sexta-feira, 30 de abril de 2021

O auto da boa mentira


"O auto da boa mentira", de Jose Eduardo Belmonte (2021)
Comédia dramática baseada em frases e causos contados pelo escritor paraibano Adriano Suassuna em suas entrevistas, "O auto da boa mentira" vem na esteira de outro sucesso adaptado do escritor falecido em 2014, "O auto da compadecida". Inclusive Guel Arraes, que dirigiu o filme com Selton Mello, agora produz "O auto da boa mentira" e que, como o próprio nome diz, tem como tema as mentiras e causos contados pelo anedotário popular brasileiro.
É inevitável comparar ao argentino "Relatos selvagens": aqui, 4 histórias distintas são contadas para trazer humor sobre a tragédia do cotidiano do brasileiro.
No 1o episódio, Leandro Hassum é Helder, um gerente de RH loser que trabalha em uma empresa burocrática e que viaja para uma convenção em um hotel. Todos da empresa o ignoram. Para sua surpresa o humorista Paulo está no mesmo hotel para fazer um show na convenção. Paulo é sósia de Helder, só que gordo. O filme faz uma metalinguagem sobre Leandro Hassum gordo e agora magro.
No 2o episódio, estrelado por Renato Góes e Cassia Kiss, ele é o filho que descobre que seu pai verdadeiro é um palhaço de circo e resolve procurá-lo.
No 3o episódio, o ator americano Chris Mason interpreta um guia de Jeep tour com turistas, visitando favelas cariocas. Ao contar uma mentira para seu amigo da comunidade, ele acaba se enroscando com o traficante, papel de Jesuíta Barbosa.
No último, uma estagiária trabalha em uma empresa onde ninguém dá bola para ela: Jonnhy Massaro, Luis Miranda, Leticia Isnard, Silvio Guindane fazem parte desse conto.

O problema dos filmes de episódios é que sempre comparamos um ao outro, e nesse caso, o 2o episódio ganha disparado. É o mais redondo, preciso, divertido e trazendo também emoção, através de excelentes performances de Cassia Kiss, Renato Góes e Jackson Antunes. Tecnicamente o filme é ótimo, com fotografia, direção de arte e maquiagem de alto nível.

Nós


"Nós", de Pedro Arantes (2018)
Documentario brasileiro que concorreu no Festival de Brasília em 2018, foi dirigido pelo mesmo realizador do suspense "Dente por dente".
O tema do filme já foi visto diversas vezes em outros filmes: os desaparecidos, tanto políticos, quanto provavelmente pela milícia ou pistoleiros. O que o filme traz de novo, é a união da dôr e da ausência de 4 famílias que não se conhecem, mas estão conectados por histórias de desaparecimento de seus filhos.
Luis Almeida Araujo, o Lula, era militante da Aliança Nacional Libertadora e sumiu no dia 24 de junho de 71, em plena ditadura.
Rolindo Vera sumiu no dia 31 outubro de 2005 . Indígena, ele e seu primo Juvelino, que eram professores , desapareceram. Juvenal foi encontrado morto. Acredita-se que pistoleiros foram contratados para matá-los, querendo retomar as terras ocupadas pela tribo.
Paulo Alexandre Gomes sumiu no dia 16 maio de 2006. Ele estava em liberdade condicional.
Felipe Damasceno sumiu no dia 3 novembro de 2008. Ele saiu de sua bibicletaria e foi de moto visitar um amigo, e nunca mais foi visto.
O filme é composto de depoimentos dos familiares, e os sentimentos de perda e a frase que deu subtítulo ao filme: "Ele não está vivo nem morto: está desaparecido". Entre desejos de verem a pessoa retornar viva, e o medo de saberem que foi morto, restam momentos de dôr e desilusão. Uma das mães projeta no seu filho vivo todas as ações e desejos que ela tinha no que morreu. Outra se tornou evangélica fervorosa. É um filme triste, sobre uma realidade bárbara e cruel da sociedade brasileira, mais focada na classe média baixa e média, quando a voz não chega aos grandes Poderes.
Hsu Chien

quinta-feira, 29 de abril de 2021

These things take time: A história do The Smiths


"These things take time: The story of The Smiths", de David Nolan (2002)
Para quem é fã daquela que foi considerada pela Revista musical New Musical express como a mais importante banda surgida nos últimos 50 anos ( dado de 2002), esse documentário dá um gosto enorme de frustração. De vantagem, o filme traz imagens footage até então desconhecidas e raras da banda tocando em lugares amadores e em ensaios. Fora isso, tem as músicas eternizadas na voz de Paul Morrisey, entre elas, "Take me out tonight", "This charming man, There is a light that never goes out", entre outras.
A banda foi fundada em 1982, em Manchester, e além de Morrisey, tinha Johnny Marr (guitarras), Andy Rourke no baixo e Mike Joyce como baterista O nome The Smiths veio porquê Morrisey disse que a banda fazia música para o povo, então apelidou com o nome mais comum possível.
A banda teve vida curta, de 1982 a 1987, e lançaram 4 discos. O documentário procura registrar o início da banda, a forma
cão do grupo, os 4 discos, o problema com a letra da faixa "Handsome devil", acusada de glorificar a pedofilia. Com o fim da banda, o narrador explica o que aconteceu com cada integrante.
Com exceção de Morrisey, que se recusou a dar entrevista, todos os outros membros dão depoimentos. O filme é costurado com imagens de animação bem tosca representando o grupo, na falta de imagens que ilustrem o que é mencionado. Bom para recordar clássicos do grupo.

Slate


"Slate", de Bareun Jo (2020)
Filme de ação e comédia sul coreano, claramente inspirado na comédia romântica "Megarromântico", da Netflix. Yon Hee, desde criança, quiz ser heroína de filmes de ação. Seu pai foi um ator desconhecido e frustrado. Yon Hee também se torna atriz quando adulta, mas não encontra espaço para mostrar seu talento. Um dia, ela é chamada para conhecer um set de filmagem e conversar com o diretor. Após encontrar brincos mágicos, ela se teletransporta para um Universo paralelo, onde ela encontra uma população ameaçada por um grande vilão. É a chance de Yon Hee mostrar seu talento de heroína empunhando espadas.
O filme mescla os gêneros, comédia, ação e drama, dentro do universo do realismo fantasioso. Nem sempre o filme funciona, mas a idéia é boa. O roteiro é meia bomba, porém o bom trabalho da atriz Ji-hye Ahn no papel principal garante a diversão.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

O mundo de Roger Corman: as aventuras de um rebelde em Hollywood


"Corman's world: exploits of a Hollywood rebel", de Alex Stapleton (2011)Delicioso e divertido documentário que fará a alegria de cinéfilos, traz o Mestre dos Filmes B, Roger Corman, que desde os anos 50 até os dias de hoje (Corman atualmente está com 95 anos!) j;a dirigiu mais de 200 filmes, e produziu outros 200. Vários cineastas e atores hoje consagrados começaram trabalhando para Corman: Scorsese ( Sexy e marginal), Peter Bogdanovh, Coppola, e atores como Robert de Niro e Jack Nicholson. Nicholson trabalhou por quase 10 anos com Corman. No ano de 1957, Corman dirigiu 10 filmes! , um record, realizando filmes baratos. Scorsese, Tarantino, Joe Dante, Jack Nicholson, Robert de Niro, David Carradine, Pete Bogdanovich, entre outros, dão depoimentos reveladores sobre o jeito "Corman" de se fazer filmes. Em um depoimento, uma atriz disse que ela ficou responsável de se chegar a polícia, recolher a câmera e sair correndo ( os filmes de Corman não tinham licença para filmar nas ruas). Outra atriz diz que foi filmar no deserto, e pediu água para beber, descobriu que não tinha água e que era o jeito de Corman fazer filmes. Corman realizou todo tipo de gênero: ficção científica, drama, comédia, terror, aventura e nos anos 70, os exploitation. Foi com o surgimento dos filmes blockbusters como "Star Wars" e "Tubarão" que Corman entendeu que seu tempo acabou. Atualmente, ele realiza filmes para serem lançados direto em canais de tv ou em dvds.

Chaco


"Chaco", de Diego Mondaca (2020)
Drama indicado pela Bolívià uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro 2021, "Chaco" é uma viagem angustiante ao inferno. No ano de 1934, Bolívia e Paraguai estavam em guerra, disputando o El Chaco, uma vasta área árida e seca. Um pelotão de soldados bolivianos, formado por indígenas, é comandado por um Comandante alemão reformado, convocado pelos militares bolivianos. O pelotão vasculha a região em busca de soldados paraguaios, mas nada encontram. O comandante diz que ninguém pode retornar enquanto não encontrar os paraguaios. A fome, sede, cansaço começam a minar o grupo.
Me lembrei de imediato de "Aguirre, a cólera dos deuses", de Werner Herzog, que fala também sobre um pelotão guiado por um lunático. O filme é bem dramático, angustiante, desesperançoso. É um crônica de mortes anunciadas. Com um elenco de ótimos atores nativos, "Chaco" é uma parábola sobre os horrores da guerra e que deixa claro que o inimigo nem sempre está do outro lado.
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Imperdoável


"Imperdonable", de Marlén Viñayo (2020)
Rara produção de El Salvador, "Imperdoável" é um contundente documentário LGBTQIA+ sobre a violência em El Salvador e sobre as violentas gangues que aterrorizam o país. Mais do que isso, é sobre homossexuais que fazem parte das gangues e que, ao se assumirem, são ameaçados de morte pelos membros, alegando que envergonham a corporação. Para piorar a situação, a prisão penal de Francisco Gotera é toda formada por presos das gangues e muitos deles se converteram à religião evangélica, que recrimina os homossexuais. Como conviver na mesma prisão com membros das gangues e religiosos que alegam que os homossexuais são criminosos?
O filme acompanha uma cela onde estão confinados 9 homossexuais assumidos de gangues, entre eles, o casal Geovany e Steven. Eles temem serem separados. Temem serem mortos pelos companheiros e descrevem a forma bárbara como são assassinados. As imagens desse presos, tatuados por completo, em ambiente de masculinidade tóxica, contrastando com a cela onde o casal troca carinho, se abraçam, se olham, é chocante.
A ideia do filme surgiu quando o jornalista Carlos Martínez , que investiga o fenômeno da violência na América Central.foi convidado pelo seu colega, o fotojornalista Víctor Peña, a visitar o Centro Penal San Francisco Gotera. O diretor do complexo contou-lhe sobre nove presos que se declararam abertamente gays e que, para sua segurança, foram isolados dos demais presos. Um filme brutal, triste e que traduz com melancolia a trágica história de jovens que escolheram o caminho do crime mas que se pudessem, teriam trilhado outro caminho.

Kung Fu contra as bonecas


"Kung Fu contra as bonecas", de Adriano Stuart (1975)
Grande sucesso de bilheteria da boca do lixo de 1975, "Kung Fu contra as bonecas" se tornou um cult trash venerado por cinéfilos. A esculhambação desse filme é tão grande, que em seu lançamento americano, se chamou de "Bruce Lee vs de Gay power", e teve o subtítulo de "quando o Kung Fu encontra a capoeira".
Quem diria que Adriano Stuart, famoso por dirigir vários filmes dos Trapalhões, dirigiria e protagonzaria uma pornochanchada paródica que sacaneia o seriado "Kung Fu", protagonizado por David Carradine? Além dele, Maurício do Valle, muso do cinema novo e de Glauber Rocha, interpreta um cangaceiro gay com bobs nos cabelos. O cineasta premiado André Klotzel é o assistente de direção.
China (Stuart) é filho de um chinês e uma pernambucana. China passou anos na China fazendo treinamento com um Mestre chinês ( um ator negro de bigodes brancos). China volta a pé!!! para casa , em Pernambucano, vindo da China. Ao chegar, descobre que seus pais foram assassinados por Azulão (Valle) e seus capangas cangaceiros, uma quadrilha de gays mega afeminados. China salva Maria (Helena Ramos), mestra em artes marciais, da morte e juntos, tentam liquidar o bando.
Tudo no filme é zoado, é uma insanidade de diálogos toscos, direção de arte, figurino e maquiagem apavorantes e atores ruins, o que no final, se torna um grande pastiche hilário. O filme tem um monte de putaria, mas hoje em dia, soa mega inocente.

terça-feira, 27 de abril de 2021

O problema de nascer


"The problem with being born", de Sandra Wollner (2020)
Controverso drama futurista, premiado no Festival de Berlin, provocou repulsa e esvaziamento em salas de cinema por onde passou.
Elli (Lena Watson, atriz de 10 anos que usou um pseudônimo, e tem o rosto no filme modificado) é uma robô, cujo dono ela chama de "Papa" (Dominik Warta). Papa tem uma filha que desapareceu há 10 anos, e para suprir a ausência, programou Elli para ter as memórias dele. No entanto, mais do que filha, Elli também é objeto sexual de Papa, que faz sexo com ela. Um dia, Elli foge para a floresta. Ela é encontrada por um motorista, que dá Elli para sua mãe idosa, para suprir a ausência do irmão dela, morto na guerra h;a 60 anos atrás.
A premissa do filme lembra o longa "Merjorie prime" e o episódio de Black mirror, "Be right back". Andróides substituindo a morte de algum ene querido e de que forma os humanos transitem para o ser inanimado suas emoções e frustrações.
O filme tem um ritmo bastante lento. A cineasta Sandra Wollner. não se intimidou em lidar com um tema tão provocativo: mesmo sendo uma andróide, é impossível não associar à atriz menor de idade que interpreta a robô. Em uma cena bizarra, Papa retira a língua e a vagina de Elli para lavar, deixando claro que fez uso desses órgãos no ato sexual. Não é um filme que se recomende pelo fato de explorar a pedofilia de forma aceitável, ainda mais que a robô não tem como se defender e ela é programada elo dono.

Nardjes A.


"Nardjes A.", de Karim Ainouz (2020)
Exibido no Festival de Berlin, "Nadjes A." é um documentário dirigido pelo cearense Karim Ainouz, realizador de "O céu de Suely" e "A vida invisível". O avô de Karim era argelino e acompanhou todo o período de colonização francesa até o seu fim, em 1962. Nesse período, a Argélia experimentou um curto espaço de liberdade e alegria, logo derrubada pelo governo que se instalou no país. Uma grande traição ao povo: os que libertaram o país, se tornaram os novos algozes. O filme é dedicado a Idir Ainouz, avô de karim, falecido em 2004.
O filme, totalmente rodado com smartphones, foi rodado em um único dia, 8 de março de 2019, dia da mulher, mas também dia de manifestação no País contra o anúncio de que o Presidente Bouteflika, de 82 anos, iria se candidatar ao seu quinto mandato, em um período de 20 anos. O povo passou a praticar Harik (manifestações) contra o governo todas as sextas feiras a partir de fevereiro, até que em 2 de abril de 2019, ele renunciou.
O filme acompanha a jovem ativista Nardjes A., desde se arrumando em casa, até chegar no centro de Argel e se juntar aos manifestantes. Com ironia, ela diz que "os homens argelinos, conhecidos pelo bom humor, sugeriram que as mulheres saíssem para as ruas sem maquiagem para assustar os policiais". Nardjes fez ao contrário, se maquiou toda. ,
Uma cena antológica: toda a manifestação para e se ajoelham nas ruas para fazer a oração a Maomé. No final do dia, Nadjes e amigos seguem para uma boite dançar, em uma linda cena.
Karim novamente traz protagonismo feminino a um filme. a narração de Nadjes traz emoção, força, luta e também sensibilidade à uma causa que perdura por décadas, mas jamais desistindo de seus ideais pacificadores e de igualdade social.

Homunculus


"Homúnculus", de Takashi Shimizu (2021)
Drama psicológico de fantasia e mistério, adaptação do mangá escrito por Hideo Yamamoto, "Homúnculos" é uma trama bastante complexa que tem como base psicológica os traumas vivenciados pelas pessoas.
Susumu é um homem de meia idade que vive como sem teto, dormindo dentro de seu carro. Ele não sente emoções e vive de forma quase vegetativa. Um dia, ele é procurado pelo jovem estudante de medicina Manabu, que lhe propõe ser cobaia em um experimento em troca de dinheiro. O experimento se chama "trepanação", e consiste em furar o crânio no meio da testa para "abrir" um terceiro olho. Segundo Manabu, o ser humano usa somente 10 % de sua capacidade mental, e esse terceiro olho estimularia os sentidos e as percepções. Susumu se deixa convencer e passa a observar "homúnculos" nas pessoas, que são projeções dos traumas de cada um.
É difícil tentar entender a trama do filme de forma literal. O filme tem lindas cenas, efeitos especiais interessantes, mas possui uma cena bastante polêmica: Susumu, querendo ajudar uma colegial em seu trauma, acaba estuprando a menina. É um filme sem moral, onde não existem heróis, apenas perdedores. Não curti muito não, valeu pelo visual que me lembrou filmes como "Sucker Punch", de Zach Snyder, sobre meninas com problemas mentais que passam por experimentos.

Passageiro acidental


"Stowaway", de Joe Penna (2021)
Joe Penna é um cineasta brasileira que merece honras por estar ganhando seu espaço em Hollywood. Em 2018, ele lançou 'ótimo drama de sobrevivência "Ártico", com Maks Middelsen, repleto de dificuldades de produção. Agora, em "Passageiro acidental", ele repete o mesmo tema, porém incluindo mais personagens.
No futuro, uma missão espacial que sairá da terra para 2 anos de pesquisa em Marte é formado pela comandante Marina (Toni Collette), o biólogo David (Daniel Dae Kim) e a médica Zoe (Anna Kendrick). Para a surpresa de todos, eles descobrem um passageiro que acidentalmente estava na nave, Michael (Shamier Anderson), e que se acidentou antes da partida da espaçonave na Terra. Michael se desespera pois deixou sua irmã pequena para atrás, mas não h;a como retornar. Para piorar a situação, um painel se queimou e só ha oxigênio para três pessoas.
O filme tem alguns pontos positivos: o excelente elenco, surpreendente até para uma produção como essa, encabeçados pela maravilhosa Toni Colette e por uma Ana Hendricks emotiva. A produção lembra detalhes de filmes como "Alien, o 8o passageiro" e "Gravidade". Mas o roteiro tem muitos furos que é necessário ter o tal do suspensão de crença" para poder abarcar na história. Eu preferi assistir então ao filme como uma parábola moral sobre as questões sociais e dilemas que enfrentamos na vida onde não existe uma segunda opção. O filme ganha contornos sobre conflitos raciais a partir do momento que Michael, o intruso, é interpretado por um ator negro. Nesse mundo tão complexo, cabe às mulheres a força para decidir o destino de todos. Um filme interessante, mas prejudicado pela longa duração.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Corredor noturno


"Night corridor", de Julian Lee (2006)
Um estranho drama de terror psicológico LGBTQIA+ de Hong Kong, protagonizado pelo astro de Kun Fu Daniel Wu, "Corredor noturno" procura fazer referências a "O bebê de Rosemary" trazendo elementos de paranóia e claustrofobia. Mas o roteiro confuso se torna muitas vezes sem sentido e acaba afastando o espectador., com um desfecho insatisfatório, que não agrada nem a fãs de Dramas Lgbtqia+, quanto fãs de terror.
Sam é um fotógrafo que tenta ganhar a vida em Londres. Ele recebe uma ligação da namorada do seu irmão gêmeo Ah Hung, dizendo que ele sofreu um acidente e morreu. Sam decide retornar para Hong Kong e acaba tendo que, além de descobrir as circunstâncias da morte de seu irmão, também tentar se relacionar com a sua mãe ninfomaníaca e com as desavenças de seu irmão morto, que ele descobre ter sido morto por um ataque de macacos selvagens.
Nem dá para tentar explicar o filme. É confuso demais, tem uma edição ruim, os atores oscilam entre o caricato e o mistério barato. A destacar a fotografia, trazendo elementos do cinema noir.

Jumbo


"Jumbo", de Zoé Wittock (2020)
Premiado drama de realismo fantástico, concorreu em Sundance, Berlin, Sitges e outros importantes Festivais. O filme, escrito e dirigido por Zoé Wittock, tem uma narrativa que lembra "Ela", de Spike Jonze: e quando um ser humano se apaixona por uma máquina?
Jeanne (Noémie Merlant) é uma jovem que mora com sua mãe, Margarette (Emmanuelle Bercot). Jeanne tem traços de autismo, e a sua mãe a super protege de tudo e de todos. Margarette arruma um emprego para Jeanne em um parque de diversões como faxineira. Ao limpar uma das atrações, um enorme carrossel, Jeanne acaba se apaixonando por ele. Marc, o administrador do parque, procura flertar com Jeanne, mas ela só tem olhos para Jumbo, o nome que ela deu ao carrossel.
O filme poderia perfeitamente ter sido dirigido por Spike Jonze, ou Michel Gondry, e até mesmo Jean Pierre Jeunet, diretor de "Amelie Poulain", outro filme que é lembrado aqui, principalmente no visual de Janne, muito semelhante ao de Audrey Tautou, que interpretou Amelie. É estranho e bastante bizarro, mas tratado pela cineasta comm muita seriedade, e é isso que faz com que o filme ganhe contornos melodramáticos. A protagonista é vista pelas pessoas como maluca, a mãe se convence disso, e a cada vez mais, Jeanne se fecha em seu mundo particular. Bem fotografado, com é ótimos efeitos da máquina. "Jumbo", mesmo não sendo o filme que as pessoas esperam para um passatempo romântico, tem suas qualidades estéticas e uma coragem de abordar um tema em um filme bem criativo. Noémie Merlant, de "Retrato de uma mulher em chamas", está excelente em um difícil papel.

Longe do Paraíso


"Longe do Paraíso", de Orlando Senna (2020)
Escrito e dirigido por Orlando Senna, "Longe do Paraíso" lida com o importante tema do movimento dos sem terra e que sucumbem à sua tragédia ao terem que enfrentara fúria e a violência dos fazendeiros de grandes latifúndios, que não pensam duas vezes antes de contratarem assassinos profissionais para executarem os líderes dos movimentos de ocupação de terras.
Kim (Ícaro Bittencourt) é um assassino profissional que mata um sem terra por engano, acreditando se rum líder sem terra. A sua lhe propõe um acordo para evitar que ele seja morto pelo ato falho: seguir até uma cidade chamada Paraíso do norte e executar uma líder de sem terra. Para sua surpresa, ele descobre que quem ele deve matar é a sua irmã Bel (Emannuele Araújo), que ele não vê há muitos anos. Kim entra em grande conflito.
Orlando Senna co-dirigiu um dos filmes seminais do cinema brasileiro, 'Iracema, uma transa amazônica" em 1975, junto de Jorge Bodansky. Porém, aqui em "Longe do Paraiso", Senna resolveu sair do registro semi-documental que funcionou tão bem em "Iracema". Ter escalado a cantora e atriz Emannuele Araújo para um papel tão importante, não que ela não tenha dado conta do papel, mas sim, pela forma como Senna sempre trabalhou tão bem com não-atores, que trazem um registro mais verdadeiro para seus personagens. Emanuelle ainda canta em uma cena, com seus filhos um lamento da terra. Mesmo a figuração dos sem terra sôa bastante forçada. No final, o filme vale ser visto pela temática que deve ser sempre levantada em pauta, dos sem terra, e a importância do assistencialismo do governo para prover terras, alimentação, estudo e saúde aos que precisam.

sábado, 24 de abril de 2021

Lupe


"Lupe", de Andre Phillips e Charles Vuolo (2020)
Belo drama LGBTQIA+, "Lupe" é uma produção independente rodada em Nova York e na República Dominicana, se assando por Cuba. O filme traz como protagonista Rafael (rafael Albarran), um jovem pugilista cubano, que veio para Nova York em busca de sua irmã mais velha, Isabel. Ela fugiu de Cuba e Rafael acredita que ela está trabalhando como prostituta, resolve procurá-la nas noites de Nova York, na área de prostituição. Rafael, ao mesmo tempo, está em luta consigo mesmo: ele está passando por um momento de transicionamento, e em breve, quer se tornar Lupe.
O filme é repleto de metáforas: Rafael é pugilista e a sua luta é interna. Rafael vem para NY em busca de sua irmã, mas que ele busca mesmo é a mulher que habita dentro dele. "Lupe" é um filme honesto, digno, comovente e que respeita a comunidade trans e de não binários. A produtora executiva, Kelly Michelle O'Brien, é mulher trans, e o protagonista Rafael Albarran é um artista não binário. Fora isso, no elenco tem uma atriz trans. A história é bem dirigida, com delicada fotografia e trilha sonora.

Sedentos de sangue


"Bloodthirsty", de Amelia Moses (2020)
Em 2016, a cineasta francesa Julia Ducournau lançou "Grave", um filme de terror que ganhou no Festival de Cannes o prêmio da Crítica. O filme tinha como protagonista uma jovem vegetariana, que aos poucos, descobria nela tendências canibais.
Em "Sedentos de sangue", a cineasta canadense Amelia Moses traz uma premissa muito parecida (inclusive os posters são praticamente iguais) : Grey (Lauren Beatty) é uma cantora vegetariana que mora com sua namorada Charlie. Grey passa a ter pesadelos de comer carne de presas. Ela é convidada por um produtor, Vaughn, a gravar um disco. Grey abraça a grande chance de sua vida e vai passar uma temporada na casa isolada nas montanhas de Vaughn. Grey percebe que Vaughn tem comportamento semelhante ao seu, e descobre aterrorizada que os dois fazem parte de uma linhagem de lobisomens.
O filme, uma produção independente que pouco mostra de violência, deixando tudo pro espectador imaginar, pode ser visto de duas formas:
1) Um filme de terror sobre lobisomens
2) Um filem metafórico, tendo 'Cisne negro" como referência, onde a ambição de uma artista de atingir a sua perfeição vem sendo aprimorada quando ela se alimenta da carne daqueles que possuem talento superior ao seu.
Independente de como for, é um filme mediano, com atuações medianas, uma atmosfera bem fotografada mas infelizmente com pouco terror para oferecer aos seus espectadores.

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Across the Universe


"Across the Universe", de Julie Taymor (2007)Clássico musical de toda uma geração, "Across the Universe" é um filme que reúne 34 canções dos The Beatles, e tendo como pano de fundo uma história de amor nos anos 60, trazendo contextos históricos importantes como a Guerra do Vietnã, as manifestações pelos direitos civis dos negros e o conflito de classes. Opa, mas essa é a mesma história de "Hair", obra-prima de Milos Forman. Sim, é, mas também emociona e comove o público que curte musicais, romances proibidos e a torcida por um final feliz.

Julie Taymor dirigiu os dramas feministas "Frida"e "Rhe Glorias", mas ficou mundialmente conhecida por ter adaptado a animação "O Rei leão"para a Broadway, e foi aquele mega sucesso estrondoso.
"Across the universe" dividiu a crítica, que torceram o nariz pelo que chamaram de roteiro simplório e alguns números musicais bizarros e um visual de gosto duvidoso. Confesso que quando assisti na época tanto não fiquei apaixonado, mas hoje já fico mais atraído po essa love story que traz o tema do rapaz sonhador e da menina politizada, um 'Eduardo e Mônica" americano. E o carisma dos atores Jim Sturguess e Evan Rachel Wood é matador: eles são apaixonantes. Excelente fotografia e caracterização.

Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora



"Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora", de Roberto Farias (1971) Terceiro e último filme da trilogia realizada por Roberto Carlos em parceria com o cineasta Roberto Farias, é o maus maduro dos filmes, trazendo um tom realista, sem as metalinguagens e universo fantástico de "Em ritmo de aventuras" e "O diamante cor de rosa". O filme é mais dramático, com elementos de romance e os números musicais são mais escassos, focando na balada "de tanto amor".
A aventura fica no elemento da corrida de carros. Lalo (Roberto) e Pedro Navalha (Erasmo) são dos mecânicos que trabalham na Ibirapuera veículos, cujo dono, Rodolfo (Raul Cortez) é um homem de negócios e também piloto de carros, treinando para correr no Grand Prix de Interlagos. Rodolfo namora Luciana (Libânia Almeida), que se ressente de Rodolfo dedicar pouco tempo para ela. Após um incidente durante um treino, Rodolfo desiste de correr e pede para Pedro anunciar para a imprensa a sua desistência. Pedro no entanto vê aí a chance de colocar Lalo para correr, se passando por Rodolfo na corrida. Lalo, no entanto, tem os olhos voltados para Luciana, sua paixão platônica.
O filme não tem o humor dos outros filmes, e ganha um tom mais dramático, exigindo mais das atuações de Roberto e Erasmo, que interpreta um tímido. Raul Cortez está à vontade no papel do sedutor milionário, saindo da vilanice. Tecnicamente o filme é bem filmado, inclusive nas cenas de corrida. Reginaldo Farias e Flavio Migliaccio fazem participações especiais. O filme foi a maior bilheteria nacional do ano, com quase 2 milhões e 800 mil espectadores.

Amores de chumbo


"Amores de chumbo", de Tuca Siqueira (2017)
Drama pernambucano que traz a memória da ditadura sob a vivência de três pessoas de terceira idade, conectados pela dôr dos anos de chumbo. Miguel (Aderbal Freire Filho) é casado com Lucia (Augusta Ferraz). Juntos há 40 anos, Lucia cuidou de Miguel, um professor de sociologia, desde que ele esteve preso nos porões por conta com o envolvimento em guerrilha. Miguel sempre foi apaixonado por Maria Eugênia ( Juliana Carneiro da Cunha), mas desde que ela fugiu pra França, nunca mais mantiveram contato. Quando Miguel dá uma palestra no evento "Memória de 64- revisitando a memória", se surpreende com a presença de Maria Eugenia, que retornou ao País. Miguel acaba descobrindo que Lucia escondeu todas as cartas enviadas por Maria Eugenia.
Um bom filme que mistura romance na terceira idade, ainda repleto de paixão e tesão, com o tema da ditadura e as duras consequências na memória de quem viveu tudo aquilo. O bom trabalho de atuação do trio principal confere dignidade ao projeto, um drama melancólico e que reflete um País repleto de contradições e segredos.

quinta-feira, 22 de abril de 2021

Amor brilhante


"Amor brilhante", de Ashley Horner. Com o título original de "O diário do orgasmos", o drama romântico e erótico "Amor brilhante" é dirigido pela cineasta britânica Ashley Horner, e traz um casal de atores lindos e talentosos em nu total durante 1/3 do filme. O filme me lembrou "Nove canções", de Michael Winterbotton, um drama musical com cenas de sexo explícito sobre a relação de início, meio e fim de um casal. durante 9 shows que eles frequentam,
Em 'Amor brilhante" existe muito sexo, mas não chega a ser explícito como o filme de Winterbottom. Noon (Nancy Trotter Landry) é uma jovem taxidermista, que busca pequenos animais para empalhar. Ela conhece o jovem estudante de fotografia Manchester (Liam Browne), que mora em uma garagem improvisada. Os dois se apaixonam intensamente e fazem sexo todos os dias, o dia inteiro. Manchester resolve fotografar o sexo e o corpo da amada. Acidentalmente, as fotos caem nas mãos de um galerista, que se impressiona com as fotos e deseja fazer uma exposição.
O filme é dirigido com talento e delicadeza pela cineasta, mas também com bastante tesão, com sexo bem filmado e fotografado.
A câmera se apaixona pelos corpos nus dos atores, e para quem e'voyeur, o filme é um presente. Um deleite visual e sensual para quem gosta de romances eróticos, mesmo que com forte carga dramática. trilha sonora melancólica e muito intensa.

Roberto Carlos e o diamante cor de rosa


'Roberto Carlos e o diamante cor de rosa", de Roberto Farias (1968)
Segundo filme da trilogia do rei Roberto Carlos dirigidas por Roberto Farias, 'O diamante cor de rosa" foi recordista de bilheteria em 1970, com mais de 2 milhões de espectadores. O filme reúne pela primeira vez o trio Roberto, Erasmo Carlos e Wanderléa, O roteiro é singelo e no geral é bastante inferior a "Em ritmo de aventura", que brincava com metalinguagem. Mas assistir a um Rio de Janeiro ainda como cidade maravilhosa, repleta de encantos em seus cartões postais, além das inéditas imagens em m filme brasileiro de cenas filmadas em Tokyo e Jerusalém, atestam o caráter de super produção desse projeto ambicioso.
Roberto, Erasmo e Wanderléa estão em Tokyo para uma turnê. Wabderléa entra em uma loja de souvenirs e compra uma estatueta fenícia. Pierre (José Lewgoy, também vilão no filme anterior) sabe da existência de um mapa do tesouro que leva até o lendário diamante cor de rosa que está escondido na estatueta e sequestra Wanderléa. Cabe aos amigos salvarem Wanderléa, finalizando na cidade do Rio de Janeiro.
O filme, claro, é veículo para as músicas do trio: "As curvas da estrada de Santos", "Não vou ficar", 'Custe o que custar", e entre outras, finalizando com a primorosa "É preciso saber viver", com os três em um jipe descendo a Av Niemeyer.
O filme é clássico de sessão da tarde

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Jones, o faixa preta


"Black belt Jones", de Robert Clouse (1974)
Clássico do Cinema Blackexploitation, uma divertida galhofa que mistura Máfia italiana, lutadores de kung fu negros e muito humor pastelão. O cineasta robert Clouse ficou famoso por dirigir dois dos maiores sucessos de Bruce Lee, os blockbusters "Operação dragão" e "Na mira da morte". Em 1973, em 'Operação dragão", o ator negro Jim Kelly, lutador de kung fu, fez tanto sucesso, que mereceu, um ano depois, um filme solo, dirigido pelo mesmo cineasta. Assim veio "Jones, o faixa preta", que ainda rendeu uma continuação.
Jones (Kelly) é acionado pelos amigos que lutam kung fu na academia de Papa, um idoso negro professor da luta, que a máfia italiana e negra estão querendo cobrar uma dívida. Papa acaba sendo morto. Sua filha, que não o via há 20 anos, Sidney (Gloria Hendry), retorna para vingar a morte do pai. Ela, que foi treinada pelo pai quando era criança, é faixa preta, e junto de Jones, resolvem botar pra quebrar.
O filme tem uma trilha sonora incrível, repleta de soul e funk. A sonoplastia das porradas é hilária, com um som intensificado. Muitas cenas antológicas, como a da praia, com Jones e Sidney em um love repleto de porrada; a cena que Jones pede para Sidney lavar a louça e ela dá tiros na louça; e certamente, a cena final, com a luta da máfia negra e italiana contra Sidney e Jones em um lava jato, repleto de espuma. Jim Kelly, ao contrário dos outros filmes blackexploitation, que exploravam a objetificação do corpo feminino, tem o seu corpo explorado, passando boa parte do filme só de shorts. Um filme que é um passatempo certo regado à muita pipoca e gargalhadas.

Os 50 piores filmes já feitos


"The 50 worst movies ever made", de Dante J. Pugliese (2004)Um divertido documentário que certamente fará a alegria de cinéfilos em busca de uma antologia de filmes ruins, "Os 50 piore filmes já feitos" é uma seleção realizada pelos produtores do filme do que eeus consideram ser um filme ruim. Claro, esse gosto é muito pessoal e cada um tem a sua lista particular. Eu mesmo não confio em uma lista onde não conste aquele que é um dos piores de todos os tempos, "Trolls 2". O filme até apresenta o "Trolls", mas a parte 2 foi ignorada. Na verdade, o grosso da lista contém filmes B de Ed Wood e outros do memso nível, e algumas trasheiras que nunca ouvi falar mas que pelas cenas certamente parecem pavorosos. Mas senti falta de várias pérolas, com 'Cherry 2000", e um tanto de slashers vagabundos dos anos 70 e 80, além daqueles filmes naziexplitation utalianos. Uma pena que "Xanadu" esteja na lista, pois mesmo sendo considerado pela crítica um péssimo filme, se tornou cult e venerado por muita gente, e nem merecia estar na lista junto de tanta podreira. É um outro nível. Mas vale pela curiosidade.

terça-feira, 20 de abril de 2021

O Grande Buster


"The great Buster", de Peter Bogdanovich (2018)
Uma obra-prima esse documentário apaixonante e apaixonado sobre um dos maiores Diretores e comediantes da história do cinema, Buster Keaton, chamado de "O homem que não ri", ou "The stoned face".
Peter Bogdanovich, realizador de obras-primas como "A última sessão de cinema", é também professor de cinema e estudioso, e escreveu e produziu esse grande tributo.
Buster Keaton teve sua carreira em declínio com o advento do cinema sonoro, e também, com o surgimento dos cartoons. É notório que desenhos como Pernalonga tiveram Keaton como inspiração.
Keaton começou ainda criança nos palcos, se apresentando com seus pais em vaudevilles teatrais. Seu pai lhe ensinou malabarismo, o que justifica seu grande trabalho corporal, recusando o uso de stunts em todos os seus filmes.
Keaton foi trazido ao cinema pelo comediante Fat Arbuckle, que também o ensinou a dirigir.
O filme contém depoimentos comoventes de Tarantino, Mel Brooks, Werner Herzog, Cybil Sheppard e muitos atores e produtores, que falam da importância de seus filmes para a formação profissional de todos. Jon Watts, diretor de "Spider man- de volta para casa", explica como foi importante o trabalho de Keaton, famoso por somente interpretar com os olhos, para poder trabalhar o Homem aranha, que também só atua com os olhos.
Tarantino diz que Ketaon trouxe a masculinidade aos personagens de comédia, ao contrário de outros filmes que infantilizavam o comediante. Depois de dezenas de curtas, Keaton estreou no longa com a obra-prima "A general", em 1923. O filme se tornou um fracasso comercial, mas é considerado pela crítica mundial como o 18o melhor filme de todos os tempos, inclusive por Orson Welles.
Com o cinema sonoro, veio o declínio de Keaton que, deprimido, se tornou alcoólatra. Ele trabalhou em diversos filmes falados, todos fracassados. Na televisão fez diversos comerciais e programa de pegadinhas. Em 1950 fez uma participação em 'crepúsculo dos deuses" e em 1953, 'luzes da ribalta", de Chaplin, ambos homenageando o Keaton esquecido pelo mundo.
Em 1960, ele recebeu um Oscar honorário. Em 1965, foi homenageado em Cannes, com 10 minutos de aplausos. Keaton morreu em 1966.
O filme apresenta cenas de filmes de Keaton que eu nunca havia visto e agora quero ver todos. O filme é uma aula de cinema.