quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Dark windows

"Dark windows", de Alex Herron (2023) Co-produção Estados Unidos e Noruega, o terror slasher 'Dark windows" foi todo rodado na Noruega, e traz uma fotografia em tons escuros, condizente com a atmosfera de luto que o filme traz desde o seu início. Três amigos, Tiully, Monica e Peter estão de luto após um acidente de carro que matou uma amiga deles, Ali. Tilly estava dirigindo e os outros estavam no carro. Para enfrentar o luto, eles decidem passar um tempo na casa isolada da avó de Monica. Chegando lá, após um tempo, decsobrem que um estranho está a espreita para atacá-los. O filme difere dos slashers tradicionais por focar mais na história e na atuação dos atores. Todo o time de jovens atores é ótimo, acima da média. O fato de ter sido rodado na Noruega deu um charme a mais ao filme, lhe dá uma textura mais densa. O roteiro é óbvio e não é difícil decsobrir quem é o assassino. Uma pena que as mortes somente aconteçam no ato final, para quem busca um slasher de verdade, o filme é decepcionante.

O nosso pai

"O nosso pai", de Anna Muylaert (2022) "O nosso pai" abriu a cerimônia de premiação do 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e tem no elenco as atrizes Grace passô, Camila Márdila e Dandar Pagu. Escrito e dirigido por Anna Muylaert, o filme é uma divertida e polêmica sátira política, escrita no auge da pandemia da Covid. o filme é dedicado às centenas de milhares de mortos da Covid durante o 'Desgoverno" brasileiro da época. Ambientado em março de 2021 em São Paulo, o filme apresenta três irmãs que são obrigadas a viver juntas durante a pandemia. Na tensa convivência a três, entre tentativas de sobreviver e entender a loucura que se instalou no mundo, elas decidem planear o assassinato do presidente em Brasília. As três atrizes estão excelentes, dirigidas com garra por Muylaert, repleto de diálogos mega divertidos. Econômico na linguagem, mas pulsante na narrativa e dramaturgia, o filme é uma forte provocação à um período no governo brasileiro que certamente trouxe muitos pensamentos internos repletos de desejos de mudança radical na liderança do Poder. Vale super ser visto pela força do elenco e da voz feminina.

Plano de aposentadoria

"The retirement plan", de Tim Brown (2023) Divertida comédia de ação policial, "Plano de aposentadoria" tem coimo maior trunfo obviamente a presença do astro Nicolas Cage no elenco, trazendo um ex-matador de aluguel hilário e sem noção que foi forçado a se aposentar há mais de 20 anos e mora nas Ilhas Cayman, no Caribe. Pois a sua rotina é alterada bruscamente quando descobre que bandidos que estão em busca de um HD com informações sigilosas do governo estão atrás de sua filha e de sua neta, que portam o Hd e se refugiaram na Ilha. A partir de agora, Matt (cage) precisa proteger sua filha (Ashley Greene) e sua neta, interpretada brilhantemente pela pequena Thalia Campbel. Ela é inteligente, esperta e muito viva, e as melhores cenas do filme envolvem ela com seu avô e ela com o banido interpretado por Ron Peralman.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

O que você fará quando eu partir

"Majboor e Mamool", de Haaris Qadri (2022) Baseado na história real da relação entre sua mãe e sua irmã mais velha, o roteirista e cineasta canadense, descendente de iranianos Haaris Qadri, expõe a intimidade de sua família em um dia na rotina delas. Sania (Anika Zulfikar) e sua mãe, Noor (Anjum Siddiqui) seguem de carro até o consultório médico onde Noor fará um exame médico. No caminho até o médico, Noor reclama de absoilutamente tudo: da velocidade do carro, que a filha não larga do celular, da forma dela lidar com tudo. Mas Noor não fala inglês direito e precisa que sua filha traduza tudo para ela. O filme é dividido em 4 planos: no 1o e último, mostramos mãe e filha indo e voltando do consultório. No 2o, a sala de espera do consultório, e o 3o, é o atendimento. As duas atrizes estao ótimas e para quem está acostumado com essa relação de amor e ódio entre pais e filhos, principalmente do sexo feminino, irá se deliciar.

Jovem mãe

"Young mother", de Cecilia Delgado (2023) Sofia (Ani Mesa) e Claire (Eleanore Pienta) são um casal lésbico. Sofia trabalha como babé paara um casal que tem 2 filhos pequenos. Um dia, Claire esboça o desejo de ter filho, mas acredita que Sofia não tem maturidade o suficiente para desempenhar o papel de mãe. Para provar que está errada, Sofia decide sequestra um bebê que ela toma conta e levar até Clara. O filme é um drama que discute temas como maternidade dentro de padrões de um casal lésbico e as possibilidades de poder conseguir um filho. Como sub-textos, existem temas como sub-empregos desempenhados pela comunidade latina, e a pressão pela formação de uma família. ötima performance de Ani Mesa no papel de Sofia e uma direção segura de Cecilia Delgado.

A última sessão de Freud

"Freud's last session", de Matt Brown (2023) Adaptação cinematográfica da premiada peça teatral escrita por Mark St Germain, por sua vez baseada no livro "Deus em Questão", escrito pelo Dr. Armand M.Nicholi Jr. em 2005. A peça foi encenada no Brasil com grande sucesso, dirigida por Elias Andreato e estrelada por Oldion Wagner e Carlos Fontana. O filme apresenta um encontro fictício entre Sigmund Freud (Anthony Hopkins) e o professor, teólogo e escritor irlandês C. S. Lewis. A base do filme é a discussão entre fé e razão, tendo como base a existência Divina. Lewis era ateu, mas após servir a à guerra mundial e sob influência de seu amigo escritor J.R.R. Tolkien, autor de "O sonhor dos anéis", decidiu se converter ao cristianismo. Em sua carreira, escreveu a série "As crônicas de Nárnia". O filme acontece no dia 9 de setembro de 1939, data em que a Inglaterra entrou para a 2a guerra mundial. Sob a iminência de um ataque alemão, Freud e Lewis se encontram em Londres, após Freud e sua filha Anna, também psicanalista, terem fugido da Áustria. O filme traz um embate bastante filosófico sobre Deus, vida, morte, sexo e também, uma pincelada na homossexualidade de Lewis. O filme traz excelentes performances de Hopkins, Matthew Goode como Lewis e Liv Lisa Fries como Anna Freud. É um filme denso, necessitando de bastante paciência para enfrentar seu texto teatral e o ritmo lento. Para fugir da teatralidade, o filme explora em flashbacks a vida de combatente de Lewis no front da 1a guerra, e apresenta Londres em iminência da guerra.

Meet the grannies

"Nai Nai e Wài Pó", de Sean Wang (2023) Indicado para o Oscar de curta documentário 2024, e premiado com melhor filme do público no SXSW, "Meet the grannies" é uma forma que o documentarista e roteirista chinês Sean Wang, residente nos Estados Unidos, encontrou para homenagear suas avós maternas. Nai nai tem 84 anos e é sua avó materna. Wai Po tem 92 anos e é sua avó paterna. Na infância delas na China, passaram fome e perderam os pais cedo. MIgrantes nos Estados Unidos, elas divagam sobre velhice, morte e sobre aproveitar a vida. Com imagens apaixonantes de um neto com suas avós, o filme traz momentos líricos, emocionantes e deixa claro que as imagens são eternas, para mostrar para as futuras gerações quem foram seus ancestrais.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Caçando fantasmas

"Ghost hunting", de Raed Andoni (2023) "Aos 750 mil palestinos que já estiveram em prisões de Israel e centros de interrogatórios desde 1967". Essa é a dedicatória do palestino Abdallah Moubarak, que interpreta um dos personagens nesse documentário polêmico e premiado no Fetsival de Berlim. O filme me lembrou bastante "Salve o cinema!", de Mohsen Makhmalbaf: um cineasta, Raed Andoni, coloca um anúncio em um jornal de Ramallah. Ele está procura por ex-detentos do centro de interrogatório israelense Moskobiya. No anúncio, ele solicita que os homens também tenham experiência como artesãos, arquitetos ou atores. Após um processo de seleção que mais parece um jogo de interpretação, ele organiza a construção de uma réplica das salas de interrogatório e celas do centro. O próprio Raed Andoni esteve preso quando tinha 19 anos de idade, e baseia muito o filme em suas proprias experiências. Durante a triagem dos entrevistados, ele selciona alguns para serem os detentos, e outros, para interpretarem os guardas israelenses. A partir daí, oss ex-detentos revivem os seus traumas e suas histórias. O que provocou a pol6emica do filme foi a forma como o cineasta vai levando as situações, ao querer recriar inclusive as torturas físicas e psicológicas dos detentos reais. em uma cena, um dos detentos urina nas calças enquanto é torturado, e os guardas usam seu corpo para limpar a urina do chão. Essa e outras cenas de humilhação trazem à tona uma técnica usada em métodos de interpretação: Stanislawasky , por exemplo, onde a vivência e a memória são utilizados para darem a verdade da cena. Mas muita gente critiocu a forma como o filme apresenta as torturas, todas sendo recriadas de forma real. Um filme que merece ser visto por atores e debatidos em um contexto sobre arte X violência e abuso moral e de poder dos diretores e preparadores de elenco.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

O porteiro da noite

"Il portiere di notte", de Liliana Cavani (1974) "O porteiro da noite", de 1974, e 'Saló", de Pasolini, de 1975, foram lançados com 1 ano de diferença e ambos os filmes são historicamente dois dos filmes mais controversos e polêmicos do cinema italiano, quiçá mundial. Retrato de um cinema político, de choque, de repulsa e que certamente, lançados nos dias politicamente corretos de hoje, seriam rechaçados pela sua misoginia e objetificação do corpo feminino, além da representação do praezr erótico sobre as torturas e violência física e moral dos oficiais nazistas para com as judias. Certamente um precursor do "nazi exploitation", filmes eróticos e violentos que mostram cenas de sadismo de oficiais contra mulhere sjudias, "O porteiro da noite" provocou uma verdadeira onda de banimento entre críticos e distribuidores que consideravam o filme um lixo cultural e moral. É difícil recomendar o filme para alguém assistir. é violento, imoral, e lida com um tema delicado demais. Mas como cinéfilo, não posso deixar de registrar a coragem de uma diretora e roteirista como a italiana Liliana Cavani de lançar há 50 anos atrás esse filme, e ainda convencer as estrelas Dirk Bogarde e Charlotte Rampling a protagonizar o filme. Acabou que o filme se tornou um clássico, e ajudou a lançar uma revolução cultural na moda e no comportamento, glamurizando o sexo fetichista e sadomasoquista. Rampling é Lucia, e Bogard, Max. Durante a 2a guerra, ela foi torturada por um oficial nazista e ambos mantinham uma relação baseada em dôr e prazer. Treze anos após o fim da guerra, Lucia reencontra seu torturador Max como porteiro de um hotel em viena onde ela se hospeda com seu marido, um famoso maestro que irá fazer uma apresentação naquela noite. No dia seguinte, ela decide não acompanhar o marido em sua viagem e fica para encarar de vez Max e assim, resgatar a relação de outrora. A cena de Lucia semi-nua, de couro cantando uma música de Marlene Dietrich para oficiais nazistas é antológica.

Ferrari

"Ferrari", de Michael Mann (2024) Drama adaptado da história de Enzo Ferrari (Adam Driver), dono da famosa empresa de automobilismo, junto de sua esposa Laura (Penelope Cruz). Em 1947, já como piloto de corridas, Enzo decidiu criar a empresa. Mas no verão de 1957, a Ferrai está em crise e para evitar a fal6encia, ele decide apostar tudo na corrida de Mille Miglia, na Itália, uma corrida de longa distância. O filme mostra o conflito pessoal de Enzo com sua esposa Laura, cujo filho faleceu por conta de uma doença, e sus amante Lina (Shailene Woodley), mãe d eum filho, Piero. Porém Laura proíbe que Enzo dê o sobrenome da fam;ília para o menino. o espanhol Alfonso de Portago (Gabriel Leone), que culminou na morte de uma dezena de pessoas na platéia que assistiam à corrida. Michael Mann é um mestre das cenas de ação e da construção de de uma história em cima de um protagonista masculino, dando-lhe dimensão épica. O elenco luxuoso conta também com as participações de Patrick Dempsey, como o corredor Piero Taruffi e Jack O'Conell como o corerdor Peter Collins. Como sempre, assistir ao filme é uma aula de direção, montagem e fotografia.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Hush!

"Hush!", de Ryosuke Hashiguchi (2001) Vencedor de diversos prêmios internacionais, o drama LGBQTQIAP+ japon6es "Hush!" traz uma excelente pauta para os seus 3 protagonistas: o casal gay Katsuhiro (Seiichi Tanabe) e Naoya (Kazuya Takahashi) acabaram de morar juntos e são bastante discretos na relação perante colegas de trabalho e vizinhos, que desconhecem a homossexualidade deles. A família também desconhece. Um dia, em um almoço, durante um temporal eles ajudam Asako (Reiko Kataoko), uma funcionária de uma clínica ododntológica, e cedem o guarda-chuva para ela. Quando ela vai devolver o guarda-chuva, ela propõe a Naoya em seu trabalho que ele deveria ser pai, já que o sonho dela é ser mãe, após o arrependimento de ter feito 2 abortos. Naoya no início reprova a idéia, mas logo acha que seria a solução para criar uma família e poder parar com as fofocas das pessoas que querem questionar a sua sexualidade. Mas Katsuhiro não gosta da idéia e vê Asako como uma invasora. De qualquer jeito, eles propõem morarem juntos e tentar criar uma família sui-generis. Um roteiro repleto de intrigas e questões familiares, "Hush!" trata dos temas da maternidade, homofobia, relacionamento toxico, suicídio e depressão de forma realista. O filme renderia uam ótima peça de teatro. Tem uma cena brilhante, com uma personagem chamada Nagata, colega de trabalho de Naoya e que é apaixonada por ele, que se humilha diante dele e do namorado. uma cena forte com performances excelentes, especialmente de Tsugumi, no papel de Nagata.

Island in between

"island in between", de S. Leo Chiang (2023) Indicado ao Oscar de curta documentário 2024, "Island in between" parte de um contexto histórico e também do ponto de vista pessoal do documentarista nascido em Taiwan, S. Leo Chiang, e que por décadas, morou nos Estados Unidos. Chiang desde criança escutava e cantava na escola, um hino que louvava Taiwan e demonizava a China continental, considerados assassinos comunistas. Por todo sua vida, essa era a imagem que ele teve da China. A ilha de Kinmen, a apenas 10 km da costa do continente chinês, e à meia hora de barca, é um território que separa geograficamente a China e Taiwan, ficando no meio. Foi importante durante a guerra, servindo como base militar de Twain. De sua praia, é possível ver a China. Em 1949, Taiwan declarou a sua independência. Desde então, a ameaça de invasão da China é uma constante. Com a liberação da viagem entre a Ilha de Kinmen e a China, Chiang foi conhecer a China e ficou encantado, desmistificando todo o olhar que tinha sobre o país. Para quem conhece pouco a história de Taiwan e seu conflito com a China, vale muito assistir ao filme. É bem diático, mas de fácil assimilação.

Stopmotion

'Stopmotion", de Robert Morgan (2024) Prêmio especial do juri no prestigiado Festival de Sitges, o terror ingl6es 'Stopmotion" parte de uma premissa muito original: e se os bonecos criados pela animadora Ella (Aisling Franciosa) criassem vida e tomassem conta de sua mente? O filme dicsute saúde mental. A mãe de Ella, Suzanne (Stella Gonet) é uma animadora de stop motion e Ella é sua assistente. Suzanne sempre tratou Ella de forma violenta, através de um relacionamento tóxico de himilhação. Quando Suzanne tem um derrame e vai para o hospital, Ella é obrigada a finalizar o filme, pela primeira vez, assumindo a responsabilidade. Seu namorado, Tom (Tom York) tenta ajudá-la. Uma garotinha se muda para o prédio, (Caoilinn Springall ) e encantada com todo o set da animação, sugere que Ella mude a istória, tornando-a mais realista e violenta. Ella passa a confundir o real e a ficção, acreditando que o monstro do filme a está perseguindo na vida real. O filme trabalha com live action e stop motion, e lá pro final, investe em momentos de gore, mas nada que um bom fã de terror já não tenha visto. É um roteiro sobre processo criativo e o quanto ele pode abalar o seu criador, ainda mais quando está mentalmente fragilizado. É interessante, mas o ritmo lento e momentos sem muita explicação podem afastar o público que busca um filme de terror como passatempo. De positivo, o excelente trabalho de Aisling, em um papel bem complexo, e da menininha Caoilinn Springall, excelente como uma criança perversa.

Love & Wish

"Love & Wish", de Jang Jae Hyuk (2021) Drama adolescente sul coreano, que tem um tom que muda radicalmente após seu primeiro ato. O filme começa e termina como romance açucarado, mas no 2o ato, se torna um denso filme sobre bullying, cyber ataque, assédio, depressão e suicídio, tudo isso envolvendo estudantes do ensino médio. Daeun é uma adolescente que se muda para Seul com suas duas irmãs. Ela estuda no ensino médio e ama ler romances e sonha em encontrar um namorado. Um dia, ela esbarra com Seung Hyu no elevador de ser prédio e se apaixona por ele de cara. Para sua surpresa, ele é o novo estudante de sua sala. mas ele é reservado e poussi segredos, envolvendo um caso de bullying de alunos de um colégio rival. Um bom drama sul coreano, pincelado com um time de ótimos jovens atores dando vida a personagens esterotipados do universo escolar, mas que traz elementos bastante densos. Um retrato sobre uma juventude da Ásia que, assim como filmes japoneses, apresentam um olhar muito cruel e violento entre os próprios estudantes, às voltas com um crescente aumento de número de casos de suicídios.

Mysore magic

"Mysore magic", de Abijeet Achar (2023) Romance fofo e cativante co-produzido pela Índia e Estados Unidos, "Mysore magic" é a história real de como os pais do roteirista e cineasta indiano Abijeet Achar, nascido na África, se conheceram em 1982. Realizado de forma simples, mas como deveria ser em boa parte dos filmes, mais focado nos personagens e na história. e esse é o segredo do filme, ser simples e focar nos atores. Em 1982 na cidade de Mysore, Índia, acontece um festival universitário de talentos. Premi (Aishwarya Sonar) é uma joveme studante de uma casta pobre nascida em uma ilha da Africa, vai assistir ao festival com uma amiga. Quando Vasu ( Siddharth Kusuma), um representante da alta casta da Índia se apresenta dançando disco music, é paixão à primeira vista. Após a apresnetação eles saem para conversar e dançar, mas a diferença de castas pode ser um impeditivo para o romance. Fiquei apaixonado pela escolha do elenco, apaixonante, e pela dança do casal na pista de dança da boite, que lindeza. Um filme que é uma aula de como fazer cinema de baixo orçamento, "Mysore magic" é realizado com muito carinho, certamente pela relação afetiva do cineasta com a história de seus pais.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

A wake

"A wake", de Scott Boswell (2019) existem alguns filmes independentes americanos que a gente tem impressão de terem sido realizados por estudantes de cinema do 1o semestre: alunos que ainda não entenderam de dcupagem, edição, fotografia, direção de atores e de roteiro. Tudo aqui é ruim. O que é uma pena, pois a premissa procura trazer à tona questões como homofobia dentro de uma família católica e conservadora do interior dos estados Unidos, levando ao suicídio um adolescente gay reprimido. Ele é vivido por Noah Urrea, que vive os irmãos Mitchel, que suicidou, e Mason. Mitchel tem um namorado, Jameson, que ele escondeu o tempo todo de sua família. Antes do seu velório, seu irmão Mason procura ir numa sessão espírita e tentar conversar com o espírito do irmão. Além disso, sua irmã mais nova promove o velório, convocando os pais homofóbicos , a irmã mais velha e o ex-namorado de Mitchell, Jameson. Tudo pavoroso e pretencioso. Atores ruins ( a impressão que fica é que o diretor e roteirista Scott Boswell pediu a todos que dessem o pior de si). Fotografia, edição, tudo amador. O roteiro é óbvio e os personagens, caricatos.

Earworm

"Earworm", de Kyle Kleege (2024) Trash, trash, trash. "Earworm" é horrível. E quando digo que é trash, não estou elogiando aquele tipo de filme que a gente transforma em cult. Infelizmente, é um ruim que não diverte. Mesmo com atores péssimos, efeitos toscos e roteiro sem pé nem cabeça, o filme procura ser sério, o que estraga o prazer do cinéfilo que busca pérolas do filme Z. Tentando ser um sub-Cronemberg, o filme apresenta Henry Adams (Evan Jones, pavoroso), um homem tímido e socialmente desastrado, que decide se inscrever na terapia do Dr Corvath (John Romeo, que parece ter saído dos filmes dos anos 80, como "Re-animator). Mas a terapia parte de uma premissa bizarra: inserir cirurgicamente um verme no ouvido da pessoa. A partir disso, Henry se torna paquerador, extrovertido e mais, decide se vingar de todos que zombaram dele. Pensando o quanto esse filme poderia ter sido divertido se apostassem numa zoação. Mas nada aqui se salva: direção, fotografia, edição, tudo um horror, no pior sentido.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Lovely, deep and dark

"Lovely, deep and dark", de Teresa Sutherland (2023) Longa de estréia da roteirista e cineasta Teresa Sutherland, "Lovely, deep and dark" faz parte do sub-gênero de terror chamado 'Eco-terror", que tem como pano de fundo o ataque da natureza contra o ser humano, uma vingança da natureza contra os maus tratos. Concorrendo em fetsivais de gênero como Fantasia, o filme foi todo rodado em Portugal. A protagonista é Lennon (Georgiana Campbell), uma guarda florestal que trabalha em uma floresta. ela passa os dias e noite circulndo pelas diversas regiões, fazendo vasculhamento. Na verdade, o propósito de Lennon é outro: quando criança, ela passeava com sua irmã menor pela floresta, até que essa se perdeu e nunca mais foi vista. Nessa floresta, diversos guardas florestais e visitantes desapareceram. O filme parte de uma premissa interessante, que é o do desaparecimento de pessoas em florestas. Mas a resolução é muito bizarra. O melhor do filme é o elenco. Georgina Campbell esá se tornando uma rainha do terror independente. Ela protagonizou o cult "Noites brutais", grande sucesso de crítica e público. A chinesa Wai Ching Ho, no papel da guarda florestal Zhang é outra boa surpresa. Mas o roteiro segue confuso e sem explicação, e o ritmo é muito lento para quem quiser assistir ao filme apenas para curtir um filme de terror.

História do Mal

"History of evil", de Bo Mirhosseni (2024) Drama de terror distópico, "História do Mal" é uma produção independente americana que apresenta o mundo no ano de 2045, mas com um conceito visual bastante pobre para quem quer apresentar um filme futurista, se baseando apenas em um Ipad para dar algum tipo de modernidade e tecnologia. O mundo está dividido entre resistência e uma sociedade conservadora, de extrema direita. Alegre ( Jackie Cruz ) foge da prisão e se une à sua família: seu marido Ron ( Paul Wesley ) e sua filha pequena Daria (Murphee Bloom), além de uma aliada da resistência, Trudy (Rhonda Dents) . Alegra é procurada pela milícia. A família se econde em uma fazenda colonial no meio de uma floresta e ali aguardam até decidir o que fazer. Enquanto procuram descansar e se hospedar por uns dias, Ron vai até o porão e dá de cara com um homem, na verdade, o fantasma de um racista da KKK, que acaba transformando Ron em um igualmenre racista e ameaçando a sua família e Trudy. É mais do que óbvia a referência explícita a "O iluminado", como se o homem fosse o homem do bar do filme de Kubrick. Faezr um revolucionário se transformar em um racista é uma premissa interessante, mas o roteiro infelizmente não traz suspense o suficiente para suatentar uma trama sem ritmo e sem valor de produção.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

They want me gone

"They want me gone", de Drew Britton (2022) Drama psicológico indie americano, "They want me gone" traz Monica (Alexia Rasmussen), uma mãe divorciada que mora com sua filha adolescente Jessie. O ex-marido David tem a guarda compartilhada de Jessie e deseja que ela more com ele, mas Monica não aceita. Trabalhando em uma mercearia como caixa, em Kentucky, área rural, Monica tem como melhor amiga Penelope, também funcionária da mercearia. O namorado de Monica , Bill, se suicida, e para piorar, ela perde o emprego. Num espiral de desespero e paranóia, Monica insiste em não entregar a filha para David. O filme tem muitas coisas interessantes, a começar pelo ótimo trabalho da protagonista Alexia Rasmussen. Mas o roteiro é confuso e o final fica meio abrupto, um desenlace violento para uma história de traições. Ainda assim, interessante e com uma boa atmosfera de suspense psicológico.

The mental state

"the mental state", de James Camali (2023) Premiado drama independente americano, que traz o tema da doença mental em um adolescente e de que forma ela se desenvolve como gatilho para um crescendo de violência e paranóia. O filme traz uma narrativa semelhante a "Tiros em Columbine", "Elefante"e "precisamos saber sobre Kevin": jovens problemáticos que decidem resolver seus problemas pegando em uma arma e promovendo assassinato em massa na escola. No caso de Andy (Jance Eslin) , suas questões são ainda maiores: sofrendo de depressão e trauma após o suicídio de seu pai, Andy imagina seu pai portando uma arma e atirando nas pessoas que Andy conhece. Andy imagina que o pai pede que Andy atire nas pessoas, caso contrário ele mesmo irá atirar. Esses delírios são aumentados por conta da péssima relação que Andy tem com sua mãe, que se tornou alcólatra após a morte do marido, e por ele se apaixonar pela colega de ecsola Bethany, mas que está enamorada de um colega de escola, Brian. O filme tem ótimas performances, e uma narrativa repleta d elugar comum nesse gênero de tiroteio em escola, mas funciona pela atuação sólida principalmente de Jance Eslin e da jovem Alison Thornton como Bettany. Talvez um ponto polêmico seja o de associar pessoas com TDAH e depressivas como indivíduos perigosos à sociedade.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Diga ao mundo que te amo

"Tell the world I love you", de Poj Arnon (2022) Drama LGBTQIAP+ tailandês, trazendo uma mistura de gêneros que engloba romance, policial e ação. O elenco é todo formado por jovens atores, a maioria ainda amadora. Aliás, o filme tecnicamente tem problemas de fotografia, câmera e edição. A história gira em torno de Keng, um adolescente que deixou sua cidade natal para estudar em Bangkok e mora com Tai, um amigo. O sonho de Keng é continuar seus estudos na China para procurar sua mãe, de quem foi separado. Uma noite, ao retornar para casa, após a escola, ele se depara com um rapaz sendo espancado na rua: Boang, um entregador de drogas que trabalha para os traficantes Song e Nick. Keng ajuda Boang a fugir e o hospeda em sua casa. Entre os dois nasce uma paixão, mas os traficantes estão atrás de Boang. O filme merecia ser muito melhor do que é. Com atores mais preparados e um fotógrafo mais experiente, além de uma edição que enxugasse uns 20 minutos de filme, teria sido um ótimo passatempo com protagonistas pelos quais o público iria torcer bastante. Faltou ritmo, faltou se aprofundar mais na história do casal.

Rio

"Rio", de Marco Buontempo (2020) Premiado drama argentino LGBTQIAP+, "Rio" tem uma narrativa semelhante a "Antes do por do sol", de Richard Linklater. Dois ex-amantes de adolescência, Bruno (Ivan Nicolai) e Franco (Facundo Cáceres Rojo) se reencontram na cidade de Rio Ceballos. Eles passam uma tarde conversando, caminhando pelas ruas da cidade, fazendo reflexões da vida adolescente e do amor do passado e de como estão agora. Franco precisa pegar o ônibus da noite, mas no fundo, o desejo é de que ele quer passar a noite com Franco. Belamente filmado e interpretado, em registro naturalista, o filme traz ótimos diálogos, esmiuçando uma dolrosa relação que o espectador não entende direito porquê terminou, se foi pela distância, ou se foi pela incompatilidade de personalidades. Mas é um belo filme para se fazer uma reflexão sobre paixão.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

As lágrimas do Sena

"Les larmes de la Seine", de Yanis Belaid, Eliott Benard, Nicolas Mayeur, Etienne Moulin, Hadrien Pinot, Lisa Vicente, Philippine Singer e Alice Letailleur (2020) Brilhante animação realizada por estudantes de cinema parisienses, o filme retrata o massacre de 200 argelinos pela polícia de Paris em 17 de outubro de 1961. Milhares de argelinos, famílias inteiras, mulheres, homens, crianças, saíram às ruas para fazer um protesto pacífico, contra o toque de recolher que a prefeitura inflingiu à população argelina de trabalhadores de não circular nas ruas entre as 8:30 da noite às 5:30 da manhã. Os policiais os receberam à bala, e muitos foram jogados no Sena e morreram afogados. O filme, vencedor de mais de 99 prêmios e participando de quase 250 festivais, traz um olhar lúdico e poéticp para a cena do massacre. Os argelinos são vistos dançando em uma boite e os tiros são dados em balões vermelhos, que jorram sangue nas pessoas. Esse recurso choca tanto quanto se os tiros fossem dados direto neles. O filme, com uma ótima técnica de uso de fantoches e stop motion, chama a tenção pela qualidade técnica e pela criatividade feita por estudantes. O mais importante, é trazer à tona esse momento trágico da história, ocultada pelo próprio governo.

Memória

"Memory", de Michel Franco (2023) Melhor ator em Veneza 2023 para Peter Sarsgaard, "Memória" é um drama de um dos cineastas mexicanos que mais aprecio, Michel Franco. Seus filmes trazem o lado mais sórdido do ser humano, e em todos os filmes, Franco aapela para um violência brutal, tanto física, quanto psicológica, em cenas bastante degradantes e que mostram o pior do ser humano. Eu esperava que "Memória" seguisse esse lado sádico do cineasta, mas estranhamente, o filme aponta para uma possibilidade, ma desvia da rota e traz um drama que não encontrei a identidade de Michel Franco. Sylvia (Jessica Chainstain) é uma assistente social e cuidadora. Ela é mãe da adolescente Ana (Brooke Madeiras) e frequenta o alcóolicos anônimos. Quando sua irmã pede para que elas vão à festa da escola que elas estudaram quando adolescentes, Sylvia vê um homem que a persegue, Saul (Peter Sarsgaard). Saul a persegue até em casa, e Sylvia sabe o porquê: ela acredita que ele foi um dos estupradores da escola que a seviciaram quando tinha 12 anos. Mas para sua surpresa, Sylvia descobre que Saul está com dem6encia, atestada pelo irmão dele, isaac. Sylvia fará de tudo para desmascarar Saul, mas ao mesmo tempo, acaba se relacionando com ele. Fiquei esperando algo trágico no filme e repulsivo, mas esse momento não aconteceu. Nem memso violência. Franco quer dourar a pílula e agora, mostrar que o ser humano pode ser feliz. Escalou dois excelentes atores, além de um ótimo elenco de apoio, e fez um filme onde a memória, tanto de Saul quanto de Sylvia, pode traí-los. Achei esse o filme menos interessante de Franco, além de entediante. Mas valeu pela performance do elenco.

Scooter

ooter", de Chelsea Lupkin 'Scooter", de Chelsea Lupkin (2022) Concorrendo nos prestigiados festivais de terror Sitges e Fantasia, "Scooter" é um terror com elementos de trash, uma homenagem aos filmes dos anos 80 e 90. A mensagem do filme, bastante feminista, é a sororidade entre as mulheres, diante de um mundo com machismo e relacionamentos tóxicos. Adrienne(Awni Abdi-Bahri) e seu namorado Wilson (Robert Aronowitz) retornam de um jantar na casa do patrão dele. Mas Wilson para o carro na rua e começa a discutir com Adrienne, falando sobre o comportamento dela e o que ele esperava dela no jantar: uma mulher submissa e silenciosa. Wilson abandona Adrienne, que, com fome, vai parar em uma lanchonete. Quando uma van para e os 3 homens same para lanchar, Adrienne percebe que uma mulher pede ajuda dentro da van. O filme tem um dos personagens mais irritantes que vi recentemente, a figura do namorado Wilson, um poço de misoginia. A cena do ataque do demônio é bem tosca, e essa certamente deve ter sido a forma como a diretora driblou o orçamento, investindo em efeitos risíveis. No final, um filme que traz uma mensagme óbvia: homens escrotos merecem morrer.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Alan, o infinito

"Alan, the infinite", de Michael Please e Daniel Ojari (2020) Curta de animação em stop motion, criado pela dupla de roteiristas e diretores ingleses Michael Please e Daniel Ojari. O filme é uma fábula sobre amadurecimento pessoal e profissional. O protagonista é o jovem Alan, um estudante que começa em seu primeiro trabalho como estgiário em uma empresa de laboratório científico, a Lamin8. Alan é alertado pelo seu chefe de que entre ele e outros 3 estagiários, será escolhido um que será efetivado na empresa. Prya é uma das estagiárias, e Alan está apaixonado por ela. Mas um outro rapaz planeja destuir os sonhos de Alan. Até que uma partícula cósmica escapa do laboratório, e Alan acaba encontrando-a em seu caminho. O filme é curioso e tem uma ótima técnica em stop motion com bonecos que lembrarm bonecos Lego com os bonecos do desneho cult "A festa do monstro maluco". Mas o roteiro não é tão interessante assim, e o desfecho é abrupto.

Banel e Adama

"Banel & Adama", de Ramata-Toulaye Sy (2023) Indicado pelo Senegal a representar o país para uma vaga ao Oscar de filme internacional 2024, "Banel e Adama" concorreu no Festival de Cannes. O filme, drama de estréia da roteirista e cineasta Ramata-Toulaye Sy, é um drama senegalês que fala sobre amor, tradição e machismo e a luta de uma jovem mulher para encontrar o seu verdadeiro lugar no mundo. Em um vilarejo pobre do interior do Senegal, vive o jovem casal Banel (Khady Mané) e Adama (Mamadou Diallo). Eles são apaixonados um pelo outro desde a infância e o sonho é morarem juntos em uma casa abandonada na beira de um rio. Mas Benal é prometida para se casar com o irmão mais velho de Adama, seguindo a tradição. Quando o irmão morre, Adama assume o lugar de chefe da tribo e pode se casar com Benel. Quando tudo parece ir bem, uma decisão de Adama pega sua mãe e sua tribo de suspresa: ele não quer ser chefe da tribo. Ele quer se casar com Adama e ir embora dali. Essa decisão faz com que uma sêca tome conta do lugar, destruindo plantação, provocando fome e sede. Os animais morrem, e pessoas começam a morrer também. Banel é acusada pela sêca e precisa lutar contra a ira de todos. O filme tem elementos de realismo fantástico e possui uma fotografia espetacular de Amina Berrada. Visualmente belo, com imagens estilizadas e enquadramentos bem compostos. Os dois atores principais estão ótimos em seus personagens. O filme, no entanto, tem um ritmo extramemente lento, o que o torna bastante cansativo.

You and I

"You and I", de Nils Bokamp (2014) Drama LGBTQIAP+ alemão, “You & I” é o filme que fará a alegria do público gay que quer passar 1:20 hrs assistindo aos 3 jovens atores do filme totalmente nus em cenas de banho, sexo e com momentos de fetiche, como por exemplo, urinando. Quem conhece o cinema do argentino Marco Berger certamente amará esse filme. Dois melhores amigos, o inglês Jonas e o alemão Philip decidem viajar de van pelo interior da Alemanha para curtir a vida e tirar fotos. Jonas é assumidamente gay e Philip é hetero, mas não se incomoda com a orientaçào sexual do amigo. Quando dão carona ao mochileiro polonês Boris, Philip passa a sentir ciúmes da atração que Boris exerce em Jonas. Repleto de tensão sexual e cenas belamente filmadas de homoerotismo, o filme tem um roteiro simples, sobre um triângulo amoroso. É um filme sensual e que apresenta a interação homem e natureza embalada em lindas imagens.

Minha mulher se chama Mauricio

"Ma femme... s'appelle Maurice", de Jean-Marie Poiré (2002) Adaptado da peça de grande sucesso escrita por Raffi Schart, "Minha mulher se chama Maurício" é um vaudeville na tradição de "Gaiola das loucas", ou seja, uma comédia de erros que brinca com a questão da identidade de gêneros. Durante uma viagem até Veneza, para passar um final de semana com sua amante, George (Philippe Chevallier) percebe que a amante, Emanuelle, só quer gastar seu dinheiro e decide voltar até Paris para sua esposa milionária, Claire. Mas a amante decide se vingar e ir até Paris, junto de seu namorado, Jonnhy, entregar George para a sua esposa. Com medo, George contrata Maurice (Regis Laspalles), um voluntário de uma associaçãp ara necessitados, para se passar por sua esposa e poder enganar Emanuelle. Acontece que o namorado da amante acaba se apaixonado por Maurice. Um filme de confusões e quiprocós, "Minha mulher se chama Maurice" é mal filmado, o elenco é fraco e a edição e fotografia são amadoras e tecnicamente falhos. Mas o filme tem tantos problemas que acaba ganhando um charme pela sua tosquice. Lembra comédias italianas dos anos 70.

Hit astray

"Hit astray", de Andrew Carlos Perez Gonzalez, Jared Palomares (2023) Premiado drama independente americano, "Hit astray" narra a amizade entre dois adolescentes do Texas, Dylan e Santi. Para os amigos, eles são heteros. Mas em sua intimidade, eles são apaixonados um pelo outro, mas por conta da sociedade machista e conservadora da cidade, não podem sair do armário. Em um verão de 2008, eles saem com um casal amigo para conversar num entardecer, entre um skate e um papo sobre cigarros. Ao voltar para casa sozinho, Dylan leva um tiro nas costas, disparado por um sniper anônimo, e morre. Santi vai para casa sem saber da morte do amigo. Uma mistura de drama, romance e realismo fantástico, o filme tem uma linda atmosfera e fotografia, filmado em um entardecer bem bonito da região do Texas. Mas o jovem elenco, principalmente Adrian Rodriguez-DiBelln, que interpreta Santi, compromete muito o resultado, o que é uma pena. Deveriam ter trocado os dois atores. Aaron Guerrero, que interpreta Dylan, é melhor ator.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Desespero profundo

"No way up", de Claudio Fah (2024) "Tubarões no avião!". Com essa premissa, o filme "Desespero profundo" poderia ter rendido um cult do Filme B trash, daqueles que a gente morre de rir pelos motivos errados, tipo 'Sharknado". Mas o filme tem 2 grandes problemas: 1) querer se levar à sério. 2) Ser longo demais. Chega uma hora que a brincadeira já cansou e tudo o que você deseja é que os tubarões comam todo mundo. Mas pássaros são sugados por uma das turbinas e o avião acaba caindo no mar, afundando no fundo do oceano. No acidente, sobraram apenas 7 passageiros, que lutam para sobreviver com pouco oxigênio, com a possibilidade do avião afundar de vez no fundo do mar e pior, dos tubarões devorarem a todos (eles engram no avião!!!). Uma pena mesmo que o filme não tenha se tornado uma grande galhofa. Metade do filme é uma chatice, com os sobreviventes falando de si para passar o tempo. E tá claro quem sobrevive, óbvio. Viva as minorias!

Bleeding love

"Bleeding love", de Emma Westenberg (2023) Drama de estréia da cineasta Emma Westenberg, tem como maior atrativo a presença de Ewan Mcgregor e Clara McGregor, pai e filha na vida real, interpretando pai e filha sem nomes de personagens. O filme traz elementos da vida real de ambos: a personagem de Clara foi abandonada pelo pai alcólatra que agora tenta se reconectar. Ewan Mcgregor abandonou sua esposa e filha ao se casar novamente. O filme apresenta um pai que decide levar sua filha de carro entre San Diego até Santa Fé de carro, após ela ter tido uma overdose.Ele diz que ela irá ficar com um amigo artista até ela se recuperar, mas na verdade, ele quer interná-la numa clínica de dependência química. Como todo road movie, o filme se torna uma metáfora de suas vidas, exorcizando fantasmas e dores do passado e claro, personagens surgem no caminho e transformam as suas vidas. Confesso que esperaca mais do roteiro. Ele fica no lugar comum e o ritmo do filme é bem arrastado, parece que o filme não acaba nunca. É bonito ver ewan e Clara duelando no filme, mas faltou algo que fizesse o espectador se apaixonar pelos personagens.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Baghead- A bruxa dos mortos

"Baghead", de Alberto Corredor (2023) Adaptação do curta homônico dirigido pelo mesmo cineasta Alberto Corredor em 2019, "Baghead" é uma co-produção Alemanha e Inglaterra e tem no elenco principal os personagens Iris (Freya Allan), sua melhor amiga Katie (Ruby Barker) e um estranho cliente do pub que Iris herda de seu pai falecido, Neil (Jeremy Irvine). Quando o pai de Iris morre em estranho acidente em um pub em Berlim que era dono, Iris acaba herdando o local. Desempregada, ela procura colocar o lugar para funcionar, ajudada por Katie. Mas Neil surge e diz que lhe vai oferecer dinheiro caso ela o deixe ir até o subterr6Aneo do pub. Ao chegarem lá, Iris e Katie decsobrem o errível segredo do local: uma entidade habita uma caverna existente ali. Ela pode oferecer a quem lhe trouxer algum pertence de um morto, que esse surja no lugar de Baghead e por no máximo 2 minutos, poderá conversar com quem o conjurou. Iris decide ganhar dinheiro com a entidade, mas descobre que segredos aterrorizantes estão para surgir. O filme foi comparado por boa parte dos críticos com o terror "Fale comigo", pela semelhança no tema ( um tempo limite para se comunicar com os mortos). mas a comparação para por aí. Aqui, a figura de Baghead é meio tosca, e nem dá para assustar. Imaginar uma bruxa com saco de pano na cabeça não é a melhor forma de trazer terror. A trama se concentra quase toda em internas, já que Baghead não pode sair do porão. Faltou explorar mais tensão e terror.

Radical

"Radical", de Cristóvão Zalla (2023) Vencedor no Festival de Sundance do prêmio de filme favorito do evento, 'Radical" é um denso drama mexicano baseado em trágica história real. O filme é protagonizado pelo astro mexicano Eugenio Derbez, famoso pelas comédias de grande sucesso como "Não se aceitam devoluções". Aqui, ele é o professor Sergio Garcia, um professor da sexta série que decide lecionar na escola primária José Urbina López, localizada em Matamoros, no México, área conhecida pela pobreza e pelo crime. Conhecida como “Escola do Castigo”, a instituição é vista como um dos locais menos desejáveis pelos professores para dar aula. Ambientada em Matamoros, Tamaulipas de 2011, uma das áreas mais violentas do país e que na época vivia uma guerra pelo comando do tráfico. Os alunos e alunas de Sergio precisam lidar com a convivência com o tráfico e o assédio que os traficantes têm com os alunos, aliciando-os. Sergio tem um método pouco convencional para dar aula, para fazer os alunos tomarem gosto pelas matérias e terem vontade de frequentar as aulas diariamente. Sergio acaba se envolvendo com o drama de alguns alunos, como Paloma, Lupe e Nico. O filme traz um Eugenio Derbez em regirtso totalmente do que o público está acostumado a vê-lo, provando ser também um excelente ator de drama. O roteiro traz lugares comuns a quqlauer espectador que já tenha visto filmes sobre professores que precisam lidar com o ambiente inóspito da escola, além do desinteresse doa alunos. Excelente time de jovens atores, dentro de uma narrativa edificante e comovente.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Knight of fortune

"Ridder Lykke", de Lasse Lyskjær Noer (2022) Vencedor do prêmio de melhor curta em Clermont Ferrand e indicado ao Oscar da categoria em 2024, o filme dinamarquês "Knight of fortune" é uma divertida comédia de humor ácido, mas com um fundo dramático e bastante melancólico. O filme fala sobre luto, morte e a união de dois homens de terceira idade que se conectam pela morte de suas esposas em velórios diferentes dentro da mesma capela. O título do filme se refere à uma música que ambas as esposas adoravam. Karl (Leif Andrée) está velando sozinho sua esposa. Ele não tem coragem de se despedir dela, nem de dar um último beijo nela. Karl é eletricista e na sala uma luz falha e ele decide consertar. Um homem surge, Torben (Jens Jørn Spottag), quando Karl vai ao banheiro, e pede para que ele o acompanhe até o velório de sua esposa, para que se despeça dela. Mas Karl não esperava que, após a despedida, o marido real e a família da falecida apareçam, e não façam idéia de quem seja Torben. Com duas performances excelentes, o filme diverte e emociona. Falar sobre luto e sobre reconhecimento, sobre botar para fora tudo aquilo que não foi possível em vida, faz de "Knight of fortune" um filme especial, que certamente muita gente irá se identificar. O desfecho é acre doce, poético e deixa claro que na melancolia, portas podem se abrir.

Beauty boys

"Beauty boys", de Florent Gouëlou (2020) Premiado curta metragem LGBTQIA+, "Beauty boys" apresenta a história de dois irmãos morando em um pequeno vilarejo do interior da França. Leo tem 17 anos e é gay assumido. Jules, seu irmãos mais velho, é homofóbico e tem vergonha do irmão. Ambos ensaiam para um evento musical da cidade: Leo com seus amigos Yaya e Ambre, ensaiam um número musical Drag; Jules ensaia com seu amigo um número de hip hop. Esses dois universos irão colidir com bullying e muita perseverança e auto-afirmação. Com um roteiro simples mas que dá conta de trazer sua mensagem de aceitação e empoderamento, "Beauty boys" fala sobre família e sobre como harmonizar um mundo tão conservador e homofóbico. Belo trabalho do jovem elenco. A cena da Mãe Drag Cookie chegando ao som de "Betty Davis eyes" é sensacional.

Me mate, querido

"Zabij mnie, kochanie", de Filip Zylber (2024) Comédia de humor ácido polonesa, "Me mate, querido", é como um 'Sr e Sra Smith" versão light e divertida. Muitos críticos detonaram o filme, mas ele é agradável e funciona para uma tarde entediante. Filmado em belas locações e com um time de atores casrismáticos, o filme nos apresenta ao casal Piotr (Mateusz Banasiuk, do cult Lgbt 'Floating skyscrappers") e Natalia (Weronika Ksiazkiewicz), que no prólogo, se conhecem e fazem juras de amor. Cinco anos depois, já casados, os dois vivem um relacionamento já sem paixão. Piotr junta cupons para conseguir decsontos em restaurantes, e presenteia sua esposa com presentes cafonas. Natalia trabalha em agência de publicidade, Piotr como representante de uma seguradora. Quando Piotr e Natalia compram uma loteria de uma senhora, ganham 1 milhão de dólares. Crentes que a vida vai melhorar, por intermédio de seus melhores amigos, entendem que é melhor matar o parceiro/a e ficar com uma bocada maior de dinheiro. Me surpreendi com essa comédia rasgada feita na Polônia, um país com tradição de comédias menos escrachadas. Mas o filme aposta nas maluquices, e o ponto alto e nas tentativas de matarem-se um ao outro. Os atores que interpretam os melhores amigos, Agata e Lukazs, também são ótimos. Não é um primor, mas não faz vergonha.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Double blind

"Double blind", de Ian Hunt-Duffy (2023) Premiado terror irlandês que traz elementos de "A hora do pesadelo"", "Awake", "Round 6" e alguns filmes de David Cronembeerg e John Carpenter. O maior mérito do filme é unir um excelente time de jovens atores irlandeses e uma vilã que parece ter saído de um filme dos anos 80 ou 90. A Blackwood pharmaceutics é uma empresa que está desenvolvendo um novo remédio e abre inscrições para voluntários que sejam cobaias. Um grupo de estudantes se inscreve, necessitados do dinheiro. Eles descobrem que será um teste isolado, onde ficarão confinados. Mas os efeitos colaterais surgem: eles não pdoem dormir, e caso isso aconteça, eles morrem com sangramento interno. OS sobreviventes procuram uma forma de fugir do local e de descobrir uma cura. Um filme bem interessante, acima da média, com excelente fotografia e uma ótima direção de Ian Hunt-Duffy, que soube explorar as atuações do elenco em prol de um filme de orçamento baixo e efeitos simples.

Red, white and blue

"Red, white and blue", de Nazrin Choudhury (2023) Indicado ao Oscar de curta ficção 2024, "Red, white and blue" é um filme escrito e dirigido por Nazrin Choudhury e protagonizado por mulheres de 2 gerações, mãe e filha pré-adolescente de 10 anos. O filme tem um plot twist queme deixou chocado e ao mesmo tempo emocionando e muito triste. É um rotero formidável, um filme que deixa claro a sua mensagem de sororidade e empoderamento com todas as personagens femininas que surgem no filme. O trabalho das atrizes, Brittany Snow como a mãe rachel, e Juliet Donenfeld como a filha Maddy, é impecável. Em Arkansas, a garçonete Rachel luta a duras pernas para manter a sua casa e os dois filhos, Maddy e Jake. Maddy passa o dia na lanchonete onde sua mãe trabalha e presencia maus tratos de homens com sua mãe e entende desde cedo a brutalidade do mundo que a cerca. Rachel economiza cada centavo para um aborto fora de Arkansas e vai para Missouri, onde é permitido. Ela leva Maddy com ela para dar apoio moral. Um soco no estômago, o filme é um retrato realista de um mundo cruel e violento. Um primor de direção, de roteiro e de atuações. Imperdível.

Hipóteses para o amor e a verdade

"Hipóteses para o amor e a verdade", de Rodolfo García Vázquez (2015) Versão cinematográfica da peça encenada e dirigida por Rodolfo Garcia Vasquez, aqui em sua estréiaa na direção de longa. A peça, encenada pelo grupo teatral 'Os Satyros", entrou em cartaz em 2010, e traz relatos de figuras de uma grand emetrópole que vivem solitários: traficantes, travestis, prostitutas, pessoas comuns, nerds...todos anônimos, todos em busca de algo. A grand epersonagem é São Paulo, apresentada em prosa e verso por Nany People, que interpreta uma radialista que traz dados didáticos da cidade, mas de uma forma poética e melancólica. São 11 personagens que se entrecruzam, têm as suas histórias, algumas melhores do que as outras, e interpretadas por um elenco talentoso, mais focado nna encenação teatral. Um filme artístico, quase todo noturno, e que traz uma sensação de tristeza enorme na alma e no coração para quem mora na grande São Paulo.

E depois?

'And after?", de Misan Harriman (2023) Premiado curta inglês, indicado ao Oscar da categoria 2024, "E depois?" tem um prólogo brutal: Dayo (David Oyelowo). é um alto funcionário de uma empresa corporativa e dedicado ao seu trabalho. Enquanto passeia com sua filha e esposa, ele agenda uma reunião pelo celular. Ao se descuidar, percebe que sua esposa e filha estão sendo atacados por um terrorista armado com uma faca, que as mata. 1 ano depois, ainda traumatizado, Dayo abandona tudo e segue sua vida como motorista de aplicativo. Entre tantos passageiros que circulam em seu carro, uma menina, semelhante à sua filha, o comove. Um filme que começa muito bem com um início tenso e violento, mas depois se torna melodramático e novelesco, com um desfecho água com açúcar. É um filme para padrão Oscar, otimista, dentro de um cenário de um mundo tão cruel.

A memória infinita

"La memoria infinita", de Maite Alberdi(2023) Indicado ao Oscar de longa documental 2024 e vencedor do World cinema em Sundance, "A memória eterna" é um filme que irá comover o espectador que acredita em amor eterno e que é possível que duas pessoas tenham nascido para viverem juntas, aconteça o que acontecer. O jornalista Augusto Góngora trabalhou a vida toda como repórter e apresentador, anunciando muitas matérias ainda no Chile da ditadura e lutando pelo direito do cidadão. Paulina Urrutia é atriz e ativista cultural, e foi ministra de Estado no governo da presidente socialista Michelle Bachelet. Os dois se conheceram e são casados há 25 anos, pais de 2 filhos. Há 8 anos, Góngora foi diagnosticado com Alzheimer, e desde então, Paulina luta para que as condições da doença não piorem. A natureza do tema já deixa claro que não é um filme fácil para o espectador assistir, prinicipalmente para quem tem pessoas próximas que sejam portadoras da doença. Assistir ao filme pode ser tanto um alívio, ou um gatilho, afinal, mesmo com tanta dedicação e amor, Góngora tem seus altos e baixos. Mas acreditar que o amor é o que pode reverter a doença, é a linda mensagem desse filme, que deixa em aberto o seu desfecho, afinal, a vida do casal continua ainda em progresso.

The ABC of book banning

"The ABC of book banning", de Trish Adlesic, Nazenet Habtezghi e Sheila Nevins (2023) Curta documentário finalista ao Oscar da categoria 2024, "The ABC of book banning" é um contundente alerta contra a censura no ambiente escolar americano. Os Estados Unidos se vangloriam de ser um país democrático, porém mais de 2 mil livros foram banidos das escolas e não estão disponíveis para leitura para mais de 37 milhões de estudantes americanos. Entre os livros, autores como James Baldwin, Tolkien, e narrativas feministas, negras e Lgbt foram banidas e /ou condenadas. O filme traz depoimento dos autores condenados mas o mais interessante e objeto do filme, são os depoimentos das crianças, na faixa de 8 a 10 anos, mas com um discurso de empoderamento, com argumentos críticos e muito lúcidos acerca de diversidade de gênero e raça.

Frits e Freddy

"Frits en Freddy", de Guy Goossens (2010) Comédia policial belga, que procura trazer elementos de Guy Ritchie e irmãos Coen, sem a mesma estética, com uma direção mais simples e mais focada nos atores. É um filme debochado, farsesco e que funciona pelo inusitado da história maluca. Frits e Freddy Frateur são irmãos que desde criança, aprontam todas. Já adultos e na faixa dos 40 anos, por conta da crise econômica, vivem de vender bíblias de porta em porta. Ao baterem na porta de um criminoso, Carlos Mus, eles são maltratados e decidem pregar uma peça nele. Ao chegarem em casa, são atacados pelos capangas de Carlos. Como vinganca, decidem invadir a mansão de Carlos em busca de dinheiro, mas na confusão, acabam sequestrando a esposa dele, Gina. A situação dos irmãos vai de mal a pior à medida que mais e mais pessoas se envolvem e todos querem uma parte do dinheiro do resgate. O filme é divertido pelo inusitado de ser uma comédia policial belga, um país que em uma tradição de humor mais ácido e menos politicamente correto. Os atores têm um tipo ótimo e são carismáticos, apesar de só fazerem merda. Mas o contexto sócio econômico do país é uma crítica que existe como sub-texto.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Danzón, meu amor perdido

"Danzón", de Maria Novarro (1991) "Danzón"é um marco na cinematografia mexicana. Realizado em 1989, foi um dos pioneiros do cinema feminino, escrito, dirigido e protagonizado por mulheres. O filme traz o protagonismo feminino fora dos clichês que eram apresentados até então. Julia é uma mulher que encontra a sua feminilidade, a sua independência, e descobre que para ser feliz, ela não precisa ter um homem ao seu lado. Essa viagem de auto- descoberta é protagonizado por uma atriz incrível, Maria Roojo, e por um excelente elenco de apoio. Julia é uma telefonista que gira sua vida em torno de seu trabalho, sua filha, seus amigos e danzón, um ritmo cubano que ela dança todas as quartas-feiras em um clube. Ali, por anos, ela dança com Carmelo, mas uma noite ele desaparece. Desesperada e se achando perdida e sem rumo, Julia decide ir atrás de Carmelo. Ela ouve dizer que ele foi para Vera Cruz, atrás de seu irmão. Ao chegar no local, Julia se hospeda em uma pensão. Ela conhece a Dona Ti, dona da pensão, e também fica amiga da travesti Susy (Tito Vasconcelos). Ela acaba flertando com outros homens e nessa viagem, nada mais será o mesmo. Quem assistiu 'Gloria", 'Shirley Valentine", vai amar o filme. Recomeçar uma vida depois dos 40, 50 anos, não é fácil para uma mulher, e o filme mostra que tudo é possível. Um filme belo, simples, rodado em película, numa época onde a personagem feminina era flertada nas ruas por vários homens e achava bacana. Hoje em dia, esse filme teria um olhar mais crítico em relação ao approach masculino, que seria acusado de assédio. Mas aqui, o tom romântico dita a narrativa.

Madonna- The rebel heart tour

"Madonna- The rebel heart tour" (2016)

Cinco chances para ser feliz

"Five blind dates", de Shawn Seet (2024) Depois do mega sucesso da comédia "Todos menos você", a Austrália se tornou o paraíso para as comédias romÂnticas. Agora, com roteiro, direção e protagonismo asiático, o filme remete ao grande sucesso "Podres de rico", sobre uma família de chineses que irão se casar. Mas claro que a irmã mais nova da noiva está solteira e é quem os pais depoistam toda a sua tristeza por não ter se casado nem arrumado um emprego. Lia (Shuang Hu) decide sair da cidade de sua família, Towsnville, e se aventurar sozinha em Sidney. Ela herdou a loja de chá artesanal de sua avó, que faleceu, mas os negócios vão mal, pois todo mundo quer chá de bolha. Seu melhor amigo, Mason (Ilai Swindells), que é gay, a ajuda na loja, mas têm visões diferentes do negócio. Quando ambos são convidados para a cerimônia de casamento da irmã, Lia, que é a dama de honra, é procurada por uma cartomante que diz que a vida amorosa e a carreiura estão interligadas, e que ela irá encontrar o amor de sua vida nos próximos cinco encontros. O que ela não contava era que terá que fazer par com o padrinho de casamento Richard (Yoson An), seu ex-melhor amigo que virou namorado e virou ex. O filme é interessante, mas tudo tudo mastigado e qualquer um já sabe com quem ela vai ficar em 10 minutos de filme. É filme para assistir em tarde de domingo chuvosa e preguiçosa. Elenco ok, fotografia ok, locações ok. Tudo check e aprovado.

Noventa e cinco sentidos

"Ninety five senses", de Jared Hess e Jerusha Hess (2022) Finalista ao Oscar de curta animação 2024, "Noventa e cinco sentidos" é um poderoso filme que parte de uma pesquisa de 2 roteiristas: O filme foi inspirado em imagens de presos no corredor da morte aguardando injeção letal na Unidade Huntsville, no Texas. Os roteiristas Chris Bowman e Hubbel Palmerentrevistaram os condenados e imaginaram cada um dos prisioneiros revendo sua vida através de cada um dos seus cinco sentidos. Narrado pelo ator Tim Blake Nelson, Coy é um idoso que passou décadas na prisão e hoje chegou o dia de sua sentença de morte. Ele revê toda a sua vida, desde criança até a fase adulta, através dos sentidos, e de como na hora de sua morte, cada um deles vai se esvaindo. Para acentuar a diferença entre os sentidos, os diretores convocaram animadores distintos para animar cada um dos sentidos. É um filem primoroso, inteligente, que merece cada prêmio que está ganhando.