuva", Yaruv Mozer retoma o tema do drama de um homem que está em conflito pessoal pela mentira que precisa mostrar para as pessoas que o rodeiam. Homossexual enrustido, Boaz é um jovem estudante de linguística na Tel Aviv de 1989. Ele mora com sua noiva Noa. Todos os dias, Boaz recebe pelo correio uma carta apaixonada de um anônimo, que Boaz acredita ser de um jovem militar por quem ele foi apaixonado durante o serviço militar. Noa desconfia e acompanha as cartas sem que o noivo saiba. Até que um dia as cartas cessam de chegar e Boaz entra em crise. O tema já é bem batido, mas aqui ganha um sabor especial pelas mão do diretor: por ele, toda a cidade de Tel Aviv é gay. É muito divertido acompanhar closes dos homens que olham para Boaz. Não tem um que não olhe para ele de forma sedutora. Humor à parte ( e nem é para ser engraçado), é um drama de certa forma ingênuo, óbvio. Mas por ser um filme israelense, ganha contornos especiais, adicionado uma pitada de contexto histórico. O filme ganha charme também por ser de época e por ter um bom elenco, principalmente o casal protagonista, bonitos e talentosos. No mais, é muita adrenalina e tesão envolvidos na tela e dentro do filme. As imagens são bonitas e a fotografia capta bem o clima de erotismo. Nota: 7

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Operação invasão 2

"The raid 2: Berandal", de Gareth Evans (2014) Diretor inglês radicado na Indonésia, é cultuado mundo afora por conta de seu filme anterior, 'A invasão policial (The raid". "The raid" contava a história de Rama, um policial que invade um prédio junto de um esquadrão Classe A da polícia para prender um traficante, mas são emboscados por milhares de bandidos que os impedem de sair do prédio. Agora nessa insana continuação, Rama é escoltado por um grupo clandestino de policias que quer destruir as quadrilhas de mafiosos em Jacarta, capital da Indonésia. Para isso, Rama é infiltrado dentro de uma quadrilha da Máfia, se tornando segurança do filho do Chefão. O que se sucede em 2:30 hrs de filme ( sim, é um mega épico) é absolutamente indescritível. Para se ter idéia, os 3 vilões do filme se chamam A garota martelo, o Homem do taco de beisebol e O Assassino. A eles, juntem milhares de bandidos que lutam contra o pobre Rama, sempre em busca da justiça e do bem de sua família. Para quem viu e amou "Oldboy", simplesmente elevem à décima potência todas as cenas de lutas de um homem só contra centenas de bandidos. As cenas de violência também são das mais bizarras que você j;a viu. O filme reserva também pelo menos 4 cenas antológicas: a briga no pátio do presídio ( todo debaixo de lama), o ataque no vagão do metrô, uma perseguição de carros que deixa "Matrix 2" no chinelo, e os 20 minutos finais mais tensos que você já viu num filme de ação. Eu simplesmente adoro essa linguagem dos filme orientais, que se utilizam de barras de ferro, martelos e outras ferramentas para as cenas de luta sangrentas. É quadrinhos em movimento. A galera enlouquece. O público delira. Para se divertir lembrando de não levar ninguém que seja suscetivel a cenas de extrema violência. Ainda bem que tem humor negro na história. O Capitão Nascimento tem muito o que aprender com esse herói Rama. Já já Gareth Evans será a figura mais quente de Hollywood. Nota: 8

Histórias que contamos- Minha família

"Stories we tell", de Sarah Polley (2012) A atriz canadense ficou conhecida do grande público pelos filmes "Amanhecer dos mortos" e Mr Nobody". Mas foi como Cineasta que ela ganhou respeito da crítica. Ao dirigir o drama "Longe dela", com Julie Christie, Polley provou ser mais do que uma atriz. Agora, com esse documentário "Stories we tell", ela comprova o seu talento atrás das câmeras. O filme tem muito da construção narrativa de "Jogo de cena", de Eduardo Coutinho. Misturando atores e pessoas reais, sem sabermos quem é quem, Polley junta peças para elucidar um fato marcante de sua vida: será que seu pai é realmente seu pai? Assim, ela chama todos os familiares e pessoas próximas à sua falecida mãe para desvendar esse mistério: irmãos, pai, tios, amigos de sua mãe. Diane Polley foi uma atriz canadense do início dos anos 70. Atriz de teatro, ela ea casada com George e tinha 4 filhos. Ao fazer uma peça com um ator, Michael, ela acaba se apaixonado por ele e resolve abandonar seu marido, que acaba proibindo ela de ver os outros filhos. Diane engravida, quer abortar mas acaba desistindo após pedidos de Michael. Desse não-aborto, nasce Sarah Polley. Mas ao longo da narrativa acabamos ficando em dúvidas sobre o comportamento de sua mãe, que esbanjava alegria e curtia viver, se realmente Sarah seria filha de Michael ou de outro ator da mesma peça. A premissa interessantíssima do filme é que cada pessoa tem a sua memória afetiva e revela dados diferentes d outra pessoa, pelo simples fato de aguardarmos aquilo que nos interessa, uma espécie de edição. Todos os entrevistados são confrontados a responder a mesma pergunta e daí vemos a diversidade de opiniões. Misturando entrevista, filme de arquivo pessoal da família e outras imagens, Polley nos desafia através das imagens e das entrevistas a pensar: O que é real e o que não é? O filme é todo narrado pelo pai "biológico" de Sarah, Michael, de uma forma brilhante. Como ele foi ator, ele tem uma brilhante narração e ele mesmo escreveu o texto em off, que revela os bastidores da vida de Diane, mulher que ele tanto amou e que ele descobre ter uma vida sexualmente mais ativa do que ele esperava, inclusive com traições. Um documentário que é quase que uma aula de cinema, mesclando emoções reais e linguagem inovadora e inteligente. O porém a é a duração do filme, quase duas horas, chega uma hora que já dá uma barriga boa, mas recupera o ritmo mais lá pro final.

sábado, 24 de maio de 2014

Super nada

"Super nada", de Rubens Rewald (2013) Vencedor de vários prêmios, entre eles Melhor Ator em Gramado 2012 para Marat Descartes e para o cantor Jair Rodrigues como melhor ator no Festival do Rio dentro da Mostra novos rumos. Os 2 atores são o grande motivo para se assistir a esse drama sobre o desemprego no meio artístico, a decadência e a falta de perspectiva para atores condenados ao ostracismo. É um filme muito cruel com aqueles que buscam um sonho, e que jamais chegará. Guto é um ator que luta para sobreviver. Ele faz bicos em pegadinhas, se apresenta como malabarista em sinais para ganhar dinheiro e vai se virando como pode, até roubar dinheiro da mãe ( Denise Weimberg, excelente como sempre). Sua filha pequena mora com a sua mãe, e nas horas vagas Guto assiste ao programa "Super nada", protagonizado por um comediante decadente ( Jair Rodrigues, num papel que remete a Renato Aragão). Um dia, Guto é chamado para fazer teste para uma cena do programa "Super nada" e contracenará nada mais nada menos com seu ídolo, Zeca ( Jair Rodrigues). Mas algo dá muito errado. O filme de Rubens Rewald ( nada a ver com o crítico Rubens Ewald Filho) faz aqui um relato sombrio sobre o Ator e sua luta diária para sobreviver em um mercado onde o ator comum não encontra chance. O filme é uma resposta paulista ao excelente filme carioca de Gustavo Pizzi, "Riscado", com uma Karine Teles endiabrada fazendo também uma atriz que precisa se virar como pode para sobreviver. Ambos os filmes têm um orçamento baixíssimo, e isso fica evidente na tela. Diante de uma projeto onde o que se vê tem uma cara de improviso , brilha o elenco, diante de um roteiro bom, mas que vai por caminhos que o tiram do seu foco principal, que é a bela história de Guto. Nota: 7

Geleira sangrenta

"Blutgletscher/Blood glacier", de Marvin Kren (2013) Exibido no Festival de Toronto de 2013, essa pérola traz de volta para a cinematografia austríaca o gênero Terror. Depois da obra-prima "Angst", de 1983, a Austria ficou devendo filmes do nível. Mas infelizmente, ainda não foi dessa vez. Esse flme é um pastiche levado a sério de "O enigma de outro mundo", cult clássico de John Carpenter. Porém, com um décimo de seu orçamento. Resultado: efeitos pobres, monstros de brinquedo. Aliás, esses monstros são hilários e garantiram boas risadas. Se bem que não era essa a intenção do Diretor. Em uma estação nas montanhas congeladas da Austria, uma equipe de cientista faz pesquisa para descobrir porquê as geleiras estão derretendo tão rápido. A culpa recai no efeito estufa. Uma dessas geleiras se revelam e os cientistas estranham ela ter uma coloração vermelho-sangue. Um pesquisador e seu cachorro entram em uma caverna, mas o cachorro é atacado. Logo, uma equipe de cientistas chega ao local, mas descobrem que os gens de vários animais e insetos se transformaram, e eles viraram monstros. A fotografa do filme é muito bonita, e fiquei pensando se o filme não teria sido mil vezes melhor se fosse um terror psicológico, sem a aparição dos bichos. Os atores são medianos, mas enfim, gastar uma grana para fazer um filme com efeitos toscos é uma pena. Uma cena é antológica: uma senhora tentando impedir a entrada de uma raposa mutante na base cientifica usando uma furadeira. Outra cena genial é logo no início, quando a cientista em 2 segundos desvenda toda a questão dos mutantes, assim, do nada, apenas na suposição. Fantástico. O mais louco é o final, um dos mais toscos que já vi. E tudo por conta de um cachorro, o verdadeiro motivo de conflito do protagonista do filme. Nota: 5

sexta-feira, 23 de maio de 2014

"X-men, dias de um futuro esquecido"

"X-men, days of the future past", de Bryan Singer (2014) O elenco do filme é um caso à parte: além dos habitueés Hugh Jackman, Ellen Page, Patrick Stewart, Ian Mackellen, James Macvoy, Michael Fassbender, Halle Berry, Anna Paquim, Jennifer Lawrence, Nicholas Hauldt, Shaw Ashmore ( que devem ter custado metade do orçamento do filme), não satisfeitos, ainda convocaram Peter Dinklage e Omar Sy. É muito ator foda num filme só! Bom, quanto ao roteiro, ele é maravilhoso, dinâmico, te deixa tenso do inicio ao fim..mas não há quem não faça eu pensar que é uma releitura de "O exterminador do futuro". Usando o mesmo mote de personagens no futuro tendo qu voltar ao passado para salvar a humanidade, evitando que algo muito importante aconteça décadas atrás, o filme brinca com os mesmos personagens no futuro e no presente. É uma delícia de se assistir. O passado, no caso, é o ano de 1973. O figurino, maquiagem, direção de arte, tudo é super produzido. A direção de Bryan Singer está mais afiada do que nunca. Ele não perde tempo e mantém um ritmo alucinado do inicio ao fim. E ainda apresenta ao espectador algumas das cenas mais antológicas de toda a série: a cena da cozinha no Pentágono é uma obra-prima. E o humor sempre presente, garantido pelo time impecável de atores ingleses. Nem dá pra falar muito porquê esse tipo de filme a gente quer é se divertir mesmo. Super pipocão! Nota: 9

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sabor Tropical

"Tropical flavor", de Jorge Ameer (2009) O cineasta panamenho Jorge Ameer talvez seja o único representante do seu País que faça filmes regularmente. Radicado nos Eua, após sua família ter fugido do Panamá nos anos 80 por conta da ditadura do Governo da época. Radicado em Los Angeles, ele já dirigiu dezenas de longas documentais e ficcionais sobre assuntos variados, mas sempre que pode, coloca um pezinho no desbunde e na decadência humana. Em "Sabor Tropical", ele narra a história de Brian, um jornalista que escreve uma coluna online no jornal de seu amigo Jorge ( O próprio cineasta Jorge Ameer). Jorge convida Brian para passar o carnaval no Panamá, um evento que nem mesmo Jorge conhece. Muito semelhante ao Carnaval carioca, a festividade é regada a sexo e bebedeiras. Brian, um viciado em sexo, marca um encontro online com uma garota ao chegar no Panamá, mas as consequências desse encontro serão violentas. O filme é feio, sujo e tem uma estética amadora bem típica dos VHS dos anos 80. Tudo é sem glamour: desde o figurino, maquiagem, a fotografia, as locações. O Que Jorge faz é um desserviço ao turismo Panamenho, pois ele mostra o evento como um lugar pra gente que rouba, faz orgias, deixa tudo sujo e só pensa em loucuras. O personagem de Brian se masturba ( de verdade) em frente às câmeras, e o sexo explícito surge aqui e ali. Podia ser um belo tratado sobre o fetiche, o erotismo das festividades, o tesão enrustido que libera as pessoas. Um filme que falasse sobre o desejo que não encontra resistência mas oferece perigo quando não controlado. Os atores são péssimos, e o roteiro idem. Fica apenas, acreditem se quizer, um charme de um filme amador para quem curte uma narrativa mais trash. A linguagem documental aliado à camera na mão, sôa como preguiçosa. Mais amador, impossível. Mas leva o filme a festivais de cinema. Vai entender. Nota: 4

terça-feira, 20 de maio de 2014

Viver é fácil com os olhos fechados

"Vivir es facil con los ojos cerrados", de David Trueba (2013) Baseado em história real, o filme foi escrito e dirigido pelo irmão do Cineasta Fernando Trueba, David Trueba. Os 2 irmãos possuem uma filmografia muito semelhante, inclusive se utilizando dos mesmos atores e temas que falam sobre a ditadura Franquista e as suas várias metáforas. Em 1966, na cidade de Albaceta, um professor de inglês dá aula se utilizando de letras das músicas dos The Beatles, sua grande paixão. O grupo inglês influencia a moda e cultura em todos os lugares, mas ali, numa cidade pequena, são vistos como vândalos e os pais proibem os filhos de usarem cortes de cabelo e ouvirem músicas deles. Antonio descobre que John Lennon está vindo para Almeria, em Andaluzia, para filmar um longa como ator, "Como eu ganhei a Guerra". Antonio pede licença e segue até a região. No caminho, dá carona para uma jovem grávida e depois para um garoto, ambos fugindo de casa por medo dos pais. Chegando em Almeria, Antonio e os dois novos amigos farão de tudo para encontrar John Lennon, enquanto sofrem preconceito dos moradores da cidadezinha. O que poderia ter rendido um grande filme, acabou ficando uma xaropada sem fim. Os sub-plots do filme, no caso as histórias dos dois jovens, fica sobrando por completo. É um melodrama sobre relação pais e filhos que enjoa pelo clichê. Trueba deveria ter focado a história em Antonio, esse sim um grande personagem, interpretado pelo excelente Javier Câmera, habitueé de Almodovar. O filme tem uma grande produção, e gastou-se uma bela grana repruduzindo o set de filmagem do longa. Ganhador de 6 prêmios Goya (entre eles filme, diretor, ator e atriz), o filme pela pela caretice narrativa. Mas confesso que a única lembrança que terei do filme, é testemunhar o quanto o ator Jorge Sanz envelheceu. Outrora um sex symbol, agora ficou um quase cinquentão sem charme. A mensagem do filme é "Viva sua vida sem medos, viva seu sonho". Faltou um resultado que deslumbrasse essa mensagem com mais vivacidade e brilho. Longo e arrastado, perdeu a chance de fazer um drama poderoso sobre fã e objeto de culto. O Título do filme se refere a uma frase da canção "Strawberry fields forever". A curiosidade é que depois do encontro de Antonio com Lennon, todos os discos dos The Beatles vieram com as letras inclusas em encartes. Nota: 5

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Matadouro Cinco

"Slaughterhouse-Five", de George Roy Hill (1972) Esse clássico cult é de 1972 e há muito tempo eu quiz vê-lo, mas somente agora o consegui. Baseado na obra do escritor americano Kurt Vonnegut, o filme ganhou merecidamente o Grande Prêmio do Juri em Cannes 72. É um filme que definitivamente reinventou a linguagem cinematográfica na época, e inclusive a sua montagem, mesmo pros padrões de hoje em dia, é ousadíssima. Misturando época e a ordem cronológica, o filme é um inteligente e hermético exercício de desprendimento de construção narrativa. É como se George Roy Hill dissesse ao editor: "esqueca tudo o que você entende de montagem e faça como eu quero". É um filme muito complexo em sua lógica, e tentar entendê-lo é um grande desafio. Basicamente, o filme narra a história de Billy Pilgrim, um soldado que nao quer lutar na 2a Guerra porquê não quer matar ninguém. Ele é um assistente de um Capelão. Porém, junto com outros soldados americanos, é feito prisioneiro pelos soldados alemães e levados até a cidade de Dresden, na Alemanha. Eles são confinados no Matadouro 5 ( daí o título do filme) e presenciam o bombardeio da cidade pelos aliados, com um total de mais de 100 mil mortos. Pilgrim é levado de volta para os estados Unidos, onde se casa com uma mulher, filha de um empresário do ramo de óculos. A mulher dele morre após tentar descobrir o paradeiro do corpo de Pilgrim, que sofrera um acidente de avião. Muitas cosias acontecem até que Pilgrim é abduzido por alienigenas que o levam até o Planeta Tralfamadore, onde ele é obrigado a se acasalar com uma atriz pornô também abduzida. Como se vê, a história realmente não é nada convencional. O próprio autor do livro, Kurt Vonnegut, faz de Pilgrim o seu alter-ego, uma vez que ele próprio testemunhou o bombardeio em Dresden. Ele escreveu esse livro como uma forma de exorcizar sus fantasmas de guerra. O filme foi rodado em Praga e nos Eua e as locações são muito bonitas. A direção de Roy Hill, autor de "Butch Cassidy e Sundance Kid" e do igualmente bizarro "O mundo segundo Garp", faz aqui um brilhante exercício de estilo e de edição. Fico imaginando o quanto a platéia da época deva ter desprezado esse filme. Fosse um filme de um Cineasta europeu, como Godard e Truffaut, hoje em dia seria considerado uma obra-prima. Um filme realmente ousado pros padrões da época, e que vale a pena ser descoberto. Não perdeu nada com o tempo. ( Afora a questão maquiagem e efeitos especiais) Nota: 7

sábado, 17 de maio de 2014

Ex baterista

"Ex drummer", de Koen Mortier (2007) Filme belga, adaptado do livro do escritor excêntrico Herman Brusselmans. É difícil classificar um filme onde você tem Fetiches (incesto, menage a trois) , extrema violência, sexo explícito, humor negro, musical punk rock, anarquia, estupros, assassinatos, homofobia, sadomasoquismo e outras loucuras desenfreadas. O filme narra a história de 3 músicos deficientes: um tem um braço direito imobilizado porquê quando adolescente sua mãe o flagrou se masturbando e desde então criou um trauma, assim como sua mãe ficou careca nesse mesmo evento; um outro é meio surdo, é drogado e maltrata sua esposa na frente de sua filha pequena, além de cheirar o tempo todo com a mulher; o terceiro é um careca punk que estupra e assassina mulheres. Juntos, os 3 convidam um famoso escritor para ser o baterista do grupo, pelo simples fato de terem lido num jornal que ele adoraria tocar bateria. O escritor, que não sabe tocar bateria, aceita o convite, mas com a intenção de se aproveitar da história desses 3 párias para escrever seu próximo livro. Assim, ele os maltrata e provoca neles reações que transformarão a vida de todos num verdadeiro inferno. O filme é muito bizarro, e definitivamente não é para todos s gostos. O início, todo filmado de trás pra frente, é brilhante, assim como o desfecho, onde rolam vários assassinatos em formato de clip. Os mortos dando depoimentos é genial. O filme é uma espécie de "Transpotting" elevado ao cubo. Sujo, feio, mórbido, sórdido e muito punk, em todos os sentidos. Nota: 6

23 segundos

"23 segundos", de Dimitry Rudakov (2013) Drama uruguaio de baixo orçamento, que narra a história de Emiliano, um homem com problemas mentais, que trabalha como limpador de para-brisas nas ruas de Montevideo. Emiliano sonha em ter uma namorada para poder trabalhar em uma oficina, pois ser casado é uma das condições para poder trabalhar lá. Um dia, em seu caminho cruza Carina, uma corretora que leva um tiro durante um assalto num sinal. Emiliano fica na dúvida entre levá-la ao hospital ou para sua casa. O filme tem um roteiro que trabalha com coincidências, e isso atrapalha a narrativa, pois torna a trama inverossímel. Os personagens são rasos, e o trabalho de corpo de Hugo Piccinini, fazendo o portador de doença mental, incomoda pelo excesso de trejeitos. Mas admiro a destreza do diretor do filme, que mesmo limitado pelo orçamento baixo do filme, tentou fazer um filme que falasse ao coração. Tem umas cenas bonitas, como a que Emiliano e uma outra personagem correm pelas ruas de Montevideo. De resto, é ver um filme honesto, com pequenas falhas, mas desculpáveis pela pouca cinematografia do País. A destacar a boa trilha sonora. Nota: 6

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Pais e filhos

"Like father, like son/Soshite chichi ni naru", de Hirokazu Koreeda (2013) O cineasta japonês Hirokazu Koreeda talvez seja o mais importante representante do cinema de seu País atualmente. Desde "Ninguém pode saber", sua obra-prima, passando por "O que eu mais desejo", os seus filmes imprimem uma melancolia e a tristeza que machuca lá no fundo, por falar de um tema muito crucial: a família e a sua destruição. Todos os seus filmes falam de relação pais e filhos, de crianças que sofrem com a rejeição dos adultos, de adultos que não sabem como lidar com crianças. O mais curioso é ver que aqui, temos um pop star romântico como protagonista do filme, o cantor Masaharu Fukuyama, que manda muito bem, além de um time de primeiríssima qualidade. Todos estão perfeitos nos seus papéis, mas quem definitivamente rouba o filme são as duas crianças de 6 anos de idade. Koreeda é famoso por saber lidar com crianças, e em todos os seus filmes elas agem de forma espontânea. É algo de impressionante. Quero muito um dia poder aprender a lidar com crianças como ele. O filme narra a história de duas famílias: Nonomyia e Saiiki. A família Nonomyia é rica. A de Saaiki é de trabalhadores humildes. Um dia, ligam do hospital e as famílias descobrem que seus filhos de 6 anos de idade foram trocados na maternidade. Em conflito, as duas familias entram em crise, querendo entender se o que vale é o sangue ou a afeição criada pelas crianças trocadas. O patriarca da família Nonomyia é egocêntrico, workhaholick e dedica pouco tempo a sua família. O patriarca da família Saiiki é justamente o oposto. Como as crianças reagirão a essa troca? Uma direção precisa, elegante, inteligente, que valoriza cada segundo da atuação do ator. Com planos longos e reflexivos, testemunhamos a transformação de todos os personagens durante o filme. A Trilha sonora toda de piano é classuda , a fotografia fria, em tons azulados, ajudando a dar o tom melancólico do filme. Um grande filme, que ganhou o Prêmio do juri em Cannes 2013, e que terá uma refilmagem a cargo de Steven Spielberg, que foi presidente no ano. A cena final é de doer o coração. Nota: 9

Wer

"Wer", de William Brent Bell (2013) Ótimo filme de lobisomen, com narrativa found footage e câmera na mão, bem ao estilo do diretor William Brent Bell, que realizou a 2 anos atrás "A filha do mal". Porém, esse filme aqui é muito superior e mais consistente e assusta na sua 2a parte. Uma advogada é acionada para defender um acusado de ter assassinado uma família. Ela acredita em sua inocência, porém indícios levam a crer que ele é realmente o assassino. Até que ele foge do hospital. Em estilo documental, o filme se diferencia de outros filmes de lobisomens atuais por unir uma linguagem realista a efeitos especiais críveis, sem muito CGI, mas impactantes. A figura do lobisomem remete ao arquetipo dos lobisomens antigos, barbudão e peludo. O filme foi todo rodado na Romênia, o que lhe dá um charme extra. Atenção pela extrema violência do filme. Passatempo com pipocão. Nota: 7

I want your love

"I want your love", de Travis Mathew (2012) O cineasta independente americano Travis Mathew é famoso por realizar filmes de baixo custo que falam sobre as relações homossexuais e mostra os atores fazendo sexo real. Em 2010, ele realizou um curta, de mesmo nome, que ganhou vários prêmios, e que fala da relação de 2 jovens gays que acabaram de se conhecer e estão na cama, discutindo sobre vários assuntos, até resolverem transar. O filme impressionou pela espontaneidade dos atores, tanto na parte dramática quanto no ato sexual. Esse mesmo tom volta agora nesse longa, uma extensão do curta, com o mesmo protagonista, Jesse. Aqui, o Cineasta Travis Matthew ( que co-dirigiu o polêmico "Interior leather bar" com o ator James Franco") bota os nomes reais dos atores para os seus personagens, para aproximar a vida de ator/personagem. Jesse tem 30 anos, mora em São Francisco e está em crise pessoal e profissional. É um artista plástico, mas não encontra espaço na cidade para a sua arte, e também não esqueceu o amor de um ex-parceiro. Angustiado com um futuro incerto, ele resolve voltar para Ohio, sua cidade natal. Jesse vai se despedindo de seus amigos, que fazem uma festa de despedida, mas ainda não está certo se deve ir embora ou tentar algo que modifique essa sua sensação de frustração. Um retrato da geração americana na faixa dos 30 que se perdeu no meio de tanta promiscuidade e relações amorosas vazias, o filme tem um parentesco com "Shortbus", de John Cameron Mitchell, por falar de jovens sem rumo, sexo como dercarga emocional e um sentimento de vazio, impotência perante uma vida fria e sem perspectiva. Acompanhamos vários personagens , jovens, artistas, tristes, melancólicos que se refugiam no sexo e nas camas de desconhecidos. É um filme triste, e mesmo com tantas cenas de sexo explicito, o filme não excita. As cenas de sexo servem como um momento de espantar fantasmas, a entrega é muito sofrida por parte dos personagens. São cenas belas, bem filmadas. O filme exala espontaneidade e mostra uma San Francisco muito fora do catão postal. O que sento falta foi um de um roteiro com diálogos mais contundentes. As situações são muito simplórias demais. Os atores são amadores no bom sentido, pois dão a verdade dos personagens. Nota: 6

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Os dias são mais belos que as noites

"Skin.Like.Sun./Des Jours Plus Belles Que La Nuit", de Jennifer Lyon Bell e Murielle Scherre (2009) Filme-ensaio de duas cineastas independentes, que enxergam o sexo explícito como um ator de amor exposto em um filme. A proposta do filme é mostrar justamente o que é cortado nos filmes convencionais. Na hora de fazerem sexo, nos filmes a edição coloca tudo em menos de 2 minutos, desde as preliminares até o ato do gozo. Aqui, as cineastas Jennifer Lyon Bell e Murielle Scherre quizeram fazer o oposto. Mostrar tudo, em tempo real. Nos 55 minutos do filme, acompanhamos 2 trepadas de um casal real, em momentos distintos. Desde a chegada, beijos, carícias, tiradas de roupas, até o gozo. O casal é muito bonito: jovens, modernos, com tatuagens. Ambos se expõe sem qualquer tipo de pudor diante da câmera. Pode-se considerar meramente um filme voyeurítico, mas diferente de vídeos caseiros de casais transando, aqui o olhar das diretoras exala arte. O problema é que fica muito chato de ver. É muito bonito e excitante na primeira parte, mas depois cansa, pois fiquei com a impressão que o casal estava posando pra câmera, uma vez que levam horas nos beijos. Na verdade durante o filme, fiquei o tempo todo pensando em Andy Warhol e seus famosos filmes conceito: Eat, Blow job, sleep, etc, onde acompanhamos oras de filmes sem absolutamente nada acontecer. Nota: 5

Godzilla

"Godzilla", de Gareth Edwards (2014) Todo mundo compara esse novo "Godzilla" ao filme de Guillermo del Toro, "Círculo de fogo". E realmente a coincidência é imensa. A começar pelo verdadeiro mote do filme, que não é o fato de ser um filme de monstros, mas um filme sobre família, perdas e ganhos. O grande problema desse filme aqui é que todo mundo quer ver Godzilla, e ele mal sequer aparece! e as cenas de batalha com monstros, na sua grande maioria são noturnas, o que também impede e muito de ver os monstros detonando tudo. O cineasta inglês Gareth Edwards ficou famoso por ter realizado um filme de monstros de baixo orçamento, chamado "Monster", e que foi alçado a cult, mas que me irritou bastante porquê os monstros não apareciam!!!! Tudo bem, era um filme de baixo orçamento, e o diretor espertamente invetsiu no lado humano da história. Ele também faz isso aqui, investindo pesado em pequenos dramas humanos. Mas sinceramente, nesse tipo de filme, eu quero ver é os bichanos botando tudo pra quebrar. E isso demora muito! O roteiro quer abraçar o mundo, assim como o vasto elenco internacional: Juliette Binoche, Sally Hawkins ( Gente, como é estranho ver essas duas super atrizes em filme de monstro, mas dim dim é dim dim hehe), Aaron Taylor Johnson, Elisabeth Olsen, Bryan Cranston, Ken Watanabe e tantos outros. As muitas coincidências da história enfraquecem e muito a narrativa, mas pelo visto o diretor não se incomodou nem um pouco com isso ( os vários reencontros do nada, parece que todo mundo mora num bairro pequeno). A fotografia é muito bonita, mas o excesso de cenas noturnas atrapalha a emoção. A melhor cena do filme é os militares pulando do avião e chegando em San Francisco pelo ar. Ali sim, o diretor Bryan Cranston mostra ao que veio. Uma cena antológica e muito bonita. No quesito monstros, "Cloverfield" pra mim ainda é imbatível. Nota: 6

Última sessão

"Derniere seance/Last screening", de Laurent Achard (2011) Viver e morrer pelo Cinema. Com essa premissa, o cineasta independente francês Laurent Achard faz a sua metáfora do amor incondicional ao cinema através do gênero terror. O filme narra a história de Sylvain, um funcionário de um cinema de arte que está para fechar as portas por falta de clientela. Seu dono vai vender o local, mas Sylvain não aceita. No sob-solo, onde ele mora, existe um altar onde ele coloca a foto de sua falecida mão. Sylvain na verdade é um serial killer que mata mulheres que usam brincos. Ao longo do filme, e de flashbacks dele criança, vamos descobrindo o motivo de seu trauma. Um filme genial, realizado por um cineasta cinéfilo. Durante o filme todo vemos referências a vários filmes, seja através de cartazes, seja através de enquadramentos e situações. O mestre Hicthcock é referência certa. mas o filme mais mais além. Filmado com uma cor e ambientação como se fosse um filme antigo dos anos 70 ou 80, é justamente aí que o filme faz homenagem aos filmes B de terror. Pegando os filmes "Peeping Tom" e "Maníaco", o cineasta se utiliza do terror gore e da questão do voyuerismo, um tema recorrente nesses 2 filmes citados. O assassinato através de espelhos, vidros. Algumas cenas ao extraordinárias e bem concebidas. A linguagem se baseia em planos longos, estáticos e em close ups. em uma cena genial, vemos um assassinato dentro de uma van, e do lado de fora da janela, chove. Durante a cena, ouvimos gritos desesperados e agonizantes da vítima. Essa cena é um primor. A atuação de Pascal Cervo, no papel de Sylvain, também merece destaque. Ele está soberbo fazendo um papel minimalista e baseado em olhares, sem se tornar um estereótipo do serial killer. Curiosa ironia que um dos locais de assassinato, o sob-solo, tenha como poster na porta o cartaz de "Playtime", de Jacques Tati. Nota: 9

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Toad road

"Toad road", de Jason Banker (2012) Primeiro longa produzido pela produtora do ator Elijah Wood, a SpectreVision, foi lançado pela mídia como sendo um filme de terror. Mas está longe disso. É um drama psicológico, uma mistura insana de "Kids" do Larry Clark com "A bruxa de Blair". Só que, felizmente, sem a linguagem do "Found footage". Usa a essência do filme que é a atmosfera misteriosa e sinistra, onde nem os personagens nem os espectadores entendem o que se passa. Numa cidade da Pensylvania, um grupo de jovens passa os dias usando drogas de todos os tipos. Um deles, James, é levado pelo seu pai várias vezes ao terapeuta, mas sem sucesso. Um dia, uma jovem, Sara, entra no grupo. James quer se livrar das drogas, mas Sara quer entrar nesse mundo. James atende seu pedido, e mais: comenta com ela sobre a lenda urbana de "Toad road". É uma estrada na floresta que levava o caminho até um sanatório. Diz-se que existem 7 portões imaginários, e quem atravessar esses 7 portões encontrará a porta do Inferno. James e Sara resolvem levar a experiência adiante. Tomam drogas e seguem o caminho. Os dois surtam com as drogas. James acorda, sara desapareceu. Usando atores amadores, o filme impressiona pelas cenas de uso de drogas. Li em uma matéria que as cenas são reais, inclusive os diálogos dos atores antes e depois do uso de Lcd, ácido, cocaína, etc. Polêmica à parte, a linguagem documental é crua. Fotografia suja, atores espontâneos, cenas sem desenvolvimento de plot. Tudo solto. A única sombra de roteiro reside em Sara e na trilha para os 7 portões. O restante é super em aberto. O diretor e roteirista Jason Banker usou os nomes reais dos atores. A atriz Sara Ann Jones, que interpreta Sara, morreu logo depois das filmagens de overdose. A vida imita a ficção e vice-versa. É um filme difícil, hermético, experimental. Pro espectador que quizer pirar na viagem do filme, é só abstrair qualquer tipo de objetividade e coerência e embarcar na loucura. Nota: 6

terça-feira, 13 de maio de 2014

Saindo do armário

Saindo do armário
"Date and switch", de Chris Nelson (2014) Simpática comédia romântica independente, que trata de forma bem humorada o tema da saída do armário. Michael e MAtty são os melhores amigos desde a infância. Crescidos, Matty às vésperas do baile de formatura resolve confessar a Michael que é gay. Em princípio incrédulo, por não ter reparado nos indicios gays do amigo, Michael resolve aceitá-lo do jeito que ele é e participa da nova vida do amigo. Vai com ele a bares gays, points, etc. Um dia, Matty surge com um namorado gay, e isso quebra a sua relação com Michael. Mesmo tendo cenas escrachadas e estereótipos relacionados à vida gay, o filme tem momentos sentimentais e humanos no que tange sobre o valor da amizade. A mensagem final, ingênua, traz a conclusão que a verdadeira amizade independe de sexo, classe social, etc. O elenco é todo de desconhecido, e por isso, mais interessante. Os atores se divertem e a trilha sonora, pop, é condizente com a narrativa. Inclusive inclui uma música do Chernobyl, "Dança do zumbi". Acima da média de tantos filmes descartáveis americanos. Nota: 7

O Médico alemão

"Wakolda/The german doctor", de Lucía Puenzo (2013) Baseado em história real, o filme narra a relação do médico nazista e fugitivo Joseph Mengele com uma família argentina no ano de 1960 na Patagônia. Mengele conhece uma família que está de mudança e que irá abrir uma hospedagem. Mengele resolve se hospedar lá, no entanto, seus interesses estão na filha caçula, Lilith. Lilith nasceu prematura e é pequena para a sua idade de 12 anos. Com o consentimento da mãe, ele faz experimentos com a menina prometendo fazê-la crescer. Paralelo, uma agente do governo israelense esta buscando paradeiro de Mengele na Argentina. A cineasta Lucia Puenzo também é a roteirista do filme. Ela tem uma filmografia de filmes estranhos, que vai de "O menino peixe"a "XXY", famoso filme argentino sobre uma criança hermafrodita. Lucia Puenzo se interessa por esse tema da pessoa diferente, marginalizada, principalmente crianças. Tudo isso provavelmente como metáfora dela criança vivendo na ditadura de seu país. Filha de Luiz Puenzo, ele ficou famoso por ter ganho o Oscar de filme estrangeiro pelo clássico "A história oficial". O filme foi fotografado belamente por Nicolas Puenzo, irmão dela. Quase todo rodado em Bariloche, é um filme polêmico por tentar humanizar a figura de Mengele, que ganha simpatia da mãe e da filha, que se apaixona por ele. Ótimo elenco, boa direção e bela trilha. A direção de arte do filme é muito bonita e é um filme que vale a pena ser visto. Nota: 7

Ruína azul

"Blue ruin", de Jeremy Saulnier (2013) Um filme extraordinário, super violento e amoral, que ganhou o Prêmio Fipresci da Quinzena de Realizadores 2013 em Cannes. Mais uma vez se comprova que um ótimo filme se faz com um bom roteiro e com ótimos atores, mesmo que nenhum deles seja conhecido. Pois o cineasta Jeremy Saulnier, que começou sua carrreira como fotógrafo de vários filmes independentes, faz um baixo orçamento que impressiona pela crueza e pela narrativa tensa. O filme conta a história de Dwight, um andarilho que dorme todo dia em um carro azul caindo aos pedaços. Um dia, ele recebe a notícia que um homem saiu da prisão. A partir desse momento, Dwhight se prepara: invade uma casa e toma banho, roupa umas roupas e prepara o carro para seguir em sua vingança, que somente descobriremos mais lá pro final qual a sua motivação. Me parece que o cineasta e também roteirista se inspirou em "Oldboy". Muitos elementos me levam a crer que sim: além da clara trama de vingança, temos um filme silencioso, poucas falas, uma decupagem extremamente cinematográfica e o uso da extrema violência. Aliás, existe uma cena de tiro que é das mais violentas que já vi num filme, é algo realmente chocante. Esse Cineasta é um nome a se seguir, e o ator principal também: Maicon Blair. Vendo a filmografia dele, me impressiona que ele tenha feito quase que somente comédias, e como ele atuou de uma forma esplêndida nesse filme de drama e suspense. Um puta ator para todas as estações. Assim como no filme "Azul é a cor mais quente", aqui também vemos o predomínio da cor em vários elementos de cena. Ah, o filme também lembra bastante o filme australiano "Reino animal". Vale conferir os filmes citados nessa resenha. Nota: 10

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sétimo

"Séptimo/7th floor", de Patxi Amezcua (2013) Escrito e dirigido pelo Cineasta espanhol Patxi Amezcua, essa co-produção Espanha/Argentina tem no seu Casting duas das maiores estrelas dos 2 países: Ricardo Darín e Belén Rueda. Belén é mais conhecida pelo suspense "O orfanato", e Darin dispensa apresentações. Mas como em qualquer cinematografia, atores famosos nem sempre significa que o resultado será bom. O filme, um suspense, narra a história de Sebastian, um advogado que vai buscar sues 2 filhos na casa da ex-mulher, Delia. Numa brincadeira, ele permite que seus filhos desçam pela escada, enquanto ele vai pelo elevador. Porém, ao chegar no térreo, descobre que seus filhos não desceram, e a partir daí, ele surta, achando que eles foram sequestrados. A direção é correta, os atores estão ok, sem grandes sobressaltos. Porém o roteiro não oferece muita criatividade. Quase todo ambientado no prédio, o filme carece de ritmo e de maior surpresa. Tudo caminha óbvio, e sim, o desfecho eu já previ no meio do filme. Para quem quiser assistir e se surpreender, melhor não tentar amarrar as pontas e se deixar levar , acompanhado de um saco de pipoca e uma coca-cola para entender que se passa apenas de um filme passatempo, bem aos moldes de filme americano. Esse é o segundo filme seguido de Darin que me decepciono, e que segue o gênero do suspense. O outro era "Tese para um homicídio". Nota: 6

domingo, 11 de maio de 2014

A passarela se foi

"Tian qiao bu jian le/The skywalk is gone", de Tsai Min Liang (2002) Continuação do filme cult do cineasta Tsai Min Liang, "Que horas são aí?", de 2001. Esse média metragem é de 2002, e continua a história de Shiang-Chyi , uma jovem que voltou de Paris e quer encontrar o homem que vendeu um relógio para ela na passarela. Porém, a passarela não existe mais, por isso ela não consegue achá-lo. Hsiao-Kang, o vendedor, perdeu seu emprego de camelô de relógios e resolve ser ator de filmes pornôs. Os temas fetiche de Min Liang estão todos aqui: sexo, cotidiano, falta de comunicação. Até mesmo Lee Kang-sheng , sua alma gêmea, seu ator presente em todos os seus filmes. Sua linguagem está presente: planos longos, chegando no limite da paciência do espectador menos afoito a filmes de arte. A vida cotidiana que não consegue administrar o tempo, sempre corrido, as pessoas sempre em suas atividades. Seus filmes versam sobre o vazio, emocional e rotineiro. O Sentido da vida? Seus filmes, deixando o final aberto a possibilidades de interpretação, podem esclarecer alguns pontos para o espectador. O lance é encontrar cinéfilos que se abram a suas mensagens. Nota: 7

A condição canina

"La condition canine/v", de Jia Zhang Ke (2001) Curta dirigido pelo Mestre chinês Jia Zhang Ke em 2001, porém absolutamente não recomendado para pessoas sensíveis a maus tratos com animais. Em uma pequena cidade rural na China, homens ensacam pequenos filhotes de cachorros em 2 sacos e amarram, de forma que não consigam respirar. Durante todo o filme, ouvimos os ganidos desesperados dos bichinhos e as sacolas se mexendo. Porem, um dos cachorrinhos consegue furar um dos sacos e acaba colocando a sua cabeça para fora, de forma que consiga testemunhar as risadas dos homens e os cães adultos acorrentados e maltratados. Esse filme é uma pequena obra-prima, filmado de forma documental, simples na captação de imagens, mas forte em seu conteúdo e no uso do som. Posso pensar no filme como uma metáfora do homem que se vê preso a uma condição de sobrevivência e desespero, e que quando consegue avistar uma pequena luz no fim do túnel, conclui que a dificuldade será tanta que o que irá conseguir será apenas o desprezo. Esse filme é poesia pura. Triste, absolutamente aterrador, chocante. Mais uma vez Jia Zhang Ke fazendo uso da violência, aqui psicológica, para mostrar a China rural que ele tanto ama apresentar em seus filmes. Nota: 10

Namoro ou liberdade

"That awkward moment", de Tom Gormican (2014) Filme de estréia do roteirista Tom Gormican, que resolveu investir no gênero comédia romântica protagonizado por Zac Efron, mas infelizmente sem qualquer química com sua parceira de cena, a inglesa Imogen Poots. O filme narra a amizade de 3 garotões: 2 trabalham como designers e o terceiro é um médico. Acostumados a levar a vida na base a brincadeira e sem compromissos, eles fazem um pacto para continuarem assim, para alongar a relação entre eles. Isso significa que nenhum deles poderá se deixar envolver emocionalmente com nenhuma mulher, muito menos se apaixonar. Obviamente que fica difícil levar essa tarefa adiante e todos os 3 escondem dos outros o que sentem por suas parceiras. Indeciso entre optar pela escatologia e situações infames, e o romance genuíno, Tom Gormican patina no filme que tem um ritmo arrastado, sem humor e com tiradas pra lá de previsíveis. Aliás, o que é a cena do atropelamento lá pro final? Os personagens não são nada carismáticos, muito menos simpáticos a ponto de receber atenção do espectador. O personagem de Efro é o mais prejudicado. Fica difícil alguma mulher querer um homem que faça tanta merda em sequência. Só sendo mesmo uma carente com problemas de relacionamento. De interessante só a prosa atualizada do filme, mostrando uma geração de geeks que se utiliza de whatsapp e facebook para se comunicar. Final mega clichê com direito a platéia e tudo. A trilha sonora pelo menos é gostosinha. Nota: 5

sábado, 10 de maio de 2014

O Sacramento

"The Sacrament", de Ti West (2013) Livremente inspirado no Massacre do Pastor Jim Jones, nos anos 70, quando ele matou quase todos os 1000 membros de sua comunidade religiosa nas Guianas, se suicidando depois. No filme, dirigido pelo cineasta independente Ti West, especialista em filmes de terror, acompanhamos Patrick, um repórter de moda de New York, que recebe uma mensagem de sua irmã, ex-drogada, que mora numa comunidade chamada "Eden Parish" em Mississipi. Eden resolve seguir para lá com 2 amigos seus cineastas. Chegando lá, as coisas não parecem ser exatamente como eles esperavam. Produzido pelo cineasta e ator Eli Roth ( O albergue), "O sacramento" irrita pela sua narrativa found footage. Ou seja, tudo pelo ponto de vista da câmera documental, captada por um dos personagens. E mais uma vez, o ridículo de ver a câmera sempre gravando, mesmo em situações de extremo perigo. O filme poderia se levar a sério, caso optasse por filmar uma narrativa clássica, sem pontos de vista de câmera. Outra irritação são os personagens não estranharem tudo logo de cara, ficam ali se fazendo de bestas. O que se salva mesmo é a atuação de Gene Jones no papel do "Pai". Jones já foi o Mágico de Oz na versão de Sam Raimi, e aqui manda conta do recado, na pele do Pastor assassino e louco. Dá pra se divertir com alguns momentos bem trash, mesmo que a intenção não seja essa. Nota: 5

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Patrick

"Patrick", de Mark Hartley (2013) A muito tempo eu não me divertia tanto com um Filme B. Nesse remake do clássico australiano de 1978, o cineasta Mark Hartley claramente se diverte com todos os excessos do filme de suspense dos anos 70. Tudo no filme é over: a trilha sonora, de Pino Donaggio ( parceiro de Brian de Palma), a fotografia, os efeitos especiais, as atuações, os sons estridentes, a direção de arte. É tão exagerado que abstrai e acabei me divertindo bastante. O elenco tem como vilões Charles Dance, ( Twin Lannyster de "Game of thrines") e Rachel Griffits, aqui irreconhecível e disputando com Anita Ekberg o título de pior performance de uma enfermeira de todos os tempos. O roteiro é uma loucura só: Kathy é uma jovem enfermeira que vai trabalhar numa mansão ministrada por um Psiquiatra especializado em pacientes com coma. Entre eles, se encontra Patrick, que descobrimos estar ali por ter matado sua mãe e o amante dela. Patrick, apesar do coma, consegue controlar a mente das pessoas e mover objetos, pois possui o poder da Telecinese. E pior, ele se apaixona por Kathy e afasta do caminho todos que podem atrapalhar seu intento. Com referências a "Ilha do medo"( pela ambientação) e a vários filmes de Brian de Palma, como "Dublê de corpo", "A fúria", "Carrie" e "Síndrome de Caim", além de pegar emprestado seu fiel escudeiro Pino Donaggio, o filme tem um clima absolutamente delicioso de filme de terror B, com aqueles laboratórios macabros, máquinas de choque elétrico, injeções mortais e casa de máquinas, além dos indefectíveis malucos que circulam pelo Hospital. Ri bastante, e recomendo a todos os fàs de trash e terrir. Nota: 7

A antena

"La antena", de Esteban Sapir (2007) Essa pérola do cinema argentino, tenho que confessar, me escapou por completo. Exibido em 2007, somente agora tomei conhecimento, e foi por acaso. O filme é uma fantasia que faz homenagem ao movimento expressionista alemão, principalmente aos filmes de Murnau ( M), e Fritz Lang ( Metropolis, em homenagem explícita, por conta de seu visual futurista e da fabricação do andróide). Todo em preto e branco, e usando a linguagem do cinema mudo, o filme narra a história de um País imaginário, comandado por um Homem, o Senhor Tv, que através do Broadcasting domina a voz de toda a população. Ele rouba as vozes, e somente uma mulher possui a voz, obviamente, sob o dominio do Senhor Tv. Um pacato cidadão resolve lutar contra esse domínio da ditadura imposta pelo Sr Tv, e junto de sua filha e esposa, vai até a Antena, um lugar nas montanhas, onde será possível reverter a situação e ter as vozes da população de volta. Uma alegoria óbvia da Ditadura argentina, o filme é uma bela homenagem ao Cinema como um todo: Cinema mudo, cinema expressionista e cinema para os Cinéfilos, que com certeza se deleitarão com esse filme. Estudado milimetricamente, plano aplano, o filme se utiliza tanto de efeitos visuais antigos ( fade, planos sobrepostos, cartelas informativas, etc) quanto mais recentes ( sombra chinesa, animação, onomatopéias,etc). É um deleite visual, e curioso como são os caminhos da Indústria cinematográfica: esse filme data de 2007 e homenageia o cinema mudo. "O artista" foi realizado em 2011 e foi incensado como um filme que revolucionou o retorno à origem do Cinema nostálgico, mudo e silencioso. Vi uma homenagem também a "Sin City", "Indiana Jones" e até "Dick Tracy". É um produto da cultura pop, sem dúvida. Aventura, romance, espionagem, ficção científica, comédia, fantasia, tem de tudo nesse filme. Os atores, todos de ponta do Cinema argentino, mandam muito bem nessa proposta divertida e ousada , estranha até mesmo ao cinema argentino. Um show de criatividade, um triunfo de realização. Nota: 8

quinta-feira, 8 de maio de 2014

O Grande Hotel Budapeste

"The great Budapest Hotel", de Wes Anderson (2014) Seguramente o melhor filme de Wes Anderson. O que não é pouco. Durante os 100 minutos de projeção, eu fiquei o tempo todo, a cada segundo, pensando : "Caralho", "Puta que o pariu", "Que foda!". A muito, muito tempo, eu não via um filme pensado por fotograma. Cada frame desse filme é uma obra de arte. A direção de arte, a fotografia, maquiagem, figurino, composição de enquadramento, movimentação de câmera, trilha sonora ( de arrepiar, de Alexandre Desplat). E eu toda hora: "CARALHO!!". É realmente algo de impressionante! Esse filme deveria ser exibido em algum museu de arte na Europa e ser qualificado como obra de arte. Um luxo e sofisticação raramente visto no cinema. Um filme pra ser visto em tela grande e som surround (recado para os baixadores de filme). Outro item que me deixou também boquiaberto o tempo todo, é o gigantesco e poderoso elenco do filme. Praticamente todos os atores que trabalharam com Wes Anderson estão aqui: Bill Murray, Edward Norton, Jason Schwartzman , Owen Wilson, e acrescente Jude Law, Ralph Fiennes, Tilda Swinton (Irreconhecível!), Saoirse Rosnan, Willen Dafoe, Jeff Goldblum, Adrien Brody, Harvey Keitel, F. Murray Abraham, Mathiew Almaric, Lea Sedoux ( De "Azul é a cor mais quente"), Tom Wilkinson, e muitos outros, além do fantástico Tony Revolori no papel do jovem Zero, antológico. O roteiro é baseado em escritos de Stefan Zweig. Narra a história de um famoso hotel, Grand Hotel Budapest, situado nas montanhas de um País fictício chamado Zubrowka. Nos anos 30, ele era o Hotel mais famoso e disputado por milionários. Muito da fama veio por conta de seu concierge, Monieur Gustave (Ralph Fiennes). sempre elegante, na verdade, um grande comedor das senhoras loiras e ricas. Ele conhece o bell boy Zero, com quem ele formará uma dupla inseparável. Um dia, Gustave recebe um anúncio de um testamento de uma das hóspedes que faleceu, e descobre que herdou um quadro valioso. Porém, ele é acusado de ter assassinado a senhora e precisa provar a sua inocência. O filme se passa em 3 épocas: anos 30, 60 e atual. É uma história dinâmica, que pela primeira vez em um filme de Wes Anderson, não cansa pelos excessos da produção visual. ë bem provável que o filme jamais ganhe nenhum prêmio técnico, o que seria um absurdo. Fico imaginando o imenso trabalho que Anderson e sua equipe teve em filmar esse longa milimetricamente orquestrado, em todos os mínimos detalhes. não há um único elemento sequer fora do lugar. Brincando com gêneros (Comédia, filme de guerra, romance, drama, suspense), Anderson faz aqui a sua assinatura para a eternidade. O fotógrafo Robert D. Yeoman é o fiel escudeiro de Anderson, e aqui ele também atinge o seu ápice criativo. Nota: 10

quarta-feira, 7 de maio de 2014

História de minha morte

"Història de La Meva Mort", de Albert Serra (2013) O que leva um Cineasta independente, a fazer um filme de época minimalista? E mais, com 150 minutos de duração? E também com uma sinopse tão bombástica, que no mínimo, um bom cinéfilo ficará interessado em ver. A história, sedutora, narra o encontro de Casanova e o Conde Drácula no período entre os Seculos XVII e XVIII. Casanova já em fim de carreira, idoso, já sem o apetite voraz que lhe fez fama. Mesmo assim ele ainda ataca jovens garotas. Assim como o Conde Drácula. Casanova faz uma viagem junto de uma pequena comitiva. No caminho, entram em uma densa floresta, onde conhecem o Conde Drácula. Entre divagações filsosóficas e mera encheção de linguiça, Drácula ataca suas vítimas. Esse realmente não é um filme fácil de se assistir. Realizado como filme de arte, a primeira hora se passa na Suiça, em um castelo, cheio de pompas, onde Casanova faz relatos sobre sua vida. Nada acontece de realmente interessante, e isso durante o filme todo. Na primeira parte, o filme é mais colorido e exuberante. Quando chegam na floresta, o filme fica escuro e soturno. Em boa parte das cenas noturnas, nem dá para se enxergar direito. O cineasta Albert Serra é famoso por trabalhar sempre com não-atores, e dar a sua narrativa uma linguagem minimalista, quase neutra de emoções. O título do filme é uma alusão ao livro de confissões de Casanova, chamado "História de minha vida". É uma pena que o filme seja tão hermético, e em outras palavras, tenha ficado tão chato. Algumas cenas isoladas são brilhantes, como o esquartejamento de um boi, lembrando até a cena de "Apocallipse now". Outra referência que vejo no filme, mesmo que os resultados sejam tão díspares, é com "Post tenebra lux", o filme maldito de Carlos Reygadas, que venceu Cannes melhor direção em 2012. Aquele constante clima de mistério, de não saber o que vai acontecer. A direção de arte e os figurinos são incríveis, a fotografia deslumbrante e a trilha sonora curiosa. O filme ganhou o prêmio de melhor filme em Locarno 2013. Nota: 5

domingo, 4 de maio de 2014

Ali tem olhos azuis

"Alì ha gli occhi azzurri/Ali has blue eyes", de Claudio Giovannesi (2012) Que filmaço da pôrra! O título do filme vem de um poema de Pasolini, escrito nos anos 60, onde ele fala sobre conflitos étnicos e morais através da história de um muçulmano que quer ser integrado à Europa. E esse é o mote desse filme extraordinário de estréia de Claudio Giovannesi. Nader, um descendente de egípcios nascido na Itália, está em conflito consigo mesmo. De pele morena, ele usa lente de contatos azuis para poder "parecer" europeu. Assim como seu melhor amigo Stefano, italiano, ambos têm 16 anos, namoram e estudam. Mas também assaltam, roubam para poder usufruir do que a vida tem de melhor. A família de Nader é tradicional e são contra Nader namorar uma italiana, e obrigam ele a seguir os preceitos da cultura islâmica. Mas Nader se recusa. Um dia, ao roubarem uma prostituta romena, Nader e Stefano são perseguidos por uma máfia romena. Nader não encontra ajuda na família e tenta resolver da sua forma, junto do Stefano. Denso, dramático, esse filme segue a tradição de narrativa dos irmãos Dardenne, cineastas que eu venero. Usando câmera na mão, planos longos e a câmera seguindo seus protagonistas, o filme cria um diálogo maravilhoso com a condição do imigrante na Europa, além dos conflitos por conta de desemprego, de religião e de falta de perspectiva de um futuro melhor, por parte da juventude. O filme foi rodado na região de Ostia, cidade decadente onde mora o proletariado. Giovannesi tem uma linha muito parecida com o italiano Matteo Garrone, que realizou 'Gomorra "e "Realitty". Ambos trouxeram de volta ao cinema italiano a estética e conceito do neo-realismo, implantado por Rosselini, de Sica e outros na época do entre guerras. Os atores são amadores, escalados na rua, para dar veracidade aos personagens. É impressionante a atuação de todo o elenco. Essa corrente de documentário em ficção é brutal e eu adoro muito. Belíssima fotografia, dando o tom amargo da vida que não encontra rumo. O final é desolador e foda, muito foda! Cinema! O filme ganhou um prêmio especial do juri no Festival de Roma 2013. Nota: 10

A partida

"La partida/The last match", de Antonio Hens (2013) Intenso drama cubano, sobre 2 jovens aspirantes a jogadores de futebol que se apaixonam. Yosvani vai se casar, e o genro tem um mercado negro de mercadorias excusas. Reinier joga futebol, mas tem um filho pequeno para sustentar, a esposa e a mãe. Para manter a familia, ele se prostitui de noite na beira-mar, com o consentimento de sua mae. Ele se oferece para turistas gays. Uma noite, bêbado, Reinier beija Yosvani e a partir daí, Yosvani se depara com uma nova realidade: se descobre gay. O filme lembra bastante o longa "Arranha-céus flutuantes", considerado o primeiro filme de temática gay polonês. O conflito psicológico do personagem que não consegue mais ser o que era, e o destino trágico abraçando a tristeza de morar num lugar que não aceita a união homossexual. Bem dirigido, performances louváveis de todo o elenco, e aquele eterno ar de decadência das locações e do modo de vida cubano. As cenas de sexo são bem ousadas, e até impressiona, tendo em consideração a censura em Cuba. Se pegarmos em comparação "Morango e chocolate", um dos primeiros filmes gays cubanos, ainda nos anos 90, podemos perceber que houve um avanço considerável na liberdade criativa e na qualidade técnica dos filmes. Nota: 8

No final todos morrem

"Al final todos mueren", de Javier Botet, David Galán Galindo, Roberto Pérez Toledo, Pablo Vara, Javier Fesser (2013) Produção espanhola de baixo orçamento, dirigido por 5 cineastas. Com o tema do apocalipse, através de um meteoro que se aproxima da Terra, acompanhamos 5 histórias, cada uma de um gênero: drama, comédia, suspense, romance. Impossível não se lembrar de "Procura-se um amigo para o fim do mundo" e "Melancolia". A proposta desse filme era fazer um filme barato, e cada Diretor teve 3 dias para filmar seu episódio. No divertido prólogo, que também fecha o filme, acompanhamos 2 astronautas que têm a "sorte" de ver o fim do mundo no espaço sideral. Sozinhos, eles divagam sobre a natureza do exterminio da humanidade. Não fosse filmado antes de "Gravidade", eu diria que o filme seria uma brincadeira com o famoso filme de Alfonso Cuaron. No episódio 42 dias, o protagonista é um serial killer que se irrita com a aproximação do fim do mundo, pois sua meta de ficar famoso por conta da morte de suas vítimas não irá se concretizar. Mas ele tem uma última vítima em mãos. O que fazer com ela? No episódio 13 dias, um grupo de jovens que nunca amaram se encontram em uma piscina , e resolvem se amar e dedicar a sua paixão e virgindade para quem estiver ali. No episódio 8 dias, 5 amigos estão se preparando para um de seus últimos jantares e discorrem sobre a morte iminente. Ma suma jovem ferida surge na casa deles, e com ela, 5 ingressos que dão entrada para um bunker que se diz protegido contra o impacto do meteoro. São 6 pessoas no total: quem deve morrer? A entrada em cena de um 7o personagem dará a solução para esse conflito. No episódio 3 horas, um jovem nerd e apaixonado por quadrinhos encontra uma grávida em sua loja de gadgets para aficcionados pelo mundo nerd. Obviamente que o resultado é desigual, mas interessante que todos os episódios têm algo a oferecer, mesmo que um ou outro tenha resultados insatisfatórios, mais por conta do baixo orçamento. Mas os atores são bons, o filme tem uma atmosfera curiosa, que oscila entre o humor negro e o thriller psicológico e a fantasia. O episódio dos jovens é muito bonito e a do serial killer, tensa. Mas o prólogo e o desfecho são sensacionais,já valem o filme. Como se diz, mais vale um bom roteiro (mesmo imperfeito) do que 100 milhões de dólares em um filme ruim. Nota: 7

Amante à domicílio

"Fading gigolo", de John Turturro (2013) Comédia dramática escrita e dirigida por John Turturro e co-estrelada por Woody Allen, Sharon Stone, Vanessa Paradis, Sophia Vergara e Liev Schreiber. Parece bom né? Imperdível para cinéfilos! Mas infelizmente o filme promete mais do que oferece. Inexplicavelmente, a fotografia é um pavor. Suja, escura. Os enquadramentos são feios, a edição é frouxa, com planos sobrando e tempo esticado demais. Falta timing. John Turturro pode ser um ótimo comediante nos filmes dos irmãos Coen, mas aqui faltou humor genuíno, daquele que faça a gente rir com gosto. Todas as piadas que saem da boca de Woody Allen soam requentadas. Claro, foi John Turturro quem as escreveu, para homenagear o grande Mestre. Não poderia dar certo. Acreditar que Sharon Stone e Sophia Vergara pagam 1000 dólares cada para ter um homem qualquer em suas camas, só com muita imaginação. Ainda mais John Turturro! Misturar tantos temas num único filme também não funcionou. Tradição judaica, fechamento de livrarias tradicionais, desemprego, carência afetiva...às vezes o filme parece uma comédia maluca, outra hora o filme remete a um drama israelense , tipo "Preenchendo o vazio", falando de como as obrigações com a cultura judaica podem destruir a vida de uma pessoa. A história gira em torno de Fioravante (Turturro), um florista que resolve aceita o pedido de ajuda de Murray ( Allen), seu amigo judeu, que necessita de dinheiro. Murray foi sondado por sua médica (Sharon Stone) para descolar um homem que topa um menage a trois, e ele indica Fioravante. Logo, o amante faz um enorme sucesso com as mulheres carentes, até que uma viúva judia (Vanessa Paradis) irá mexer com seu coração e tudo desanda. Uma pena que o filme não funcione a contento. Woody Allen realmente não tem tido sorte de trabalhar como ator em outras produções. Fiquei mais preocupado em perceber como seu tom de voz mudou de um tempo pra cá, e menos preocupado com o destino de seu personagem. Nota: 6

sábado, 3 de maio de 2014

Herói mal dotado

"Unhung hero", de Brian Spitz (2013) Divertido documentário, nos mesmos moldes de "Super size me", famoso documentário de Morgan Spurlock sobre um homem que resolve comer sanduiches do Big mac para ver os resultados em seu corpo. Aqui em "Unhung hero", o comediante Patrick Moote tenta desvendar uma grande questão masculina: "Tamanho importa?" Em 2011, durante um evento esportivo na Faculdade onde estudava, na Califórnia, Patrick pediu a mão de sua namorada em casamento Registrado em video, a namorada simplesmente disse "Não"e foi embora. O vídeo foi visto 10 milhões de vezes, e essa humilhação nacional teve uma justificativa, que Patrick veio saber depois: Ela não quiz casar com ele porquê seu pau era pequeno. Sentindo-se humilhado na sua condição masculina, Patrick resolveu produzir esse documentário, com a intenção de entrevistar familiares, amigos, ex-namoradas, cientistas, profissionais do sexo. Aproveitou também para ir mais longe: viajar para vários países da Ásia, em busca de lendas e tradições primitivas sobre aumentos de pênis. Ainda nos Estados Unidos, Patrick experimenta todo os tipos de acessórios e remédios existentes no mercado para aumentar seu pênis: desde os famosos enlargadores, os pumpers, comprimidos de "ëxtensor", além de ginástica local para fortalecer a musculatura do dito cujo. Porém, é na sua viagem internacional que o filme ganha ares de antropologia mundo cão: em Taiwan, ele vai até um profissional que diz aumentar o tamanho do pau simplesmente colocando peso amarrado nele; na Nova Guiné, um curandeiro diz para ele aplicar 10 injeções de uma substância em seu pau; na Coréia, ele conhece um cirurgião que faz implante de gorduras no pênis..e por ai vai. Com aquele mesmo olhar de 1o mundo superior que Sophia Copolla fez em "Encontros de desencontros", Patrick debocha de todo mundo, fazendo ironia da tradição local. O desfecho do filme é tolo, com mensagem edificante sobre descobrir o verdadeiro amor e coisas e tal. Fiquei na d;uvida se tudo no filme referente ao comediante era real, uma vez que nunca sue pau é mostrado, e ele parece estar atuando em várias situações ( vamos combinar que aquele ataque de pelanca que ele dá no final ninguém acreditou né?) Vale pela curiosidade e pelo despojamento do tema, que diverte em vários momentos. Nota: 7

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Gabrielle

"Gabrielle", de Louise Archambault (2013) Belo drama canadense, indicado pelo Canadá para disputar uma vaga no Oscar 2013. O filme abre uma polêmica: pessoas mentalmente desabilitadas, podem namorar, fazer sexo e conceber filhos? O filme narra a história redentora de Gabrielle (Gabrielle Marion-Rivard, portadora do síndrome de Willians), que é portadora do síndrome de Willians. A síndrome é uma das variações do autismo, e entre suas características estão o excesso de alegria e o gosto pela música. Gabrielle faz parte de um coral composto por portadores de várias síndromes. Lá, ela faz amizade com Martin (Alexandre Landry), e ambos se apaixonam. Porém, a mãe de Martin é contra essa união, alegando que os dois são deficientes e não podem ter filhos doentes. Paralelamente, temos a história de Sophie, irmã de Gabrielle, que sacrifica seu amor e profissão para cuidar de sua irmã, o que lhe traz um enorme conflito. A direção do filme é muito sensível, emocionando em vários momentos. A atriz Gabrielle Marion impressiona pela sua naturalidade perante à câmera, levando em conta que ela é amadora e que nunca atuou profissionalmente. Inclusive ela levou o prêmio de melhor atriz da Academia canadense de 2013 pelo filme. O filme poderia ser um episódio de "Glee", tal a sua aproximação com a série de tv. Pessoas marginalizadas, que lutam contra preconceito, se escoram na música para desabafar e levantar a auto-estima. Nota: 7

O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro

"The Amazing Spider-Man 2", de Marc Webb (2014) Bom, todo mundo já sabe que Marc Webb dirigiu o 1o filme da franquia reboot do "Homem aranha" com Andrew Garfield. Todo mundo sabe que ele veio do romance, com o delicioso "500 dias com ela", e bombou por conta dessa comédia romântica original e divertida. Mas fiquem sabendo que ele quiz trazer o mesmo clima de romance para essa parte 2 de "Homem-aranha". E que essa parte do filme, que embala o romance de Peter Parker e Gwen Stacy, é de longe, a melhor coisa do filme. Aliás, deveria ter realizado essa parte 2 só com esse lado dramático da história: é bonito, bem filmado, os atores ( Andrew Garfield e Emma Stone) estão bem, entregues a um humor acri-doce por conta de uma difícil decisão de Gwen: abandonar o amor de Peter Parker, pelo bem dos dois. Mas infelizmente o que todo mundo quer ver nesse filme do super-herói da Marvel são tiros, explosões e bombas, e daí, o que era bom, desaparece no meio de tanta artilharia pesada. O amor dá lugar aos efeitos especiais em 3D, de fato alguns impressionantes, principalmente nos vôos pela cidade de Nova York. Mas em um filme, esticado ao máximo que pode em 142 minutos, tudo fica over e confuso. é sub-plot demais, vilões demais, e eu me pergunto: coitado do Spider man que tem que lidar com tanta gente má! Ainda bem que existem Tia May e Gwen, pelo visto, as 2 únicas boas pessoas em Nova York. O filme é cansativo, você acha que vai acabar e não acaba. O desfecho é totalmente dispensável e cafona, melodramático sem necessidade. Aquele menininho vestido de Homem aranha deveria apanhar muito de sua mãe! No entanto, elogio a coragem dos produtores em levar adiante o destino trágico de um dos personagens principais da trama, igualzinho aos quadrinhos. Devem ter pensado muito antes de tomarem a decisão, pois isso pode custas milhões a menos a terceira parte da franquia. Mas como o mundo é cruel, o que vale é a tristeza pela perda de uma pessoa como motivação para se seguir adiante. Agora, vamos combinar, de verdadeL O vilão de Jamie Foxx meteu medo em alguém? Nota: 7

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A recompensa

"Dom Hemingway" de Richard Shepard (2013) O cineasta americano Richard Shepard mostra que também sabe fazer cinema inglês e busca referências no CInema de Guy Ritchie para realizar esse seu "Dom Hemingway". Desbocado, mau humorado, violento, charmoso, divertido, sedutor. Assim é Dom Hemingway ( Jude Law), um arrombador de cofres que sai da prisão após 12 anos de silêncio. Por conta do silêncio, ele será recompensado pelo seu patrão. Ele volta a sua parceria com o seu amigo Dickie (Richard E. Grant), mas ambos acabam retornando ao crime meio que sem querer. No caminho, Hemingway reencontra sua filha Evelyn (Emila Clarke), uma jovem cantora casada com um senegalês. Ela o evita, irritada pela ausência paterno nos 12 anos que ele esteve preso. Com um super elenco inglês ( que inclui Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen de "Game of thrones", aqui irreconhecível). Aliás, Jude Law também esta muito diferente. Careca, envelhecido, e musculoso. No filme ele sai xingando "fuck" umas 500 vezes. A direção é esperta, a trilha sonora, fotografia, movimentos de câmera, muita câmera lenta... todos aqueles maneirismos de Guy Ritchie foram devidamente "lembrados"por Richard Shepard. No entanto, faltou ao filme alguma empatia do protagonista por parte do espectador. Dom Hemingway é sujo, só fala palavrão, vive irritado e xingando todo mundo. E é justamente por causa disso que ele se afasta do público. É muita cara amarrada para quem até então fazia filmes como galã inglês. Fica apenas uma diversão ligeira. muitas vezes monótona, mas com pinta de filme cult. Nota: 6