quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O Rei da droga

"Ma-yak-wang", de Woo Min-ho (2019) Épico sul coreano protagonizado por dois dos maiores astros do País: Song Kang-ho, ator fetiche do Cineasta Bong Joon Ho ( de "O hospedeiro", "Memórias de um assassino", "Parasita") e Donna Bae, de "Sense 8" e "A viagem". O filme, com exagerados e intermináveis 140 minutos, narra a ascenção e queda do maior traficante do País, Lee Doo-sam (Song Kang Ho), que em 1972, se associou aos japoneses e se tornou o pioneiro na venda de "Speed"(metanfetamina). O filme remete o tempo todo a 'Scarface", de Brian de Palma", mas infelizmente sem o mesmo brilhantismo e fúria visceral repleto de sangue e violência. Aqui a porradaria é comedida, focada na luta do promotor Kim In-goo em querer incriminar Lee Dom San como traficante, mas devido às costas quentes do mesmo, não consegue levá-lo à prisão. O filme é uma super produção, com muitas locações, figuração, efeitos, e esbanjando na direção de arte e figurino. Mas é um filme monótono, sem viço, e que mesmo o talento dos grandes astros do País, não consegue seduzir o espectador. Filme de traficantes, na boa, já esgotou a cota. Os roteiristas precisam trazer elementos novos dentro desse tema. O melhor do filme é sua trilha sonora recheada de clássicos disco dos anos 70, como "Sky high".

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

A despedida

"The farewell", de Lulu Wang (2019) Considerado pela crítica mundial como um dos melhores filmes do ano, "A despedida"venceu inúmeros prêmios, incluindo o Prêmio do público em Sundance London 2019. Presença obrigatória em qualquer lista de possíveis candidatos ao Oscar de melhor filme em 2020, "A despedida" foi escrito e dirigido pela cineasta sino-americana Lulu Wang, baseado na história de sua avó. Billi (Awkwafina, a brilhante e divertida Peik Lin Goh de "Podres de ricos"), se mudou criança para Nova York. Adaptada aos costumes americanos, Billi é uma escritora que ainda não encontrou o sue lugar no mundo. Morando com seus pais, Billi é apaixonada pela sua avó, Nai Nai (Shuzhen Zhaom comovente), que mora no município de Changchun, na China. Billi descobre, através de seus pais, que Nai Nai está com câncer maligno no pulmão e com pouco tempo de vida. Billi quer ir visitá-la, mas seus pais a proíbem: eles dizem que irão mentir para Nai Nai de que ela está bem, e reunião a família com o pretexto do casamento do neto dela, uma forma para que todos a vejam pela última vez. Os pais proíbem Billi de ir pois sabem que ela não resistirá à emoção de reencontrar a avó e acabará entregando a mentira, que é um costume cultural chinês, para que os doentes morram felizes e se despedindo de seus entes queridos. A cineasta Lulu Wang consegue filmar essa história triste com muita sensibilidade , através de atuações extraordinárias de todo o elenco, e conduzindo com maestria a direção: Planos belamente enquadrados, trilha sonora poderosa, imagens poéticas, e mais, evitando a pieguice. Impossível terminar esse filme sem querer sentir que o amor ao próximo às pessoas queridas é o que realmente importa nesse mundo. A cena da família, comemorando no túmulo do avô falecido, é antológica e ao mesmo tempo, hilária. Obrigatória aula de direção.

Bons meninos

"Good boys", de Gene Stupnitsky (2019) Lembram do seriado "Os batutinhas", série clássica dos anos 30 onde as crianças eram todas pestinhas? Pois agora, em plenos 2019, houve um amadurecimento desse universo infantil: as crianças, com idades de 10 anos de idade se relacionam com drogas, brinquedos sexuais, bebidas e muita putaria. Co-produzido por Seth Rogen e Jonah Hill, dos dois maiores comediantes americanos que ficaram famosos por passearem no universo da comédia politicamente incorreta, "Bons meninos"é um filme adulto protagonizado por crianças. ë palavrão do início ao fim, em referências sexuais de fazerem 'American Pie" corarem. Mas de verdade, alguém hoje em dia se choca de ver um menino de 7 anos beijando uma menina da mesma idade na boca? Ou de crianças simularem sexo com uma Boneca erótica ou vendo sites pornôs? Jacob Tremblay, o ator prodígio de "O quarto de Jack" e "Extraordinário", estréia na comédia da forma mais bizarra possível: junto dos meninos Keith L. Williams e Brady Noon, eles interpretam Max, Lucas e Thor. Melhores amigos, repletos de testosterona, estão doidos para frequentarem a festa da colega Hannah (Molly Gordon, mesma atriz que também faz par romântico com Jacob Trambley em "Extraordinário"). Só que eles acabam se envolvendo sem querer com traficantes e usuários de drogas. Para quem assiste filmes que envolvem festas e confusões, esse filme não trará nenhuma novidade em termos de roteiro: são os mesmos clichês de sempre. Claro que o frescor daqui vem do elenco infantil, e fico até pensando como os pais reagirão aos seus filhos pequenos assistindo todas as putarias dessa garotada daqui do filme. Se forem pais que quando adolescentes, assistiram as comédias dos anos 90, repletas de politicamente incorreto, irão amar. Meu senão é a duração do filme: com um roteiro tão simples, fica cansativo assistir aos 90 minutos de situações manjadas em filmes como "SuperBad". Assistam pela criançada, excelentes.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Bate coração

"Bate coração", de Glauber Filho (2019) Divertida e emocionante comédia dramática que é um dos primeiros filmes espíritas que trata do universo de personagens LGBTQI+ com muito humor e belas mensagens de aceitação e de transformação, sem ser doutrinário ou pedante ao querer transmitir as suas mensagens. Co-diretor dos dramas espíritas "Bezerra de Menezes" e "As mães de Chico Xavier", dessa vez Glauber se une ao Cineasta cearense Halder Gomes, que é produtor associado, e traz personagens cômicos, que parecem ter saído de "Cine Holliudi". Sandro (André Bankoff), um machista e paquerador, tem sua vida transformada quando, na noite do reveillón passa mal e é obrigado a fazer uma cirurgia de transplante do coração. O coração é de Isadora Sunshine (Aramis Trindade), travesti que é dona de um salão de beleza e ex-performática de uma boite. Com o coração transplantado, Sandro passa a mudar seu comportamento, passando a ter trejeitos afeminados, para desespero de seus colegas de trabalho. Paralelo, sua ex-esposa, Claudia (Heloisa Jorge), tenta gerenciar o salão, que está quase falido, e para isso, conta com a ajuda de amigas travestis de Isadora e do filho dele, que vem para buscar o paradeiro do pai, sem saber que ele virou a travesti Isadora. O filme lida com muitos temas: homofobia, machismo, doação de órgãos, espiritismo, bullying. O grande mérito do filme, é unir um time de excelentes atores que conseguem dosar drama e comédia: André Bankoff, Aramis trindade, Paulo Verlings, Ilvio Amaral, Maurício Canguçu, Heloísa Jorge, entre outros artistas hilários não têm medo de investir na caricatura de seus personagens e vão fundo. A caracterização dos gays assusta no início, mas aí quando a gente entende que é o universo da treslouquice de Halder Gomes, tudo faz sentido. A trilha sonora é repleta de clássicos disco brasileiras, como Frenéticas, Lady Zu, entre outros.

O assassino

"Der totmacher", de Romuald Karmakar (1996) Denso drama alemão que retrata as últimas seis semanas de vida de Friedrich Heinrich, também conhecido como o Vampiro de Hanover, um famoso psicopata alemão, executado por causa do assassinato provado de 27 garotos alemães. Sua história inspirou Fritz Lang na sua obra-prima "M, o vampiro de Dusseldorf". Totalmente ambientado em um único cenário, o filme acompanha os relatos do Dr Ernst Schultze (Jürgen Hentsch), psicólogo que durante 6 semanas entrevistou Friedrich (Götz George) para poder provar que ele era são e assim, ser condenado à morte por decapitação. O filme se compõe de apenas 4 atores: além dos dois citados, tem um escrivão e uma vítima que sobreviveu ao ataque de Friedrich. O filme venceu o prêmio de melhor ator para Götz George no Festival de Veneza 1996. A sua composição para o assassino é mostruosa: alternando personas distintas, que vai do ingênuo ao meticuloso e pragmático, passando pelo frio e calculista assassino, descrevendo com requintes de crueldade como mutilava as suas vítimas e como as estuprava. É possível, apenas com a sua narração, imaginar as imagens brutais dos crimes. Os outros atores também estão brilhantes, e impressiona Pierre Franckh no papel d escrivão, que não diz uma palavra mas reage com minimalismo a todas as intenções das falas dos outros personagens, algo semelhante à secretária de Petra Von Kant na obra-prima de Fassbinder, que do início ao fim do filme não diz uma palavra. aA Alemanha indicou em 1996 o filme para uma vaga ao Oscar de filme estrangeira. É uma encenação ousada para ser exibida em cinema: rodado em um ambiente claustrofóbico, com apenas 4 personagens, totalmente verborrágico. O filme talvez funcionasse melhor em um palco, e aqui fica a dica para atores que buscam texto para montar no teatro.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Óleo sobre tela

"Al óleo", de Pablo Lavado (2019) Filme de estréia do cineasta espanhol Pablo Lavado, "Óleo sobre tela" é um drama produzido ao custo estimado de apenas 600 euros. Vendo o filme, é até impressionante que o filme, mesmo íntimo e com pouco personagens tenha conseguido uma qualidade técnica acima da média, considerando o valor de baixíssimo orçamento. Filmado na belíssima Serra de Málaga, o filme conta a história de Maria, uma jovem estudante de belas artes que decide visitar seu pai e seu irmão na fazenda deles. Ela sai de Madri com sue namorado Júlio e ao chegar na fazenda, deixa clara suas intenções: pedir ao pai ajuda financeira para que ela possa abrir sua galeria de artes. Ao mesmo tempo ela quer se reconectar com seu irmão, Hugo, que esconde a sua homossexualidade e seu interesse pelo primo Ramón, que trabalha na fazenda. Pablo Lavado deixa claro, ao realizar o filme, que possui um enorme fetiche pelo corpo masculino e o grande fascínio pelo nú masculino: todo o elenco aparece em nú frontal, incluindo o pai, em uma demorada cena de banho totalmente sem função, a não ser a de expor o seu corpo. Em outra cena, o namorado de Maria fica totalmente pelado na cama enquanto conversa com Maria, que está vestida. Um filme para voyeurs, com uma dramaturgia pobre e sem muito interesse, onde os conflitos são mínimos. Os atores são razoáveis, sem grandes performances. Destaque para as lindas locações.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Stupid young heart

"Hölmö nuori sydän", de Selma Vilhunen (2019) Drama barra pesada finlandês, foi o filme indicado pelo País para disputar uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2019. Dirigido e escrito por mulheres ( a roteirista Kirsikka Saari), 'Stupid young heart" lembra bastante o drama belga "A criança", dos irmãos Dardenne: um casal de adolescentes de 15 anos descobrem que estão grávidos. O pai, Lenni, é um irresponsável que mora com sua mãe e que não tem nenhuma ambição na vida. Lenni mora com sua mãe, abandonada pelo marido quando descobriu que ela estava grávida de Lenni. Kiira é uma aluna de dança e sonha em formar um grupo musical com suas amigas. Ela mora com sua mãe solteira e seus 3 irmãos pequenos. Lenni não quer o filho. Kiira quer manter. Para piorar, Lenni se une a um grupo neo nazista cujo alvo são os moradores da Somália que habitam o bairro. Você já viu esse filme dezenas de vezes, mas aqui tem o agravante do protagonista, Lenni, ser tão insuportavelmente chato e irritante que eu desejava o pior para ele o tempo todo. A roteirista caprichou no personagem, uma mala sem alça. Mesmo assim, Jere Ristseppä o defende com unhas e garras. Mesma coisa pode ser dita de Rosa Honkonen, excelente no papel da complexa Kiira, uma menina mulher que luta pela maternidade. O filme concorreu no Festival de Berlin e foi exibido no Festival de Toronto.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Jojo Rabbit

"Jojo Rabbit", de Taika Waititi (2019) Como não se apaixonar por um filme que começa com um número musical onde toca "I wanna hold your hand", dos Beatles em versão alemã, e que termina com outro número musical ao som de "Heroes", de David Bowie? Repleto de referências a filmes cults como "Moonrise kingdom", de Wes Anderson, "Et, o extraterrestre", de Steven Spilerbeg e "Bastados inglórios" de Quentin Tarantino, "Jojo Rabbit" venceu o Grande prêmio do público no prestigiado Festival de Toronto 2019. Ambientado em uma pequena cidade da Alemanha nazista, "Jojo Rabbit" narra a história de Jojo (Roman Griffin Davis, um absolutamente incrível ator mirim de 10 anos), uma criança absolutamente apaixonada por Hitler, a ponto de tê-lo como amigo imaginário (interpretado de forma absurdamente hilária pelo cineasta Taika Waititi). Jojo participa pela 1a vez de um acampamento para crianças nazistas, e lá ele conhece o Capitão Klenzendorf (Sam Rockwell, brilhante), que o ensina a matar judeus. Em uma prova, Jojo precisa matar um coelho, mas não consegue, sendo apelidado por todos de Jojo Rabbit, o covarde. Sua mãe, Rosie (Scarlett Johanson, responsável pela cena mais emocionante do filme), uma anti-nazista em segredo, esconde nos porões de sua casa a jovem judia Elsa (Thomasin McKenzie). Sem querer, Jojo descobre o esconderijo da judia e ameaça entregá-la, mas ele se apaixona por ela e a mantém trancada. Com cenas divertidas misturadas a um humor cáustico e muito melodrama emocionante, o filme é um primor de diálogos, baseado no livro de Christine Leunens. Todo rodado em Praga, o filme é um épico sobre aceitação, amor incondicional à figura da mãe e também, uma fábula nostálgica que traz uma metáfora dos dias sombrios de hoje: como a extrema direita consegue seduzir uma juventude alienada, que nem sabe o porquê expressa tanto ódio pelas minorias. O elenco de apoio conta com os ótimos Rebel Wilson e Alfie Allen, interpretando oficiais nazistas. Ousado pelo tema, polêmico e corajoso, o cineasta neo-zelandês Taika Waititi é um dos maiores cineastas que atuam em Hollywood: além de "Thor Rognarok" e a sátira vampiros "O que vemos nas sombras", ele comandará o próximo 'Thor"e "Flash Gordon".

Atleta

"Athlete: Ore ga kare ni oboreta hibi", de Oe Takamasa (2019) Drama LGBTQI+ japonês, repleto de romantismo e amor verdadeiro, um filme ideal para quem acredita no despertar de sua sexualidade e luta pela sua paixão. Sim, é um filme exacerbado no quesito amor, um melodrama mexicano em formato de filme japonês, mas delicioso de se assistir, tanto pelo talento dos atores, quanto pelo inusitado de se assistir a um filme japonês que investe bastante no romance. Kohei é um ex-nadador profissional que agora trabalha como professor de natação de uma academia para crianças. frustrado na profissão e na vida pessoal, Kohei acaba sendo abandonado por sua esposa, que pede divórcio, e pela sua filha, que vai morar com ela. Abandonado, Kohei acaba parando em um bairro gay de Tokio, depois de uma noite de bebedeiras. Ele acaba conhecendo o jovem Yutaka, que o leva para casa. Ao acordar, Kohei agradece Yutaka, que permite que ele more por ali por um tempo. Yutaka é um chat-boy, garoto contratado por gays solitários para conversar pela internet. O sonho de Yutaka é ser animador e ir trabalhar no Festival de animação de Aneci, na França. Kohei e Yutaka acabam se apaixonando. Mas Yutaka precisa resolver seu problema com sue pai enfermo, que não sabe da homossexualidade do filho. Kohei também precisa descobrir uma forma de falar com sua filha sobre a sua descoberta sexual. O filme tem vários sub-plots, que falam sobre aceitação e sobre viver a vida de uma forma livre e feliz. Os dois protagonistas trabalham de forma intensa e se entregam aos seus personagens. Ambos são carismáticos e parecem personagens melancólicos saídos de um filme de Wong Kar Wai. Bela fotografia que explora a solidão e a noite triste de Tokyo.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Maria do Caritó

"Maria do Caritó", de João Paulo Jabur (2019) Adaptação da peça teatral de grande sucesso, escrita pelo pernambucano Newton Moreno e encenada por mais de cinco anos no País, "Maria do Caritó" é protagonizado por Lília Cabral no teatro e no cinema. Filme de estréia do diretor de televisão João Paulo Jabur, o longa traz referências conceituais de sucessos como "O auto da compadecida" e "Cine Roliúdi". Dos dois filmes, ele traz a ingenuidade e inocência dos personagens, que falam errado e com gírias locais do interior de Minas Gerais ( em 'Cine Roliúdi" é o cearencês, aqui é o mineirês). Lília Cabral é Maria do Caritó: uma mulher que mora no interior de Minas, em uma cidade que a considera uma santa: virgem aos 50 anos de idade, prometida por seu pai desde que ela nasceu que ela deveria permanecer virgem, como promessa por ter sobrevivido no parto. Com a mãe morta ao nascer, Maria é educada pelo seu pai para servir à Igreja e aos desejos do Coronel da cidade (Leopoldo Pacheco). Junto de sua amiga Fininha (Kelzy Ecard), Maria quer arrumar um namorado. Ao consultar uma cigana (Larissa Bracher), Maria fica sabendo que o seu amor virá na forma de um artista de circo, o charlatão Anatoli (Gustavo Vaz), da trupe do circo de Teodora (Juliana Carneiro da Cunha). O filme visualmente é bonito, com bela fotografia de André Horta e direção de arte de Sérgio Silveira. Alternando comédia com drama, "Maria do Caritó" quer resgatar um humor ingênuo que há tempos não surgia nas telas. Capitaneada por uma Lília Cabral carismática, comandando uma das cenas mais lindas do filme, quando ela canta um Pout Pourri de canções famosas, o filme conta com um excelente elenco de apoio. O filme traz um número exagerado de planos de drone, que não combinam com o conceito de filme simples e minimalista.

domingo, 20 de outubro de 2019

Quem você levaria para uma ilha deserta?

"¿A quién te llevarías a una isla desierta?", de Jota Linares (2019) Inicialmente uma peça de teatro, "Quem você levaria para uma ilha deserta?"foi adaptado pelo próprio autor para as telas. Todo rodado em Madrid, esse drama espanhol parte de uma premissa já bastante manjada, vista em cults como "O reencontro", "Amigos para sempre" e "Albergue espanhol": 4 jovens amigos, que dividem a mesma casa por um período de 8 anos, precisam sair de lá e darem um rumo às suas vidas. Na última noite antes da separação, eles vão para uma balada e enchem a cara. Ao retornarem à casa, ja bêbados, uma das amigas decide propôr uma pergunta para que cada um deles responda: quem eles levariam para uma ilha deserta? Uma das respostas desestrutura a relação de todos os amigos, e a partir daí, nada mais será o mesmo. O filme traz um olhar bastante melancólico para uma geração com sonhos mas que sabem que eles não acontecerão. Pela premissa, o filme parece que irá trazer um olhar mais adocicado e cômico na relação dos amigos, mas não: é bem realista, com muito drama, tristeza, frustração. São muitos os temas propostos no filme: saída do armário, amores frustrados, vida de artista, perda da inocência. O que o filme tem de melhor são os 4 protagonistas: os rapazes Ezse, Marco e as garotas Celeste e Marta. Em alguns momentos as falas saem muito gritadas, mas acredito que isso seja algo cultural. A tal da revelação é muito batido demais e óbvio, não acredito que algum espectador não saque o que será dito por um dos personagens. O filme carece de um ritmo mais dinâmico e um roteiro mais instigante. A maquiagem me incomodou bastante: está quente em Madrid verão, mas todos os personagens estão completamente encharcados, seja em casa ou na rua. Essa caracterização ficou falsa. A fotografia retrata bem a atmosfera madrillena, com direito a belos registros das cenas de sexo, exalando sensualidade.

Leste Oeste

"Leste Oeste", de Rodrigo Grota (2016) Premiado no Festival Cine PE 2016 com os troféus de melhor ator (Felipe Kannenberg) e melhor atriz (Simone Iliescu), "Leste Oeste" é o longa de estréia do curta-metragista paranaense premiado Rodrigo Grota. "Leste Oeste" foi rodado em 2 semanas, na cidade de Londrina, no Norte do Paraná, ao custo de apenas 140 mil reais. Rodrigo Grota ousa em sua estréia ao realizar um drama denso, existencialista, em boa parte silencioso e repleto de tempos esparsos na edição. O filme entrou em circuito reduzido e infelizmente foi pouco visto. Ezequiel (Kannenberg) é um ex-piloto de kart que abandonou a sua cidade há 15 anos, após uma tragédia que se abateu em sua família: seu irmão mais novo, João, também piloto, morreu em um acidente durante a corrida. A namorada de João na época, Stela (Iliescu), ficou grávida e hoje em dia, seu filho também quer ser piloto. Ezequiel e Stela têm uma paixão platônica mal resolvida. O pai de Ezequiel também deixou de falar com ele, acusando-o de falta de ambição. Ezequiel se encontra em um momento que, ou ele reata as relações com o seu passado, ou vai embora de vez. Provavelmente, o diretor Rodrigo Grota teve como referência a obra-prima de Win Wenders, "Paris Texas", para estruturar o roteiro de seu filme. A falta de comunicação entre as pessoas outrora amadas, o vazio, o existencialismo sufocante, e finalmente, a corrida como elemento de escape para uma vida afundada em tristeza. Os diálogos do filme acabam sendo redundantes e excessivos por conta da proposta de um filme sobre o desespero emocional. O filme tem um ritmo extremamente lento que muito provável, o torne um projeto para cinéfilos e não para um público mais amplo. A equipe fez milagre com a parte técnica do filme, que está de parabéns, com um valor de orçamento que mal paga muitos curtas -metragens lançados no País. Kannenberg e Simone possuem as cenas mais emocionalmente fortes do filme, e destaque vai para uma cena na esta cão de rádio, com Simone cantando uma música triste à capela.

Contato visceral

"Wounds", de Babak Anvari (2019) Fico tentando imaginar porquê os prestigiados Festivais de Sundance e o Festival de Cannes selecionaram esse péssimo filme de terror para concorrerem a prêmios? Cannes inclusive o escalou para o seleto Quinzena dos realizadores. O roteirista e cineasta iraniano Babak Anvari estreou em longas com o interessante filme de terror psicológico 'Sob as sombras", mostrando mãe e filha se mudando para um apartamento em Teerã supostamente dominado por espíritos. Agora com "Contato visceral", Anvari novamente se apropria do tema do sobrenatural, porém dessa vez, sem o mesmo sucesso. Armie Hammer protagoniza o filme, interpretando Willl, um barman gente boa. Uma noite, durante uma briga no bar, um grupo de adolescentes sai correndo e esquecem um celular. Will o leva para casa. No entanto, começa a receber mensagens estranhas e vídeos com imagens de cabeças decapitadas. Sua esposa Carrie (Dakota Johnson) pede para que ele devolva o celular, mas Will resiste. O filme tem um roteiro confuso e sem explicações, deixando muitos buracos na trama: quem eram os adolescentes? Porquê Will foi o escolhido? Que portal era aquele? o que aconteceu na cena final? Infelizmente, o roteiro não prende a atenção do espectador, com um ritmo lento e cenas toscas. O que mais me irritou foi: porquê diabos Will e Carrie não devolveram a porra do celular para a polícia? Sim, se tivessem feito isso, o filme teria acabado em vinte minutos. Mas fica difícil acreditar que Will testemunhando tanta merda, ainda continue tocando sua vida normalmente no trabalho como se nada tivesse acontecido. Armie Hammer, que já provou ser um excelente Ator em filmes como "Me chame pelo seu nome", está super no piloto automático e não convence muito como uma pessoa atordoada que vai enlouquecendo. Faltou sangue e adrenalina à história.

O loiro

"Un rubio", de Marco Berger (2019) Excelente drama LGBTQI+ argentino, dirigido e escrito pelo mais famoso cineasta de conteúdo gay da América Latina. Vencedor de prêmios e também concorrendo no prestigiado Festival de San Sebastian, o filme apresenta uma linda história de amor que floresce entre 2 homens heteros. Gabriel (Gaston Re), recém viúvo, se muda para o quarto de seu colega de trabalho Juan (Alfonso Barón). Gabriel tem uma filha pequena que mora com a avó, enquanto Gabriel tenta juntar um dinheiro para poder melhorar as condições da casa de sua mãe. Juan herdou a casa e costuma alugar o segundo quarto. Juan é mulherengo, e sua casa vive repleta de amigos. Porém, com o tempo, Gabriel e Juan vão criando uma relação de amizade que acaba se transformando em paixão, e ambos experimentam pela primeira vez, o amor entre iguais. Filmado com muita delicadeza e com cenas extremamente sensuais e eróticas, mas jamais apelando para a banalidade, "O loiro"tem duas atuações primorosas de Alfonso Barón e Gaston Re, que se entregam de forma plena aos seus personagens. Vocês raramente verão dois atores se amarem de forma tão sensual e apaixonada como esses dois aqui. A fotografia e a trilha sonora ajudam a dar um clima de romantismo. Marco Berger, diretor dos cults "Taekwondo", "Plano B"e "Tensão sexual", é um craque em filmar imagens homoeróticas. Suas cenas exalam sensualidade em altíssimo nível.

sábado, 19 de outubro de 2019

Sweetheart

"Sweetheart", de J.D. Dillard (2019) Concorrendo no Festival de Sundance, "Sweetheart" é um filme de terror produzido pela Blumhouse, que já nos trouxe "Corar", "The purge", "Feliz dia dos mortos"e "Atividade paranormal". Co-escrito e dirigido por J.D. Dillard, o filme foi todo rodado nas Ilhas Fiji e é uma mistura insana de "Náufrago", "O monstro da lagoa negra", "Predador"e "Tubarão". J.D. Dillard se apropria de elementos e referências de todos esses filmes, para narrar uma história bem simples, mas tecnicamente muito eficiente, dentro dos limites do baixo orçamento de um filme independente. A ousadia já começa pela protagonista, uma jovem negra, Jenn (Kiersey Clemons). Ela sobrevive a um naufrágio e vai parar em uma ilha remota. Ela encontra um dos amigos, Brad, mas ele acaba morrendo pelos ferimentos. Ao percorrer a ilha, Jenn encontra um pequeno cemitério e pertences de pessoas que ali estavam. Ao retornar para a ilha, descobre que o corpo de seu amigo sumiu, e aonde ele estava está um rastro de sangue. Jenn descobre que a Ilha não está deserta e que uma criatura habita ali. Ela precisa encontrar formas de poder ir embora do local. Com boa direção e uma atriz que carrega o filme sozinha, o filme ressente de um roteiro mais instigante. Tudo ali é bem óbvio. Claramente, é um filme de empoderamento e que retrata a protagonista feminina e negra como uma mulher sagaz e esperta, ao passo que os outros personagens que vão surgindo são todos idiotas e de atos estúpidos. Vale como passatempo, mas com um ritmo lento. Efeitos e maquiagem são bacanas e meio vintage.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Bichas

"Svans", de Martin Reinhard (2016) Ótimo filme LGBTQ+ dinamarquês que retrata o preconceito que as pessoas carregam em si. Axel é um jovem homossexual enrustido, que faz parte de um grupo de alunos aparentemente machistas. Axel namora Alexander às escondidas. O casal é apaixonado, mas Axel, mesmo diante dos pedidos de Alexander, não quer assumir publicamente sua homossexualidade. Um dia, ao ser visto por um de seus amigos beijando Alexander, Axel tem uma reação negativa e resolve descontar no namorado toda a sua raiva. Com ótima atuação do protagonista Jonathan Jarvel, no papel de Axel, o filme retrata com bastante dramaticidade a questão do pertencimento e a homofobia que existe nos próprios gays. Com cenas bastante eróticas e nudez total de todo o elenco, "Bichas" é um filme intenso, visceral e dirigido com muita delicadeza pelo diretor.

Malévola- Dona do Mal

"Maleficent- Mistress of evil", de Joachim Rønning (2019) O Cineasta norueguês Joachim Rønning, que realizou o excelente "Kon Tiki" e também o último filme da saga "Os piratas do Caribe" em 2017, dá sequência à franquia iniciada em 2014 por Robert Stromberg e que foi campeão de bilheteria. Cinco anos depois, Malévola precisa aceitar o fato de que sua filha adotiva Aurora (Elle Fanning) vai se casar com o Príncipe Philip. Ela só não esperava que a mãe de Philip, a Rainha Ingrith (Michelle Pfeiffer), fosse querer se aproveitar do casamento para destruir os mundos das fadas. Além de Michelle Pfeiffer, o filme tem no elenco os excelentes Sam Riley, que repete o seu papel do corvo Diaval, e de Chiwetel Ejiofor, como o Senhor das Trevas Conall. Diferente do anterior, esse carrega mais nas pequenas tragédias e tem uma sequência digna de "Game of Thrones", com mortes aos borbotões. Mas esse filme não existiria sem as presenças triunfais de Angelina Jolie e de Michelle Pfeiffer. Ambas carismáticas e sublimes em cena. Michelle está tão má como sua vilã típica dos filmes Disney. Os efeitos especiais, aprofundados em técnica pela tecnologia 3D, são impressionantes. Devo dizer que gostei mais dessa sequência do que do filme original.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Breve história do Planeta verde

"Breve historia del planeta verde", de Santiago Loza (2019) Grande Vencedor do Prêmio Teddy no Festival de Berlin 2019 (concedido a filmes de temática LGBTQ+), "Breve história do Planeta verde" é daqueles filmes bizarros que surgem de vez em quando e que provavelmente muito pouca gente terá chance de assistir. Filmado na região rural da Argentina, essa co-produção Argentina/Espanha/Alemanha e Brasil ( co-produzido pela mineira Anavilhana Filmes) é uma mistura de diversos gêneros: drama, fantasia, ficção científica. Com um formato de produção independente de baixo orçamento, o filme conta a história de 3 amigos em uma aventura inusitada, uma espécie de refilmagem de "Et, o extraterrestre", de Spielberg, versão Lgbtq+: eles precisam levar um alienígena de volta ao seu local de origem. Tania é uma mulher trans; Pedro é gay; Daniela é uma mulher hetero cis. Amigos desde a infância, eles seguem até a casa da avó de Tania, que acabou de falecer. A miga da avó conta um segredo para Tania: ela encontrou um alienígena numa área remota da floresta e o trouxe para casa, se tornando amigos. Antes de morre, a avó pede para que Tania leve o alien de volta para o lugar onde ela o encontrou. Começa então uma epopéia road movie dos 3 amigos que seguem um mapa para ond elevar o ser de outro planeta. Pelo caminho, eles encontram homofóbicos, que se transformam após o contato com o alien. O filme tem um roteiro estranhíssimo, que vai além de qualquer tipo de tentativa de compreensão lógica. O que é evidente, é a metáfora por trás da história: todos somos alienígenas, dependendo do ponto de vista: trans, heteros, gays, em algum momento de suas vidas, são vistos como seres obscuros. A atuação dos atores segue quase que uma cartilha Bressioniana: pouca emoção, mesmo em momentos que teoricamente exigiriam reações mais extremadas, como quando o trio descobre o alienígena. Não fiquei apaixonado pelo filme e até acho exagero ele ter ganho o Teddy, mas não posso deixar de reconhecer a ousadia do cineasta e roteirista em fazer um filme que tinha tudo para dar errado ( o ET é um boneco imóvel, bem de teatrinho infantil), mas que pela sinceridade que toca nos temas propostos, acabou ganhando apoio da crítica e do público que o premiou.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Projeto Gemini

"Gemini Man", de Ang Lee (2019) Em 2016, Ang Lee lançou um filme que parecia revolucionar a estética da narrativa clássica dos filmes: "A longa caminhada de Billy Lynn", um drama de guerra, foi rodado com 120 quadros por segundos ( quando o normal são 24 quadros), e em 3D, conferindo ao filme uma imagem de ultra-realidade. O filme foi um tremendo fracasso comercial, e aqui no Brasil nem foi lançado comercialmente. Agora, com "Projeto Gemini", Ang Lee repete a mesma revolução tecnológica, só que dessa vez, com o chamado "Tecnologia 3D+". O filme, diferente do anterior, é uma adrenalina só, investido pesado em cenas de ação, no formato "Missão impossível" e "John Wick": todo mundo quer matar o herói, que roda o mundo atrás dos culpados pelas mortes de pessoas próximas. Will Smith é Henry Brogan, um assassino profissional, contratado pelo serviço secreto para matar traficantes e corruptos, que ao completar 51 anos, cai em crise moral e decide se aposentar. Só que Henry se vê metido em um plano conspiratório e precisa ser assassinado por saber demais: o próprio serviço secreto que o contratou por décadas, agora quer eliminá-lo. Clive Owen interpreta o chefão desse grupo, Clay, que envia um clone mais jovem de Henry ( o próprio Will Smith, rejuvenescido) para matá-lo. Henry conta com a ajuda de uma agente, Danny, e de um amigo chinês, Baron. Aliás, todo filme co-produzido pela poderosa Alibaba Films, da China, investe em elenco chinês em seus filmes. De fato, a tecnologia impressiona, e Ang Lee filma uma sequência de tirar o chapéu: a perseguição de moto na Colômbia. É uma cena muito impressionante em termos de efeitos, decupagem e direção. Outras cenas são muito boas, mas o que de certa forma prejudica o filme, é o roteiro, que não confere surpresas e aposta em caminhos óbvios. Quem busca um passatempo, irá se deliciar com o filme. Will Smith como sempre está divertido e carismático, e o destaque vai para a talentosa Mary Elizabeth Winstead, no papel da corajosa e vibrante Danny.

Klute- O passado condena

"Klute", de Alan J. Pakula (1971) Uma obra-prima da Nova Hollywood que se desenhava a partir do final dos anos 60, o filme concedeu merecidamente à Jane Fonda o seu primeiro Oscar de melhor atriz. Jane já havia vindo de outra obra-prima, "A noite dos desesperados", de Sidney Pollack, de 1969, filme pelo qual ela havia sido indicada ao Oscar. Ousado e provocativo, o brilhante roteiro de Dave e Andy Lewis, também indicado ao Oscar, mistura gêneros : drama, romance, policial e suspense. Donald Sutherland interpreta o detetive particular Klute, contratado por Peter Cable (Charles Cioffi, magistral) para descobrir o paradeiro de seu colega na empresa Tom Gruneman, desaparecido há cerca de um mês. Todas as pistas o levam até Bree Daniels (Jane Fonda), uma atriz que tenta a sorte em Nova York, mas diante dos sucessivos fracassos, se torna garota de programa. Bree aceita ajudar Klute a descobrir o paradeiro de Gruneman. Logo descobrem que várias prostitutas estão sendo assassinadas, e a suspeita recai sob Gruneman. Alan J. Pakula já realizou vários clássicos do cinema, como "Todos os homens do Presidente", mas aqui em "Klute" ele acerta em cheio no desenvolvimento da narrativa. É um filme sujo, que fala sobre marginais e psicopatas. O mais polêmico é a personagem de Bree, que vai à uma psicóloga para fazer revelações chocantes sobre a sua profissão de atriz: ela confessa que ela gosta de ser garota de programa, pois ali ela pode interpretar vários personagens e dominar a situação, entrando nos desejos dos clientes. A fotografia, do Mestre Gordon Willis, intensifica a aura de suspense do filme, que vai em um crescente de tensão. A cena entre Bree e Peter é um primor de realização e atuação, praticamente em um único plano. Um filme obrigatório e acertadamente, constando do livro "1001 filmes para se assistir antes de morrer".

domingo, 13 de outubro de 2019

Pantasya

"Pantasya", de Brillante Mendoza (2007) O filipino Brillante Mendoza é um dos mais premiados e renomados realizadores do mundo, um caso raro de Cineasta que já ganhou Prêmios em Cannes, Berlin, Veneza, San Sabastian e Locarno. Com uma extensa bagagem de prêmios, tendo trabalhado inclusive com estrelas como Isabelle Huppert, Mendoza tem uma filmografia curiosa, que se divide entre filmes eróticos LGBTQ+, e dramas sociais. "Pantasya" faz parte dos filmes eróticos voltados para o público gay, que inclui os cultuados "O massagista" e "Serbis". "Pantasya" é um tratado sobre o fetiche e a fantasia erótica homossexual, envolvendo a classe trabalhadora e homens de uniforme. O filme se divide em 5 episódios, e as histórias são muito simples, típicas de qualquer filme pornô, mas que Mendoza reinventa e torna tudo mais cinematográfico. Cada episódio é narrado em off pelo seu protagonista, uma espécie de lamento sobre a solidão e como os desejos eróticos poderiam de certa forma, amenizar a tristeza de ser solitário. 1) Jornada- Um taxista, abandonado pela namorada, pega um jovem passageiro, que está desolado por ter sofrido bullying de seus colegas de faculdade. O taxista se imagina confortando o passageiro e consequentemente, fazendo sexo com ele no táxi 2) Linha- Um morador solitário assiste um filme pornô em casa. Ao fazer uma ligação, descobre que ela está com defeito. ele chama 2 técnicos da cia telefônica, e logo os 3 se encontram fazendo sexo na casa do cliente 3) Jogo- Um jovem observa os colegas de faculdade praticando basquete. Ele os acompanha até o vestiário e se excita vendo todos os 4 tomando banho nús e se masturbando 4) Velocidade- Um executivo trabalha até tarde em sua empresa. Com fome, ele pede uma pizza. Quando o entregador de pizza chega, o executivo deixa a pizza de lado e devora o entregador em ânsias sexuais 5) Segurança- Um jovem playboy se diverte em uma balada. Seu segurança o acompanha. O jovem leva o segurança até a sua casa e transam com muito tesão O filme é repleto de sacanagem e muito sexo, mas como foi gravado com câmera de vídeo para baratear os custos, muitos momentos estão escuros, para infelicidade dos voyeurs. Mesmo assim, permite deixar os espectadores que estão em busca de filmes eróticos com conteúdo Lgbtq+ bem animados. Os atores são fracos, acredito que são todos amadores. Brillante Mendoza usou um pseudônimo para assinar o filme, Dave Mendoza, muito provavelmente porquê o resultado final está muito aquém de seus filmes premiados.

Moças para casar

"Dziewczyny do wziecia", de Janusz Kondratiuk (1971) Impressionante a atualidade dessa comédia dramática polonesa escrita e dirigida por Janusz Kondratiuk em 1971! O filme parece ter sido encomendado nos tempos de movimento #MeToo, pois todo o seu discurso é justamente sobre "meu corpo, minhas regras", "Não é não" e o empoderamento e as vontades das mulheres que têm total controle sobre seus desejos e corpos. Outro fator também que me deixou atônito, no bom sentido, é que o filme foi realizado durante o regime comunista na Polônia. O filme tem como sub-texto a Liberdade, a individualidade e também um forte conteúdo erótico. As três jovens amigas saem de sua cidade no interior do País e de trem, seguem até Varsóvia, para uma noite de aventuras e busca de homens possíveis. Elas são românticas, mas não descartam o sexo fácil. Em uma cena super ousada, elas seguem com os pretendentes até um cabaret aonde está rolando uma cena de sexo entre um casal performático (nús!!) e na cozinha, os cozinheiros trabalham desnudos! As atrizes são incríveis, e me lembraram muito a energia e vibração de uma obra-prima tcheca, "As pequenas margaridas", de Vera Chytilová, que revolucionou uma linguagem e como tal, falavam sobre liberdade nas atitudes. A narrativa que o diretor Janusz Kondratiuk traz ao filme é muito moderna para a época, misturando documental e ficção. Um filme importante e obrigatório que merecia uma versão teatral.

Little monsters

"Little monsters", de Abe Forsythe (2019) Imaginem uma mistura insana de 3 clássicos do Cinema completamente distintos um do outro: "A noviça rebelde", "A vida é bela"e "Todo mundo quase morto". Misturar musical com filmes de zumbis e fábula infantil em tempos de guerra parece ser uma insanidade, mas não para o escritor e diretor australiano Abe Forsythe. Em seu segundo longa, Abe investe pesado em um filme de zumbis com pano de fundo infantil, inspirado na professora de jardim de infância de seu filho pequeno. Lupita Nyong'o parece querer reinar no posto de heroínas de filmes de terror, após o grande sucesso de "Nós", de Jordan Peele. Em "Little monsters", ela interpreta Caroline, uma professora de uma turma de jardim de infância que leva seus pequenos para uma excursão nos arredores de Sidney. Junto dela, vai o tio de um dos alunos, Dave (Alexander England), deprimido pelo fim de um relacionamento. Dave, um eterno garotão que não quer ter responsabilidades, é um cantor de rock metal e se apaixona de imediato por Caroline. O que eles não esperavam, é que o acampamento está infestado de zumbis, fugidos de uma base militar. E os zumbis também não esperavam que Caroline defendesse seus alunos com garras e dentes. Divertido e repleto de humor negro, o filme no entanto entra em uma encruzilhada: é violento demais para ser um filme infantil, e ingênuo demais para ser um filme de terror, para fãs de vísceras e zumbis famintos. Os zumbis, como efeitos especiais e maquiagem, são tecnicamente fracos. Imaginem um bando de adultos imitando zumbis. O que vale a pena mesmo, é ver e ouvir Caroline/Lupita cantando músicas pops para os meninos e fazendo-os acreditar que os zumbis fazem parte de uma simulação. Lupita e Alexander England estão ótimos, se divertindo a valer, e ainda sobra espaço para Josh Gad, no vilanesco papel do animador infantil Teddy.

sábado, 12 de outubro de 2019

Blood 13

"Blood 13", de Candy Li (2018) Um raro exemplar de filme de suspense chinês, dirigido, escrito e protagonizado por mulheres. Elogiado pela crítica o filme acompanha a policial Xin Mim e a sua desesperada luta para descobrir um serial killer que anda matando prostitutas. De início, Xin Mim não dá muita importância aos crimes por conta de seu preconceito moral contra as prostitutas, mas logo depois muda de opinião quando conhece o detetive Lao Zhou, que está atrás do assassino há mais de 15 anos. Juntos, eles tenta descobrir o paradeiro do assassino antes que continue fazendo mais vítimas. O melhor do filme é o elenco, todos excelentes atores, que dão veracidade à trama por conta de seu conteúdo dramático intenso. A direção de Candy Li também ajuda bastante a trazer tensão ao filme, que tem como referências clássicos como "Seven". Vale super a pena assistir.

Mary

"Mary", de Michael Goi (2019) O que faz um ator do naipe de Gary Oldman, vencedor do Oscar de melhor ator há 2 anos atrás, protagonizar um filme de terror vabagundo e safado como esse "Mary"? A mesma pergunta faço para a inglesa Emily Mortimer, aqui interpretando a esposa de David (Gary Oldman)? Dinheiro é tudo na vida dos atores? Desde o roteiro, já é fato de que o filme é ruim. A história é daqueles bem Filme B de última categoria: um capitão de barcos pesqueiros, David, sonha em ter seu barco próprio. Esse sonho vem na forma de Mary, um barco encontrado abandonado em alto mar e posto em leilão. David, sua esposa Sarah (Mortimer), as duas filhas, mais um capitão e seu assistente embarcam em "Mary"para testar a embarcação para que futuramente seja fonte de renda da família. Mas o que eles não poderiam esperar era que o barco fosse mal assombrado. Logo, os tripulantes começam a serem possuídos pelo espírito malígno de Mary, O filme é ruim demais: Oldman e Mortimer em piloto automático, diálogos ruins, efeitos toscos, roteiro sem graça e final brochante. São tantos os problemas no filme que provavelmente ele nunca será lançado em cinemas. Como horror, não assusta, Como drama, não emociona.

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

O vampiro do lago

"El vampiro del lago", de Carl Zitelmann (2018) Eficiente filme de terror da Venezuela, dirigido e escrito por Carl Zitelmann. O que mais me impressiona nesse filme, que participou de diversos Festivais mundo afora e ganhou prêmios no Festival de cinema da Venezuela em 2018, incluindo melhor filme, é que é uma ótima produção realizada em um Pais destroçado. Todo mundo sabe a grande tragédia que está sendo a Venezuela nesses últimos anos. Mas o filme não toca nesse assunto social e econômico, pelo menos não de forma direta. Talvez no sub-texto, o roteirista queira falar do desemprego, da fome, da fuga em massa da população para outros países, da super inflação. Tudo isso pode estar embutido na história de uma cidade que está sendo aterrorizada por um serial killer que bebe o sangue de suas vítimas e corta as suas cabeças. Um escritor, Navarro, deseja escreveu seu próximo livro, mas lhe falta uma boa idéia. Ele vê na tv o assassinato de uma pessoa cuja cabeça foi decepada. Navarro descobre que esse crime se assemelha a um mesma crime ocorrido há 35 anos atrás na mesma região. Navarro vai procurar um jornalista que escreveu essa matéria no jornal da época, Morales. Ambos vão atrás de indícios de que o mesmo assassino possa estar agindo. Com boa direção, ótimos atores , uma fotografia sinistra e efeitos convincentes, "O vampiro do lago" é melhor do que muito filme de terror americano que tem sido exibido aqui no Brasil. O filme tem uma aura de produção independente, um ritmo mais lento do que filmes vindos de Hollywood, mas mesmo assim, é um bom exercício de gênero. Corre o risco de pessoas sensíveis ficarem sem dormi por um bom tempo.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Mãos sujas

"Manos sucias", de Josef Kubota Wladyka (2014) Dois jovens estudantes da New York University têm idéia para um longa-metragem e montam o projeto, que é imediatamente bancado por Spike Lee que resolveu produzi-lo. Assim, o Cineasta Josef Kubota Wladyka e a produtora Elena Greenlee concebem o drama social "Mãos sujas", uma aterrorizante epopéia de 2 irmãos que precisam levar um carregamento de 100 kilos do Porto da cidade de Buenaventura até um outro porto localizado no outro extremo da Colômbia. Detalhe: o carregamento vai escondido dentro de um torpedo desativado. Delio e Jacobo são os 2 irmãos que não se vêem há muito tempo e que por motivos distintos, querem fazer essa viagem transportando a droga, mesmo cientes de todos os perigos que possam vir a acontecer durante a viagem de barco: roubo por outra quadrilha, batida policial e até mesmo acidente em alto mar. A produção escalou elenco e equipe local para trabalharem no filme, elaborando oficinas de interpretação e de mão d eobra local. O resultado é um filme com um olhar documental, cruel, que mostra uma triste realidade de quem mora em um dos municípios mais pobres da Colômbia e que desejam se mudar para Bogotá em busca de uma vida melhor. Todos os personagens no filme são miseráveis, e por isso, não medem esforços dentro da ambição para poderem sobreviver. Um filme bem dirigido, ainda mais sendo uma estréia, e com uma força narrativa e dramática que expõe a realidade do terceiro mundo, uma visão pessimista e sem qualquer perspectiva de melhora. O filme ganhou vários prêmios internacionais, entre eles, de Melhor diretor estreante no Festival de Tribeca.

O Homem que virou suco

"O Homem que virou suco", de João Batista de Andrade (1981) Clássico brasileiro lançado em 1981, mesmo ano da obra-prima "Eles não usam Black tie", de Leon Hirzman. "O homem que virou suco" ganhou inúmeros prêmios na época, incluindo Melhor Filme no Festival de Moscou. O roteirista e cineasta mineiro João Batista de Andrade já havia até então dirigido documentários sobre o processo migratório de nordestinos para o Estado de Sao Paulo, os chamados "Paraíbas" ou "Baianos". Antes de "O Homem que virou suco", também dirigiu algumas ficções, que misturam na trama a linguagem ficcional e documental, e retratando o crime e violência na periferia paulista, entre eles, "Wilsinho Galiléia". José Dumont é o protagonista. Ele interpreta 2 papéis: o cantor de cordel Deraldo, que vem da Paraíba para tentar a vida em São Paulo; e José Severino funcionário de uma fábrica, que no dia da comemoração do Operário padrão, mata o seu patrão americano à facadas. O problema é que Deraldo é a cara de Severino, e por não portar documentos, é confundido com o assassino. Tendo que largar o seu trabalho de cantor de cordel, Deraldo precisa arrumar emprego. Ele vai procurar trabalho em uma obra, numa casa de família e em outros sob-empregos, mas tudo o que ele vê, é a forma desumana com que empregadores maltratam os trabalhadores. em sua maioria, migrantes do Norte e Nordeste. Ao buscar emprego na obra do metrô, Deraldo é obrigado a assistir à uma animação que ridiculariza a figura de Lampião. O filme tem uma narrativa que mescla ficção e documentário, com uma pitada de elementos lúdicos, principalmente nos sonhos de Deraldo. Uma crítica feroz ao Brasil da época, que explora a mão de obra da população, aviltado na dignidade e obrigados a trabalhar em sub-empregos. O filme ridiculariza os americanos e os empregadores de uma forma geral, vistos como carrascos e abusadores. O Personagem de Deraldo é o contraponto do nordestino que não aceita essa humilhação, e na medida do possível, procura lutar contra o sistema. Com atuação esplêndida de José Dumont, 5 anos antes de outra performance primorosa em 'A hora da Estrela", "O Homem que virou suco" é um marco do cinema brasileiro, um filme corajoso que bateu de frente com a Ditadura ainda vigente no País e que mostra as mazelas sociais de um Governo que tenta colocar os nordestinos em um lugar de desprezo. A narrativa do filme é complexa, misturando cenas elípticas com linguagem híbrida de naturalismo ficcional e documentário. O título do filme já deixa claro a contundente visão do cineasta que quer expôr a falta de identidade de cidadãos que só querem existir e se mostrarem como seres humanos em busca de sonhos.

domingo, 6 de outubro de 2019

Jogo da vida

"Achtste-groepers huilen niet", de Dennis Bots (2012) Adaptação do best seller escrito por Jacques Vrien, o drama adolescente holandês "Jogo da vida" ganhou inúmeros prêmios em Festivais, merecido pela forma sutil e sensível com que trata a leucemia infantil. Em 2014, ganhou um remake norueguês, igualmente um grande sucesso de bilheteria e de crítica. "Jogo da vida" faz parte de dramas românticos adolescentes hospitalares, como "A culpa é das estrelas" e "A cinco passos de você". O que os une, é o excelente trabalho de atuações dos jovens atores. Akkie ( Hanna Obbeek, maravilhosa), é uma garota de 11 anos, esperta, brigona e apaixonada por futebol. Líder de sua turma, ela ganha a indiferença de Joep (Nils Verkooijen), um garoto mimado que não vai com a cara dela. Um dia, o nariz de Akkie sangra e seus pais a levam até um hospital. O diagnóstico do Médico não poderia ser pior: leucemia. Akkie então é forçada a se internar e fazer um tratamento, e não pode mais frequentar a escola nem os trinos de futebol. Com a aproximação do torneio final, Akkie vai ficando tensa, e ao mesmo tempo, se revoltando pelo fato de poder morrer ainda jovem. Os 2 jovens protagonistas, Hanna Obbeek como Akkie e Nils Verkooijen, como Joep, carregam o filme nas costas, apesar de todo o elenco juvenil e adulto serem ótimos. Mas o filme é sobre os dois, e o roteiro contrói muito bem as transformações por que ambos passam. Nils Verkooijen ainda é mais versátil, pois seu personagem começa de forma irritante e termina totalmente carismático e apaixonante. É um filme triste, realista e sem falas promessas. Para quem quiser chorar litros, sem dó nem piedade, é só assistir.

O Pagador de promessas

"O Pagador de promessas", de Anselmo Duarte (1962) Até hoje, "O Pagador de promessas" é o único filme brasileiro e de toda a América do Sul a ganhar a Palma de Ouro de melhor filme , feito acontecido em 1962, mesmo ano em que foi indicado a uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro. Adaptado da obra teatral de Dias Gomes, “O pagador de promessas” é filho legítimo do neo-realismo italiano. Rodado em locações reais, em Salvador, tendo como protagonista um homem do povo e misturando atores e não atores, o filme é um clássico absoluto. Até hoje, são chocantes os temas propostos pelo texto de Dias Gomes: sincretismo religioso, preconceito, reforma agrária, imprensa marrom, abuso do Poder de Padres e sacristãos, corrupção na polícia, prostituição e assédio de cafetões contra jovens ingênuas. Muita gente critica o personagem de Zé do Burro, interpretado genialmente por Leonardo Villar, argumentando que ele perpetua a imagem do eterno caipira ingênuo e de bom coração, celebrizado pela figura do Mazzaropi. Isso é um absurdo: construído como uma espécie de parábola, de bons contra os maus, o filme necessita d eum olhar maniqueísta para que o público possa se identificar, e a história só avança por conta da bondade de Zé do Burro. Tanto que sua esposa, rosa, que começa o filme ingênua, vai aos poucos se deixando corromper pela religião e pelo gigolô da cidade (Gerardo del Rey), que mantém sob sua rédea a prostituta Marli (Norma Benguell), também sua amante e ciumenta. A história já é conhecida por todos: Zé do Burro vem do interior de Salvador e caminha por 7 léguas com a mesma cruz de Cristo, seguido por sua esposa Rosa. Zé tentou em sua cidade pedir ajuda ao padre, mas tendo o pedido negado, foi pedir ajuda em um terreiro de candomblé para que seu burro Nicolau, seu melhor amigo, ficasse bom. Yansã cumpre a promessa e o burro fica bom,. Zé resolve então ir até a Igreja de Santa Barbara, em Salvador, para cumprir sua promessa, de entrar com a pesada cruz dentro da igreja ( Santa Barbara é o correlato cristão de Yansã). Só que ao saber que o pedido foi feito para um burro, e que a promessa foi realizada em um terreiro, o Padre Olavo (Dionísio de Oliveira, excelente), impede a sua entrada, e espalha pela cidade de que Zé é Satanás disfarçado. A imprensa, através do jornalista interpretado por Othon Bastos, se apropria da história para revelar que Zé é um homem que prometeu doar parte de sua terra para os pobres, e portanto, um comunista. Os sem terra o v6eem como um Líder. Os adeptos do candomblé reverenciam Zé como alguém que leva a sua palavra até as últimas consequências. Nessa confusão toda, a polícia também chega, até culminar em um desfecho arrebatador, em uma das cenas mais belas da história do cinema brasileiro, que é a cruz com Zé por cima sendo levada pelo povo até o interior da igreja. A fotografia, deslumbrante em seu preto e branco, é do inglês H. E. Fowle, que também fotografou anteriormente o brasileiro ‘O cangaceiro”. No elenco, também tema presença de Antonio Pitanga, como um capoeirista adepto do candomblé, e que comanda o grupo dos negros. Anselmo Duarte, na época visto apenas como um Ator galã e possivelmente um Mal diretor, calou a boca de todo mundo com esse filme poderoso, um misto de ficção e documentário. Uma obra importante, que até os dias de hoje discute a questão da multiculturalidade no Brasil e a mistura de religiões, provocando ciúmes entre as lideranças, que querem cada vez mais, promover um número cada vez maior de seguidores.

sábado, 5 de outubro de 2019

Rainha de Copas

"Dronningen", de May el-Toukhy (2019) Uma única cena resume esse polêmico filme escrito, dirigido e protagonizado por mulheres: Trine Dyrholm, a mais famosa, premiada e cultuada atriz dinamarquesa do mundo, pratica sexo oral real no jovem ator Gustav Lindh. Uma intensa e provocativa cena de sexo explícito, com Anne sua personagem, de quatro, se entregando a todos os prazeres sexuais a um menor de idade. Assim é "Rainha de Copas", um filme controverso, que discute o papel da mulher dentro e fora das telas em uma época onde o movimento feminista #MeToo dita as regras de comportamento. A roteirista, a diretora e a atriz Tryne Dyrholm entenderam a importância dessa cena explícita para a personagem e para o filme. Sem essa visceralidade, o filme perderia o seu foco, que é o tesão, a imoralidade e o abuso de Poder acima de qualquer regra. Anne (Tryne), é uma advogada de sucesso, casada com Peter, médico, e pais de 2 gêmeas adolescentes. Anne defende menores de idade de abusos sexuais e violência doméstica. Um dia, o filho de Peter, Gustav, de 16 anos, vai morar na casa deles. Anne é receptiva, mas aos poucos, vai se sentindo atraída sexualmente pelo enteado, até assediá-lo. Anne, em crise de idade, quer se sentir desejada novamente. Mas a paixão vai enfrentar grandes desafios para a moral de Anne, que agora, encarna o papel de algoz e predadora sexual. Muita coragem da diretora May el-Toukhy realizar um filme onde se inverte o papel do assediador, em tempos de feminismo. Importante entender que o papel de abuso do Poder independe do gênero. O filme, controverso aonde é exibido, ganhou o Grande Prêmio do público em Sundance 2019 e foi a escolha da Dinamarca para representar o País em uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro. Dirigido com muita maestria, com sofisticação e jamais caindo no melodrama, o filme ainda reserva poderosas performances tanto de Tryne, uma atriz que admiro bastante, quanto do jovem Gustav Lindh. Ambos se expõe em cenas de sexo explícito, ma suma cena tão bela e forte, que é impossível pensar apenas na sacanagem, e sim, nos personagens. Uma crítica: a duração do filme, longo demais, com quase 130 minutos de duração. Poderia ter meia hora a menos.

A Hora do Lobo

"Vargtimmen ", de Ingmar Bergman (1968) Um casal e seu filho se mudam para um local ermo, para que o marido tenha sossego e possa trabalhar em paz. O marido escreve. Com a solidão do lugar, o homem vai trazendo seus fantasmas do passado à tona, e ai enlouquecendo, a ponto de querer matar sua esposa. Não, não estamos falando de "O iluminado", de Stanley Kubrick, e sim, de "A hora do Lobo", filme de 1968, lançado um ano depois de outra obra-prima de Bergman, "Persona", uma revolução na filmografia do mestre sucesso. Ambos os filmes rompem com o tipo de cinema que Bergman fazia até então, á traçados em 'O Silêncio", de 1963: uma viagem psicanalítica, na alma de seus personagens, em uma estrutura narrativa não linear, misturando realidade e fantasia, fotografados por uma aterrorizante fotografia expressionista em preto e branco de Sven Nykvst, "A hora do Lobo" é chamado de o único filme de terror de Bergman, uma expressão talvez errônea para quem entende o gênero terror como a de sustos e jump scares. É um filme psicológico, de atmosfera gótica, com algumas cenas bizarras e obscuras, como a do assassinato de um menino, ou a de uma senhora retirando o seu rosto e botando o olho em um copo. Mas esse universo fantástico já havia sido trabalhado por Bergman em 'Morangos silvestres", quando o protagonista observa as pessoas ao seu redor e percebe que ninguém tem um rosto. Bergman gosta de trabalhar no universo onirico, da ilusão, e de lá retira os medos e temores de seus personagens. Um casal, ela grávida, Johan (max Von Sydow) e Alma (Liv Ulmann, grávida de verdade de Bergman nas filmagens) se isolam em uma Ilha para que Johan possa pintar em paz. Moradores da região, tipos bizarros, vêem procurar Johan e o dono de um castelo os convida para um jantar. Alma sente ci;umes de uma mulher, Veronica, que acredita, já teve um caso com seu marido. Ao voltarem para casa, Johan conta para Alma relatos obscuros de seu passado. Esse relato é dado durante o que é chamado de "A hora do Lobo", que acontece entre meia noite e 6 da manhã, período que acredita-se, a maioria das pessoas morre e nascem, e quando pesadelos do passado vêem à tona. Um filme bastante complexo, hermético e aberto a muitas possibilidades, 'A hora do Lobo"têm uma estrutura narrativa muito curiosa, metalinguística: logo no início, uma cartela preta anuncia que Johan desapareceu, e que sua esposa, Alma, irá relatar tudo através do diário encontrado, escrito pelo marido. Em off, ouvimos Bergman rodando a cena, dirigindo equipe e elenco. Bergan quer deixar claro que o que estamos vendo é uma encenação. Além dessa linguagem vanguarda, em meia hora de filme surge novamente o título do filme, e a partir daí, o filme muda de tom , tornando-se um passeio expressionista e dark pela ama de Johan. Max Vin Sydow e Liv Ulmann, parceiros constantes nos filmes de Bergman, representam como poucos as angústias de seus personagens, através de coses e de atuações minimalistas mas poderosas. A trilha sonora, acredito, foi uma outra influência para "O Iluminado".

A hora do Lobo

“The wolf hou”, de Allistair Banks Griffin (2019) Uma das grandes obras primas do cineasta sueco Ingmar Bergman se chama “ A hora do Lobo”. O roteirista e cineasta americano Allistair Banks Griffin usou o mesmo título do filme para criar o seu suspense psicológico incensado pelos críticos e que entrou na Competição de Sundance 2019. Protagonizado por Naomi Watts, o filme tem a mesma estrutura do filme de Bergman, mas com uma diferença espacial: ao invés da Ilha, estamos trancafiados em um apartamento do Bronx de 1977. A claustrofobia, os personagens que surgem para aterrorizar, todo esse universo de filme de terror é uma referência do filme sueco. Naomi interpreta June, uma escritora que fez muito sucesso com seu livro de estreia, com elementos autobiográficos sobre sua família. Mas um trágicas evento derivado do livro a faz se tornar uma pessoa depressiva e querer se isolar do mundo. Ela mora em Um minúsculo apartamento na região mais perigosa de Nova York, assolada por um serial Killer que anda matando mulheres fisicamente semelhantes à June. June tem agorafobia: ela não sai de casa, está em um processo de depressão que a impede de falar com as pessoas. Um estranho toca seu interfone constantemente e ameaça a solidão de June. “A hora do Lobo” não é um filme fácil de se assistir. A depressão é ampliada não somente na história, mas no visual, na atmosfera, na fotografia escura, no apartamento fétido, nas ruas ameaçadoras e na constante ameaça de um serial Killer. Mais do que um filme de suspense, “ A hora do Lobo” é uma reflexão sobre a depressão profunda. Naomi está brilhante e ela nunca precisou provar a sua versatilidade e talento. A direção de Allistair é boa mas ele procura o tempo todo enganar o espectador querendo apresentar um filme que acaba não sendo. Assista por Naomi.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

As loucuras de Rose

"Wild Rose", de Tom Harper (2019) Emocionante drama musical inglês que se assemelha bastante à "Nasce uma Estrela", com Lady Gaga. A diferença é que aqui, o diretor inglês Tom Harper trouxe um tempero mais realista ao filme, tirando o contexto de conto de fadas do filme de Bradley Cooper. A pegada aqui é mais para Ken Loach e suas questões sociais, envolvendo drogas, desemprego e assistencialismo social. Em Glasgow, Rose-Lynn ( Jessie Buckler, excelente, do ótimo filme de suspense "Beast'), acaba de sair da prisão, por onde ficou por um ano por porte de drogas. Ela retorna para a sua casa, onde sua mãe, Marion (Julie Walters, maravilhosa, de "Mama Mia"), cuida de seus dois filhos pequenos. rose tenta botar em dia o seu grande sonho: poder viajar para Nashville e cantar, pois ela é ótima cantora de country, mas ali em Glasgow não existe a mínima chance dela acontecer profissionalmente como cantora. Para sustentar a casa, Rose vai trabalhar com diarista, e acaba conhecendo Susannah (Sophie Okonedo), uma patroa que acaba lhe dando chance para poder conhecer um produtor da Bbc e quem sabe, poder cantar. Mas a realidade é dura demais com Rose, e o sonho de cantar parece ficar cada vez mais distante. Impressionante como canta a atriz Jessie Buckler! Ela lembra muito o estilo de Bette Midler em 'A Rosa". O filme emociona bastante e é bastante sofrido, a gente fica torcendo por Rose mas à cada cena vem uma porrada que me deixou com raiva da roteirista. Um trunfo absoluto do filme é o ótimo trabalho das atrizes, Jessie Buckler, Julie Walters e Sophie Okonedo , todas incríveis e carismáticas. O embate entre Rose e sua mãe promove as cenas mais contundentes do filme. Com uma direção que evita melodrama barato, Tom Harper confia no potencial de seu elenco e deixa elas brilharem.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

A Turma do Pererê.doc

"A Turma do Pererê.doc", de Ricardo Favilla (2018) Documentário que faz uma excelente pesquisa sobre a história em quadrinhos no Brasil, desde aquela que é considerada a primeira revista em quadrinhos publicada no Brasil, "O Tico Tico", em 1905, passando pelo Amigo da Onça, Gibi e outras. Com depoimentos de vários pesquisadores sobre os quadrinhos no Brasil, como Alvaro de Moya e Gonçalo Júnior, o documentário faz uma apresentação interessante sobre o preconceito que o mercado e o público tinham com o produto nacional, consumindo os quadrinhos americanos. Tudo mudou com a chegada do mineiro Ziraldo, que veio para o rio de Janeiro ser quadrinista. Em 1959, através da Revista O Cruzeiro, é publicada a primeira revista em quadrinhos totalmente nacional e em cores, "A Turma do Pererê". Em formato maior do que as revistinhas conhecidas de hoje em dia, a revista durou 4 anos, e acabou antes do Golpe de 1964. Ziraldo credita o fim da revista o Golpe, por questões políticas, mas a resposta oficial era de que o custo da revista era caríssimo e não dava lucro. Anos depois, a Editora Abril resolveu republicar a revista, agora em formato pequeno, mas ela somente durou 12 edições. Muitos dizem que o fato da revista ter sido descaracterizada em seu formato, não agradando aos adultos e nem aos pequenos, acabou sendo o fator determinante para o seu fracasso. Laerte, Jaguar, Mauricio de Sousa e o próprio Ziraldo dão depoimentos sobre a importância da revista no Brasil: pela primeira vez, os quadrinhos se apropriaram de figuras do folclore brasileiro e do perfil da população local, como índios e negros. além da fauna tipicamente brasileira. Temas como ecologia, sustentabilidade, conscientização foram alguns dos abordados pelos depoentes. Além disso, muito se vangloria os traços de Ziraldo, muito particulares dele, além da associação de alguns quadrinhos ao movimento concretista no Brasil, e ao Cinema novo, em relação aos temas de algumas histórias. O filme merece ser visto não somente pelo seu valor histórico, como pelas curiosidades de ouro que são citadas, como a que Mauricio de Souza ter sido convidado para desenhar alguns cartuns da Turma do Pererê, quando estava em época de vacas magras, e que hoje dm dia esses desenhos originais, que sumiram, valerem uma grana.

Coringa

“Joker”, de Todd Philips (2019) Todo mundo associa o Cineasta Todd Philips à franquia de humor “ Se beber não case”, mas esqueceram que ele também dirigiu filmes de ação: “Cães de guerra” e “ Starksy e Hutch”, que enveredaram pelo gênero de ação através do humor negro. O que foi frutífero mesmo da franquia protagonizada por Bradley Cooper, é que o mesmo produziu o filme junto de Todd Philips, que também é co-roteirista. Sim, Scorsese respira no filme inteiro através de referências a vários de seus filmes e da própria presença de Robert de Niro. Mas também podemos ver flashes de “ V, de Vingança” e “ “ Psicopata americano”. E se tem um grande acerto em “ Coringa”, foi de ter sido realizado como um filme realista, sem aquelas cenas de fantasia com naves voadoras, Batmóvel, cidade futurista nem nada. É um drama e também um filme de terror sobre a gênese de um assassino, já mostrado em filmes clássicos e obscuros como “ Henry, retrato de um serial Killer”. E se o Amor transforma , aqui no filme ele é simbolizado através do amor de Arthur ( Joaquim Phoenix) pela sua mãe doente e pela vizinha . Para quem for buscar em “ Coringa” uma continuação de filmes de ação da Marvel e da Liga da Justiça da Dc Comics, vai se frustrar bastante. E realista! E Joaquin Phoenix traz a performance mais arrebatadora de muito tempo, e conseguindo a proeza de se distanciar de outras interpretações de Coringa já eternizadas por Jack Nicholson, Heath Ledger e Jared Leto. Seu trabalho de corpo, respiração, olhares, tempos de observação, tudo elaborado de forma espetacular! O filme é uma aula de direção, fotografia, direção de atores e de construção de personagens. A violência transborda como um ato de desespero. E essa mesma violência alardeada por tantos detratores do filme que faz o filme pulsar numa alegoria sobre o mundo em que vivemos. Coringa é um vilão que tentou ser um ser humano do bem, mas a Vida o arrastou para o lado negro da Força. Foi assim com Darth Vader é assim será e foi com muitos personagens clássicos do cinema. Relaxem a testemunhem um filme brilhante que nós faz acreditar que o Cinema é um passatempo poderoso.

Pausa

"Pausa", de Tonia Mishiali (2018) Filme de estréia da roteirista e cineasta grega Tonia Mishiali , "Pausa" é uma contração de menopausa, e isso já diz do que o filme se trata. Elpida ( a excelente Stella Fyrogeni) é uma mulher que chegou aos 50 anos. No início do filme, ela frequenta um ginecologista, que logo lhe dá o veredito: ela entrou na menopausa. Elpida mora com o seu marido, um homem bronco que mal fala com ela. Diante dessa aterrorizante rotina de desamor, Elpida se imagina tendo casos com os homens que atravessam o seu caminho, como o vizinho e o pintor do seu prédio. Vencedor de diversos prêmios internacionais, "Pausa" reúne todos os clichês do universo de desencanto de uma mulher frustrada com o casamento, já vistos mil vezes em filmes como 'Shirley Valentine", um clássico do gênero. Seu marido ronca, assiste futebol na tv, só quer saber de comer, reclama que a esposa só quer gastar dinheiro com bobagens. Elpida é o supra sumo da mulher reprimida, sem vontade própria, achacada em um mundo machista. Como o filme foi escrito por duas mulheres, a sororidade não podia ficar de fora: uma vizinha viúva que ajuda Elpida no dia a dia e que diz que quando se tornou viúva sua vida ficou melhor. Me surpreende o filme ter sido escrito por mulheres e dirigido também por uma, pois por durante quase 90 minutos só acompanhamos o sofrimento de Elpida diante de um casamento estúpido. Muito revoltado com esse roteiro e a trajetória da personagem. O filme vale pelo trabalho da atriz protagonista, mas confesso que fiquei irritado o filme inteiro.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Todo mundo quase morto

"Shaun of the dead, de Edgar Wright (2004) O Cineasta inglês Edgar Wright construiu sua carreira em cima de famosos seriados de tv e também graças à sua parceria com os comediantes Simon Pegg e Nic Frost. Nos Estados Unidos, ele filmou o recente cult de ação 'Baby Driver", que infelizmente ficou na berlinda por ter Kevin Spacey no elenco. "Todo mundo quase morto" é no entanto a sua obra-prima: lançado em 2004, essa comédia de humor negro permanece como uma das melhores produções do Universo dos zumbis, mesmo que seja na base da paródia. Edgar Wright e Simon Pegg escreveram o roteiro se baseando na premissa dos filmes de George Romero, de que os zumbis são uma crítica à sociedade capitalista e que os seres humanos se tornaram egoístas e desumanos. Logo no início, o filme apresenta a rotina dos moradores de Londres: pessoas se rastejando para trabalhar, ônibus apinhado de gente sonolenta, individualismo. Dentro desse cenário, encontram-se os amigos Shaun (Pegg) e Ed (Frost). O primeiro trabalha em uma loja de departamento. O segundo, é um desempregado. nesse mundo de losers, Simon tenta reconquistar sua namorada, Liz (Kate Ashfield). A mãe de Shaun e seu padrasto ( Bill Nighym sensacional) são amorosos com Shaun mas desejam que ele tenha mais ambição. De repente, toda a população vai se transformando em zumbi, e Shaun e seus amigos acabam se refugiando em um pub. O filme tem uma sucessão de gagas muito bem articuladas, como a do plano-sequência que vai da casa de Shaun até o mercado. Impossível não rir na icônica cena do Pub quando toca uma música do Queen no jukebox diante do ataque de zumbis. O elenco é excepcional e todos se divertem bastante. SImon Pegg e Nick Frost são dois gênios da comédia, o carisma que ambos possuem e a lindacena final selam essa grande parceria. Muito bons os efeitos, considerando ser uma produção média, e a direção de Edgar Wright é extremamente dinâmica e criativa. O filme é uma aula de como fazer cinema, em todos os níveis. Para se rever de tempos em tempos.

O sofá assassino

“Killer sofa”, de Bernie Rao (2019) Absolutamente nenhum espectador pode querer assistir a um filme com o título original de “Killer sofá” e achar que irá encontrar algum filme decente de terror. Essa produção da Nova Zelândia, país que nos trouxe Peter Jackson e a saga “O Senhor dos anéis”, agora nos traz um dos piores filmes que você irá assistirem sua vida. Mas para quem curte um filme trash e totalmente zoeira, isso é um bom sinal. Pegando carona emprestado no mote do primeiro filme “O boneco assassino”, que se apropria do Vodu e das entidades malignas para darem vida a um objeto inanimado, “Killer sofá” conta a história de um psicopata que se apropria da magia negra para poder conquistar a sua mulher amada, Francesca. Como ela não lhe dá atenção, o psicopata se mata para que seu espírito habite uma poltrona. Ao receber a poltrona, Francesca não faz idéia de que esse móvel irá matar todo mundo que se relacionar com ela. O filme é ruim nível mil, e aí reside o seu único charme: pra turma do quanto pior melhor, irá se divertir com o roteiro sem pé nem cabeça, repleta de sub-tramas bizarras como uma entidade chamada Dybukk. Os diálogos são pavororos, as atuações amadoras e sem qualquer esboço de reação, os efeitos são de fundo de quintal. Mas o que dizer d apoltrona? Ela anda, se leventa por inteiro, solta suas molas para matar suas vítimas, e fala!!!!!!!! Pior, impossível. Confesso que dei altas gargalhadas, quem concebeu esse filme deveria estar totalmente fora de si. Se esse é o seu tipo de filme, assista, irá se divertir. Caso contrário, fuja!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Dry blood

"Dry blood", de Kelton Jones (2007) Drama de terror vencedor de mais de 15 Prêmios em Importantes Festivais de gênero, 'Dry Blood" foi escrito e protagonizado pelo ator Clint Carney. Clint interpreta Brian, um homem viciado em drogas e alcóolatra e que decide se internar em uma cabana no alto das montanhas para poder trazer tranquilidade para a sua família. Porém, durante o período de abstinência, Brian começa a enxergar estranhos fenômenos, deixando em dúvida se são frutos de sua imaginação ou se são reais. Em boa parte amadora, é de se estranhar tantos prêmios ganhos pelo filme: atuações medianas, roteiro confuso, fotografia meia bomba. O que de fato é bom, é a trilha sonora assustadora, e uma sequência de 10 minutos que sim, vale por todo o filme. mas atenção: a sequência é extremamente violenta, agressiva, doentia. Somente para fãs de terror. Uma menina tem a cabeça decapitada e uma mulher tem a cabeça esmagada e os olhos furados por uma garrafa. Não assistam ao filme caso não queiram assistir cenas como essas descritas.