quarta-feira, 31 de julho de 2019

Pequeno bosque

"Liteul poreseuteu", de Yim Soon-rye (2018) Refilmagem de um longa japonês de 2 partes, que por sua vez, é uma adaptação de um mangá escrito por Daisuke Igarashi. A versão japonesa tinha quase 4 horas e se passava nas 4 estações. Nessa versão sul coreana, a protagonista, a jovem Hye-won (Kim Tae Ry, protagonista do drama "A criada") resolve voltar para a sua cidade natal, após um período de frustrações na Capital Seul: ela não passou para a faculdade e não está feliz com o trabalho, como atendente de uma loja de conveniência. Hye resolve passar o inverno em sua casa natal, e se reconecta com amigos, entre eles, a amiga Eun Sook e o amigo Jae Ha. Eun Sook está a fim de Jae Ha, mas acha que a amiga Hye Won está a fim dele também. Hye Won, por sua vez, está mais interessada em voltar às suas raízes e para isso, relembra de sua mãe, que está ausente. Quando criança , a mãe de Hye preparava comidas gostosas e enquanto comiam, conversavam sobre uma infinidade de coisas. Belo drama light, "feel good movie", onde a preparação de comida e sua degustação são fatores determinantes para a pessoa ser feliz. Boa comida é sinônimo de felicidade. Bem dirigido, com linda fotografia e detlahes apetitosos da comida sendo preparada, o filme ainda tem o carisma do trio principal de atores.

Todos contra Léo

"Tout contre Léo", de Christophe Honoré (2002) O Cineasta francês Christophe Honoré tem em sua filmografia, dramas com temáticas LGBTQ+, como "As canções de amor", "Conquistar, amar e viver intensamente", "Em Paris" e "Todos contra Léo", escrito pelo próprio Honoré, "Todos contra Léo" mostra uma adorável familia que mora na Bretânia, França. Um casal, donos de uma loja fotográfica, são pais de 4 filhos. Léo, o mais velho, tem 21 anos. Marcel, o mais jovem, tem 12 anos. Um dia, durante o café da manhã, Léo conta à sua família, com exceção de Marcel, que está com HIV. A maior preocupação de todos é que devem esconder de Marcel que Léo está doente. Mas Marcel escutou escondido. Quando Léo resolve ir à Paris para reencontrar seu ex, Marcel pede para ir junto. É a chance dos 2 irmãos aproximarem sua relação. Sensível drama com ótimas interpretações, em destaque o pequeno Yaniss Lespert no papel de Marcel. O filme é visto pelo PV do menino, e por isso, o ritmo é contemplativo, lento. É um filme bastante delicado por conta de seu tema polêmico.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

O ano em que eu perdi a cabeça

“Jahr des Tigers ”, de Tor Iben (2017) Escrito e dirigido pelo Cineasta alemão Tor Iben, “O ano em que eu perdi a cabeça” é um drama erótico LGBTQ+ repleto de fetiches. Tom é um jovem introspectivo e rebelde, que junto de um amigo, vive assaltando residências. Tom coleciona máscaras e sempre as usa durante os assaltos e quando vai para encontros sexuais de aplicativos ou saunas gays. Durante um dos assaltos, ele conhece Lars, um professor boa pinta. Lars está dormindo, e Tom o observa. A partir desse evento, Tom passa a “stalkear” Lars, seu objeto de desejo. Com muitos simbolismos, o filme é aperitivo para espectadores voyeurs, mas como dramaturgia é bem fraco. O desfecho é totalmente inverossímil e irritante. O protagonista não tem nenhum carisma e em nenhum momento a gente torce por ele.

sábado, 27 de julho de 2019

Meu anjo

"Gueule d'ange ", de Vanessa Filho (2018) Li recentemente uma crítica desse drama francês em um Site de Cinema e fiquei triste com a resenha da jornalista: ela detonou o filme, dizendo que Marion Cotillard estava péssima e que a pequena Ayline Aksoy-Etaix era fraca. Gente, que filme essa pessoa assistiu? As duas estão ótimas, vigorosas, intensas nesse tristíssimo drama sobre abandono infantil. O filme termina ao som da canção "Sin toi", música do clássico "Cleo de 5 às 7". Marion interpreta a mãe solteira Marlene, mãe da pequena Elli. Marion comemora o seu segundo casamento com Jean em um barco, junto de amigos. Após os festejos, Jean procura por Marlene e a encontra transando com o garçon. Jean a abandona, e Marlene retorna à sua vida de desemprego. Sem saber como educar ou criar a sua filha, Marlene cada vez mais se afasta dela, se entregando ao álcool e outros excessos. Durante uma noitada, Marlene desaparece, e Eli, sem noticias de sua mãe, procura se virar para sobreviver. Angustiante e muito depressivo, "Meu anjo" não busca a redenção de ninguém, nem procura caminhos fáceis para as suas protagonistas. A diretora e roteirista Vanessa Filho não tem um olhar carinhoso para as suas mulheres: elas sofrem, elas odeiam, elas desistiram do amor. O filme concorreu na Mostra Un Certain regard em Cannes, e possui uma fotografia brilhante de Guillaume Schiffman. O filme lembra bastante "Projeto Flórida" e um tanto do japonês "Ninguém pode saber", de Kore eda.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

O professor substituto

“L'heure de la sortie”, de Sebastién Marnier (2018) Sempre parto do princípio de que qualquer roteiro pode ser filmado através de gêneros distintos. Se esse mesmo roteiro tivesse sido adaptado por David Cronemberg, teria sido quase que um remake do seu cult “Filhos do medo”. Mas o roteiro, adaptado do livro homônimo, acabou nas mãos de Sebastién Marnier, que realizou o drama psicológico “Irrepreensível”, que trazia fortes tintas sociais, ao trazer como protagonista uma desempregada que não se confirma em Perder um emprego para uma mulher mais jovem e decide por um plano vingativo em Prática. “O professor substituto” traz elementos de Cronemberg e do filme “Nocturama”, um drama sobre jovens inconformados que decidem agir como terroristas para chamar a atenção da sociedade francesa. Carregando no suspense psicológico e também elementos de fantasia, provocados pela constante paranoia do Professor que vai se vendo como parte integrante da obra de Kafka ( o professor está escrevendo uma tese sobre ele), onde ele se vê como os personagens de “ O processo” e “Metamorfose”. O filme começa com a tentativa de suicídio de um professor em frente aos seus alunos na sala de aula. Parte desses alunos, seis no total, assistem a cena totalmente apáticos, sem expressar Emoção. Esse grupo, de alto QI, é mal visto pelo restante da escola e acabam se tornando um grupo fechado e misterioso. Um professor substituto, Pierre, introspectivo, tenta se enturmar com esse grupo, sem sucesso. Prevendo que eles estão planejando algo, o professor os segue, mas começa a receber ligações anônimas e ameaças, e começa a achar que todos da escola, inclusive os professores, se voltam contra ele. Com excelente ficha técnica ( fotografia, trilha sonora) e atores muito talentosos, principalmente os jovens, o filme tem também ótima direção e uma atmosfera de constante ameaça. O final, no entanto, fica em aberto, o que prejudica a mensagem do filme ( que são varias: bullying, homofobia, suicídio de adolescentes, apatia, falta de comunicação, terrorismo ecológico) e o espectador fica na dúvida do porque o diretor ter se apropriado de elementos fantásticos para um filme realista.

Sempre diga Sim

"Siempre si", de Alberto Fuguet (2019) Baseado em uma história real, 'Sempre diga Sim" acompanha a epopéia de Hector, um rapaz simples de uma cidade pequena do México, Hermosillo, que deseja ir pela primeira vez para a Capital para posar nú para um Site de fotos eróticas masculinas, chamada 'Feral". Hector quer fazer dessa experiência um "turning point" em sua vida, se abrindo a possibilidades de relacionamentos sexuais com qualquer homem que aparecer, sempre dizendo sim a qualquer um. O filme é uma espécie de "Perdidos na noite" ( o protagonista é um cowboy do interior que vem à cidade grande, sempre de chapéu e camisa xadrez) com cenas de sexo explícito, envolvendo atores não pornôs. Gerardo Torres Rodríguez, no papel principal, tem uma performance bastante corajosa e visceral. Totalmente entregue ao personagem, em cenas reais de sexo com diversos parceiros. Os filmes mexicanos autorais, e principalmente os atores, não têm questão com a sexualidade, vide os filmes de Michel Franco, Carlos Reygadas, repletos de sexo explícito. O filme possui das cenas mais excitantes e vouyeurísticas que já assisti em um filme, vide a cena da massagem na sauna. Mas fora a questão do erotismo, o que mais me chamou a atenção no filme foi a forma como o Cineasta e roteirista Alberto Fuguet resolveu contar a narrativa do filme. Se apropriando de filtros de Instagram e de playlist de Spotify, que constantemente surgem na tela, toda vez que um filtro é alterado e uma música surge (aproximando o espectador jovem e contemporâneo para o filme) . O filme é uma espécie de diário de bordo: aparecem letreiros na tela indicando os nomes das pessoas, suas contas reais de Instagram, o endereço das saunas, bares e boites que aparecem no filme e pasmem!!!!, os endereços dos amantes que va surgindo no filme, como se sugerisse ao espectador bater na porta das pessoas em busca de sexo!!!!!! Um filme de performances naturalistas, um Ode ao sexo sem medo, sem violência, um Ato hedonista e luxurioso em busca daquilo que o personagem mais ama fazer na vida: Sexo! Sem culpa, sem doenças.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

A Serpente

“A Serpente”, de Jura Capela (2016) O Cineasta pernambucano Jura Capela se associou ao Pólo de Cinema de Barra do Piraí e realizou um filme de imensa força imagética e dramatúrgica: a adaptação de “A Serpente”, último texto de Nelson Rodrigues, lançado em 1978. Assim como o Ator e Cineasta Murilo Benício, ambos resgataram Nelson Rodrigues para o Cinema, mas sem esquecer a essência do Teatro. Fazendo uso da metalinguagem, alternando Teatro com realismo, tanto “O beijo no asfalto” quanto “A serpente” contam muito com a ajuda preciosa da fotografia em preto e branco, aqui de Pablo Baião, quanto do talento dos atores. Lucélia Santos, que já protagonizou diversas anti-heroínas de Nelson nos anos 80, agora retorna em 2 papéis: o das irmãs , agora gêmeas, Lígia e Guida. Diferentes em personalidade, Lígia casou com um homem impotente, Décio, que acabou tendo caso com a lavadeira. Sua irmã Guida, casada com Paulo (Matheus Nachtergaele, simplesmente endiabrado e brilhante), pede para que ele deflore Lígia, que ainda é virgem. A partir daí, o ciúme toma conta das irmãs, e o texto, como em toda obra de Nelson, termina em tragédia. Jura trouxe a narrativa para algo que parece final do Séc XIX, muito por conta de figurinos que até trazem Lucélia para o Universo da Escrava Isaura, com vestidos e corseletes. Mesmo assim, esse tempo não é claro, pois em uma cena, vemos globo de ouro em um Cabaret com músicos com instrumentos modernos. A estilização dos enquadramentos, alternando em marcação teatral com o uso do foco da câmera do cinema, conferem ao filme uma textura autoral, mas nada hermética. Para aficionados por Teatro, o filme é um deleite. Para os amantes do Cinema, o filme é totalmente cinematográfico. Lucélia Santos é um grande retorno de Atriz. Há tempos sem frequentar a tela grande ( Acredito que a última vez que a vi, foi em “Casa Grande”, do Felipe Barbosa), Lucélia nos faz lembrar de quão extraordinária é o seu trabalho em cena: Furiosa, animalesca, e claro, totalmente Rodrigueana.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Jornada da vida

“Yao”, de Philippe Godeau (2018) Terceiro longa dirigido pelo produtor de cinema Philippe Godeau, que também co-escreveu o roteiro desse belo drama que lembra bastante “Central do Brasil”. O Ator Omar Sy interpreta o famoso Ator Seydou Tall. Ele planeja levar seu filho pequeno para o Senegal, onde ele irá ter uma tarde de autógrafos pelo lançamento de seu livro de memórias, e aproveitar e levar seu filho para conhecer a aldeia de seus pais, que o próprio Seydou desconhece. A ex-esposa de Seydou o proíbe d elevar o menino, e o ator acaba viajando sozinho. Na capital do Senegal, ele conhece o menino Yao (Título original do filme, que significa “quinta-feira, dia em que o menino nasceu), um garoto de 13 anos que saiu de sua aldeia, à mais de 6 horas de distância, fugido, só para conhecer seu ídolo. Ao saber da história do garoto, Seydoul acaba decidindo ele mesmo levar o rapaz de volta para a aldeia. Nesse trajeto, o garoto acaba ajudando Seydou a resgatar a sua ancestralidade e raízes africanas que ele nem sequer conhecia. O filme parece uma autobiografia do ator Omar Sy, nascido na França e de pai senegalês. É uma homenagem à terra de nascença de seu pai, uma viagem mística e cultural à África, tão belamente retratada pelas cores das paisagens, dos figurinos e da música local. O filme não se abstém de mostrar mazelas de terceiro mundo ( policiais corruptos, trânsito caótico, etc) mas também mostra a grande humanidade do povo local. Um filme lindo, repleto de bons sentimentos, perfeito para quem busca um “feel good movie”, um gênero de filme que Omar Sy tem feito tão bem, vide “Os intocáveis” e “Não se aceitam devoluções”.

Skin

“Skin”, de Guy Nattiv (2018) Baseado na história real do ex- Neo Nazista Bryon Widner (Jamie Bell), que cresceu em Ohio em um ambiente de ódio e racismo. Durante toda sua vida, ele ajudou a promover crimes contra negros, latinos e outras raças, destruindo e massacrando inocentes. Bryon era procurado pelo FBI. Após conhecer Julie (Danielle Macdonald), a mãe solteira com 3 filhas, Bryon passa a rever a sua trajetória e começa a pensar em abandonar sua vida e recomeçar do zero com Julie. Mas a sua antiga gangue, de onde sua mãe, Ma (Vera Farmiga) também faz parte, não o deixa em paz. O cineasta israelente venceu o Oscar de curta ficção em 2019 com “Skin”, uma variação dessa mesma história, mas com desfecho ficcional. No longa, ele retrata exatamente a história real, adaptado de um documentário lançado em 2012. Premiado em Toronto e concorrendo em Berlin, o filme faz lembrar do clássico “Uma outra história americana”. Em comum, além da explosão de violência dos dois filmes, é a soberba atuação de seus protagonistas. Edward Norton era um puro touro, mesma postura de Jamie Bell, que desde criança, quando interpretou “Billy Elliot”, já mostrada ao que veio. Sua atuação é vigorosa, porrada pura, e aqui ele se mostra todo tatuado. Bryon fez um pacto com o Fbi: tirar suas tatuagens com laser em cirurgia, em troca de apresentar aos agentes aonde o grupo neo-nazista se escondia. O filme é longo, e uns 20 minutos a menos teria sido mais interessante, principalmente na primeira metade. De qualquer forma, tem tensão o suficiente para segurar a atenção do espectador.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Papi Chulo

"Papi Chulo", de John Butler. Drama no gênero “Feel good movie”, “Papi Chulo” pega carona no sucesso mundial do vencedor do Oscar “Green Book”, só que dessa vez, trocando a raça: sai o personagem negro, e entra um latino. Sean (Matt Bommer) é o apresentador do mapa do tempo da tv local em Los Angeles. Um dia, ele tem uma crise de nervos ao vivo, e é enviado pelo seus chefes para um descanso por um tempo. Sean mora sozinho, e está há um tempo separado de seu ex-namorado, Carlos. No deck da casa, Sean observa uma parte que necessita de pintura. Ele vai até uma loja comprar a tinta, e precisando de ajuda para pintar, ele contrata um mexicano free lancer imigrante, que aguarda na rua por bicos de trabalho, Ernesto (Alejandro Patiño). Ao trazer Ernesto para sua casa, Sean observa nele uma grande humanidade, e aos poucos, os dois se tornam grandes amigos. Mas Sean começa a misturar os sentimentos que tem por Ernesto pelo seu ex, Carlos, também mexicano. O filme, apesar de ter sido detonado pelos críticos pelo sentimentalismo e pela forma semelhante ao “Green Book”, de mostrar um homem branco de classe média alta precisando da ajuda de uma pessoa de uma outra raça, funciona para uma sessão da tarde. Os dois atores são ótimos, e tem uma linda cena, deles cantando “Borderline”, da Madonna no carro. A fotografia valoriza as locações em Los Angeles, e a questão do Lgbtq+ é tratada de forma honesta no filme.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Sol Alegria

"Sol Alegria", de Tavinho Teixeira (2018) Concorrendo no prestigiado Festival de Rotterdan em 2018, "Sol Alegria" é escrito e dirigido pelo Ator e Cineasta paraibano Tavinho Teixeira. Como Ator, Tavinho trabalhou em "Aquarius" l protagonizou o excelente "Clube dos canibais", de Guto Parente. Em 2014, Tavinho lançou o polêmico "Batguano", fábula apocalíptica que mostra Batman e Robin tentando enfrentar as mazelas do terceiro Mundo. Em “Sol Alegria”, Tavinho faz referências explícitas a "Maus hábitos", de Almodovar, e "Saló", de Pasolini. De Almodovar, Tavinho pega emprestado as freiras viciadas em sexo e drogas, no caso, plantação de maconha. De ‘Saló”, vemos as mesmas freiras contando histórias de libertinagens. Visualmente, o filme parece uma grande encenação de Zé Celso, com todas as alegorias possíveis e imagináveis sobre a Política brasileira pós Impeachment de Dilma: militares, Religião, políticos corruptos, nada fica de fora nessa metralhadora giratória de Tavinho, que se apropria da linguagem Teatral e do Back projection para apresentar a sua visão da Tropicália do terceiro milênio. Muitas cenas de sexo, orgia explícita envolvendo uma trupe familiar ( Os pais, interpretados por Tavinho e Joana Medeiros, essa, atriz fetiche da Cia Teatral de Zé Celso) e Mariah Teixeira (filha de Tavinho na vida real) e Mauro Soares, que parece até uma paródia do blogueiro Felipe Neto com seus cabelos cor de rosa. Eles são uma espécie de Caravana Rolidey, famosa trupe circense do filme de Cacá Diegues, “Bye Bye Brasil”, que segue Brasil afora para dizimar Militares e corruptos. As freiras os ajudam a se armar com metralhadoras. Em uma cena inacreditável, as freiras praticam sexo anal com vibradores, enquanto as outras freiras contam histórias sobre o ânus. A cena lembra muito a de “Tatuagem”, com o número musical “Polka do cú”, e depois acabei descobrindo que o fotógrafo é o mesmo dos dois filmes, Ivo Lopes Araújo. Em outra cena bastante controversa, vemos um cortejo formado por travestis, velando uma travesti que morreu, a som de música eletrônica. E nessa extravagância cinematográfica, ainda há espaço para Ney Matogrosso fazer um número musical, e o Ator Everaldo Pontes interpretar a Madre superiora. "Sol Alegria" é um filme de experimentação e de liberdade narrativa. O antídoto para os dias de "filtro" atuais.

domingo, 21 de julho de 2019

Robin Willians- Entre em minha mente

"Robin Willians- Come inside my mind", de Marina Zenovich (2018) Excelente documentário registrando a carreira artística de um dos maiores atores e comediantes americanos, Robin Willians. O filme começa mostrando a infância de Robin, a sua relação com seus pais atores, a mudança para San Francisco, depois Los Angeles, a dura vida como Comediante de Stand up e tentando sobreviver, até ser descoberto nas ruas e levado até um sitcom, de onde saiu para o estrelato. O filme também fala sobre a relação com as mulheres de sua vida, seus filhos, e claro, muitos depoimentos de grandes astros e diretores comentando a relação que tinham com Willians, e todos reiterando o seu grande talento. O filme vai até a morte de Willians: ele se suicidou, aos 63 anos de idade, por enforcamento. especulou-se que ele estava em depressão, talvez pelo diagnóstico de Parkinson, drogas, álcool. O filme mostra a relação de Willians com a cocaína nos anos 80 e 90, e a dificuldade de lidar com o sucesso. Com fotos e vídeos impecáveis e raros, mostrando momentos de sua vida. Um dos momentos é impagável: na entrega do prêmio de melhor Ator para o Globo de Ouro, onde disputavam 3 atores: Daniel Day Lewis, Jack Nicholson e Robin Willians, houve um empate, de onde Willians ficou de fora. Jack Nicholson chama Willians ao palco, que agradece aos críticos que votaram por deixarem claro o quanto "o amam". No final, uma frase dita por Willians em um show: "Somos agraciados na vida com uma centelha de loucura. Aproveitem essa centelha, pois quando ela se apagar, acaba tudo."

O que as pessoas irão dizer?

"Hva vil folk si", de Iram Haq (2017) Escrito e dirigido pela Cineasta norueguesa de origem paquistanesa Iram Haq, "O que as pessoas irão dizer?"foi o filme indicado pela Noruega para concorrer a uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2019. O filme é inspirado na vida rela de Iram Haq: crescida e educada na Noruega e morando com os pais conservadores, a jovem Nisha (Maria Mozhdah, excelente) namora um colega da escola norueguês. Nisha se divide em 2 culturas: em casa a de seus pais, e nas ruas ela se comporta como uma local. Um dia, ela leva seu namorado esconido para o seu quarto, mas quando seu pai abre a porta, ele espanca os dois. Como punição, o pai de Nisha a leva até o Pakistão para morar com sua irmã e mãe, evitando as fofocas dentro da comunidade paquistanesa na Noruega. Nisha se desespera, e faz de tudo para voltar à Noruega. A personagem de Nisha sofre bastante no filme, fruto do fundamentalismo religioso e cultural do Pakistão, um País onde a mulher não encontra voz e vive de servir ao homem dentro de casa. O filme lembra bastante o filme belga "A garota ocidental", que tem história bastante parecida. Com ótimos atores e bela direção de Maria Mozhdah, o filme ganhou diversos prêmios em Festivais, merecidamente.

Kibe Lanches

"Kibe Lanches", de Alexandre Figueiroa (2017) Divertido documentário LGBTQ+ produzido pelo coletivo "Surto e Deslumbramento", concorreu em vários Festivais e narra uma inusitada história de um restaurante árabe que existia no Sul de Recife, no bairro de Pina, nos anos 80. Ali funcionava normalmente o restaurante árabe, mas durante os finais de semana o Dono do local, chamado Barão. resolveu incrementar o espaço com shows e eventos. Tinha show de pagode e festas. Mas quando Barão assistiu ao programa da Manchete que mostrava o sucesso de "A noite dos Leopardos"no Rio de Janeiro, ele não teve dúvidas: fez o mesmo em seu restaurante. Nas noites de sexta feira, promoveu um Concurso chamado de "As rolinhas do Barão". Tinha shows de transformistas, streap tease masculino e no final, os rapazes surgiam nus e com pênis ereto, para deleite da platéia. O filme é entremeado de fotos da época com depoimentos de remanescentes: o próprio Barão e frequentadores, que disseram o quanto foi importante esse espaço, pois reunião a comunidade gay da época, em um momento histórico onde não havia o termo GLS e os gays viviam escondidos, à margem da sociedade. As histórias narradas são hilárias, ma a melhor é qaundo o Barão conta que para ficarem eretos, os rapazes pediam ajuda das transformistas para fazerem boquete nos bastidores ou quando um dos rapazes veio tão excitado para o palco que acabou gozando, e a platéia toda abria a boca.

Um dia a mais na vida

"Another day of life", de Raúl de la Fuente e Damian Nenow (2018) Premiada animação que mistura linguagem de ficção e documentário ( nessa parte, usando imagens reais e entrevistas com os retratados), "Um dia a mais nda vida"concorreu em Cannes 2018 e ganhou importantes prêmios em Festivais como Goya e San Sebastian. O filme é uma adaptação do livro homônimo escrito pelo jornalista de guerra polonês Ryszard Kapuściński, que durante 3 meses, avançou na Guerra civil angolana em 1975, indo até o Sul do País para poder entrevistar Farrusco, um líder rebelde português que mudou de front: ele havia chegada em Angola defendendo o Governo Português e diante da miséria da população, passou para defender os populares. Farrusco foi um dos líderes do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tinham ideais comunistas e prezavam os direitos de seu povo em relação à saúde, moradia e escola. A outra frente era a violenta União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), que dizimou centenas de milhares de civis. Durante sua estadia em Angola, Kapuścińsk conseguiu apoio de um jornalista português, Artur, de ex-combatentes e uma guerrilheira angolana, Carlota. Com belas imagens documentais e uma animação primorosa, que faz lembrar bastante dos traços de "Valsa para Bashir", o filme comove ao homenagear heróis anônimos que dedicaram suas vidas em prol da população e contra governos tiranos.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Um lugar sombrio

"A dark place", de Simon Fellows (2018) Drama de suspense inglês filmado nos Estados Unidos, tem como protagonista o ator irlandês Andrew Scott, mais famoso por ter atuado no episódio de "Black Mirror' onde ela faz um sequestrador que deseja contactar o dono da rede social semelhante ao Facebook. No município de Harburg, Pensylvania, uma cidade pacata e entediada, onde não existem crimes, um menino de 6 anos é encontrado afogado no rio. Um catador de lixo, Donald (Andrew Scott), portador de autismo, resolve buscar a verdade sobre o "acidente", uma vez que a polícia local decide dar como encerrado o caso. Aos poucos, Donald vai descobrindo uma terrível revelação. O filme tem uma história bastante parecida com "Sobre meninos e lobos", de Clint Eastwood. O filme é mais drama do que suspense, mas tem como ponto forte a atuação do elenco. O ritmo é lento, a bela fotografia ressalta a tristeza da paisagem local, dando ao filme um tom bastante cinzento e depressivo.

O bar luva dourada

“Der goldene Handschuh”, de Fatih Akin (2019) Impressionante como o Cineasta turco Fatih Akin conseguiu reproduzir a atmosfera sórdida e suja da Alemanha do início dos anos 70, descrita em muitos filmes do cineasta Fassbinder em inicio de carreira. A fotografia, a direção de arte, o figurino e principalmente a maquiagem, aliados à performances espetaculares do elenco, que entendeu a proposta do filme e deram vida a personagens que passeiam pelo teatral, fazendo uso de trabalho de corpo, voz e muita visceralidade, sem constrangimentos em cenas de extrema violência e nudez. “O bar luva dourada” remete a um cult obscuro alemão, chamado “A ternura dos lobos”, de 1973. O filme é baseado na história real de Fritz Haarman, o assassino conhecido como "vampiro de Düsseldorf" que matou dezenas de garotos, abusou sexualmente e depois os devorou e serviu de inspiração para o clássico "M - O Vampiro de Düsseldorf", de Fritz Lang. Fatih Akin provavelmente se inspirou nesse filme, que parece até uma refilmagem. O filme conta a história real do serial killer Fritz Honka ( em interpretação magistral de Jonas Dassler, debaixo de kilos de maquiagem e próteses). De 1970 a 1974, ele assassinou várias mulheres, a maioria vítimas da sociedade: mendigas, idosas, sobreviventes do holocausto, alcóolatras e drogadas. Vítima de um acidente que o desfigurou, Honka é uma figura asquerosa, suja, e que leva essas mulheres ao seu apartamento fétido. Impotente, ele acaba matando as mulheres porquê coloca nelas a culpa de não poder fazer sexo. Ele as esquarteja e esconde os pedaços dos corpos em um alcap’ão de seu apartamento. O filme apresenta personagens que em sua maioria, são remanescentes de uma Alemanha derrotada pelas 2 guerras mundiais: uma geração perdida, sem futuro, humilhada e sem ambições. Esse é o foco do filme de Fatih Akin, que choca pela crueza das cenas ( esquartejamento, decapitação, etc), pela forma desumana como retrata o ser humano, algo semelhante a “Saló”, de Pasolini, onde uma vida não vale absolutamente nada. O sumiço dessas pessoas provavelmente não farão diferença à sociedade, aos familiares, ninguém. O filme, por incrível que possa parecer, é repleto de humor negro, e a plateia ria em dezenas de vezes ao longo da projeção. Mas é um riso perturbador, pois rimos da desgraça dos outros. O filme possui muitas cenas antológicas, em especial, a da sequência onde Honka vai trabalhar como guarda noturno. Um primor. É curioso notar também que AKin se apropria do gênero terror: em muitos momentos, existem "Jump scares" inesperados, que nos fazem dar pulos na cadeira.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Era uma vez Brasília

'Era uma vez Brasília", de Adirley Queirós (2017) Em 2014, o cineasta de Brasília Adirley Queirós ficou conhecido nos circuitos de Festivais pelo seu premiado "Branco sai, preto fica", um misto de drama, documentário e ficção científica de baixo orçamento. Agora, em 2017, ele lança "Era uma vez Brasília"e tudo se repente: drama, documentário, ficção científica e baixo orçamento, naquilo que parece uma continuação de seu filme mais famoso. Não é uma tarefa fácil assistir a um filme de Adirley. Se apropriando de uma linguagem bastante experimental, que passeia entre a paródia e a ironia que tenta traduzir através da alegoria, o universo social e político pelo qual o Brasil tem passado nesses últimos anos. Em "Era uma vez Brasília", Adirley faz uma metáfora sobre o Impeachment de Dima, ocorrido em agosto de 2016. O filme utiliza o discurso de Dilma ao ser afastada, e finaliza com o discurso da posse de Temer, o que o filme aponta como Ano 0 PG ( Zero pós golpe). W4A é um agente de um planeta indefinido, enviado à Brasília para matar o presidente Juscelino Kubitscheck nos anos 50. Mas um erro de percurso o traz à Brasília pré-impeachment de Dilma. Aqui, ele conhece Andreia, uma guerrilheira que foi presa por tentar se defender de um assédio sexual, e acabou matando o seu agressor. O filme concorreu em Locarno 2017, recebendo um prêmio especial.

O Rei Leão

"The lion King", de Jon Favreau (2019) Não tem pra ninguém: Simba, Mufasa, Scar, Nala, Zazu, Rafiki. O filme é de Pumbaa e Timão, 2 dos melhores coadjuvantes do Universo Disney. Nas vozes geniais de dois gênios da comédia, Seth Rogen e Billy Eichner, que dão uma dimensão ainda maior aos personagens da versão original de 1994. Mas como o protagonista é Simba, a gente ama a trajetória de auto-descobrimento sobre a sua missão na Terra. Nem precisa falar da sinopse, pois o filme segue à risca o filme anterior, acrescentando mais algum molho e retirando parte da violência que poderia chocar o público mas conservador dos dias de hoje ( as cenas do leão e hienas comendo carnes está bem escondida). À cada música que tocam, o público entra em transe, desde a de abertura, "Circle of life", passando pelo hino "Hakuna Matata" e depois "Can you feel the love tonight?". Os críticos estranharam o realismo dos animais, e alguns disseram estar vendo um documentário da National Geographic. Ignorem esses comentários e se deliciem com a pura nostalgia imposta nesse clássico de gerações, nas vozes de Donald Glover, Beyoncé, Chiwetel Ejiofor e do insubstituível James Earl Jones, o único do elenco que retorna no papel de Mufasa. Fotografia, efeitos especiais, tudo de altíssimo nível. Uma verdadeira magia para os olhos.

Estou me guardando para quando o Carnaval chegar

“Estou me guardando para quando o Carnaval chegar”, de Marcelo Gomes (2019) Toritama é um município que fica no agreste de Pernambuco, a 120 kms da Capital e com 40 mil habitantes. Grande parte de sua população é autônoma e vive da fabricação de jeans que eles produzem em suas próprias casas e garagens, garantindo o sustento da família. O Cineasta Marcelo Gomes, realizador dos ótimos “ Joaquim”, “ Era uma vez eu Veronica” e “ Cinema aspirinas e urubus” realiza um documentário sobre a memória, quase um “ Amarcord” de Fellini. O filme fala sobre afeto, mas também sobre o poder econômico, capitalismo e a felicidade do brasileiro de classe média baixa, que consegue ser feliz com pouco, mesmo que todos desejem ser ricos. Marcelo Gomes lembra de Toritama, cidade que seu pai lhe levava há 40 anos atrás e que era silenciosa. Em tupi guarani significa “ Terra da felicidade”. Esse silêncio não existe mais hoje em dia. As máquinas de costura e de corte funcionam 18 horas por dia, todos os dias, só para do durante o carnaval e festas de fim do ano, quando os moradores resolvem viajar e curtir a vida. No restante do ano, se sacrificam no trabalho em prol de ganhar dinheiro, dentro da lógica do “ quanto mais horas eu trabalhar, mais dinheiro vou ganhar”. O pôster do filme faz uma alusão à escravidão, mas há que se pensar que se pararem de trabalhar ou modernizarem o sistema de produção, muita gente vai ficar desempregada e como alguns depoimentos dizem, a cidade para. O filme reserva imagens belíssimas, e alguns depoimentos são muito divertidos pois apresentam aquele jeito ingênuo de muita gente jogar os problemas para a frente e só pensar no agora. O bloco do filme que mostra as pessoas desesperadas tentando vender seus pertences ( geladeira, tv, etc) para juntar dinheiro e poder viajar no carnaval é muito provocativa e ao mesmo tempo Melancólica. Como as pessoas se contentam com tão pouco! O título se refere a uma música de Chico Buarque, que fecha o filme que concorreu na Mostra Panorama em Berlim 2019.

"Funny Girl- Uma garota genial"

"Funny girl", de William Wyller (1968) "Funny girl" é a estréia de 2 Gênios do entretenimento: É o primeiro filme da Diva Barbra Streisand no Cinema, em 1968, e a estréia do mítico Cineasta William Wyller no Musical ( ele já havia dirigido clássicos como "Ben Hur", "Infâmia", "Jezebel", "A princesa e o plebeu"). O filme é baseado no grande sucesso homônimo da Broadway, protagonizado por Barbra Streisand. A história narra a ascenção de Fanny Brice, uma garota judia feia e pobre da periferia de Nova York no início do Século XX e o seu desejo de ser uma grande Estrela de Teatro e do Cinema. Ela quer entrar como Atriz no famoso Teatro Ziegfeld. e com o seu grande talento, ela consegue. Já famosa, ela conhece Nick Arnstein (Omar Shariff, astro egípcio na época, um dos grandes galãs de Hollywood, que já havia realizado "Dr Jivago"e "Lawrence da Arábia"). Ele é um jogador, e ambos se apaixonam. A partir daí, o filme vai ficando bastante parecido com "Nasce uma Estrela": Fanny vai ficando cada vez mais famosa, e Nick se transforma em sua sombra, ficando cada vez mais no ostracismo. Dramaturgicamente, o filme é bastante ousado para os anos 60: Fanny é independente, pensa em sua carreira, odeia o machismo e é bastante dona de si. Mesmo se apaixonando por Nick, ela entende que seu foco tem que ser a carreira. Os números musicais são luxuosos e um grande acontecimento: "I'm the greatest Star", "Don't rain on my parade", "My Man", e a mais famosa, "People", além da música título, "Funny girl", que concorreu ao Oscar. Barbra, em sua estréia no cinema, ganhou o Oscar de Melhor Atriz, empatando com Katherine Hepburn. "Funny Girl" é dos grandes musicais de Hollywood, já realizado em uma época quando o gênero se encontrava em decadência. A cena de 'Don't rain on my parade", com a tomada aérea e Barbra na Balsa, é deslumbrante.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Reincarnate

"Reincarnate", de Thunska Pansittivorakul (2010) O Cinema tailandês foi descoberto pelo mundo por causa dos filmes de Apichatpong Weerasethakul, diretor dos cults premiados "Tio Bonnmee", "Mal dos trópicos" e "Cemitério do esplendor". Thunska Pansittivorakul é um Cineasta gay, e afeito a um cinema experimental, com olhar documental. "Reincarnate" foi um filme realizado em 2010 para tentar barrar a Lei de Censura imposta na Cultura. Filmes tiveram que seguir à risca um código de conduta, que entre outros itens, tiveram que se submeter ao seguinte parágrafo: “Desde agosto de 2009, a Tailândia proibiu a imagem de atos sexuais e genitais em filmes e qualquer coisa que prejudique os interesses do país ou cause desarmonia nas pessoas”. Seu filme anterior, "A área está sob quarentena" foi proibida de ser exibida nos cinemas. Como contra-proposta, "Reincarnate" foi produzido com muito pouco dinheiro, e exibido em circuitos de cinema de arte. Essa "Reencarnação" imposta pelo cineasta significa tentar renascer como Artista em um País onde começou a imperar uma Lei bastante rígida, ainda mais se tratando de um filme LGBTQ+. O filme tem cenas de sexo explícito entre um Professor e seu aluno, que viajam até uma ilha da Tailândia para que o professor possa filmar seu aluno em situações aleatórias: tomando banho, dormindo pelado ou se masturbando. Outras cenas sem lógica invadem o filme, que não tem o mínimo interesse de explicar o sentido ao espectador. O filme foi selecionado para vários Festivais, entre eles, o de Rotterdam.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Obrigado a matar

"Obrigado a matar", de João Amorim (2004) Sério, cheguei a esse filme por conta de tantos memes e cenas exculachadas em páginas de redes sociais. algumas considerando "O pior filme jamais feito". Com 43 minutos de duração, "Obrigado a matar"é uma delícia de se assistir, do início ao fim, com atuações bizarras, roteiro podre e direção inexistente, sem noção de cortes em edição ou mesmo decupagem. Mas dito dessa forma, parece que o filme é muito ruim. Sim, é péssimo, mas essa é sua grande qualidade. Sabe-se lá os motivos pelos quais o Diretor e roteirista João Amorim realizou seu filme com tanta canhestrice, talvez até mesmo por falta de conhecimentos técnicos, mas a verdade é que o filme é engraçado demais e vale ser visto com amigos, vai ser uma sessão no mínimo de fazer doer a barriga de tanto gargalhar. O que se vê na tela, é que João Amorim, que também protagoniza, realiza tudo com muito amor e paixão pelo Cinema. Ele convocou amigos que não são atores e resolveu fazer uma grande farra. O filme é rodado em Lages, Santa Catarina. João Amorim volta para casa depois de meses fora. Reencontra sua esposa e sua filha. No entanto, bandidos da regi!ao chegam do nada, matam a esposa e ferem João. Três meses depois, João já recuperado, decide se vingar. Impossível descrever aqui a quantidade de cenas antológicas nesse filme. Antológicas no sentido de serem toscas. Atores que decoram falas e não atuam, diálogos sem noção, cortes na edição sem raccord, trilha sonora sertaneja onipresente. E para divertir ainda mais, João ainda canta!!!!!! A seguir o link do filme, para quem quiser assistir. Não se sinta envergonhado, o filme é uma lição de amor ao cinema. Falta de dinheiro não é motivo para não se fazer filmes! João Amorim que o diga! https://www.youtube.com/watch?v=Sz26gUQqIdA

O intruso

"The intruder", de Deon Taylor (2019) Suspense psicológico que faz uso de um sub-gênero dentro dos filmes de terror, que é o do casal jovem que se muda para uma casa nova e acaba sendo ameaçado. O Cineasta Deon Taylor é negro e sem seus filmes ele busca o protagonismo negro, assim como Jordan Peele. Só que Deon Taylor vai em busca de um cinema de terror mais convencional, sem os apuros estilizados de seu colega Peele. Nada contra, se o roteiro fosse bom. Apostando nos piores clichês que possam existir , tipo "um dos conjugues não acredita que tal pessoa possa ser uma ameaça", um dos conjugues fica com ciúmes do outro só para criar tensão no filme e deixar um deles sozinho em casa", "o melhor amigo vai investigar e se fode", etc. Mike e Annie formam um jovem casal bem sucedido. Ele tem alto cargo em uma agência de publicidade, ela trabalha em criativo. Eles decidem comprar uma casa nova, e acabam comprando uma mansão afastada, que pertence a Charlie (Dennis Quaid). Ele diz que está vendendo porquê sua esposa morreu de câncer e por isso está de mudança para Flórida. O tempo passa, e o casal percebe que Charlie está sempre na redondeza. O marido acha estranho, a mulher acha normal, uma vez que o homem acabou de perder a esposa. Mas a medida que o tempo avança, as coisas vão se tornando mais sinistras. A direção de Deon Taylor aposta em jump scares provocados por edição de som, e faz o que pode com um roteiro sem chance de ser surpreendente, uma vez que tudo é extremamente óbvio. O casal de atores principais está ok, mas quem rouba o filme é Dennis Quaid. Normalmente associado a mocinhos, Quaid, quando interpreta vilões ou psicopatas, tende ao exagero e caricatura. Aqui ele está no extremo do vilanesco, e se você assistir ao filme querendo se divertir com as caras e bocas de Quaid, irá se divertir bastante. No mais, é um filme longo, sem sal e com um final que vai contra tudo o que o filme propõe, que é a mensagem do desarmamento.

Segredos e despedidas

'Here and now", de Fabien Constant (2018) Quando li que esse filme era uma refilmagem da obra-prima "Cleo de 5 às 7", de Agnes Varda, localizado em Nova York e protagonizado pela mais Nova Yorkina das atrizes, Sarah Jessica Parker, eu surtei! Amo esses 3 elementos: o filme original, NY e Sarah. Claro que é uma tarefa hercúlea tentar abstrair Sarah de Carrie Bradshaw, sua personagem icônica de "Sex and the City", mas aqui sarh está em outro registro: melancólica, dramática, introspectiva, não lembrando em nada a sua espevitada bloqueira da série da HBO. Sarah é Vivienne, uma cantora que se apresenta em um famoso club de jazz da cidade. Ela tem problemas de relacionamento com todo mundo: seu ex-marido, sua filha que preferiu ir morar com o pai, e sua mãe, a francesa Jeanne ( a Diva francesa Jacqueline Bisset). Vivianne praticamente não tem amigos, por conta de seu temperamento. Ela paquera o baterista do grupo, mas evita manter um relacionamento com ele. O filme começa com Vivianne na sala de espera de uma clínica médica. Ao ser chamada para falar com a médica descobre que está com um tumor no cérebro. A médica dá à Vivianne 24 horas para se decidir entre fazer um tratamento que lhe dê sobrevida, ou continuar do jeito que está. Aturdida, Vivianne diz que vai pensar, e então, faz uma peregrinação de um dia, revendo todas as pessoas próximas a ela. O filme tem uma boa direção, com um tratamento estético de filme independente. Sarah Jessica Parker está bem, e também canta em dois momentos. Mas o roteiro, escrito por Laura Eason, estraga o que o filme de Varda tinha de melhor: o espectador ficava sem saber exatamente o que aturdia a personagem em ‘Cleo de 5 às 7”. Aqui em ‘Segredos e despedidas”, já é revelado em menos de 5 minutos, e portanto, o filme fica sem qualquer tipo de surpresas ou expectativas. A narrativa é lenta, sem ritmo. Produzido pela própria Sarah, o filme vale por ela mesma. Um filme para fãs que sentem saudades de vê-la mais nas telas. Agora, quem for assistir ao filme querendo pensar no filme de Varda, melhor esquecer pois provavelmente ficará bem irritado com a falta de sutilezas do filme. O filme foi rodado em 16 dias na cidade de NY.

domingo, 14 de julho de 2019

Um crime de ódio americano

"An american hate crime", de Ian Liberatore (2018) Longa metragem de estréia de Ian Liberatore, que escreveu, produziu e dirigiu esse drama LGBTQ+ com um orçamento de apenas U$ 13 mil dólares e 7 dias de filmagem. Se baseando em fatos reais, o filme é um brutal relato de homofobia ocorrido em Filadélfia. O filme também faz uma séria crítica aos aplicativos de pegação gays, onde as pessoas anonimamente marcam encontros em lugares ermos e como em vários casos citados nos créditos finais, acabam sendo assassinados por grupos homofóbicos. Ian se formou em cinema no Art Institute of Philadelphia e convidou estudantes para fazerem parte da equipe técnica. O roteiro se apropria da estrutura usada por Gus Van Sant em "Elefante"; uma mesma história vista por 2 pontos de vista diferentes: a do agressor e a da vítima. Dividido em 3 capítulos, na Parte 1 somos apresentados a Jake, um rapaz que mora com o seu pai e que tem problemas de socialização, botando culpa na comunidade LGBTQ+ por todos os seus problemas. Ele é seduzido por um grupo de colegas homofóbicos a marcarem encontros com gays em aplicativos e depois darem surra nas vítimas.Na Parte 2, somos apresentados a Noah, um garoto de 13 anos, que tem problemas em aceitar a sua homossexualidade. ele acaba se cadastrando no aplicativo e marca encontro com uma pessoa, sem imaginar que o perfil é do grupo homofóbico. Na parte , vemos a conclusão desse crime e também, um plot twist. O título do filme pega emprestado da premiada série de Ryan Murphy "American crime story", Por ter sido produzido por tão pouco dinheiro, o filme acaba sofrendo problemas em quesitos técnicos. O elenco também varia bastante, com bons atores mesclados a amadores. Do elenco, quem mais impressiona é Dylan Hartman, no complexo papel de Noah. Mas as intenções do filme são realmente boas, e mesmo que a Parte 3 do filme enfraqueça todo o projeto, vale a pena assistir e refletir sobre o caminho que as relações homoafetivas estão tomando através dos aplicativos, que "desumanizam" o afeto.

A testemunha invisível

"Il testimone invisibile", de Stefano Mordini (2018) Refilmagem italiana do excelente suspense "Um Contratempo", de Oriol Paulo, conhecido como o Shayamalan espanhol. Praticamente filmado plano a plano como no original, essa refilmagem é tecnicamente bem feita e defendida por ótimos atores, entre eles, o Star italiano Riccardo Scamarcio. Para quem não assistiu ao filme espanhol, vale assistir a essa versão. Para quem assistiu, parece claro defender de que o original é melhor. Mas como o italiano é filmado praticamente igual, considero as duas versões muito boas. Adriano (Scamarcio) é um empresário de grande sucesso. Casado e com uma filha, ele tem uma amante, Laura, igualmente casada. Laura e Adriano se encontram esporadicamente em lugares afastados. Ao voltarem de carro do último encontro, em uma estrada deserta, eles provocam sem querer um acidente de carro. O motorista do outro carro está aparentemente morto, e temendo que isso repercuta em sua carreira, Adriano afunda o carro no lago. Os pais do rapaz acusam Adriano de terem escondido o corpo, e sem provas, o caso está encerrado. Adriano contrata uma poderosa advogada, Virgina (Maria Paiato) para defendê-lo, e para isso, ela precisa saber de todos os detalhes do ocorrido. Como o inteligente e instigante roteiro propõe, é preciso estar atento aos detalhes. E isso vale também para o espectador. Assistir ao filme pela 2a vez é sempre uma boa, para prestar atenção nos "detalhes"e na atuação do elenco. É um filme com mitos plot twists, e para quem curte viradas surpreendentes na história, é obrigatório.

Cezanne e Eu

"Cezanne et moi", de Daniele Thompson (2016) A Cineasta Daniele Thompson tem em seu currículo várias comédias dramáticas, em especial, o cult "Um lugar na platéia", de 2006. Em "Cezanne e Eu", Danielle investiga a relação de amizade conturbada entre o pintor Paul Cezanne e o escritor Emile Zola. Cezanne foi um dos precursores do pós-impressionismo e do cubismo francês, enquanto Emile Zola inaugurou a narrativa naturalista, falando de operários e classe trabalhadora. O filme acompanha a amizade dos 2, desde a infância, no ano de 1860, até a ruptura da amizade entre ambos, já no final do mesmo século. Zola, descendente de italianos, era de família pobre. Ja Cezanne era de família aristocrata. Se tornaram grandes amigos, juntos de Manet e outros artistas quando crianças. Já adultos, Cezanne rompeu com seu pai e família, buscando uma vida mais pobre e longe da burguesia. Já Zola buscou o contrário: foi ficando rico, com seus livros, e vivendo uma vida de burguês. Cezanne se tornou um homem temperamental, misógino, enquanto que Zola pensava em constituir família. O ápice da briga entre ambos foi quando Zola lançou o livro "A obra prima", onde mudando nomes, trouxe à tona a vida de Cezanne, o que irritou o amigo. Vai se frustrar para quem, como eu, foi ver o filme querendo ver obras de Cezanne. O filme evita mostra uao máximo, dando foco na relação entre os dois. O ritmo é muito lento, a verborragia é extensa e o filme é bem longo, parece interminável. Vale pelo belo trabalho dos dois atores: Guillaume Caunet, no papel de Zola, e Guillaume Gallienne, da excelente comédia premiada "Eu, minha mãe e meus irmãos".

sábado, 13 de julho de 2019

Não procures mais além

"Não procures mais além", de André Marques (2019) Os vampiros negros no Cinema quase sempre foram apresentados em filmes Blackexploitation como no clássico B "Blacula", ou em produções com protagonistas pops, como Eddie Murphy em "Um Vampiro no Brookyn" ou Grace Jones em "Vamp- A noite dos vampiros'. O Premiado Cineasta português André Marques, diretor dos aclamados "Luminita" e "Yulia", traz em seu mais novo filme "Não procures mais além" um casal de vampiros negros, refugiados do Haiti e que agora se encontram em solo português. André também escreveu o roteiro, produziu e realizou a trilha sonora, em um trabalho de total domínio de técnica e linguagem cinematográfica. O grande trunfo de seu filme é o trabalho de som: os personagens, vampiros, se comunicam através de telepatia. Ouvimos as suas falas em Off, em uma narração belíssima dos atores portugueses Lucília Raimundo e Mauro Lopes. Lucília é Elie, e Mauro é Loic. Vagando por uma floresta, Elie desenterra Loic, que está desmemoriado. Ele não sabe quem ele é, mas as memórias vem aos poucos. Elie e Loic se conheceram no Haiti há 2 séculos atrás. Em torno de todo esse mistério que envolve o roteiro, que vai se revelando aos poucos, até um surpreendente desfecho, o filme fala de colonialismo, misticismo, vodu e principalmente, o Amor entre vampiros, metáfora clássica do vampirismo, já vista em cults como "Amor eterno", de Jim Jarmusch, "Fome de viver", de Tony Scoitt e "Entrevista com um vampiro", de Neil Jordan. André é um cineasta cinéfilo, e essa paixão pelo Cinema está impregnada em cada fotograma desse seu belo filme. Vislumbrei inclusive nas performances dos atores, uma referência ao trabalho de atuação nos filmes de Robert Bresson, que chamava seus atores de "Modelos" e que deveriam apresentar os diálogos de forma naturalista, sem "atuar". "Não procures mais além" é um filme instigante, repleto de alegorias e metáforas sobre a inversão dos papéis dos dominadores e dominados. Mas antes de tudo, uma ode ao Amor. Amor ao Cinema, Amor ao próximo.

Turno da noite

"Nochnaya smena", de Marius Balchunas (2018) Acho que essa é a primeira comédia russa que eu assisto, 100% passatempo feito para se divertir. Normalmente as produções russas que se denominavam comédia eram mais voltadas para o drama com alguns poucos toques de humor, o que não é o caso de "Turno da noite". O filme é quase que uma refilmagem de "Tudo ou nada"ou "Magic Mike", filmes mais famosos do grande público por mostrarem personagens que perdem o emprego e que encontram no streap tease uma solução momentânea para o desemprego. O filme começa com um prólogo mostrando a grande fase áurea dos estaleiros e da construção civil na União Soviética/ Corta para os dias de hoje. Crise econômica e aumento da taxa de desemprego. Mas e Seryoga são dois amigos que trabalham em uma empresa de construção civil. Descobrem que a empresa está afundada em dívidas e acabam sendo demitidos, sem receber salário de meses. Max é casado com Kristina e tem uma filha pequena. Ele tenta procurar outros empregos, sem sucesso. Kristina vai tentar arrumar emprego pro marido através de um ex-namorado dela, que a corteja. Max acaba indo parar em um clube de streap tease masculino para soldar um pole dance, mas o seu tipo fisico atrai as atenções dos donos do clube, que o contratam para shows. Max aceita, mas não fala nada para sua família. Divertido e apresentando uma Russia mais pop, o filme tem personagens bastante carismáticos. O Humor, surpreendentemente, é bem escrachado e apela para muitas piadas visuais, obviamente que a maioria envolvendo segundas intenções e erotismo. O ator Vladimir Yaglych, que interpreta Max, é muito bom, uma espécie de Channing Tatum mais troglodita.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Head count

"Head count", de Elle Callahan (2018) Filme de estréia da cineasta Elle Callahan, especialista em efeitos especiais e edição, "Head count" é um filme de terror psicológico independente, realizado com pouca grana mas bastante competência técnica. Uma mistura de "O caminho do mal", "Evil dead" e "A coisa", três grandes clássicos do cinema de gênero, "Head Count" tem como protagonista Evan, um jovem que acaba de se formar na escola fundamental e vai entrar na faculdade. De férias, ele vai até Joshua Tree, deserto da Califórnia, para se encontrar com seu irmãos mais velho, Peyton, que resolveu virar uma espécie de Eremita do deserto. Durante uma caminhada no deserto, eles conhecem um grupo de 9 adolescentes, entre eles, a fotógrafa Zoey, por quem Evan se interessa. O grupo convida Evan para passar uns dias na casa deles. Durante uma noite de bebedeiras em torno da fogueira, o grupo decide contar histórias de terror. Even pesquisa na internet e lê sobre o HINJA, uma entidade que se tiver o nome pronunciado 5 vezes, criará vida e toma a forma de seres humanos. Com uma narrativa lenta, baseada em travellings lentos que constróem uma bela atmosfera de suspense, a cineasta e roteirista Elle Callahan vai revelando uma consistente história de paranóia, defendida por um bom elenco. O problema aqui é que o grupo de jovens é enorme, são 10, e fica difícil até mesmo memorizar os rostos deles. Ma sé uma produção eficiente, dando uma lição de que sim, é possível fazer um bom suspense sem apelar para efeitos especiais. O roteiro é batido, o que torna o filme algo acima da média é a decupagem e a fotografia, transformando tudo numa grande metáfora de uma América que cada vez mais, isola a nova geração de um futuro promissor.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

A Zona

"The Zone", de Joe Swanberg (2011) Joe Swanberg é o Papa do Movimento "Mumblecore": cinema feito sem dinheiro, convocado amigos para equipe e elenco. Por ano, Joe costuma dirigir de 5 a 7 filmes. Amado e odiado, Joe prefere manter uma frequência de realização de filmes para exercer a prática e poder convidar amigos atores que não encontram chance em filmes de mercado. No entanto, boa parte dos filmes de Joe lidam com sexualidade explícita. Os atores atuam de forma naturalista, ficam nus, discutem assuntos corriqueiros do dia a dia, nada muito revelador. pode -se dizer que os filmes de Andy Warhol ou até mesmo de John Cassavettes já tinham esse pensamento de liberdade estética e de mercado. "A zona"é um filme dividido em 2 partes: na primeira, um jovem casal e uma amiga dividem um apartamento no Brooklyn. Um homem misterioso surge para cada um deles e os seduz, uma referência explícita à "Teorema", de Pasolini. Abruptamente, esses mesmos atores estão sentados em frente a um computador, junto do Diretor do filme, Joe Swanberg. Todos discutem as cenas que foram vistas na primeira parte. Os atores, de uma forma geral, fazem críticas ao diretor pela forma como ele expõe os corpos, a relação sexual entre os personagens. O casal é casado na vida real, e a outra jovem é casada com o diretor Joe Swanberg. No filme, Joe obriga o casal a fazer sexo com a esposa de Joe. Eles relutam, mas pelo filme, cedem. Daí na segunda parte, eles discutem ese limite tênue entre realidade e ficção. "A zona" é um dos filmes menos interessantes de Joe, mas mesmo assim, traz um tema muito interessante que merece discussão nesses tempos de politicamente correto e de militância: até aonde vai o papel do Diretor e dos atores, para chegarem a um consenso em relação à cena que irão filmar?

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Neville D’almeida- Cronista da beleza e do caos

“Neville D’almeida- Cronista da beleza e do caos”, de Mario Abbade (2018) O crítico de cinema de O Globo Mario Abbade estréia na direção com um documentário que já começa fazendo referência a um dos filmes chaves da história do Cinema: “Apocalipse Now”, de Coppola. Com a câmera adentrando o que parece ser um rio ladeado por floresta, como se estivéssemos entrando no Camboja, e tocando ‘Cavalgada das Valquírias”, de Wagner, Mario nos convida para entrar na casa de Neville D’almeida, morador da Ilha da Gigóia, Rio de Janeiro. Neville é um dos Cineastas mais controversos e polêmicos da filmografia brasileira, e segundo o próprio, o mais censurado da história. O filme é composto de imagens de arquivo e entrevistas com Cineastas, atores, produtores, roteiristas, montadores, distribuidores, críticos e todo um rol de pessoas que têm muito o que falar desse “Enfant terrible” tupiniquim. Uma das imagens de arquivo mais contundentes, e que assustadoramente nos remete ao Brasil de hoje, apresenta parte da equipe e elenco de “Rio Babilônia’ discutindo com políticos e censores na época da ditadura em Brasília. O Governo exige cortes no filme, e Neville se recusa. A Atriz Denise Dumont diz uma frase categórica: “Você consegue imaginar uma pintura sem uma parte, uma sinfonia sem uma estrofe?” O filme avança cronologicamente a filmografia de Neville, indo dos seus primeiros filmes experimentais, até o que ele chama ser seu primeiro filme comercial, falando do seu desejo de querer falar para um público maior. Foi assim que veio Nelson Rodrigues na vida de Neville, e “A Dama do lotação”, até hoje, a quinta maior bilheteria da história do cinema brasileiro. Ouvir as pessoas falarem de “A dama do lotação”, de “Os 7 gatinhos”, de “Rio Babilônia”, é imperdível e uma aula de história. As imagens de arquivo somadas aos depoimentos de artistas remanescentes, como Lima Duarte, Denise Dumont ( que jura que não houve sexo real na cena da piscina de “Rio Babilônia”), Sura Berditchvsky que se negou a aparecer nua, de Regina Casé defendendo o seu nu total, mesmo sendo uma feminista e o que ela defende como “me vejo como uma índia e meu nu é maravilhoso”. Revisitar cenas de filmes de Neviile nos dias de hoje, periga suscitar discussões acerca de feminismo, machismo, assédio sexual, mulher objeto e outros termos. Mas Neville deixa claro que ele é um artista livre, e que como tal, precisa filmar o que lhe vier em mente. Ele não decupa, ensaia junto com os atores imbuído de vontade de filmar, de compartilhar, mesmo que para muitos, isso sôe como um Cineasta arrogante e difícil de lidar. Assistir ao filme é uma delícia, garantia de boas gargalhadas pelo absurdo das situações e impropérios ditos, e ao mesmo tempo, ouvir histórias maravilhosas de bastidores, como a da realização da Festa de “Rio Babilônia”. Pornográfico ou não, que venham mais filmes de Neville. O Filme teve um ótimo circuito em festivais, incluindo o prestigiado ‘Rotterdan”.

Nova coelhinha

"Bunny new girl", de Natalie van den Dungen (2015) Premiado curta australiano, produzido, escrito e dirigido pela Cineasta Natalie van den Dungen O filme trata com extrema delicadeza a questão do diferente no universo infantil. Anabelle é uma menina de 6 anos, e hoje é seu primeiro dia de aula. Tímida e escondendo um segredo, ela chega na sala de aula vestindo uma máscara de Coelhinha. O professor e a turma toda estranham. Um dos meninos pestinhas pratica bullying em Anebelle, mas ela ganha ajuda de uma outra menina. Sororidade em meninas é o grande ponto do filme, que traz um belíssimo registro espontâneo de crianças pequenas e melhor, agindo como crianças de sua idade. Tem que se tirar o chapéu para a cineasta, que conseguiu filmar a criançada de forma muito natural. O ator que faz o professor também é muito bom.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Primos

"Primos”, de Mauro Carvalho e Thiago Cazado (2019) Drama romântico LGBTQ+ adolescente, “Primos” é uma produção 100% independente brasileira, realizada com incentivos próprios. MACA é uma produtora que pertence aos sócios Mauro Carvalho e Thiago Cazado. Mauro é fotógrafo, e Thiago escreve os roteiros, dirige e atua. Eles transitam entre o Teatro e o Cinema, tendo realizado peças e curtas de sucesso. “Primos” é o segundo longa da dupla, após o sucesso de “Sobre nós”. Todos os projetos da produtora transitam sobre o universo LGBTQ+ entre os adolescentes, discutindo temas como homofobia, saída do armário, primeiro amor e conflitos típicos de gente jovem. A história é bem simples: Lucas vive com sua tia religiosa, Lurdes, em uma casa no interior. Lurdes costuma trazer beatas para oração em sua casa, e Lucas, que dá aulas de piano, faz o fundo musical das orações. Uma jovem, Julia, sente atração por Lucas, que vai se desvencilhando como pode. Um dia, Lurdes anuncia a vinda do seu outro sobrinho, Mario ( o diretor Thiago Cazado), que foi preso e por isso, sua família o renegou. Ao chegar na casa, os primos acabam sentindo uma forte atração, mas Lucas teme que a tia Lurdes e as betas descubram que ele é gay. Como roteiro, o filme é bastante singelo. Mas ele é bem produzido para um filme independente, com dois ótimos protagonistas, Thiago Cazado e Paulo Souza, carismáticos. A tia Lurdes também tem uma bela interpretação. Quanto às beatas e Julia, a escolha pela caricatura enfraqueceu as personagens, principalmente em seu desfecho, onde fica patente a fragilidade das atuações dessas participações. Mas o filme é bem intencionado, e trazer o conflito da saída do armário, aliado à religião, é um barril de pólvora que de certa forma, o filme apresenta bem para um público jovem. O que mais surpreende no filme, além do seu humor ingênuo e as piadas repletas de segundas intenções, é a ousadia em relação às cenas de nudez total dos dois atores, que se expõe sem qualquer constrangimento e totalmente à vontade. Um belo filme do cinema independente, que merece ser visto.

45 dias sem você

"45 dias em você", de Rafael Gomes (2018) Que filme delicioso! “45 dias sem você”, cujo título faz uma brincadeira com o cult romântico “500 dias com ela”, é uma comédia dramática e romântica LGBTQ+, filmada em 5 Países, e totalmente financiada com investimento próprio pelo roteirista e diretor Rafael Gomes e mais alguns amigos produtores. Rafael é um dos Diretores do curta cult “Tapa na pantera”, e aqui estréia no longa-metragem. Como todo filme independente, Rafael viajou com uma equipe e elenco reduzido para poder filmar em Londres, Paris, Lisboa, Buenos Aires e São Paulo. Para otimizar o orçamento, ele aproveitou que boa parte dos atores estavam nos países e ainda escalou elenco local. Aliás, o elenco é um dos grandes trunfos do filme: que galera talentosa, carismática, repletos de energia boa! Rafael de Bona, como o protagonista, Julia Correa, Fabio Lucindo, Mayara Constantino, tanto eles como os atores estrangeiros emprestam seus nomes aos personagens, uma forma de tornar o filme mais vivo e espontâneo. A fotografia de Dhyana Mai e a trilha sonora de Janecy Nascimento são outros grandes elementos técnicos que ajudam a cativar o espectador e entrar nesse mundo que fala de uma geração em busca de um sentido para a sua vida. O filme se aproxima de “Terra estrangeira”, quando quer falar de jovens brasileiros buscando uma luz fora do Brasil, já que aqui só vislumbraram trevas. Inclusive, em uma cena em Lisboa, toca a mesma musica de Gal Gosta do filme de Walter Salles, “Vapor barato”. Rafael está triste, Acabou um relacionamento de 4 anos com seu ex-namorado, e por amor, aguardou o retorno dele por 45 dias. Frustrado, resolve fazer uma mala e viajar por 45 dias e revisitar 3 grandes amigos: Julia em Londres, Fabio em Lisboa e Mayara em Buenos Aires. Entre desilusões de cada um desses personagens, pequenos flashes de amor, alegria e ilusão. Curiosamente, todos os amigos de Rafael são atores e buscam um Plano B. Ícaro Silva faz uma participação como um amante de Rafael, em Lisboa. A trilha sonora, repleta de canções rock indies, é uma outra delícia.

domingo, 7 de julho de 2019

Mar aberto

"Niemand in de stad", de Michiel van Erp (2018) Adaptação do best seller homônimo escrito por Philip Huff, "Mar aberto" é um belo drama holandês que tem como tema o amadurecimento de 3 rapazes, amigos de longa data. O filme tem todos aqueles clichês de filmes americanos sobre "coming of age": festinhas, boites, strippers, namoradas, traições, bebedeiras, falta de comunicação com adultos, medo de amadurecer..só que aqui, tudo é tratado com realismo, sem humor. Philip, Matt e Jacob são 3 melhores amigos e estão terminando o ensino fundamental para enfrentar a Universidade. Eles moram e estudam em Amsterdam, e enfrentam todos os tipos de situação que passa um adolescente. Mas um deles acaba se suicidando, e essa morte provoca uma reviravolta na vida dos outros amigos. Com ótima performance dos atores, o filme é bem dirigido e com diálogos que, mesmo que não tenham nada de novo, são apresentados de forma espontânea e sem soar forçados. O filme possui nudez frontal o tempo todo, além de cenas de sexo bastante ousadas, afinal, é um filme holandês. Para quem quiser matar saudades de Armsterdam, o filme mostra lindas locações da cidade, belamente fotografas e embaladas por uma trilha sonora muito bonita.

O último negro em São Francisco

"The last black man in San Francisco", de Joe Talbot (2019) Vencedor dos Prêmios de melhor Direção e de colaboração criativa em Sundance 2019, "O último negro em São Francisco" é uma impressionante estréia na Direção de Joe Talbot, que co-escreveu o roteiro com seu amigo de infância, Jimmie Fails, que também protagoniza o filme, baseando a história em sua própria vivência. O filme fala sobre identidade da Cultura negra e de gentrificação em São Francisco. Até os anos 40, bairros do centro da cidade tinham como moradores japoneses e negros. Com a 2a guerra mundial, o Governo expulsou ambos para a periferia, assumindo as casas e entregando-as para famílias brancas. Nos dias de hoje vive Jimmie (Jimmie Fails) em uma dessas periferias. Sua mãe o abandonou, seu pai também. Jimmie trabalha como curador de idosos, e mora em um quarto na casa de seu melhor amigo, Montgomery (Jonathan Majors, excelente), que trabalha como pescador, mas sonha em ser dramaturgo. O pai de Montgomery, Allen (Danny Glover, emocionante) está cego, e ambos passam as noites vendo Tv e o filho narrando os filmes para o pai. Todos os dias, Jimmie passa em frente a uma mansão vitoriana, e diz a todos que seu avô foi quem a construiu nos anos 40, mas que a perdeu para o Governo. Jimmie quer retomar a casa, mas um casal de brancos de classe média alta mora ali. Um dia, Jimmie descobre que o casal se mudou e que a casa está sob intervenção por problemas de herança. É a deixa para Jimmie se apossar da casa de forma clandestina, trazendo consigo Montgomery. "O último negro em São Francisco" é um melancólico registro sobre a perda da identidade de várias culturas que acabaram desaparecendo na história da cidade. Um lamento vigoroso e surpreendente, com um roteiro denso e performances arrebatadoras de todo o elenco. A fotografia de Adam Newport-Berra é tão bela, realçando cores e trazendo uma atmosfera quase que de sonho para o sonho. Uma sequência antológica: um senhor negro cantando na rua "San Francisco- Be sure to wear some flowers in your head"de forma tão visceral, que é impossivel nao soltar lágrimas. Obrigatório.

sábado, 6 de julho de 2019

Ao pó voltará

"To Dust", de Shawn Snyder (2018) Vencedor do Prêmio do público no festival de Tribeca 2018, 'Ao pó voltará" é uma instigante comédia dramática que tem como tema a obsessão pela Morte, algo semelhante ao cult de Peter Greenaway, 'Zoo - um Z e Dois zeros". O filme foi criticado pela comunidade judaica, por apresentar o questionamento de um judeu chassídico sobre o que vem depois da Morte. Shmuel (Géza Röhrig, protagonista de "O Filho de Saul", excelente) é um judeu que acaba de perder sua esposa, morta pelo câncer, De luto e sem saber como lidar com o vazio, ele não ouve os conselhos de sua mãe, que diz para ele seguir em frente, e de seus 2 filhos, que acham que o espírito de se apossou do pai. Obcecado em saber o que acontece com o corpo humano após a morte e como se decompõe, Schmuel procura ajuda de um rabino, que o ignora. Ele acaba procurando ajuda de um professor de biologia ateu, Albert (Matthew Broderick, ótimo), que não sabe precisar quanto tempo um corpo leva para virar pó. Ambos partem em busca de cadáveres para saber a resposta. Divertido e estranho ao mesmo tempo, o filme merecia um prêmio de roteiro, dado a curiosa natureza do tema, que além de discutir morbidamente a decomposição do corpo, com fortes cenas de putrefação, discute também Religião e a existência de Deus e de até mesmo, uma alma. Performances maravilhosas dos protagonistas.

Eu dormi debaixo da água

"J'ai rêvé sous l'eau", de Hormoz (2008) Escrito e dirigido pelo Cineasta Hormoz "Eu dormi debaixo da água" é quase que uma refilmagem de "Eu, Cristiane F", mas sem ser protagonistas menores de idade. Antoine é guitarrista de uma banda de garagem, cujo vocalista, Alex, é sua paixão platônica. Um dia, Alex morre de overdose e Antoine se desespera, entrando no mundo da prostituição. Antoine passa a transar com homens não pelo dinheiro, mas pelo medo de ficar sozinho. Até que ele conhece Christine, uma viciada em heroína que ele deseja tomar conta. Pervertido e com cenas de sexo explícito, "Eu dormi debaixo da água" tem muitas cenas fortes, mas escondidas debaixo de uma luz bem escura. Uma das cenas, é um gan bang no qual o protagonista Antoine participa: um grupo de 4 homens se revezando para transarem com Antoine. E esse é o problema do filme: fotografia escura demais, mal dá para se ver muita coisa. O roteiro também não oferece muita coisa, e mostra de forma bastante superficial os personagens, que agem apenas por impulsos e sem muita psicologia envolvida. Os atores estão ok, mas nada de muito extraordinário. Pelo menos atuam em cenas viscerais de sexo, o que mostra uma entrega artística por parte deles.

Visão da morte

"Deadsight", de Jesse Thomas Cook (2018) Produção canadense de terror, que pega carona em todos os filmes de zumbis e ainda traz referência a "Blrd box", filme com Sandra Bullock do Netflix. Filme independente, feito com pouca grana, começa como metade dos filmes de zumbis: um homem acorda do nada, e de repente percebe que as pessoas desapareceram. Pior: ele não consegue enxergar nada, e está com uma faixa cobrindo os olhos. Ele consegue fugir até uma casa abandonada, e ar ser atacado por zumbis, é salvo por uma policial grávida. Juntos, precisam aceitar seus limites para continuar a sobreviver. Se você quiser criar um filme onde os personagens estão fudidos, faça que nem esse aqui: só existem 2 sobreviventes no mundo, mas um está cego e a outra, grávida. Sem grana, o filme aposta em uma meia dúzia de zumbis que quebram o galho, mas que não provocam aquela sensação de que tudo está fudido. A policial consegue caminhar sozinha na estrada, o cego consegue atacar os zumbis...cego!!!!! Com tanta loucura, melhor ignorar o roteiro e atentar ao trabalho dos 2 atores principais, que conseguem dar alguma veracidade e performance dignas ao filme. O desfecho é uma bobagem.

sexta-feira, 5 de julho de 2019

Homem Aranha- Longe de casa

"Spider man- Away from home", de Jon Watts (2019) Diretor do primeiro longa solo de Homem Aranha com Tom Holland no papel principal, realizado em 2017, "Homem Aranha- de volta para casa", Jon Watts também realizou em 2015 o filme de terror independente "O Palhaço". "Longe de casa" aposta mais em uma aventura de ação Teen. A primeira parte do filme é quase que uma comédia de grupo de adolescentes que partem com os professores para uma excursão na Europa: Veneza, Praga, Londres. A ação acontece mesmo na metade do filme, quando surgem Mysterio com força total, protagonizado por Jake Gyllenhaal, e os seres elementares. Aliás, Mysterio achei bastante semelhante ao Dr Estranho, inclusive com as alucinações e o mundo de ilusionismo que ele envolve os seus inimigos. Aliás, a cena do homem Aranha "fisgado" no mundo do ilusionismo de Mysterio é a melhor cena do filme, fora a cena do crédito final quando o cinema inteiro cai duro e bate palmas. Não é o melhor dos filmes do Aranha, quebra um galho e o que tem de melhor, é o elenco de jovens atores que fazem os amigos de Peter Parker, além de Marisa Tomei, que está ótima como Tia May. Jake Gyllenhaal não mete medo como Mysterio, mas como é bom Ator, a gente abstrai. O que me abismou foi tentar entender a fortuna gasta para fechar cartões postais em Veneza, Praga e Londres para as filmagens.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Michel Legrand - Sem meia medida

"Michel Legrand: Sans demi-mesure", de Gregory Monro (2018) Documentário obrigatório para Cinéfilos sobre um dos maiores compositores do Cinema falecido em 2019. Michel Legrand, francês, começou sua carreira como cantor e compositor, trazendo fortes elementos de jazz em sua trilha. Trabalhou com Cineastas icônicos como Agnes Varda ( Cleo de 5 às 7), Godard (Bande a parte), mas foi sua parceria com Jacques Demy que o levou à fama mundial, com obras-primas como "Os guarda chuvas do amor", "Duas garotas românticas"e "Pele de asno". Em sua fase americana, ganhou 3 Oscar por "Crow, o magnífico", "Yentl" e "Houve uma vez um verão". Com depoimentos de Cineastas famosos como Bertrand Tavernier e o fã confesso Damien Chazelle, de "La la Land", que inclusive fala com francês fluente.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Away with me

"Away with me", de Oliver Mason (2015) Premiado curta LGBTQ+ inglês, escrito e dirigido por Oliver Mason. Um filme sensual e hipnotizante, protagonizado por 2 belos atores e com paisagens estonteantes em Nice, França. O filme fala sobre insegurança emocional durante um relacionamento e o ciúme, que destrói tudo. Paolo tem 40 anos, é um homem bem sucedido. Ele conhece Alex, 18 anos, em um aplicativo. Eles transam e rola uma grande química entre eles. Apaixonado, Paolo convida Alex para passar um final de semana romântico em Nice, França. Mas Paolo começa a achar que outros homens estão seduzindo Alex, e que Alex está dando mole. Bem dirigido, com belas imagens e cenas de sexo e interação entre os atores muito bem conduzidas. Tudo filmado com muito bom gosto e tesão. O roteiro é simples, mas dá conta de expôr os anseios de um protagonista ciumento. Fotografia exuberante de Magda Kowalczyk.

Ainda é a sua cama

"It's still your bed", de Tyler Reeves (2019) Para a comunidade LGBTQ+ que reclama que os filmes voltados para eles estão muito depressivos ou violentos, "Ainda é a sua cama"é o filme ideal para se assistir com amigos, namorado e se possível, de mãos dadas ou abraçadinho. O filme é um conto de fadas do mundo ideal para os gays: saída do armário e todos os amigos apoiam; elenco lindo e maravilhoso, saído de uma capa de revista Teen; descoberta do primeiro amor, onde tudo são flores e paixão; fotografia e locações deslumbrantes; trilha sonora sentimental; e claro, um happy end daqueles de suspirar. O jovem estudante David vem passar as férias de verão da faculdade na fazenda de seu pai. Ao chegar lá, tem uma surpresa: seu pai hospedou no seu quarto, o empregado que veio fazer os serviços durante o verão. Detalhe: o empregado é jovem, lindo e a melhor pessoa do mundo, Brent. Claro que os dois, dividindo o mesmo quarto, não irão reclamar. e óbvio que vai rolar o amor mais lindo do mundo. Mas mesmo com tanto romantismo exacerbado, o filme surpreende com uma cena extremamente pervertida: David acorda de madrugada, e vê Brent se masturbando na cama. Brent se limpa com um lenço de papel e joga no chão, indo dormir em seguida. David pega o lenço "usado", cheira, bota o dedo no esperma e o lambe, com a sensação de estar provando o liquor mais delicioso do mundo. Apaixonados do mundo gay, que se puder, assistam ao filme. O mundo é lindo e maravilhoso.