terça-feira, 30 de setembro de 2014

Estação espacial 76

"Space station 76", de Jack Plotnick (2014) Assistindo ao filme, a gente fica naquela pergunta: "Porquê Diretor , produtor e elenco resolveram investir nesse filme? ". É um filme totalmente fora de época, estranho, parece uma brincadeira de amigos. Daí procuro saber informações sobre o filme, e mudo minha opinião sobre ele. O filme, escrito e dirigido por Jack Plotnick, foi concebido por amigos que resolveram escrever o roteiro para homenagear os filmes de ficção científica dos anos 70. Apaixonados por uma era onde os efeitos especiais eram cafonas, o filme homenageia esse visual retrô que tanto encantou uma geração. Some-se a isso amigos atores (Patrick Wilson, Liv Tyler. Matt Bommer e outros) e discuta temas de época que eram grandes tabus: saída de armário, transexualismo, relações familiares, independência feminina, etc. O filme acabou sendo uma mistura de "Tempestade de gelo", de Ang Lee, com "Espaço 1999", clássica ficção científica dos anos 70. Essa mescla de gêneros, que vai também ao drama e comédia, surte um efeito inesperado: pode não ser bom, mas também não é ruim. A trilha sonora, repleta de musicas deliciosas , e o visual do filme , encantam e divertem. A história gira em torno de uma tripulação que habita em uma estação espacial, e que é surpreendida com a chegada de uma co-capitã, Jessica ( Liv Tyler). O capitão Glenn ( Patrick Wilson) se vê incomodado com a presença de uma mulher no comando e a parir daí, acompanhamos várias histórias, todas falando de conflitos pessoais e relações desgastadas. Nota: 6

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Sin City 2: a Dama fatal

"Sin City: A Dame to Kill For", de Frank Miller e Robert Rodriguez (2014) Continuação desnecessária do cult "Sin City", de 2005, chega a ser tão ruim quanto ao outro filme de Miller, "The spiirt": sem alma, sem ritmo, roteiro ruim, atuações esnobes demais. Eu amo filme noir, mas aqui é muito exagerado e os clichês do gênero são irritantes de tão óbvios. A Femme fatale, o poderoso chefão e claro, a marca registrada de Robert Rodrigues, as mulheres sexys e cruéis gladiadoras. O filme chega a brincar com o personagem do próprio Bruce Willis em "O sexto sentido". Seu personagem, que morreu no filme anterior, aqui retorna como uma alma penada, que vaga ao lado de sua amada Nancy (Jessica Alba). O filme é composto de 3 histórias, todas de vingança: uma com Josh Brolin, outra com Joseph Levitt Gordon e a terceira com Jessica Alba, todas costuradas por Mickey Rourke. Uma pena que o filme tenha se transformado em um pastiche dele mesmo. Salva-se o visual deslumbrante. Nota: 5

domingo, 28 de setembro de 2014

Cega

"Blind", de Eskol Vogt (2014) Drama Norueguês que foi exibido em Sundance 2014, de nde saiu com o prêmio de melhor roteiro, e no Festival de Berlin. O filme narra a história de Ingrid, uma professora que subitamente fica cega, devido a um defeito genético. Morando em um apartamento novo com o seu marido arquiteto, Ingrid se recusa a sair pra rua. Ela decide escrever uma obra de ficção: a história de uma mulher que na verdade é seu alter ego, com a diferença que ela enxerga. Súbito, realidade e ficção se misturam, e cabe ao espectador entender se o que está vendo é real ou fruto da imaginação de Ingrid, Intimista, sensual, erótico ( com uma montagem de videos de filmes pornôs, visualizados pelo personagem de ficção Einar, viciado em material erótico. A protagonista Ellen Dorrit Petersen (Ingrid) exala beleza e sofisticação, bem ao estilo nórdico de Ser. Direção correta, fotografia de Thimios Bakatakis, grego responsável por "Dentes caninos". Roteiro instigante, na mesma linha dos filmes de Spike Jonze. Nota: 7

Metamorfoses

"Metamorphoses", de Cristopher Honoré (2014) Livremente inspirado no livro do porta romano Ovid, "Metamorphoses", esse filme do francês Cristopher Honore' chama atenção pela sua ousadia. Ambientando várias histórias da mitologia grega pra os dias de hoje, Honore' exibe seu universo pop entremeado por uma estética kampf e flamboyant. Atuações afetadas, homens que mais parecem desfile de modelos da Dolce e Gabanna, nudez em profusão, aliadas a uma bela fotografia e paisagens deslumbrantes. Não e' um filme fácil: tudo e' muito bizarro, um olhar extremamente ousado e perfumado dos mitos de Narciso, Orfeu, Júpiter, Europa e outros. Uma fantasia erótica e luxuriante , corpos belos em composições poéticas. Não e' propriamente um filme mas um ensaio sobre a mitologia. O filme e' até interessante, mas sua longa duração acaba provocando tédio . Vale pela curiosidade e pelo despojamento do elenco. Nota: 6

O sal da terra

"Le sel de la terre", de Win Wenders e Juliano Salgado (2014) Uma visão poética e sublime sobre vida e obra do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. O filme ganhou em Cannes o prêmio da Mostra " Um certo olhar". Salgado e seu filho Juliano, Co-diretor do filme, convidaram o cineasta alemão Win Wenders para complementar as imagens domésticas realizadas por Juliano, filho de Salgado, pelas peregrinações mundo agora. Grande fã do trabalho do fotógrafo, Wenders não pensou duas vezes . O filme narra então a infância na fazenda de Minas, seu encontro com sua futura esposa Leila, com quem viria se casar, seu exílio na França, o abandono da economia para virar um dos maiores fotógrafos sociais do mundo. O filme passa a narrar cada um de seus projetos/livros, até chegar no atual,"Gênesis", onde ele mostra seu olhar sobre a cultura primitiva e natureza. Atualmente Salgado e Leila se dedicam ao Instituto Terra, uma ONG de reflorestamento que organizaram na fazenda da família de Salgado, em minas. Um filme lindo, exuberante, poético , um pouco cansativo e redundante, mas belo. Nota:7

O cheiro da gente

"The smell of us", de Larry Clark (2014) Patrocinado por produtores franceses, o fotógrafo e cineasta americano Larry Clark , conhecido por "Bully", "Kids" e "Ken Park" agora ataca com a garotada francesa. Mudou de ares, mas os temas continuam exatamente os mesmos: pedofilia, sexo, drogas, rock'n roll, tudo com adolescentes. Dessa vez, Clark pega pesado nas cenas gays: um grupo de skatistas franceses, nas horas vagas atendem como garotos de programas. Ciúmes típicos de casais adolescentes, cenas de sexo com idosos, uso de cocaína, vandalismo, bullying...tem de tudo nesse filme, e um pouco mais: sexo explícito, despojamento dos jovens atores que mandam ver nas cenas. Dessa vez, Larry Clark ele mesmo se escala para um papel de um mendigo de nome "Rockstar" e protagoniza uma cena onde ele transa com os pés de um garoto. Tem cineasta que usa o cinema como exorcismo de fetiches pessoais, mas nenhum supera Larry Clark. Só vendo para crer. Infelizmente o filme não tem nada além de cenas escandalosas: vazio de conteúdo, maçante, mal filmado. Nota: 5

sábado, 27 de setembro de 2014

Dente por dente

"Il-dae-il", de Kim Ki Duk (2014) Virou moda os filmes sul-coreanos tratarem do tema da vingança. O filme poderia facilmente fazer parte da trilogia de Park Ckow Woo, famosos por ": Oldboy" e "Lady Vingança". Mss Kim Ki Duk retoma a esse tema após ter realizado "Pietá", um filme que fala sobre uma mãe que se vinga da morte do filho. Kim Ki Duk, que em seus últimos filmes tem mudado o rumo de sua narrativa, apostando em histórias onde a violência explícita se sobressai à poesia, um tema recorrente em seus primeiros filmes. Exibido em Veneza 2014, o filme foi mal recebido pela crítica e público. Uma jovem estudante é sequestrada e assassinada por um grupo de assassinos de aluguel. Logo, um grupo comandado por um ex-soldado resolve se vingar dos mandantes e executores do crime. Eles sequestram e torturam um a um os carrascos, com a meta de que eles confessem seus crimes. O filme tem um roteiro confuso, e como na história os "vingadores" sequestram um de cada vez os vilões, o filme acaba ficando repetitivo, longo e cansativo. Marteladas nas mãos, correntes, porradas, chutes, socos, porretes com pregos, tiros: vale tudo para torturar. O mais curioso é que o filme contém cenas involuntárias de humor. A platéia rua em cenas tensas. Outra cena digna de gargalhadas ;e quando dois personagens resolvem do nada falar em inglês. Outro ponto: em seu último filme, "Moebius", não existem falas. Aqui, fala0se demais, e os diálogos são grosseiros e composto de frases feitas sobre justiça, liberdade e defesa dos homens. De repente, teria sido melhor que fosse mudo também. É talvez o filme de Kim Ki Duk que menos gostei. Em relação à parte técnica, achei até tosco: fotografia feia, principalmente no início. Nota: 5

Enterrando a Ex

"Burying the ex", de Joe Dante (2014) Joe Dante foi um grande ícone dos anos 80, quando realizou pelo menos 3 clássicos do Cinema fantástico: "Grito de horror", "Gremlins" e "Viagem insólita". Depois disso se apagou por completo. Agora, ele volta com essa comédia de humor negro, claramente dedicada ao público juvenil e querendo recuperar seu espaço e tempo perdido. A se avaliar por esse filme, vai demorar para Dante poder retornar ao posto que um dia já teve. Max ( Anton Yelchin, o Checov de "Star Trek") é um jovem balconista de uma loja de souvenir de filmes de terror em los Angeles. Ele namora uma vegan, que enche o seu saco. Um dia, ela morre atroelada. Max se sente culpado, e se afaga nos ombros de uma jovem atendente de uma sorveteria. Mas uma maldição faz com que sua ex retorne como zumbi e ela quer recuperar o seu amado. Dito assim, poderia ter sido uma bela comédia. Mas o filme traz todos os clichês de filme adolescente: o melhor amigo gordo e tarado; as gostosas que surgem do nada em calcinhas; adolescentes descerebrados e por aí vai. Os efeitos são toscos, maquiagem idem. Falta ritmo ao filme, apesar de umas poucas cenas e diálogos divertidos. O grande problema? Dante não se atualizou,e filma como se estivesse nos anos 80. A canastrice do elenco impera, e para quem quiser rir de qualquer besteira, vai se divertir. Nota: 5

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Obvious child

"Obvious chikd", de Gillian Robespierre (2014) Comédia romântica independente americana, exibida no Festival de Sundance de 2014, após uma campanha de sucesso do site Kickstarter que consgeuiu faezr com que o filme fosse exibido no Festival. A diretora Gillian Robespierre adaptou o seu curta de mesmo título, filmado em 2009, e traz de volta o tema da jovem independente que resolve fazer um aborto após uma noite de sexo sem compromissos. Donna (Jenny Slate) é comediante e faz bicos se apresentando em uma casa especializada em lançar novos talentos de Stand up comedy. Sua vida pessoal está um caos: o namorado a traiu com sua amiga, a livraria onde ela trabalha a 5 anos faliu e para piorar, ela engravida de um jovem estudante em uma noite de sexo. Ela decide não contar nada para ele e fazer um aborto. O filme, flutuando entre a comédia romântica e o drama, discute temas importantes para a juventude de hoje em dia: desemprego, falta de perspectiva na vida , relação com pais, independência, sonhos partidos e gravidez indesejada. O filme não toma partido quanto à questão do aborto, e isso é o mais interessante, pois não fica panfletário. Gillian Robespierre, também roteirista, cria diálogos e piadas inspiradas e deliciosas. O elenco está todo excelente, e como é ver jovens desconhecidos brilhando na atuação: Jenny Slate e Jack Lacy já já serão absorvidos pelo mainstream, pois suas performances são fantásticas. Um filme doce e melancólico, no nível de "Frances Ha". Nota: 8

terça-feira, 23 de setembro de 2014

À procura

"The captive", de Atom Egoyan (2014) O cineasta canadense Atom Egoyam foi uma grande promessa do cinema independente dos anos 90, quando surgiu com títulos como "Exotica" e "Um doce amanhã". Mas ele perdeu a mão, e na entrada do século XXI, não encontrou mais nenhum sucesso de crítica. Com esse "Prisioneira", Egoyam mais uma vez volta ao seu tema predileto: a perda de entes queridos, e como essa ausência influencia na vida dos familiares e pessoas próximas. Foi assim em "Um doce amanhã" e "Sem evidências", seu filme anterior. Cassandra é uma menina de 5 anos que foi sequestrada dentro do carro. Seu pai , Matthew (Ryan Reynolds) é acusado de ter vendido a sua filha. A polícia e sua esposa não acreditam em suas palavras. 8 anos se passam, e agora separado, Matthew tem evidências de que a menina está viva, por conta de provas da polícia que encontrou fotos da internet que parecem ser dela. O filme trata de temas espinhosos como pedofilia, pornografia infantil e abuso sexual. O roteiro de Egoyam é esquizofrênico e sem pé em cabeça. Ele cria uma rede de computadores onde os pedófilos tem acesso aos computadores da polícia. Outras loucuras, como a mãe da menina observar objetos da filha espalhados nos lugares onde ela trabalha, colocados ali pelos pedófilos. Porque eles agem dessa forma? Para serem presos? Não dá para entender. O elenco está razoável, o filme é longo e com um ritmo por demais arrastado. Somente no final o ritmo acelera, mas aí já perdeu o bonde. Nessa mescla de drama e suspense, Egoyam teve o grande azar de lançar depois de "Suspeitos", filme de Gilles Villeneuve, também canadense, sobre o mesmo tema e com muitas situações semelhantes, e com Hugh Jackman no papel principal. Assim como "Prisioneira", o pai aqui também é acusado de negligência e vai atrás dos suspeitos. Concorrendo em Cannes 2014, o filme foi muito vaiado pelos jornalistas. Nota: 5

A era atômica

"L'age atomique", de Héléna Klotz (2012) Dirigido, fotografado e escrito pela francesa Héléna Klotz, "A era atômica" é uma alegoria poética sobre a descoberta do amor adolescente e sobre as incertezas e angústias de quem está chegando na vida adulta. Vencedor do prêmio FIPRESCI em Berlin, o filme toma emprestado a narrativa e imaginário dos filmes de Gus Van Sant e embrulha tudo em formato de filme de arte. Som e imagens brilham ao retratar uma noite na vida de 2 jovens amigos, Victor e Rainer. Vitor é francês, e Rainer é de um país da Europa central. Como 2 emos que circulam em um trem no subúrbio de Paris, onde o seu cartão postal máximo, a Torre Eiffel é vista de muito, muito longe. Ambos se encaminham para um night club, e lá os 2 sofrem frustrações amorosas com suas conquistas ( Reiner com um rapaz, Victor com uma garota). Ao saírem da boite, sofrem bullying de um grupo de jovens riquinhos e por último, demonstram o amor que sentem um pelo outro ao caminharem em uma floresta. Com 67 minutos de duração, o filme é um relato fugaz e desencontrado de almas jovens desesperançadas. Como em um poema de Rimbaud, o que a dupla de protagonistas sente é muita tristeza, desencanto e medo de solidão. Vez ou outra, seus pensamentos vêem em forma de divagações e citações. É um filme muito bonito, melancólico, com excelente trilha sonora e bons atores. O desfecho, na floresta, é poesia pura. Curioso que o filme me faz lembrar a atmosfera do nacional "Os duendes e os fantasmas da morte", de Esmir FIlho, outro belo filme sobre o mesmo tema. Recomendado, apesar do ritmo extremamente lento e do hermetismo da narrativa. Nota: 7

Estrela cadente

"Stella cadente", de Luis Miñarro (2014) Primeiro longa dirigido pelo famoso produtor de cinema espanhol Luis Minarro, que entre outros, produziu os cults "Medianeiras", "Tio Bonmee que pode recordar suas vidas passadas", "O estranho caso de Angelica" e "Singularidades de uma loira". Minarro mescla gêneros e transforma a biografia do Rei Amadeo I da Espanha, que governou o País de 1870 a 1873, em um verdadeiro festival de excentricidades. O Rei Amadeo foi o monarca que governou pelo menor tempo na história da monarquia espanhola. Logo em seguida veio a República, que também só durou 2 anos. O filme se utiliza de canções pop bregas francesas dos anos 60, como "Comment te dire adieu", de Françoise Hardy, para embalar cenas de amor e romance, além de trazer um fino humor e cafonice para as cenas. Apostando também em uma relação homoerótica ( 0 assistente do Rei que tem paixão platônica por ele, e o mesmo assistente que se relaciona com um serviçal), o filme abusa de nudez masculina, incluindo cenas explícitas de sexo com uma melancia!!!!! e de closes em genitálias. Ah, tem também uma cena de depilação de pelos pubianos. O filme tem todo um tratamento de filme de arte: a fotografia é belíssima, assim como as locações e o figurino. Os atores entram na brincadeira do Diretor e se jogam em cenas que exploram a versatilidade de suas performances. Meio teatral, meio pintura, meio fotografia de still ( tem uma cena que faz homenagem a projeções de slides) , é um filme provocativo, de um Diretor/produtor/roteirista que não tem medo de investir em um filme ousado, fetichista, provocador. Ame-o ou deixe-o,não existe uma terceira alternativa. O filme foi exibido no Festival de Rotterdan com muito sucesso. Nota: 7

domingo, 21 de setembro de 2014

Short peace

"Short peace", de Hiroaki Andô, Hajime Katoki, Shûhei Morita, Katsuhiro Ôtomo (2013) O Mestre Katsuhiro Otimo, criador de "Akira" e "Steamboy", dirigiu o episódio "Combustão", que fala sobre um amor trágico no Japão feudal. 2 jovens apaixonados, mas a moça é obrigada a se casar com uma pessoa que ela não ama. "Possessão" foi indicado ao Oscar curta de animação, mas perdeu. É um belíssimo conto sobre um alfaiate que se perde em uma tempestade e se refugia em uma cabana assombrada por espíritos. "Gombo"fala sobre um demônio que mata os homens e sequestra as mulheres. e moradores do vilarejo tentam matá-lo em vão. Uma garota e sus preces trazem ao local um grande urso branco, o único capaz de deter o demônio. "Despedida das armas"é uma fantasia futurista nos moldes de "Heavy metal". Nada de novo no front. Os 2 primeiros episódios é que trazem brilhantismo ao filme. são criativos, belos roteiros, trabalham em cima de folclore e do tema do amor impossível. Como um todo, é um filme curioso e para quem ama os animes, é uma bela pedida, mesmo sendo irregular o seu resultado. Mas ;é curto, 68 minutos, e passa rapidinho. Nota: 7

sábado, 20 de setembro de 2014

Voltar

"Coming home", de Zhang Yimou (2014) Após ter realizado "Flores do oriente", o filme mais caro da história da China, Zhang Yimou volta ao drama intimista ambientado na Revolução cultural, tema que já lhe rendeu várias obras-primas, como "Tempo de viver" e "A história de Qiu Ju" , ambas com sua atriz fetiche Gong Li. Em "Voltar", Yimou narra a triste história de um casal, a professora Lu e o revolucionário Feng, que se separam após a prisão do marido. Anos se passam, a filha cresceu e se tornou fervorosa partidária do Comunismo. Feng retorna à casa, foragido, e ao encontrar Lu, ela sofre um acidente e perde a memória. Feng novamente é levado preso. 3 anos depois, a revolução cultural acaba e os presos são liberados. Feng retorna para casa, mas Lu não o reconhece mais. Ele trava à luta para poder recobrar a memória e o amor de sua mulher. Esse talvez seja um dos mais melodramáticos filmes de Yimou. Tratado como um grande novelão, ele exagera no roteiro e na trilha sonora. Mas só o fato de rever Gong Li, madura e já uma mulher de meia idade, e esbanjando talento, já vale a pena. A fotografia, em tons escuros, e a direção de arte são muito bonitos. O filme é médio, não é dos melhores filmes, mas na mesma linha de um Woody Allen, vale a frase: "melhor um filme médio de Yimou do que muitos filmes ruins que andam por aí". Nota: 7

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Mapas para as Estrelas

"Maps to the stars", de David Cronemberg (2014) O Cineasta canadense é famoso no mundo inteiro por mostrar em seus filmes o lado bizarro, aterrorizante, violento e monstruoso dos seres humanos. Aqui em "Mapa para as Estrelas", Cronemberg larga mão dos efeitos especiais e vai direto ao assunto: a sua matéria prima é o próprio Cinema e a sua Indústria do entretenimento. Os seres monstruosos aqui são muito piores. A ira e a inveja dominando corações e mentes de quem faz parte desse jogo: Atores, produtores, cineastas, motoristas de limunises, astros mirins, produtores de elenco, assistentes pessoais. Ninguém presta e são todos 100% doentes ou paranóicos. Cronemberg assume sua porção Robert Altman ao mostrar um olhar devastador sobre Hollywood. Mesclando drama, humor negro e violência, ele inaugura a comédia em sua filmografia de forma muito peculiar. A primeira parte do filme vai divertida e faz uma radiografia dos fetiches e loucuras de quem habita Los Angeles. A segunda parte, aí entra Cronemberg que conhecemos: Incesto, assassinatos, suicídios, neuróticos. O curioso é ver o ator Robert Pattinson, que havia trabalhado com Cronemberg em "Cosmopolis" no personagem de um rico empresário que não saia de sua limusine, agora fazendo o papel de um chofer de limusine em Hollywood. O filme narra a história de Agatha (Mia Wasikowska), uma jovem que desembarca em Los Angeles. Ela vai trabalhar como assistente pessoal da atriz decadente Havana Segrand (Juliane Moore), uma neurótica que faz terapia com o charlatão Dr Stefford (John Cusack). Ela é pai de Benjie, um astro mirim problemático. Agatha na verdade é filha de Stefford, que a internou em uma clínica psiquiatrica após ela ter tentado matar seu irmão, depois da recusa dele em querer casar com ela. Outros personagens estranhos habitam esse universo caótico construído por Cronemberg, que se baseou no livro de Bruce Wagner. O Elenco todo está formidável. Juliane Moore ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes 2014. Sua atuação é impecável como a louca atriz neurótica. Evan Bird também está antológico como o astro mirim Benjie. Um filme com diálogos ferinos, direção segura e de teor explosivo. Para os detratores de Hollywood , é um filme imperdível. Nota: 8

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Frank

"Frank", de Lenny Abrahamson (2014) Filmes estranhos fazem parte da filmografia dos cineastas independentes Spike Jonze e Michel Gondry. Mas depois desse "Frank", o cineasta britânico Lenny Abrahamson decididamente se juntará ao rol dos bizarros. Diretor do belo "O que Richard fez", Abrahamson narra um bela história sobre pessoas que literalmente se escondem através de máscaras para poderem suportar a dôr do mundo. Jon (Domhnall Gleeson, do excelente "Questão de tempo") interpreta um jovem que trabalha em empresa burocrata que é apaixonado por escrever letras de músicas. Um dia, sua vida esbarra com a da banda independente “Soronprfbs”, formada por tipos esquisitos, entre eles Clara (Maggie Gyllenhaal), uma psicótica violenta, e Frank (Michael Fassbender), o vocalista que nunca mostrou seu rosto para ninguém, escondido atrás de umas máscara tipo cabeça de boneco. Jon é convidado para substituir o tecladista que se suicidou, e passa um tempo em uma casa de campo para junto do grupo, gravarem um disco. Mas nada tira de Jon a curiosidade de saber a real historia de Frank. De ritmo lento e algumas vezes cansativo, esse filme prima pela direção criativa e pelo talento indiscutivel do elenco, em especial o trio principal: Fassbender, Gyllenhaal e Gleeson. Michael Fassbender compõe um personagem brilhante, usando apenas a expressão corporal, uma vez que não vemos seu rosto. É algo incrível e sensacional. O roteiro é bastante inteligente, e o filme passeia pelo humor negro e pela melancolia. Vale assistir ao filme, um dos raros independentes com o rótulo de cult. Nota: 7

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Se eu ficar

"If I Stay", de R.J. Cutler (2014) Baseado no best seller "Se eu ficar", do jovem escritor Gayle Forman, o filme vai na linha de dramas adolescentes lacrimogêneos recentes, como "A culpa é das estrelas". Dirigido pelo documentarista Gayle Forman, esse projeto já passou nas mãos, curiosamente, do brasileiro Heitor Dhalia, que acabou saindo do filme. Mia (Chloë Grace Moretz), uma jovem violoncelista, sofre um acidente de carro junto de seus pais e irmão caçula. Ela acorda com os paramédicos salvando a família acidentada. chama a atenção deles mas só depois percebe que todos morreram e que ela se encontra em coma.. O filme então volta para vários flashbacks, mostrando a relação de Mia com família, namorado e sonhos destruídos de uma hora para outra. Trabalhando com a idéia do espiritismo, o filme mostra uma personagem em seu estágio espiritual percorrendo momentos de sua vida, e vendo a possibilidade de reverter a sua condição de quase morta. O tema lembra muito o nacional "Nosso lar", onde um personagem entre a vida e a morte também perambula por memórias afetivas. Chloë Grace Moretz é uma presença luminosa nesse filme arrastado, de ritmo lento e que exagera nas doses de romantismo excessivo do jovem casal. Aliás, até os pais e avós são o protótipo da família feliz. Bastava Mia acreditar também nessa felicidade incondicional que tudo seria mais pleno. Mas aí o filme seria outro. Bela fotografia em um filme que não traz nada de novo, mas com boa presença de um elenco de qualidade. Nota: 6

domingo, 14 de setembro de 2014

Lua de mel

"Honeymoon", de Leigh Janiak (2014) Filme de estréia da assistente de produção Leigh Janiak, é um modesto filme de suspense, com apenas 4 atores no elenco e todo ambientado em uma única locacão, no caso, uma casa de veraneio à beira de um lago. O casal Paul e Bea ( a Ygritte de "Game of Thrones"), recém-casados, resolvem passar a lua de mel em uma casa na beira de um lago. Tudo vai bem até que uma noite, Paul encontra Bea perdida na floresta, desorientada. Avaliando que ela seja uma sonâmbula, aos poucos Paul vai descobrindo segredos sinistros que habitam o local. Um filme realizado com pouca grana mas com roteiro interessante, apesar de não oferecer mais do que clima ( os sustos são inexistentes), é um interessante filme de suspense light. Os atores estão bem e a parte técnica também. Não há muito o que se falar sobre o filme, talvez apenas que seja um bom passatempo para quem quiser ver um filme de clichês bem desenvolvido. Nota: 6

Deus ajude a garota

"God help the Girl", de Stuart Murdoch (2014) Drama musical escrito e dirigido pelo líder da banda indie Belle and Sebastan, Stuart Murdoch. O filme tem paralelo com "Across the universe", o melancólico musical dirigido por Julie Taymour com músicas dos "The Beatles". Ambos usam a discografia de uma banda pop para descrever uma história de amor entre jovens pós-adolescentes, que descobrem um amor verdadeiro em suas vidas. Lutam por ideais de vida, e entre uma ou outra decisão dramática, cantam e dançam usando a música como exorcismo de emoções catalisadas. E sim, ambas são produções inglesas usando ótimos atores jovens em seu cast. Eve (Emily Browning, de "Sucher punch") é uma jovem depressiva que mora em Glasgow, Escócia. Ela faz tratamento médico para curar a sua depressão. Um dia, ela conhece um jovem cantor, Anton (Pierre Boulanger, o menino agora crescido do filme "Monsieur Ibrahim"), durante um concerto da banda dele. Logo depois, ela também conhece James (Olly Alexander", de "Enter the void"), magro e de óculos, o típico nerd, também cantor de banda. Eve se divide entre o amor dos 2 rapazes. James a apresenta a sua amiga Cassie (Hannah Murray, a Gilly de "Game of Thrones"). e os três juntos formam a banda "God help the girl". Eve entende que a música pode ser a solução de seus problemas emocionais, mas o amor dividido pode também trazer outros novos problemas. Deliciosamente nostálgico, esse musical, mesmo que ambientado nos dias de hoje, faz referências aos anos 60 e 80, através de seus belos figurinos e maquiagem. Vemos ecos da "Swinging London" e também da cultura dark gótica dos anos 80. O roteiro, modesto, não alça grandes vôos, ma sé um filme honesto sobre amor, amizade e sonhos a serem alcançados. Como não poderia deixar de ser,a melancolia marca presença nas atuações, na trilha musical e na belíssima fotografia , que faz uso de vários formatos de cinematografia 16 mm, super 8, video. Infelizmente, Stuart Murdoch se empolgou demais e o filme acaba ficando longo, sem ritmo. Tivesse passado por uma boa montagem e podado meia hora de filme, teria se tornado um belo registro sobre adolescência sem rumo. O filme foi exibido em Berlin e Sundance, e tem um charme de filme cult que pode agradar aos fãs de Belle e Sebastian, e também aos fãs de romances musicados. As músicas são lindas e inspiradíssimas. Nota: 7

sábado, 13 de setembro de 2014

Como a geração sexo, drogas e Rock'n roll salvou Hollywood

'Easy riders, raging bull", de Kenneth Bowser (2003) Documentário produzido pela BBC e baseado no famoso livro de Peter Biskind, publicado em 1998, e alvo de muitos processos contra o autor, por parte de atores, diretores e produtores. O filme é dirigido por Kenneth Bowser e através de material de arquivo, cenas de filmes e entrevistas com inúmeras personalidades, faz um relato sobre a época de ouro do cinema de Hollywood dos anos 70 e 80, quando surgiu uma nova geração de Cineastas, chamados de "movie brats". O filme começa com o panorama de Hollywood em meados dos anos 60: o filme "Cleópatra" , um imenso fracasso comercial, abalou toda a estrutura dos grandes estúdios. O cinema precisava repensar esses orçamentos astronômicos. Enquanto isso, na Europa, a "Nouvelle vague" francesa trazia o frescor e a ousadia de cineastas que buscavam novas formas de contas histórias com pouco dinheiro. Truffaut, Godard, Claude Lelouch e outros influenciaram toda uma leva de jovens cineastas e roteiristas americanos. Assim, o ator Warren Beatty resolveu produzir o roteiro de "Bonnie e Clyde", e convidou o diretor Arthur Penn, um entusiasta do cinema francês. O filme foi alvo de muitas críticas pelo alto teor de violência. Porém, foi um enorme sucesso. Peter Bogdanovich, Sam Peckimpah, Robert Altman, Martin Scorcese, Willian Friedkin, Dennis Hopper e muitos outros surgiram com a missão de recriar o cinema americano, sem pudor, sem censura, com temas que misturavam dramas pessoais, insatisfação , sexo e violência. "Mash", "O exorcista", "Operação França", "Apocalipse now", "O poderoso chefão", "A última sessão de cinema", "Easy rider", "O touro indomável;"são exemplos de filmes que furaram censura e platéia provocando uma verdadeira revolução. Surgiu a Era dos filmes de cineastas, filmes de autor. O Diretor tornava0se uma figura mais poderosa, mandante, provocando o desespero de produtores de cinema que perdiam a rédea sobre os filmes a serem produzidos. A esse sucesso todo juntava-se muita cocaína, bebidas e loucuras que levou muita gente à bancarrota e ao fracasso. Mas o que culminou, segundo o filme e livro, com essa leva de filmes independentes, foi a aparição de Spielberg e seu "Tubarão", que trouxe o conceito "Blockbuster" na boca do cinema americano. O que interessava a partir de então eram os grandes filmes que traziam platéias imensas através de filmes de grande apelo comercial. Esse filme é obrigatório a todos os cinéfilos, e traça um painel definitivo sobre o que de melhor se produziu no cinema americano nesse período, recheado com depoimentos maravilhosos e com cenas antológicas de filmes clássicos. Nota: 9

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O batismo

"Chrzest", de Marcin Wrona (2010) Um excepcional drama polonês de 2010, somente agora, em 2014, entrando no circuito comercial. Denso, poético, poderoso, emocionante, triste e muito, muito violento, "O batismo" é uma das melhores produções que surgiram na Polônia em muitos anos. Baseado em história real, o filme acompanha 7 dias na vida de Michal (Wojciech Zielinski), um empresário bem-sucedido que no dia de domingo irá batizar seu filho recém-nascido. Mas sob a fachada de um casamento feliz, esconde-se uma história de violência: Michal delatou seus comparsas e agora, anos depois, eles querem se vingar dele, com a ameaça de matá-lo no dia do batizado do menino. Michal conta com a ajuda de Janek (Tomasz Schuchardt) , fiel companheiro, mas que também pertence à gangue de mafiosos. Janek entra em um profundo conflito, dividido entre a honra da gangue e a amizade de Michal. Rodado em película 35 mm, a fotografia de Pawel Flis, em tons frios, provoca uma sensação de tristeza eminente. A trilha sonora evocando piano, o ritmo lento do filme que acompanha dia a dia a vida de Michal, tudo causa uma tensão psicológica, auxiliada por um ótimo roteiro e pelo trabalho excepcional de todo o elenco. Direção criativa, com planos magistrais, realçando a violência em cenas insuportáveis de tortura física. Largamente premiado em festivais mundo afora, é um filme que merece ser visto por todos que amam um cinema de inquietação. Nota: 9

Suzaku

"Moe no Suzaku", de Naomi Kawase (1997)

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Prenda-me

"Arretez moi", de Jean-Paul Lilienfeld (2013) Baseado em livro de Jean Taulé, o filme é um embate entre duas mulheres durante uma noite na sala de delegacia. Sophie Marceau, belíssima, interpreta uma mulher que, 10 anos depois e com o caso já arquivado, resolve ir até a polícia para se entregar e ser presa por um crime que ela cometeu: matou o seu marido. O caso irá prescrever nessa noite, e ela exige que a policial, a atriz Miou Miou, a prenda. Porém, para sua surpresa, a policial, acostumada com casos de violência doméstica ( a mulher narra, em flashbacks, a sua relação com o sue marido violento) se recusa a prende-la e pede para que ela vá embora. Assim, começa uma naratica de 2 flashbacks: a da mulher, e a d a policial. Ambas descobrem que elas possuem muita coisa em comum. O filme é um libelo contra a agressão física e moral que as mulheres sofrem de seus maridos. No entanto, com um tom excessivamente teatral, apesar do talento das duas ótimas atrizes, o filme cansa pela repetição das situações. A direção é pouco criativa, e o recurso de mostrar o flashback sempre em ponto de vista da mulher não é nada interessante. O roteiro também não é verossímel: porquê a mulher, linda e trabalhadora, se permite a sofrer e a se humilhar perante seu marido durante anos? Os amigos nada fazem? Família? A trama chega a irritar. Fala sobre a passividade de certas pessoas. O ritmo é lento e o filme se arrasta em suas quase 1:40 horas. Outro ponto ruim é a personificação do marido: sempre caricato, sempre gritando, violento. Ficou unilateral, e a gente nem entende o porquê dele bater sempre na mulher e a humilhar. O filme tem uma estrutura de suspense light que faz o espectador ficar até o final tentando descobrir a verdadeira historia por trás dessa mulher. Enfim, espero que não se decepcionem como eu fiquei. Nota: 5

domingo, 7 de setembro de 2014

Chef

"Chef", de Jon Favreau (2014) Tour de force do Ator, roteirista, cineasta e produtor John Favreau, responsável pela série blockbuster "O homem de ferro". Favreau iniciou sua carreira como cineasta independente, mas foi absorvido pelo mainstream Hollywoodiano. Agora, ele retorna com esse filme intimista, porém de grande orçamento, sobre a relação de um Chef de cozinha com a sua comida, um crítico gastronômico, seu filho que ele quase nunca vê e sua ex-esposa. Rodado em Los Angeles, Miami e New Orleans, o mais interessante do filme são os detalhes de preparação da comida, muito bem filmadas, e as locações belíssimas das cidades retratadas. A fotografia valoriza o clip gastronômico, além da beleza das locações. Outro ponto alto é o elenco, todos amigos do cineasta, entre eles Robert Downey Jr, John Leguizamo, Scarlett Johanson, Sofia Vergara Oliver Platt e Dustin Hoffman. Recentemente foi lançado um filme chamado 'Bistrô romantique", todo ambientado em um restaurante. A diferença é que no filme belga as relações amorosas eram retratadas de forma mais melancólica e pessimista, e em 'Chef", tudo se resolve com uma boa comida. Carl Casper ( Favreau) é um renomado Chef de cozinha, que trabalha em um famoso restaurante de Los Angeles, sob direção de Riva (Dustin Hoffman). Carl quer ousar no cardápio, mas Riva sustenta que o menu deve ser o mesmo de anos atrás, porquê faz sucesso. Até que Carl compra briga com Ramsey, o crítico, que diz que ele não tem ousado mais na comida. Essa discussão vai parar no twitter e vira um video viral. Carl é demitido, e vai para Miami. Acaba montando um trailer de comida cubana, ajudado pelo filho com quem não tem mantido relação a tempos, e seu amigo Martin( Leguizamo). O que eles não poderiam imaginar era o enorme sucesso que fazem com os sanduiches "cubanos". Simpático, mas recheado de clichês de reencontro pai e filho e outros temas, o filme tem uma ótima trilha sonora com o melhor da música cubana. A direção de Favreau é espertíssima, com cortes dinâmicos na edição, E um filem bonito de ver, mas que se torna cansativo. Do elenco, o mais divertido é Robert Donwey Jr, impecável como o ex-marido de Sofia Vergara, que dôa o trailer para Carl. A gag dos sapatos no escritório de Downey Jr é ótima. Devo dizer que, mesmo sendo muito talentoso, o personagem do menino Percy é um grande mala sem alça, garotinho chato. Um passatempo honesto, mais apreciado por quem curte sabores latinos. Fico pensando também o quanto o 'Twitter"bancou esse filme, pois é um merchandising descarado na história. Nota: 6

sábado, 6 de setembro de 2014

As duas faces de janeiro

"The two faces of january", de Hossein Amini (2014) Longa de estréia do roteirista iraniano Hossein Amini, autor do roteiro de "Drive". Baseado no livro de Patricia Highsmith, também autora de "Pacto sinistro", filmado por Alfred Hitchcock, a maior inspiração do cineasta Hossein Amini aqui nesse filme. "As duas faces de janeiro" é um filme de produção sofisticada e glamurosa, filmado à moda antiga. Ambientado na Grécia e Turquia de 1962, a história gira em torno de um mundo dominado por homens ricos e poderosos e por vigaristas. O guia charmoso e sedutor Rydal (Oscar Isaac, do filme " Balada de um homem comum", dos irmãos Coen) conhece, em Atenas, o casal Chester (Viggo Mortensen) e Colette (Kirsten Durnst). FAscinado pela sofisticação de Chester e pela beleza de Colette, Rydal se aproxima dos dois. O que ele não poderia imaginar é que Chester seja um vigarista procurado pela polícia, e pior, testemunha um crime cometido por ele. Os três fogem para não serem pêgos, mas no caminho diferenças entre os homens levará a história a um destino trágico. O cineasta Hossein Amini levou 15 anos para poder botar nas telas esse projeto ambicioso, exibido em Berlin no ano de 2014. Fotografia deslumbrante de Marcel Zyskind. trilha sonora de Alberto Iglesias que faz homenagem aos acordes de Bernard Hermann, compositor mítico de Hitchcock e paisagens paradisíacas em Atenas e Istambul. Com tanto glamour, somado ao talento do trio principal o filme tinha tudo para dar certo. Mas é justamente no maior talento de Amini, o roteiro, que o filme peca. Sem grandes sobressaltos, e com viradas à moda antiga, o filme se desenvolve morno, tedioso e óbvio. Nenhum dos 3 atores tem um momento de grande interpretação, muito por conta de um texto que não os desenvolve com vigor. Poderia comparar esse filme a "O talentoso Mr Ripley", de Anthony Minghella, que tem uma atmosfera e desenho de cena parecidos. Mas o filme de Minghella se sobressai porquê o roteiro leva o protagonista a uma situação de desespero pela condição de beco sem saída. Aqui, ficou faltando esse suspense, típico de Hitchcock, que é o tema do homem errado. Para os apreciadores de filmes bonitos, essa é uma boa pedida. Nota: 6

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

A possessão de Michael King

"The possession of Michael King", de David Jung (2014) Com um gênero mais do que desgastado, o " found footage" agora se mescla a filmes como "Atividade paranormal", "A possessão de Emily Rose" e "O exorcista", tudo num mesmo pacote. Com essa produção independente americana, até que o cineasta e roteirista David Jung não faz tão feio assim. Os efeitos são bons para um orçamento restrito, e o protagonista Shane Johnson dá conta do recado. Michael King é viúvo, pai de uma filha pequena. Sua esposa morreu num acidente de carro, e ele, ateu convicto, resolve procurar todo o tipo de religiosidade e sobrenatural para descobrir se existe Deus ou o Diabo. Após sua pesquisa, documentada, e se usando como cobaia, Michael acaba sendo possuído por um demônio, que exige que ele sacrifique sua filha. O roteiro não possui originalidade alguma, tudo aqui já foi visto. O que segura a atenção são bons movimentos de câmera, enquadramentos inventivos e capacidade da produção de produzir um filme com pouca grana mas com cara de gente grande. Se você ainda não encheu o saco de personagens que ligam câmeras espalhadas em sua casa para saber o que está acontecendo, pode ver esse filme sem medo de se decepcionar. Nota: 6

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Hotel inferno

"Hotel inferno", de Giulio De Santi (2013) Esse filme de terror poderia ter sido um cult apreciado por fãs do gênero. A premissa é bem interessante: um filme todo sob ponto de vista do protagonista, sem nunca vermos seu rosto. Um assassino de aluguel é contratado para ir até um Hotel e matar um casal. Mas aos poucos, ele vai descobrindo o verdadeiro segredo que se esconde por trás dessas mortes. Se o filme tivesse sido levado a sério, teria sido um clássico. Mas os produtores e o diretor italiano Giulio De Santi, que também escreveu a trama, apostaram em um filme trash. E aí tudo vai por água abaixo. A violência é extrema: decapitações, cabeças e corpos explodindo, cérebros sendo arrancados, tiros, fogo, facadas..tudo o que se possa imaginar de morte bizarra você encontra nesse filme, que ainda apela para uma entidade sobrenatural. É muita doideira, muito gore, muito efeito especial da pior qualidade. Todas as cenas de violência sôam fakes, os atores são pavorosos, a trilha sonora a base de sintetizadores é grotesca. O filme tem aquele clima maldito dos filmes italianos de gialio dos anos 70 e 80, mas fica por aí mesmo. Para piorar, o filme é todo dublado em inglês de escola primária. Absolutamente nada se salva aqui. O roteiro é inacreditável de tão absurdo. Os diálogos, pasmem, são sem naturalidade. No dia que resolverem fazer um filme sério com essa premissa ( já utilizada em "Enter the void", de Gaspar Nóe e no terror cult "Maníaco") eu darei uma chance de novo. Obs: para quem curte games de extrema violência, irá se deliciar. Nota: 2

O estranho em mim

"Das Fremde in mir", de Emily Atef (2008) Um filme aterrorizante sobre a depressão pós-parto, que incomoda e choca pela sua frieza. A atriz Susane Wolff está excelente e teve muita coragem ao incorporar a alma da personagem Rebecca. As cenas são tensas, o drama pelo qual passa a personagem é muito forte e faz o espectador pensar o quanto é difícil conviver com uma mulher com essa depressão. Rebecca é uma jovem casada com Julien, um homem bem-sucedido no trabalho. Eles formam um casal feliz. Ela está grávida, e a chegada do bebê foi planejada por ambos. Porém, assim que nasce a criança, Rebecca afunda no mais denso momento de depressão. Ela se afasta do marido, de amigos, e trata a criança como um inimigo. A cena que ela dá banho na criança é tensa. Não é um filme para qualquer espectador. Para as pessoas sensíveis, é melhor manter-se afastado do filme, pois realmente mexe com os nervos. O filme tem um ritmo bem lento e cansa. Mas o talento da atriz, corajosa em dar vida a um personagem tão dificil, é a grande razão de se assistir a esse filme. Sendo um filme alemão então, é bom o espectador saber o que lhe aguarda. Nota: 7

Jamie Marks está morto

"Jamie Marks is dead", de Carter Smith (2014) Baseado no livro de Christopher Barzak’s , “One for Sorrow,”, "Jamie Marks está morto" é um belíssimo filme triste, muito triste. Reforçado por uma excelente fotografia de Darren Lew e por uma trilha sonora arrepiante de tão linda de François-Eudes Chanfrault, o filme estreou no Festival de Sundance 2014, não levando nenhum prêmio, porém. O Cineasta Carter Smith é um fotógrafo de moda muito famoso, e que estreou no cinema com o divertido filme de terror "A ruina", em 2008. "Jamie Marks está morto" é seu segundo longa, e investe no sobrenatural, no filme de fantasmas, só que mesclado com drama e romance. O filme narra a história de Jamie Marks e Adam, dois adolescentes que moram em uma cidadezinha chamada Youngstown, Ohio. Jamie sofre bullying regularmente no colégio. Adam testemunha, mas nada faz. Um dia, Jamie é encontrado morto à beira de um riacho. Gracie, uma adolescente roqueira, encontra sue corpo. Ela trava um romance com Adam e ambos passam a ver o fantasma de Jamie. A partir daí, uma amizade se inicia entre Adam e Jamie, que tenta trazê-lo para o seu mundo dos mortos. Contando assim, parece que é um filme bobo sobre zumbis. Nada disso: é um belo drama sobre amizade, sobre juventude perdida e sobre amor. Os jovens atores são ótimos, e Noah Silver, que interpreta Jamir, parece uma versão pós-adolescente de Harry Potter. O filme é todo climático, com uma atmosfera sombria, gótica. A direção é segura, apostando em belas imagens. A surpresa do elenco fica por conta de Liv Tyler, madura interpretando mãe de dois jovens adolescentes. Mas como assim, Liv Tyler amadureceu e a gente nem percebeu? O único senão fica pro conta da duração do filme. Poderia ter 20 minutos a menos, e o roteiro poderia ter eliminado um sob-plot de uma outra fantasma, Frances. Tivesse focado apenas na relação de Adam e Jamie, o filem teria rendido muito mais. O interessante é que o filme não busca saber quem matou Jamie, e sim, trabalhar no tema da amizade. Um filme muito interessante e que reforça o valor do cinema independente americano. Nota: 8