quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Primeiro aniversário

"Dol (First birthday", de Andrew Ahn (2011) Curta dirigido pelo cineasta Coreano-americano Andrew Ahn, Vencedor de vários prêmios internacionais em Festivais Lgbts. Andrew fez do filme a sua saída de armário. Sua família, tradicional, não sabia que ele era gay, e ele tinha receio de contar para eles. Andrew resolver contar os seus anseios, através do reencontro com a família por ocasião do primeiro aniversario de seu sobrinho. Nick, um americano de descendência coreana, mora com seu namorado, Brian. Nick vai para a festa de comemoração de seu sobrinho e resolve não levar Brian. Durante a festa, Nick age de forma discreta, sem chamar a atenção de seus parentes por conta de sua sexualidade. Rodado de forma minimalista, e se apropriando do naturalismo das interpretações, Andrew Anh revelou ter se baseado na filmografia dos irmãos Dardenne e do chines Edward Yang para narrar o dia a dia simples e sem grandes eventos na vida de pessoas comuns. Um belo filme, com bonita fotografia e boas performances. https://vimeo.com/34502663

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

We keep on dancing

"We keep on dancing", de Jessica Barclay Lawton (2013) Excelente curta australiano, premiado em vários Festivais. Com muito humor e uma boa dose de drama, o filme narra a história de um senhor que leva seu fusca para consertar em uma oficina mecânica. Chegando lá, os 2 mecânicos dizem ser impossível consertar o carro. O senhor diz que ele precisa ir até cemitério, para levar flores para sua falecida esposa, e então, resolve contar a história do amor entre os dois. Com bela atuação dos 3 atores, e diálogos inspirados de Rhys Mitchell ( com direito a um brilhante monologo), "We keep on dancing" emociona pela leveza e simplicidade ao querer contar uma historia sobre amizades e amores perdidos no tempo e na memória. https://vimeo.com/171343268

Dalida

"Dalida", de Lisa Azuelos (2016) Cinebiografia de uma das grandes cantoras do romantismo e do Pop na Europa dos anos 50 a 1987, ano em que Dalida se suicidou. Nascida no Cairo, Dalida aprendeu a falar fluentemente em 10 línguas, e cantando em todas elas. Em sua trágica vida pessoal, ela se relacionou com vários homens, sendo que 3 deles se suicidaram, incluindo o cantor italiano Luigi Tenco, que se matou em um quarto de Hotel após ter sua música rejeitada pelo juri do Festival de San Remo em 1967. Dalida também ficou impossibilitada de ter filhos, após um aborto mal sucedido que destruiu seu ovário. Quando criança, seu pai, um músico, foi preso acusado de ter sido colaborador do nazismo. O filme apresenta todas essas histórias, além de sua relação com seu irmão Orlando ( o astro italiano Riccardo Scamarcio), que se tornou seu fiel empresário. Musicalmente, Dalida cantou clássicos do romantismo, e logo depois, grandes pérolas do pop e da Disco ( "J' attendrai" é considerada a primeira música disco na Franca). Sua versão de "Bang Bang" foi um imenso sucesso. Dalida fez muito sucesso também nos Estados Unidos e no Japão. Quando se matou, Dalida deixou 3 recados: um para seu namorado, um para seu irmão e outro para o público. Como Cinema, o filme é correto, burocrático, e será melhor assimilado para quem é seu fã. Os melhores momentos são as reproduções musicais de suas canções, muito bem filmados, com direito ao glamour e a cafonice da época. Sveva Alviti está deslumbrante como Dalida: Altiva, dando nuances da personalidade conflitante da Diva. Glamurosa, linda, carismática. Uma bela performance.

domingo, 28 de janeiro de 2018

Bjorg Vs MacEnroe

"Bjorg Vs MacEnroe", de Januz Metz (2017) Para quem perdeu esse filme, como eu, nos Cinemas, um aviso: ele é muito bom. Muito bem dirigido, com excelente trabalho do elenco ( Sverrir Gudnason como Bjorg, Shia Labeouff como MacEnroe e o brilhante Stellan Skasgard como o treinador de Bjorg), o filme tecnicamente é impecável: Edição, fotografia, figurino e direção de arte. O filme narra a histórica partida entre Bjorn Borg, sueco, e John MacEnroe, americano, na final de Wimbledon, em 1980. A partida foi apelidada de "Ice Vs Fire": Bjorn era centrado, introspectivo, racional, e MacEnroe era o oposto: explosivo e impulsivo. O filme apresenta a infância e adolescência de ambos e a disciplina a que eles tinham que se submeter para chegarem aonde chegaram. O desfecho do filme é bastante emocionante, principalmente quando nos créditos aparecem as fotos reais de ambos, que acabaram se tornando melhores amigos.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Eu me lembro de você

"Ég man þig", de Óskar Thór Axelsson (2017) Instigante filme de suspense e terror Islandês, com toques de drama. 2 histórias são apresentadas separadamente, mas convergem para um desfecho onde os personagens se cruzam. Um psiquiatra, Freyr, é chamado para atender o caso de uma idosa que se suicidou. Ele logo descobre que ela na infância fazia parte de um grupo de crianças que praticavam bullying em um garoto, que acabou desaparecendo sem vestígios. Freyr, por sua vez, é pai de um menino que também desapareceu há um tempo. Paralelo, temos a história de um grupo de 3 amigos, 1 casal e a amiga deles, que compram uma casa abandonada isolada da civilização e que desejam construir ali uma pequena pousada. Mas estranhos fatos acontecem, e eles acreditam que a casa é mal assombrada. Bem dirigido e com um belo roteiro assustador, o filme peca no final, que deixa muitas pontas soltas. De fato, o espectador ica instigado para saber como o filme irá acabar e como tudo se conecta ( algo meio "DARK", a série da Netflix). O elenco é bom, a fotografia excelente O filme utiliza recursos batidos de filmes de terror de Hollywood, como trilha sonora repleta de sons estridentes e sustos bobos, como portas que se fecham e pessoas que surgem no fundo do corredor. Mas vale assistir, senão pelo filme, pelas locações esplendorosas.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

The Post- A guerra secreta

"The Post", de Steven Spielberg (2017) Impressionante o domínio da técnica da linguagem cinematográfica de Spielberg. Ele consegue, como poucos, transformar um tema árido e totalmente verborrágico sobre jornalistas e editores `as voltas com a liberdade de imprensa, e transformar em um eficiente thrller politico. Spielberg homenageia um dos grandes clássicos sobre o assunto, "Todos os homens do presidente", de Alan J. Pakula, inclusive em seu desfecho apoteótico. Dramatizando a história real ocorrida em 1971, quando o Presidente Nixon tentou embarreirar a imprensa por terem tido acesso a documentos do Governo que deixavam clara a desastrosa participação dos Estados Unidos no Vietnã, o filme tem também outro tema atual levado por Spielbeg e personificado por uma brilhante Meryl Streep: a luta e a idealização profissional de uma Mulher em um Mundo corporativo dominado por homens. Kay Graham (Streep), dona do The Washington Post, passeia por ambientes onde as mulheres ou são donas de casa ou secretarias. Ben Bradlee (Tom Hanks) é o Diretor do Jornal, que luta pelo direito de divulgar para o público os documentos a que tiveram acesso. As cenas de embate entre Streep e Hanks são formidáveis, verdadeira aula de atuação. Um filme obrigatório para um publico que esteja a fim de pensar e refletir, não é um passatempo.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Telefones brancos

"Telefoni bianchi", de Dino Risi (1976) Dino Risi foi durante décadas, um dos mais populares Cineastas da Itália. Diretor de clássicos dos anos 60 e 70 como "Perfume de mulher" e "Aquele que sabe viver" , Dino Risi teve em Vittorio Gassman o seu Ator fetiche, protagonizando vários de seus filmes. Em "Telefones brancos", de 1976, Risi repete a mesma dupla de perfume de mulher": Além de Gassman, ele escalou Agostina Belli para protagonizar a tragicómica história de Marcella, uma camareira de um Hotel de luxo que sonha em ser Atriz dos "Telefones brancos". Durante a 2a guerra, os "Telefones brancos" eram os filmes realizados pelo regime fascista, onde os protagonistas eram representantes de uma classe alta, e o telefone branco era símbolo de poder. Franco Denza (Gassman) é o sonho de consumo de Marcella, que quer contracenar com ele. Para isso, Marcella faz de tudo para conseguir seus objetivos: ela transa com todos que ela acha que podem lhe dar essa oportunidade: seu patrão no hotel, um oficial fascista que na verdade a leva para se prostituir em um bordel, e finalmente o Duque Mussolini. Hoje em dia, esse filme teria sido detonado pela galera do politicamente correto: os homens se aproveitam de Marcella, e ela também entra no jogo de Poder. Ela oferece seu corpo, eles lhe oferecem oportunidade. Mas o tema que mais me interessou, foi o de Vitorio Gassman. Seu personagem é o retrato da glória e decadência dos atores que trabalharam para o regime facista. Quando a Italia perdeu, os atores do "Telefone branco" caíram em desgraça e foram rechaçados pela população. E' um filme com grande produção, elenco gigantesco. Mas tem um roteiro irregular e um ritmo lento, muito por conta de sua longa duração. Vale pela curiosidade e pelo belo trabalho dos 2 protagonistas. Gassman tem uma cena brilhante quando ele é ameaçado de morte pelos revolucionários.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Era uma vez, Cinema

"Nassereddin Shah, Actor-e Cinema", de Mohsen Makhmalbaf (1992) Escrito e dirigido pelo Mestre iraniano Mohsen Makhmalbaf, o filme é um projeto experimental que faz uma reflexão sobre o que é o Cinema. Realizado em 1992, o filme é uma espécie de "Cinema Paradiso" iraniano, mas com toques surrealistas. Um Cinematógrafo caracterizado de Charles Chaplin, Ebrahim, trabalha para um Rei que odeia Cinema. No entanto, O Rei se apaixona por uma atriz, e não sabe como conquistá-la. Ebrahim introduz ao Rei trechos de vários filmes clássicos iranianos, incluindo fazendo parte integrante das cenas. O Rei, encorajado por Ebrahim, procura se tornar um Ator. Com uma excelente proposta, o filme é todo rodado em preto e branco, para poder mesclar na edição com os trechos de filmes antigos e não sentirmos a diferença. A edição de som também inclui na pista de audio, chiados como se fosse filme de época. A bem da verdade, as inserções de trechos antigos ficaram meio toscas, mas a originalidade do roteiro abafa esses defeitos técnicos. O filme tem planos belíssimos.O desfecho é lindo, homenageando "2001" de Stanley Kubrick. Tres anos depois, Makmalbaf viria a lançar sua obra prima sobre o Cinema: o documentário "Salve o Cinema".

A rede

"Geumul", de Kim Ki Duk (2016) O cineasta sul coreano Kim Ki Duk foi durante mais de uma década, referencia do cinema autoral de seu Pais, com filmes premiados em importantes Festivais mundo afora, abordando temas como incomunicabilidade, silencio, morte, misticismo. Foi assim com "Casa vazia", "Primavera, verão, outono, inverno", "O arco", "Folego" e outros. Em "A rede", Kim Ki Duk dá uma guinada em sua carreira e mostra um cinema humano, quase um melodrama. O filme foi exibido em Veneza e em Toronto. Narra a epopéia de Nam Choo (Seung-bum Ryoo, brilhante) , um pescador pobre, casado e com filha pequena, que mora na beira de um rio na Coreia do Norte. Ao pescar em sua rotina, sua rede fica presa no motor e ele não consegue retornar, indo parar na margem do outro lado do rio, pertencente `a Coréia do Sul. Ninguém acredita na história de Nam: Para o Norte, ele é um desertor. Para o Sul, um espião. E na verdade, tudo o que Nam quer, é voltar para a sua família. Com um belo roteiro escrito pelo próprio Duk, tendo como mensagem que independente da ideologia, o extremismo dos 2 lados da Coreia estão errados, "A rede" faz uma linda metáfora sobre como um homem simples pode ser corrompido, mesmo tentando de todas as formas manter a sua ideologia. Forte, intenso, trágico. Um filme que merece ser visto e discutido.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Fúria

"Ikuri", de Lee Sang-il (2016) Drama de suspense de 145 minutos, "Fúria" é um épico sobre a humanidade e os sentimentos de amor e fúria que os conduz. Desenvolvido em 3 histórias independentes, que não se cruzam, mas que possuem um elemento em comum: um grupo de policias em busca de um serial killer, que pode ser o protagonista de uma das 3 histórias. Há um ano atrás, um casal foi assassinado com requintes de crueldade. Acredita-se que o assassino possa ter feito cirurgia plástica e até mesmo mudado seu sexo. Na 1a história, acompanhamos Yohei (Ken Watanabe), um pescador que vai buscar sua filha Aiko em Tokyo, dentro de um prostíbulo. Ele a trz de volta para a ilha onde mora, e lá, ela acaba se apaixonando por Tashiro, um homem misterioso que surgiu por lá e acaba trabalhando com Yohei. Na 2 a história, Yuma, um jovem executivo gay, frequenta boites e dark rooms Lgbt , até que conhece Naoto, um rapaz introspectivo, por quem se apaixona. Sem ter onde morar, Yuma o leva para morar com ele. Na 3a história, a jovem Izumi e seu namorado Tatsuya frequentam uma ilha, e lá conhecem Tanaka, um construtor civil, que se refugia em uma casa abandonada. O filme vai desenvolvendo, de forma inteligente e criativa, as 3 histórias paralelamente, em excelente trabalho de edição e de trilha sonora, de Ryuchi Sakamoto. Trabalhando o Drama e com suspense, acompanhamos as relações de amizade, amor e traição entre os novos relacionamentos que vão surgindo ao longo do filme, culminando em momentos de violência e fúria que alteram o rumo dos personagens. Com bela interpretação de praticamente todos os atores, e com ousadas cenas do universo gay, "Fúria" entrega ao espectador um filme inquietante, apesar de sua longa duração. O filme venceu vários prêmios internacionais.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Backstory

"Backstory", de Joschka Laukeninks (2017) Excepcional curta alemão, vencedor de mais de 30 prêmios internacionais. Em menos de 6 minutos, o filme narra a história completa de um homem: sua infância, adolescência, fase adulta e terceira idade, e num piscar de olhos, tudo acaba. Divorcio dos pais, primeiro amor, sexo, estudo, trabalho....a forma como o Diretor Joschka Laukeninks traduz isso em imagens é emocionante e bastante criativo: nunca vemos o rosto do homem em todas as suas fases...ele é anónimo..e na parte final, quando tudo termina, finalmente vemos seu rosto. E' foda, muito foda! Primor de direção, fotografia, trilha sonora, edição e concepção. Imperdível!

Detroit em rebelião

Fetr
"Detroit", de Kathryn Bigelow (2017) A cineasta Kathryn Bigelow mais uma vez se une ao seu roteirista Mark Boal e dessa vez o tema é uma história real acontecida em Detroit no ano de 1967: no auge das rebeliões segregacionistas que varriam os Estados Unidos, 3 jovens negros foram mortos em circunstancias misteriosas dentro de um Motel em Detroit, durante uma invasão policial. Até hoje, não se sabe com precisão o que aconteceu de verdade, mas o filme se baseia em depoimentos dos sobreviventes. Ao contrário do que parece, John Boyega ( Finn de "Star Trek" não é o protagonista. Aliás, ele está bastante mal aproveitado no filme, que tem dezenas de personagens. Quem carrega o filme e tem um arco dramático que vai do inicio ao fim, é Larry, um postulante a cantor. E' com ele que o espectador se insere nesse clima de terror que se instalou em Detroit, com tiros, saques, revoltas populares e muita porradaria. Kathryn Bigelow é excelente Diretora, comandando a técnica e efeitos de filmes como poucos ( "Guerra ao terror", " A hora mais escura"). Mas aqui ela peca pelo excesso de estilo e uma falta de refinamento no roteiro. Sao muitos personagens, uma caricatura dos policias brancos que comandam durante mais de uma hora uma sessão de torturas interminável. Não havia necessidade desse filme tem 144 minutos! Muito longo, repetitivo, poderia ter rendido muito mais se tivesse pelo menos meia hora a menos. O desfecho, no tribunal, ficou sem empolgação. Bons atores, excelente reconstituição de época, fotografia foda. Mas dessa vez, faltou alma.

sábado, 20 de janeiro de 2018

Franswa Sharl

"Franswa Sharl", de Hannah Hilliard (2009) Divertido curta australiano, Vencedor de vários prêmios, entre eles, de Melhor Curta da Mostra Geração no Festival de Berlim. O filme é baseado em história real. Duas famílias passam suas férias na Ilha de Fiji. Os pais vivem disputando entre seus filhos, quem é o Campeão em diversas atividades, Greg (Callan McAuliffe) perde todas as apostas, deixando seu pai frustrado. Até que ele descobre que vai acontecer um Campeonato de garota mais linda da Ilha Fiji. Greg decide se vestir de mulher e usa o pseudónimo de Franswa Sharl. Com um humor delicioso e boas performances ( Callan McAuliffe está sensacional), o filme cria uma empatia grande com o espectador, que entende que a competição entre os jovens provocadas pelos pais nunca é sadia. Bela direcao de Hannah Hilliard, que escreveu o roteiro junto do verdadeiro Greg. https://vimeo.com/19685421

A grande jogada

"Molly's game", de Aaron Sorkin (2017) Em primeiro lugar, uma pergunta: porque esse filme precisa ter 140 minutos? Meu Deus, cortassem 30 minutos desse filme e ele poderia ter sido mais interessante. Aaron Sorkin estréia na Direção nesse filme, mas ele também escreve a adaptação do livro de Molly Bloom. Sorkin ganhou o Oscar de roteiro por "A rede social", mas foi responsável por alguns dos filmes mais chatos que vi na vida entre eles, "Moneyball". Não fosse o talento impecável de Jessica Chainstain, que carrega esse filme totalmente nas costas, esse filme teria sido uma chatice sem fim. Mas uma coisa Sorkin precisa levar mérito: ele, como poucos roteiristas, consegue escrever roteiros sobre temas dos mais técnicos possíveis, tentando converter em Cinema assuntos dos mais áridos possíveis. Eu particularmente não entendo nada de Poker. Mas não se preocupe se você não entende, você tem 140 minutos para pelo menos tentar entender que é um jogo de azar e que você pode morrer por isso. O filme é quase todo narrado, sinal de que Sorkin não acreditou que apenas os diálogos fossem o suficiente para contar a história. Todas as ações são explicitamente explicadas por Molly. Molly Bloom ( nome de personagem de "Ulisses", de James Joyce) é uma jovem que desde criança é induzida pelo seus pais a ser uma esquiadora e ganhar prêmios. ( Nisso, o filme se aproxima totalmente de "Eu, Tonya". O quanto que a protagonista sofreu nas mãos de pais carrascos.) Ao sofrer um acidente durante uma competição, ela fica proibida de continuar no esporte. Molly decide se mudar para Los Angeles e lá ela trabalha como garçonete, até que conhece o mundo do Clube do Poker , onde celebridades e milionários apostam alto. Aos poucos, Molly se torna uma organizadora de um Clube, e passa a ganhar muito dinheiro, até que é presa pelo Fbi. O elenco tem a participação de Idris Elba, no papel de seu advogado, e Kevin Costner, como o pai de Molly. Michael Cera interpreta um personagem inspirado em Tobey Maguire, conhecido em Hollywood por participar desses clubes e de ter introduzido Molly a muitos jogadores. O filme é bem dirigido, uma surpresa, em se tratando de filme de estréia. Mas é longo, chato, com um tema sem interesse para quem não curte jogatina. Quando o filme investe no drama familiar de Molly e seus conflitos, o filme se torna mais interessante. Bela fotografia da dinamarquesa Charlotte Bruus Christensen, de "A caça" e "Um limite entre nós".

O jovem Karl Marx

"Le jeune Karl Marx ", de Raoul Peck (2017) Dirigido pelo mesmo realizador do excelente documentário "Eu não sou seu negro", "O jovem Karl Marx" acompanha 4 anos na vida de Karl Marx , então com 26 anos de idade, e a sua relação de amizade com Friedrich Engels, filho de um rico industrial na Inglaterra. Juntos, os 2 lutam pelos direitos dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, e fomentando que a burguesia sufoca os trabalhadores e visam comente o lucro em suas empresas, sem se preocupar com o bem estar dos funcionários. O filme segue até o ano de 1848, quando Karl Marx e Engels escrevem o famoso "Manifesto comunista", que reivindicam entre outros pontos, uma menor carga horária para os trabalhadores. O filme também acompanha as esposas de Marx e Engels, ambas fundamentais para a formação do pensamento de seus esposos. Mary, esposa de Engels, foi empregada de seu pai, mas devido a seu caráter de líder, acabou sendo demitida. Engels foi atrás dela e acabaram se apaixonando. Engels fez farta pesquisa sobre condições de trabalho com pessoas próximas `a Mary. Paoul Peck teve uma difícil missão de transcrever em imagens cinematográficas uma biografia tão densa quanto a de Marx e Engels, repletas de literatura e farta carga política. O filme foi duramente criticado aqui no Brasil por ser considerado uma visão burguesa Hollywoodiana sobre esses ícones do movimento comunista. Uma bobagem, é um filme bem estruturado e com excelente atuações. Não vou negar que achei o filme bem pesado e lento, mas dentro de sua proposta, atende bem o quesito de informar. Incrível como os ideais de Marx se mantém tão atuais, nao œ toa o filme termina com uma música pop dos anos 60, "Like a Rolling Stone", com imagens que ilustram a ânsia capitalista em várias épocas.

As Histórias Não Contadas de Armistead Maupin

"The Untold Tales of Armistead Maupin", de Jennifer M. Kroot (2017) A documentarista Jennifer M. Kroot realizou um belo documentário sobre o escritor americano Armistead Maupin, famoso no mundo inteiro pelos seus livros que retratam a rotina em Sao Francisco. Em "Contos da cidade", seu livro mais famosos, através das crônicas, Maupin fala sobre a comunidade Lgbts nos anos 50, algo até então raro na literatura popular. Muiitos dos personagens eram gays, trangeneros, e descritos de forma realista, sem estereótipos. Maupin nasceu em família conservadora, seu pai era racista e homofóbico. Na sua juventude, Maupin também foi conservador, até que decidiu se mudar para Sao Francisco e se assumir como gay. O filme narra a sua trajetória como escritor e jornalista, e ao mesmo tempo, através de imagens documentais de Sao Francisco dos anos 70, revelar como era a comunidade gay antes do advento do HIV. O livro foi adaptado para a televisão em 93 com Laura Linney, Olympia Dukakis e Ian Mackellen, que se tornaram seus grandes amigos. Outras celebridades também dão depoimentos no filme, como a escritora Amy Tan. A parte mais curiosa do filme, fala sobre o seu casamento com Christopher, um ex-modelo e fotógrafo 30 anos mais jovem, que é dono de um site de namoros com homens mais velhos. Um belo exemplo de amor verdadeiro, no contra fluxo de uma comunidade que em sua grande maioria, visa corpos e sexo anónimo.

Band Aid

"Band Aid", de Zoe Lister-Jones (2017) Um feito e tanto: a Atriz Zoe Lister-Jones escreveu, protagonizou, produziu e dirigiu essa deliciosa comedia dramática que concorreu em Sundance 2017. Anna (Zoe Lister-Jones) e Ben ( Adam Pally) são os típicos Loosers: desempregados, na faixa dos 40, sem filhos. Anna se vira como Motorista da Uber, mas queria ser escritora. Ben fica em casa se virando com pequenos trabalhos no computador, mas queria ser um Artista. O casal vive discutindo por pequenas coisas, até que tem uma idéia: montar uma banda, e as letras falariam sobre temas relacionados a discussão do casal. Para complementar, eles convidam Dave, um vizinho nerd viciado em sexo. Alternando um fino humor com romance e drama, "Band Aid" é a típica produção exibida em Sundance e que a gente adora: trilha sonora cool, fotografia indie, atores desconhecidos porém talentosos, e diretores estreantes que chamam a atenção por falarem de coisas próximas `a sua vida. O filme tem diálogos inspirados e é uma delicia de se assistir.

O Reino de Deus

"God's own country", de Francis Lee (2017) Estou há horas chorando. Que filme emocionante, bem dirigido! O desfecho é apoteótico. "O Reino de Deus" é ´"Brokeback Mountain" com um outro final. E que trabalho fenomenal desses 2 jovens atores, o inglês Josh O'Connor e o romeno , Alec Secareanuo, cujo personagem Georgh é o marido que todo mundo pediu a Deus. Em uma fazenda de Yorkshire, o jovem Johnny cuida de seu pai enfermo, de sua avó e dos animais da fazenda. Jonnhy vive uma vida intensa de muita rebeldia, irritado por conta de tantos afazeres. Ele é alcoólatra e transa com homens anonimamente, sem se envolver emocionalmente. Um dia, o pai de Jonnhy contrata um romeno, Georgh, para ajudar Jonnhy nos partos dos animais. De inicio, Jonnhy maltrata Georgh , chamando-o de cigano. Mas a postura do jovem romeno fará com que Jonhny mude seu modo de encarar a vida, até que se apaixonam. Impressionante que esse seja o filme de estréia de Francis Lee. Ele dirige com extrema sensibilidade e mostra muito talento na direcao de atores, valorizando mais a imagem do que as palavras. No elenco de apoio, Gemma Jonesmo como a avó, e Ian Hart como o pai também estão ótimos. Bela trilha sonora, fotografia deslumbrante e um final absolutamente arrebatador. Preparem os lenços. O filme venceu dezenas de Prêmios mundo afora, incluindo um especial em Berlim e o de Melhor direção em Sundance.

Vende-se essa casa

"Open house", de Matt Angel e Suzanne Coote (2018) Escrito e dirigido pelos Cineastas Matt Angel e Suzanne Coote, essa produção do Netflix pega carona no enorme sucesso da série "13 reasons why" e contratou o jovem Dylan Minette para protagonizar esse filme de suspense. Dylan já havia estrelado um longa de suspense para o cinema, o ótimo "O homem das trevas", esse sim, um roteiro preciso e bem estruturado, com ótimas viradas na trama. Em "Vende-se essa casa", a história parte de um tema mega batido, e que acreditem, fica ainda pior na sua parte final. O carisma do jovem Dylan dessa vez não conseguiu segurar o filme. ele interpreta Logan. Após a morte acidental de seu pai, ele e sua mãe passam por um perrengue, pois ela está sem emprego. ela acaba aceitando a ajuda se sua irmã, que deixa ela ficar um tempo em sua casa, mas montanhas isoladas. Eles são hostilizados pelos vizinhos, e pior, percebem coisas estranhas na casa. Aos poucos, descobrem que algo de muito estranho está acontecendo por ali. O desfecho de fato é o pior do filme, sem pé nem cabeça. Lembra "Funny games", de Michael Haneke, e "Os estranhos". A primeira e segunda parte são arrastadas, e o terço final, percorre um caminho muito louco. Excesso de trilha incidental, anunciando tudo o que irá acontecer.

O amante de um dia

"L'amant d'un jour ", de Philippe Garrel (2017) Os CInemas de Hong Sang Soo e de Philipe Garrel possuem muito em comum. Ambos falam do cotidiano, das traições, das repetições e muito papo bebendo em bares. O olhar de ambos busca o naturalismo nas atuações, e um minimalismo na forma de observar as pessoas e suas ações. "O amante de um dia" foi exibido em Cannes 2017 e Ganhou um prêmio especial na Mostra Quinzena dos Realizadores. Para quem já viu os filmes anteriores de Garrel, já sabe o que encontrar aqui: Fotografia em preto e branco e poucos personagens, `as voltas com casos de traição. Janne é uma jovem estudante apaixonada por Matteo. Ambos estudam na mesma faculdade e dividem um apartamento. Após uma crise de ciúmes, Jeanne resolve ir morar com sue pai, Gilles, um professor. Ao chegar lá, ela descobre que ele está namorando Arianne, uma jovem de sua mesma idade. Jeanne e Arianne medem esforços para chamar a atenção de Gilles, e entre elas rola uma grande rivalidade. O elenco está bem, os diálogos sao inspirados, mas fica aquela sensacao de estar assistindo ao mesmo filme de Garrel desde...seus 3 últimos filmes. Vale pela delicosa trilha sonora.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Freak show

"Freak show", de Trudie Styler (2017) Adaptado do livro de James St. James, "Freak show" é o filme de estréia da atriz Trudie Styler, esposa do cantor Sting. A atriz Drew Barrymore foi uma das produtoras do filme, e o fotógrafo premiado Dante Spinotti foi o responsável pela luz. No elenco, tem as participações especiais de Bette Midler, Abigail Bresling e Laverne Cox, atriz Trans da série "Orange is the new black". Com tanta gente famosa nos créditos, era de se esperar que esse drama sobre aceitação e homofobia fosse algo pleno e emocionante. Infelizmente, o filme não atinge esses objetivos, muito por conta talvez do roteiro que não traz novidades nesse Universo Lgbts. Por ex, o homofóbico se revela um gay enrustido. Hum...original não? Billy Bloom ( Alex Lawther) é um adolescente que desde criança sempre foi muito pegado `a sua mãe, uma cantora ( Bette Midler). Ao ser internada por alcoolismo, Billy vai morar com seu pai, que não aceita a forma extravagante de Billy se vestir e a sua homossexualidade. O pior está para vir: em seu primeiro dia de aula, Billy sofre bulling de todos. Apenas 2 pessoas o aceitam: uma nerd e um jovem atleta, Flip Kelly. A aluna evangélica Lynette (Abigail Breslin) faz de tudo para derrubar Billy. Até que ele decide se candidatar ao concurso de Rainha da escola. Com boas atuações ( Abigail, que é ótima atriz, infelizmente não se encaixa no perfil da Aluna Bitchy), o filme traz também figurinos extravagantes estilo Lady Gaga que são divertidos.

Como você me vê?

"Como você me vê?", de Felipe Bond (2017) Em algum momento, você como espectador, já parou para pensar que o Ator na sua vida real, pode estar endividado, desempregado, em crise com a sua profissão? Que existe uma grande contradição entre o Personagem Rico mas o Ator que lhe dá vida não ter nem dinheiro para pagar a conta de luz? Esse oportuno e extraordinário documentário dirigido por Felipe Bond, produzido por Cavi Borges e Canal Brasil, expõe as vísceras de uma profissão que precisa separar o joio do trigo, o profissional que faz sacrifícios para a sua Arte do Aventureiro que busca as capas da revista. Através de depoimentos emocionantes, contundentes e de coração aberto, de um Elenco de Atores de enorme grandeza, temas como o que é o Ator, a quem ele serve, a sua função, os sacrifícios e prazeres, o desemprego, a crise da profissão, a frustração, a glória, o Amor, são absorvidos pelo espectador de forma plena. Cassia Kis, Tonico Pereira, Erom Cordeiro, Rodrigo Pandolfo, Luciano Vidigal, Babu Santanna, Stenio Garcia, Gracindo Jr e filhos, Matheus Nachtergaele, Osmar Prado, Dira e Bella Carmelo, Silvio Guindane, Zé Celso, Amir Haddad, Julio Adrião, Pedro Coelho, entre outros, são porta voz dessa luta diária que é se manter na profissão de Ator. Matheus Nachtergaele diz uma frase que simboliza a postura que todos devemos ter com a nossa profissão, independente de qual ela seja: "Nosso corpo é uma estatua de pedra, mas os pés são de barro." Uma cena antológica e brilhante que me comoveu bastante, foi a de Gracindo Jr e seus dois filhos declamando de cor o "Cântico negro". Nessa cena, os Atores deixam explicita o amor `a Arte e ao oficio, e porque eles estão ali. O filme é obrigatório para Atores, Estudantes de interpretação, Diretores e técnicos, para que todos entendam um pouco mais dos anseios e desejos de quem escolheu a Atuação como forma de se comunicar com o público.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Doentes de Amor

"The big sick", de Michael Showalter (2017) Um dos maiores êxitos de bilheteria do Cinema independente americano em 2017 ( custou 5 milhões de dólares e rendeu mais de 55 milhões ao redor do mundo), "Doentes de amor" narra a história real dos protagonistas Kumail Nanjiani e Emily. Ele, paquistanês e ela americana. Moradores de Chicago, eles se conhecem quando Kumail está se apresentando em um stand up. Eles se apaixonam e durante 5 meses, mantém um relacionamento. Emily no entanto, se irrita com Kumail ao descobrir que ele a esconda dos pais dele, uma vez que na cultura paquistanesa os pais é quem escolhem a espoa pro filho, e ela precisa ser muçulmana. Os dois rompem relação. Logo, Emily fica doente e entra em coma, contraindo uma doenca misteriosa, e Kumail fica ao seu lado o tempo todo. O roteiro foi escrito por Kumail, que interpreta a ele mesmo, e sua esposa Emily, hoje roteirista e terapeuta. Emily é interpretada por Zoe Kazan, do filme de terror "Um monstro no caminho". Ambos estão ótimos nesse filme delicioso, que mescla comédia, drama e romance. O filme homenageia os Atores por sua luta diária, e também celebra a união dos povos, livres de preconceitos. Esse tema já rendeu filmes hoje clássicos, como "Casamento grego", e "Banquete de casamento". O grande problema de "Doentes de amor" é a sua longa duração: 2 horas, e esse tempo para uma comedia é a Morte. Já no meio do filme eu queria que estivesse acabando. O filme recebeu dezenas de prêmios, e fez muito sucesso em Festivais como Sundance. A registrar, a excelente performance de Holly Hunter, no papel da mãe de Emily.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Os iniciados

Os
"Inxeba", de John Trengove (2017) Um dos 9 pré-selecionados para o Oscar de filme estrangeiro de 2018, o filme Sul Africano "Os iniciados" tem a curiosa participação de um brasileiro entre os produtores internacionais. O produtor mineiro Elias Ribeiro tem em seu currículo outras participações em produções africanas, como o premiado "Eles só usam Black tie", de 2015. "Os iniciados" ganhou inúmeros prêmios em Festivais internacionais, e exibido nos importantes Festival de Berlin e Sundance. A academia do Oscar gosta de ter entre seus indicados um filme antropológico, que mostra curiosidades e tabus de civilizações quase primitivas. Foi assim ano passado com o Polinésio "Tanna", e agora com "Os iniciados", acompanhamos em linguagem documental, um ritual ancestral de uma tribo africana nos dias de hoje. Xolani é funcionário de uma fábrica em Johhanesburg. Com a proximidade do inicio da data do ritual Xhosa, ele pede licença e segue até as montanhas, onde será o Instrutor de um grupo de jovens iniciantes. Nesse ritual, os instrutores iniciam sexualmente os iniciantes, fazendo a circuncisão e ensinando práticas da vida de um homem. A ideia é que os jovens voltem para a civilização prontos para constituírem uma família. Xolani no entanto tem um segredo: durante o ritual, ele se reencontra com Vija, outro instrutor, e os 2 tem um romance. Xolani é apaixonado, mas Vija não quer se envolver emocionalmente, só quer sexo. Um dos iniciantes de Xolani, Kwanda trazido por seu pai da capital porque ele acha que seu filho é afeminado) testemunha Xolani e Vija fazendo sexo e os chantageia. "Os iniciados" é um filme que dificilmente atrairá o público. Com ritmo lento, focado na antropologia do ritual de forma documental, e tendo como contraponto ficcional o drama da homossexualidade reprimida de Xolani, O ponto de interesse fica por conta da curiosidade da história, da belíssima fotografia e pelo trabalho dos atores, todos em registro naturalista.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

The strange ones

"The strange ones", de Christopher Radcliff e Lauren Wolkstein (2017) Em 2011, os cineastas Christopher Radcliff e Lauren Wolkstein lançaram o curta homônimo, e ganharam diversos prêmios. O curta é extraordinário, e mostra a relação entre um homem de uns 30 anos e um garoto, supostamente irmãos, dentro de um carro. Quando o carro quebra, eles acabam andando até chegar em um Motel. A atendente os serve, até que o menino chega e diz que foi sequestrado pelo homem, e que provavelmente ele praticava relações sexuais com o criminoso. Logo depois, o menino desmentia, e ria da cara da mulher. O final deixava tudo absolutamente em aberto, e por isso, fiquei muito tempo com o filme na cabeça. Os prêmios provavelmente fizeram subir a ambição dos cineastas, que resolveram fazer um longa da mesma história. Fiquei curioso em assistir, ainda mais que li que ganhou alguns prêmios em festivais independentes. A primeira parte do filme é exatamente igual ao filme. O problema é o que vem depois. Toda a explicação no roteiro sobre de onde vinham os dois, e para onde vão, acabou tornando o filme frágil, sem mistério, sem tensão, bobo. Uma pena. O curta é mil vezes melhor. O longa é arrastado, confuso, a gente fica sem saber se o que vemos é real ou não. De positivo apenas o trabalho dos 2 atores, Alex Pettyfer, o adulto, e James Freedson-Jackson, o jovem.

O touro Ferdinando

"Ferdinand", de Carlos Saldanha (2017) Adaptação do clássico livro de Munro Leaf, americano que o lançou em 1936, e que já teve uma primeira adaptação em um Curta da Disney, em 1938, e premiado com o Oscar da categoria. O Animador brasileiro Carlos Saldanha agora faz uma revisitaçao dessa obra, que na época do seu lançamento, foi visto como um libelo pacifista contra o avanço do poderio do General Franco na Espanha. Ferdinando é criado, junto de outros touros, em uma Fazenda chamada "La casa del toro". Lá, os touros são treinados para que possam posteriormente, lutar nas touradas. Mas Ferdinando é diferente: ele não quer lutar, e sim, cheirar as flores e pregar a amizade. Até que seu pai morre na tourada e Ferdinando, em um ato de desespero, foge, parando na fazenda da menina Nina. Lá, ele cresce, até se tornar um touro enorme e robusto. Mas por um infortúnio, Ferdinando acaba parando de volta nas touradas. O filme, ao contrário das outras produções de Saldanha, foi um fracasso nas bilheterias. O problema é que lhe falta ritmo e graça. As piadas não são tão engraçadas, os personagens forcam um riso que não sai. O roteiro ficou em um meio termo de um filme infantil para crianças pequenas, e um filme que agrade aos adultos: algumas cenas podem provocar certo temor nos pais ( o matadouro, lugar aonde os touros mais fracos acabam indo) e mesmo a tourada, onde luta-se de espadas e armas cortantes. Os personagens coadjuvantes são muito ingénuos, e fica difícil fazer os adultos rirem. E' uma pena, pois o filme tem um colorido e uma visão sobre Madrid muito bonita ( eu considero esse filme um "Madrid", na mesma linha de "Rio", outro filme de Saldanha.) Uma curiosidade: em determinada cena, existe um produt placement do Guaraná Antarctica.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Rifle

"Rifle", de David Pretto (2016) O Cineasta gaúcho David Pretto está acostumado com Prêmios em Festivais. Seu filme anterior, o documentário "Castanha", arrebatou várias conquistas, ao narrar a rotina de Joao Castanha, uma Drag de terceira idade do sul do País. Com "Rifle", David foi pro prestigiado Festival de Berlim. Depois, no Festival de Brasilia, em 2016, arrebatou vários prêmios, entre eles, de Melhor roteiro e som, além de um Premio da Abraccine de Melhor filme. Com um currículo desses era de se esperar que o filme fosse arrebatador. E talvez por essa expectativa, eu acabei me frustrando bastante. David trabalhou com "não atores". Não esperem atuações. Os "atores" atuam de forma totalmente naturalista, como se estivessem conversando com o vizinho sobre qualquer banalidade. O sotaque, um dos principais problemas do filme, torna a experiência de escutar o que os personagens estão falando algo impossível de se entender. O melhor então, é se apegar `a fotografia deslumbrante de Glauco Firpo, que tem tons de um grande faroeste americano épico. O filme se apega aos arquétipos do faroeste: Diones é um homem misterioso. Sem família, ele trabalha em uma fazenda de uma família pobre, e namora a filha do patrão. Sem qualquer ambição, Diones vai levando a sua vida rotineiramente. Um dia, porém, um rico fazendeiro vem propor de comprar as terras de seu patrão. Caso isso aconteça, todos perderão seus empregos. Diante dessa possibilidade, Diones surta, pega num rifle e resolve defender as terras de "inimigos". Dito assim, parece que vai ser um puta filme de ação. Mas não: David trabalha seu filme com um olhar documental, e o filme segue completamente sem ritmo, lento. Em apenas um momento, o filme recorre aos clássicos filmes de ação americanos, desses de atiradores: Diones pega no rifle e sai atirando em todos os carros que surgem pela estrada, atirando como um psicopata. Para se assistir ao filme, o espectador precisa ser bastante condescendente. No mínimo, vai achar curiosa a vida no campo gaúcho, onde não acontece quase nada. E talvez o filme acabe falando justamente sobre isso: o nada.

Meu irmão

“Mi hermano”, de Miguel Lafuente (2015) Curta Lgbts espanhol exibido em diversos Festivais, e que trata do tema da homofobia e suicídio entre os jovens que sofrem bullying. Alberto e Nico forma um jovem casal gay que mora em Berlim. Alberto é ilustrador, e um dia, recebe a ligação de sua mãe dizendo que seu irmão adolescente se suicidou. Alberto retorna para o seu vilarejo no interior da Espanha, e mantém a mentira de que está namorando uma mulher. Aos poucos, vai se revelando a verdadeira razão do suicídio de seu irmão, sufocado pelo conservadorismo de seus pais. Com boas atuações e tratando de temas importantes, “Meu irmão” ainda conta com uma singela mas bela animação no seu desfecho. A trilha sonora prejudica o filme, carregando nas tintas melodramáticas.

sábado, 13 de janeiro de 2018

First night out

"First night out", de Will Mayo (2015) Um curta de apenas 3 minutos (com créditos), realizado com extrema simplicidade, mas com uma bela mensagem. Com apenas um único plano fixo, sem corte, acompanhamos Tonya. Ela está sentada em uma mesa de um restaurante italiano, sozinha. Tensa, irrequieta, Tonya procura "sentir" o que significa para ela, ser a primeira noite como mulher. Afinal, Tonya já foi um homem. Tonya se auto-convida, e procura entender a reação das pessoas ao perceberem a sua condição. Interpretado com sensibilidade pelo Ator Todd Alan Crain ( que é cisgenero), esse belo curta foi exibido em dezenas de Festivais mundo afora. https://vimeo.com/186406583

Jumanji- Bem-vindo `a Selva

"Jumanji: wellcome to the jungle", de Jake Kasdan (2017) Os caminhos de Hollywood são misteriosos. O cineasta Jake Kasdan dirigiu duas comédias sacanas com Cameron Diaz que foram destruídas pela crítica: "Sex tape" e "Professora sem classe". Como ele foi convidado para dirigir a sequencia de "Jumanji", será um eterno mistério para mim. De qualquer forma, o filme é um divertida passatempo que emula 3 grandes clássicos da nostalgia: "O clube dos cinco", de John Hughes, "Os caçadores da arca perdida" e "Jurassic Park", ambos de Spielberg, além de uma pitada de "O senhor dos anéis" ( por conta da pedra preciosa que torna o seu dono um poderoso. O filme começa com um prólogo com os personagens em versão adolescente, no típico estereótipo de Colégio americano: o nerd, a gostosona, o negro atleta e a menina tímida. Quando eles ficam de castigo, eles acabam jogando um game antigo, chamado "Jumanji", que os transporta para um Mundo selvagem na selva. Casa um dos adolescentes se transforma em um Avatar com persona totalmente diferente do que eles eram antes, e precisam fazer de tudo para sairem de lá. Para isso, precisam jogar o game e vencer. Dwayne Jhonson, Jack Black, Karen Gillan ( A Nebula de "Guardiões das Galáxias") e Kevin Hart colocam a platéia abaixo com inúmeras gags hilárias: a mochila poderosa, a aula de como se tornar sexy, as vidas que se perdem no jogo...é tudo bem divertido, com direito a metáfora sobre o início da fase adulta. O tal do "Coming of age" chega aqui de forma totalmente Hollywoodiana, com direito a muitos efeitos.

Lucky

"Lucky", de John Carroll Lynch (2017) Enquanto assistia a "Lucky", ficava imaginando esse mesmo filme sendo dirigido por Ingmar Bergman, estrelado por Max Von Sydow e ambientado na Ilha de Faro, na Suécia. Porque? Porque toca no mesmo incomodo tema, recorrente em toda obra do Mestre do existencialismo: A Morte, inevitável, na terceira idade. "Lucky" não é um filme para todo mundo. Esse drama mexe em feridas e em credos. Lucky (Harry Dean Stanton) tem 91 anos, mora sozinho, não tem família. Lucky é ateu, e vive sua vida na mesma rotina de todo dia. Acorda, fala com vizinhos, e de noite, vai beber em um bar. Todo dia. Até que um dia, ele desmaia. Ao visitar um médico, ele lhe diz que sua saúde está boa, mas que por conta de sua idade avançada, poderá morrer a qualquer momento. Lucky fica apavorado com a hipótese de não existir mais. O filme é dirigido pelo Ator John Carroll Lynch, e é a sua impressionante estréia na Direção. Ele convidou para o elenco de apoio atores veteranos, como Tom Skerrit e Ed Begley Jr.. Mas a grande surpresa fica por conta de David Lynch, no papel de Howard, um homem triste e solitário que quer deixar em testamento toda sua herança para a sua tartaruga, que fugiu. Bela fotografia, Direção, trilha folk e diálogos cruéis. Mas nao tem como imaginar esse filme sem Harry Dean Staton, que morreu pouco antes do filme estrear no circuito americano. A sua fragilidade física e de voz tem tudo a ver com o personagem. Curioso assistir ao filme sabendo que o Ator jea morreu, pois é justamente sobre isso que ele passa o filme todo falando, não existir mais.

Método

"Method", de Pang Eun-jin (2017) Drama Lgbts Sul Coreano, que propõe a discussão de 2 temas relevantes ao universo da classe artística: a vaidade dos Atores/Estrela, e até aonde vai o limite entre Ator e Personagem? Jae-ha é um famoso ator veterano dos palcos. Ele é convidado para co-estrelar a peça teatral "Unchain", ao lado do jovem Cantor pop Young-Woo estreando na atuação. Incomodado com o assedio dos fãs de Young-Woo, Jae-ha passa a assediá-lo profissionalmente, desdenhando de suas qualidades como Ator. O que ele não podia esperar, é que Young-Woo desse a volta por cima e mais do que isso, que se apaixonasse por ele, assim como o seu personagem. Jae-ha começa a duvidar de sua própria sexualidade, e vai além dos limites da atuação. A cineasta Pang Eun-jin propõe discutir um tema muito em voga hoje em dia, que é até onde o Ator deve ir para compor o seu personagem? Fala também do bullying de Diretores e Atores que fazem de tudo para massacrar o colega de cena. Infelizmente, o filme não faz juz ao tema proposto. Do meio pro fim, o filme se transforma num grande novelão, A ética profissional dá lugar a um insosso triângulo amoroso, de certa forma até inverossímil, visto que Young-Woo é um grande astro e aonde ele vai, seria com certeza fotografado por paparazzis e pessoas anônimas.

A dama de Baco

"Jug-yeo-ju-neun Yeo-ja ", de Je-Yong Lee (2016) Comovente drama Sul Coreano, exibido na Mostra Panorama do Festival de Berlim 2016. O filme mostra a sociedade Sul Coreana nos dias de hoje, e fazendo uma crítica cruel ao descaso do Governo com a terceira idade. Sem condições para se manter, muitos se suicidam. No caso da protagonista So-young ( em performance contundente de Yeo-jeong Yoon) , ela e outras idosas se prostituem nas praças da capital, e são chamadas de "Damas de Baco". explico: Baco é uma bebida energética, pra fazer os idosos sentirem mais disposição pro sexo. Elas oferecem a bebida pros homens para terem tesão na hora de transar. So-Young, quando vai para o médico fazer exames, descobre estar com gonorréia: além disso, o médico é atacado por uma filipina que cisma que o filho dela é dele também. Ela vai presa, e So -Young acaba adotando o menino. Ela também é contratada por idosos para ajudá-los-los a se matarem. O filme tem uns breves momentos de humor, mas no geral ele é bastante dramático e o desfecho, muito melancólico e trágico. Fiquei arrasado. Vale pelo maravilhoso trabalho da atriz principal, e também pelo ótimo elenco de apoio.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Uma razão para viver

"Breathe", de Andy Serkis (2017) Drama biográfico, que narra a história de Robin Cavendish ( Andrew Garfield), um ex-militar inglês que depois entrou para o ramo de comercialização de chá inglês na Africa. Em 1957, aos 27 anos, ele se casou com Diana (Claire Foy, protagonista de "The crown"). Um ano depois, Robin contraiu Poliomielite, deixando-o totalmente paralisado do pescoço para baixo, e tendo que respirar através de aparelho. O médico lhe deu 3 meses de vida, mas Diana resolveu levá-lo para casa e cuidar dele. Robin viveu até os 64 anos, falecendo em 1994, contrariando qualquer diagnóstico médico. Ele ajudou a criar aparelhos que tornassem a vida do portador da doença menos sofrida, e advogou em causas que defendessem pacientes portadores. O filme ficou mais famoso mundialmente por ser a estréia de Andy Serkis, ator que dá vida aos personagens virtuais Cesar, de "O planeta dos macacos" e Smeagul, de "O senhor dos anéis". Andy, curiosamente, resolveu investir em um dramalhão sem efeitos digitais, bem no estilo das produções da Bbc. O único efeito de fato que o filme tem, é o de duplicar o ator Tom Hollander, que interpreta s gêmeos irmãos de Diana. O longa foi produzido por Jonathan Cavendish, filho do casal, que queria perpetua a imagem da família que unida, venceu barreiras. Infelizmente, o filme tem 2 questões: longo, sem ritmo, um verdadeiro dramalhão sem viço. Depois, a maquiagem, que destruiu o trabalho dos atores. Todos envelhecem mais de 40 anos, e continuam com a mesma cara, apenas embranquecendo os cabelos. Ficou horrível, principalmente para Andrew Garfield e Claire Foy, que tem rostos joviais e que ficaram patéticos aos 60 anos de idade. Ficou a boa intenção do projeto. Nem sei como convidaram Andrew Garfield, que nem é um ator inglês.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O destino de uma nação

"Darkest hour", de Joe Wright (2017) Difícil pensar nesse filme sem ter em mente "Dunkirk", de Christopher Nolan. Os 2 filmes se complementam: enquanto "Dunkirk" aposta na ação, "O destino de uma nação" fala sobre os bastidores do Poder que culminaram na decisão de Churchill em convocar civis para ajudar no resgate dos soldados na Ilha francesa. Também absolutamente impossível imaginar outro Ator que possa ter dado vida a Winston Churchill conforme retratado pelo Cineasta de "Desejo e reparação" e " Anna Karenina". Gary Oldman está monstruosamente soberbo, debaixo de kilos de maquiagem e prótese. Seu sotaque, maneirismos, trabalho de corpo, tudo é milimetricamente estudado. No mes de Maio de 1040, a Inglaterra vive um verdadeiro tumulto no Governo: o primeiro Ministro Neville Chamberlain é obrigado a renunciar, e em seu lugar, é aprovado Winston Churchill. Apesar de não ser a escolha do Parlamento, porém acaba sendo a única opção, pois é acolhido pela oposição. Enquanto tenta ganhar a confiança do Governo, Churchill precisa lidar com o eminente avanço do poderio de Hitler, e para isso, toma decisões estratégicas polemicas, que provoca pavor em todo o alto escalão. Tecnicamente, o filme é um acerto em tudo: fotografia de Bruno Delbonnel ( de "Amelie Poulain"), trilha sonora empolgante de Dario Marianelli, além de figurino, maquiagem e edição. O elenco, além de Oldman, brilham Kristin Scott Thomas, como sua esposa Clemmie, Ben Mendelsohn, como o Rei George IV, Lily James, como a secretária Elisabeth e um elenco de apoio com os melhores atores ingleses que existem. A cena do Metro é antológica, quando Churchill, que nunca havia andado de metrô, decide pedir a opinião do povo para a sua decisão.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

O estrangeiro

"The foreigner", de Martin Campbell (2017) O cineasta Martin Campbell dirigiu vários Blockbusters: " A marca do Zorro", 007 Cassino Royale", "Lanterna verde", entre outros. 2m 2010, ele dirigiu "O fim da escuridão", com Mel Gibson, e que se assemelha bastante a esse filme. A trama fala sobre um homem movido pela vingança pelo assassinato de sua filha. Em "O estrangeiro", baseado no livro "The chinaman", Jackie Chan vive esse homem amargurado pela morte cruel de sua filha, em uma explosão reivindicada por uma facção do Ira. Quan (Chan) é um imigrante chinês que fugiu da China para Londres. Dono de um restaurante chinês, ele larga tudo para ir até a Irlanda e descobrir quem são os assassinos de sua filha. Para isso, ele usa táticas de guerra, quando ele serviu no exército. Seu caminho cruza com o de Liam (Pierce Brosnan), agente do governo que se recusa a fornecer os nomes dos supostos terroristas. "O estrangeiro" representa uma virada na carreira de Jackie Chan, não pela qualidade do filme, mas sim pelo gênero. O filme tem cenas de ação, mas são poucas, e ele investe mais no drama. Chan está ótimo, e a gente torce por ele. O problema é que o roteiro investe em inúmeras tramas paralelas ( e são muitas!! ) que não envolvem Chan diretamente, o que faz ele sumir de cena por um bom tempo. Tem diversas tramas de adultério, traições políticas, etc. A gente quer ver cenas de Jackie Chan, e a segunda parte ele quase desaparece, para somente retornar no final. Mas enfim, vale assistir, para quem é fa dele, para encontrar um registro diferente.

Geometria

GEometria
"Geometria", de Guillermo del Toro (1987) Divertido curta-metragem dirigido por Guillermo del Toro em 1987 ( é a sua 2a experiência em direção), o filme é uma homenagem ao cinema de Mario Bava e Lamberto Bava, Mestres do terror trash italiano. Del Toro se utiliza de efeitos de maquiagem toscos e da fotografia repleta de tons azul e vermelho nesse seu conto de terror. Um adolescente recebe nota ruim em geometria. Sua mãe debocha dele. O rapaz resolve evocar um demônio para ajudá-lo na matéria, mas as cosias saem erradas. Morri de rir, tudo no filme é divertidamente trash: a dublagem, as atuações, a maquiagem, os efeitos e a história. Bela estreia do consagrado cineasta mexicano, especialista em filmes de fantasia e terror.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Salto no vazio

"Salto no vazio", de Cavi Borges e Patrícia Niedermeier (2017) O Cineasta Cavi Borges é o mais prolífico realizador do Cinema independente brasileiro. Ele escreve, dirige, fotografa e ainda produz tantos os seus filmes, quanto os filmes de Cineastas-chaves do Cinema autoral: Luiz Rosemberg Filho, Luiz Carlos Lacerda, Sergio Ricardo, entre outros. No final de 2013, Cavi conheceu a atriz e bailarina Patrícia Niedermeier durante o Festival de Cinema do Rio e a parceria aconteceu em todos os níveis: pessoais e artísticos. A partir de então, Patricia protagonizou alguns dos longas do Cineasta Luiz Rosemberg Filho, entre eles, "Dois casamentos" e "Guerra do Paraguay", ambos com excelente crítica e receptividade em Festivais no Brasil e no mundo. Em 2014, Patricia dirigiu sua primeira experiência no cinema: o curta "Beijo azul", cuja inspiração veio do artista plástico francês Ives Klein, que criou um tom de azul chamado IKB (Internacional Klein Blu). O filme apresenta um longo beijo ininterrupto de Cavi e Patricia contra o mar, adornados pelo azul IKB. Esse curta foi o ponta pé inicial para a realização desse belíssimo Longa-ensaio "Salto no vazio", finalizado em 2017. "Salto no vazio" é um filme-ensaio que de imediato me remeteu a filmes clássicos do Cinema que utilizaram o ecrán como porta-voz de suas reflexões acerca do Artista: "La jeteé", de Chris Marker, "Nossa música" e "Adeus `a linguagem", de Godard, "Hiroshima, mon amour", de Alain Resnais. Cavi e Patricia viajaram para vários países por conta dos Festivais de Cinema, e nessa peregrinação, filmaram vários videos-ensaios de Patricia fazendo performances de dança, uma de suas grandes paixões, porém se apropriando de uma linguagem cinematográfica para dar dimensão a suas inquietações. O roteiro de "Salto no vazio" une esses vídeos a um registro ficcional/documental a respeito de um casal ( ela atriz e bailarina, ele fotógrafo de guerra) que se conhecem no Festival de Cannes em 2014 e a partir daí, se encontram pelo mundo (algo semelhante ao recente " Love film Festival", porém, com um olhar mais Cinéfilo e experimental). Em linda narração, a Atriz (Patricia) expõe em carne viva seus anseios, seu amor pelo fotógrafo, seu desejo por um mundo melhor e mais justo. Ela usa como metáfora a cartografia ( o filme apresenta vários Mapas) e assim, ela traça o seu mapa pessoal, emotivo, que a conduzirá para vários caminhos ( do amor, da Arte) e por fim, para um abismo existencial, em antológica cena que fecha o filme ( a Atriz se jogando de um precipício com fundo azul IKB). O personagem do fotógrafo é narrado com precisão pelo ator Alexandre Varella (as fotos foram cedidas pelo espanhol Mano Brabo). Vamos torcer para que o filme seja exibido nos Festivais e no circuito ( o caminho da distribuição do filme independente no Brasil é uma grande tragédia) e assim, poder ser apreciado pelo público, que não pode ficar de fora dessa viagem emocional pela alma e pelo coração de 2 amantes do Cinema.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Abracadabra

"Abracadabra", de Pablo Berger (2017) Diretor de 2 grandes sucessos espanhóis, "De cama para a fama" e " Blanca nieve", o cineasta Pablo Berger escreveu e dirigiu "Abracadabra", que foi um dos finalistas para concorrer ao Oscar estrangeiro 2018 pela Espanha, mas acabou perdendo para "Verão 1993". O filme, assim como as produções anteriores de Pablo Berger, tem um pé no comercial e outro no bizarro. Misturando gêneros ( comédia de humor negro, suspense, drama) que nem sempre funcionam em conjunto, " Abracadabra" tem um olhar nostálgico para os anos 80, através da trilha sonora repleta de hits da época ( "I'm not in love", " Abracadabra") e de ícones (Farrah Fawcet, Pac Man) A história é estranha: um casal, Carmen (Maribel Verdú, musa de Pablo Berger) e Carlos (Antonio de la Torre) moram com sua filha adolescente em um bairro de classe média. Carlos é machista e viciado em futebol. Durante a cerimonia de casamento do sobrinho de Carmen, Carlos se torna voluntário de um hipnotizador durante a festa de casamento. Sem saber, o espírito de um serial killer 'baixa" em Carlos. Carmen fará de tudo para expulsar o espírito. O filme fez grande sucesso na Espanha, e une grande atores do cinema espanhol, tanto nos protagonistas, quanto no elenco de apoio. Infelizmente, a mistura de gêneros e a história não funcionam muito bem. O filme tem alguns poucos momentos divertidos e interessantes, de resto tudo é bastante over ( por ex, a cena do corretor comentando os assassinatos no apartamento alugado). Fico imaginando o Cineasta Alex de la Iglesia, um expert em filmes bizarros, dirigindo esse filme. teria sido bem mais interessante. O desfecho, no universo paralelo, é estranho, muito estranho. Acaba que no final das contas, o filme é um libelo das mulheres contra a ignorância e violência dos homens.

I Still love you

"I Still love you", de Henrique Faria (2014) Curta independente financiado pelo publicitário e Curta-metragista Henrique Faria, totalmente rodado em Amsterdam. O filme faz parte de um projeto do Diretor, que quer rodar um curta em cada País da Europa. Em "I still love you", acompanhamos o romance de Christina e Dolores, duas mulheres que se conhecem ao andar de bicicleta nas ruas da cidade. Elas se apaixonam, se amam e vivem belos momentos juntas, até que uma notícia mudará o rumo da história das duas. Belamente fotografado pelo brasileiro Felipe Meneghel, é um filme de belas imagens, sem diálogos, apenas com atmosfera e sensações. https://vimeo.com/48274609

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Viva- A vida é uma festa

"Coco", de Lee Unkrich e Adrian Molina (2017) Dirigido por Lee Unkrich, do excepcional "Toy Story 3", " Viva - A vida é uma festa" é um hino ao amor à união da família, `a memória dos entes queridos e principalmente, a paixão pela música. Com esses ingredientes, o roteiro com argumento de Lee Unkrich faz todo o Cinema se emocionar e se debulhar em lágrimas de felicidade. Ambientado em uma cidade fictícia do México, o filme acompanha a trajetória de Miguel, um menino de 12 anos que deseja ser músico. Mas um passado familiar ( seu tataravô abandonou esposa e a filha Coco para seguir a carreira da música), fez com que toda a família abolisse a música na família, proibindo Miguel de cantar. Frustrado, e sem poder participar do Concurso musical do Dia dos Mortos, Miguel invade o Museu de Ernesto de La Cruz, famoso músico já falecido, e tenta roubar o violão. Ao primeiro acorde, Miguel é imediatamente transportado para o mundo dos mortos, onde conhece Hector, um malandro. Miguel também reencontra seus parentes falecidos, e pede ajuda a todos para voltar ao mundo dos vivos. Com um roteiro bastante criativo e concepção visual formidável, o filme conquista o espectador com personagens extremamente carismáticos, um vilão odioso e músicas sedutoras, ou seja, tudo o que amamos nos filmes da Disney Pixar. Na verdade, a história chega a ser complexa, e para os pequenos pode soar confusa. O desfecho é absolutamente comovente. Imperdível.

Visage Villages

Visage Villages", de Agnes Varda e Jr (2017) Super premiado documentário dirigido pela Cineasta Agnes Varda e pelo fotografo e artista plástico Jr (Venceu, entre outros, a Palma de Ouro de Melhor documentário em 2017, e Premio especial do Juri na Mostra de Sao Paulo). Agnes Varda dirigiu alguma sobras primas da Nouvelle Vague: " Cleo de 5 `as 7" e " As duas faces da felicidade". Ela tem 89 anos e, em 2015, se juntou ao fotógrafo Jr, de 33 anos, para produzirem projetos em comum. "Visage villages" é o resultado dessa parceria. Ambos saem na van de Jr ( que tem a foto de uma câmera fotográfica estampada na carroceria) e viajam pela França do interior, rural. eles entrevistam anônimos, tira, fotos e ampliam as foto, colando nas fachadas de casas e prédios. A idéia é discutir a memória, fazendo com que os passantes se questionem quem são aquelas pessoas apresentadas nos murais. Muitos dos anônimos possuem histórias de vida emocionantes. Imediatamente me lembrei dos filmes de Eduardo Coutinho, pela forma humanista e carinhosa com que as pessoas são entrevistadas. No meio disso tudo, Agnes Varda e Jr discorrem sobre feminismo, classe operária , morte e principalmente, o Cinema. Godard é um grande homenageado: Varda apresenta o curta que ela filmou com ele como ator em seu filme "Cleo de 5 `as 7', ela vai visitá-lo em sua casa ( e ele não está presente) e homenageiam a famosa cena da corrida dentro do Museu do Louvre no filme "Bande a parte". O curioso é saber que Varda está perdendo sua visão, e Jr nunca tira seus óculos escuros. Através desses olhares tão particulares, somos convidados a testemunhar historias de vida de anônimos e desses 2 famosos artistas franceses.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

O presente

"O presente", de Jacob Frey (2014) Emocionante curta de animação, vencedor de mais de 20 prêmios internacionais. Por conta disso, o seu Diretor foi convidado pela Disney para fazer parte de sua equipe de animação. Jacob é o típico adolescente: passa o dia todo jogando games em casa, sem se comunicar com ninguém. Até que sua mãe lhe traz um presente, que de imediato, Jacob recusa: um cachorro deficiente, sem uma pata. Conciso ( são menos de 4 minutos), divertido e comovente, fará a alegria de todo mundo que é apaixonado por animais, além de ter um plot twist no final, que surpreenderá a todos. Recomendado. https://www.youtube.com/watch?v=WjqiU5FgsYc

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

A guerra dos sexos

"Battle of sexes", de Jonathan Dayton e Valerie Faris (2017) Dirigido pelos Cineastas de "A pequena Miss Sunshine", "A guerra dos sexos" conta a história real da partida de tênis entre Billie Jean King (Emma Stone), a número 1 do Tênis feminino, contra o ex-campeão mundial Bobby Riggs. (Steve Carrel), um assumido machista. A partida ficou famosa em 1973 porque Billie iniciou uma campanha feminista que pregava igualdade de salários e condições para as mulheres: os homens ganhavam 8 vezes mais do que elas. Tecnicamente, o filme é perfeito em tudo: Direção precisa e emocionante, que vai num crescendo de emoção; edição frenética; trilha sonora , direção de arte e principalmente, a fotografia do Oscarizado Linus Sandgren, de "La la Land", que repete aqui os tons azulados do filme. Mas o que mais gostei do filme, foi o sub-plot da paixão de Billie por uma mulher, Marilyn Barnett. Billie fica num grande conflito. Esse tema foi bem explorado, com muita sensibilidade. O que não gosto do roteiro, eé aquela visão de que nenhum homem presta: ou são escrotos, ou machistas, ou fracotes e sem postura, como o marido de Billie. Não tem um homem que seja bacana.

Audition

"Audition", de Adam Tyree (2015) Excelente curta que retrata o assédio indireto de um Diretor/Produtor durante uma audição de um filme de baixo orçamento. Carson (Bret Green) é um jovem ator, aspirante a criar uma carreira. Ele chega para uma audição, e se depara com homens bonitos aguardando o teste. Quando o chamam, ele faz o teste com um Diretor/Produtor ( que nunca tem seu rosto apresentado). Após a costumeira cena com texto decorado, e também, com opção de atuação, o Diretor sem mais nem menos pede pro ator tirar a roupa. Sentindo-se pressionado, ele fica totalmente nu. O Diretor então diz que ele aguarde a resposta em casa, pois terá que fazer testes com outras pessoas. O Ator pergunta o valor do cache: O Diretor diz: ' 40 por dia, afinal é um filme de baixo orçamento". Excelente oportunidade para todos se perguntarem o quanto vale se expor para projetos que talvez nunca vejam a luz do dia. e também questionar porque fazerem cenas de nu em testes, uma vez que ainda nem foram aprovados. Simples, direto, cruel, obrigatório para atores. Acionem a legenda em inglês. https://www.youtube.com/watch?v=ODFjweYZtjA&t=29s

Eu, Tonya

"I, Tonya", de Craig Gillespie (2017) Cinebiografia sobre a incrível história da premiada patinadora americana Tonya Harding, que após ser acusada de ser cúmplice num atentado contra a sua rival, Nancy Kerrigan, foi punida e proibida de patinar pelo resto da vida. Depois disso, ela se tornou boxeadora e atriz. O cineasta Craig Gillespie ´´bem eclético: ele dirigiu a comédia com Ryan Gosling "Lars e a garota real", o terror "A hora do espanto" e a aventura " Horas decisivas". Com essa biografia, Craig Gillespie arranca de seus atores o máximo de performance. Margot Robbie, que protagoniza e também produz o filme, está impressionante, e as cenas da patinação, segundo eu pesquisei, foi ela mesmo ( com exceção d acena do triplo Axel, que houve computação). Allison Janney, no papel de sua mãe megera LaVona Golden também está incrível e tem ganho todos os prêmios de atriz coadjuvante. Sebastian Stan, que interpreta seu marido Jeff, fez o Buck Barnes em "Capitão America". O filme me lembrou bastante " O touro indomável", elo retrato do esportista e da violência doméstica que ela presencia em casa diariamente. Sua mãe e seu marido Jeff constantemente a batiam e praticavam bullying nela. A reconstituição de época e a trilha sonora, repleta de clássicos pop dos anos 80, estão impecáveis. O filme se utiliza da narrativa do Mockmentary, que é o documentário fake: os atores falam pra câmera e narram o filme como se tudo fosse real.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Incerto

]] "Uncertain", de Luis Fernando Midence (2009) O Cineasta americano Luis Fernando Midence comecou sua carreira trabalhando no Departamento de efeitos visuais de vários filmes, entre eles, " A crônica de Narnia". Diretor de vários curtas, em "Incerto" ele recebeu vários prêmios internacionais. Ele escreveu a história baseada na história real do suicídio de 3 adolescentes na Califórnia: Carl Joseph Walker-Hoover, Eric Mohat e Jaheem Herrera em 2009. Após depoimentos, descobriram que os 3 se mataram por conta do bullying que sofriam na escola e em casa pelo fato de serem gays. No curta, o protagonista é Anson, um menino de 10 anos que está em um carro e é deixado em um enorme campo pelo motorista. Ao descer ali, ele encontra um homem que lhe faz perguntas. Logo, descobrimos que Anson tomou pílulas para se matar e no momento, ele está no limbo, entre a vida e a morte. O filme poderia ser visto como filme espírita. Fala sobre a possibilidade de revermos nossa vida e repensarmos nossa trajetória. Infelizmente, o filme é mal executado e os atores são fracos, inclusive o efeito. Ficou a boa vontade.

Jovem Mulher

Jovem Mulher
"Jeunne femme", de Léonor Serraille (2017) Que maravilha de filme! Adoro filmes sobre personagens loosers, eles são extremamente carismáticos justamente porque nos identificamos com eles. Desemprego, crise no relacionamento, tensão em entrevista de emprego, vergonha de ter aquele amigo reconhecendo você em sub emprego.... Paula ( Laetitia Dosch) está cagando para whastapp, celulares, computadores e redes sociais. Ele quer amor real, ela quer trabalho real. ela é uma pessoa real. Parece um filme anacrónico, mas ela é assim. A sua carência afetiva e profissional, ela desconta de várias formas, mas ao longo do filme, ela passará por um processo de redescoberta,a final, ela não é mais nenhuma menininha sem futuro e mimada e nem quer ser igual a sua mãe. Todo rodado em Montparnasse, o filme tem sketches maravilhosas, como a lésbica que a confunde com uma antiga crush, o segurança africano todo sedutor e educado, a filha da patroa que passa um dia de felicidade com ela num shopping. A atriz Laetitia Dosch, que eu não conhecia, é extremamente apaixonante. Ela compõe esse personagem vibrante visceral, divertido, melancólico com muita garra e cores variadas. Recomendado. O filme ganhou vários premios internacionais, entre eles o prestigiado "Camera D'or", de Cannes 2017, melhor filme.

Em Busca de um Beijo à Meia-noite

"In Search of a Midnight Kiss", de Alex Holdridge (2007) Ufa, pela 1a vez vejo uma cena de um casal que acorda de manha cedo e masca chiclete antes de darem um beijo. Assim, é a deliciosa comédia romântica "Em Busca de um Beijo à Meia-noite", escrita e dirigida por Alex Holdridege. Em um misto de diálogos ácidos e corrosivos de Woody Allen, e a narrativa em tempo real de Richard Linklater e sua trilogia "Antes do amanhecer", o filme acompanha 2 jovens solitários que se conhecem no dia 31 de dezembro, `as vésperas do ano novo em Los Angeles. Wilson (Scoot McNairy) tem 28 anos, está desempregado e passa boa parte do dia trancado em seu quarto. Ele divide o apto com o casal Jacob e Min. Cansados da atitude misantropa de Wilson, o casal o abriga a criar um perfil em uma rede social para que ele possa conhecer alguém no dia 31 de dezembro e não passar essa data sozinho. Descrente, Wilson acaba topando criar o perfil ( na verdade, ele está depressivo pelo término com seu namoro de anos e se fechou pro mundo). Para sua surpresa, ele recebe um chamado de Vivian (Sara Simmonds), que quer conhece-lo. Eles passam então a noite e amanha toda conversando e caminhando por ruas de Los Angeles. Com um excelente roteiro e uma atuação brilhante do casal principal, o filme emociona, diverte e faz pensar bastante sobre os nossos sonhos que por algum motivo não se tornaram realidade (Wilson quer arranjar um emprego, Vivian quer ser atriz). A fotografia em preto e branco intensifica a melancolia dos personagens, e a trilha sonora , composta por rock folk, igualmente traz um tom acridoce. E' uma ótima pedida para se assistira qualquer momento e acompanhar dois belos atores em atividade, trazendo naturalismo `as suas interpretações, com drama e humor. De quebra, um belo passeio cinematográfico pela cidade de Los Angeles.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Something real

"Something real", de Guy Shalem (2012) Divertido curta musical lgbts, com música composta pelo premiado compositor vencedor do Tony (por "Avenida Q"), Jeff Marx. Um jovem deprimido pelo rompimento do seu namoro, resolve ir `a uma balada para fazer uma nova conquista. Chegando lá, ele reencontra o ex, mas falta-lhe a coragem de chegar junto e pedir desculpas. Dividido em 2 partes, "Something real" brinca com a linguagem do musical e da narrativa em primeira pessoa. Na primeira parte, acompanhamos os frequentadores da boite, gente de todos os tipos: musculoso, idoso, negro, oriental, gogo boy, trans, cada um deles tem um pensamento em off sobre o que vê em sua volta. E' de fato, engracadissimo. Logo depois, todos se juntam em um grande musical, cantando e dançando, até que o jovem resolve olhar fixamente para o ex e tomar coragem para falar. Kitsch, é um filme para rir e descontrair, com uma bela mensagem no final. https://vimeo.com/42238318