quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Esotérica Manilha


"Esoterika Maynila"", de Elwood Perez (2014)
Drama LGBTQIAP+ filipino, um olhar bizarro, surreal, erótico e fetichista de uma cidade cosmopolita rica em personagens de gêneros distintos. O filme é quase uma versão filipina de "Perdidos na noite", com John Voight e Dustin Hoffman.
Mario (Ronnie Liang) é um jovem que veio da periferia para tentar a vida na capital Manllha. Ele vai trabalhar como cozinheiro, mas seu sonho é ser ilustrador de quadrinhos. Ele acaba conhecendo Donato, um galerista de arte da terceira idade, e seu amante Raul, um rapaz que se apaixona por Mario. O charme e sedução de Mario fazem com que Mona, uma viúva fogosa, e Solita, uma mulher trans, também se apaixonem por ele.
"Esotérica Manilha" é um filme tosco, com péssimo acabamento técnico e atores ruins, mas esse conjunto traz um charme para a produção, um olhar quase documental, todo narrado pelo protagonista, sobre a decadência de uma capital onde sexo, drogas e interesses entram em jogo. Muito homoerotismo em um filme curioso e sórdido.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Rewind


"Rewind", de Sasha Joseph Neulinger (2019)
Contundente e chocante documentário LGBTQIAP+ vencedor de diversos prêmios internacionais, entre eles, de melhor documentário em Tribeca 2020. O filme, escrito e dirigido por Sasha Joseph Neulinger, é uma análise do assédio sexual que ele e sua irmã Bekah passaram quando eram crianças, provocados por familiares, mais precisamente, seus dois tios, Howard e Larry, e o primo Stewart, filho de Larry. O pai de Sasha, Henry, comprou uma câmera VHS quando Sacha era criança e gravou mais de 200 horas de material da família em convívio social, e é justamente o material filmado que proporcionou Sasha a provar o assédio.
O filme é bastante corajoso, com Sacha expondo por inteiro os tios e o primo, com imagens, fotos e áudios. É uma história aterrorizante de pedofilia e estupro. contada de forma visceral e profundamente dolorosa. Um filme obrigatório para se entender a foma silenciosa e discreta com a qual as crianças sofre assédio sem que os próprios pais consigam perceber.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Caixa preta


"Boite noire", de Yann Gozlan (2021)
Excelente filme de suspense do cineasta francês Yann Gozlan, que também escreveu o roteiro. Assumidamente apaixonado pelos cinemas de Hitchcock e Alan J. Pakula, do clássico "Todos os homens do presidente", "Caixa preta" é um filme sobre conspiração e paranóia eletrizante e repleta de adrenalina.
Mathieu Vasseur (Pierre Niney, excelente) é um técnico de segurança que trabalha escutando caixas pretas após acidentes aéreos e tenta entender o porquê dos acidentes. Quando ele é chamado para descobrir o porquê de um acidente aéreo de Dubai para Paris, com 300 mortes, ele começa a suspeitar de que algo está por trás de uma suspeita de terrorismo à bordo.
Yann Gozlan, estreou no cinema com o ótimo filme de terror "Captives" e agora experimenta o suspense elegante bem ao gosto de Hitchcock e Brian de Palma, como "Um tiro no escuro", certamente uma grande influência. A longa duração é o único senão, com seus quase 130 minutos de duração.

Tão boas pessoas


"Such good people", de Stewart Wade (2014)\
Comédia LGBTQIAP+ independente americana, conta a história de um casal gay, Alex e Richard, que trabalham como cuidadores do lar de um casal rico que trabalha em ONG que destina dinheiro para uma instituição budista no Tibete. Alex e Richard descobrem um esconderijo na casa onde encontram estranhos 1 milhão de dólares escondido, e paralelo, descobrem que o casal morreu em um estranho acidente.
Um filme com um roteiro fraco, com interpretações medianas do elenco e ritmo frouxo. As piadas são sem graça, de louvável apenas a boa índole do casal gay, que deseja adotar uma criança e decidem destinar o dinheiro para caridades.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Pelos olhos de um garoto


"Through a boy's eyes", de Venci Kostov , Alexander Lemus Gadea, Claudine Natkin, Valentino R. Sandoli e Damià Serra Cauchetiez (2018)
Cinco histórias filmadas entre Espanha e França, contando as primeiras experiências homossexuais de 5 garotos.
Em "No terraço", um garoto que faz parte de uma gangue ai até o terraço de um prédio para juntos, se masturbarem vendo uma mulher de topless. Mas a sua atenção vai para um outro terraço, onde um homem toma banho nú.
Em "Filho", um pai sente atração pelo seu filho, e sente ciúmes por ele começar a namorar um rapaz. A mãe, homofóbica, procura alertar o marido sobre a homossexualidade do filho.
Em "Dentro", um jovem executivo namora uma garota, mas sempre se imagina na hora da transa, fazendo sexo pervertido com homens. Em "Tomboy", uma menina se veste e age como um rapaz, e isso incomoda os seus colegas. Em "Paradigma", após ter sua 1a relação sexual com um peguete de app, um adolescente fica chateado que ele não entra mais em contato.
As cinco histórias não trazem nenhum olhar excepcional sobre o tema. são defendidas por bons jovens atores, tem sensualidade, mas são flashses que trazem temas como homofobia, a primeira vez, a melancolia, a repressão, e finalmente, a aceitação.

Depois do amor


"After love", de Aleem Khan (2020)
Premiado no Festival de Cannes, o drama inglês "Depois do amor" foi escrito e dirigido por Aleem Khan, cineasta inglês/paquistanês, e conta a história de Mary (Joanna Scanlan) e Genevieve (Nathalie Richard), duas mulheres que moram em lados opostos do Canal de Calais, que separa a Inglaterra da França. Mary é casada com Ahmed, um paquistanês que ela ama e por ele, ela se converteu à religião muçulmana. Mas quando ele morre subitamente, Mary acaba descobrindo que ele tinha uma outra família do lado francês. Mary resolve ir atrás da outra mulher, Genevieve, e se faz passar por doméstica. Ela descobre que ele tinha um filho adolescente com Genevieve. Mary vai conhecendo a história de sue marido através de sua relação com Genevieve e seu filho.
Drama defendido por um excelente elenco, é um drama eficaz e denso sobre duas mulheres com culturas, hábitos e religiões distintas, mas apaixonadas pelo mesmo homem e à cultura dele.

domingo, 26 de setembro de 2021

Impasse


"Cliff walkers", de Zhang Yimou (2021)
Thriller de espionagem dirigido pelo cineasta chinês Zhang Yimou, um dos maiores estetas do cinema contemporâneo, e realizador de obras-primas como "O clã das adagas voadoras", "Lanternas vermelhas", "Tempo de viver", entre outros. O filme se passa em 1930, com o noroeste da China, a região de Manchukuo, invadida pelos japoneses, que instauraram campos de concentração onde faziam experimentos com chineses
Quatro agentes comunistas, chineses treinados na União Soviética, estão em uma missão ultrassecreta para resgatar um prisioneiro de um dos campos. Os dois casais Zhang e Yu e Lan e Chuliang precisam chegar em Harbin, mas se separam para conseguir um despistar o outro e ver qual deles chegará ao destino final.
O filme é, para variar, um grande espetáculo visual, irrepreensível: direção de arte, fotografia, efeitos especiais ( a neve é um delsumbre) e a trilha sonora que parece saída de Ennio Morricoone. O elenco está excelente. o entanto, o roteiro, bastante confuso, com muitas sub-tramas e personagens que se confundem, atrapalham a compreensão da trama.

sábado, 25 de setembro de 2021

Swoon, colapso do desejo


"Swoon", de Tom Kalin (1992)
Drama LGBTQIAP+ que concorreu em diversos Festivais de cinema, entre eles, Sundance e Berlin, de onde saiu com prêmio especial.
O filme e baseado no famoso caso criminal ocorrido em Chicago, 1924: Nathan Freudenthal Leopold, Jr. e Richard Albert Loeb, mais conhecidos como "Leopold e Loeb", foram dois estudantes da Universidade de Chicago que mataram Bobby Franks, de 14 anos de idade, em 1924, e foram sentenciados à prisão perpétua. O casal de amantes, ricos e judeus, assassinaram o menino por acharem serem pessoas superiores. Quando eles são presos, sofrem homofobia por parte das autoridades e mídia da época.
Rodado em preto e branco, 'Swoon" traz uma narrativa que mescla cenas de arquivo em uma linguagem ousada e quase experimental. Os dois atores principais, Daniel Schlachet (Loeb) e Craig Chester (Leopold) estão ótimos.
O filme já foi adaptado duas vezes no cinema, sendo a mais famosa, pelo mestre Alfred Hitchcock em "Festim diabólico". Mas as adaptações ignoravam a homossexualidade dos protagonistas, feito realizado por Tom Kalin em 'Swoon", com lindas cenas de homoerotismo.

Completo estranhos


"Complete strangers", de Pau Masó (2020)
Escrito, dirigido e protagonizado pelo cineasta espanhol Pau Masó, "COmleto estranhos" é um drama de suspense LGBTQIAP+ filmado em Budapeste Hungria.
Paul Masó é Robert, casado com Christian. Quando resolve retornar para sua cidade natal, Budapeste, Robert conhece Hugo, um sedutor e misterioso homem com quem mantém um relacionamento. Mas Hugo é agressivo e a relação se torna tóxica.
O filme, pavoroso do início ao fim, tem péssimas atuações e roteiro sem pé nem cabeça. O desfecho envolve pornografia clandestina e uma trama mirabolante e confusa. O único prazer de se ver a filme são belas belas locações em Budapeste, fora isso, não existe nenhum interesse, até porquê as cenas de sexo são mal filmadas e sem tesão algum.

O advogado


"Advokatas", de Romas Zabarauskas (2020)
Escrito e dirigido por Romas Zabarauskas, "O advogado" é o primeiro filme abertamente LGBTQIAP+ da Lituânia.
Marius é um advgado corporativo na Lituânia. Lidando com o luto pela morte de seu pai, Marius é solitário e passa suas noites em Live cams. Uma noite, ele conhece Ali, u refugiado sírio que mora em Belgrado. Marius se interessa por Ali e resolve se encontrar com ele em Belgrado, mas descobre que Ali deseja fugir para a Europa, mas por conta de documentação, não pode sair de Belgrado. Na dúvida se Ali o ama ou se quer aproveitar pelo fato dele ser advogado, Marius irá ajudá-lo a fugir.
Filme bem dirigido, com ótima fotografia, mas o ritmo bastante lento e a falta de sensualidade nas cenas de sexo tornam o filme sem brilho na dramaturgia.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Um ninho para dois


"The starling", de Theodore Melf (2021)
Drama portagonzado por Melissa Mccarthy, Chris O'dowd e Kevin Kline, tem como pano de fundo o luto e como lidar com a profunda depressão após a morte de um filho.
Melissa é Lilly, funcionário de um supermercado que luta contra a depressão: sua filha morreu e o marido, Jack (O'downd) se internou em uma clínica psiquiátrica por não saber lidar com a tristeza. Quando um pássaro faz um ninho em frente à sua casa, Lilly se irrita e vai procurar o veterinário Dr Jack (Kline). Aos poucos, Lilly entende que a história do pássaro que faz o ninho é um símbolo de luta e ela se inspira.
O grande problema do filme é querre inserir momentos de humor dentro de uma história densa, mesmo que protagonizada por Melissa Mccarthy, aqui em registro dramático. O tema da morte de um filho e como seguir adiante já foi feito bem melhor como em "Reencontrando a felicidade", com Nicole Kidman e Aaron Eckhart. O filme busca a todo o momento buscar a comoção do espectador, seja com uma trilha melosa, ou com diálogos novelescos.
Kevin Kline tem um papel mal aproveitado, e o CGI do pássaro é nitidamente de pós-produção.

Driver


"Khonkubrod", de Thitipan Raksasat (2017)
Thriller de suspense erótico LGBTQIAP+ tailandês, "Driver" traz um elenco de lindos atores em uma trama que envolve um perigoso triângulo amoroso.
Mac é um jovem chofer que trabalha para o casal Tae e Sae. Quando Mac leva seu patrão para embarcar, ele é dado como desaparecido. A esposa Sade pede para que Mac a ajude e encontrar o marido, e acabam descobrindo que Tae frequenta saunas gays e esconde a sua vida sexual de sua esposa.
O filme traz cenas intensas de homoerotismo chic e sofisticado, um prato cheio para voyeurs. A trama traz reviravoltas curiosas, um drama que é um bom passatempo para quem busca filmes sensuais com uma trama de vingança.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

The card counter


"The card counter", de Paul Schrader (2021)
Após o elogiado "First reformed", o roteirista e cineasta Paul Schrader retorna com o drama "The card counter", que concorreu no Festival de Veneza 2021 ao prêmio principal.
O filme retoma a parceria vitoriosa de Martin Scorsese e
Paul Schrader, cineasta e roteirista da obra-prima "Taxi driver". Scorsese produz, e Schrader escreve e dirige.
O filme apresenta WillannTell (Oscar Isaac), um jogador de cartas em cassinos que possui um passado traumático: ele foi u soldado americano que cumpriu missão de guerra e torturou presos, sob aordem de Gordo (Willian Dafoe). TEntando apagar o trauma, Willian vive em turnê para manter sua mente ocupada nos jogo. Um jovem jogador, Cirk (Tye Sheridan) o procura querendo que o ajude a matar Gordo, responsável pelo suicídio de seu pai, que também serviu na mesma missão de Willian e culpado, se matou.
O filme traz os elementos de culpa que Schrader já havia trazido em "Taxi driver" e "First reformed". Isaac está excelente, mas achei o filme arrastado e muito verborrágico, e acabou e cansando. Li que a inspiração veio do cinema de Robert Bresson, mas não me seduziu. Achei chato.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Zygfryd


"Zygfryd", de Andrzej Domalik *1986(
Co-escrito e dirigido pelo polonês Andrzej Domalik, Zygfryd" recebeu vários prêmios internacionais. O filme é um drama LGBTQIAP+ que lembra bastante "morte em Veneza", de Visconti, mas ambientado em 1936 no universo do circo.
Zygfryd é um jovem órfão que trabalha como malabarista em um circo. Ele é amante da mulher do dono do circo. Um dia, um homem idoso, patrono das artes, vai até o circo e fica encantado com a beleza de Zygfryd, e desejao-o ardentemente.
Um filme com narrativa estranha, que lembra uma mistura de Emir Kusturika com Jos Sterlling. é uma produção para cinéfilos e de difícil assimilação para espectadores médios. O filme tem nudez explícita e a beleza do jovem ator Tomasz Hudziec é certamente um grande apelo homoerótico.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Alive and kicking


"Alive and kicking", de Nancy Meckler (1996)
Premiado em diversos festivais, 'Alive and kicking" é um drama LGBTQIAP+ inglês, sobre um dançarino de uma cia de dança, Tonio (jason Flemyng) que se descobre portador de HIV. Ao descobrir a morte de outro dançarino soropositivo, ele conhece o terapeuta para HIV positivos Jack (Anthony Sher), um soronegativo por quem se apaixona. Os dois mantém uma relação, enquanto Tonio lida com o espectro da morte.
O filme foi lançado em 1996, período em que as drogas experimentais e coquetéis começaram a ser distribuídos, dando uma expectativa para os soropositivos, apesar de que no filme, essa possibilidade ainda é bem remota. Mesmo assim, o filme procura manter um alto astral e humor, para evitar de cair num ar de tragédia pelo tema já pesado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Os tempos foram melhores


"Le ciel sur la tete", de Régis Musset (2006)
Com roteiro escrito por Nicolas Mercier, "Os tempos foram melhores" é uma divertida comédia dramática LGBTQIAP+ francesa, defendida por 4 ótimos atores que fazem parte de uma família feliz.
Guy (Bernard de Coq) e Rosine (Charlotte de Turckheim) foram um casal simpático e sempre disposto a ajudar os outros e os filhos, Jeremy (Arnaud Binard), um banqueiro de 30 anos que mora em outra cidade, e Robin (Olivier Gueritée), o filho adolescente que ainda mora com os pais. Robin sabe que JEremy é gay, e que ele está vindo para o almoço de comingo para revelar aos pais que é gay e que mora com seu namorado, um homem mais velho. Os pais não recebem bem a notícia: o pai o evita, e a mãe faz um curso para entender melhor a homossexualidade. , envergonhado,
O filme poderia ser perfeitamente uma peça de teatro, com ótimos diálogos e situações. Mostrar os pais liberais que de repente se mostram diferentes do que são é uma boa pedida para ajustes de contas e tolerância no final.

Te levo comigo


Te llevo comigo"", de Heidi Ewing (2020)
Vencedor do prêmio do público no Festival de Sundance 20202, "Te levo comigo" é um drama LGBTQIAP+ baseado em uma história real. Os próprios personagens reais, Ivan e Gerardo, interpretam a si mesmos nos dias de hoje, nesse filme que mescla ficção e documentário.
Na parte ficcional, acompanhamos as histórias de Ivan e Gerardo em duas épocas: quando crianças, e quando já jovens adultos. Ivan tem um filho, mas não se assume e seu sonho é ir até os Estados Unidos trabalhar como chef de cozinha. Gerardo é assumido e quer ir com ele até NY. Mas Ivan tem um filho, que acaba deixando com os seus pais. Na parte documental, acompanhamos a luta da dupla para trazer o filho de Ivan, agora com 20 anos, para morar com eles. Mas por terem entrado ilegal, a constituição não permite que ele entre, e se eles forem pro México, não voltam mais pros Estados Unidos.
Um filme que fala sobre homofobia e imigração ilegal defendida com garra pelos bons atores. A cineasta Heidi Ewing é amiga pessoal de Ivan e Gerardo, e realizou um filme bonito e sensível.

Não é o homossexual que é perverso, mas a sociedade em que ele vive


"Nicht der Homosexuelle ist pervers, sondern die Situation, in der er lebt", de Rosa Von Praunheim (1971)
Clássico documentário do cinema Queer alemão, dirigido pelo papo do cinema Lgbt underground Rosa Von Praunheim.
O filme é polêmico até os dias de hoje, pela defesa de que o homossexual não deve levar uma vida burguesa, de casamento e vida em comum feliz. Através do personagem de DAniel, um jovem que vem de uma cidade do interior para Berlin de 1970, o filme apresenta o desabrochar de um gay tímido e indefeso para alguém que descobre outras facetas do universo gay: os leathers, os SM, os michês, os idosos que sustentam os mais jovens, os flamboyants, os amantes de orgias.
O filme é um importante documento histórico que apresenta as várias tribos do universo lgbt, de forma realista, sem estereótipos. Totalmente narrado em off, com teses sobre a vida do homossexual, e de que forma ele deveria fazer da causa gay um manifesto a favor da libertação sexual e de costumes, sem se fixar em preceitos e padrões. O mais perturbador é a defesa de que os gays aos 30 anos já se sentem velhos, e a partir dessa idade, só conseguem fazer sexo se pagaram por garotos mais jovens. É um filme que endeusa a juventude e os corpos, e detona os mais velhos. Ainda bem que hoje muita coisa mudou, mas o filme não deixa de ser um importante alerta sobre como a comunidade deve se impôr diante da sociedade conservadora e até mesmo entre os próprios gays, muitos dele,s homofóbicos.

domingo, 19 de setembro de 2021

Querido Evan Hansen


"Dear Evan Hansen", de Stephen Chbosky (2021)
Adaptação cinematográfico do musical de grande sucesso da Broadway, que ganhou no 71º Tony Awards seis prêmios , incluindo Melhor Ator em Papel Principal em Musical para Ben Platt , Melhor Atriz em Musical por Rachel Bay Jones , Melhor Musical e Melhor Trilha Sonora.
Stephen Chbosky dirigiu os excelentes "As vantagens de ser invisível" e "Extraordinário", e junto de "Querido Evan Hansen", poderia se chamar de trilogia do marginal, do protagonista que se sente à margem da sociedade
Evan Hansen (Ben Platt) é um adolescente de 17 anos com transtorno de ansiedade e depressão. Ele mora com sua mãe,
Heidi (Juliane Moore), uma enfermeira que luta a duras penas para pagar a escola do filho. Ao visitar seu terapeuta, que lhe recomenda escrever uma carta endereçada a si mesmo, Evan acaba conhecendo Connor, irmão de Zoe, a garota por quem Evan é apaixonado. Connor pega carta de Evan e dias depois, fica sabendo que Connor se suicidou com sua carta na mão. Evan conhece os pais de Connor, os ricos Cynthia (Amy Adams) e Larry. Eles acreditam que Evan era o melhor amigo de Connor e o tratam como se fosse um novo filho.
Com canções escritas pelos compositores de "La La Land", Benj Pasek e Justin Paul, "Querido Evan Hansen" tem belas canções, mas de uma forma geral não empolga. É um filme de ritmo arrastado, e o que tem de melhor é o seu elenco de veteranos. Mas talvez o maior problema do filme seja o seu elenco jovem, todos com idade muito superior ao que seria os personagens. O mais críticos é Ben Platt, protagonista do musical na Broadway, mas o personagem tem 17 anos, e Ben, 27!!!! Não tem caracterização que d6e credibilidade ao personagem.

Partida


"Departure", de Eddie Chen (2020)
Drama romântico LGBTQIAP+ de Taiwan, "Partida"é um melancólico olhar sobre um relacionamento que não tem mais volta.
Em um bar japonês em Taipei, Tien encontra com seu ex-namorado, o músico Fan. Faz vai seguir em uma turnê e precisa do passaporte para poder viajar, que estava em posse de Tien Ambos coloca a vida em dia, mas ao contarem sobre os relacionamentos atuais, eles entendem que ainda se amam, mas que a vida deve seguir seu rumo natural.
Lindamente filmado pelo diretor Eddie Chen, é um filme de atores, de atmosfera, olhares, tristeza pela conexão que não tem mais como seguir adiante. O filme aposta no lúdico: na linda cena do beijo, tudo no entorno se apaga, como em um musical.

O baile das loucas


"Le ball des folles", de Mélanie Laurent (2021)
Comovente drama histórico dirigido pela atriz e cineasta Melanie Laurent e que traz os temas da sociedade patriarcal que sufoca as mulheres, o espiritismo tratado como bruxaria e a dicotomia ciência X razão.
Em 1885, em Paris, mora Eugénie Cléry (Lou de Laâge), uma jovem independente e dona de si. Ela está no velório de Victor Hugo. Ao chegar em casa, ela esconde de sua família aonde estava. Só quem lhe dá razão é seu irmão Theophile. Ela confidencia para ele que ela vê pessoas mortas e se comunica com eles. Quando seu pai descobre, a manda diretamente para o sanatório Salpêtrière. Ali, dezenas de outras mulheres foram internadas à força pelas suas famílias. A enfermeira chefe
Genevieve (Laurent) trata a todas com mão de ferro, mas quando descobre a mediunidade de Eugene, ela acaba se comunicando com sua irmã falecida.
"O baile das loucas"e a primeira produção original da França.
Baseado no romance homônimo de Victoria, o filme lida com temas contundentes, como as mulheres sofriam misoginia por parte da sociedade. É um filme forte, com ótimas performances. Mas tem um ritmo lento, e uma longa duração. A parte técnica é excelente: fotografia, direção de arte, figurinos. O desfecho é bastante comovente.

sábado, 18 de setembro de 2021

Dentro da caixinha- Segredo de criança


"Dentro da caixinha- Segredo de criança", de Guilherme Reis (2016)
Um filme infantil brasileiro,que se baseia nas cantigas de roda para trazer uma bela mensagem às crianças a adultos. Assim é "Segredo de caixinha", co-escrito e dirigido pelo mineiro Guilherme Reis, e que me fez lembrar bastante do clássico infantil de Minas Gerais de Helvécio Ratton, 'A dança dos bonecos".
Três irmãos fazem sucesso na escola com as caixinhas de madeira que pertecem à avó deles. Quando as pessoas estão dispostas a brincar, faz com que a caixinha se torne mágica, e logo, todos entram nela para cantar cantigas de roda. O pai dos irmãos já perdeu a criança que habita dentro dele e cético, não consegue enxergar a brincadeira. Paralelo, o pai de uma das alunas trabalha em uma fábrica de brinquedos e ao descobrir a existência das caixinhas resolve roubar a patente.
Uma graça, que encanta em sua simplicidade, com uma história singela mas que certamente atinge a criançada. o filme é um antídoto aos games e redes sociais que tomaram de assalto a criançada que não sabe mais cantar cantigas de roda e nem socializar com colegas. Mesmo com baixo orçamento, o filme tem uma boa produção, que prima pela qualidade técnica. Deveria ser obrigatório passar nas escolas.Curtir


Irmã


"Irmã", de Vinícius Lopes e Luciana Mazeto (2020)
Concorrendo em Berlin e na Mostra de Tiradentes, o drama de realismo fantástico escrito e dirigido pela dupla Vinícius Lopes e Luciana Mazeto possui uma narrativa bastante ousada. A história, sob um foco feminino, apresenta duas irmãs, a adolescente Ana (Maria Galant) e Júlia (Anaís Grala Wegner), a mais nova. Com a mãe eme stado terminal, ambas pegam um ônibus e decidem seguir até o interior de Porto Alegre em busca do pai ((Felipe Kannenberg).divorciado e morando com outra mulher. Ao chegarem lá, se vêem confrontadas com uma cidade conservadora e machista.
O filme mistura musical, realismo fantástico ( um asteróide está chegando na terra e vai acabar cosm tudo, fazendo referência a "Melancolia", de Lars Von Triers). projeções e tantas outros recursos estilísticos que tornam o filme uma experiência quase experimental sobre a alma feminina massacrada por um mundo machista. Confesso que preferia assistir um filme sem as interferências de fantasia, pois a parte ficcional é muito boa, defendido pelas ótimas atrizes e Kannemberg.

Knives and skin


"Knives and skin", de Jennifer Reeder (2019)
Vencedor de diversos prêmios internacionais e concorrendo no Festival de Berlin, "Knives and skin" lembra o universo da cineasta brasileira Anita da SIlveira, recorrendo ao universo surreal e onírico de David Lynch, embalados por uma trama envolvendo morte e mistério. Escrito e dirigido pela cineasta Jennifer Reeder e tendo mulheres como protagonistas, o filme discute como pano de fundo o machismo, o relacionamento tóxico, o estupro e assédio sexual.
Carolyn é uma adolescente da cidade de Illinois, Chicago. Ela é integrante da torcida cheeleader da high school da cidade, e numa noite, ela sai para namorar com Andy um jogador que deseja fazer sexo com ela. Diante da negativa, ele se irrita e vai embora, abandonado-a sozinha num lugar distante. Carolyn se acidente e sem seus óculos, não enxerga nada. Na cidade, no dia seguinte, sua mãe, a professora de canto da escola Lisa se preocupa com o sue sumiço e com o tempo, vai perdendo a razão. Três garotas que estudam na mesma escola, Laurel, Charlotte e Joanna indiretamente estão relacionadas à vida de Carolyn.
Com referências óbvias a "Twin Peaks" e o sumiço de Laura Palmer, "Knives and skin" tem uma premissa interessante e uma fotografia que enaltece a atmosfera de poesia e mistério. "Magólia", de Paul Thomas Anderson também é outra referência, principalmente nos momentos musicais do filme, como "Promises, promises", em um painel mosaico. "Blue monday" e "Girls just want to have fun" também são outras músicas cantadas.
A longa duração do filme, quase duas horas, faz com que o filme se torne mais longo do que é.

Todos estão falando sobre Jamie


"Everybody is talking about Jamie", de Jonathan Butterell. (2021)
Excelente adaptação do musical de sucesso em Londres "Everybody's talking about Jamie", baseada em história real da Drag Fifi la True e o amor de sua mãe Margareth pela dignidade de seu filho Jamie Campbell, um amor de mãe e filho incondicional.
Em Sheffield, Inglaterra, moram Jamie (Max Harwood), estudante de 16 anos, e sua mãe Margareth (Sarah Lancashire). Na escola, a professora conservadora Miss Hedge pergunta à turma o que querem ser profissionalmente, e para surpresa de todos, Jamie diz que quer ser uma Drag de sucesso. A melhor amiga de Jamie, a muçulmana Pritti (Lauren Pattel) dá força para que Jamie atinja seu sonho. Jamie vai procurar uma loja especializada em figurino drag que pertence à Hugo (Richard E. Grant), uma ex-drag. Jamie deseja ir ao baile da escola vestido de drag, mas a professora proíbe.
Um filme repleto de humor, romance drama, musical e músicas incríveis, super pops e ótimas coreografias. ""Todos estão falando sobre Jamie" é um grande acerto, um filme alto astral, bonito, com um elenco que traz o melhor dos atores ingleses, incluindo a participação de Ralph Ineson, como o pai homofóbico de Jamie.

Álbum em família


'Álbum em família", de Daniel Belmonte (2021)
O ator, diretor e roteirista Daniel Belmonte repete em seu segundo longa, "Álbum em família", a metalinguagem que ele ja havia trazido em "B.O", onde brincava com o universo do cinema de baixo orçamento e as suas possibilidades de realização em uma produção sem dinheiro.
Agora, com 'Álbum em família", o empecilho de realização já não vem apenas da questão financeira, mas principalmente, do advento da pandemia do Covid-19, que inviabilizou a produção cinematográfica no seu período mais pandêmico, que foi o ano de 2020.
Num País onde a Cultura ja e encontrava combalida antes mesmo da pandemia, fazer Arte é algo que exige muita persistência e um caráter do artista de seu auto-empreendedor. Daniel Belmonte, um jovem carioca apaixonado pelo ofício, juntou um time de produtores amigos, Clélia Bessa e Marcos Pieri, e também atores próximos para que pudessem fazer um filme possível, realizado todo num contexto de plataformas como Zoom, celulares, zap etc, sem que ninguém saísse de casa e tendo os próprios familiares de cada artista fazendo papel como personagem ou equipe técnica.
O enorme e talentoso elenco tem Otávio Muller, George Sauma, Valentina Herszage, Ravel Andrade, Cris Larin, Eduardo Speroni, Kelson Succi e Dhara Lopes e as participações especiais de Renata Sorrah, Lázaro Ramos e Tonico Pereira. O roteiro brinca com a quebra da quarta parede para trazer o próprio Daniel Belmonte como idealizador de uma releitura de "Álbum de família", de Nelson Rodrigues, com cada ator interpretando uma personagem em sua casa. Isso levanta todo um tipo de discussão entre os artistas: a misoginia e racismo na obra de Nelson, a sua relevância ou não nos dias de hoje, o quanto se pode interferir na obra de um autor, a insatisfação do ator diante das interferências artísticas do diretor, e por aí vai, são todas as bolas levantadas quando se produz um projeto.
O filme quebrou uma grande barreira ao ser selecionado para concorrer no Festival de Gramado 2021. Ter uma comédia na competição oficial foi uma grande ousadia e ao mesmo tempo, uma ótima política da curadoria de entender que os filmes de festivais precisam ser ecléticos e atingir todos os perfis de platéia, dialogando com todo. "Álbum em família" é um registro de uma época, daqui a um tempo já se tornará datado, mas será um documento histórico de um momento onde fazer Cinema será sempre um ato de resistência, e sempre haverá uma forma de realizar.

Loop


"Loop", de Bruno Bini (2020)
Vencedor de diversos prêmios internacionais, "Loop" é um raro exemplar de filme brasileiro focado nos gêneros da fantasia e ficção científica.
Bruno Gagliasso interpreta Daniel, um cientista apaixonado por física e obcecado pela possibilidade de poder viagem no tempo.
Quando ele conhece Maria Luiza (Bia Arantes), se apaixona perdidamente, e moram juntos. Mas Maria é encontrada assassinada e a polícia acredita ser obra de um serial killer. Daniel conta com a ajuda de sua irmã Simone (Branca Messina) para voltar ao empo e evitar a morte de sua amada.
O filme, apesar de escorregões na trama, é divertido e mantém o interesse o tempo todo, até um plot twist duvidoso no seu final. Bruno Gagliasso está excelente, mostrando ser bastante versátil em suas escolhas profissionais. O filme conta também com o talento de ZéCarlos Machado e Roberto Birindelli, e merece ser visto pela sua ousadia em abraçar um gênero tão raro.

Mate ou morra


"Boss level", de Joe Carnahan(2020)
Produzido e estrelado por Frank Grillo, "Mate ou morra" traz novamente o tema do time loop, aquele recurso narrativo surgido em "Feitiço do tempo"e desde então repetido ad nauseum por dezenas de filmes.
Grillo é Roy, um policial de operações especiais que se vê envolvido em um time loop onde ele já acordou 140 vezes e sempre morre às 12:47, assassinado. Ele acaba descobrindo que sua esposa Jemma (Naomi Watts) , uma cientista, criou uma espécie de fuso no tempo, a mando do chefe dela, o ex-agente da Cia Vetor (Mel Gibson) e que acabou sendo morta por ele. Roy tentará achar uma forma de salvar Jemma, seu filho Joe, que ele não conhece e ao mundo, que está em perigo.
Uma mistura divertida de Filme B, ficção científica, humor, ação, policial e filmes de artes marciais, "Mate ou morra" não traz novidades num gênero e idéias tão mega batidos, mas vale pelo elenco, acrescido de Michelle Yeoh, e de um humor raro no tipo de produção.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Cry Macho


"Cry Macho", de Clint Eastwood (2021)
Adaptação do romance escrito por N. Richard Nash em 1975, "Cry Macho" traz Clint Eastwood na direção e como protagonista, aos 91 anos, no papel de Mike Milo. Ex-campeão de rodeios, Mike agora vive de seu passado. Sem trabalho, ele aceita uma missão de seu ex-patrão Howard: buscar seu filho Rafa (Eduardo Minett), de 14 anos, que mora com a mãe no México. Mike viaja de carro e descobre que a mãe do menino não vai largar mão dele e o ameaça caso algo aconteça ao menino. Mike conhece rafa, um garoto solitário que passa seu tempo jogando em rinha de galos com o seu galo que ele chama de "Macho". Quando Mike diz a Rafa que o pai dele quer vê-lo, ele rechaça a idéia, pelo fato do pai tê-lo abandonado. Mas quando Mike vai embora, descobre que Rafa está ali escondido e quer ir embora com ele. A m!ae do rapaz coloca capangas para irem atrás dos dois.
Mistura de drama e ação , "Cry Macho" é um "Gran torino" em formato road movie. O filme não traz novidades à filmografia de Clint, a não ser o esvaziamento da figura do machão que Clint sempre interpretou,e que aqui, encontra espaço para ternuras e romances com mexicanas. Um filme acima da média, mas ainda assim, sem novidades para quem assiste a filmes de Clint.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Nem Julieta nem Romeu


"Ne Giuletta ne Romeot", de Veronica Pivetti (2015)
Longa de estréia da atriz italiana Veronica Pivetti, que aposta em uma comédia dramática LGBTQIAP+ sobre um adolescente de 16 anos, Rocco (Andrea Amato) que é forçado a falar com seus pais sobre a sua homossexualidade após um incidente na escola. Seus pais, divorciados, não recebem bem a notícia de que Rocco é gay. Ele resolve fugir de casa com seus dois melhores amigos, Maria (Carolina Pavone) e Mauri (Francesco De Miranda) para que possam ver seu cantor favorito, que recentemente saiu do armário em uma turnê em uma cidade próxima. A mãe de Rocco, Olga ( a cineasta Veronica Pivetti) persegue seu filho com sua mãe conservadora Amanda (Pia Engleberth).
O filme é simpático, mas tem um roteiro com altos e baixos, apostando no drama e na comédia romântica adolescente. A trama traz o tema da aceitação entre gerações, mas faltou um ritmo mais dinâmico à história. O melhor são as lindas locações, alternando o classicismo e o moderno na Italia.

Salmonberries, um amor diferente


"Salmonberries", de Percy Adlon (1991)
Quatro anos depois do sucesso avassalador de "Bagda Café", que inclusive foi indicado ao Oscar, o cineasta alemão Percy Adlon lança um drama LGBTQIAP+ intimista, filmado na imensidão do Alaska e na frieza de Berlin. O filme ficou famoso por marcar a estréia como atriz da cantora K D Lang, no papel de Kotzebue, uma figura andrógina que trabalha em uma estação petrolífera no Alaska. Confundida com um homem, na verdade é uma mulher que voltou à região em busca de suas origens e sua família. Kotzebue conhece Roswitha (Rosel Zech), uma alemã mais velha, que fugiu de Berlin oriental, mas teve o marido morto na fuga. Decidida a fugir o mais longe possível da Alemanha, ela foi parar no Alaska. Kotzbue sente uma atração por Roswitha, que está afogada no luto.
Como outros filmes de Percy Adlon, toda a narrativa é estranha, com silêncios. Adlon sempre trabalha em seus filmes com personagens que vivem mundos opostos, mas que se sentem atraídos por algo que é maior que amor e amizade. Um belo filme, que foi bastante criticado na época pela falta de intimidade de K D Lang com a atuação, mas que hoje em dia, com o naturalismo, sôa bastante orgânica na sua personagem bastante complexa.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Meu filho


"My son", de Christian Carion (2021)
Refilmagem do filme homônimo do mesmo roteirista e cineasta, o francês Christian Carion, "Meu filho" é um filme de suspense e ação protagonizado pelos astros ingleses James McAvoy e Claire Foy. No original francês, de 2017, foram os astros franceses Guillaume Canet e Melanie Laurent
McAvoy é Edmund, um homem que trabalha numa empresa de petróleo com conexão com o golfo pérsico. Ele recebe uma ligação de sua ex-esposa, Joan (Foy), de que o filho de 7 anos foi sequestrado. A polícia acredita que terroristas do golfo tenham sequestrado o filho do casal, mas Edmund não acredita nessa associação e decide por conta própria ir atrás do paradeiro do filho.
Tão bom quanto o filme original, muito por conta da excelência do trabalho do elenco e da direção que favorece as cenas de drama e ação, o filme vai um crescendo de suspense. No entanto, aonde o filme ficará memorável, será no processo de preparação de elenco de McAvoy: ele não assistiu ao filme original nem leu o roteiro. O filme foi rodado em tempo real e somente McAVoy não sabia suas falas e o desfecho da trama, para que ele pudesse dar veracidade ao drama do pai. Uma linda oportunidade de trabalho para um ator.

Ilhados


"Ilhados", de Victor Soares (2021)
Para provar que sou cinéfilo e assisto de tudo, assisti a "Ilhados", filme brasileiro com seis influencers reais interpretando influencers reais.
Ingrid Ohara (Lua), Pietro Guedes (Bernardo), Gabriel Peixinho (Lucas), Vivi Wanderley (Caetana), Gregory Kessey (Gustavo) e Luiza Parente (Olivia) estão com burn out, com medo de cancelamento, pressão, etc etc etc. Decidem passar o final de semana em uma ilha de Angra dos Reis, sozinhos. Só que uma forte tempestade faz o barco ficar à deriva, sme sinal de celular. Logo, o medo, a ansiedade, a falta de comida, as rusgas, o assédio, as tretas afloram entre eles.
Bom, o único comentário que farei no momento é que eu queria muito que viesse um serial killer, ou tubarões voadores assassinos, ou que a ilha rachasse, ou qualquer coisa que provocasse um mar de gore que não teve.

O garoto das baleias


"Kitoboy", de Philipp Yuryev (2020)
Premiado em diversos festivais internacionais, incluindo um prêmio especial no Festival de Veneza, "O garoto das baleias" é um drama antropológico sobre um jovem caçador de baleias, morador da ilha russa de Chukotka e o seu relacionamento com outros caçadores em um vilarejo remoo. Quando chega a internet, os homens acessam um site de web cam com garotas, e Leshka (Vladimir Onokhov) se apaixona por uma das garotas. A obsessão se torna tão grande que ele foge em um barco para atravessar o oceano e chegar ao Alaska e dali seguir até Detroit.
Lindamente filmado e fotografado, o filme é composto por não atores, dando realismo à vida dos caçadores, em cenas documentais cruéis de caça às baleias. Fiquei pensando que seria uma versão de "Nanook, o esquimó"nos dias de hoje coma chegada da internet. Um filme curioso e belo.

Juntos


"Together", de Stephen Daldry (2021)
Incrível como esse filme inglês escrito por Dennis Kelly e dirigido por Stephen Daldry ( "As horas", "Billly Elliot") é exatamente igual à peça teatral escrita por Clarice Niskier e encenada com a mesma e Isio Ghelman.
O filme acompanha a relação de amor e ódio de um casal em crise, pais de um filho, que são obrigados a conviver juntos quando irrompe o lockdown em Londres. Os meses se passam, o ambiente se torna ora insuportável, ora de reconciliação, e claro, muita lavação de roupa suja.
PAra segurar o interesse de um filme totalmente filmado em um apartamento e com 3 atores, o filme contou com o talento de James Macvoy e Sharon Horgan, que estão sensacionais, variando em todas as camadas de emoção.
No entanto, dois pontos fazem com a experiência seja extremamente cansativa: a própria estrutura de dois atores e um único cenário, com uma verborragia extensa; e a pior escolha de linguagem, o casal compartilha com o espectador as suas histórias, quebrando o tempo todo a quarta parede, uma idéia que não funciona, certamente queriam dar idéia de confinamento e uso de zoom, mas isos nunca é explorado corretamente.

Prisioneiros da terra de fantasmas


"Prisoners of the ghostland", de Sion Sono (2021)
Dois dos maiores ícones de continentes opostos se encontram pela 1 vez em um filme bizarro, insano, surreal e coberto de banho de sangue. Nicholas Cage dispensa apresentações, e após o grande sucesso de crítica de "Pig", ele retorna no ambiente que o celebrizou como Rei dos filmes B. Sion Sono é um cineasta japonês responsável por grandes clássicos do cinema underground do Japão, um cinema sem freios. É dele os clássicos "Suicide club", "Love exposure" e "O jantar de Noriko".
Em um futuro apocalíptico, numa mistura de faroeste e filmes de samurai, existe um mundo comandado pelo Governador: gueixas, cowboys, samurais, todos moram ali. Cage é Herói, um homem preso por um assalto ao banco, onde o comparsa dele matou todo mundo e por isso, Herói ficou preso. O Governador decide obrigar Heróis a entrar numa cidade no deserto chamada Ghostland e resgatar sua neta, Bernice (Sophia Boutella), que foi sequestrada e levada para lá. Para garantir que Herói não fuja, são amarradas bombas em seu corpo, e qualquer tentativa de fuga ou de assédio com Bernice a bomba explodir/a.
Nãoo tem nem como explicar o filme e a grande bagunça que é: num carnaval de estilo e gêneros, sobra espaço para zumbis, mulheres presas dentro de manequins e espadas de samurais doidas para decepar umas cabeças. Para assistir ao filme tem que ligar o botão do foda-se e seguir viagem. O filme não é ruim, mas também não é bom, é apenas insano e curioso. Poderia ter se tornado um cult como "Mandy", mas faltaram elementos para isso.