sábado, 30 de abril de 2022

Abercrombie & Fitch - Ascenção e queda


"White hot- Abercrombie an Ficth- Rise and fall", de Alison Klayman (2022)

Curioso documentário que tem como tema a famosa rede de roupas "Abercrombie and Ficth, que por muitas décadas foi a marca preferida da comunidade gay e de jovens descolados. Cara, a marca era uma mistura, segundo um dos ex-funcionários da empresa, entre a sensualidade e erotismo de uma Calvin Klein com o estilo informal mas estiloso de uma Tommy Hilfigger. Criada em 1892, a marca era uma mistura entre venda de roupas, livros e equipamentos. No início dos anos 90, o CEO Mike Jeffries reinventou a marca e bem rápido ela se tornou uma febre, se tornando a queridinha entre jovens americanos. Longas filas se formavam em frente a suas lojas, onde haviam dois rapazes semi-nus recebendo a clientela. Mike se tornou milionário com uma nova proposta para a marca e nos anos 2000 passou a sentir o impacto de sua política excludente de funcionários e de atendimento a clientes. Segundo Mike, existem numa universidade 2 tipos de pessoas: as populares e as não populares, e ele deixou claro que a marca só interessava aos populares e que ele assumia ser excludente. Os funcionários tinham que ser bonitos e brancos, corpos definidos. Os asiáticos e negros ficavam nos fundos ou no estoque, longe do público. Um protesto asiático contra uma linha de t shirts que faziam racismo asiático viralizou, assim como uma entrevista de Mike assumindo a exclusão. Para piorar a situação da empresa, o mega fotógrafo Bruce Weber que inventou o estilo das campanhas da Abercrombie, foi acusado por centenas de modelos masculinos de assédio sexual. Em 2013, Mike pediu demissão e a partir dai, a marca já tem uma política de diversidade e inclusão para funcionários.
 

Rumspringa


 "Rumspringa", de Mira Thiel (2022)Dirigido e co-escrito pela cineasta alemã Mira Thiel, "Rumspringa" é um drama coming of age e fell good movie alemão. O filme traz algumas doses de comédia e romance para falar do contraste entre a juventude Amish e a da cidade grande. Todo mundo foi introduzido às comunidades Amish por causa do clássico "A testemunha", com Harrison Ford, onde ele interpreta um policial que se infiltra na comunidade Amish. Os Amish são religiosos radicais que lêem a bíblia o dia todo e se recusam à usar da tecnologia. O Rumspringa é uma tradição Amish onde o jovem da faixa dos 16 aos 22 anos têm a oportunidade de viver na cidade grande e vivenciar o que ela oferece e aí decidir se quer continuar sendo um Amish, e aí será rebatizado, ou se prefere viver a vida da cidade civilizada e abandonar a religião.

Jacob chega aos 16 anos e decide viver um período em Berlin com o seu tio e assim, sai da comunidade Amish e pega um avião. Ao chegar em Berlin, a sua bolsa vai por engano em um táxi e ele acaba ficando sem documentos nem dinheiro. Ele avista um jovem ALf, que é barbudo e se veste como um Amish e acredita que ele seja da comunidade, mas não, Alf é um artista plástico que acaba hospedando Jacob em sua casa após ele sofrer um acidente. Entre os dois cresce uma enorme amizade e a cada dia de convivência, Jacob vai ficando distante de sua religião.
Um filme repleto de mensagens sobre aceitação, "Rumspringa- um Amish em Berlin" se ressente de um roteiro que se aprofunde mais nos protagonistas, e cria muitas situações inverossímeis apenas para facilitar a vida dos personagens. É um filme correto, mas que não encanta. O filme corre o risco de ridicularizar a religião Amis, mas o cuidado da diretora faz com que fique apenas em um limite. Os atores são simpáticos, e o filme vale como curiosidade para mostrar uma Berlin moderna pelo ponto de vista de personagens jovens envolvidos com artes plásticas.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Grécia, meu amor


 


“Die lady”, de Hans Albin e Peter Berneis (1964)
Drama sexploitation co-produzido por Alemanha e França, é protagonizado pela grande estrela de Ingmar Bergman, Ingrid Thulin, a atriz sueca que encantou o mundo com “Morangos silvestres”. Nesse filme lançado em 1964, a história gira em torno de um casal elegante e rico, ele embaixador sueco trabalhando em Atenas.
Nadine (Ingrid Thulin) e Elliot (Paul Habschmidt) formam um belo e feliz casal aos olhos dos outros. Mas internamente, eles buscam amantes e aventuras. Elliot tem como amante o seu secretário grego, o belo Martin (Bernard Verlay). Sentindo-se colocada de lado, Nadine decide se jogar na noite de Atenas e vai parar em um bordel, onde se apaixona pelo bronco e machão Nikos, irmão da prostituta Elektra, que por sua vez, é apaixonada por um cafetão a quem ela dá todo o dinheiro.
Uma história ousada para a época, vendida para o mundo como um filme erótico, repleto de erotismo soft e muitas cenas de mulheres em lingerie, que deve te sido um escândalo para o início dos anos 60. Mas é um filme vagabundo e com diálogos fracos, e talvez por isso mesmo, deliciosamente Kitsch. Ver uma atriz como Ingrid Thulin, que viria a trabalhar com grandes cineastas como Alain Resnais, além de Bergman, protagonizar um filme tão obscuro, faz o espectador acreditar que a maravilha do cinema é justamente a surpresa e o imprevisível.

Shepherd


 “Shepherd”, de Russel Owen (2021)

Drama de terror sobrenatural inglês, o filme parte da clássica história de luto onde o protagonista se isola do mundo e passa a sofrer alucinações.

Eric Black (Tom Hughes) é viúvo. Sua esposa Rachel morreu em um acidente quando o carro dela caiu em um penhasco. Rachel foi acusada de ser adúltera, e as pessoas acreditam que ela se matou após se sentir culpada. Eric está em luto, e decide aceitar um emprego em uma ilha remota para cuidar de ovelhas. Antes de partir, ele vai falar com sua mãe, Glenys (Greta Scacchi), uma mulher que culpa o filho por ter abandonado os pais ao se casar com Rachel e provocando a morte do pai, de desgosto. Na ilha, Eric vai com seu cachorro, mas passa a ter alucinações sobre uma bruxa que mora na região.
Um filme com roteiro confuso, uma tentativa de fazer filme de fantasmas vingativos. O desfecho é mal construído, e o ritmo do filme é lento e cansativo. O que vale é a performance de Tom Hughes, fazendo bem o marido atormentado, e as belas paisagens rodadas na Escócia.


quinta-feira, 28 de abril de 2022

Irma Vep


 "Irma Vep", de Olivier Assayas (1996)

Exibido no Festival de Cannes em 1996, "Irma Vep" ( um anagrama de vampire) é a primeira parceria de Olivier Assayas com a atriz de Hong Kong Maggie Cheung, com quem viria a se casar entre 1998 a 20021. Depois repetiram a parceria no excelente "Clean", de onde Cheung arrematou a Palma de ouro de melhor atriz.

"Irma Vep" é um filme dentro de um filme, uma narrativa toda metalinguística onde o foco é o próprio cinema.
O filme segue Cheung no set de "Irma Vep", um remake problemático de Les Vampires, seriado francês silencioso de 1916 de Louis Feuillade e agora dirigido por René Vidal (Jean-Pierre Léaud), um elogiado cineasta francês da Nouvelle vague. e que não conseguiu se conectar aos novos tempos. René ganha inimizade de toda a equipe técnica, que acredita que ele já está velho para dirigir. A relação de René e Maggie Cheung ( ela interpreta a si mesma) também não é das melhores. Problemas de orçamento começam a surgir, o que interfere na relação de todos. .
O filme lembra bastante "A noite americana", de Truffaut ( e Jean Pierre Leaud é o protagonista de ambos os filmes). Mas Olivier acaba se tornando bastante pretensioso, misturando um filme realista que em determinados momentos abraça o surrealismo ou algo complexo que fica aberto a interpretações. O desfecho é bastante confuso. O que faz o espectador ficar atento ao filme, é o belo trabalho de Cheung, uma atriz linda, inteligente e emblemática em cena, e a homenagem ao cinema.

Nunca fomos tão modernos


 "Nunca fomos tão modernos", de Alexadre e Guga Coelho Moretzhon (2021)

O maior legado dessa comédia romântica escrita e dirigida em família é a de ser provavelmente a última produção de cinema a ter rodado nas dependências do Museu Nacional da UFRJ na Quinta da Boa Vista, antes de pegar fogo e destruir tudo em 2018. O filme tem argumento de Ana Maria Moretzhon, mão de Alexandre e Guga, esse último, também protagonista do filme.

Santiago (Guga Coelho) é casado com Marina (Leticia Spiller), uma restauradora que trabalha no Museu Nacional com peças antigas. O casamento deles não estão nas melhores condições, muito por conta da rotina e situação financeira. Mas, tentando reaproximar do marido, Marina decide usar o melhor amigo, Argeu (Dudu Azevedo), para causar ciúmes Em Santiago.
O roteiro se apropria de todos os clichês de amigo gay que provoca ciúmes no marido. Santiago é retratado de forma irritante, e o espectador fica pensando porquê uma mulher tão talentosa e bacana como Marina está casada com ele. Daí, vem a máxima "O coração tem razões que a razão desconhece". Só assim para apreciar esse filme realizado a duras penas, com orçamento hiper mega reduzido, visível na qualidade técnica do filme. Mas é um filme que, mesmo com problemas orçamentários, foi realizado entre amigos, na frente e atrás das câmeras, o que é um grande feito para uma indústria que pena tanto para se manter na ativa.

Silverton- Cerco fechado


 "Silverton siege", de Mandla Dube (2022)

"Se nossa vida não vale nada, vamos negociar por uma que vale muito". Longa de estréia do cineasta sul africano Mandla Dube, 'Silverton- cerco fechado" é baseado em trágica história real, ocorrida em 25 de janeiro de 1980. No auge do Apartheid na África do Sul, em um país dividido entre brancos e negros, os três amigos Mbali Terra Mabunda, Aldo Erasmus e Masego (nomes fictícios) desencadearam acidentalmente o “Movimento Livre Nelson Mandela”. que viria a libertar Nelson Mandela, que estava preso, no dia 11 de fevereiro de 1980, vindo a se tornar o primeiro presidente negro da África do Sul.

Em 25 de janeiro, eo trio planejou implantar explosivos no depósito de petróleo Seahorse e queimar o maior número possível de tanques de combustível, como forma de sabotar o governo, mas alguém do grupo os denunciou à polícia, que os caça. O trio foge e se refugia em um banco, mantendo todos os que estão lá dentro como reféns.
Com uma estrutura muito semelhante a qualquer filme de assalto à banco, como "Um dia de cão" , o filme tem como seu maior chamariz o pano de fundo histórico. O que diferencia esse assalto ao banco de outros filmes é a motivação, pois aqui eles não querem dinheiro. O filme cria sub-plots e personagens para se discutir o racismo, e assim trazer a sua mensagem ao espectador. Ótimas cenas de ação e muito bons atores garantem a qualidade do filme.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Tudo o que você queria saber sobre atores pornôs gays mas tinha medo de perguntar


 "Everything you wanted to know about porn gay stars but were afraid to ask", de John Roecker (2008)

Ótimo documentário independente americano, traz depoimentos de 16 astros pornôs gays, entre eles, Beau Benton, Johnny Hazzard, Jason Ridge, Jeremy Jordan, Jason Hawke e Harlow Cuadra. O filme entrevista os atores em momentos de descontração , fora do set de filmagens, enquanto aguardam gravar cenas. Quando mostra a filmagem de cenas de sexo, o filme não mostra cenas explícitas ou coloca tarja de proteção. Abrindo seus corações, os entrevistados falam sobre todos os temas, o que torna esse filme um excelente material de laboratório para criação de personagens que sejam garotos de programa ou atores pornôs. Saída do armário, o não conhecimento da família sobre a profissão, namoros, drogas, vergonha, se as cenas de sexo envolvem interpretação ou se fazem sentindo emoção, prostituição, como foram criados os nomes artísticos, como entraram no mercado pornográfico, como fazer quando passam cheque, etc. O último ato reserva um capítulo à parte, apresentando o caso policial que abalou os Estados Unidos envolvendo um dos enteevistados, Harlow Cuadra: Ele foi considerado culpado pela morte bárbara do produtor da Cobra Video, Bryan Kocis, 44, que levou 28 perfurações, teve a garganta cortada e a casa incendiada em janeiro de 2007. O motivo do crime foi a disputa pelo passe do ator pornô Brent Corrigan, 22, lolito que se parece com Zac Efron, astro de High School Musical. Essa história já foi levada às telas em diversas produções, sendo a última estrelada por James Franco.

La abuela


 "La abuela", de Paco Plaza (2021)

O cineasta espanhol Paco Plza ficou famoso mundialmente por duas franquias de terror : "Rec e "Veronica", ambas de bastante sucesso. Agora com "La abuela", Plaza traz novamente o terror mas agora na esfera familiar, na relação entre uma neta e sua avó.

O grande problema do filme e o seu prólogo, que já é um grande spoiler do que veremos a seguir e deixando claro que estaremos vendo uma mistura de "Corra! com 'A chave mestra". Susana (Almudena Amor) é uma modelo de 24 anos morando em Paris. Ela recebe uma ligação de que sua avó Pilar (Vera Valdez) sofreu um derrame. Confrontada entre os deveres profissionais e de ser a única familiar viva de Pilar, Susana decide ir cuidar da avó. Mas ao coloca-la em um asilo, ela vê na tv que o local pegou fogo, e o apartamento da avó onde ela se hospeda esconde segredos terríveis.
O filme entretém, mas de novo, por conta de seu prólogo, qualquer surpresa foi abatida. Fica então a boa performance das atrizes e a direção elegante de Plaza, que permite criar uma ótima amosfera de terror sombrio dentro de um apartamento, qual "O bebê de Rosemary repleto de claustrofobia.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Mr deer


 "Mr deer", de Mojtaba Mousavi (2018)

Premiado curta iraniano realizado em stop motion, dirigido e escrito por Mojtaba Mousavi. O filme foi concebido por Mojtaba Mousavi através de suas impressões que teve ao viajar de metrô na Rússia e também com um acidente que aconteceu em uma estação de metrô em Teerã. Impressionado com a falta de compaixão e humanidade entre as pessoas que frequentam o metrô, Mousavi cria um microcosmo distópico, onde o mundo é habitado por animais antropomórficos que tem o vagão do metrô como um elemento de sobrevivência. Entre assaltantes, assediadores, um padre mal humorado e outras personalidades que representam a frieza da humanidade, um cervo resolve ajudar algumas pessoas, mas é incompreendido pelos outros.

Com uma pegada simbólica e experimental, o filme tem um roteiro às vezes confuso em suas intenções, mas a qualidade técnica e a excelência da animação acabam chamando a atenção do espectador. Impressiona também o uso de uma trilha sonora mais apropriada a um filme de terror, que intensifica a atmosfera de pesadelo do filme.

Aquele que sabe viver


 "Il sorpasso", de Dino Risi (1962)

O cineasta italiano DIno Risi dirigiu dezenas de filmes em sua carreira, tendo realizado diversas obras-primas do cinema, como "Perfume de mulher" e "Aquele que sabe viver".

Nesse premiado filme de 1962, Risi escala dois grandes astros do cinema, Vittorio Gassman e o francês Jean Louis Trintignant, para contar a história trágica e divertida de uma amizade incomum entre dois homens que se conhecem em uma manhã do feriado nacional italiano Ferragosto. Bruno (Gassman) é um homem que perambula com o seu potente carro Lancia Aurelia B24 pelas ruas de Roma, mas por conta do feriado,e stá tudo fechado. Ele quer cigarros e uma bebida, além de um telefone para ligar para uma das tantas jovens que ele paquera. Ele acaba encontrando uma pessoa em uma janela: é Roberto (Trintignant), um estudante de direito tímido que acaba emprestando seu telefone. Mas Bruno decide convidar Roberto para sair de carro com ele com destino até uma cidade distante. Roberto acaba sendo pressionado e vai. No caminho, eles encontram muitos personagens, e essa liberdade faz com que Roberto se abra para uma vida que ele jamais imaginaria viver intensamente em tão pouco tempo.
O final certamente e um dos mais imprevisíveis e tristes do cinema. O título original, Il sorpasso", significa "Ultrapassagem", que pode ser entendido de forma realista ou simbólica. Com uma bela fotografia em preto e branco, o filme é um dos grandes clssicos do cinema, com uma história que influenciou muitos filmes road movies, entre eles, 'Easy rider'.

domingo, 24 de abril de 2022

Maré alta


 "Marea alta", de Veronica Chen (2020)

Drama de suspense psicológico argentino, "Maré alta" foi escrito e dirigido por Veronica Chen e concorreu em importantes Festivais, como Sundance e Sitges. O filme traz referências aos cinemas violentos e frios de Michael Haneke e o mexicano Michel Franco. É uma obra que vai criando uma atmosfera de tensão, e totalmente imprevisível.

Uma mulher de meia idade, Laura (Gloria Carrá) é uma editora casada. Ela veio cuidar da casa de campo da família, enquanto o marido está fora à trabalho. O casal contratou um trio de operários para construir uma churrasqueira nos fundos da casa. O chefe da obra, Weisman (Jorge Sesán), em uma noite de bebedeira de Laura a seduz e acabam transando. No dia seguinte, Weisman volta para casa e deixa os dois operários tomando conta da obra, cientes de que o chefe fez sexo com a patroa. A partir daí, os homens se vêem no direito de invadir a casa de Laura e a assediar. irritada, Laura liga para Weisman, mas ele não atende.
Toto (Cristian Salguero) e Hueso (Hector Bordoni) fazem os dois assustadores empregados. Veronica Chen lida com os estereótipos: os dois homens são indígenas e iletrados e por isso mostrados como ameaçadores. Assim como nos filmes de Franco e Haneke, a condição social é imperativa na construção da tensão. Ricos que maltratam os pobres e daí resolvem se vingar. o final de fato é inesperado, e a construção da personagem de Laura, em performance complexa de Gloria Carrá, é brutal.

O planeta dos vampiros


 "Terrore nelli spazio", de Mario Bava (1965)

Um super clássico do cinema B e trash dos anos 60, "O planeta dos vampiros" foi uma inspiração não creditada para 'Alien, o 8o passageiro", de Ridley Scott. As coincidências são muitas, mesmo os produtores dizendo que não assistiram ao filme de Bava.

O filme é baseado na história “One Night of 21 Hours”, de Renato Pestriniero, publicada na revista “Interplanet” # 3. O filme acompanha duas naves espaciais, Argos e Galliot, em missão rumo ao planeta Aura, para investigar misteriosos sinais eletrônicos que indicavam serem emitidos por alguma raça alienígena inteligente. Porém, chegando ao planeta, numa aterrissagem turbulenta, a tripulação da Argos sofre um ataque temporário de loucura e violência, com os astronautas tentando matar uns aos outros.
Impossível não comentar a presença de Norma Bengell no filme, interpretando a protagonista feminina, a tripulante Sanya. Bengell quando lançou "O pagador de promessas" no Festival de Cannes foi uma enorme sensação, e foi apresentando ao mega produtor italiano Dino de Laurentiis. Ela rodou 14 filmes estrangeiros.
O filme tem um visual mega Kitsch, todo rodado em cenários fakes e com figurinos divertidos. Tudo no filme é uma delícia: os diálogos toscos, as atuações ruins, os efeitos bregas. Mas para quem ama um trash e B, é imperdível.

Diabolik


 "Diabolik", de Antonio Manetti e Marco Manetti (2020)

A única forma de se assistir a esse esperado e também criticado remake da adaptação dos quadrinhos escritos pelas irmãs Giussani, é não o comparando com o filme original de 1968, um clássico cult dirigido pelo mestre italiano Mario Bava. Se comparado, essa versão dos irmãos Mannetti perde e muito, tanto na narrativa, quanto na estética e carisma dos personagens.

Nos anos 60, na cidade de Clerville, o lendário ladrão Diabolik planeja seu próximo assalto: roubar um diamante valioso da herdeira Eva Kant, que está namorando o vice-ministro da Justiça, Giorgio Caron. Usando uma de suas máscaras para se passar por seu inimigo, o inspetor Ginko , Diabolik engana Eva para que ela revele em qual hotel ela ficará hospedada. Ele faz outra máscara para se passar por um dos garçons designados para o quarto dela e rapidamente localiza o cofre escondido onde o diamante é guardado. No entanto, ao ver Eva, ele se apaixona por ela.
O filme apresenta o encontro entre Diabolik e a sua futura amante Eva Kant (No filme de Bava, eles já se conheciam e eram parceiros do crime). Diabolik é interpretado pelo galã Lucas Marinelli, e Eva Kant, a Miss Itália 2008 Miriam Leone. Ambos os astros são belíssimos e lindos de ver em cena. Mas as performances ficam aquém do esperado. estranhamente, a direção de atores os deixa frios, sem emoção, caricatos. Diabolik também é apresentado de uma forma estranha para mim: ele aqui mata inocentes ( como garçon do início do filme), o que me tirou o carisma do personagem, até então apresentado como um ladrão charmoso. A duração do filme também incomoda: 133 minutos, que parecem muito mais, por conta de seu ritmo muito lento para um filme de ação. O que vale mesmo é a parte técnica e as belas locações onde foram rodados o filme, além do charme vintage e retrô que infelizmente, não fizeram o filme decolar.

Romeu e Julieta


 "Romeo and Juliet", de Simon Godwin (2021)

Primeira incursão cinematográfica da mundialmente conhecida National theatre de Londres. A National Theatre é uma das três companhias de teatro mais importantes do Reino Unido, ao lado da Royal Shakespeare Company e da Royal Opera House. Localizada em Londres, foi criada em 1963 e seu primeiro diretor foi Laurence Olivier.

A versão de SImon Godwin para 'Romeu e Julieta" a ser apresentada no National theatre com os astros John O'connor e Jessie Buckler, dois dos melhores atores jovens da Inglaterra, teve a sua temporada suspensa por conta da pandemia da Covid. Mas a CIA decidiu algo inédito: encenarem o espetáculo para um teatro vazio e, durante 17 dias, filmá-lo para as telas do cinema. O resultado e um filme ousado, metalinguístico, todo encenado nos palcos, com criativa direção de arte, fotografia e uso de câmeras sempre em movimento.
O filme é pop assim como a versão de Barz Luhman, com trilha sonora eletrônica, e ambientação transposta para os dias de hoje. Mas aqui a encenação é teatral com linguagem de cinema. Os dois atores principais estão sensacionais, e o diretor consegue imprimir uma dinâmica que o faça ser apreciado como filme, e não como teatro filmado. Um filme ousado e que pode não agradar a todos, mas apreciar a performance de jovens atores ingleses declamando a difícil verbalização do texto de Shakespeare, é um bálsamo.

sábado, 23 de abril de 2022

Ponto de inflexão


 "La svolta", de Riccardo Antonaroli (2022)

Bom drama italiano que traz elementos de humor e policial, através de mafiosos que ameaçam os protagonistas. O filme traz uma linda amizade improvável entre dois rapazes que não se conhecem, e é o que os americanos chamam de "Broderhood", ou brodagem, que vai além da questão sexual. Ludovico (Brando Pacitto) é um rapaz na faixa dos 20 anos, depressivo e de baixa auto-estima, que mora sozinho no apartamento que pertenceu à sua avó. Ele sonha em ser quadrinista, mas seu pai, sempre que aparece ali, o pressiona para que ele toma rédea de sua vida. Uma noite, ao colocar o lixo na rua, ele é ameaçado pelo ladrão Jack (Andrea Lattanzi), que está sendo perseguido pela máfia por ter roubado uma mala contendo muito dinheiro. Jack se esconde no apartamento de Ludovico, e a estranheza do início vai se transformando em uma amizade, tendo Jack como um irmão maior de Ludovico e o ensinando a encarar as dificuldades da vida, entre elas, se declarar para uma vizinha que ele ama platonicamente. Mas a máfia descobre onde Jack está escondido e vai ao seu encalço.

Com ótimas performances, o filme é divertido e tem cenas violentas, bem ao estilo Tarantino. Mas o desfecho me deixou muito irritado, e acredito que a muitas pessoas.

Lorca, morte de um Poeta


 "Lorca, muerte de un Poeta", de Juan Antonio Bardem (1987) Cinebiografia do poeta, escritor, ator e diretor teatral espanhol Federico Garcia Lorca, com quase 6 horas de duração. Essa ambiciosa produção cobre toda a vida de Lorca, desde sua fase como criança na cidade de Funta Vaqueros, aonde nasceu em 5 de junho em 1898. Já adulto, aos 21 anos (Nickolas Grace é o ator que o interpreta até o final), Lorca, influenciado por Fernando de los Rios, que via nele um grande artista, Lorca se mudou para Madri e se instalou na famosa casa do estudante, onde viria a conhecer e ser amigo de Luís Bunuel e de Salvador Dali. O filme acompanha a amizade dos três, a paixão entre Lorca e Dali, a viagem dele para Nova York, seu retorno para a Espanha, já como escritor e diretor de teatro. Pelo seu envolvimento com socialistas, Lorca foi preso pela milícia nacionalista e fuzilado em 19 de agosto de 1936.

Um projeto ambicioso, alternado com imagens de época, "Lorca" é um filme correto, acadêmico. Faltou mais vigor e criatividade para contar a história de 3 artistas que revolucionaram o século XX em seus primórdios, mudando para sempre a história da arte, cinema e literatura.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Você não ficará sozinha


 "You won't be alone", de Goran Stolevski (2022)

Imagine um filme de Terrence Malick, com os planos exuberantes rodados em grande angular, com a narração em off desfilando frases de efeito sobre existencialismo e filosofia, e uma fotografia ( de Matthew Chuang) explorando as belas paisagens da Macedônia rural?

Agora imagine esse filme sendo um filme de terror, e você terá "Você não ficará sozinha", onde obviamente todo cinéfilo se lembrará imediatamente de "A bruxa", o cult folk horror de Robert Eggars.
Exibido com grande sucesso no Festival de Sundance, o filme se ambienta no século 19 na Macedônia. Uma mulher é procurada por uma bruxa, Maria (Anamaria Marinca, “4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias”) que deseja a sua filha recém nascida. A mulher propõe à bruxa que entregará a sua filha quando ela tiver 16 anos. Traindo a bruxa, a mulher esconde a menina em uma cova, e ali, a cria por 16 anos, até que a bruxa volta e sequestra a menina, criando como se fosse sua filha, e fazendo-a se tornar uma bruxa. Ao matar acidentalmente uma camponesa, Bosilka (Noome Rapace), a jovem bruxa se transforma nela, e ela descobre que pode se tornar a outra pessoa que ela mata. Assim, a jovem bruxa se transforma em homens, mulheres e animais, e em busca de sua humanização.
Um filme extravagante, sem diálogos, todo narrado, e ao mesmo tempo, criativo, original, um olhar fascinante sobre as bruxas. Mas é um filme para cinéfilos, pois tem um ritmo bastante lento e um tratamento todo artístico, mesmo tendo cenas bastante violentas.
O filme é uma grande metáfora sobre a humanização, sobre abandonar o ninho familiar e as suas consequências do processo de amadurecimento. Quase um conto de fadas macabro, "essa estréia promete nos apresentar um futuro grande cineasta.

Ambulância


 "Ambulance", de Michael Bay (2022)

Co-escrito e dirigido pelo Mestre dos filmes de ação Michael Bay, mas trazendo uma história mega genérica e já vista em outros filmes, com o tema do homem desempregado e endividado que precisa internar um filho no hospital mas não tem dinheiro. Por conta disso, e para salvar a família, ele decide entrar no mundo do crime para ganhar um dinheiro do assalto ao banco. Mas claro, as coisas dão erradas e a partir daí, é lutar pela sua sobrevivência e a de reféns de uma ambulância sequestrada.

O anti-herói desesperado é interpretado pelo ator Yahya Abdul-Mateen II, no papel de Will, e o vilão é Jake Gyllanhall, no papel de Danny. Ambos são irmãos adotivos. A enfermeira sequestrada é Eiza González, no papel de Cam Thompson. Bay inclui diversidade no elenco, trazendo negros e latinos em papéis principais.
O filme é óbvio e é fácil adivinhar o desfecho. Para quem curte cenas de perseguição e tiroteios, vale assistir a esse pipocão com um tema social como pano de fundo, criticando o sistema de saúde nos Eua.

Good life


 "Good life", de Bonnie Rodini (2021)

Exibido em diversos Festivais de cinema, "Good life" é uma co-produção África do Sul e Grécia e filmada em Cape Town e Grécia. Escrito e dirigido por

Bonnie Rodini em seu longa de estréia, levemente inspirado em sua vida. O filme é um simpático e fofo Feel good movie, que lembra bastante o clássico 'Shirley Valentine".
Olive Papadopoulous (Erica Wessels), é uma mulher de trinta e poucos anos com o coração partido depois da separação. Ela é dentista e sua mãe fica pressionando ara ela arranjar um novo companheiro. Olive para uma pequena cidade na Grécia, ela se vê ainda mais infeliz graças à hostilidade dos moradores – seu pai tem história mal resolvida na localidade- até que ela contrata um refugiado albanês de 7 anos, Jet (iCaleb Payne) como seu guia e negociador. Em pouco tempo, Jet se torna seu amigo também, ensinando Olive a viver uma “boa vida”.
Amparado por ótimas performances, principalmente da protagonista e do menino mega fofo, "Good life" traz lindas locações de Cape Town e da cidade da Grécia, com um elenco de apoio divertido e que lembra filmes como "Chocolate", quando toda a população se volta contra a protagonista.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Leia entre as linhas


 "Read between the lines", de Adante Watts (2022)

Divertido e simpático curta LGBTQIAP+ baseado na história do próprio diretor e roteirista, Adante Watts. Dois amigos estão em uma biblioteca pública, Nicholas e Amari. Nicholas frequenta o local há duas semanas: ele está apaixonado pelo funcionário, Milo. Mas Amari diz que Nicholas não faz idéia nem se o funcionário é gay, e a única forma de saber é ser cara de pau e investir numa aproximação.

Simples, mas efetivo e bastante carismático, é um filme que aposta no amor, sem segundas intenções. Um raro filme gay de fato romântico e fofo. Os atores são bons e ajudam a dar uma atmosfera simpática.

A cidade perdida


 "The lost city", de Aaron Nee e Adam Nee (2022)

A mídia inteira anunciou na época do lançamento do filme de que esse seria o último filme da estrela Sandra Bullock. Mas a própria se pronunciou dizendo que a "aposentadoria" era por um tempo, para que ela pudesse criar suas filhas de 11 e 8 anos e aproveitar melhor a família. "A cidade perdida" é uma comédia de aventura romântica que pega emprestado grandes filmes muito parecidos: 'Uma aventura na África", "Os caçadores de arca perdida", "Jungle cruise", "Tudo por uma esmeralda". Mas aonde o filme modifica, é na construção do protagonista masculino. Ao invés dps tipos broncos e misógenos de outrora, o personagem Alan, interpretado por Channing Tatum, é divertido, carinhoso, amigável, companheiro.

Loretta Sage (Sandra Bullock), é uma autora de baixa auto-estima que escreve romances de aventura centrados em torno de um herói fictício chamado Dash McMahon, que é retratado pelo modelo Alan (Tatum). Sua editora, Beth (Da'Vine Joy Randolph, hilária), insiste que ela deve embarcar em uma turnê do livro com Alan para promover seu último trabalho. Durante a coletiva, o público só quer saber de Dash, sex symbol. Loreta fica chateada.
Ela acaba sendo sequestrada pelo bilionário Abigail Fairfax (Daniel Radcliff). Ele percebe que Loretta baseou seus livros em pesquisas históricas reais que ela fez com seu falecido marido arqueólogo. Fairfax descobriu uma cidade perdida em uma remota ilha do Atlântico e está convencido de que esta é a localização da "Coroa de Fogo", um tesouro inestimável.
Mesmo sendo o mais do mesmo, o filme diverte, principalmente pela excelente química entre Bullock e Tatum. Sandra é das melhores comediantes do cinema e Tatum prova que segue o mesmo caminho que Ryan Reynolds, o galã que todos amam torcer a favor. O filme é longo, tivesse 20 minutos a menos seria muito mais dinâmico e divertido.

Kicking blood


 "Kicking blood", de Blaine Thurier (2021)

Exibido no Festival de Toronto, o filme de terror e romance "Kicking blood" tem muito de 'Crespúsculo" e "Entrevista com o vampiro", principalmente quando se mistura sangue e amor. Produção canadense co-escrita e dirigida por Blaine Thurier, o filme é um interessante drama de uma vampira que se apaixona por um jovem alcóolatra e que por isso, decide abandonar o seu apetite por sangue humano, o que a deixa fraca. Anna (Alanna Bale) passa seu tempo trabalhando em uma biblioteca e caçando humanos em busca de comida com seus companheiros vampiros Boris (Benjamin Sutherland) e Nina (Ella Jonas Farlinger). Um dia ela encontra o alcoólatra Robbie (Luke Bilyk) na rua e concorda em deixá-lo ficar em sua casa para que ele possa ficar sóbrio e mudar sua vida. Estranhamente atraída por ele, Anna é inspirada pelas tentativas de sobriedade de Robbie e decide tentar largar de beber sangue em uma tentativa de recuperar sua humanidade.

O filme não traz novidades ao gênero e ao tema, mas é bem defendido pelo carisma dos atores principais, que têm boa química e a gente torce por eles. Um filme baixo orçamento, mas com boa direção e boa fotografia.

Princesa Yakuza


 "Yakuza princess", de Vicente Amorim (2021)

Segunda adaptação do cineasta brasileiro Vicente Amorim de graphic Novel do artista Danilo Beyruth. Em 2018 ele adaptou "Motorrad", e agora, "Samurai shindô", aqui chamado de "Princesa Yakuza".

O filme traz a mitologia dos Yakuzas para a grande metrópole de São Paulo capital, onde existe a maior comunidade de japoneses fora do Japão. Ali se encontra Akemi (Masumi), uma jovem descendente de japoneses que vê surgir em seu caminho um estranho homem sem memória, Shiro (Jonathan Rhys Meyers), e passa a ser perseguida pelos yakuzas. Akemi se une a SHiro para tentar descobrir os segredos de seu passado, até que esbarra no assassino da Yakuza Takeshi (Tsuyoshi Ihara).
Depois de "Kill Bill", de Tarantino, e dos filmes de Taksehi Kitano, todos os filmes posteriores sobre a Yakuza foram obrigados a trazer elementos estilizados na fotografia, além de uma fotografia que favoreça os neons e a noite, e um ritmo bastante acelerado para se contar histórias sobre honra e traição. Para quem curte filmes de ação, "Princesa Yakuza" é uma boa pedida, com uma história repleta de reviravoltas. Muito bom ver atores brasileiros e asiáticos escalados em produção internacional.

Perigo: Diabolik


 "Diabolik", de Mario Bava (1968)

Um dos maiores cults de filmes de ação do cinema, "Perigo: Diabolik" foi inspiração para muitos filmes que revisitaram os anos 60, copiando seu estilo narrativo, figurino, montagem, fotografia em technicolor, como a série "Austin Powers". O filme é uma adaptação filmada em 1968 pelo Mestre do cinema italiano Mario Bava, baseado nos famosos quadrinhos italianos criados pelas irmãs Angela e Luciana Giussani em 1962, e que rendeu mais de 800 quadrinhos, inaugurando o gênero "Furnetti", quadrinhos em formato de bolso com histórias policiais.

Para muitos críticos, o filme é a melhor adaptação já feita de quadrinhos. Além de MArio Bava, o filme tem no seu elenco e equipe outros grandes Mestres do cinema: a trilha sonora é de Ennio Morricone, e a música tema "Deep down" é uma verdadeira jóia; os astros Michel Piccoli, como o inspetor Gorki, que vai atrás do ladrão charmoso Diabolik (John Philip Law, protagonista com Jane Fonda de "Barbarella"); o super produtor DIno de Laurentiis, e a grande italiana Marisa Mell, atriz austríaca e dona de uma beleza espetacular, no papel de Eva, eterna parceria do crime e do amor de Diabolik.
A história é simples e certamente muito do filme Mario Bava deve à série de Batman, de onde pega emprestado toda a narrativa pop, e do filme de Hitchcock, 'Ladrão de casaca". Diabolik é um ladrão perseguido pela polícia e por vilões que querem roubar os tesouros que ele rouba. Diabolik conta com a ajuda de Eva.
O filme tem figurinos incríveis, grande referência do que se fazia de mais pop nos anos 60. Um filme divertido, delicioso, um clássico eterno que teve uma refilmagem em 2021, mas que não chegou aos pés de seu charme.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Vanishing


 "Vanishing", de Denis Dercourt (2021)

Triiller de suspense co-produzido pela França e Coréia do sul, "Vanishing" é estrelado por Olga Kurylenko, a superstar russa que já foi Bond girl.

A história segue Alice, cientista forense (Kurylenko) que inventou uma técnica para restauração de cadáveres danificados. Ela visita a Coréia do Sul para uma conferência e, a pedido de um detetive da polícia coreana (Yoo Yeon-Seok), auxilia em uma investigação: corpos são encontrado sem órgãos internos. Ambos acreditam que existe uma organização mafiosa que faz tráfico de órgãos.
O filme alterna drama, suspense e romance, e tem um bom ritmo, com algumas cenas bem tensas, como a da tentativa de fuga de uma vítima. O filme claramente busca inspiração em 'O silêncio dos inocentes", mas está bem longe do primor do filme. Mas vale como passatempo, além de mostrar uma Seul belamente fotografada.

Alemão 2


 "Alemão 2", de José Eduardo Belmonte (2022)

Oito anos depois do filme original, a continuação segue um caminho bem parecido com o drama "Intervenção", de Caio Cobra. Ambos os filmes falam sobre a falência das UPPs e possuem uma forte protagonista feminina que criticam o machismo e misoginia de uma corporação onde o ditado é "Bandido bom e bandido morto". O filme começa em 2014, com a ocupação da polícia do Morro do alemão. Quatro anos depois, já tomada novamente pelos traficantes, 3 policiais disfarçados ( Vladimir Brichta, Leandra Leal e Gabriel Leone) de funcionários da Light entram na comunidade para sequestrarem o traficante Soldado (Digão Ribeiro). Mas a operação falha, e todos ficam presos na comunidade, aguardando ajuda policial.

Com um grande elenco, que inclui Mariana Nunes, Zezé Motta, Aline Borges, o filme tem boas cenas de ação e claro, fala sobre a corrupção em todas as esferas da sociedade, mostrando cenas documentais da prisão de Pezão, Sergio Cabral, entre outros políticos bandidos.

Família


 "Family", de Mark Pariselli (2020)

Curta LGBTQIAP+ de terror, é uma interessante incursão de cinema queer em referências ao cinema de gênero, fazendo referências a "O massacre da serra elétrica" e "Os filhos do mal".

Um casal gay viaja até o interior dos Estados Unidos. Ao pararem na estrada para comer, eles avistam um milharal, e ali, um dos rapazes observa um pai maltratando o filho pequeno. Isso faz com que o casal discuta o trauma de um deles, com situação mal resolvida de homofobia. De noite na estrada de terra, acabam atropelando um rapaz e o colocam no porta-malas.
Um filme interessante, nada de excepcional, mas uma boa homenagem ao gênero terror. Bem fotografado e ótimas locações que nos remetem à paisagens icônicas.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Outono, outono


 "Autumn, autumn", de Woo-jin Jang (2016)

Premiado drama sul coreano, é impossível não comparar a sua estrutura narrativa ao famoso cineasta Hong San Soo. O filme nos apresenta a 3 personagens num vagão de trem, vindo de Seul em direção à cidade de Chuncheon, uma cidade turística. Ji-hyun é jovem, tem 29 anos. Recém formado, ele foi para Seul para uma entrevista de emprego que não deu certo, e decide retornar à sua cidade natal, Chuncheon, para rever seus pais, mas acaba reencontrando um amigo que ele não reconhece. O casal de meia idade, Se-rang e Heung-ju, se conheceram online e marcaram o encontro presencial, mas a sensação de culpa por serem casados e com família os deixa entristecidos.

Um retrato sobre solidão e falta de perspectiva, o filme é dividido em 2 atos, cada um contando uma história, mas ambientada na mesma cidade. É um filem curioso, artístico, composto de 40 planos longos sem cortes.

Wekends


 "Weekends", de Lee Dong-ha (2016)

Exibido no Festival de Berlin, "Weekends" é um documentário LGBTQIAP+ sul coreano que conta a história do grupo vocal G-VOICE, o primeiro e único coral sul coreano formado por homens gays. O filme acompanha as apresentações do grupo em eventos como o primeiro casamento gay do país, passeata da comunidade queer. Nesses dois eventos, o grupo sofre ataques homofóbicos, como um homem jogando fezes no grupo durante a celebração do casamento. A coréia do sul é conhecida por se rum país conservador e homofóbico, e isso fica claro nos depoimentos de cada integrante, contando sua história de afirmação e de aceitação. O filme é longo, com muitos números de cantorias, mas vale ser visto para se entender a mentalidade de um povo que luta para que a causa gay seja aceita pela população. O filme se chama "Weekends" porque os integrantes se reúnem aos finais de semana; durante a semana eles trabalham como farmacêuticos, dentistas, médicos, comerciantess, etc.

Sem palavras


 "Bez slov", de Ivan Shakhnazarov (2010)

Premiado curta LGBTQIAP+ russo, lindamente fotografado e desenvolvido sem diálogos. Filmado em película, o filme narra o encontro entre 2 soldados de forças inimigas que se deparam frente a frente: um soldado russo ferido na perna, e um soldado alemão que o localiza. Entre os dois surge inesperadamente um afeto. O soldado alemão cuida do russo, lhe dá comida, cigarro, olhos nos olhos. Mas o batalhão alemão está chegando e o soldado precisa tomar uma decisão.

Interpretado pelos atores Artem Alexeev e Petr Rykov, 'Sem diálogos" é um filme de temática universal, sobre o amor que surge entre pessoas diferentes mas que se unem pelo afeto e pelo amor.

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Pardal


 "Sparrow", de Welby Ings (2016)

Comovente curta LGBTQIAP+ neo-zelandês, que tem como temas o bullying, a homofobia e a aceitação de ser diferente dos outros.

Nos anos 60, um menino de 10 anos acredita que pode voar. Ele constrói asas e as usa o dia todo, tanto na escola quanto em casa. Os garotos da escola batem no menino. Em casa, seu pai o ensina a ser mais masculino, pratica luta corporal com ele. Mas o menino é sensível. Triste, ele revira o sótão e ali encontra cartas escritas pelo seu avô. Ele descobre que ser avô era um soldado gay e que quando o amante morreu morto pelo capitão homofóbico, ele enfrentou a todos com coragem. Essa coragem de seu avô cria no menino uma força para enfrentar os assediadores.
O filme usa do simbolismo das asas para falar sobre a homossexualidade em uma criança que está se descobrindo e a sua aceitação sobre a sua orientação sexual. O desfecho, todo simbólico, mostrando idosos que viveram vidas de fachada é poético e arrebatador.

Ilusões perdidas


 "Illusioni perdute", de Xavier Giannoli (2021)

Adaptação da obra de Honoré de Balzac, composta de três livros, o cineasta Xavier Giannoli concorreu no Festival de Veneza e venceu diversos prêmios Cesar. Com um elenco estelar, composto por Xavier Dolan, Gerard Depardieu, Cecile de France, Vincent Lacoste e Benjamin Voisin ( protagonista de "Verão de 85", de Ozon). o filme encanta pela parte técnica: excelentes fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem e trilha sonora.

Na França de 1820, na cidade do interior de Angoulême, Lucien Chardon (Benjamin Voisin), um jovem ambicioso trabalha em uma gráfica, mas à noite escreve poemas sentimentais e sensuais para sua amante secreta, a aristocrática Madame Louise (Cécile de France). Louise acha que ele é um gênio, sua família aprecia seu talento e, com esse apoio, Lucien sabe que é apenas uma questão de tempo até que ele se torne famoso. A vida começa a melhorar para Lucien, que rapidamente se destaca. Louise se separa de seu marido e vai com Lucien para Paris. Mas logo ela entende que a cidade grande é diferente do interior e que a diferença de classe social é fundamental para alguém se manter. Ela é obrigada a se separar dele. Sem dinheiro, Lucien vai trabalhar de garçon em um restaurante e conhece o jornalista Etienne (Lacoste), que escreve matérias pagas e tendenciosas. Ele se torna um crítico do jornal depois de ameaçar um novo romance da estrela literária em ascensão Nathan (Xavier Dolan), e se apaixona por Coralie (Salomé Dewaels), uma atriz doce e talentosa. Lucien descobre que o compromisso com a ética e a verdade não é o forte dos jornalistas. O filme faz uma crítica pesada aos fake news e imprensa marrom, através da história das ascenção e queda de um jovem idealista mas que se vendeu pela corrupção jornalística.
Uma história quase que semelhante a Mephisto, e que termina de forma trágica. Atuações brilhantes do elenco e um filme que prende a atenção do espectador com seus subtextos sobre ética.

domingo, 17 de abril de 2022

Para que o vento não leve tudo


"So the wind won't blow it away", de Edmund Yeo (2020)
Drama LGBTQIAP+ da Malásia, é um estudo sobre melancolia e luto rodado em cores e em preto e branco. Em luto pela morte de uma ex-namorada, Jia Le (Wilson Lee) se muda para morar com um amigo ator, I (Coby Chong). O ator, no entanto, muitas vezes sofre espasmos de dor em seu corpo enquanto se prepara para se mudar para a China em busca de uma vida melhor. Antes de sair, o ator se apresenta em uma adaptação do polêmico Noh Play do escritor Yukio Mishima, 'Dojoji'. Ambos os homens tentam encontrar um vislumbre de felicidade em suas vidas. A morte está presente na vida de ambos: I até hoje vive o luto pela morte precoce de sua mãe aos 39 anos de idade. Jia Lee se sente culpado pela morte da namorada.
Um filme que tem momentos interessantes, mas que da metade pro final embarca em uma viagem mais artística, misturando uma filmagem de um texto de Yukio Mishima e tentando fazer uma analogia entre ator e personagem. O filme não me pareceu muito coeso, e o desfecho ficou também abrupto.


 

Black Medusa


 "Black Medusa", de Youssef Chebbi e Ismaël (2021)

Concorrendo no prestigiado Festival de Rotterdan, "Black Medusa" é um drama de suspense psicológico rodado em belíssimo preto e branco. Escrito e dirigido pela dupla Youssef Chebbi e Ismaël, o filme veio da Tunísia e conta a história assustadora de uma jovem, Nada (Nour Hajri) que leva uma vida dupla. De dia ela é silenciosa e tímida, trabalhando como designer em uma empresa. De noite, ela sai às ruas, portando uma faca, caçando homens e os matando.

Muitos críticos comparam o filme à "Uma garota caminhando sozinha nas ruas" e "Bela vingança". Do filme iraniano, ele busca a atmosfera noite e expressionista de uma mulher que se veste de preto de noite para matar. Do filme americano ele busca a trama de vingança, de uma mulher que foi abusada sexualmente há anos atrás e que agora só quer se vingar.
O filme é dividido em 9 capítulos, cada um com um assassinato. Mas é um filme artístico, autoral e a narrativa traz lindos enquadramentos e uma visão poética da vida e da morte, um pesadelo belo e emoldurado por uma instigante trilha sonota.

Topside


 "Topside", de Logan George e Celine Held (2020)

Premiado com melhor direção no Festival SXSW e melhor prêmio do uri no Festival de Veneza 2020, "Topside" é um angustiante e comovente retrato de sem tetos que moram em estações de metrô abandonadas de Manhattan. Livremente inspirado no livro "The Mole People: Life in the Tunnels Beneath New York City". de Jennifer Toth, "Topside" é dirigido e escrito pelo casal Logan George e Celine Held. Celine também protagoniza o filme no papel de Nikki, uma jovem mão solteira e viciada em cocaína. Little (Zhaila Farmer) , sua filha de 8 anos, nunca viu a luz do dia, passando os anos no subterrâneo escondida. Um vizinho, John (Fatlip), castiga Nikki por não colocar Little na escola. Ela implora por ajuda para conseguir outra dose de heroína. Quando a polícia surge para retirar todos do local, Nikki foge com Little, que se assusta com o mundo exterior.

Um filme rodado em estilo documental, sem emoção e totalmente frio, "Topside" traz o drama de sem tetos que não possuem moradia , trabalho nem comida. É um filme muito triste, e extremamente bem defendido com garra pelas duas atrizes. A pequena Zhaila Farmer é um prodígio, muito bem dirigida e passando total verdade para a pequena Little. O desfecho é de arrebentar com o coração.