segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Demonia

de Lucio Fulcci (1990)
\Fulcci é um mestre dos filmes de terror italiano. Ao lado de Lamberto Bava e Dario Argento, entre outros, eles criaram o gênero "Giallio", que consite em filmes de suspense com altas doses de violência explícita, muitas vezes sofisticadas e kitsch. Depois de clássicos como "Zumbi 2""e "New York ripper", Fulcci se aventurou pelo filme fantástico, assim como Argento fez em sua trilogia das bruxas. O filme gira em torno de um grupo de arqueólogos canadenses, que seguem até a Sicilia em busca de desvendar uma historia sobre um mosteiro, onde se acredita, 5 freiras foram mortas por praticar magia negra. Lisa, uma das lideres do grupo, sem querer liberta os espiritos das freiras, que resolvem se vingar dos homens. Delisiosamente cafona, com atores canastroes até o último n;ivel, e pior, todos dublados, o que torna tudo ainda mais divertido. As cenas de morte s!ao antológicas de tão inacreditáveis. A história é sem pé nem cabeça, e tudo é tão ruim, que virou uma comédia involuntária. Sim, esse é dos piores filmes de Fulcci, no entanto, dos mais divertidos. Para quem curte um trash, é prato cheio. Eu me diverti a beça. Nota: 5

domingo, 27 de janeiro de 2013

Salo

Share", de Miko Jacinto (2011) "
Drama filipino, em co-producao com a Alemanha. Miko Jacinto e' conhecido cineasta filipino que tem em sua filmografia filmes com tematicas gays. Aqui, ele conta a historia de Rene, um homem de negocios, que esconde de todos o fato dele ser gay. Sua avo sofreu derrame apos ele ter revelado a ela anos atras a sua condicao. Sentindo-se culpado, ele evita falar do assunto com todos. Mas ree nutre paixao platonica pelo seu morotista, Levi. O filme foi todo rodado em video, em esquema baixo orcamento. A sua qualidade tecnica e' duvidosa, assim como sua trilha sonora, a base de piano, extremamente irritante, e que percorre quase que o filme todo. A trama, simploria, chega a ser risivel, por conta de cenas constrangedoras de romnace gay. Jacinto se utiliza de todos os cliches romanticos, porem usando e abusando de cameras lentas, closes sensuais, cenas de banho ( com cueca!!!), e mais cenas de banho com cuecas!! Parece que ele fez o filme para um publico voyerista, que esta a fim de ver corpos desnudos. O unico ponto de didgnidade do filme e' a presenca de Anita Linda, atriz veterana filipina e que protagonizou o excelente " Lola", de Brillante Mendoza. Pena que aqui, ela nao interpreta, pois passa o tempo todo deitada na cama, em coma. Nota: 3

Sebbe

de Babak Najafi (2010)
Filme sueco que foi exibido na Mostra Geracao do Festival de Berlin 2011, e' um retrato duro e seco da juventude, mais precisamente em paises supostamente ricos, mas que ainda assim possuem uma taxa alta de desemprego e de pessoas vivendo quase na miseria. Sebbe, diminutivo de Sebastian, e' um garoto de 15 anos, orfao de pai, e que mora com sua mae num condominio de classe baixa. Ele constantemente sofre bullying na escola. Sem amigos, sua diversao e' catar lixo eletronico no lixao e montar uma mobilete. A sua relacao com sua mae e' desastrosa, uma vez que ela a culpa pelo seu infortunio e desgraca. O filme e' narrado em ritmo lento, contemplativo. Acompanhamos a peregrinacao de Sebba as voltas com esse mundo injusto, onde ele nao se encaixa. O retrato da Suecia mostrado no filme, e' o de um Pais desenvolvido, mas desolador, com uma juventude alienada e uma sociedade fria e egocentrica. Muito da forca desse filme vem da dupla de atores, Sebastian Hiort af Ornäs (Sebba) e Eva Melander (Eva), sua mae. Os personagens foram batizados com os nomes reais dos atores. Sebastian na vida real e' musico. Ambos conferem cenas de intensa dramaticidade, o que faz valer ver esse filme triste e melancolico. Nota: 8

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Lincoln

de Steven Spielberg (2012)
Ambientado nós estados Unidos de 1865, afundado na Guerra da Secessão, o filme aborda os 4 meses anteriores da aprovação da 13a emenda da Constituiçào americana, que liquida com a escravidão dos negros. enfretando a ira da parte conservadora dos políticos e da sociedade, que não acredita que os negros são iguais perante Deus e não merecem a liberdade. O filme mostra Lincoln como um homem decidido, forte, mas também humanamente frágil, devido a perda do filho por doença, o que causou uma ruptura moral com sua esposa, que foi internada em um hospício por um período, sofrendo de grave depressào. O filme parece dividido em 2 partes: a primeira, cansativa, fala somente de política: das manobras dos assessores, dos republicanos e democratas lutando pelos seus ideiais e tentando subornar congressistas para votaram sim ou não. A segunda parte, além d apolítica, mostra o conflito pessoal de Linclon, afundado em crises familiares, até culminar na sua morte. Tecnicamente não há o que falar contra: a fotografia escura de Januz Kaminsky, realçando o período "negro" da América. Figurino, arte, maquiagem, tudo perfeito. O elenco dá seu show habitual: O trio Oscarizado Daniel Day Lewis, Sally Fields e Tommy lee Jones tem direito a momentos próprios no filme, onde podem mostrar porque estão entre os melhores atores da atualidade. É um filme longo, que pode provocar sonolencia em boa parte dos espectadores. Mas pelo menos saí do cinema tendo a certeza de ter visto um filme histórico digno, que me trouxe milhares de informações que eu desconhecia. Afinal, Cinema sempre será cultura. Nota: 7

A descida de Acla até Floristella

"Acla - La discesa di Aclà a Floristella " de Aurelio Grimaldi (1992)
Ambientado na Italia Siciliana do início do Sex XX, antes da eclosão da 1a Guerra Mundial, esse é um filme chocante. O filme narra a história de Acla, um dos 9 filhos de casal miserável. Quando atingem uma idade de 10 anos, os garotos são enviados para uma mina de enxofre chamada Floristella, para explorar o minério utilizado na fabricação de bombas. Nesse ambiente masculino, os adultos exploram os meninos tanto no trabalho quanto sexualmente. Acla, rebelde, tenta fugir, mas logo é capturado e passa por todos os tipos de brutalidade como castigo, tanto por parte de seu pai, quanto do senhor que o comprou. Aurelio Grimaldi, o diretor, utiliza a linguagem e narrativa dos filmes neo-realistas, comuns na filmografia italiana do pós-guerra, e responsável por obras-primas de Rosselini, Fellini e de Sica. Grimaldi usa todos os elementos dessa escola: não atores, musica melodramádtica, extremo realismo, cenários desoladoras, sem retoques. O filme tem forte teor sexual: hoje em dia ( o filme é de 92), ele provavelmente seria proibido ou mutilado pela censura. Recheado de cenas de nudez infantil, sevícias, e diálogos protagonizados por crianças falando textos de baixo calão, além das cenas mais brutais de violencia doméstica que o cinema já mostrou. As cenas de espancamento são extremamente realistas. Pasolini, estivesse vivo, abraácria com louvor essa pelicula. O mais curioso, é que o diretor já filmou aqui no Brasil, em meados dos anos 2000, uma saga incompleta sobre Anita Garibaldi, com Milena Toscano no elenco. A atuação do menino Francesco Cusimano é digna de nota. Lembra demais o Antonie Doinel de Jean Pierre Leaud em "Os incompeendidos", com sua inqueitaçào e rebeldia. Inclusive, a cena final é claramente uma citaçào ao clássico de Truffaut. Não é um filme para qualquer espectador. Nota: 7

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Hitchcock

de Sacha Gervasi (2012)
Que filme delicioso, esse "Hitchcock". Talvez por eu ser um apaixonado por filme que usam o cinema como seu tema central. O filme explora o processo de realização do filme "Psicose", em todas as suas etapas: compra dos direitos do livro, briga com o Presidente da Paramount, que não queria realizar o filme, por considerá-lo inapropriado pelo seu teor de violencia; briga com os censores, que queriam cortar várias cenas do filme. briga com os atores e o mal-estar entre eles e o Diretor; financioamento, hipotecando sua casa para poder investir no filme; e a tensão perante a reação do público, se iria gostar ou não. Mas o outro grande foco do filme, é aturbulenta relação de Hitchcock com sua esposa, Alma, que descobrimos ser a grande mentora criativa de seus filmes. Ver os bastidores das filmagens, como foram realizadas cenas chaves do filme ( ex, a cena do chuveiro. Pelo filme, Hitchcock se irritou com o dublê que empunhava a faca, resolveu ele mesmo fazer a cena e Janet Leigh ficou tão apavorada que Hitchcock a apunhalasse de verdade, que seus gritos eram reais). O mega-elenco estelar está muito à vontade : Anthony Hopkins, sensacional; Helen Mirren, como Alma, brilhante como sempre, com seu fino humor inglês. Também temos Scarlett Johanson, Jessica Biel, James Darcy (Impressionante como Anthony Perkins, está a cara dele), Toni Colette, Ralph Macchio. O roteiro não é perfeito, tem alguns sub-plots que nao foram bem desenvolvidos ( ex, a piração de Hitchcock, imaginando um personage ficticio que o vive assombrando). Porém, os diálogos estão muito divertidos, muitos de duplo sentido, recheados daquela ironia que somente os ingleses têm. Muitas cenas antológicas: Alma dirigindo uma cena quando Hitch está doente em casa; e a cena final, quando Hitch pede inspiração para um próximo filme. Uma pena que esse filme tenha sido tão subestimado pelos críticos, público e pelo Oscar. Somente recebeu uma indicação de maquiagem, perfeita na caracterização de Anthony Hopkins, que deve ter ficado horas na sala de maquiagem. Pelo visto, os academicos não gostam de ser retratados de forma ironica nos filmes. Nota: 8

domingo, 20 de janeiro de 2013

O mestre

"The master", de Paul Thomas Anderson (2012)
Existem cineastas que conseguem mesclar o cinema comercial com o cinema alternativo. Anderson é um dos seus expoentes. Nào raramente, ele vive desagradando espectadores que vão em busca de um simples passatempo, ou alguém que quer sair do cinema discutindo conceitos. Na sessão que eu fui, muitas pessoas saíram durante o filme, outros ao final da projeção, ficaram cuspindo fogo, dizendo ter odiado o filme. Eu gostei muitíssimo, e passei aos quase 150 minutos de projeção boquiaberto com a sublime e extraordinária atuação de Joaquim Phoenix, algo que beira o absurdo. Algumas cenas do filme me fizeram cair o queixo, como na primeira entrevista que o personagem do excelente Philip Seymour Hoffman faz com ele, ou na cena que ele sai detinando tudo na cela de uma prisão. O Oscar ter esnobado o filme, a sua fotografia irrepreensivel ( tem horas no filme que parecia que eu estava vendo um filme realmente de época, por ex, na sessão de fotos do inicio), a direção de arte, o figurino, maquiagem...não consigo entender. Ou os marqueterios do filme nao fizeram o trabalho direito, só pode ter sido. Amy Adams também surpreende, apear da participaçào menor. Que atriz ela se transformou, desde "O vencedor" e " Dúvida" que ela tem arrazado em papéis dramaticos. Nao fosse Daniel Day Lewis no páreo, o Oscar com certeza seria de Phoenix, que já deveria ter ganho a tempos. O filme narra a história de Freddie (Phoenix) , ex-fuzileiro naval que após o fim da 2a guerra, não encontra espaço na sociedade. Bipolar e alcoolatra, ele não consegue se manter em nenhum emprego. Uma noite, ele esbarra com Dood (Hoofman) , que ele descobre ser o pregador de uma nova religião que ele chama de "A causa", baseada nos preceitos da conhecida Cientologia. Porém, Dodd e acusado de charlatão, e Freddie o defende da maneira que pode, através da sua violencia, enquanto Dood procura ajudar Freddie em seus problemas emocionais. Um roteiro muito bom, que faz uma análise sem tomar partido, de cultos que surgem e vão arrebanhando fieis mundo afora. Fiquei muito feliz também de rever Laura Dern, atriz de Veludo azul", que andava sumida. Em vários momentos me lembrei de filmes de Terrence Malick, pelo uso de grandes angulares e da fotografia e câmera etéreas e imagens grandiosas. Um espetaculo arrebatador, pena que muitas pessoas nao consigam enxergar a qualidade do filme, que sim, causa estranheza, mas poxa, vamos sair do óbvio do cinema americano. Ou pelo menos, deixem-se levar pela emocionante entrega de Joaquim Phoenix, que faz da postura corporal e do rosto marcado a sua chegada no pódio dos grandes atores . Nota: 10

sábado, 19 de janeiro de 2013

Agora fico bem

"Now is good", de Ol Parker (2012)
Drama romântico lacrimogêneo, na linha de "Uma prova de amor", "Inquietos"e "Um amor para relembrar". Dakota Fanning protagoniza a história de Tessa, uma menina inglesa de 19 anos que tem leucemia a 4 anos. Seu pai se dedica 24 horas a ela, e ela se sente sufocada por ele. Ela decide fazer uma lista de desejos com tarefas a cumpriir antes de morrer, e entre elas está a de perder a virgindade. Até que ela conhece seu vizinho Adam. Dakota é a principal razão de se assistir a esse filme. Com um ótimo sotaque inglês, ela está sublime, demonstrando segurança e evitando clichës ao interpretar uma paciente terminal. Seu figurino, aodrável, lembra muito o estilo da protagonista de "Inquietos", filme de Gus Van Sant. Adam é interpretado por Jeremy Irvine, o protagonista de "Cavalo de guerra". Paddy Considine, ótimo ator ingles, interpreta seu pai. A trilha sonora, recheada de canções pop, ressalta a melancolia do filme. Não é um filme para se cortar os pulsos, e nem o filme se propõe a isso. Seu desfecho é muito bonito. Bem filmado, bem fotografado, foi dirigido e escrito pelo mesmo roteirista de "O exótico Hotel Marigold". O que de fato me incomodou na história foi o tom de fábula, a apariçào de Adam no filme está muito forçada, ser um personagem tão altruísta. Do que vive o pai, que pede demissão do emprego e durante anos cuida da filha? E pra terminar, o personagem do irmão de tessa, que pentelho!!! Pela boa mensagem do filme, e por Dakota, vale uma investida. Para os mais sensíveis, garantia de boas lágrimas. Nota: 7

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Eu e você

"Io e te", de Bernardo Bertolucci (2012)
\Drama baseado em livro do italiano Niccolò Ammaniti , tem uma estrutura narrativa muito semelhante a "Os sonhadores". Além do frescor na sua forma de filmar ( Berttolucci usa grandes angulares, quase não decupa as cenas, cria uns ângulos pouco usuais..talvez para poder aproximar o filme da linguagem dinâmica dos adolescentes), o elenco é formado por atores desconhecidos do grande público. O tema do incesto, da família, da opressào, tão comuns em sua obra, continuam. Lorenzo é um adolescente de 14 anos, que mora com sua mãe. Rebelde, ele mente pra ela dizendo que viajou para uma excursão da escola de 1 semana, mas na verdade, ele pega o dinheiro, se abastece de comida e vai morar no porão do seu prédio, sem que sua mãe e ninguém tome conhecimento. Lorenzo quer se isolar do mundo, sua forma de contestação. O que ele não imagina é que sua meia-irmã vá aparecer também por lá, pedindo ajuda para a sua desintoxicação de drogas. O filme é muito bonito em sua essência, e na temática. Bertolucci, que filmou em uma cadeia de rodas, faz uma citação a si mesmo, através do personagem do psicólogo de Lorenzo, também cadeirante. Mais da metade do filme se passa dentro de um único ambiente, o porão. Dessa forma, o embate psicológico entre os 2 irmãos ganha força, especialmente por conta do ótimo trabalho dos 2 jovens atores. No final, o cineasta faz uma bela homenagem a "Os incompreendidos". O filme está longe de ser seu melhor longa, mas é dramático e interessante o suficiente paa manter a atenção do espectador. Os diálogos são bons, a fotografia ressaltando a personalidade dos personagens, sempre arredios e procurando se esconder em seus cantos. A trilha sonora, recheada de canções pop, é um primor, entre elas "Boys don't cry" e "Major Tom", de David Bowie. Nota: 8

Django livre

"Django unchained", de Quentin Tarantino (2012)
Fazendo aqui a sua referência mais explícita ao cinema de Sergio Leone, Tarantino brinda o espectador com quase 3 horas de muita adrenalina, sangue e mise en scene formidáveis, isso sem contar com todo o elenco em seu total esplendor, irretocáveis. Aliás, a impressão que eu tenho, é que todo o mundo deve se divertir pra cacete no set de filmagem, tal a profusão de cenas bizarras e hilárias, do mais fino humor negro, e claro, diálogos inspiradíssimos. Dr Kurtz ( Christopher Waltz) é um caçador de recompensas, que compra o passe de Django ( Jamie Foxx) à força, para poder ajudá-lo a reconhecer 3 malfeitores. Feito isso, Django pede um favor a Kurtz: recuperar a sua esposa, que está nas mãos de Calvin (Leonardo diCaprio), um rico fazendeiro escravista de Missisipi. Samuel L. Jackson está fantástico, e é um absurdo seu nome não constar nas indicaçoes a Oscar de coadjuvante, ele está irreconhecível como um escravo idoso filho da puta, totalmente de sangue "branco". Tarantino faz uma aparição antológica, alias gordo e com cara de tia Velha. Outra cena hilária e memorável é a discussão de membros de Klu Klux Khan sobre os buracos dos olhos das máscaras que usam para poderem se difarçar. Jonah Hill faz uma ponta nessa cena. Apesar de ter gostado bastante do filme e achar que a homenagem ao cinema de Sergio Leone é emocionante ( usando zoom, trilha de Morricone, Franco Nero no elenco), desejo que seu próximo filme saia dessa onda de reverenciar o cinema de outros. Está mais do que na hora de Tarantino criar o seu mundo sem citar o cinema de outros. Alguns personagens , eu senti que poderiam ter sido melhor explorados, como por ex, a da irmã de Calvin. Nota: 9

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Jack Reacher: O último tiro

"Jack Reacher", de Christopher McQuarrie (2012)
O grande problema desses filmes de ação protagonizados por Tom Cruise, é que voce sempre irá enxergar o Ethan Hunt ( personagem dele em "Missão Impossível"). Tudo bem, Reacher é mas violento. Mas nesses tipos de filmes, não faz a mínima diferença. Em Pittsburg, Pensylvannia, um atirador mata 5 inocentes. Ao ser preso, ele manda chamarem Jack Reacher. Uma adovogada defende o assassino, mas Reacher tenta provar que uma conspiração está por trás das mortes. Esse filme teve sua estréia adiada nos EUA, por conta do atirador que matou dezenas de pessoas numa escola nos EUA. Pior, é que a cena inicial realmente choca pela sua brutalidade e tensão. É uma cena muito bem dirigida, digna do melhor suspense. Mas logo depois, o filme cai num lugar comum. Nada de muito empolgante: muita pirotecnia, muita porradaria, ego do Cruise nas alturas e claro, o próprio numa cena sem camisa. Cruise adora esse narcisismo, mostrando que está em ótima forma aos 50 anos, e que ainda dispensa dublês nas cenas de ação. O diretor Macquarrie é amigo pessoal de Cruise, já tendo escrito o roteiro de "Operação Valkyria". Outro roteiro famoso escrito por ele foi "Os suspeitos". Esse é seu segundo longa, o primeiro"sangue frio", não fez tanto sucesso. "Jack Reacher" é baseado em um personagem de livros, e pelo visto, deve virar uma franquia cinematográfica. Para o tipo de filme que se propões, ele é muito longo: 2:10 minutos, podendo ter meia hora fácil fácil sendo jogada no lixo. O filme não reserva novidades. Aliás, até existe uma no desfecho, mas é mal construída e forçada, quando se revela uma traição. A motivação da trama também soou confusa, e eu meio que não entendi a função do personagem de Herzog. Aliás, o elenco é um dos atrativos: Além de Werner herzog, temos Robert Duvall e Richard Jenkins, todos veteranos e ótimos atores. E Herzog mostra que além de ótimo diretor, ainda atua. mesmo que um pouco canastrão. Pipoca média. Nota: 6

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O lado bom da vida

"Silver linings playbook", de David O. Russell (2012)
Indicado pros principais prêmios no Oscar 2013 ( filme, diretor, ator, atriz, atorcoadjuvante, atriz coadjuvante, roteiro adaptado) , essa comédia dramática romântica é dirigida pelo mesmo cineasta de "O vencedor", excelente filme com Christian Bale. Aqui, O. Russell repete alguns planos e situaçõs do filme: a câmera que sai disparada na rua, os momentos de treinamento, etc. Ele se mostra também um ótimo diretor de atores:, aqui, o elenco inteiro, sem exceção, dá um show. Só o fato de fazer Robert de Niro entrar em cena e não fazer aquelas caretas que ele se habituou a fazer em seus últimos films, já um mérito. Mesma coisa o comediante Chris Tucker, sob medida, sem caricaturas. Jackie Weaver, a atriz de "reino Animal", mostra-se bem à vontade fazendo humor refinado, Bradley Cooper está com sua melhor performance jamais vista e Jennifer Lawrence mostra-se uma ótima heróina romântica, a la "Diário de Bridget Jones". O filme conta a história de Pat (Cooper), um diagnosticado com transtorno bipolar, que sai da clínica pisquiárica após 8 meses de internação. Ele quer recuperar o amor de sua esposa, que o quer distante dela. Um dia, ele conhece Tiffany ( Lawrence), outra paciente depressiva, e juntos, tenatm arquitetar um plano de resgate da ex-esposa. Porém, obvio, Tiffany se apaixona por Pat. Um filme muito bem dirigido, mas sem o brilho dos grandes filmes que merecem ganhar o Oscar. Os atores, mesmo que ótimos, não estão memoráveis a ponto tambem de ganhar a estatueta careca. Em certos aspectos, ele lembra aquele clima do filme "Os descendentes", que também foi o filme sensação do ano passado. Filme Ok, atores Ok, mas somente isso. O desfecho é muito bacana, no clima de um romance desses que os espectadores ficam torcendo para que tudo acabe bem. A trilha sonora é muito boa, e tem um clip de dança no meio do filme, com as aulas de dança dos personagens, que é genial. Fora isso, é com ceretza um belo filme para se passar uma tarde gostosa, sem culpa, só curtindo. Ah, tem umas partes chatíssimas, quando os personagens falam de apostas e jogos. Ah, o termo "Silver linings", eu pesquisei. Quer dizer "pensar em coisa spositivas, mesmo que tudo pareca estar uma merda". Vem da frase " Every cloud has its silver linings". Chaham de silver linings o contorno que o sol faz numa nuvem escura. Nota: 8

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sete psicopatas e um shih Tzu

"Seven psycopaths", de Martin McDonagh (2012)
Cineasta inglês, contemporâneo de Guy Ritchie e mesmo diretor do ótimo "Na mira do chefe", Martin McDonagh bebeu e muito na fonte de Tarantino ao realizar esse filme aqui. Já no prólogo inciial, temos aquela cena que dura uns 10 minutos, de 2 tipos estranhos falando sobre um assunto banal, e de repente, pimba! Lá vem adrenalina. O filme narra a história de Marty ( Colin Farrell), roteirista de cinema que se encontra em um momento totalmente sem inspiração. Morando em Los Angeles, ele tem como amigo Billy (Sam Rockwell), um ator desempregado que resolve ajuda-lo a se inspirar para escrever um roteiro que se chamará "Sete psicopatas". No caminho dos dois, muitos personagens irão surgir, entre eles, o mafioso Charlie, que quer mataa-los, por terem sequestrado o cachorro Shih Tzu dele. McDonagh, também roteirista, reuniu em seu filme um mega time de estrelas. Muitos deles, aparecem em apenas uma única cena, tipo a Gabourey Sidibe (Preciosa), Olga Kurilyenko, Michael Pitt, Harry dean Stanton, Tom Waits, etc. Christopher Walken e Woody Herrilson estão fantásticos. em seus tipos psicóticos. Aliás, um dos grandes baratos do roteiro é reunir em um único filme, todas as formas de psicopatas violentos que possam existir. O problema do filme no entanto, é a sua falta de foco. Na primeira parte, ele funciona muitíssimo bem, mais parecendo uma montanha -russa por conta de tantas sandices que vão surgindo na trama, cada vez mais surrealista e absorvida de humor negro. Daí, do meio em diante, o filme acontece numa locação no deserto californiano. Aí reside o problema: o filme vai se tornando melancólico, e puxando pro dramalhão. Parece que estamos vendo outro filme, faltou unidade. Acredito que a melhor forma de assimilar esse filme é abstraindo qualquer tipo de lógica na narrativa , e se deixar levar por uma fábula que brinca de fazer cinema. Essa aliás me pareceu a mensagem final: o cinema subverte, recria a realidade, provoca sonhos. Tarantino aprovaria o banho de sangue desse filme. Nota: 7

Nota de rodapé

"Footnote", de Joseph Cedar (2011)
Ótimo drama com finíssimo humor judaico, daquele tipo que toos nós amamos e passamos o filme todo com aquele sorrisinho sacana no canto da boca. Eliezer e Uriel, ambos professores, são pai e filho. Ambos têm o Talmude como fonte de inspiraçao para suas obras, porem, discorrem fervorosamente nas porpostas. O pai a 20 anos amarga jamais ter tido um prêmio de reconhecimento pelo seu trabalho cientifico, ao contrário de seu filho, que vive ganhando prêmios. Um dia, por engano, a coordenação do Prêmio Israel liga para Eliezer dizendo que ele ganhou um prêmio, mas mais tarde, o filho descobre que o prêmio era para ele e não para seu pai, pois a pessoa que ligou se enganou. A partir daí, o filho fica com um dilema moral, se deve contar ou não para o seu pai o engano. Excelente roteiro e uma montagem vigorosa e inteligente, que brinca com a narativa de forma brilhante, fazendo com que os espectadores se inteirem melhor da relação de pai e filho. Tratando de temas como rivalidade , culpa, rancor e principalmente, dilema moral , o filme foi justamente indicado ao Oscar de 2012 para filme estrangeiro. O filme tem cenas de humor geniais, como a cena que o filho segue para conversar com os membros da Academia de ciencias em um lugara pertdao e todos devem se levantar para se acomodarem. O elenco é perfeito, que atores ! Shlomo Bar-Aba e Lior Ashkenazi, respectivamete Eliezer e Uriel, demonstram sensibilidade e inteligencia na composiçào do amargor de pai e filho , cheios de ressentimentos. O final deixa um pouco a desejar, pois gostaria de ter visto algo mais objetivo. Mas é um filme que merece ser visto pela sua criatividade e pelo traalho do elenco. Nota: 8

domingo, 13 de janeiro de 2013

Uma família em apuros

"Parental guidance", de Andy Fickman (2012)
Billy Cristal e Bette Midler, dois dos maiores comediantes americanos no mesmo filme? Mais Marisa Tomei? Não há a mínima chance do filme ser ruim! Essa comédia tipicamente família, que tem todos os clichês do gênero, funciona justamente por conta da química desses atores. O filme narra a história de Artie e Diane Decker, um casal fora de seu tempo. Artie é locutor de beisebol, e acaba de ser demitido. Alice (Marisa Tomei) é casada e mãe de 3 filhos problemáticos. Ela vive num mundo tecnológico, ao contrário de seus pais, que não entendem nada de tecnologia e por isso mesmo, vivem ã moda antoga, previlegiando os costumes da era pré-internet. Alice educa seus filhos dentro do preceito do politicamente correto. Quando ela viaja com seu marido, deixa a guarda dos filhos com seus pais, que resolvem dar um basta na conformidade das crianças e dá uma lição de moral em todos. O filme reserva muitas boas gags, muitas delas envolvendo a problemática dos mais velhos com eletrônicos e equipamentos de última geração. Isso me fez lembrar de Monsieur Hulot em "Meu tio", quando ele chega na casa do patrão e também não consegue se acostumar com a modernidade. Bette Midler é uma grande Diva dos palcos e do cinema, e ela tem um carisma inegável. Marisa Tomei passeia tranquilamente entre o drama e comédia, e aqui, ela divide seu espaço com um endiabrado Billy Cristal. Claro, esse tipo de filme tem que ter aquela mensagem moral no final, que emociona a todos, personagens e espectadores, mesmo que de uma forma novelesca. As crianças também são ótimas. Por não oferecer muita novidade no roteiro, o filme acaba sendo apenas um bom passatempo, que tem como chamariz o trabalho dos atores. Nota: 7

Além das montanhas

"Beyond the hills", de Cristian Mungiu (2012)
O cinema romeno veio com força total a partir de "4 meses, 3 semanas e 2 dias", que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2007. Desde então, filmes romenos têm surgido nas nossas telas, entre eles " Como comemorei o fim do mundo", "Contos da era dourada"e "Terça, depois do Natal". O que esses filmes têm em comum, é uma estética rigorosa, de poucos planos, as vezes cobrindo uma cena inteira sem cortes, mesmo com o ator falando o tempo todo de costas. essa estética é primordial em "ALém das montanhas". Com mais de 2:30 de duração, o filme se compõe de longas cenas sem cortes, ãs vezes com mais de 10 minutos, sem nenhum corte. É um filme seco, de interpretação naturalista. A câmera é ligada e o papo rola solto, hermeticamente composto, enquadramentos equilibrados. Vemos todos os atores em cena marcadinhos, ninguém cobre ninguém. Além desse extremo rigor formal, às vezes quebrado com um ou outro plano na mão, acompanhando os personagens, na tradição dos irmãos Dardenne, também produtores do filme, o filme faz uma discussão sobre os limites da fé. Alina e Voichita moraram quando adolescentes num orfanato na Romênia. Quando cresceram, foram obrigadas a sair do orfanato. Separadas, Alina foi tentara sorte na Alemanha, e Voichita foi se dedicar à palavra de Deus, se instalando em um convento na área rural, que prega o cristianismo ortodoxo. Os anos se passam e Alina retorna, decidida a tirar Voichita do convento e trazer com ela pra cidade grande. Voichita, no entanto, acredita que pode fazer com que Alina também se interesse pela igreja e queira ficar também como freira e dedicada a Deus. Porem, logo Voichita descobre que os planos de Alina são de reatar o amor das duas. O filme é baseado em história real acontecido na Romênia em 2005. Li numa entrevista que Mungiu quiz fazer um alerta para o poder da Igreja, dominando corações e mentes das pessoas humildes. Ele diz que em seu País, existem mais de 5000 igrejas contra 300 escolas. O filme saiu em Cannes com 2 prêmios: o de melhor roteiro, e o de melhor atriz, dividido pelas 2 atrizes principais do filme, Cosmina Stratan e Cristina Flutur, estreantes em cinema. Seria injusto, no entanto, não comemorar também a performance de todo o elenco, que inclui o ator que interpreta o Padre, e as outras irmãs. É um intenso trabalho de conjunto. O filme tem meia hora sobrando, poderia terminar já na 2a ida ao Hospital. Para espectadores incautos, um alerta: é um filme de ritmo extremamente lento, sem pressa alguma de contar e apresentar sua história. Eu adoraria ter gostado mais do filme. Mas valeu como experiência cinematográfica. Mungiu é dos grandes cineastas em atividade na atualidade. Nota: 7

Diamantes da noite

"Démanty noci", de Jan Nemec (1964)
Clássico Tcheko de 1964. O cinema Tcheko dos anos 60 produzia filmes que através de metáforas, muitas vezes em formas de fabulas, discutia temas como regimes fascistas e falta de liberdade de expressão. Dessa escoca saíram cineastas como Milos Forman, Vojtech Jasný ( da obra-prima "Um dia um gato") e Jan Nemec. "Diamantes da noite"conta a história de 2 jovens judeus que fogem de um trem que segue para um campo de concentração. Na fuga, eles entram floresta adentro, sendo perseguidos por um grupo de idosos armados. Uma fotografia excepcional em preto e branco, além de um trabalho de câmera impressionante, com movimentos de câmera que me deixaram de boca aberta ( por ex, o plano-sequencia da fuga inicial deles). O filme mescla numa montagem sensorial cenas realistas, flash-backs e alucinações dos personagens, além de antever situações que acontecerão no futuro. É uma linguagem experimental, ousadíssima para a época, e que contém poucos diálogos. O diretor quer que o espectador invada a mente dos personagens e tente entender o frenesi que passa por suas mentes, em situações de medo, desespero, fome. Numa cena de montagem esplêndida, um dos personagens invade uma casa, e por várias vezes, vemos com os olhos dele situações possíveis para o destino da dona de casa. A cena final é uma obra-prima. O filme faz clara alusao do embate do regime ditatorial versus novos ideais dos jovens ameacando os mais velhos, e por isso devem ser combatidos. O diretor mostra os velhos como idosos que mal conseguem segurar uma arma, ou subir uma colina. Um filme para amantes de cinema de arte. Nota: 9

sábado, 12 de janeiro de 2013

Sacrifício

"Sacrifice", de Chen Kaige (2010)
Baseado numa peça de teatro, chamado "O Órfão de Zhao", essse filme foi dirigido e adaptado por Chen Kaige, cineasta chinês vencedor da Palma de Ouro por "Adeus, minha Concumbina". Incrível como esse filme agora foi lançado em apenas uma sala, de arte, que é o Instituto Moreira Salles. Nào existe mais espaço no mercado para tais épicos, o que é uma tristeza. Um roteiro fantástico, que mais parece uma tragédia grega de tão mirabolante. No século 5 depois de Cristo, na Dinastia Yuan, um Ministro da Guerra, Tu Angu, absorvido pela cólera, por perder a mulher que ama para um general, resolve mandar matar todos os integrantes do Clã Zhao, que comanda o reino. Porém, um médico salva o filho da irmã do rei, e ele vem a ser o único herdeiro do clã. O médico, Cheng Yin, no entanto, é descoberto, e sacrifica o seu próprio filho, para poder cumprir sua promessa e salvar o herdeiro. Tomado pelo ódio e sede de vingança, o médico cria o bebê, com a finalidade de, quando a criança crescer, se vingar de todos e matar Tu Angu. Mas o destino nem sempre é o que se imagina. Um épico grandioso, muito bem dirigido e interpretado por atores fantásticos que com suas performances arrebatadoras, dão a dimensão da tragédia de seus personagens. O sacrifício do título é de todos, assim prega o texto. Violento, dramático e sem perder a força de um grande melodrama, essa super-produção, recheada de efeitos e lutas, merecia destino melhor no circuito e poder ser visto por mais espectadores. O início é um pouco confuso, pois ficamos meio perdidos até entender quem é quem, e Chen Kaige ainda se dá o direito de criar pequenas elipses temporais. Mas logo o filme toma uma dinâmica de aventura e ação, e tudo se encaixa perfeitamente. O desfecho é emocionante e belo, me lembrou "Gladiador". Nota: 9

Vulcão

"Eldfjall", de Rúnar Rúnarsson (2011)
Fico impressionado com a semelhança desse filme com "Amour", de Michael Haneke. Exibido em Cannes na Quinzena dos realizadores de 2011, nada me tira da cabeça que Haneke assistiu a esse filme de alguma forma e se inspirou para fazer o seu. Ou foi uma extrema coincidência. Esse filme islandês foi escolhido pela Islândia para representar o país no Oscar 2012, mas como não tinha nenhuma estrela nos créditos, foi preterido. O filme conta a história de um casal, casados a mais de 40 anos, e pai de 2 filhos já casados. O pai se aposenta e passa a viver em casa, mergulhado em profunda depressào. Ele sempre foi um sujeito bronco e não sabe transmitir amor nem pra esposa, nem pros filhos. Um dia, ele escuta escondido os filhos falando mal dele, e como ele maltrata a esposa. Eleresolve se redimir com a esposa e passa a amá-la. Porém, ela sofre um derrame, e a partir daí ele precisa cuidar dela. O que mais me impressionou foi que diversas passagens são idênticas ao filme de Haneke, até culminar naquela cena angustiante que fecha o filme francês. Exatamente igual. Prefiro abstrair e continuar achando que "Amour" é um excelente filme, e aqui, pelo menos, não existe aquela amargura e frieza que me deixou abalado. Aqui é um pouco mais adoçado, embora tendo a mesma narrativa seca e dura. Aqui se permite um pouco mais de relação familiar, de amizades, de carinho. Um belo filme, embora de ritmo extremamente lento , e com belíssimas paisagens. Nota: 7

Viúvas

"Viudas", de Marcos Carnevale(2011)
Ver esse filme me trouxe lembranças gostosas dos primeiros filmes de Almodovar, quando ele só tinha a preocupação de fazer um filme divertido, carregado nas tintas trágicas de mulheres apaixonadas, loucas, insanas, que fazem tudo pelo amor. O tempo todo, fiquei imaginando Carmen Maura, Rossy de Palma e outras heroínas típicas do cineasta espanhol. Aquela trilha sonora cafona e deliciosa, aquele figurino e penteados exuberantes, atrizes botocadas, personagem travesti, uma diversão só. Por conta disso, gostei desse filme argentino de Carnevale, mesmo diretor do bom "Elsa e Fred". Elena é uma documentarista que está fazendo um doc sobre mulheres que falam sobre amor. Adela é uma jovem radialista. Ambas descobrem que se tornaram viúvas de Augusto. Elena é a esposa, e Adela é a amante. Quando Elena descobre que o então marido perfeito tinha uma amante, ela enlouquece. Mas ela não imagina que Adela, desempregada e sem ter aonde morar, vai bater em sua casa para pedir ajuda. A grande força desse filme se reside no talento do elenco principal: As duas protagonistas, mais a amiga produtora ( que lembra muito a falecida Renata Fronzi) e Justina, a empregada travesti, são diversão garantida, pois levam a séro os seus papéis amalucados. Os diálogos também em boa parte sao ácidos e novelescos, hilários. Mas o filme que começa bem, perde o ritmo no segundo ato, para somente recuperá-lo no final. De qualquer forma, é um bom exemplar de cinema comercial argentino, que mostra também saber fazer um bom filme pipoca, que irá agradar ao público que sente falta de "Mulheres a beira de um ataque de nervos". Destaque para a música "Paisaje", tema do filme, e que com o seu tom de melodrama e breguice, me fez rir bastante. Nota: 7

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A viagem

"Cloud Atlas", de Tom Tykwer, Andy e Lana Wachowski(2012)
Um primeiro lugar, quero declarar um absurdo inacreditável: Como esse filme não foi indicado para o Oscar de maquiagem? Um dos grandes baratos do filme é justamente voce ficar tentando adivinhar quem é o ator escondido por trás daquela maquiagem? No filme, os mesmos 6 ou 7 atores principais interpretam entre 5 a 6 papéis diferentes, não somente em tipos, mas também em sexo e etnia! Um trabalho escandalosamente perfeito! Outro item que também preciso dizer em relaçào ao filme: ele é quase idêntico ao nacional "Uma história de amor e fúria", de Luis Bolognesi. Usando a estrutura narrativa que segue épocas distintas, misturando passado, presente e futuro, acompanhamos o passar de gerações entre personagens heróicos, que procuram lutar por sua liberdade e a de seu povo. No nacional, as vozes de Selton Mello e Camila Pitanga. No filme americano, temos um elenco multi-mega-estelar: Tom Hanks, Joe Broadbent, Jim Sturgess, Hale Berry, Doona Bae, Hugo Weaving, Ben Wishaw e outros tantos que compõe igualmente em tamanho os seus papéis. Esse é com certeza um dos filmes mais corajosos, ambiciosos e criativos que vi a muito tempo. Fico imaginando um produtor recebendo esse roteiro da mão de algum diretor que o deseja realizá-lo. Com certeza esse diretor seria banido de mundo cinematográfico, tal a ousadia do projeto. O filme se passa entre o período de 1849 a 2346, em países distintos. No prólogo, narrado por um velho interpretado por Tom Hanks num futuro distante, ele conta várias histórias, tendo como tema a conex!ao que existe entre as pessoas de épocas variadas, que têm em comum o desejo de lutar contra um sistema opressor,tendo o amor como sua maior arma. Fico imaginando as pessoas cometando sobre esse filme, como já tenho lido no Facebook, de pessoas que o viram baixado: é um filem longo, chato, incompreensivel, pedante, pretencioso. Reitero aqui o poder de uma tela de cinema: Esse é um filme para ser visto em tela grande. Eu também teria achado um porre numa tela pequena. Em grandes proporções, é um filme que salta aos olhos, que transborda beleza, magia cinematográfica, emoção. Fiquei de olhos grudados o tempo todo. A montagem é surpreendente, o montador desse filme merecia um prêio pela extrema dificuldade de juntar as várias histórias de forma conexa. O desfecho das histórias é bastante emocionante, com destaque pra história da androide futurista. O público do cinema assistiu atento, rindo, comentando. O personagem do idoso que fala o tempo todo "I know, I know" é sensacional. Na cena que ele fica pra tras, o cinema inteiro gritou. Atenção: nào saiam do cinema quando o filme terminar. Nos créditos, aparecem os personagens interpretados por cada ator. É um presente dos produtores do filme para o sue público. Só lamento a crítica do jornalista de um jornal, que veio de brincadeira e achincalhou o titulo do filme em português, "A viagem". Como eu disse antes, é um filme muito ousado para padrões americanos, e ter sido realizado foi um grande trunfo, goste-se ou não da proposta. !Nota: 9

Bárbara

de Christian Petzold (2012)
Putz, que filmaço! Indicado pela Alemanha para concorrer ao Oscar de filme estrangeiro, infelizmente não chegou aos finalistas. A história barra-pesada narra a rotina de Barbara, uma médica que mora na Alemanha Oriental dos anos 80. Condenada por ter tentando fugir para o lado Ocidnetal, ela é presa. Solta, ela é mandada para um hospital de uma cidade do interior, onde vai trabalhar com um médico, que ela suspeita, trabalha para o regime. Barbara arma um plano de fuga junto de seu amante, porém a constante vigilia é uma ameaça para o seu intento. Performances arrebatadoras de todo o elenco, com destaque para Nina Hoss, no papel principal. Ela interpreta Barbara de forma minimalista, dura. O filme e um drama, mas poderia ser um filme de terror, tal o pavor constante que as pessoas sentiam ao terem suas vidas controladas 24 horas por dia, incluindo invasão e inspeção dos apartamentos, com direito a toques genitais de médicos para checar se as pessoas não tem nada escondido no corpo. Impressionante como o cinema retrata de forma apavorante esses filmes ambientados no regime comunista dos anos 80: "4 meses, 3 semanas e 2 dias", "Cristiane F..", "A vida dos outros"... É um filme muito bem dirigido, que faz do olhar uma arma tão poderoa quanto uma metralhadora. Obrigatótio. Nota: 10

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Europa morta

"Dead Europe", de Tony Krawitz (2012)
Baseado no livro do grego Christos Tsiolkas, "Dead Europe"é um excelente drama, dos mesmos produtores de "Shame" e "Reino animal". Isaac é um fotógrafo que mora com seus pais na Austrália. Seus pais são imigrantes gregos. O pai morre num acidente, e Isaac resolve levar suas cinzas até as montanhas gregas, mesmo contra a vontade de toda sua família, dizendo que o pai possui uma maldição que paira sobre ele na Europa. Alías, curioso como os últimos filmes europeus que assisti, boa parte mostra uma Europa devastada, Como o próprio título diz, a Europa do filme é desencantada, decadente: filmado na Grécia, Paris e Budapeste, o que vemos são imagens chocantes de miseráveis, refugiados, desemprego, fome, extrema pobreza., mercado do sexo escravo. Não existe cartão-postal no filme. Sombrio, o drama fala sobre a culpa do passado que recai sobre as gerações seguintes, em especial, o anti-semitismo, tema comum na obra do autor. O elenco, excelente, é encabeçado pelos australianos Ewen Leslie e Kodi Smit-McPhee, que vem a ser o garoto de "A estrada", com Viggo Mortensen, e a refilmagem de "Deixa ela entrar", além da voz de Norman no desenho "Paranorman". Ou seja, Kodi já é um expert em papéis sofridos e depressivos. Li num artigo que foi ele queme ntrou em contato com o Diretor, via skype, provando que ele seria apropriado o suficiente pro difícil papel. Tenho que confessar que tenho um apreço especial por esses filmes europeus melancólicos e tristes, que mostram a tragédia humana desesperançosa. Aqui, em meio a violência, sexo, sangue e passados tenebrosos, o espectador sai ganhando. Obs: Não entendo como no IMDB o filme está com nota 5. Talvez as pessoas não tenham curtido a forma como o cineasta mostra a Europa desejada por todos. Nota: 9

Instinto secreto

"Mr Brooks", de Bruce A. Evans (2007)
Esse filme é de 2007 e só agora eu o vi. Deixei passar despercebido na época porquê eu havia visto o trailer e achei fraco. Mas vários amigos meus falaram que era bacana e resolvi apostar. Realmente, o filme é bem interessante. O roteiro é esperto, cheio de reviravoltas e de personagens misteriosos. Kevin Costner interpreta Mr Brooks, um bem-sucedido homem de negócios que descobrimos depois ser um serial killer. Apesar de tudo, ele é um pai zeloso. Porém, no último assassinato, ele é flagrado, e a pessoa que o fotografou o chantageia, mas de uma forma estranha: ele também quer se tornar um serial killer, e demanda que Brooks o leve para as próximas vítimas. É um bom exemplar de filme B, com bons atores no elenco ( Willian Hurt interpreta o alter ego assassino de Brooks). Dami Moore interpreta uma detetive que tenta solucionar o caso. O que eu levantaria em questão no filme, de negativo, é que o roteiro, apesar de engenhoso, apresenta muitas sub-tramas e personagens em demasia, o que tira o foco da história central. Existem pelo menos umas 6 sub-tramas no filme. Mas é um ótimo passatempo, com direito a sangue, suspense e tensão. Nota: 7

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Thale- Ela veio da floresta

"Thale", de Aleksander Nordaas (2012)
Filme de suspense norueguês, na linha do similar "Caçadores de Troll". A história do film se baseia na lenda da "Huldra", uma espécie de sereia que vive na floresta, e seduz os homens com o seu canto. Ela pode tanto devorar o homem, quanto ter relaçõe sexuais com ele. No filme, 2 removedores de cadáveres são chamados para recolher um copo em uma cabana na floresta. Chegando lá, e;es encontram uma mulher escondida no poão da casa. Ela está nua, e não fala. Eles descobrem também fitas k-7 e aos poucos, vão desvendando o segredo dessa mulher misteriosa. É uma pena que uma premissa tão interessante não tenha resultado em um bom filme. Toda a primeira parte do filme, que se passa quase que inteiramente dentro da cabana, não oferece nenhum suspense, nem clima. Apenas ficamos escutando as revelações das fitas. No desfecho, as coisas ganham mais dimensão coma entrada de outros personagens, mas chegando a um resultado bobo, comum a esse tipo de filme, vide "Caçadores de troll". Os 2 personagens principais não oferecem nenhum tipo de simpatia, e para criar essa empatia, o roteirista criou uma doença para um e uma relação mal resolvida com a filha não assumida do outro personagem, Mas isso tudo soa muito forçado. O filme oscila entre um suspense baixos teores e um drama existencialista. O que somos? para o que viemos?? Uma coisa que me irriou é que um dos personagens passa o filme quase que todo mascando chicletes, mesmo em situações tensas. e porque diabos eles continuaram na casa, apesar das evid&encias de que algo ruim iria acontecer? esse tipo de implausibilidade me chamou a atenção. Para quem for buscar um passatempo tenso, aqui não vai encontrar. Somente como curiosidade de filme de g6enero norueguês, que já trouxe suspenses melhores, como " Presos no gelo"e "Dead snow". Nota: 5

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Pornô de autor

"Porno de autor", de Marcelo Monaco (2010)
Produção argentina de baixíssimo orçamento, foi quase que todo bancado pelo seu diretor. Após uma carreira de filmes eróticos realizados nos EUA e Europa, Marcelo resolveu fazer o seu primeiro filme autoral, com atores. Ele filmou em 5 dias. O filme narra a história de um grupo de amigos: 1 curta-metragista gay, a amiga diretora de arte, que sente tesão nele; 1 casal em crise, uma atriz com probelmas de sexuaidade e afeição e o namorado da diretora de arte, que é homofóbico. Os amigos se encontram para jantar na casa de Mark, e logo depois, irão para uma festa dress-code ( homens se vestem de mulheres, as mulheres, de homens). No jantar, Mark mostra o seu curta, que fala sobre sexualidade, com cenas de sexo explícito entre homens. O curta irá provocar uma discussào acalorada no grupo, que revê os seus conceitos sobre sexo e fetiche. O filme tinha tudo para ser uma divertida sessão de terapia em grupo, onde o prato do dia é o sexo e os tabus. Mas o diretor esqueceu a câmera ligada, e o que temos, é um falatório interminável. Entre um ou outro diálogo realmente interessante, temos muito assunto de papo de botequim. Tecnicamente, o filme também sofre: a fotografia é amadora, o som, mal captado. Os atores pelo menos estão despojados e dispostos a acreditar no roteiro e na premissa do seu diretor, que quer discutir cinema, relacionamentos no mundo do Sexulo XXI e na diversidade sexual. Bom, nem todo filme argentino tem a obrigação de ser excelente, né? Nota: 5

Detona Ralph

"Wreck it Ralph", de Rich Moore (2012)
Esse filme foi uma grande surpresa para mim. Confesso que estava sem expectativa, e saí do cinema apaixonado. Rich Moore, o diretor, é veterano em animação. Já dirigiu episódios de "Os Simpsons", "Futurama"e "Drawn Together", todas elas politicamente incorreta. E essa anarquia continua aqui nesse filme emocionante. O curta que antecede o filme já é uma pequena jóia: um filme em preto e branco sobre um homem que esbarra em uma mulher na rua, se desencontram e tentam desesperadamente se reencontrar. Ele conta com a ajuda de aviõezinhos de papel. Muito bonito. Quanto a "Detona Ralph", a história é sobre Ralph, o vilão de um videogame antiquado, dos anos 80, que ainda mantém seu pequeno séquio de fãs, apesar de correr o sério risco de ser abandonado pelo dono da loja de games, devido ao sucesso de games de alta definição. Ralph se cansa de ser sempre o vilão e deseja ter o seu valor reconhecido pelos colegas do jogo. para isso, precisa consgeuir uma medalha de herói. E ele vai em busca de outro game para ir à caça da medalha. O roteiro é brilhante: assim como "Toy story 3", ele se utiliza da nostalgia como força e vontade de se conseguir algo. Os desenhos são ótimos, conciliando os desenhos antigos com os de alta computação gráfica. Os merchandisings são todos bem inseridos na trama, e o espectador torce de verdade pelos personagens, que passam por transformações. O filme tem um que de "Os incríveis", além de "Toy Story 3". A trilha sonora se ultiza de sintetizadores, que era muito comum nos games antigos, e é bem dinamica. A primeira parte do filme tem um problema de ritmo, é cansativo e pode encher o saco da criançada. Mas depois, ele pega ritmo e emoção, e vira uma montanha russa. Ralph é um personagem que com ceretza irá fazer parte da antologia dos filmes Disney, pelo seu carisma. NA versão dublada, que foi a que eu vi, o Thiago Abravanel dubla Ralph, está muito bom. Nota: 8

Amanhecer violento

"Red Dawn", de Don Bradley(2012)
Refilmagem do cult de 1984, e dirigido pelo stunt e diretor de 2as unidades de filmes de ação, Don Bradley. Em uma cidade pequena próxima a Washington, soldados norte-coreanos invadem o local e tornam todos os moradores prisioneiros. Um grupo de adolescentes, mais um mariner, conseguem escapar e formam um grupo, disposto a acabar com os invasores. Enquanto eu assistia ao filme, ficava me perguntando o porqu6e dessa refilmagem. O original foi realizado nuam época em que o regime comunista ainda aera uma grande ameaça a Democracia mundial. Mas visto pelos olhos de hoje em dia, isso sôa totalmente anacrônico. No filme de 1984, eram os russos que invadiam a cidade. No novo filme, os norte-coreanos são vistos como inimigos. O que será que a Coreia do Norte vai achar desse filme? Eu mesmo só consegui enxergá-lo como comédia, pois se levara sério, o filme não se sustenta. Como acreditar em um grupo d ejovens adolescentes como soldados guerrilheiros? em uma cena do filme, eles aprendem todas as táticas de guerrilha em um treinamento que não deve ter durado 1 dia! E são mais experts do que os soldados estrangeiros, que provavemnete treinaram durante anos!!! Outra cena hilária, que mostra o supra sumo da cultura americana: os insurgentes assaltam uma lanchonete, e o que roubam para matar a fome? Um balde cheio de coca-cola e um monte de hamburgueres. A personagem, ao comer depois, ainda diz: só faltava agora uma pizza para matar meu desejo. Hahaha..isso é demais. Sim, o filme eleva o patriotismo americano ao centésimo grau. MAs assistir depois do massacre do estudante em Colorado, me pergunto: a mensagem desse filme é a de que qualquer pessoa com uma arma na mão pode fazer uma destruiçào em massa. Hum...cimplicado, né? E eles ainda se vangloriam disso. O charme do filme original era que, apesar de tanta inverossimilhança ( como os soldados, a sarmas, os tanques, etc, furaram o cloqueio da fronteira americana sem ninguém perceber? Tudo isso acontece e o resto dos Estados Unidos não sabe o que está acontecendo por lá??) o elenco era formado com os maiores astros teen da época: PAtrick Swayze, C Thomas Howell, Charlie Sheen, Jennifer Gray, Lea Thompson...nesse novo, somente Chris Hemsworth (Thor) e Josh Hutcherson (Jogos vorazes). Os outros atores, são todos aspirantes a um lugar no estrelato, incuindo o filho adotivo de Tom Cruise, Connor Cruise. Mas se depender desse filme, irão continuar todos no limbo. Nota: 2

domingo, 6 de janeiro de 2013

Uma vida simples

"A simple life / Tao jie", de Ann Hui (2011)
Que golpe baixo esse filme: chorei rios de lágrimas. Um drama extraordinário, que venceu o prêmio de melhor atriz para Deanie Ip em Veneza 2011. Deanie interpreta Ah Tao, uma senhora de 70 anos, que por mais de 4 gerações cuidou da família de Roger, um produtor de cinema. Seus pais foram assassinados na invasão japonesa, e desde então, ela cuidou de toda a família. Nos últimos anos, ela de dedicou a cuidar de Roger ( Andy Lau) em Hong Kong, uma vez que todo o restante da família se mudou pros Estados Unidos. Sempre dedicada , um dia ela sofre derrame, e os papéis se invertem: Roger toma conta dela, que logo depois, ele toma consciencia de que ela fora sempre sua 2a mãe. O filme se baseia na história real do produtor Roger Lee, que resolveu contar a história humana dessa mulher simples, que encontra a felicidade nas pequenas coisas. O filme é parente próximo de "Amor", filme de Michael Haneke. Acompanhamos todo o processo de degeneração física e mental da personagem, porém sem a mesma crueza do filme francês. Aqui, os personagens são bons, amam a si e aos próximos. O filme é recheado de pequenas participações brilhantes: desde o grupo de amigos de Roger, até os velhinhos do asilo. Sim, o filme é triste, mas é uma tristeza bonita, que deixa o legado de que as pessoas morrem mas deixam frutos. Não é a toa que o nome dado a Ah Tao é sister peach, apelido carinhoso que a família deu a ela. Dá ódio saber que a distribuição de filmes no Brasil não encontra espaço para esse filme emocionante, vencedor de vários premios internacionais. Sorte dos diretores que conseguem encontrar os atores perfeitos para dar vida a seus personagens: Deanie Ip e Andy Lau estão antológicos. Se o filme tivesse 15 minutos a menos, ganharia nota 10. Nota: 9

People mountain people sea

de Cai Shangjun (2011)
Vencedor do prêmio de melhor diretor em Veneza 2011, Shangjun faz um filme frio, cru, assim como os filmes de seu compatriota chinês, Jia Zheng ke, e seu "Em busca da vida". São filmes onde os protagonistas seguem sem rumo, apáticos, vivendo em um mundo sem esperança, onde as pessoas seguem solitárias e desprovidas de amor. A história gira em torno de Lao Tie (atuaçao brilhante de Chen Jianbin), um homem que mora na cidade grande e resolve, 10 anos depois, retornar a sua cidade Natal. Lá, descobre que seu irmão caçula foi assassinado e roubado. Lao Tie resolve ir em busca do assassino, após descobrir que a polícia nada pode fazer. Se esse filme tivesse caído na mão de Park Chow Woo, teria se transformado numa saga épica regada a muito sangue tripas. Aqui, a violencia é moral. O filme segue lento, em planos contemplativos, mostrando uma região do sudoeste da China onde a modernidade passou longe, mais parecendo um local primitivo, onde as pessoas moram em favelas ou casas extremamente humildes. A pobreza caminha junto com a corrupação e a bandidagem. A fotografia do filme é belíssima, exposta numa tela 2:35, dando uma grandiloquência nas regiões montanhosas e principalmente, na locação de uma mina, que é onde o filme termina. Alías, tem um plano-sequencia do personagem descendo pelo elevador de uma mina que é fabulosa, parece uma descida ao inferno. Outra cena memoravel é quando o personagem caminha com um amigo drogado por uma favela. A única cena de amor do filme mais parece uma cena de estupro. Chocante também é uma cena em que um menino vai ser largado para uma familia adotiva e ele se recusa a ir. Um filme cruel, seco, que termina de forma trágica. Não é para qualquer espectador. A expressão "People mountain e people sea, significa "muita gente confinada em um espaço pequeno". Nota: 8

sábado, 5 de janeiro de 2013

Himizu

de Sion Sono (2011)
Concorrente em Veneza 2011, o filme saiu com o prêmio Marcello Mastroiani concedido a jovens atores, no caso, os atores Shôta Sometani e Fumi Nikaidô, que interpretam os protagonistas Sumida e Keiko, O filme narra a tragédia do pós-tsunami no Japão, em março de 2011. Na região de Fukushima, onde se passa a história, os sobreviventes, desolados pela catástrofe que destruiu sonhos, tentam se reerguer. Sumida é um jovem de 14 anos que mora com sua mãe na beira do lago. Eles tem uma pequena empresa de aluguel de barcos. O pai, que abandonou o lar, sempre retorna, pedindo dinheiro e espancando Sumida, desejando que ele morra para poder receber o seguro. Ao mesmo tempo, temos a história de Keiko, colega de turma de Sumida, por quem nutre paixão platônica. Ela e outros refugiados procuram levantar o astral de Sumida, mas ele se recusa aceitar a ajuda. Sumida é a metáfora do Japão. Uma nação orgulhosa, que tenta se reerguer por conta própria. O filme caminha pelo drama, passeando pela tragédia e violencia urbana. Sono, diretor do excelente "Mesa de jantar de Noriko" e do cult "O pacto", abusa em seus filmes da violência e do bizarro. Aqui, ele caminha mais pelo drama realista, mas sem largar mão da crise emcoional dos seus personagens, que em momentos de catarse, demonstram um lado animalesco que eels próprios desconhecem. O filme é baseado em um mangá, porém como foi escrito anterior ao Tsunami, foi todo readaptado pelo próprio diretor, que filmou nas locações reais, devastadas pela força da natureza. Como em quase todos os filmes japoneses, a gente estranha que as vezes a narrativa descamba para o patetico, pastelão, e os atores exageram na performance. Mas isso é um dado cultural. A grande força do filme é a atuação dos atores. É um filme difícil, cruel. A cena do jovem matando um personagem, em plano-sequência, é antológica. Infelizmente o filme é longo e perde o ritmo, são quase 2:15 hrs. O diretor abusa também na trilha sonora do "Adagio for strings", de Samuel Barber, e de "Requiem", de Mozart, para dar a melancolia necessária as suas cenas. "Himizu" é uma espécie de toupeira. Nota: 7

Cover boy- A última revolução

"Cover boy- L'ultima rivoluzione", de Carmine Amoroso (2006)
Filmado em 2006, esse filme italiano foi todo rodado com a câmera Sony HDV. Um produto de baixo orçametno, foi filmado na Romênia e na Itália. O filme narra a história de Ioan, um jovem romeno, que perdeu seu pai no confronto do fim da ditadura de Ceaucescu na Romênia. os anos se passaram, e o fim do comunismo no sue país provocou uma onda enorme de desemprego. Um amigo o chama para irem até a Itália para procurar trabalho. Chegando lá, ele se desencanta com a atual situaçao do país: o mesmo desemprego que encontrou no sue lugar de origem. Ele conhece Michelle, um quarentão faxineiro, que aluga um canto em seu apartamento. Assim, acompanhamos a dura luta de ambos, em busca de um lugar ao sul. "Cover boy" é um filme melancólico, que fala sobre a falência da Europa. Desemprego, crise social, falta de perspectiva, prostituiçao. Seus personagens são tipos honestos que tentam honesdtamente encontrar um emprego, mas sempre esbarram na burocracia e acabm na sarjeta. O filme me lembrou muito a estrutura de "Perdidos na noite". O personagem de Michelle é quase uma cópia de Ratzo de Dustin Hoffman. Até o desfecho é semelhante. O filme é um típico produto da europa globalizada, que mostra personagens sofridos em um mundo cinzento. Dessa leva, já tivemos o excelente "Import export", "Segredo de Lorna" e outros. O filme também trata de outro tema: o homossexualismo, através da prostituiçao masculina e do personagem de Michelle, platonicamente apaixonado por Ioan. Nota: 7

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

The paperboy

de Lee Daniels (2012)
Do mesmo diretor de "Precisoa", o filme competiu em Cannes 2012, causando furor por conta de sua alta carga erótica e por uma cena sensacional, de Nicole Kidman mijando em Zac Efron. O filme, ambientando nos anos 60, narra a história de 2 filhos de um editor de jornal na Flórida. Um deles, Jack ( Zac Efron) morre de tesao pela vulgar Charlotte (Nicole Kidman), uma mulher que troca correspondência com Hillary (John Cusack), condenado à mrte pela acusação de ter matado o xerife. O outro filho é Ward (Matthew Macnaughtney), jornalista que cgeda de Miami acompanhado de seu colega negro para cobrir a materia sobre a condenação de Hillary. É um filme que mistura gêneros: drama, romance, humor, suspense, policial. O problema do filme é que você nunca sabe o que ele quer narrar. Sào tantos os desdobramentos, tantos personagens que acaba perdendo o foco. O filme ainda se reserva a querer discutir a questão racial, pois mostra uma América ressentida pela eliminação da segregação racial. Os brancos estão a um ponto de explodir contra os negros, que ganham sua liberdade ainda a muito custo. De positivo, o filme tem a ótima trilha sonora, recheada de pérolas da musica negra, e a excelente fotografia. O elenco está ótimo, com destaque absoluto para Nicole Kidman, que encarna a sua libidinosa Charlotte de forma genial, e protagonizando uma cena antológica: quando ela conhece Hillary na prisãio pela 1 vez, ela o provoca, se masturbando para ele. Nicola Kidman é uma grande estrela que coloca em seu vasto currículo papeis desafiadores para alguém de sua grandeza em Hollywood. São poucas as que se submetem a isso. O desfecho é totalmente inesperado, e surpreendente. Nota: 7

Boneca inflável

"Kūki Ningyō / Air doll", de Hirokazu Koreeda (2009)
Fantasia baseada em mangá de sucesso no Japão. Koreeda, diretor dos excelentes "Ninguém pode saber"e "O que mais desejo", faz aqui um filme diferente em sua filmografia. Saindo do realismo de seus filmes, ele envereda pelo drama fantástico. Nozomi é uma boneca inflável. Seu dono, um homem solitário, a trata como se ela fosse um ser humano. Um dia, Nozomi ganha uma alma e cria vida. Assim como uma criança, Nozomi se entusisma com tudo o que vê pela frente, até se apaixonar pelo atendente de uma vídeo-locadora. Um belo filme, lindamente fotografado e com uma trilha sonora que enfatiza amelancolia da trama. Koreeda trata aqui de vários temas: a solidão na grande cidade, a questão do abuso sexual contra as mulheres ( é notório que a sociedade japonesa é machista) e o amor do cineasta pelo cinema. Em uma cena ambientada na locadora, Koreeda mostra sua cinefilia, ao colocar personagens discutindo sobre filmes famosos. Ele discute também a perda da importância das locadoras, que sofrem com o avanço dos serviços de locadora online e da internet. Donna Bae, atriz sul-coreana, que trabalhou em "Lady vingança", "O hospedeiro" e o recente blockbuster "A viagem", está excelente no papel da boneca. O seu trabalho de corpo, aliado a uma performance muito complexa, dá total credibilidade ao personagem. Li num artigo que um dos motivos dela ter sido escolhida é que nenhuma atriz japonesa topou ficar exposta totalmente nua por boa parte do tempo da projeção. E que corpo lindo ela tem. É um filme muito triste, com personagens solitários, que enfatizam a tristeza de se morar numa grande metrópole, onde impera a falta de comunicação. O ponto negativo do filme é a sua longa duração: não existe história suficiente para preencher as suas 2 horas , daí boa parte é composta de cenas onde vemos a personagem perambulando pelas ruas, e também cenas repetitivas do dono dela interagindo com a boneca. Tivesse pelo menos 30 minutos a menos, teria se tornado um belo filme. Nota: 7

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Dance party, USA

de Aaron Katz (2006)
Imaginem um filme no formato do movimento Dogma, realizado por Gus Van sant ou Larry Clark, dois cineastas que falam a linguagem dos adolescentes. Pois é, assim é "Dance party, USA". O filme é um dos expoentes do movimento cinematográfico denominado "Mumblecore". Para quem não sabe, o movimento nasceu em 2002, entre um grupo de amigos cineastas americanos, que trabalhavam com o cinema independente. A diferença é que aqui, os amigos trabalham em conjunto, tanto na frente quanto atrás das câmeras, e o orçamento é ínfimo. Esse aqui por exemplo, custou U$ 3.000,00. Geralmente se utilizam de atores não profissionais, e os temas giram em torno da crise emocional dos jovens. No feriado de 4 de julho, um grupo de amigos vai comemorar em uma festa típica de adolescentes, onde rola muita droga, sexo e rock'n roll. Gus, um garoto que se vangloria de ser o comedor, conhece Jessica. Ambos são apáticos, não têm muito papo, mas sentem um clima entre eles. Gus confidencia um fato que rolou em seu passado, o que emciona Jessica. O filme é assim, extremamente simples, quase em estilo documental. A impressão que se dá é que o diretor ligou a c6amera e deixou gravando. Por isso a improvisação, as cenas longas, os silêncios. Gus e seu melhor amigo Bill parecem uma versão carne e osso de "Beavis and Butthead". Uma crítica interessante do filme é a total alienação dos jovens, que não conseguem segurar uma conversa com mais do que 5 palavras, e o total descaso com tudo o que os cerca. Um filme interessante, que exala frescor, apesar de não ter muito o que dizer. Mas a cena final, do casal tirando foto em uma lambe-lambe no parque de diversões, é um primor. Vale o filme todo. O elenco é convincente, nem parece que estão interpretando, tal o realismo das performances. Nota: 7

Jack e Diane- O amor é um monstro

"Jack and Diane- Love is a monster", de Bradley Rust Gray (2012)
Produção independente, rodado em NY, esse misto de drama, romance e fantasia tem como único ponto de interesse o trabalho das 2 jovens atrizes, Juno Temple ( "Killer Joe") e Riley Keough ("As garotas do rock"). Riley inclusive é neta de Elvis Presley. Juno interpreta Diane , uma jovem inglesa perambulando por NY, e que, num acaso do destino, conhece Jack. As duas se apaixonam, sendo que JAck é uma lésbica assumida e Diane está indecisa sobre o rumo que está tomando. O filme se divide nesse amor incerto, e paralelo, vemos que um "monstro" vai nascendo dentro de Diane. O diretor Bradley Rust Gray, que também escreveu o roteiro, quiz aqui fazer uma parábola sobre como um amor não consumado e conturbado pode afetar o metabolismo das pessoas. Mas infelizmente, não funcionou. Os efeitos são toscos , ele deveria ter limado totalmente essa parte fantástica da história e ter se atido apenas no drama das meninas. O filme não tem ritmo, é longo, interminável: quase 2 horas para uma chorumela de vai e vem. As cenas são longas, e parece que faltou um bom editor para cortar o tempo, pois fica um tempo morto muito grande onde nada acontece, e nem é poético, apenas chato. Uma pena, o filme poderia ter sido uma opção inteligente para a descoberta do amor entre pessoas do mesmo sexo. Para piorar a situação, o diretor conseguiu ir até Paris filmar umas cenas, mas tudo em planos fechados!!!!! E mais: Kylie Minogue faz uma ponta em uma cena, que não dura mais do que 5 minutos...e é uma cena absolutamente dispensavel. Será que é amiga do diretor??? Nota: 4

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Qual é o nome do bebê?

"Le prenóm", de Alexandre de La Patellière e Matthieu Delaporte (2012)
Grande sucesso de bilheteria na França, com mais de 3 milhões de espectadores, essa comédia dramática tem no seu roteiro e no seu elenco o seu grande potencial. A história gira em torno de um grupo de amigos: 2 casais e um solteiro. Um dos casais, professores, convidam os outros para comemorar a chegada do bebê de Vincent e Anna, que se conheceram por conta de um acidente de carro e se apaixonaram de cara. Vincent, um brinca;hão, resolve tirar onda com os amigos e diz a eles o nome que pensou para o filho que irá nascer. A escolha do nome provocará a ira dos amigos, e nesse jantar, muitas das mentiras do grupo vem à tona, botando em cheque a amizade de mais de 30 anos. Ótima atuação de todo o elenco, que brinca onde tem humor, e faz drama quando a coisa esquenta. O texto parece servir mais para um palco de teatro. O excesso de diálogos, e a locação única ( um apartamento) provoca uma irregularidade na dinâmica do filme, tornando algumas partes sem ritmo. O prólogo inciial, com o narrador apresentando os personagens, é sensacional, lembrando um pouco a linguagem de "Amelie Poulain". Os créditos finais também são um achado, com fotos de todo o elenco e equipe tecnica quando bebês. No mais, é curtir os bons diálogos, o bom humor e entrosamento do elenco , que parece ter se divertido muito com o filme. Um excelente exemplar de cinema comercial que agrada a todos pela sua inteligência. Nota: 7

Se o mundo fosse meu

"Were the world mine", de Tom Gustafson (2008)
Comédia romântica, fantasia e musical. Assim é "Se o mundo fosse meu", um filme que os produtores anunciam como um novo "Hedwig". Infelizmente, é um exagero. Enquanto "Hedwig" é carregado de emoção, excelente trilha sonora e um texto fantástico, aqui o que se vê, é o oposto disso tudo: um texto ingênuo, músicas chatas. Tom Gustafson escreveu, produziu e dirigiu o filme. Em uma cidade do interior dos EUA, um jovem gay, Timothy, se apaixona pelo jogador mais famoso do time da Universidade. Os alunos se inscrevem na peça "Sonhos de uma noite de verão", que a professora de artes está montando. Timothy, que sofre bullying, acidentalmente cria uma poção do amor, baseada no livro de Shakespeare, e faz com que toos os homofóbicos da cidade se apaixonem por pessoas do mesmo sexo. O filme parece uma versão estendida de um episódio de GLEE, mas sem o mesmo charme. Os personagen estão todos lá: professor de artes, terinador, diretor da escola, os alunos que sofrem, os que sacaneiam. O problema do roteiro é que a fantasia é mal encaixada na trama, fica muito fácil demais. A coreografia também não ajuda. Falta ritmo e dinâmica. Nota: 5

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Expedição Kon- tiki

de Joachim Rønning e Espen Sandberg (2012)
O candidato ao Oscar de filme estrangeiro pela Noruega é baseado em história real. Em 1947, o expedicionário norueguês Thor Heyerdal arquitetou uma viagem de balsa do Peru até as Ilhas da Polinésia, para provar que a região foi habitada pelos nativos do Peru, e não por asiáticos. Thor montou a balsa da mesma forma que os nativos a mais de 1500 anos atrás. Contra a opinião pública e estudiosos, que o acham louco, Thor consegue arregimentar 5 outras pessoas para seguirem com ele. Após 101 dias, ele conseguiu seu intento, lutando contra tubarões, baleias e tempestades em alto-mar. Thor registrou tudo com uma filmadora e montou um documentário, que ganhou o Oscar de documentário em 1951. Bom drama de ação e aventura, com ótimos efeitos especiais. Até agra nào sei como esse filme de médio orçamento conseguiu fazer as cenas com tubarões, junto do elenco. O filme tem aquele clima de filme meio Indiana Jones e Tin Tin: nostálgico, com aventureiros de mão cheia, destemidos. A produçao deve ter tido muito trabalho para fazer esse filme. Inclusive, a direção de arte, que reproduz Nova York dos anos 40, está fenomenal. O elenco é ótimo, capitaneado pelo norueguês Pål Sverre Valheim Hagen, ator do excelente "Águas turvas". Kon-tiki é o nome da balsa, e também, o nome que é dado ao Deus Sol. O filme nao é perfeito, mas entretém. Ganhar o Oscar é um exagero, mas mesmo assim, reserva um belíssimo plano, que abre e fecha o filme: em um plano único, vemos o protagonista caminhando do fundo do plano até primeiríssimo plano, sem cortes. "Kon-tiki" é o filme que "Xingu" deveria ter sido: narrando a obsessào de um personagem, dando motivações para ele largar família, amigos, uma vida acomodada, e seguir numa aventura arriscada, rumo ao desconhecido. Nota: 7

O amante da Rainha

"A royal affair", de Nikolaj Arcel (2012)
Produção Dinamarquesa, candidata ao Oscar de filme estrangeiro. Em 1766, uma jovem inglesa é enviada para a Dinamarca para se casar com o Rei Christian. O que Caroline não esperava, é que o rei tem postura infantil e age insanamente. Um dia, com o epodemia de varíola, um médico alemão, Struensee, é enviado para a Corte. Struensse tem ideais iluministas e convence o Rei a assinar leis que favorecem a democracia. O rei simpatiza com ele e o faz seu braço direito. O que ninguém esperava, é que o médico fosse se tornar o amante da Rainha. Bom drama histórico, vencedor de 2 prêmios em Berlin 2012: o de melhor ator, para Mikkel Boe Følsgaard, que interpreta o Rei Christian, e de melhor roteiro. MIkkel tem uma performance estupenda, muuito próxima ao de Tom Hulce em "Amadeus". O restante do elenco, formado por ótimos atores dinamarqueses, entre eles a Diva Trine Dyrholm ( Em um mundo melhor), conferem ao filme uma dignidade e peso dramático. A parte técnica, como não poderia deixar de ser, é impecável: fotografia, direção de arte, figurinos, etc. Mas como boa parte dos dramas históricos, ele tem os seus excessos: é muito longo. Em suas quase 2:20 hrs de duração, o filme lembra os novelões épicos, com suas intrigas, traições, vinganças, amores impossíveis. Para quem curte o gênero, um prato cheio. Para os espectadores em geral, um bom filme, que poderia ter sido melhor com meia hora a menos. Nota: 7

A feiticeira da guerra / Rebelde

"Rebelle / War witch", de Kim Nguyen ( 2012)
Candidato ao Oscar pelo Canadá, "Rebelde"é uma porrada. Vencedor no Festival de Berlin 2012 dos premios de melhor atriz para a novata Rachel Mwanza, na época com 12 anos, e de melhor filme do premio ecumênico. Mwanza interpreta Komona, uma menina de 12 anos,s equestrada por rebeldes de sua vila. Seus pais são assassinados, e ela precisa saber conviver com os guerrilheiros, até se tornar um de seus melhores soldados. Por conta de suas visões, que permitem locaclizar os soldados do exercito, ela é considerada a bruxa do grupo. Um jovem rebelde albino se apaixona por ela, e juntos fogem, sendo perseguidos pelo restante do grupo. Um filme comovente, que choca pela crueldade do cotidiano de um País da África, que arregimenta crianças para poderem se tornar criminosos. O filme é narrado de forma crua, realista, e se permite criar cenas de fantasia, quando Komona imagina os mortos como fantasmas. É um filme tenso, ao mesmo tempo amoroso, quando mostra a relação do casal apaixonado. O elenco é formado todo por não atores, inclusive Mwanza, que foi encontrada pelas ruas. É um trabalho extraordinario da jovem atriz, que com poucos diálogos e com muita força na sua performance dolorida, sensibiliza os espectadores. Não é um filme fácil de se ver: e violento, lento. Se reserva até a uma cena que lembra "Cidade de Deus", quando o jovem albino corre atrás de uma galinha. A trilha sonora é outro ponto alto do filme, um primor. Nota: 8