sexta-feira, 26 de julho de 2019
O professor substituto
“L'heure de la sortie”, de Sebastién Marnier (2018)
Sempre parto do princípio de que qualquer roteiro pode ser filmado através de gêneros distintos. Se esse mesmo roteiro tivesse sido adaptado por David Cronemberg, teria sido quase que um remake do seu cult “Filhos do medo”. Mas o roteiro, adaptado do livro homônimo, acabou nas mãos de Sebastién Marnier, que realizou o drama psicológico “Irrepreensível”, que trazia fortes tintas sociais, ao trazer como protagonista uma desempregada que não se confirma em
Perder um emprego para uma mulher mais jovem e decide por um plano vingativo em
Prática. “O professor substituto” traz elementos de Cronemberg e do filme “Nocturama”, um drama sobre jovens inconformados que decidem agir como terroristas para chamar a atenção da sociedade francesa. Carregando no suspense psicológico e também elementos de fantasia, provocados pela constante paranoia do Professor que vai se vendo como parte integrante da obra de Kafka ( o professor está escrevendo uma tese sobre ele), onde ele se vê como os personagens de “ O processo” e “Metamorfose”. O filme começa com a tentativa de suicídio de um professor em frente aos seus alunos na sala de aula. Parte desses alunos, seis no total, assistem a cena totalmente apáticos, sem expressar Emoção. Esse grupo, de alto QI, é mal visto pelo restante da escola e acabam se tornando um grupo fechado e misterioso. Um professor substituto, Pierre, introspectivo, tenta se enturmar com esse grupo, sem sucesso. Prevendo que eles estão planejando algo, o professor os segue, mas começa a receber ligações anônimas e ameaças, e começa a achar que todos da escola, inclusive os professores, se voltam contra ele.
Com excelente ficha técnica ( fotografia, trilha sonora) e atores muito talentosos, principalmente os jovens, o filme tem também ótima direção e uma atmosfera de constante ameaça. O final, no entanto, fica em aberto, o que prejudica a mensagem do filme ( que são varias: bullying, homofobia, suicídio de adolescentes, apatia, falta de comunicação, terrorismo ecológico) e o espectador fica na dúvida do porque o diretor ter se apropriado de elementos fantásticos para um filme realista.
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