sábado, 5 de outubro de 2019
Rainha de Copas
"Dronningen", de May el-Toukhy (2019)
Uma única cena resume esse polêmico filme escrito, dirigido e protagonizado por mulheres: Trine Dyrholm, a mais famosa, premiada e cultuada atriz dinamarquesa do mundo, pratica sexo oral real no jovem ator Gustav Lindh. Uma intensa e provocativa cena de sexo explícito, com Anne sua personagem, de quatro, se entregando a todos os prazeres sexuais a um menor de idade. Assim é "Rainha de Copas", um filme controverso, que discute o papel da mulher dentro e fora das telas em uma época onde o movimento feminista #MeToo dita as regras de comportamento. A roteirista, a diretora e a atriz Tryne Dyrholm entenderam a importância dessa cena explícita para a personagem e para o filme. Sem essa visceralidade, o filme perderia o seu foco, que é o tesão, a imoralidade e o abuso de Poder acima de qualquer regra.
Anne (Tryne), é uma advogada de sucesso, casada com Peter, médico, e pais de 2 gêmeas adolescentes. Anne defende menores de idade de abusos sexuais e violência doméstica. Um dia, o filho de Peter, Gustav, de 16 anos, vai morar na casa deles. Anne é receptiva, mas aos poucos, vai se sentindo atraída sexualmente pelo enteado, até assediá-lo. Anne, em crise de idade, quer se sentir desejada novamente. Mas a paixão vai enfrentar grandes desafios para a moral de Anne, que agora, encarna o papel de algoz e predadora sexual.
Muita coragem da diretora May el-Toukhy realizar um filme onde se inverte o papel do assediador, em tempos de feminismo. Importante entender que o papel de abuso do Poder independe do gênero. O filme, controverso aonde é exibido, ganhou o Grande Prêmio do público em Sundance 2019 e foi a escolha da Dinamarca para representar o País em uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro.
Dirigido com muita maestria, com sofisticação e jamais caindo no melodrama, o filme ainda reserva poderosas performances tanto de Tryne, uma atriz que admiro bastante, quanto do jovem Gustav Lindh. Ambos se expõe em cenas de sexo explícito, ma suma cena tão bela e forte, que é impossível pensar apenas na sacanagem, e sim, nos personagens. Uma crítica: a duração do filme, longo demais, com quase 130 minutos de duração. Poderia ter meia hora a menos.
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