"Que Vadis, Aída?", de Jasmila Zbanic (2020)
Esse drama é proibido para quem não estiver emocionalmente bem. Brutal, avassalador, trágico, cruel. Faltam adjetivos para tentar explicar o quão assustador é esse filme sobre o massacre de civis na cidade de Srebrenica, em julho de 1995: 8372 homens muçulmanos bósnios assassinados pelo exército Sérvio.
O filme é escrito e dirigido pela cineasta bósnia Jasmila Zbanic, vencedora do Urso de ouro em Berlin de melhor filme pelo drama "Em segredo", sobre a relação mãe e filha após a guerra da Bósnia. "Que vadis, Aída?" concorreu no Festival de Veneza 2020, mas teve o azar de competir com "Queridos camaradas", drama russo que também retrata um massacre ocorrido na União Soviética. Mas o troco veio em 2021: "Que vadis Aida?" ficou entre os cinco finalistas para o Oscar de melhor filme internacional.
Em julho de 1995, na cidade de Srebrenica, a professora Aida (Jasna Djuricic, muito parecida com a atriz brasileira Denise Wienberg) trabalha como tradutora para soldados holandeses que representam a Onu. Os soldados alertam aos cidadãos da cidade que irão protegê-los de um eminente ataque sérvio. Mas não é o que acontece. Os holandeses ficaram com medo, os soldados sérvios massacraram os homens e violentaram as mulheres. Aída é a testemunha ocular e no desespero da tragédia eminente, ela procura salvar seu marido e seus dois filhos.
O filme é repleto de cenas tensas e muito bem construídas em ritmo de tensão. Nós sabemos o que vem pela frente, mas mesmo assim ficamos torcendo para que não seja verdade. A cena de Aida tentando salvar um dos dois filhos, lembra a difícil escolha em 'A escolha de Sofia". E talvez a maior tragédia é ver que no teatro onde foram assassinados os homens, agora existe uma apresentação de um grupo infantil de dança para os seus pais, e que ali, estão vários dos criminosos de guerra.
O filme se escora 100% nas costas da atriz Jasna Djuricic, fenomenal em seus registros de emoção e dor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário