sábado, 30 de junho de 2018

Calibre

"Calibre", de Matt Palmer (2018) Longa de estréia do Cineasta inglês Matt Palmer, é uma produção independente de suspense. O espectador sabe que, quando um filme apresenta personagens que saem para caçar em alguma região inóspita, alguma merda vai acontecer. E em "Calibre" não é diferente. Os amigos Vaughn e Marcus não se vêem há muito tempo e resolvem passar um final de semana nas montanhas caçando animais selvagens. A esposa de Vaughn está grávida. Marcus tem um temperamento esquentado. Quando chegam na cidade, eles são recebidos com certa frieza pelos moradores locais. Até que uma tragédia, que acontece durante a caça, irá selar o destino dos amigos. Filmes de caça existem aos montes. Aqui, diferente de boa parte dos filmes, a gente definitivamente não torce pelos mocinhos. Eu pelo menos, tanto faz quanto tanto fez eles morrerem. Talvez esse seja um problema do roteiro,a falta de simpatia e carisma dos protagonistas. Não nos preocupamos com eles. Fora isso, o filme é muito bem dirigido para quem estréia na direção, e os atores estão ótimos. Bom clima de suspense e tensão.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Acrimônia

"Acrimony", de Tyler Perry (2018) No Wikipedia, o significado de "Acrimônia" é "Modo de agir de quem é indelicado, áspero, mal-humorado; aspereza.". "Acrimônia" também é um dos filmes mais ridículos e toscos que assisti recentemente, com os 15 minutos finais mais irrisórios de tão trash, motivos de altas gargalhadas. E olha que o filme é um drama!!! A Atriz Taraji P. Henson, depois do sucesso de "Estrelas além do tempo", filme pelo qual foi indicada ao Oscar, tem direcionado a sua carreira para filmes voltados para o mercado que homenageia o filão do "Blackexploitation"; Foi assim com o policial "Proud Mary", e agora, com esse drama de vingança "Acrimônia", um pastiche nível hard de "Atração fatal", com Glenn Close. A diferença, é que aqui, a protagonista, Melinda ( Taraji P. Henson na fase adulta), é uma mulher enganada, humilhada, roubada, traída pelo seu marido. Convém que o espectador torça por ela, afinal, ela é uma mulher de bom coração que teve o azar de se apaixonar por um pilantra. Só que do meio pro final, a situação fica fora de controle: ela se divorcia dele, ele fica milionário, se casa com uma mulher e ela então, resolve se vingar dele e quer matar a mulher dele. Ou seja, do nada, Melinda se torna uma mulher vingativa, louca, bipolar, diagnosticada com "Síndrome de desordem Borderline". Mas gente, ela nao era a vítima e o cara filho da puta? Como que do nada. o filme quer que a gente torça por ela e desejara morte dela? Essa é uma das grandes loucuras desse filme, que desperdiça o talento de Taraji P. Henson, relegada a interpretar uma psicopata com direito a machado na mão no final!!!!! Longo, entediante, irritante! Se quiser assistir assim mesmo, sugiro ver os 15 minutos finais para, pelo menos, se divertir. Ah, e algo que não dá para entender: porque filmaram os atores com croma em várias cenas externas? Ficou parecendo "O Artista do desastre", com aquele croma mal feito e mal aplicado.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Baseado em fatos reais

"D'après une histoire vraie", de Roman Polanski (2017) Escrito por Polanski e por Olivier Assayas, "Baseado em fatos reais" tem uma narrativa que busca pregar uma peça no espectador no desfecho, mas para quem está acostumado com tramas sobre crises de identidade e estresse criativo, rapidinho vai sacar o que está se passando na vida da escritora Delphine Dayrieux, interpretada por Emmanuelle Seigner, esposa de Polanski. Delphine é uma escritora de sucesso, que acabou de lançar um livro e na noite de autógrafos, conhece Elle ( Eva Green), uma fã confessa. Elle passa cada vez mais a invadir a vida pessoal de Delphine, e a amizade se torna uma obsessão. Muita gente comparou o filme a "Louca obsessão" ou mesmo a "A malvada". Faz sentido, porque estamos falando de pessoas que se apropriam da fragilidade psicológica de outra pessoa para passar a dominá-la. No entanto, o filme não oferece o suspense que se espera dele, e é tudo um pouco enfadonho. O que segura um pouco a atenção do espectador é a performance das duas atrizes, e mesmo assim, nada que seja antológico. É um filme mediano de Polanski, que já nos apresentou filmes muito mais impactantes sobre doenças mentais, como "O inquilino"e "Repulsa ao sexo".

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Peleja no sertão

"Peleja no sertão", de Fabio Miranda (2016) O curta de animação "Peleja no sertão" levou 13 anos para ser concluído, e é um excelente filme de terror que mistura o Lobisomem ao sertão brasileiro. Fabio Miranda, co-escritor e realizador do filme, ganhou o Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo de 2003, mas que bancou apenas parte do projeto. Muito do orçamento foi com investimento próprio e com a ajuda de amigos. O filme narra a história de um grupo de retirantes nordestinos que sofre um acidente de caminhão na estrada, em noite e lua cheia. Inesperadamente, surge um lobisomem, que ataca o grupo, que luta para sobreviver. Repleto de clichês, o Fabio Miranda confessa que se inspirou em clássicos como "Um lobisomem americano em Londres". O divertido é ver todo esse universo dentro do sertão nordestino, com os personagens falando com gírias e sotaque da região. Eu me diverti bastante com o filme, que tecnicamente, é bastante simples.

Pele suja minha carne

"Pele suja minha carne", de Bruno Ribeiro (2016) Escrito e dirigido por Bruno Ribeiro, um jovem estudante de cinema do Rio de Janeiro que conseguiu o grande feito de realizar um filme que falasse de 2 temas bastante polêmicos: a aceitação da negritude e a descoberta da homossexualidade. João é um adolescente negro de classe média. Ele estuda em um colégio particular, e é o único negro de sua turma. De tarde, ele joga pelada com seus amigos, todos brancos. Cauã é seu melhor amigo, e por quem João nutre uma paixão platônica. O filme tem uma bela cena, forte, de João tomando banho com uma bucha e esfregando com força, como se quisesse que sua cor saísse com o banho. E várias vezes ele se olha no espelho, como se dissesse: "Sou negro, sou gay". Com ótima atuação de Diego Francisco, e com domínio de cena do cineasta Bruno Ribeiro, é um curta que merece ser visto e debatido, até por um outro olhar, bastante discutido nos dias de hoje: o assédio sexual, que acredito, o Diretor nem havia pensado na época da realização do filme, 2016. Filem barato, simples, minimalista, mas com belo roteiro.

A História de um Jovem Homem Pobre

"Romanzo di un giovane povero", de Ettore Scola (1995) Sou um grande apaixonado pelo cinema de Ettore Scola, e esse filme era um dos que eu ainda não havia assistido. Mesmo sendo um filme menor em sua filmografia, apresenta muito do cinema social e humanista que fizeram a fama de um dos maiores cineastas italianos. Persico é um jovem professor de filosofia desempregado, que mora com sua mãe. Ambos vivem da aposentadoria do pai de Persico, já falecido. Sem qualquer esperança de conseguir um novo emprego, Persico vai se desiludindo cada vez mais da vida, ao mesmo tempo que se irrita com a sua mãe, que vive lhe cobrando que consiga um emprego. Um dia, o vizinho do andar de cima, Sr Bartolini (Alberto Sordi), sabendo do desespero de Persico, lhe propõe um pacto: que ele mate sua esposa. Claramente inspirado no cinema de Hitchcock ( a referencia mais direta é "Pacto sinistro"), e de quem Scola pega emprestado os acordes de "Psicose"para a trilha sonora. O filme é dividido em 2 atos: no primeiro, acompanhamos a rotina de desemprego de Persico, e o convite de Bartolini. No 2o ato, Persico vai preso, mas não quer sair da priisão, ele se sente melhor lá dentro do que fora. Scola como sempre é um excelente diretor de atores, e conduz tudo com muita maestria. O filme é longo, tem umas sub-tramas que achei que estavam sobrando ( como a da amante), mas vale ser visto pelo trabalho do elenco e pela cutucada na questão do desemprego na Europa, relevante nos anos 90, época em que se passa o filme.

A passagem do cometa

"A passagem do cometa", de Juliana Rojas (2017) Curta que competiu no Festival de Brasília, "A passagem do cometa" é um filme essencialmente feminino, tanto dentro quanto fora das telas. Juliana Rojas, que co-dirigiu "Trabalhar cansa"e "As boas maneiras", e realizou "A sinfonia da Necrópole", escreveu e dirigiu um drama intenso sobre personagens femininas que transitam em uma Clínica de aborto clandestino em São Paulo no ano de 1986, exatamente na noite da passagem do Cometa Halley, que atravessa o Universo a cada 75 anos. Todas as personagens são femininas: a atendente, a médica (Gilda Nomacce, brilhante), a paciente a a acompanhante. O filme é dirigido com muita delicadeza, sutileza, e Juliana Rojas procura mostrar essa relação de mulheres de uma forma muito amorosa e amigável. a clínica não se parece em nada com o que estamos habituados a ver nos filmes. Aqui, ela é limpa, bem arrumada, os profissionais são educados e extremamente carinhosos com os terapeutas. Parece que Juliana quiz falar sobre o aborto de hoje em dia, um sonho possível dentro de uma sociedade repressora. Para isso, ela se faz valer de um momento lúdico, de animação e musical, remetendo ao seu filme "A sinfonia da necrópole". As atrizes estão todas muito bem no filme. Em "A passagem do cometa", tudo é apresentado de forma naturalista, sem grandes acontecimentos. Um fragmento de vidas entre quatro paredes, que assim como o Halley, esperam uma oportunidade para metaforicamente ganhar mundo e os céus.

As melhores noites de Veroni

"As melhores noites de Veroni", de Ulisses Arthur (2017) Premiado curta alagoano, "As melhores noites de Veroni"é um filme bastante simples na história e na narrativa em si. Durante 15 minutos, acompanhamos a rotina de Veroni, casada com um caminhoneiro, com uma filha pequena e que tem um sonho de construir algo melhor para a vida da família. Com a ausência do marido, que vive na estrada, Veroni faz aulas de canto, para cantar as dores de uma vida sem tesão através das músicas. Um filme correto em todos os níveis, simples e sem ambição. O roteiro tem um fiapo de história, e parece que o cineasta quiz apenas apresentar uma personagem em um fragmento de sua vida desoladora. Poderia ter rendido um filme bem mais interessante se tivesse se aprofundado mais na psicologia de Veroni.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Gordinho engraçado

"Chubby funny", de Harry Michell (2016) Comédia dramática independente inglesa, foi escrita, dirigida e protagonizada por Harry Michell, Assistindo ao filme, pode-se pensar que muito do material, deve ser autobiográfico de Michell. O filme narra a história de 2 grandes amigos: Oscar (Michell) e Charlie (Augustus Prew). Os dois se mudam para Londres e dividem um pequeno flat. Recém formados como atores, eles planejam que, em um ano, suas vidas profissionais se tornem estáveis. Eles são agenciados por uma manager, que de cara, rotula os dois atores: Charlie tem p perfil de protagonista romântico, e Oscar, tem o perfil do "Gordinho engraçado". Com essa sentença, parece que a vida de Oscar se torna um espiral sem fim: nada dá certo, nem profissionalmente, nem na vida pessoal. O filme ainda tem outro sub-plot, que é descobrir se Charlie é gay ou não, e se deve sair do armário. Simpático, o filme não tem nada de inovador, mas tem um humor ácido e tem um olhar cruel sobre o meio artístico. Fora isso, mostra um lado totalmente desolador sobre Londres: cinzenta, sem grandes perspectivas. Direção correta para um filme de estréia, mas podia ser mais carismático e rebelde.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Cuba e o Cameraman

"Cuba and the Cameraman", de Jon Alpert (2017) Excelente e fundamental documentário exibido no Festival de Veneza, acompanha 45 anos da Revolução Cubana, desde o início dos anos 70, pelos olhos do jornalista e Cineasta Jon Alpert. Jon Alpert viajou para Cuba para uma matéria jornalística, no início dos anos 70, numa tentativa de entrevistar Fidel Castro. Absolutamente fascinado com o Regime, que provia saúde e educação para toda a população, Jon Alpert compara com sua Nova York, e mostra imagens da cidade, com sem tetos e pessoas passado fome, e dizendo que em Cuba, o Governo atende o povo das suas necessidades básicas. A partir dessa viagem, e completamente fascinado, Alpert resolvei voltar ao País de 6 em 6 anos, até o ano de 2016, ano da morte de Fidel. O filme apresenta, através das câmeras de Alpert, uma evolução tecnológica das câmeras de vídeo, e contrastando com Cuba, que por décadas, continua exatamente igual. Dos primeiros anos da Revolução, onde todos estavam felizes ( o filme mostra imagens de pessoas tentando entrar no Consulado americano para fugir pros Estados Unidos e sendo xingados pelos revolucionários) , caminhando pelas décadas seguintes, com a falta de comida, energia elétrica, remédios, desespero total da população e o aumento da criminalidade. O Governo resolveu então, abrir as portas do Turismo, que é o que sustenta o País até hoje, desde o fim da ajuda soviética dos anos 90. Com imagens comoventes, Alpert narra a sua história através de 3 famílias. Ver os integrantes dessas famílias durante décadas, envelhecendo, ficando doentes, morrendo, outros fugindo, é uma experiência impressionante, pungente. A história dos irmãos fazendeiros é a mais avassaladora. Merecia um filme por si só. Jon Alpert é nitidamente pró-revolução cubana, e por isso mesmo, esse é um filme polêmico. Muita gente disse que ele escondeu as atrocidades de Fidel. Vale ver o filme e discutir os prós e contras do Filme, como documentário, e do socialismo, como regime.

Tailor

"Tailor", de Calí dos Anjos (2017) Premiado curta dirigido pelo primeiro cineasta Trans a ganhar um edital público para o audiovisual, o filme é uma adaptação em animação e em formato documentário, dos cartuns do artista Trans Orlando Tailor. Em seus cartuns, Orlando entrevista várias Trans que narram a dificuldade de enfrentar o preconceito da sociedade regida por um conceito de Cisgênero. No elenco e na equipe técnica, Calí dos Anjos procurou atender ao máximo a necessidade de empregar Trans. Só na equipe técnica foram 9 representantes. É um filme delicado, cm um tema muito tabu, mas dirigido de forma respeitosa e esclarecedora.

domingo, 24 de junho de 2018

Capitão Brasil

"Capitão Brasil", de Felipe Poroger (2017) Dirigido e escrito por Felipe Poroger, esse curta paulista é uma mistura de ficção e documentário. Apresentando imagens das manifestações de São Paulo e Rio de Janeiro acontecidos em 2013, o filme conta a história de um menino, visto de forma alegórica como um adulto por todos. Ele é demitido da empresa, seus pais o expulsam de casa, ele é expulso por uma sem teto quando tenta se alojar debaixo da ponte e perde todos os seus amigos. Seu único companheiro é o Capitão Brasil, uma representação debochada do Capitão Nascimento. Apresentando uma metáfora óbvia sobre o fim da infância e da inocência, o filme mescla realidade e fantasia de forma satisfatória e comovente, trazendo um olhar muito melancólico e desesperançoso do Brasil. Com um ótimo elenco fazendo pontas ( Camila Mardila, Marat Descartes, Vinicius de Oliveira) "Capitão Brasil" expõe as feridas de um País sem rumo.

Verdade ou desafio

"Thruth or dare", de Jeff Wadlow (2018) Produzido pela mesma produtora que nos trouxe alguns ótimos filmes de terror, como "Corra", a Blumhouse pictures, "Verdade ou desafio" já perde no seu título a sua originalidade, pois existe quase uma dezena de filmes com esse nome. O filme rouba o mote do excelente "A corrente do mal". No filme de David Robert Mitchell, uma entidade demoníaca possui os jovens que transam inadvertidamente, e para não morrer, a pessoa precisa transar com outra e passar o espírito. Em "Verdade ou desafio", um grupo de amigos viaja para o México nas férias, e acabam indo até uma mansão em ruínas, onde participam de um jogo de Verdade ou desafio. Cada um dos participantes é desafiado pelo espírito com verdade ou desafio, e aqueles que mentem, morrem. O filme é ruim, os atores são ruins, roteiro ruim, e além de tudo, é longo, 100 minutos. O que faz valer assistir o filme, são os efeitos toscos, e o pior dos piores, a cara de Coringa que os possuídos fazem. é das piores coisas que vi na vida, esse recurso do sorriso Coringa, e por isso mesmo, motivo para assistir. Risadas garantidas. O cineasta Jeff Wadlow dirigiu "Kick ass 2", um ótimo filme de ação, e aqui, enfiou os pés pelas mãos.

Tungstênio

"Tungstênio", de Heitor Dhalia (2018) Adaptação cinematográfica da premiada Graphic novel de Marcello Quintanlha, e dirigida pelo mesmo cineasta de "O cheio do ralo", "À deriva" e "Serra pelada". Tungstênio é um dos metais que compõe material para o explosivo, e o filme começa exatamente com a imagem de dois pescadores jogando explosivo no mar, matando peixes clandestinamente. Esse incidente é o início para o encontro inesperado e visceral entre personagens que habitam Salvador: O ex-militar conservador Ney ( Zé Dumont), o jovem traficante Caju ( Wesley Guimarães), o policial corrupto Richard ( Fabricio Boliveira) e sua esposa Keira ( Samira Carvalho Bento). Um dia de calor, com todos os personagens à flor da pele, a um ponto da explosão, entre violência, traições e ódio. Dito assim, parece sinopse de 2 filmes clássicos: "Faça a coisa certa", de Spike Lee, e "Pulp fiction", de Tarantino. e muito dos elementos desses filmes estão presentes na narrativa: a montagem que vai e volta no tempo, entrecruzando as histórias; a câmera angulada e inquieta, nervosa. A violência prestes a explodir a qualquer momento. O elenco é a grande força e ponto de interesse do filme: todos, sem exceção, estão excelente. Por eles, vale ir correndo assistir ao filme e se deleitar com performances arrebatadoras. Duas coisas me incomodaram: a narração em off de Millen Cortaz, redundante, e a câmera contra-plongé excessiva.

Vaca Profana

"Vaca Profana", de René Guerra (2017) O Cineasta René Guerra é alagoano mas mora em são Paulo. Diretor de curtas premiados, em "Vaca Profana", ele se apropria da música de Caetano Veloso para falar de desejos. Desejo de ser Mulher, desejo de ser Mãe. Nadia ( a performática e atriz Roberta Gretchen Coppola, travesti assumida) mora na periferia de São Paulo, em uma ocupação dominada por mulheres. Ali, ela tem uma pequena lanchonete e vende coxinhas. Sua vizinha, Ana Maria ( Maeve Jinkings), mãe solteira, está de viagem para a Itália, e vai deixar sua filha sob a guarda de Nadia, para que ela a crie. Tudo que Nadia mais deseja é ser mãe. No entanto, esse sonho é interrompido, quando Ana Maria avisa que desistiu de viajar. Com performance arrebatadora das duas atrizes, "Vaca profana" tem um lindo e comovente roteiro, escrito por Gabriela Amaral, que culmina com uma cena visceral que acontece em um tribunal, quando Nadia se expõe dentro de uma farsa. Um curta imperdível e de alto nível, humanista, com um olhar carinhoso para essa personagem maravilhosa que é Nadia.

O culto

"The endless", de Justin Benson e Aaron Moorhead (2017) Curiosa ficção científica, essa produção independente ganhou vários prêmios internacionais em Festivais de filmes de gênero, além de ter concorrido no Festival de Tribeca em 2017. Os diretores Justin Benson e Aaron Moorhead escreveram o roteiro e também protagonizam essa trama que parece uma versão estendida de algum episódio do seriado "Além da imaginação". É uma trama complexa e às vezes confusa, mas sem muito spoiler, algo próximo de "Feitiço do tempo". Justin e Aaron são irmãos e trabalham como faxineiros. Há 10 anos, eles fugiram de uma seita que existia dentro do deserto da Califórnia, pois Justin, o irmão mais velho, acreditava que os membros cometeriam suicídio. Um dia, Aaron recebe pelo correio uma caixa misteriosa, contendo uma fita onde um dos membros da seita os convida para retornar. Pressionado por Aaron, Justin cede e acabam retornando ao local. Mas o que eles descobrem, envolve algo muito sinistro. Um roteiro obviamente inspirado em filmes e seriados que lidam com o tema da viagem do tempo, tem bons atores que dão credibilidade à história, mas por ser uma produção baixo orçamento, os efeitos especiais são muito fracos. Mas vale ser visto, e para fãs de filmes de ficção científica, é um belo achado.

sábado, 23 de junho de 2018

Vênus- Filó, a Fadinha lésbica

"Vênus- Filó, a Fadinha lésbica", de Sávio Leite (2017) Baseado em conto erótico de Hilda Hilst, a animação pornográfica "Vênus, Filó, a Fadinha lésbica" tem cenas de sexo explícito, filmadas com atores e depois rodoscopiada para um processo de animação, mesma técnica do longa de Richard Linklater, "Darkly scanner". A história apresenta Filó, moradora da Vila do troço. De dia, ela é uma linda fada que seduz mulheres, transando com todas elas. De noite, um penis surge e ela se transforma numa travesti, sendo desejada por homens e mulheres. Narrada com sabor de malícia e sagacidade por Helena Ignez, o filme é divertido, e muito criativo. Com apenas 6 minutos, o diretor Sávio Leite fala de putaria sem censura, em uma bela homenagem à Hilda Hilst. O filme foi selecionado para a Mostra Panorama do festival de Berlin 217, e concorreu para o Premio Teddy, dedicado a filmes Lgbts.

O Conto dos garotos perdidos

"The tale of the lost boys", de Joselito Altarejos (2017) Co-produção Taiwan/Filipinas, "O conto dos garotos perdidos" foi escrito e dirigido pelo Cineasta filipino Joselito Altarejos. Filmado em Taiwan, o drama acompanha 2 histórias de filhos abandonados pelos pais. Alex viaja de Manilla até Taiwan para arranjar trabalho, deixando para trás sua namorada grávida. Jerry é descendente de uma tribo aborígene de Taiwan, e desde cedo fugir para a cidade para arranjar trabalho. Na verdade, ele fugiu porque por ser gay, e temendo que sua família o banisse, resolveu fugir. Alex e Jerry se conhecem e se tornam amigos, unindo as melancolias de suas vidas. Tecnicamente pobre, o filme parece ter sido feito com muito pouco dinheiro. A atuação dos dois atores tende ao exagero, por conta da carga melodramática da história. O filme tem uma cena de sexo ousada entre Jerry e seu namorado, mas é uma sub-trama mal aproveitada, pois a questão da homofobia é bastante forte na sociedade, mas ficou limitada à família de Jerry. Vale para conhecer locações belas de Taiwan.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Safari

"Safari", de Ulrch Seild (2018) Eu sou um grande fà dos Filmes do austríaco Ulrich Seild, dono de uma linguagem absolutamente cruel, mostrando o ser humano em situações patéticas e degradantes, algo como o cinema de Michael Haneke ou do mexicano Michel Franco, de "Depois de Lucia". Seidl dirigiu a excelente trilogia "Paraíso"e também o documentário fetiche "No porão". Agora em "Safari", ele parte de um tema muito óbvio: quem são as verdadeiras bestas? O Homem ou o animal? Milionários austríacos viajem para a Africa a fim de fazerem parte de um Safari onde a diversão é matar animais. Cada um tem o seu preço. Uma vez pagando, é só matar. Nas entrevistas homens e mulheres justificam seus atos. Entre uma e outra morte, vemos animais sendo desmembrados, em cenas bem cruéis. Outro ponto interessante do filme é observar o contraste entre os brancos "civilizados" e os negros africanos mostrados de forma servil e aborígene, como se fossem de uma civilização atrasada. A colonização pelo visto, se mantém na Africa. Não é o melhor filme de Ulrich Seidl, mas para quem não conhece sua obra, é uma boa forma de passar a descobrir a sua linguagem.

Hereditário

"Hereditary", de Ari Aster (2018) Escrito e dirigido por Ari Aster, foi um enorme sucesso no Festival de Sundance 2018. A melhor experiência para o espectador que vai ver o filme, é assistir sem saber de absolutamente nada. Porque essa é a sensação que a gente tem enquanto assiste ao filme: Para onde essa históra vai caminhar? Annie (Toni Colette) é uma artista plástica que trabalha com miniaturas. Ela mora com seus 2 filhos, Peter ( Alex Wolff) e Charlie ( Milly Shapiro) e o marido, Steve (Gabriel Byrne). O filme começa com Annie se preparando para o velório de sua mãe, de quem ela se distanciou bastante. A partir daí, fatos estranhos passam a ocorrer na casa onde mora a família. Com 126 minutos de duração, o filme tem a primeira hora mais próxima ao drama, apresentando o luto de Annie perante a morte de pessoas próximas. Na 2a parte, a história vai se desenvolvendo para um desfecho apoteótico e desesperador. Para espetadores sensíveis, recomendo não assistir ao filme em casa sozinho, pois com certeza, focará dias sem dormir. A direção de Ari Aster compõe com bastante economia na quantidade de planos, e assim como Stanley Kubrick em "O iluminado", ele elabora planos longos que percorrem os corredores da casa. Estão divulgando o filme como o novo "Exorcista", mas ele está muito mais próximo de "O bebe de Rosemary" e de "A bruxa". As cenas de violência são poucas, mas intensas, e os silencios do filme são assustadores. Assim como o barulho da colherzinha na xícara em "Corra", aqui temos o estalido da menina Charlie, que assusta toda vez que surge em cena. O elenco está absolutamente formidável: Toni Colette surpreende nesse universo de filmes de terror, com cenas antológicas, como a do jantar e a da sessão mediúnica. Alex Wolffe também tem momentos brilhantes, com expressões de desespero muito críveis. A menina Milly Shapiro consegue expressar sensações até nos silêncios, que menina incrível. Gabriel Byrne conduz com elegancia seu personagem trágico, e para fechar, Anna Dowd, como Joan, remetendo ao personagem de Ruth Gordon no filme de Polansky. Quem for em busca de um Filme de terror tradicional, com sustos fáceis, vai ficar bastante frustrado. O filme é construído com um ritmo bem lento, pendendo ao dramático, e aí sim, na parte final, acelera o passo e caminha para uma montanha russa de emoções,

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Estás vendo coisas

"Estás vendo coisas", de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca (2017) Fotógrafa Brasiliense e video-artista, Barbara Wagner se mudou para Recife, e lá, ela realizou esse ótimo curta, selecionado para o Festival de Berlin em 2017. Se utilizando do universo do Brega , Barbara convidou artistas do movimento musical, e através dessa música bastante popular, ela desconstruiu a linguagem de um video-clip. Unindo Arte, fotografia a uma linguagem bastante experimental, tendo o popular Brega como fio condutor, e provocando assim uma contradição bem interessante. A fotografia, de Pedro Sotero, um dos fotógrafos mais requisitados pelo Cinema autoral ( Gabriel e a montanha, Aquarius, O som ao redor) é estonteante. Os cantores Mc Porck ( também cabeleireiro) e Dayane Paixão ( também bombeira) costuram os vários cantores que surgem ao longo do filme.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

The yellow birds

"The yellow birds", de Alexandre Moors (2017) Drama de guerra baseado na novela de Kevin Powers, ganhou o Premio de melhor fotografia no Festival de Sundance 2017. O filme tem um elenco estelar: Alden Ehrenreich ( o "Han Solo'), Tye Sheridan (de "Jogador No 01"), Toni Colette, Jennifer Aniston e Jason Patric. O filme tem uma história bastante triste e depressiva, e fala dos efeitos da Guerra do Iraque em Brandon ( Ehrenreich). Ele retorna da Guerra e guarda um mistério para si: que fim teve o seu amigo soldado Daniel (Sheridan), que está desaparecido por 3 semanas? A partir dessa indagação, o filme vai e volta em flashback, até o desfecho onde entendemos o que aconteceu com Daniel. Tecnicamente, o filme é ótimo, com boas cenas de tiroteiro e ações militares, o que me fez pensar como esse filme participou de Sundance, notoriamente um Festival para filmes indies e de baixo orçamento. O foco do filme é em Brandon, o que acaba desperdiçando o talento de Aniston e Toni Colette para participações bem pequenas.

Inocentes

"Inocentes", de Douglas Soares (2017) Curta-metragista premiado pelo seu filme "Contos da Maré", Douglas Soares realiza um filme ensaio poético que homenageia Alair Gomes, um dos mais famosos fotógrafos do homoerotismo, mundialmente conhecido. Nascido em Valença, Rio de Janeiro, Gomes foi engenheiro, professor e crítico de arte, mas foram as suas fotografias, tiradas boa parte de sua janela em Ipamema registrando homens semi-nus nas na praia carioca, que o alçaram à fama. Alair faleceu em 1992, mas suas fotos até hoje são expostas no mundo inteiro.Interpretado por Marcos Caruso, acompanhamos uma narração em off , enquanto vemos desfilando durante o filme, homens belos e de corpos definidos em atitudes totalmente erotizadas, culminado em cenas de sexo explícito, que incluem masturbação e sexo oral. Com bela fotografia em preto e branco, o filme é recomendado para quem conhece a obra de Gomes. Para os leigos, continuarão sem saber quem foi ele, e terão a impressão de que ele era um tarado voyeur que buscava rapazes na praia e os trazia apara o seu apartamento para transar, como se fossem garotos de programa.

Ghostland

"Ghostland", de Pascal Laugier (2018) Caralho, que filme tenso! Há 10 anos atrás, o Cineasta frances Pascal Laugier realizou um clássico do cinema de terror, "Mártires", um dos filmes mais violentos e sádicos da história, onde uma mulher era brutalizada e tinha toda a pele retirada, até ficar carne humana, com a intenção de sentir dor e encontrar Deus na aflição extrema. Em "Ghostland", Pascal Laugier retorna com a violência contra a mulher, e mais uma vez, ele foi acusado de misoginia. Aqui ainda tem um agravante; uma das assassinas é uma travesti, o que o fez ser acusado também de transfóbico. Uma mãe e suas duas filhas adolescentes se mudam para a casa que a mãe herdou de sua tia. Na mesma noite, elas são atacadas por uma dupla de serial killers. 12 anos depois, uma das irmãs se torna uma escritora de livros de terror famosa. Ela volta para a casa onde tudo aconteceu, e redescobre que as coisas não ficaram totalmente reslvidas. Repleto de twists, o roteiro do filme surpreende a todo momento. Não se pode falar mais nada pois qualquer informação extra vira spoiler. Não queira ler nada sobre o filme, e deixe-se levar pela estrutura narrativa às vezes complexa e confusa do filme. Pascal Laugier homenageia clássicos slashers dos anos 70, como "O massacre da serra elétrica". O filme é violento ao extremo, e para quem tem estomago fraco para cenas de brutalização contra as mulheres, não assista de jeito algum, é um filme de fazer revirar os olhos. Dou o braço a torcer a Pascal Laugier. Independente dele ser um roteirista ou cineasta sádico, tenho que admitir que ele sabe dirigir um flme de terror, dando clima e atmosfera de fazer o espectador ficar tenso e se encostar na cadeira

terça-feira, 19 de junho de 2018

Flower

"Flower", de Max Winkler (2017) Competindo no Festival de Tribeca em 2017, "Flower" é um drama independente dirigido pelo Ator Max Winkler. O filme tem um roteiro pervertido, camuflado na fachada de ser um alerta contra pedófilos e assediadores sexuais. Erica ( Zoey Deutch, de "Antes que eu vá") é uma adolescente de 17 anos que usa homens mais velhos pedófilos como iscas para que suas amigas gravem videos escondidos para depois elas achacarem dinheiro. O problema é que Erica paga boquete nos homens, e faz com prazer. Um dia, sua mãe ( a ótima Kathryn Hahn, de "Transparent") apresente seu novo namorado, que tem um filho obeso e problemático, Luke. Ao testemunhar uma tentativa de suicídio de Luke, Erica descobre que ele foi abusado sexualmente pelo ex-professor dele, Will ( Adam Scott). Erica resolve seduzir Will e gravar um video, mas as cosias saem errado. O filme começa cm uma tentativa de inserir pitadas de humor adolescente, mas logo ele muda radicalmente de tom, se tornando um drama, até acabar em um romance muito improvável. O roteiro é esquizofrênico, mas a atuação do elenco principal segura a onda. "Flower"do título é uma alusão óbvia ao desabrochar de uma adolescente.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

August Underground Mordum

"August Underground Mordum", de Jerami Cruise Killjoy, Michael Todd Schneider, Fred Vogel e Cristie Whiles (2003) Escrito, Dirigido e protagonizado pelas 4 pessoas citadas acima, "August undergournd Mordum" é dos filmes mais degradantes da história do cinema, fazendo "Saló", de Pasolini, parecer uma sessão da tarde e "Os estranhos", um filme para o jardim da infância. Cenas de canibalismo, coprofagia, sexo com cadáveres, estupros, mutilação dos órgãos genitais, defecação e mijada nas vítimas, vómitos, cusparadas, cabeças cortadas, pescoços degolados, estupro com criança, marteladas na cabeça, etc etc etc. se você não aguentou ler essa lista, esqueça que esse filme exista. O filme faz parte de uma trilogia, iniciada em 2001, depois 2003 (esse filme) e por último, 2007. "August underground mordum" é um filme feito por pessoas doentes para espectadores doentes. A idéia do filme é ser um Snuff movie, ou seja, passar a idéia de que as mortes no filme sejam reais. E isso o filme consegue, graças aos atores totalmente convincentes, e aos efeitos escandalosamente realistas. Tudo é filmado como se fosse ponto de vista de quem está gravando, no caso, os assassinos gravando as chacinas praticadas contra as suas vítimas. e o filme todo é assim, não tem uma história. São 3 assassinos ( 2 homens e uma mulher), que invadem as casas, matam quem quer que seja, estupram, torturam de todas as formas possíveis, trepam com os cadáveres, vomitam, cospem, cagam, arrancam penis, mamilos, etc. Nada mais, sem história. Não tem como indicar esse filme para ninguém. Vocês ficarão noites sem dormir.

The Place

"The Place", de Paolo Genovese (2017) Versão longa-metragem de um seriado americano do qual nunca havia ouvido falar, "The booth at an end", escrito por Christopher Kubasik ,"The Place"acontece todo dentro de um Café restaurante do mesmo nome. Dirigido pelo italiano Paolo Genovese, e com a nata do elenco do novo cinema italiano, como Alessandro Borghi, Alba Rohrwacher, Silvio Muccino, o filme poderia render melhor como peça de teatro. Como cinema, ficou chato, muito chato. Imagine um filme inteiro de quase 2 horas de duração, aond eo protagonista fica sentado em uma mesa do café, e todos os outros personagens surgem e se sentam diante dele, relatando histórias, como se fosse uma sessão de divã. Fosse um texto extraordinário, o filme até seguraria a onda. Mas não é o caso. Um homem misterioso faz meio que o papel de um Consultor, prometendo aos clientes que se eles executarem a tarefa pedida, os desejos serão realizados. A história basicamente é essa. esse homem é o Diabo ou Deus? Mas porque ele pede tarefas bizarras e violentas, tipo sequestrar, estuprar, matar, roubar, assassinar inocentes com uma bomba, uma freira engravidar, etc? Poderia ser tudo uma farsa dele, mas o problema é que as pessoas levam tudo à cabo, praticamente. Claro que no final tem a reviravolta de todos, mas até lá, em nenhum momento, o Homem tenta fazer com as pessoas desistam dos atos extremos. Confesso que não curti, o que é uma pena, os atores são ótimos. Mas o filme definitivamente não acerta o tom do fabulesco, do filme das parábolas.

domingo, 17 de junho de 2018

Uma criança como Jake

"A kid like Jake", de Silas Howard (2018) Comovente e importante drama baseado em peça de teatro de Daniel Pearle, o filme discute o delicado tema do comportamento trangenico de uma criança de 4 anos de idade. O filme tem como Cineasta o Diretor trangenico Silas Howard, que dirigiu as séries "This is us"e "Transparent", e no elenco, um trio poderoso, formado por Claire Denis, Octavia Spencer e Jim Parsons, astro de "The Big bang theory". Alex ( Denis) e Greg (Parsons) formam um casal, pais de Jake, um menino de 4 anos que ama filmes da Disney e se vê no papel de todas as princesas, inclusive , se vestindo de saia. Alex largou seu emprego de advogada para focar full time cuidando de Jake, enquanto Greg é um Psicólogo. Um dia, a consultora da escola do jardim de infância, Judy (Spencer) conversa com Jake e Greg sobre o comportamento de Jake. Os amigos deles também falam do modo de ser de Jake, e o casal, que nunca havia se preocupado com esse assunto, agora se vê numa situação totalmente adversa, e não sabem como agir. Com direção delicada e ótimas interpretações, com direito a cenas intensas, o filme, diferente do que trata o titulo, tem o foco nos pais de Jake. É um filme muito bom para ser visto e discutido em escolas e com os filhos, para entendermos que a sociedade atual, ainda que careta em vários aspectos, precisa abrir os olhos para comportamentos que não podem mais ser tapados com a peneira.

sábado, 16 de junho de 2018

Gringo- Vivo ou Morto

"Gringo", de Nash Edgerton (2018) O cineasta Nash Edgerton é irmão do Ator Joel Edgerton, que está no gigantesco elenco dessa mistura de filme de ação, drama, policial e comédia. O filme foi um retumbante fracasso nos Estado Unidos e no mundo inteiro. Mas o que poderia dar errado em um filme onde no elenco temos, além de Joel Edgerton, Charlize Theron e Amanda Seyfried? Ah, o roteiro. Esse é o grande vilão desse filme que poderia ter sido alguma espécie de homenagem aos filmes dos irmãos Coen. Mas faltou-lhe foco: são personagens demais, em uma trama nem tão original assim. Muitos dele muito mal aproveitados, como o personagem de Amanda Seyfried. E Charlize, excelente atriz, aqui está totalmente burocrática, fazendo o papel da mulher linda, gostosa, sexy, malvada e escrota. Harold ( David Oyelowo, que interpretou Martin Luther King em "Selma") é representante de vendas de uma Empresa farmacêutica presidida pela dupla de escroques Richard ( Edgerton) e Elaine (Theron). Harold está numa péssima fase: sua mulher o está abandonando, e ele é enviado até o México, para fazer acordos de venda com laboratório local. Na verdade, Elaine e Richard estão produzindo pílulas de maconha, para serem vendidas mundialmente. Quando Harold descobre que está sendo usado como laranja, ele simula seu próprio sequestro, para arrancar dinheiro dos patrões. Mas ele mal poderia imaginar que seria sequestrado de verdade. Longo, tentando forçar um humor negro que quase nunca funciona, o filme pelo menos tem boas cenas de ação. É tanta gente que vai entrando no filme, que eu fiquei imaginando que se fosse um seriado, teria sido melhor aproveitado.

Leon on Pete

"Leon on Pete", de Andrew Haigh (2017) Adaptação da novela escrita por Willy Vlautin, "Leon on Pete" é um drama bastante depressivo dirigido pelo ingles Andrew Haigh que gosta de realizar filmes onde a falta de comunicação entre as pessoas é o foco principal: foi assim em "Weekend", e em "45 anos". Andrew também foi um dos diretores do seriado da Hbo, "Looking". Charley mora com seu pai em Portland, Oregon. Passado dificuldades financeiras, Charley faz trabalhos temporários. Um deles, ele acaba cuidando de cavalos de corrida, e conhece Pete, um cavalo velho prestes a se aposentar. Quando descobre que o dono quer sacrificar o animal, Charley resolve roubá-lo e junto, o trailer que carrega o animal. Com um ótimo elenco de atores fazendo participações : Steve Buscemi, Chloe Sevigny. o filme comove e nos faz acompanhar o périplo muito triste de Charley, tentando botar sua vida em dia, mas a cada passo dado, ele leva um verdadeiro soco no estômago. O filme é um road movie, e no caminho vamos conhecendo personagens. Uma pena que o filme seja muito longe, mais de 2 horas! Deveriam ter editado meia hora fora! Ficou bastante cansativo e repetitivo. Graças ao talento do excelente Charlie Plummer, no papel principal, a gente mantém assistindo a filme. Ele interpretou o rapaz sequestrado em "Todo o dinheiro do mundo", de Ridley Scott. Belíssima fotografia. O filme venceu alguns prêmios Internacionais, e concorreu em Veneza 2017.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Direções

”Posoki", de Stephan Komandarev (2017) Excelente drama Búlgaro, competiu no Festival de Cannes 2017 na Mostra Um Certo Olhar. Partindo de um prólogo dramático e avassalador, onde um empresário à beira da falência e trabalhando como taxista atira no banqueiro que o achacava, o filme discute os rumos sociais e econômicos da Bulgaria, um país destruído pelo Comunismo que reinou por décadas. O filme é composto de varias historias, todas elas protagonizadas por taxistas e durante a mesma noite do assassinato. Com um excelente elenco ( destaque para a atriz do episódio da mulher que reconhece o seu algoz na ditadora comunista),e uma direção impressionante, conjugando excelente performance de atores com planos sequências impressionantes ( a da ponte do suicida me fez cair o queixo). O filme tem um tom bastante pessimista, e é uma forma de alertar ao mundo e à Bulgária que o Cinema é a porta de reflexão sobre novos rumos que precisam ser tomados para que o País consiga sair do buraco negro.

Hooked

“Hooked”, de Max Emerson (2017) Uma celebridade no Instagram, o Ator e Modelo Max Emerson estreia em longa metragem aos 28 anos de idade, inclusive escrevendo o roteiro do filme. Decidido a discutir o tema cada vez mais presente na sociedade americana, o abandono de jovens lgbts pelos seus pais e o consequente aumento de sem tetos nas ruas, Emerson fez imensa pesquisa sobre o tema, entrevistando centenas de jovens. Homofobia, estupro, violência doméstica geralmente são os casos relacionados, e muitos desses jovens já tentaram o suicídio. Emerson lançou uma campanha no Crowdfunding e conseguiu captar 100 mil dólares para realizar sua produção independente. Com referências explícitas ao clássico “ Pedidos na noite” , especialmente na cena onde o garoto de programa se relaciona com uma perua, acompanhamos a trajetória de Jack ( o excelente Connor Donnaly), garoto de programa que atende homens e mulheres. Jack mora com seu namorado Tom em um Hostel, e Tom quer que Jack mude de profissão. Quando Jack aceita o convite de um cliente casado para passar um tempo em Miami, ele sonha com um futuro melhor para ele e Tom ( de novo referência a “ Perdidos na noite”). Mas as coisas não surgem como o esperado. Ótima fotografia e aquela atmosfera de filme índie, é um filme bastante decente que captura a atenção do espectador por conta do carisma de Jack. O único senão, e que atrapalha bastante o filme, é o grande destaque que o filme da ao personagem do cliente casado, que tem um conflito por não se assumir e mentir para sua esposa. Ficou chato é óbvio. O filme deveria ter se atido à história de Jack e teria sido muito melhor. Mas vale ser visto pelo tema.

Alex Strangelove

"Alex Strangelove", de Craig Johnson (2018) Atenção fãs de "Com amor, Simon": vocês não podem deixar de assistir a esse delicioso "Alex Strangelove". Ambos os filmes fazem parte de uma nova leva de produções voltadas para um público Lgbts da geração Milleinum, totalmente ligada em celulares, internet e comportamentos cada vez mais liberais. Dirigido por Craig Johnson, Diretor do seriado "Looking" e da comédia romântica que eu adoro, "Irmãos Desastre", ambos produções Lgbts, o filme tem como protagonista Alex ( Daniel Doheny, a cara do Andrew Garfield mais jovem) , um aluno aplicado e nerd que conhece Claire ( Madeline Weinstein, extremamente amável e carismática). Ambos são simpáticos, cheios de amigos, criam um canal de youtube que fa zo maior sucesso. Alex no entanto, tem um grande medo: precisa perder a virgindade, e não sabe como fazer , pedindo ajuda aos amigos. Mas antes que ele e Claire transem, ele conhece Elliot ( Antonio Marziale, simpático e adorável), assumidamente gay. Alex começa a se sentir confuso, e não sabe como se relacionar com a verdade: ele é gay. Uma homenagem aos filmes do John Hughes, especialmente "A garota do rosa shocking", o filme tem um elenco muito carismático, incluindo os amigos de Alex, todos nerds. Trilha sonora muito gostosa de se ouvir, e a cena final, no baile de formatura, ao som de "The promisse", é um achado maravilhoso. Não é um filem perfeito, tem problemas de ritmo, mas vale muito ser visto

O filho de Jean

"Le fil de Jean", de Philippe Lioret (2016) Dirigido pelo mesmo realizador frances de "Bem vindo" e "Tudo o que desejamos", "O filho de Jean"é um drama familiar sobre perdas e recomeços, que tem como mote central a questão da paternidade. Mathieu ( Pierre Deladonchamps, de 'Um estranho no lago") é um profissional de vendas bem sucedido. Separado de sua esposa, eles possuem um filho pequeno a quem Mathieu visita regularmente. Um dia, no seu trabalho, ele recebe uma ligação falando que seu pai Jean morreu. O problema é que Mathieu nunca conheceu seu pai, que foi embora de casa quando ele era pequeno. Ele resolve viajar até o Canadá para saber um pouco sobre a história de seu pai, e é recebido por Pierre, melhor amigo de seu pai, que irá levá-lo ao funeral. Um drama corriqueiro dentro do universo familiar, o que o difere dos outros filmes é a reviravolta final, que confesso, já havia identificado logo de cara. Os atores estão bem, mas é um filme cansativo, que não me chamou muita atenção para a trama.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

All male all nude

"All male all nude", de Gerald McCullouch (2017) No grande sucesso de Steven Soderrbergh, "Magic mike", acompanhamos a vida dos Strippers de um club glamuroso onde os homens tiram a roupa ( na verdade, não rola nu frontal) para mulheres taradas e cheias da grana. Mas a realidade em um Club chamado "Swinging Richards", que s elocaliza em Atlanta, Georgia, é completamente outra: os Strippers ficam totalmente nus e a platéia é toda de gays. "All male all nude" é um documentário que acompanha o dia a dia dos strippers desse famoso club de Georgia. Ali, são 60 dançarinos que toda noite ficam totalmente nus para a platéia. Mas existem regras rígidas para os strippers e para a platéia: não podem tocar os dançarinos, dinheiro apenas colocado num elástico que está no braço do performer, proibida prostituição. O filme entrevista 6 dançarinos e alguns funcionários, entre eles, o Dj e o barman. Quase todos os depoimentos dos dançarinos é bem semelhante: o sonho de ter carro e dinheiro próprio; dinheiro fácil; podendo render mais de 100 dólares em 15 minutos; a dificuldade de falar com a família sobre a profissão; alguns possuem sonhos de ter um emprego e uma faculdade; outros querem apenas curtir a vida e gastar dinheiro. Drogas estão terminantemente proibidas no local, mesmo porque, as autoridades ficam de olho no Club, e qalquer vacilo, eles fecham. A parte mais divertida dos depoimentos é quando falam do tamanho do pau: na hora de ficarem nus, alguns dançarinos apelam para apetrechos para aumentarem o penis na hora d a nudez total, mas com o tempo, o penis murcha. Ganha mais dinheiro quem tem o pau maior, e claro, rola competição entre eles. Aliás, competição entre o que tem melhor corpo, melhor sedução, melhor corpo, etc. Mesmo assim, os entrevistados alegam que o clima entre eles é ótimo e eles agem como se fossem um time de basquete unido pronto para entrar em campo. O filme não tem censura nenhuma e mostra os caras pelados quase que o tempo todo. Um filme fetiche para quem curte male striippers.

O gato de Sodoma

"Sodom's cat", de Huang Ting-Chun (2016) Escrito e dirigido pelo Cineasta de Taiwan Huang Ting-Chun, "O gato de Sodoma" é um curta de sexo explícito de 30 minutos de duração e que fez muito sucesso em Festivais mundo afora. Primeiro filme de Taiwan abertamente falando de relacionamentos gays de forma explícita, é segundo seu Diretor, "Um filme que fala de amor através do sexo". 5 jovens se encontram para uma orgia gay, através de aplicativo de celular. Após a orgia, cada um vai para sua casa, e acompanhamos quem são essas pessoas em suas intimidades com família ou amantes. Apesar das cenas de sexo, é um filme bastante melancólico, falando do vazio existencial na vida de uma geração que descobriu o sexo através da internet e dos aplicativos para celular, e que não encontraram dificuldade para abordar a sexualidade. O sexo é fácil, os encontros são fáceis. O que é difícil de lidar, é com o vazio que reina na vida de todo mundo. Fiquei pasmo com a ousadia dos 5 jovens atores, totalmente à vontade nas cenas de sexo. Me lembrou dos filmes de Tsai min Liang, que mostra o sexo de forma fria e totalmente sem tesão.

A noite devorou o mundo

"La nuit a dévoré le monde", de Dominique Rocher (2018) Filme de zumbis francês, que lembra "O ultimo homem da terra, com Charlton Heston. Sam é um jovem que vai no apartamento de sua ex-namorada para pegar umas fitas K-7. Tá rolando uma festa, e Sam acaba se machucando. Quando ele entra no quarto para pegar as fitas, acaba adormecendo. No dia seguinte, ao acordar, ele descobre que toda Paris virou zumbi, e que provavelmente ele é o único sobrevivente. Diferente dos tradicionais filmes de zumbis, aqui o filme aposta no drama intimista de Sam. O filme quase todo acontece dentro do prédio aonde ele está, e evitando que os mortos-vivos invadam o prédio. O problema é que quem for assistir a filmes de zumbis, quer ver aquilo que mais gosta: ataques, vísceras, gritaria, correria. E aqui, isso quase não acontece. Tudo é bastante lento, e fico pensando a quem se destina esse filme: autoral demais para ser comercial, e sem sangue e tripas para atrair o público fã de chacina. e ainda escalam o ator cult Dennis Lavant, de "Sangue ruim", para encarnar um zumbi existencialista. Mas para mim, o que matou o filme foi o fato do protagonista ser totalmente sem carisma e antipático. eu queria que ele morresse logo nos primeiros dez minutos. Cara chato! E nem é culpa do ator, o norueguês Anders Danielsen Lie, mas sim das decisões idiotas do personagem.

Além do homem

"Além do homem", de Willy Biondani (2018) Rodado em Paris e em Milho Verde, Município de Minas Gerais "Além do homem" é um misto de drama, comédia caipira e um olhar de cinema independente autoral sobre um mundo em decomposição. Alberto ( Sergio Guizé) é casado com a filha de um editor de livros na França. Morando em Paris, ele renega o Brasil. Mas o sogro que confere uma missão: voltar ao Brasil e fazer uma pesquisa sobre Michel Legrave, um antropólogo francês que dizem, foi devorado pelos canibais. O filme mescla uma brasilidade folclórica onde índios canibais, misticismo religioso, mulheres fogosas e personagens matutos se misturam à uma narrativa que lembra a saga do Capitão Willard que foi incumbido de procurar saber do paradeiro do Coronel Kurtz, em "Apocalipse now". Ou até mesmo o Universo do realismo fantástico de Gabriel Garcia Marquez.

Primavera em Casablanca

"Razzia", de Nabil Ayouch (2017) O Cineasta Nabil Ayouch nasceu em Paris, mas mora e trabalha em Casablanca, Marrocos. Os seus filmes tem uma pegada socio-politica-cultural, mostrando as mazelas do regime islâmico e do machismo na sociedade massacrando sua população. Foi assim em Muito amadas", seu elogiado filme anterior, e agora em nível mais contundente, em "Primavera para Casablanca". O filme tem uma estrutura narrativa ousada e diversificada: acompanhamos 5 histórias distintas: 1 se passa em 1982, e as outras 4, em Casablanca do ano de 2010, quando houve a Primavera árabe, movimento liderado pelos jovens para derrubar a ditadura, por conta do alto nível de desemprego, busca pela liberdade de expressão e menos intolerância contra as mulheres. Na 1a história, ambientada em 1982, acompanhamos um professor que chega em um vilarejo. Ele é poeta e ensina às crianças da região no dialeto da população. Uma lei é imposta, obrigando o professor a ensinar árabe como língua oficial e abolir o dialeto, o que o professor contesta, pois as crianças não entende, Temos também a história de uma mulher liberal em crise no casamento com o seu marido machista e retrógrada; um cantor apaixonado por Freddie Mercury e que enfrenta preconceito do seu pai e seus amigos, que não aceitam seu modo de vida; uma adolescente que tenta a todo custo perder a virgindade; e um dono de restaurante judeu que sofre preconceito. Bem dirigido, com ótimas cenas de manifestação na rua, o filme tem excelente elenco. O que pesa contra, é que são personagens demais perambulando na história, o que confunde bastante. O filme faz uma crítica ao Clássico "Casablanca", que não teve nenhuma cena filmada em Marrocos, fazendo uma analogia sobre o real e a ficção.

O último suspiro

"Dans la brume", de Daniel Roby (2018) Filme catástrofe francês, um gênero raro no País, protagonizado pelos astros Romain Duris e Olga Kurylenko. Mathieu e Anna são pais de Sarah, uma adolescente com uma rara síndrome que faz com que ela precise viver dentro de uma redoma de vidro, afastada do contato externo. Um dia, um forte terremoto sacode a Europa e um gás mortal sai do subsolo e sobe para a superfície, matando a quem o respira. Os pais de Sarah precisam manter a redoma de vidro funcionando, caso contrário ela morrerá. O filme utiliza o mote do maior clichê desse tipo de filme: famílias separadas por uma tragédia e que precisam se manter unidas. Com ótimos efeitos, o filme tem um roteiro raso, que mesmo para quem for assistir a um filme catástrofe, vai achar tudo meio atropelado. No final, uma mensagem bíblica. Vale como passatempo e para quem curte referencias a Stephen King.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Sweat

"Sweat", de Noel Alejandro (2018) O Curta-metragista espanhol Noel Alejandro se especializou em realizar filmes com conteúdo de sexo explícito, mas filmado de forma autoral. Ele escala atores profissionais, que não fazem parte do Cinema porno, para darem vida aos seus personagens. Muito semelhante a proposta de John Cameron Mitchell em "Shortbus", são filmes independentes que tem tido entrada em Festivais de Cinema no mundo inteiro, apresentando ao público um olhar fetichista e extremamente erotizado das relações humanas, sem preconceitos quanto ao gênero porno. O roteiro é o mais trivial possível, apenas um pretexto para que cenas de intensidade erótica se manifestem com alta voltagem. Mullen, um descendente de árabe, está trabalhando em seu apartamento quando batem na porta, Receoso em abrir a porta, ele conversa com Christen, que veio procurar o antigo morador, amigo dele. Mullen diz que agora é ele quem mora lá, mas Cristen pede um favor, ele quer usar o banheiro. Diante da insistência, Mullen abre, e a parir daí, começa uma brincadeira verbal de gato e rato e de aparências onde se descobre que tudo fazia parte de um jogo fetichista. O curioso é ver que na ficha técnica, toda a equipe foi formado por mulheres, apesar do Diretor e dos atores serem homens.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

O retorno do herói

"Le retour du héros ", de Laurent Tirard (2018) Deliciosa comédia com 2 dos maiores astros da França dando vida a um jogo de gato e rato, nos moldes de Kathleen Hepburn e Spencer Tracy. Jean Dujardin e Melanie Laurent estão divertidos, alegres, sensacionais na pele do picareta Capitão Neuville, e da intempestiva e briguenta Elisabeth. Alias, Melanie Laurent é uma excelente surpresa na comédia, e como ela faz bem!em 1809, na França, o país atravessa uma guerra contra o exército de Napoleão Bonaparte. O Capitão Neuville pede a mão de Pauline, filha mais nova de uma família rica e aristocrática. No entanto, ele é convocado para o front, mas promete escrever cartas diariamente para Pauline. Passam-se meses, e as cartas nunca chegam. Pauline se desespera e pega tuberculose. Sua irmã mais velha, Elisabeth, temendo que a irmã morra de tristeza, escreve cartas em nome do Capitão, descrevendo ações na guerra. Na última carta , ela relata que ele morreu. Pauline acaba se casando e tem filhos, até que um dia, o Capitão reaparece. Elisabeth se desespera, e precisa sustentar a mentira, que cresce cada vez mais. Mas ela não esperava que o Capitão se aproveitasse da mentira: ele na verdade desertou, e foi considerado um herói por conta da carta que Elisabeth escreveu. O Diretor e roteirista Laurent Tirard foi responsável por um dos filmes mais amáveis e belos que assisti: "O pequeno Nicolau". Ele também refilmou o longa argentino "Coração de leão", e desde então, tem mantido parceria com o ator Jean Dujardin. Os 2 atores parecem ter nascido para o papel e estão de verdade, impecáveis. O elenco de apoio também é muito bom, e a narrativa toda vai se desenvolvendo como um grande vaudeville. Bela fotografia de Guillaume Schiffman, nomeado para o OScar por "O Artista".

A raposa má

“Le grand méchant Renard et autres contes...”, de Benjamim Renner e Patrick Imbert (2017) Animação dos mesmos realizadores de “ Ernest e Celestine”, um maravilhoso desenho que falava da amizade entre um Urso e uma rata. Agora com “ A raposa má”, eles apresentam três pequenas histórias com personagens que moram em uma fazenda: um porco, um pato, um coelho, cachorro, galinhas, e do lado de fora, um lobo malvado e uma raposa covarde. As histórias giram em torno da relação entre pais e filhos. São histórias muito engraçadas e fofas, e mesmo sendo para crianças pequenas, os adultos irão se divertir com as trabalhadas e as piadas repletas de gags. Excelente vozes dos dubladores brasileiros.

Promessa ao amanhecer

“La promesse de l'aube”, de Eric Barbieri (2017) Fascinante drama romântico com tintas de humor, protagonizado por dois grandes astros franceses, Charlotte Gainsbourg e Pierre Niney. Assisti ao filme sem me dar conta que era uma história real. A primeira parte do filme , que retrata a infância e adolescência de Romain Niney na Polônia a na França é mais divertida, com aquela chavões maravilhosos da mãe judia e super protetora vivida por uma maravilhosa Charlotte Gainsbourg. Depois, quando Niney entra em cena, o filme se torna mais dramático e melancólico, com a entrada da segunda guerra na vida deles. Romain assume o nome artístico de Romain Gary, e vem a se tornar um dos grandes romancistas franceses, também Cineasta e casado com a atriz Jean Seberg. Nina, sua mãe, desde cedo quiz que o filho fosse famoso, para jogar na cara dos que riram deles. Romain se tornou obcecado pela fama, para poder agradar sua mãe, numa relação de amor e ódio. O filme é muito bem dirigido, tem ótimas cenas de batalha aérea e um fantástico trabalho de atuação. É claro, preparem o lenço, o final é de desabar.

A excêntrica família de Gaspard

"Gaspard va au mariage", de Antony Cordier (2017) Dedicado à Cineasta e romancista francesa Catherine Breillat, autora especializada em conteúdo erótico, "A excêntrica família de Gaspard" ousa por mostrar cenas de nudez total de homens e mulheres sem qualquer tipo de pudor. As cenas de nudez poderiam ter sido suprimidas do filme, mas apresentá-la é um ato de coragem em tempos onde a caretice assola o mundo das artes. O filme é dividido em 4 capítulos. O 1o capítulo é bem divertido e rende bons momentos de humor. Mas a partir daí, o filme vai se tornando cinza, até obter um tom bastante dramático, de revisão de traumas familiares. Gaspard (Felix Moati) é um jovem que pega um trem para rever sua família, dona de um zoológico. seu pai vai casar de novo, e esse é o motivo dele voltar e passar uns dias com eles. No caminho, o trem tem seu fluxo interrompido: um grupo de ativistas se algemas nos trilhos, e entre eles, está Laura (Laetitia Dosch), que somente entrou para o grupo para poder comer um croissant. Gaspard propõe algo inusitado para Laura: que ela aceite se passar por sua namorada, e assim, ganhar dinheiro. Laura topa, e ao chegar na casa da família, testemunha uma verdadeira lavação de roupa suja de todos ali presentes: o pai que paquera todas, a irmã que se veste com pele de urso e se acha uma ursa, e o irmão todo certinho de Gaspard. Fazendo uma bela analogia entre seres humanos e animais, que se "devoram" metaforicamente, o filme interessa pelo despudor das cenas de nudez, e também, belo trabalho eficiente de todo o elenco, além da excelente fotografia de Nicolas Gaurin. O filme tem um interessante olhar bem autoral, seja através da construção das cenas, ou pelo enquadramento e a luz usada para fotografar paisagem. A cena dos irmãos dançando com luz estroboscópica é muito linda. A trilha sonora eletrônica também é bem pulsante.", de Antony Cordier.

domingo, 10 de junho de 2018

Euforia

"Euphoria", de Lisa Langseth (2018) Em 2016, Gore Verbinsky lançou um filme chamado "A cura", que mostrava uma Instituição para milionários que ficava na região mais rica da Europa, isolado da civilização. em 2018, a Cineasta e roteirista sueca Lisa Langseth lança "Euforia", sobre duas irmãs que se reencontram e vão passar uns dias em uma Instituição para milionários em uma região rica da Europa. Existem muitas semelhanças, e claro, diferenças. Um, é filme de homens e navega na fantasia. O de Lisa, é um filme de mulheres e é um drama relista. Emilie ( Eva Green) é uma fotógrafa famosa em Nova York, e marca um reencontro com sua irmã Ines ( Alicia Vikander), com quem não fala há anos. Emilie leva Ines para uma Instituição, para passarem uns dias. Mas Ines, estranhando o porque de marcar o encontro em um lugar tão remoto, descobre uma triste realidade. Ao pé da letra, o filme é um drama de lavação de roupa suja por quase 2 horas de duração. As irmãs expõem todas as mágoas e dores que forçaram a separação delas. Charlotte Rampling participa do filme como a anfitriã do lugar, um personagem praticamente igual ao que ela interpretou em "Never let me go". O filme é a terceira parceria de Vikander com a CIneasta sueca Lisa Langseth, e também, o primeiro filme que Vikander produz em sua produtora, Vikarious Productions. Confesso que achei o filme chato e torcendo pra Emilie se matar logo.

2 Cool 2 be 4 Gotten

"2 Cool 2 be 4 Gotten", de Petersen Vargas (2016) Premiado Drama filipino, que vai ficando tenso à medida que o filme avança, algo semelhante ao drama "Kinatay", de Brillante Mendoza, vencedor da Palma de Ouro em Cannes de Melhor direção. Em "Kinatay", acompanhamos a trajetória de uma prostituta que será assassinada em algumas horas. "2 cool 2 be 4 gotten" tem como pano de fundo a paixão de um estudante por um colega de turma. O filme se passa em meados dos anos 90, anos depois da erupção do vulcão Pinatubo. que matou mais de 800 pessoas e destruiu milhares de casas. Uma das casas era de Felix, rapaz de 16 anos, estudioso, mas ao mesmo tempo, sem amigos e isolado de sua turma. Seus pais moram em uma casa em uma comunidade, pois perderam tudo na erupção. Um dia, 2 novos alunos são apresentados na turma: Magnus e Maxim. Os 2 são garotos bonitos e bastante sedutores. Todos os alunos e professores ficam encantados com a beleza deles. Mas os 2 não são estudiosos. Ricos, os irmãos são filhos de pai americano militar, que foi embora para os Estados Unidos, e de mãe filipina, prostituta de luxo. Ela quem sustenta os filhos. Magnus contrata Felix para que de aulas para ele, pagando em dólar. Felix se apaixona por Magnus. Mas descobre que Maxim tem planos de matar a sua mãe, pois essa será a única forma dos irmãos poderem viajar para os Estados Unidos. Os 3 atores principais são ótimos, e dão conta de seus personagens complexos. A atriz que interpreta a mãe também é muito boa, fazendo o papel da periguete vulgar. Apesar do drama denso, o filme tem alguns momentos de humor, como quando o professor gay dá em cima de Magno, ou mesmo a professora de inglês. Ótima fotografia e direção.

Nos vemos no Paraíso

"Au revoir là-haut", de Albert Dupontel (2018) Adaptação da premiada novela escrita por Pierre Lemaitre. em 2013, "Nos vemos no Paraíso" ganhou 5 prêmios no Cesar 2018 ( Oscar da Academia francesa). É impressionante a qualidade técnica do filme: Fotografia, Direção de arte, maquiagem, trilha sonora e principalmente, efeitos especiais tanto físicos quanto de pós- produção. O filme foi dirigido pelo Ator Albert Dupontel, que fez, entre outros trabalhos de Ator, "Irreversível", de Gaspar Noé. Em "Nos vemos no Paraíso", Dupontel brilhantemente se apropria da linguagem de Jean Pierre Jeunet e de Michel Gondry para contar uma fábula de Guerra ambientada no período da 1a Guerra Mundial. Albert (Dupontel) é preso na fronteira da França com Marrocos no ano de 1920. Ele é obrigado a contar para o Oficial a sua história. A partir de então, Albert narra a estranha e curiosa história da relação de amizade dele com Edouard (Nahuel Pérez Biscayart, ator de "120 batimentos por minuto"). Ambos lutaram nas trincheiras, mas Edouard, ao salvar Albert, é ferido e perde a mandíbula. Assim como o Fantasma da ópera, Edouard passa a viver escondido, pois não quer que ninguém saiba de sua condição, muito menos seu pai, o presidente corrupto Marcel (Niels Arestrup). Edouard passa a desenhar, e a viver debaixo de máscaras, enquanto Albert encontra formas para manter os dois vivos. Visualmente, é impossível não se lembrar dos 2 cineastas citados acima. O filme tem um trabalho formidável de camera, usando e abusando de Drone e steadicam em movimentos impressionantes. É um filme que mescla gêneros como drama, comédia, fantasia, romance e suspense. Vale muito ser visto, pela originalidade da história quanto pelo excepcional trabalho técnico da produção.

sábado, 9 de junho de 2018

Delirium

"Delirium", de Dennis Iliadis (2018) O mais curioso desse suspense é a presença do ator Leonardo DiCaprio na produção. Outro fator de interese é o Elenco: Topher Grace, um jovem ator que gosto bastante, apesar dele nunca ter estourado, e Patricia Clakrson, provando ser uma atriz bem eclética. O filme é mais um daqueles aonde o protagonista vive um mundo de alucinação, e não sabemos se o que ele vê é real ou não. Tom (Grace) é liberado de uma Clínica psiquiátrica, 20 anos depois da internação. Seu pai se suicidou, e por conta disso, Tom herdou a Mansão aonde ele vivia com a família. Por conta de uma tragédia familiar, sue irmão mais velho está em prisão perpétua e sua mãe foi embora. A tutora de Tom, Brody (Clarkson) precisa garantir de que ele não irá fugir. Tom começa a escutar barulhos na casa, e acha que ela está mal assombrada. O filme é bastante decente, apesar de duas coisas que poderiam te-lo feito ser melhor: ele é longo para um filme onde basicamente só existe um personagem. E o desfecho é ridículo. Não entendemos o que se passou na verdade, ficaram pontas em aberto. O cineasta Dennis Iliadis já havia realizado um bom filme de terror em 2009, "A última casa", refilmagem de um clássico de Wes Craven, e aqui ele executa bem alguns truques de suspense. Mas de novo, o desfecho me incomodou. Mas para quem curte um suspense, vale assistir. Produção de baixo orçamento e com técnica razoável. Perguntas Spoiler: Se alguém assistir ao filme, me responda: 1) Se o irmão estava em prisão perpétua, como conseguiu fugir? 2) Porque o pai prendeu a esposa no porão? 3) De onde surgiu esse lance do dinheiro? em nenhum momento do filme isso é mencionado e surgiu assim do nada?

They remain

"They remain", de Philip Gelatt (2018) Baseado em um curta chamado "30", "They remain" é um terror psicológico totalmente independente. Em um futuro sem muita referencia temporal, um casal de cientistas é levado para uma floresta para fazer o levantamento da região. Eles irão permanecer por 3 meses totalmente isolados. e avaliar se a região influencia no psicológico das pessoas. Isso porque ali havia um acampamento de um guru, onde todos os membros foram assassinados, após um surto alucinógeno. Recentemente, uma equipe do CSO esteve ali, mas também acabaram surtando e matando uns aos outros. Chato até não poder mais, e totalmente aborrecido, sem ritmo, esse terror minimalista tem muito pouco a oferecer aos fãs de filmes de terror, e a quem quiser assistir a um drama de mistério e que curta produções independentes.O roteiro deixa várias pontas em aberto, e sinceramente, se fosse um curta de 20 minutos, teria sido muito melhor do que esse longa de 1:40 horas e que onde quase nada acontece, a não ser alguns flashbacks mostrando os membros da seita sendo assassinados, mas também, nada demais. O único motivo para se querer assistir a esse filme é por conta da bela fotografia estilizada.