sábado, 10 de abril de 2021

O homem que vendeu sua pele


"The man who sold his skin", de Kaouther Ben Hania (2020)
Brilhante drama satírico da Tunísia e que está entre os cinco finalistas ao Oscar de Melhor filme internacional 2021. E certamente, de todos os cinco, é o mais polêmico e provocativo.
O filme tem um tom e tema que remetem muito a "The square", de Ruben Östlund, também concorrente ao Oscar de filme estrangeiro em 2017. As histórias falam sobre refugiados e sobre o mercado de Arte, e o papel e conceito do que é Arte para a sociedade.
O filme ganhou o prêmio de melhor ator para Yahya Mahayni, no papel do protagonista Sam, merecidamente em sua composição triste e comovente de um refugiado sírio apaixonado pela mulher que teve que abandonar no país.
A cineasta Kaouther Ben Hania, nascida na Tunísia, já era conhecida pelo drama sobre estupro "A bela e os cães", todo rodado em planos-sequências, concorrente de Cannes 2017. ela se inspirou na história real do artista plástico belga Win Delvoye, que ela conheceu durante uma exposição no Museu do Louvre em 2006. Ela ficou impressionada com um homem com as costas tatuada exposto para o público, Tim Steiner. Ele vendeu suas costas ao artista, que o tatuou e o expõe no mundo todo. A obra foi vendida e quando Tim morrer, sua pele será retirada e emoldurada. A cineasta e roteirista fez uma parábola sobre essa história misturada a Fausto, que vende sua alma.
O filme se passa em 2011, antes da guerra civil que deu início à guerra no País. Sam e Abber são apaixonados. Mas ela é de família rica e foi oferecida pelos seus pis para se casar com um homem rico. Sam é preso por fazer um discurso a favor da revolução. ele consegue fugir para o Líbano e vira um refugiado. Ele frequenta vernissages para comer e beber, até que é descoberto pelo famoso artista belga Jeffrey e sua assistente maldosa, Soraya uma exuberante Monica Belluci). Sam acaba cedendo ao desejo financeiro e de poder viajar e vende suas costas. Jeffrey tatua o VISA DE SCHENGEN, que é o visto para que estrangeiros possam entrar na Europa, uma metáfora da situação de Sam.
Curiosamente, o filme lida com humor negro para falar de temas tão crus como guerra, mortes de civis, assassinatos do estado islâmico, atentados. O elenco é todo excelente, e o brilho vai todo, literalmente, nas costas do ator Yahya Mahayni, uma figura carismática e que comove em sua performance.
Certamente um filme para assistir e debater, pois provocou opiniões contrárias entre os críticos do mundo todo.

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