terça-feira, 30 de abril de 2019

A vingança de Jennifer: Deja Vu

"I Spit in your grave: Deja vu", de Meir Zarchi (2018) Se existe um sub-gênero que o público mais adora dentro do universo do filme de terror, é o da Vingança. se for com protagonistas femininas, sedentas por morte, melhor ainda. Em 1978, o roteirista e cineasta Meir Zarchi, de origem israelense, lançou no mercado um dos filmes mais polêmicos de todos os tempos, ainda hoje proibido em vários países: "A vingança de Jennifer", que ganhou refilmagem nos anos 2000. Na história singela, uma escritora resolve alugar uma cabana afastada da cidade ara poder escrever um livro. Ela é violentada por 4 homens e deixada à morte. Ela consegue se salvar, se recupera e mata cada um dos homens com requintes de crueldade. Agora, exatamente 40 anos depois, esnobando as refilmagens, o roteirista e cineasta Meir Zarchi recupera seu filme original e desenvolve uma história que se passa 40 anos depois. Camille Keaton, a protagonista do filme original, agora é uma escritora famosa. Ela tem uma filha, Christy, uma modelo famosa. Ao saírem de um almoço, elas são sequestradas por uma família liderada pela viúva de um dos homens mortos por Jennifer. Elsa quer se vingar da morte de seu marido e matar mãe e filha. Não existe ser humano nesse mundo que possa explicar o porquê desse filme ter exatamente 148 minutos de duração!!!!!!!!! Vai bater o record de filme de terror mais longo da história do cinema, essa é a única razão plausível. Tudo no filme é ruim: roteiro, atuações caricatas e pavorosas, direção, efeitos, absolutamente tudo. Uma pena a atriz original ter sido apresentada de forma tão grotesca em filme tão péssimo.

Tudo o que nos separa

"Tout nous sépare", de Thierry Klifa (2017) Co-escrito e dirigido por Thierry Klifa, "Tudo o que nos separa" é um drama criminal, estrelado por duas grandes estrelas: Catherine Deneuve e Diane Kruger. Mas por incrível que pareça, ambas não são o suficiente para fazer esse filme ser acima da média. O roteiro é frágil, repleto de elementos óbvios apenas para tornar a personagem de Catherine Deneuve uma grande heroína. Nada de mal com isso, mesmo porquê, ver uma cena onde Deneuve empunha uma espingarda para ameaçar 3 traficantes é daquelas cenas para se comemorar. Mas os diálogos são fracos e a direção de Thierry Klifa não consegue trazer tensão para os momentos que necessitam de adrenalina. O filme acaba sendo veículo para os muito fãs de Deneuve ou mesmo de Diane Kruger, que ainda interpreta uma paralítica após sofrer um acidente de carro, e por isso, se torna uma mulher de baixa auto-estima e destrutiva, se envolvendo com traficantes perigosos. Um deles a ameaça caso ela não consiga 35 mil euros para que ele possa pagar uma dívida. A filha recorre à sua mãe, interpretada por Deneuve. Adoraria que o filme fosse semelhante ao clássico "Gloria", de John Cassavettes, mas passou longe.

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Vidas duplas

"Non fiction", de Olivier Assayas (2018) O Cineasta francês Olivier Assayas, famoso pelos filmes "Clean", "Acima das nuvens", "Carlos" e o polêmico "Personal shopper" , escreveu o roteiro de "Vidas duplas", sua primeira investida na comédia. Só que comédia, diga-se de passagem, mesclada à drama e romance. A sua trama lembra a comédia americana de Peter Bogdanovich", "Um amor em cada esquina", onde casais se traem com pessoas próximas. Infelizmente, no filme de Assayas, a comédia passou longe, e o que fica, é um filme longo e entediante, sustentado pelo talento de Juliette Binoche, Guillaume Canet e Vincent Macaigne. Alain (Canet) é um editor de livros, casado com a atriz Selena (Binoche). Selena pede para Alain publicar o novo livro do autor decadente Leonard (MAcaigne), mas Alain recusa. Selena e Leonard são amantes. Alain tem como amante uma nova editora contratada para informatizar a editora, através de e-books e áudio livros, processo que Alain é contra, preferindo livros a tablets. No filme, os personagens discutem tecnologia, redes sociais, novas formas de relacionamento, carreira, frustração pessoal e profissional. Houve um tempo onde o Cinema francês era associado ao tédio por conta de filmes verborrágicos com diálogos intermináveis. Dependendo do seu estado de espírito quando for assistir a "Vidas duplas', pode ser que essa sensação monotonia se confirme. Vale pelo elenco e por uma piada já no final: um dos personagens diz que irá contratar a atriz Juliette Binoche para narrar um áudio livro, e perguntam para Selena a opinião dela. Se o filme tivesse investido mais na metalinguagem e na comédia maluca, teria sido muito mais divertido. O filme concorreu ao Leão de Ouro em Veneza em 2018.

domingo, 28 de abril de 2019

Styx

"Styx", de Wolfgang Fischer (2018) Vencedor de mais de 30 Prêmios Internacionais, "Styx" comoveu os jurados por conta de seu forte tema humanista. O drama tem um plot bastante simples: uma médica alemã, Rike (Susanne Wolff, excelente) reside e trabalha em Gibraltar. Quando entra de férias, ela prepara uma viagem de barco, sozinha, até a Ilha de Ascenção, localizada próxima do equador e a preferida de Darwin nas suas pesquisas científicas. No trajeto, Rike enfrenta uma tempestade, mas consegue administrar a intempérie. Ao se aproximar do Cabo Verde, ela avista uma embarcação de imigrantes africanos que estão à deriva Ao avisar a guarda costeira, eles pedem para que ela os abandone e v;a embora. Um dos imigrantes, a criança Kingsley, pula no mar e é salvo por Rike. ele pede para que ela salve os imigrantes, e Rike entra em grande conflito moral. Com um mote interessante, misturando filme de aventura com drama, o cineasta austríaco Wolfgang Fischer realiza um drama comovente, mas estranhamente, monótono. A primeira parte, com Rike no mar enfrentando os perigos da natureza, nos leva a crer que veremos mais um filme de sobrevivência. A entrada dos imigrantes provoca uma reviravolta na história, mas não consegui me conectar emocionalmente. Melhor assistir ao filme como uma parábola altruísta, sobre pessoas boas que querem fazer o bem. Dessa forma, fica mais fácil de assimilar o filme. Grande destaque ao trabalho da atriz Susanne Wolff e à equipe técnica, que deve ter ralado um bocado para realizar o filme. O desfecho lembra muito "Capitão Philips, e provavelmente, foi uma grande referência.

O Gênio e o louco

"The professor and the madman", de Farhad Safinia (2018) Filme de estréia do roteirista Farhad Safinia, nascido no Irã e radicado nos Estados Unidos, e que já havia trabalhado com Mel Gibson escrevendo o roteiro de "Apocalypto". Mel Gibson comprou os direitos de adaptação do livro, que relata a amizade entre um Professor e um Médico militar. Na Londres de 1872, o professor James Mullray (Gibson) oferece para a Elite da Universidade de Oxford um projeto ambicioso: criar um dicionário com todos os verbetes da língua inglesa. ( que viria a se tornar o Dicionário Oxford). Os catedráticos estranham o pedido vir de um professor sem formação universitária, mas acabam concedendo o pedido, por conta do auto-didatismo do mesmo. James forma uma equipe e a sua dedicação à Obra o faz se afastar de sua família, que sente a obsessão do homem em querer criar sua obra. James recebe contribuições de verbetes da população, mas uma pessoa em particular lhe chama a atenção: O Médico William Chester Minor (Penn), que lhe envia um sem número de verbetes. James descobre que o médico está preso no Asilo diagnosticado com esquizofrenia , e por ter assassinado um homem por achar que ele o estava ameaçando de morte. Os dois homens se tornam amigos e o filme relata essa amizade que durou por anos. Ambos vieram a falecer antes do lançamento da primeira edição do dicionário, que data de 1 de janeiro de 1928, em edição de 12 volumes. O filme vale mesmo pelo grande trabalho da dupla de atores veteranos, que estão formidáveis em seus papéis. Sen Penn tem um personagem mais versátil e complexo e por isso, sua atuação é mais vibrante. Além dos dois, o elenco tem a participação luxuosa de Steve Coogan, Eddie Marsan e Natalie Dormer (Margaery Tyrell de "Game of thrones"). O filme é longo, um ritmo extremamente lento e só começa mesmo a trazer interesse quando os 2 protagonistas se encontram. Com uma dose de paciência, o espectador poderá descobrir um interesse por essa bela história de amizade.

Quem cantará as suas canções?

"Quién te cantará?", de Carlos Vermut (2018) Premiado drama espanhol, exibido em prestigiados Festivais, "Quem cantará as suas canções?" é uma intrincada história sobre 2 mulheres distintas, mas unidas pelo mesmo ideal: ser a famosa cantora pop Lila Cassen. Afastada há 10 anos dos palcos, sem explicação aparente, Lila vai fazer o seu retorno triunfal. Mas tem um detalhe: Lila foi encontrada na beira da praia, afogada, pela sua agente. Após recobrar os sentidos, Lila sofre amnésia e não sabe mais quem ela é. A agente acaba conhecendo Violeta, uma cantora de karaokê que conhece toda a vida de Lila e canta as suas músicas no bar. A agente a contrata e pede para que ela ensine Lila a voltar a ser quem era. Com mais de 2 horas de duração, o filme tem um ritmo bastante lento. além de ter uma trama complexa que exige o máximo da atenção do espectador. Qualquer vacilada na trama e o espectador acabara não pegando pequenos detalhes essenciais para o entendimento da trama. O roteiro tem reviravoltas, mas não é construída em formato de suspense. Os plot twists surgem mas não são imediatamente entendíveis. Penso que é uma obra em aberto e que cada um interprete o desfecho da melhor forma. No entanto, acredito que muita gente ficará sem tender direito a trama. O grande triunfo do filme é o trabalho do elenco feminino. As 4 atrizes principais estão maravilhosas: Lila, Violea, a agente e a filha de Violeta, um dos papéis mais irritantes que vi nos últimos anos, mas defendido com garra pela jovem atriz. É verdade, é irritante demais. As cenas de musical são bastante elegantes, e tecnicamente o filme não deixa a dever em nenhum quesito.

sábado, 27 de abril de 2019

Ilha de Guava

"Guava Island", de Hiro Murai (2019) Fábula que mistura animação com a estética do brasileiro "Cidade de Deus", "Ilha de Guava" é dirigido pelo nipônico americano Hiro Murai, que dirigiu vários video clips do Ator e cantor afro americano Donald Glover, mais conhecido com o nome artístico de Childish Gambino. Hiro Murai dirigiu o famoso clip de "This is not America", de Gambino, que inclusive, ele reproduz aqui no filme. "Ilha de Guava" é um drama musical escrito por Donald Glover e seu irmão Stephen Glover, e foi feito para o talento do Ator e cantor, que convidou também a cantora Rihanna para fazer seu par romântico. Para tristeza de muitos fãs de Rihanna, ela não canta no filme. Segundo reza a lenda, a Ilha de Guava foi criada pelos 7 Deuses, e é um Paraíso na terra. Localizada no Caribe, tem como principal fonte de renda a seda azul. A ganância fez com que um Ditador tomasse o Poder para extrair toda a riqueza da seda, explorando a mão de obra barata dos seus moradores. Deni Maroon (Glover) é um soldado que é também cantor nas horas vagas. Ele namora Kofi (Rihanna), uma costureira. Deni tem o sonho de instituir na Ilha um Festival de música, para entreter a comunidade. Mas o Ditador é contra. Com menos de 1 hora de duração, o filme se inspira no trabalho de câmera e da estética de "Cidade de Deus", e foi todo rodado em Cuba. É um filme bonito, mas seu roteiro é bastante singelo, com a mensagem de que o Amor e a música vencem o Poder. Vale a pena assistir para quem é fã de Donald Glover. Para quem não for, vai sentir uma carência de uma dramaturgia mais madura. A beleza das locações e a fotografia são aperitivos para se gostar do filme com um olhar mais técnico.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Vingadores: Ultimato

"Avengers: End game", de Anthony Russo e Joe Russo (2019) Uma palavra resume tudo: Épico!!

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Longa jornada noite adentro

"Di qiu zui hou de ye wan", de Bi Gan (2018) Pegando emprestado o nome da famosa peça de Teatro , "Longa jornada noite adentro" não é uma adaptação do texto de Eugene O’Neill. Exibido em diversos Festivais importantes, entre eles, o Festival de Cannes, de onde concorreu na Mostra Um certo Olhar. Bi Gan surgiu em 2015 com o excelente drama "Kalli Blues", sobre um homem que volta para a sua cidade Kaili, no interior rural da China, em busca de seu sobrinho desaparecido. O que mais surpreendeu a crítica e a audiência, é que os últimos 40 minutos do filme se transformam em um intrincado e genial Plano-sequência, repleto de malabarismos e precisão na marcação de elenco, veículos de cena e figuração. Em "Longa jornada noite adentro", Bi Gan repete todos esses elementos, mas vai além: agora o plano sequência possui 1 hora de duração. Mas diferente do filme anterior, esse tem uma trama bastante complexa e descontínua, quase epxerimental. Um homem, preso por 12 anos, retorna à sua cidade natal, Kaili, em busca da mulher amada. Durante suas andanças, ele reencontra pessoas do passado. Ao chegar em um cinema., onde está passando um filme 3D, o homem adormece e acorda dentro do filme ( e o filme se torna 3D!!!!), além de ganhar o formato de plano-sequência. Não se pode negar ousadia à Bi Gan, mas aqui o filme vira um enorme exercício de paciência: são 140 minutos muito, mas muito longos, confusos, com uma trama que envolve uma mulher amada, uma gangue, uma prisioneira e um amigo assassinado. A crítica diz que é um filem noir: pode até ser, mas o suspense é zero. O que realmente seduz e torna o filme uma experiência quase que única, é o seu visual arrebatador: não existe um único plano que não tenha sido estudado e que não seja esteticamente elaborado. Nota de curiosidade: o filme ganhou na China uma enorme campanha publicitária de lançamento: o marketing vendia o filme como um romance. No dia da estréia, 31 de dezembro, o filme bateu recorde de bilheteria. Mas as pessoas saíram putas, se sentiram enganadas e não faziam idéia de que se tratava de um filme de arte. resultado: no dia seguinte, as vendas de ingresso caíram quase 95%. É impossível não remeter o filme ao Universo estético de Wong Kar wai.

Vagalumes

"Luciernágas", de Bani Khoshnoudi (2018) Segundo longa da iraniana radicada nos Estados Unidos Bani Khoshnoudi, que também escreveu o roteiro. O filme foi premiado em diversos Festivais LGBTQ+ mundo afora, e tem como tema a imigração. Ramin é um jovem iraniano que fugiu de seu País de navio, clandestinamente, com destino à Turquia. Mas o navio toma caminho diferente e ele vai parar em Vera Cruz, no México. Ramin fugiu do Irã por ser homossexual. Sem dinheiro, e sem saber falar espanhol, Ramin se vira em um trabalho clandestino em uma obra, onde conhece Guillermo, um Salvadorenho que deseja fugir para os Estados Unidos, e por quem Ramin irá nutrir desejos platônicos. Na pensão onde ele se hospeda, Ramin conhece Lotte, uma mulher que cuida do estabelecimento e que foi abandonada pelo sue marido, que fugiu para os Estados Unidos. Drama melancólico, que fala de solidão e de abandono, a cineasta Bani Khoshnoudi tem experiência própria ao retratar o drama do imigrante que não se sente em casa. Ela própria demorou para se adaptar aos hábitos e costumes americanos, muito diferente de sua cultura nativa. Com boas interpretações, o filme comove pelo olhar humanista sobre os seus personagens, sem jamais tornando-os vítimas e sim, batalhadores por um espaço no mundo. O filme concorreu em importantes Festivais, entre eles, o de Rotterdan.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Canário

"Canary", de Christiaan Olwagen (2018) Co-escrito e dirigido pelo Cineasta sul africano Christiaan Olwagen, "Canário" é um drama musical LGBTQ+. Ambientado no ano de 1985, no auge no movimento separatista do Apartheid na África do Sul, o filme é totalmente falado no dialeto local, o Afrikander. Johan é um jovem de 18 anos, em conflito com sua homossexualidade. Ele é fã do grupo pop Culture Club, principalmente de Boy George. Obrigado a se alistar, Johan se inscreve no coral Canários, que faz parte do serviço militar. Lá ele conhece outros gays, mas também sofre com o bullying e homofobia de cadetes e oficiais. Para aliviar sua frustração, Johan canta para espantar os males. Com absurdamente longas 2 horas de duração, "Canário" é um filme simpático, com uma atmosfera de total nostalgia dos anos 80, recheado de clássicos pop. O filme retrata com bastante realidade o conflito de sair do armário, contando com uma ótima atuação de Schalk Bezuidenhout, apesar dele aparentar bem mais idade do que os 18 anos citados. Para fãs de "Glee", o filme é uma delícia.

domingo, 21 de abril de 2019

A maldição da Chorona

"The curse of La Chorona", de Michael Chaves (2019) A franquia milionária de "A invocação do mal" traz um novo Spin Off, novamente produzido pelo Midas James Wan: A Chorona é uma lenda sobre uma mulher que matou seus 2 filhos pequenos afogados há 400 anos atrás, no México, por ciúmes do marido. Em 1973, uma assistente social, Anna, viúva, cuida de seus 2 filhos pequenos. Anna recebe uma chamada que uma mulher está praticando violência doméstica contra seus 2 filhos pequenos. Anna salva as crianças da mulher, mas ela acusa Anna de ter libertado A Chorona. Anna não entende, mas quando os 2 garotos morrem, ela descobre a lenda e que a Chorona agora está indo atrás de suas crianças. O filme não é tão ruim como muita gente está dizendo: claro, tem os sustos óbvios de Jump Scares, aquele silêncio que resullta em barulho, pessoas que surgem do nada. O roteiro é frágil, por exemplo, em uma cena a menina, sabendo que não pode sair de casa, insiste em resgatar sua boneca que está...fora de casa!!!! Essa cena seu raiva. O filme nem tem violência, apenas sustos e gritos. O que segura a onda é a direção de Michael Chaves, que cria algumas cenas bem tensas, como a dos meninos dentro do carro impedindo a Chorona de entrar. Chaves será o diretor da próxima franquia de "A invocação do mal".

O corpo

"El cuerpo", de Oriol Paulo (2012) O Cineasta e roteirista espanhol Oriol Paulo é um grande Mestre do suspense em seu País, sendo muitas vezes comparado a Hitchcock e Shayamalan. "O corpo" é o seu primeiro longa, mas anos depois ele realizou os excelentes "Contratempo"e "Noites de tormenta". "O corpo" possui uma trama sensacional, com aquele desfecho típico de filmes como "Jogos mortais" e o clássico sul coreano "Oldboy". São tramas de vingança, mas que surpreendem o espectador pela vivacidade do roteiro, construído para provocar surpresas nas reviravoltas da trama. O detetive Jayme é chamado para investigar um sumiço de um cadáver no necrotério. O suspeito do sumiço do corpo é seu marido, o jovem Alex, que casou com a falecida Mayka por interesse, pois ela era muito mais velha e por ter dinheiro, usava e abusava de Alex. Alex logo se envolveu com uma jovem mulher, Carla. Alex e Jayme acreditam que Mayka está viva e que quer se vingar de Alex, indo atrás de Carla. Com ótima direção e muito bons atores que prendem a atenção do espectador do início ao final da trama. Tudo pode parecer forçado e inverossímel, mas ninguém pode deixar de admitir que a trama, por mais mirabolante que seja, é muito boa.

sábado, 20 de abril de 2019

High Life

"High life", de Claire Denis (2018) A ficção científica é um dos gêneros favoritos dos cineastas falarem de existencialismo, solidão, metafísica, busca de Deus: Tarkovsky e seu 'Solaris", Kubrick e "2001, uma odisséia no espaço", George Lucas e "Thx1138", entre outros clássicos. A cineasta francesa Claire Denis, famosa por dramas intimistas, se rendeu ao gênero para falar sobre humanidade e reinvenção. Claire Denis ficou famosa pelos filmes "Bom trabalho", "35 doses de rum", "Deixe a luz do sol entrar" e "Minha terra África". Ela experimentou o gênero terror em "Desejo e obsessão", um filme bizarro sobre canibais. Foi ali que ela conheceu o ator Vincent Gallo, que acabou involutariamente sendo inspiração para "High life", Claire Denis deu uma entrevista dizendo que teve uma péssima experiência com Vincent Gallo, e que somente trabalharia com ele de novo se fosse para fazer um filme com ele perdido sozinho no espaço. O roteiro levou um tempo para ser escrito, e Denis queria ter trabalhado com Philph Seymour Hoffman. Com a morte do Ator, ela foi procurada por Robert Pattinson, que se declarou um grande fã de seus trabalhos. Robert Pattinson tem investido em filmes mais ousados e autorais. Claire Denis é das poucas cineastas que possui um prestígio tão grande, que consegue escalar Pattinson e Juliette Binoche e fazê-los interpretar cenas tão estranhas e surreais como aqui em "High life". O filme se passa em um futuro sem data precisa. Uma nave espacial navega o espaço em uma missão especial:. seguir até um Buraco negro e fazer pesquisas. Monte é um dos tripulantes, e Dr Dibbs, a médica responsável pela operação. Logo, Monte percebe que Dr Dibbs na verdade quer fazer experimentos em relação à inseminação artificial. Ela manipula todos os tripulantes ( todos são criminosos , e que fora seduzidos pelo programa espacial que afirmava que eles teriam penas abrandadas caso participassem do evento). Os coloca em quartos de masturbação, e estupra e assedia tripulantes enquanto dormem. Uma de suas vítimas é Monte ( Robert Pattinson), de quem ela recolhe o sêmen e o insemina em uma outra tripulante. O filme tem um roteiro bastante complexo. O ritmo é muito lento e provavelmente irá encher o saco de quem espera uma ficção científica tradicional. Não se deixem enganar pelos rótulos: a divulgação diz que o filme é um terror de ficção científica. Não tem nada disso: é um drama existencialista, onde 70% é somente com 2 personagens: Monte e sua filha, um bebê. Claire Denis é bastante ousada, e acho sinceramente um primor ela conseguir convencer produtores e investidores a bancarem esse filme. Mas infelizmente, acho difícil o filme encontrar espaço de distribuição. Uma pena, pois é um filme muito bonito e que valoriza os silêncios e os tempos mortos, sem pressa de contar a sua história.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Nunca deixe de olhar

"Werk ohne Autor", de Florian Henckel von Donnersmarck (2019) Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2007 pelo Drama "A vida dos outros", o cineasta alemão Florian Henckel concorreu novamente ao Oscar em 2019 com esse drama "Nunca deixe de lembrar." Livre cinebiografia do artista plástico alemão Gerhard Richter, sobrevivente do nazismo e hoje com 87 anos, o filme cobre 30 anos na vida de Kurt Barnert. Em 1938, na cidade de Dresden, Kurt, criança, visita com sua tia Elisabeth uma exposição de obras de arte modernas que são depreciadas por um oficial alemão, que considera as obras uma aberração e que vão contra o ideal do nazismo. Elisabeth é diagnosticada como esquizofrênica e pela lei do Terceiro Reich, pessoas com problemas mentais devem ser eliminadas do sociedade. Elisabeth e morta, e Kurt sente a sua ausência, pois ela o ensinava a ser livre e não se deixar abater por nada. Com a guerra, parte da família de Kurt é morta, e no pós guerra, seu pai se suicida. Paralelo, acompanhamos o médico Seeband (Sebastian Koch, o herói em "A vida dos outros" e aqui interpretando um vilão nazista). Foi ele quem ordenou o assassinato de Elisabeth. Já adulto, Kurt conhece Elisaberth, e que descobre ser filha de Seeband. O casal luta contra a autoridade do médico, que proíbe a filha de engravidar de um homem com histórico de familiar doente mental. Kurt e Elisabeth acama fugindo para a Berlin Ocidental, e ele descobre na pintura a sua motivação de vida. "Nunca deixe de olhar" tem 189 minutos, ou seja, mais de 3 horas de duração!!!! É um épico que não se envergonha de ser totalmente novelão: existem mocinhos por quem torcemos, existe um super vilão e como toda trama novelesca, existe suicídio, aborto involuntário, prisões, etc, tudo feito para que o grande público sofra juntos dos protagonistas. Muita gente poderá torcer o nariz pro filme, não só pela sua longa duração, quanto pelo excesso de sentimentalismo e exageros dramáticos. Mas quem curte um romance ambientado nos porões da 2a guerra, irá gostar bastante do filme. Com ótimas interpretações e uma fotografia que concorreu ao Oscar 2019, o filme tem excelente parte técnica. Me lembrei bastante de "Guerra fria", de Pawel Pawlikowski: são filmes que apresentam a evolução do amor de um casal que vai do pré-guerra, guerra e pós guerra, enfrentando também a implantação do comunismo no País. Tanto o nazismo quanto o comunismo são vistos pelos 2 filmes como regimes totalitaristas que dizimaram a Arte e a Cultura dos países retratados.

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Segurando Trevor

"Holding Trevor", de Rosser Goodman (2007) Com roteiro escrito pelo protagonista Brent Gorski, "Segurando Trevor" é um drama LGBTQ+ que fala sobre jovens na faixa dos 30 anos vivendo mal e porcamente na cidade de Los Angeles. Um dos atores é Jay Brannan, do cult "Shortcuts", de John Cameron Mitchell. "Shortcuts" é ambientado em nova York, e "Segurando Trevor", em Los Angeles. Os dramas são os mesmos: desemprego, busca de sonhos, frustração pessoal e amorosa, escapismo, sexo sem compromisso, drogas. A diferença é que John Cameron Mitchell é um excelente diretor, e que também, dirige muito bem seu elenco. Rosser Goodman tem uma mão pesada, seus atores são medianos e o roteiro escrito pelo Ator Brent Gorski, é repleto de lugares comuns. Claro que o protagonista sonha em ser Ator em Los Angeles, mas trabalha como operador de telemarketing. Trevor (Brent Gorski) divide seu apartamento com a porra louca Andie, e ambos têm como melhores amigos Jay (Jay Brannan). Mas todo mundo anda infeliz com a vida que levam. Trevor namora Danny, um viciado em heroína. Em uma das recaídas de Danny, Trevor segue até o hospital e conhece o estagiário Ephram, por quem se apaixona. Filme sem ritmo, elenco sem carisma, direção morna. O filme frustra quem busca um bom passatempo, pela sua falta de empatia.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Ártico

"Arctic", de Joe Penna (2018) Confesso que eu nunca havia ouvido falar em Joe Penna. Depois de pesquisar sobre esse filme, e sobre quem o dirigiu, me surpreendi com o fato de que Joe Penna é um brasileiro, nascido em são Paulo, e morador há mais de 15 anos em Los Angeles. e mais: que foi um dos primeiros Youtubers brasileiros a conseguir mais de 3 milhões de seguidores no Brasil, com o Canal "Mysteryguitarman". O que não consegui pesquisar foi de que forma Joe Penna conseguiu captação para filmar ess elonga na Islândia, e como convenceu Mads Milkkensen a protagonizar esse drama de aventura e ação sobre sobrevivência. e maior dos feitos: ter tido o filme selecionado para o Festival de Cannes 2018, na Mostra Camera de Ouro, dedicada a cineastas estreantes. Filmes com esse tema você já deve ter visto no mínimo uns 10! Ano passado mesmo, foram lançados o de Robert Redford, de Shaylenne Woodley e de Colin Firth náufragos e enfrentando tempestades, Teve também o filme com Kate Winslet e Idris Elba, e de Josh Hartnett, onde ficam perdidos em montanhas geladas. Agora com "Ártico", Joe Penna já vai direto ao assunto: o filme já começa com o personagem de Mads já acidentado em pleno Ártico, com o monomotor destruído. Não se sabe nada sobre ele, como foi parar ali, como o avião se acidentou. Na primeira cena, ele já pesca para matar a fome. em 15 minutos de filme, aparece um helicóptero. Mas como o filme precisa ter pelo menos 90 minutos, o roteirista e o diretor enrolam com todas as possibilidades possíveis para narrar um drama que poderia ter sido contado em um curta. Mas como o espectador é masoquista e gosta de ver o protagonista se ferrando, a gente fica ali, torcendo para que a tempestade de gelo, o urso polar e outras ameaças não matem o protagonista. e o que dizer de helicópteros que não conseguem enxergar sinalizadores e nem um ser humano em pleno território totalmente dominado pelo branco? Prefiro o filme de Lian Neeson "A perseguição", bem mais intenso e contundente. Aqui, o interesse vai todo para a performance de Mads Mikkelsen. Não posso deixar de chamar atenção à grande dificuldade que deve ter sido rodar esse filme.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Meu melhor amigo

"O kalyteros mou filos ", de Yorgos Lanthimos e Lakis Lazopoulos (2011) Primeiro longa dirigido pelo grego Yorgos Lanthimos, que depois ficou mundialmente famoso pelos longas "A favorita", "Dentes caninos" e "A lagosta". Dono de um estilo e narrativa muito particulares, Yorgos co-dirigiu o filme com Lakis Lazopoulos, que também escreveu o roteiro e protagoniza o filme. Lançado em 2001, o filme é uma comédia pastelão repleta de erotismo e um humor muito europeu demais, ou seja, os atores aqui investem na pantomina, exagerando nas caricaturas e trejeitos. Konstadinos ganha do seu patrão 3 dias de viagem em Paris. No entanto, por conta de uma manifestação na rua, ele chega atrasado ao aeroporto e perde o avião. Ao retornar em casa, flagra sua esposa o traindo com o seu melhor amigo, Alekos, que o acompanha desde que têm 6 anos de idade. A partir desse momento, Konstadinos procura entender como deve dar rumo `sua vida; ele faz terapia, se envolve com uma mulher que participa de orgias, e repensa a sua amizade com Alekos, que sempre foi um grande companheiro. "Meu melhor amigo" tem um charme, mas é filmado às vezes de forma tosca, parecendo ser bastante amador. Os 2 protagonistas são divertidos e carismáticos. mas o humor proposto no filme não é para todos os gostos. a smulheres principalmente se sentirão ultrajadas em tempos de feminismo. O filme é de 2001, e as mulheres são todas apresentadas como objetos sexuais. se bem que no desfecho tem uma reviravolta, mas aí, já é tarde demais.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Miss Bala

"Miss Bala", de Catherine Hardwicke (2019) A cineasta americana Catherine Hardwicke, famosa por dirigir "Aos treze" e o primeiro filme da saga "Crepúsculo", agora ataca no cinema de ação, refilmando o cult mexicano de 2011, "Miss Bala". Enquanto o filme original apostava no drama mais do que no filme de ação, apresentando uma mulher que do nada, tinha a sua vida revirada pelo cartel mexicano de drogas pesadas e também pela Divisão anti-drogas americana, a versão de Hardwicke quer jogar as suas fichas em cenas de tiros e perseguição. Gloria (Gina Rodriguez, da série "Jane the virgin") é uma maquiadora mexicana que trabalha em Los Angeles. Ela atravessa a fronteira com o Mexico para ajudar sua melhor amiga, Suzi, a se preparar para o Concurso Baja California. Quando as duas vão para uma balada, o local é destruído pelos traficantes. Suzi é sequestrada, e Gloria consegue fugir. Gloria quer resgatar sua amiga das mãos dos traficantes, mas é abduzida pelo DAS americano e pelo cartel mexicano, trabalhando em serviço para os dois. A atriz Gina Rodriguez faz o que pode, mas o filme carece de carisma e de empatia. As cenas de ação sôam genéricas. O filme todo é bastante repetitivo e monótono. Aconselho a assistir ao original, esse sim, um Raio X cruel da situação do Mexico da periferia. Aqui, o glamour apresentado por Hardwicke atrapalhou o discurso sobre a desigualdade social.

domingo, 14 de abril de 2019

Durante a tormenta

"Durante la tormenta", de Oriol Paulo (2018) Para fãs de filmes de suspense com reviravoltas surpreendentes, o nome do Cineasta Oriol Paulo deve ser anotado. Em todos os seus filmes, existe uma trama que, por mais mirabolante e inverossímel que possa parecer, seduz o espectador até sue último minuto. Foi assim com "O corpo" e depois com "Contratempo". Aqui em "Durante a tormenta", Oriol se apropria do tema da viagem ao tempo e de épocas paralelas seguindo juntas, e faz lembrar de filmes como "Frequência", "Efeito borboleta"e da série alemã "Dark". No ano de 1989, na noite da queda do muro de Berlin, em uma cidade da Espanha um garoto presencia um assassinato e acaba sendo atropelado e morto durante a sua fuga. Nessa noite, uma enorme tormenta de 72 horas assombrou a cidade. 25 anos depois, uma família se muda para a mesma casa. A mãe, Vera, ao encontrar uma tv e uma fita Vhs antiga que o menino de 1989 gravou, acaba fazendo contato com ele e o salva da morte. O resultado; por ter alterado seu passado, a filha de Vera no presente não existe mais. Vera precisa desesperadamente descobrir uma forma de fazer tudo voltar como era antes. Com um suspense genial, o filme também traz uma linda história de amor. O Elenco tem Adriana Ugarte no papel de Vera e o argentino Chino Darin no papel de um policial que a ajuda no presente. O filme tem uma duração exagerada de quase 130 minutos, mas vale relevar essa barriga e se deixar seduzir pelo filme, que é muito bom.

sábado, 13 de abril de 2019

Uma terra imaginada

"A Land Imagined", de Siew Hua Yeo (2018) Super premiado Filme da Singapura, vencedor de vários Prêmios no prestigiado Festival de Locarno 2018, entre eles, o de melhor filme. "Uma terra imaginada" é um drama que flerta com o suspense. Há tempos não via um filme com uma fotografia tão bonita, tão estilizada e pop, comparável aos trabalhos do dinamarquês Nicolas Winding Refn, diretor de "Drive". O filme lembra também o excelente drama de suspense chinês "Carvão negro gelo fino": um policial noir, mulheres suspeitas, atmosfera de dúvidas e crime. O filme começa com o policial Lok e seu parceiro visitando um estaleiro que aterra o mar na SIngapura. Descobrimos que a Singapura compra areia do Vietnã, Malásia e outros paises para aterrarem o mar e assim, ter mais terra firme para construção. Lok está investigando o sumiço de 2 trabalhadores: o chinês Wang, e o indiano Ajti. No estaleiro, trabalham negros, paquistaneses, indianos e chineses, ganhando salário de fome e com péssimas condições de trabalho, além de terem seus passaportes confiscados pelo patrão como garantia de trabalho. O filme volta ao tempo e nos apresenta a Wang e Ajti, e assim, o espectador descobre em tempo real o que aconteceu aos 2 trabalhadores. O filme faz uma forte crítica ao trabalho escravo e desumano na Singapura, um dos países mais ricos do mundo. Com uma excelente Direção do cineasta da Singapura Siew Hua Yeo, o filme seduz pelo seu visual estilizado e repleto de neons, além do excelente trabalho dos 4 atores principais: os personagens Lok, Wanh, Ajti e uma funcionária de uma Lan house. Vale super a pena assistir a esse filme, que se vangloria de ser o primeiro filme do País a vencer um prêmio em Locarno.

O direito do mais forte é a liberdade

"Faustrecht der Freiheit ", de Reiner Werner Fassbinder (1975) Incluído no livro "1001 filmes para se assistir antes de morrer", esse filme escrito, dirigido e protagonizado por Fassbinder é uma mistura de "As noites de Cabíria", de Fellini, com "Uma vela para Dario", conto de Dalton Trevisan, porém trazidos para m perverso universo gay. Fassbinder tinha 29 anos de idade quando deu vida ao personagem Franz, e veio a falecer precocemente 8 anos depois, aos 37 anos, em 1982. O filme é um triste e avassalador conto sobre a ganância e a exploração dos mais ingênuos e puros de coração. Franz trabalha no circo e é apresentado como uma aberração, "Foz, o homem sem cabeça". Quando o dono do circo, que também é seu amante, é preso, Fanz é despedido e fica sem dinheiro. Viciado em jogos de loteria, ele aposta seu último dinheiro e acaba ganhando o prêmio máximo. Ele acaba conhecendo o filho de um rico industrial, Eugen, por quem acaba se apaixonando. Eugen no entanto, quer explorar Franz e ficar com todo o seu dinheiro, para investir em sua fábrica que está falindo. À medida que o filme avança, eu ficava cada vez mais angustiado e irritado com a ingenuidade e a cegueira de Franz, que não conseguia enxergar que todas as pessoas à sua volta estavam querendo o seu dinheiro. Somente consegui aceitar o filme pensando que ele foi realizado para ser uma parábola, e que também Fassbinder é um grande fã de Douglas Sirk, o rei dos melodramas americanos dos anos 50, com muito sofrimento de seus protagonistas. Fassbinder adora fazer seus protagonistas sofrerem: foi assim com "O desespero de Veronika Voss", "Martha"e tantos outros, temas que Lars Von Triers se apropriou e levou ao extremo em seus filmes. Fassbinder mostra-se um excelente ator, e o filme apresenta o universo Gay dos anos 70, com seus cabarets e figuras exóticas.

sexta-feira, 12 de abril de 2019

O Silêncio

"The silence, de John R. Leonetti (2019) Filme de terror dirigido pelo mesmo cineasta de "Anabelle" e adaptado de um livro best seller. Mas o que mais me chama a atenção nesse filme, é que ele é um plágio descarado de "Um lugar silencioso', além de buscar elementos de "Bird box" e de "The walking dead". Criaturas parecidas com morcegos escapam do subterrâneo e começam a devorar as pessoas no mundo inteiro. Cegas, elas se orientam através de barulhos. As pessoas precisam ficar totalmente em silêncio. Os sobreviventes acabam se tornando pessoas que fazem de tudo para sobreviver. Nesse mundo apocalíptico, a família de Ally, uma adolescente surda, procura sobreviver. Stanley Tucci e Miranda Otto são os nomes famosos, além de Kiernan Shipka, a Sabrina da série da Netflix. O filme é meia bomba, os efeitos são toscos, o roteiro ruim e sem ritmo. Tem uma cena mega ridícula, onde uma das personagens se sacrifica e depois você percebe que foi para nada.

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Keanu

"Keanu", de Peter Atencio (2016) Comédia maluca que mistura os gêneros policial e ação, "Keanu" foi lançado em 2016 e já revelou o talento do Cineasta Jordan Peele, diretor de 'Corra!" e "Nós" como roteirista e ator, quando ainda não era conhecido. Em "Keanu", Jordan Peele se revela ótimo ator e comediante. Ele faz uma excelente dupla com Keegan-Michael Key. Eles interpretam os primos Rell e Clarence. Ambos são pessoas pacatas. Rell no entanto está deprimido: ele foi abandonado por sua namorada. Um pequeno gato surge e ilumina a vida de Rell, que se apaixona pelo bichano. Rell o apelida de Keanu. Quando ele sai com seu primo e retorna de noite, descobre que o gatinho foi sequestrado. A dupla vai atrás do bichano, e se infiltram em uma gangue da pesada para descobrir o paradeiro de Keanu. Acabam descobrindo que o gato está nas mãos da gangue rival, e dá-se início a uma sangrenta guerra entre gangues. Longe do gênero Terror que o celebrizou, Jordan já imprime no roteiro um humor sarcástico e bastante crítico de uma sociedade que venera as celebridades. Como de costume, Jordan dá total protagonismo a um elenco de atores negros. O filme é bastante divertido, mas o seu tipo de humor, violento e caótico, talvez não agrade a todos.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Perdido na expressão

"Lost in expression", de Bruno Rose (2015) Curta LGBTQ+ realizado por alunos da University of North Carolina Wilmington, é um filme correto, decente, apesar dos atores amadores. Jace e Devin são estudantes da Universidade. Jace é o Presidente de uma das fraternidades. O casal oficialmente se declaram namorados. No dia do aniversário de Devin, Jace, que é romântico, lhe compra um buquê de flores, mas ao chegar em casa, flagra Devin tendo um caso com outro rapaz. Abalado, Jace se afasta de Devin e não o perdôa. No dia da festa da Fraternidade, Jace se afunda na depressão e bebe todas, lembrando do sue passado, quando seu pai traiu sua mãe e acabou saindo de casa. Para sua surpresa, Devin surge na festa, pedindo perdão. Realizado com pouco orçamento, o filme tem uma história simples mas bem conduzida, e para padrões de filme universitário, está com ótimo acabamento. Tivessem escalado atores profissionais, o filme poderia ter alçado vôos maiores. curioso é que, após os créditos finais, existe um final alternativo.

O poeta e o garoto

"Si-e-nui sa-rang", de Kim Yang-hee (2017) Ótimo drama LGBTQ+ sul coreano, escrito e dirigido pela Cineasta Kim Yang-hee. Vencedor de diversos prêmios internacionais, o filme também foi exibido no Festival de Toronto. Emocionante e sensível, o filme começa como uma leve comédia de costumes, até ir se tornando um drama pulsante, que fala sobre saída do armário e a descoberta do amor por outra pessoa do mesmo sexo aos 40 anos. Alguns críticos compararam esse filme a "Morte em Veneza", de Luchino Visconti. O filme pode ser visto como uma ode à juventude, ou também um drama que discute maternidade e relações pais e filhos. Hyon Taek-gi (Yang Ik-june) é um professor de letras para um colégio de crianças. Ele quer ser um Poeta, mas lhe falta inspiração para a escrita. Sua esposa, Hyon (Jeon Hye-jin, sonha em ser mãe, e para tal, faz de tudo para que seu marido a engravide. A vida do casal está em uma rotina sem amor, apenas estão juntos para evitar a solidão. Um dia, o poeta vai até uma loja de Donuts que abriu na frente de sua casa e de imediato, se apaixona por Seyun (Jung Ga-ram), um jovem bonito e apaixonante, que convive com uma gangue de rua e também tem problemas familiares em casa: sua mãe o ignora e gasta o dinheiro em jogo. Seu pai está moribundo, à beira da morte. Quando o Poeta se aproxima oferecendo ajuda, Seyun aceita, pedindo por dinheiro. Mas aos poucos as reais intenções do poeta vão se tornando claras, e o rapaz fica na dúvida se gosta do poeta porque ele é o único que se preocupa com ele, ou se ele o ama. Belo filme de estréia da diretora Kim Yang Hee, e com excelente performance do rio principal. A melancolia da esposa em aceitar a homossexualidade do marido e implorar que ele fique com ela para ela não criar o filho sozinha, é muito revelador sobre a sociedade sul coreana, que não aceita o papel da mãe solteira. O filme tem ótima direção, roteiro bem amarrado e situações críveis e envolventes que comovem o espectador, principalmente, na cena final.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Loro

"Loro", de Paolo Sorrentino (2018) O Premiado Cineasta italiano Paolo Sorrentino tem uma linguagem narrativa própria, que faz com que o Cinéfilo mais atento identifique de imediato um filme de sua autoria. Essa linguagem tornou- se mais autoral depois do grande sucesso de “A grande beleza”, vencedor do Oscar de 2014. Logo depois veio “Juventude”, e agora, Loro”, uma livre cinebiografia do ex-primeiro ministro italiano Silvio Berlusocni, famoso pelos seus escândalos fiscais e sexuais envolvendo prostitutas de alto luxo. Berlusconi é um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em quase 7 bilhões de dólares. Ele comanda uma rede de televisão, já foi dono do time de futebol A.C. Milan e dizem que tem envolvimento com a Máfia. O filme foi originalmente lançado em 2 partes, com quase 2 horas de duração cada. Para poder ser elegível para o Oscar 2019, o filme foi condensado para exibição no exterior em 2:30 horas. Mulheres objeto, vulgarização do sexo, consumo de drogas, festas hedonistas sem hora para acabar, muitas câmeras lentas, lentes grandes angulares, trilha sonora repleta de música pop, personagens arrogantes, figuras Fellinianas, e claro, tudo em excesso. Paolo Sorrentino é o Cineasta dos excessos estilísticos e narrativos. Tudo nele é sem freio. O filme, longo, não tem o mesmo fascínio de “A grande beleza”. Torna-se quase uma tarefa árdua assistir o filme até o fim. Fosse um filme brasileiro, facilmente teria sido excomungado por militantes feministas, por conta da nudez de todo o casting feminino e a alta exploração do corpo da mulher. Mas verdade seja dita: não há quem filme Festas melhor do que Sorrentino. Elegantes, intensas, sexies, poderosas e belamente fotografas e marcadas em cena. Sorrentino escala novamente Tom Sevillo como protagonista, interpretando Berlusconi. O filme foca em sua relação desgastada com sua esposa, a atriz decadente Veronica ( em ótima performance de Elena Sofia Ricci, vencedora do David de Donatello de Melhor atriz). Em seu entorno, políticos e bom vivants que querem se aproveitar das festas e dos contatos para se darem bem na Política e na vida social, entre eles, Sergio Morra (Riccardo Scamarcio). Mas o filme é entediante, o roteiro é vazio, e o verdadeiro Berlusconi não veio à tona, e sim, as loucuras de suas festas, quase um filme adolescente americano tipo “Negócio arriscado”. Mas vale pelo estilo e pela beleza do filme.

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Reverse

"Reverse", de Josh Tanner (2018) Co-escrito e dirigido pelo australiano Josh Tanner, "Reverse" é um ótimo filme de terror com menos de 5 minutos de duração. Com uma premissa bastante simples, o trabalho em conjunto de atuação, edição de som, edição, trilha sonora e fotografia provocam uma sensação de pavor muito divertida, com aquele indefectível susto final. Um homem busca o seu carro em um estacionamento durante a madrugada. Ele está sozinho. Ao entrar no carro, ele observa no sensor que existe alguma presença por ali, mas ele não enxerga ninguém. Todos os sensores internos do carro indicam a presença de alguém. estaria o homem ficando louco? Uma pequena aula de filme de terror, rodado todo em uma única noite.

Minha obra-prima

"Mi obra maestra", de Gastón Duprat (2018) Co-escrito e dirigido pelo argentino Gastón Duprat, realizador dos excelentes "O homem do lado"e "Cidadão ilustre", "Minha obra-prima"tem um tema muito semelhante ao filme da Netflix "Velvet Buzzsaw", com Jake Gyllenhaal. Ambos os filmes fazem uma observação anárquica e crítica sobre o Mercado da Arte a valorização da obra de um artista excêntrico depois de sua morte. Arturo (Guillermo Francella, de "O clã" e "Coração de Leão" é dono de uma galeria de arte. Amigo de longa data de Renzo Nervi (Luis Brandoni), um artista plástico excêntrico e de mal com a vida, que reclama de tudo e de todos, e não faz a mínima questão de ajudar a vender os seus quadros. Endividado, Arturo tenta ajudar Renzo, mas em vão. Até que um acidente sofrido por Renzo o faz repensar e reavaliar todos os seus conceitos sobre amizade, Arte, ganância e corrupção. Com um roteiro brilhante escrito a quatro mãos, e uma dupla de atores fenomenais, "Minha obra-prima" diverte , faz pensar e mais do que isso: me provocou tamanha antipatia pelo personagem de Renzo, como há muito eu não sentia. Mas o roteiro provoca uma reviravolta sensacional, daqueles plot twists do tipo: "ih"!, e aí tudo vai ficando mais instigante. Mas talvez a grande Estrela do filme seja a locação em Jujuy, município no noroeste da Argentina; um lugar de montanhas recortadas, surpreendente e acachapante. Essa é a verdadeira obra-prima do título do filme.

domingo, 7 de abril de 2019

A boca de leão

"La boca del león", de Alfonso García (2013) Ótimo filme de terror espanhol, totalmente rodado no Iphone 4S. O filme ganhou o prêmio máximo no Festival de Sitges, em uma Mostra paralela voltada a filmes rodados com Celulares. "A boca do Leão" se vangloria de ser o primeiro filme com Exorcismo realizado através de um celular. Um homem possuído pelo Demônio liga desesperado para um exorcista. O Padre no outro lado da linha pede que o possuído ligue a câmera. Sem forças e já possuído, a filha do homem se apossa do celular e ouve as instruções do Padre para que o ajude a expulsar o demônio do corpo do pai dela. O filme se apropria da linguagem do "Found footage" ma so faz de forma curiosa e original, com um roteiro bastante interessante. Os efeitos de maquiagem são um pouco trash, e a música do final também tem um tom estranho, de deboche, mas o filme em si é bastante interessante instigante.

Queimadura de sol

"Sunburn", de Vicente Alves do Ó (2018) Exibido em diversos Festivais de Cinema, o drama português LGBTQ+ "Queimadura de Sol" foi escrito e dirigido por Vicente Alves do Ó, mesmo realizador dos premiados "Al Berto" e "Florbela". O filme é o que poderíamos chamar de 'White people's problem": 4 amigos lindos, ricos, bem sucedidos, passam um final de semana na casa de campo de um deles, Francisco (Nuno Pardal). A casa é contemporânea, luxuosa e com uma enorme piscina, onde os amigos Simão (Ricardo Barbosa), (Oceana Basilio) e Vasco (Ricardo Pereira). Simão é um escritor de cinema e escreve um roteiro chamado "Sunburn", mas está em crise criativa. Vasco sonha com o homem perfeito, mas enquanto não chega, transa com peguetes de aplicativos. Francisco faz um acordo com Ondina para ela engravidar e ele poder ter um filho. O filme não deixa muito claro a relação entre os amigos, mas parece haver um Poliamor, onde todos pegam todos. Um dia, Francisco recebe uma ligação de Davi, que diz estar indo visitar a todos na casa. Logo se instaura uma grande crise na casa: todos de certa forma, tem uma relação mal resolvida com Davi no passado, e precisam aprender a lidar com a chegada iminente dele, que irá acontecer em algumas poucas horas. Realizar um drama todo em uma única locação, não é problema algum. O problema é quando o filme tem um roteiro frágil e vazio. "Queimadura de sol" expõe pequenos dramas dos personagens, nenhum digno de nota. Nesse processo quase minimalista de explorar a rotina dessas pessoas lindas e exuberantes, fica a pergunta: como é que eles conseguem ter problemas tão sem relevância, diante da vida de luxo e prazeres que levam? Nesse existencialismo contemporâneo, falta a densidade de um Antonioni. Salvam-se as perfomances de todo o elenco, que já são atores consagrados, e as lindas locações no Sul de Portugal.

Pixels

"Pixeles", de Jordi Núñez (2015) Premiado curta espanhol, "Pixels" é um drama LGBTQ+. Edu e Aldri formam um jovem casal gay. Eles moram juntos, convivem com bastante harmonia e felicidade, até que um amigo novo de Aldri entra na vida do casal. Edu começa a criar dentro dele um forte ciúme doentio. Aldri não entende a frieza de Edu, que cada vez se intensifica mais, ao passo de evitar até os amigos do casal. O filme termina de forma trágica, e isso me incomodou bastante. Não houve um momento de reflexão, de conversa entre o casal. Ficou no estranhamento, na falta de comunicação. Para um casal que vivia às mil maravilhas, me pareceu bastante abrupto. O desfecho é desnecessário, uma forma do filme querer punir um dos personagens pela escolha que ele tomou. Os atores estão bem, interpretam de forma honesta os seus personagens. O filme tem 12 minutos, o que também é uma boa escolha do Diretor e do editor, evitando esticar demais uma história tão singela.

O Manicômio

"Heilstätten", de Michael David Pate (2018) Quando a gente achava que a moda do "Found footage" já tinha acabado, eis que o roteirista e Cineasta alemão Michael David Pate recupera tudo de novo. "O manicômio" tem toda a pinta d eter sido realizado há mais de 10 anos atrás, quando esse tipo de filme virou moda. Todos os clichês estão ali: adolescentes patéticos protagonizando a história, com aquele plot irritante: resolvem passar uma noite em um local notoriamente mal assombrado. Um grupo de Youtubers, de canais distintos, brigam por curtidas e seguidores. Resolvem se lançar um desafio: passar a noite em um manicômio isolado na floresta, conhecido por experiências nazistas. Claro que todos os personagens são idiotas, agindo como pessoas altamente irresponsáveis: não tem como sentir pena dessa galera quando se fodem. Esse é o problema do filme: não há um único personagem carismático a quem a gente deva torcer. Os efeitos são fracos, quase não se v6e as ações da fantasma. Os diálogos são fracos, os atores servem pra gritar. O que interessa no filme é a fotografia e a atmosfera, mesmo assim, já vistos mil vezes em outros filmes.

Quando Margot encontra Margot

'La belle et la belle", de Sophie Fillières (2018) Escrito e dirigido pela Cineasta francesa Sophie Fillières, 'Quando Margot encontra Margot" parte de uma premissa muito semelhante a "Peggy Sue, seu passado te condena", de Coppola. Uma mulher de 45 anos, Margot ( Sandrine Kiberlain), viaja até Paris. Em uma festa, ela conhece Margot ( Agathe Bonitzer, filha da Cineasta). Logo, a Margot mais velha reconhece na Margot jovem ela 20 anos atrás. A partir daí, a Margot velha dá conselhos para a jovem para evitar os erros que ela cometeu. Supostamente uma comédia romântica com toques de fantasia, o filme peca em todos os gêneros: como comédia não faz rir, como romance não encanta, e como fantasia, é nulo, já que a Cineasta resolveu investir no realismo para tratar de um tema fantástico. Resultado: falta charme, falta emoção. Sobra um filme sem ritmo, de personagens chatos. Sandrine Kiberlain é uma atriz veterana que sabe trabalhar em drama e comédia, mas aqui, faltou um roteiro que desse maior dimensão à sua personagem. Agathe Bonitzer é boa atriz, mas o problema é o mesmo, não há carisma na personagem. Melvil Poupaud , ator fetiche de François Ozon e Xavier Dolan, faz um bom contraponto para um filme que quer falar de mulheres independentes e donas de seu corpo e das decisões, mesmo que erradas.

sábado, 6 de abril de 2019

Luzes da Ribalta

"Limelight", de Charles Chaplin (1952) Não sei aonde me escondo de tanta vergonha por nunca ter assistido a essa obra-prima de Charles Chaplin. "Luzes da Ribalta" foi lançado em 1952, e foi o seu último filme realizado nos Estados Unidos. Acusado de fazer parte do Partido Comunista, Chaplin teve que se mudar para a Inglaterra. O filme somente foi lançado nos Estados Unidos em 1972, quando foi indicado ao Oscar em várias categorias e acabou levando o Oscar de trilha sonora. A música "Tema de Terry" é das mais conhecidas pelo grande público, sendo sempre associada à imagem de Chaplin pela melancolia e poesia. O filme é ambientado em Londres de 1914, antes da 1a Guerra mundial. Calvero ( Chaplin), é um Artista em decadência, longe dos tempos áureos que conquistou há anos atrás. Ele mora em um cortiço, e está com o aluguel atrasado. Chegando bêbado em casa, ele salva uma vizinha, Tereza (Claire Bloom), que tentou suicídio. Ela também está com o aluguel atrasado, e tem um passado traumático, que a impede de seguir seu sonho de ser bailarina. Calvero passa a cuidar dela e a incentiva a voltar a dançar. Ao mesmo tempo, Calvero vai cada vez mais afundando na depressão e no ostracismo. O filme lembra bastante o enredo de "Nasce uma Estrela", mas Chaplin traz muita melancolia e tristeza a essa sua derradeira aparição com um personagem que lembra Carlitos, mas sem maquiagem. Impossível não associar o personagem Calvero ao próprio Chaplin, que em 1952, já se encontrava em processo de declínio e perda do público, uma vez que seus grandes sucessos viera com o período do Cinema mudo. O filme tem diálogos brilhantes escritos pelo próprio Chaplin, e percebe-se sua amargura pelo Show Bizz, que o abandonou. Muitas cenas antológicas, como o seu sketche com Buster Keaton. Só essa cena já valeria ver o filme, uma linda homenagem ao Cinema mudo. Obrigatório.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Ilha do Vulcão

"Vulkánsziget", de Anna Katalin Lovrity (2017) Exibido em diversos Festivais Internacionais. incluindo o Festival de Berlin, o curta de animação "Ilha do Vulcão" , dirigido e escrito pela cineasta húngara Anna Katalin Lovrity, foi elogiado por mulheres que fazem parte do movimento de anti-assédio #Metoo. O curta traz uma metáfora sobre o despertar da feminilidade e o assédio sexual masculino. Numa paradisíaca Ilha onde um vulcão está inativo, uma jovem tigresa convive em paz com a natureza e outras tigresas de sue grupo. De repente, e um enorme e velho Tigre branco surge ameaçador, assediando insistentemente a tigresa, que o rejeita. Ele passa a correr atrás dela, que procura a todo custo fugir dele. De repente, o vulcão eclode. O roteiro foi desenvolvido pela cineasta de acordo com um caso ocorrido em sua adolescência. Ele foi assediada por um homem mais velho, mas por ser jovem, não conseguia interpretar aquilo como assédio na época. Com belíssimos traços e cores exuberantes, esse curte, sem diálogos, propõe discussões interessantes sobre temas bastante atuais.

Shazam!

"Shazam!", de David F. Sandberg (2019) O Cineasta David F. Sandberg é um raro caso de realizador nascido na Suécia a fazer sucesso em Hollywood com Blockbuster. Quando em 2013, ele realizou o curta de terror "Luzes apagadas", de apenas 3 assustadores minutos, o impacto foi tão enorme que Hollywood encomendou uma versão em longa metragem. Infelizmente o filme não ficou bom, mesmo assim, ele ficou encarregado de dirigir a continuação de "Anabelle 2", que conseguiu a proeza de ser melhor que o original. Com cartaz aberta para dirigir "Shazam!", David ainda trouxe a sua esposa, a atriz Lotta Losten, que está em todos os eus filmes e aqui faz uma ponta como uma cientista. Shazam! é uma grande homenagem aos filmes escapistas dos anos 80 e 90, que envolvem crianças e adolescentes como protagonistas. Tem homenagem a "Os Goonies", uma pitada meio Filme B de "Os aventureiros do bairro proibido". O filme conta a história do adolescente Billy Batson (Asher Angel), que quando criança, foi abandonado por sua mãe. Durante toda a sua infância e adolescência, ele foi criado em diversos orfanatos, mas sempre foi expulso. Quando ele se acomoda em uma casa de acolhimento de menores, ele é catapultado até um mundo onde é cooptado pelo Mago Shazam (Djimon Hounsou), que está velho e sem condições de ser o Guardião dos 7 deuses dos pecados capitais. Billy, por ter um bom coração, acaba se tornando o próximo Mago (Zachary Levi) a gritar a palavra Shazam! Logo ele precisa entender que poderes ele possui, sendo ajudado pelo garoto que sofre bullying Freddy (Jack Dylan Grazer, de "It, a coisa). Impossível não pensar que esse filme é a resposta da Dc para o Deapool de Ryan Reynolds. Mais comedido e infantil, sem os palavrões e mortes explícitas, Shazam diverte a criançada como um grande Clown, sempre fazendo graça. Zachary Levi está formidável e muito carismático. Todo o elenco juvenil está muito bem. A sequência onde Freddy procura entender os poderes de Shazam é hilária.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Na sua companhia

"Na sua companhia", de Marcelo Caetano (2011) Premiado filme do mesmo Diretor de "Corpo elétrico", o curta "Na sua companhia" ganhou diversos prêmios em Festivais, alem de ter participado de importantes Festivais mundo afora, como Rottendan e Clermont Ferrand. Para quem já é familiarizado com o cinema de Marcelo Caetano, já sabe que existe um fetiche pelo corpo masculino, as voltas com temas que envolvem homossexualidade, solidão, sexo livre e muita música popular brasileira. Aqui temos dark room, muito sexo, uma Drag fazendo show como Maria Bethania, e como protagonistas, um casal gay formado por um homem na faixa dos 50 anos e um jovem negro musculoso. Eles se filmam através de câmera, existe um jogo excitante de voeyurismo. Pessoas dançam para a câmera, existem espelhos para acentuar o narcisismo do jovem negro. não existe um roteiro, existem situações e fragmentos que exploram todos os temas citados acima. É quase um filme experimental. Não é para todos os gostos.

terça-feira, 2 de abril de 2019

A longa noite de Francisco Sanctis

"La larga noche de Francisco Sanctis", de Francisco Márquez e Andrea Testa (2016) Adaptação do livro do escritor argentino Humberto Constantini. "A longa noite de Francisco Sanctis" concorreu na Mostra Un certain Regard no Festival de Cannes e em outros importantes Festivais, como Hamburg e San Sebastian. O Filme é um drama com pegada Hitchcockiana, com o tema do homem comum fazendo feitos heróicos. Francisco Sanctis é um homem comum. Um burocrata, casado com Angelica e pai de dois filhos. Classe média, Francisco sonha com uma promoção em seu trabalho, que nunca vem. O ano é 1977, ditadura em Buenos Aires. Quando estudante universitário, Francisco tinha um pseudônimo de Leonardo Medina e escrevia textos politizados. Uma colega da faculdade liga para Francisco. Quer encontrá-lo. Ela confidencia para ele que um casal será preso pela polícia: ela lhe fornece os nomes e endereço e pede que vá avisá-los. Francisco nega, não quer envolvimento, e vai embora. Porém, Francisco se remói de culpa a noite inteira, tenta ajuda, mas decide ele mesmo ir até o endereço e avisar ao casal. O filme tem uma ótima direção, criando uma atmosfera de suspense mais light. O tempo todo o filme cria um ambiente de suspeita, de claustrofobia, que faz com o que espectador muitas vezes se sinta no lugar de Francisco. Em quem confiar? Hábil na narrativa, o filme merecia uma adaptação para o Teatro.

Amor fraternal

"Brotherly love", de Anthony J. Caruso (2018) Drama LGBTQ+ independente americano, "Amor fraternal" ganhou mais de 10 prêmios em festivais de gênero. O filme é escrito, produzido, dirigido e protagonizado por Anthony J. Caruso, em um tour de force para apresentar o seu trabalho para o mundo. Anthony se inspirou em sua vida para criar o personagem do Irmão Vito. Anthony cresceu em uma família católica, e a opressão da religião lhe limitou muita coisa na vida. o Seu personagem é um aspirante a Padre, que estuda em um Monastério. Mas ele leva dupla como gay. Junto de seu melhor amigo gay, ele frequenta baladas Lgbtq+ e outros ambientes, mas na hora H ele sempre se segura, pois ele ama Deus e a religião. Ele é aconselhado pela irmã Peggy a procurar um refúgio espiritual. Vito decide ir até San Francisco e se hospedar em um abrigo para HIV positivos, fazendo trabalho assistencial. Ele conhece Gabe, um rapaz que também presta ajuda a Ong. Ambos se apaixonam, mas Vito novamente precisa decidir entre a vida religiosa ou o amor de Gabe. Não consigo imaginar como esse filme pode ter 2 horas de duração. É interminável. Com certeza, poderiam ter cortado 40 minutos do filme. Anthony até tem carisma, mas é mau ator. Os outros atores também são razoáveis, com cara de todo mundo ali ser amigo do Diretor. O que é curioso no filme, é que ele é bem cafona, e isso lhe confere um charme extra. Outra coisa divertida são os estereótipos da cultura gay: todos são apaixonados por Barbra Streisand e o filme Yentl. Mais gay, impossível.

Verona

"Verona", de Marcelo Caetano (2013) Premiado Filme LGBTQ+ de Marcelo Caetano, realizado antes do seu incensado 'Corpo elétrico". O roteiro foi co-escrito por Hilton Lacerda, Diretor de "Tatuagem". Walter e Elias formaram por anos um grupo na Europa de dance music chamado 'Verona", O grupo acabou e se desfez. Walter voltou ao Brasil. Elias continuou na Europa. 10 anos depois, eles se reencontram no Interior do Brasil. Walter está para se casar com o jovem Felipe. Elias vem para o casamento. Nesse encontro de um final de semana na casa de campo, os 3 procuram descobrir a melhor forma de conviver em paz. Mas muita lavação de roupa acontece, criando uma tensão que vai do psicológico ao sexual. Elias é interpretado pela famosa Drag Marcia Pantera. Os outros 2 atores, Germano Melo e Guto Nogueira, são presenças constantes em filmes autorais. O roteiro em si não oferece grandes eventos, e sim, um registro quase minimalista dessas pessoas tristes e melancólicas, que percebem que o tempo passa e as cosias não são mais as mesmas. Envelhecimento, frustração profissional, solidão. Com esses temas Marcelo Caetano realiza uma sinfonia de profunda imersão no vazio existencial. A trilha sonora oferece clássicos do pop, entre elas, "When the doves cry", de Prince.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Titanic

"Titanic", de Herbert Selpin e Werner Klingler (1943) Primeira versão para o Cinema sobre a história real do Transatlântico Titanic, que no dia 15 de abril de 1912, bateu em um Iceberg e afundou no mar, matando 1500 pessoas, entre passageiros e tripulantes. Essa versão alemã foi, por incrível que pareça, realizado durante a 2a Guerra. Durante as filmagens noturnas no mar, não podia se acender tantos holofotes de filmagem pois isso chamaria a atenção dos aliados. O Ministro do exterior, Joseph Goebbels, bancou esse filme com o motivo de ser uma peça anti- Inglaterra, e favorecesse o patriotismo heróico dos alemães. Nesse filme, inventaram um outro Capitão Alemão, Petersen, que ao contrário do Capitão inglês, salva vidas e organiza a fuga dos tripulantes e passageiros. Ele é o herói, com frases feitas sobre o dever de salvar vidas e jamais abandonar o barco. É escancarado como no filme, os ingleses são vistos como escórias, maltratando tripulação e visando apenas a ganância e o lucro. A primeira parte do filme foca nos dramas e romances, e na 2a parte, vem a tragédia e o plano de fuga. O filme foi o mais caro na história da Alemanha até então. Acabou não sendo exibido e foi banido, sendo apresentado depois em 1992. o Diretor Herbert Selpin foi acusado de falar mal do nazismo e acabou sendo preso. Foi encontrado enforcado na prisão. v finalizou as filmagens. Com certeza, o "Titanic"de James Cameron roubou muitas idéias desse filme. principalmente quando apresenta os níveis diferentes de classes sociais no navio.

Casa de palha

"House of straw", de Kyle Bogart (2015) Ótimo filme de terror, uma homenagem a clássicos dos anos 80, como "Um lobisomem americano em Londres"e "Grito de horror". Emma é casada com Reed. Eles vivem em perfeita harmonia. Toda noite de lua cheia, Reed vai até o açougue e compra cabeças de porco. Emma prepara o bunker, onde de noite, ela trancará Reed. Mas nessa noite, ela resolve trair o marido com o açougueiro. Escrito e dirigido por Kyle Bogart, "Casa de palha" tem uma direção esperta, com um roteiro que surpreende o tempo todo. Os efeitos especiais e maquiagem são meio toscos, mas condizentes com os filmes que ele quer homenagear. Sem uso de computação gráfica e todo com efeitos práticos, o filme ainda é favorecido por uma fotografia que enaltece a tensão criada pelas imagens.