terça-feira, 31 de maio de 2022

A noite do triunfo


 "Un triomphe", de Emmanuel Courcol (2021)

Drama que abriu o Festival de Cannes em 2021, "A noite do triunfo" e adaptação francesa de uma história real acontecida na Suécia nos anos 80:

o ator de comédia e diretor de teatro sueco Jan Jönson que, usou o palco do Royal Dramatic Theatre em Estocolmo com a finalidade de reabilitar prisioneiros de Kumla, a maior penitenciária sueca.
Etienne (Kar Merad) é um ator que faz oficinas para presidiários. Em uma de suas incursões, ele reúne um grupo de detentos e decide montar o espetáculo 'Esperando Godt", de Beckett.
Na vida real, o grupo se apresenta em teatros pela Euorpa, e no filme o roteiro traz toda a luta de Etienne para lidar com os problemas e diferenças de cada "ator" do grupo, até o desfecho aonde eles deverão se apresentar no imponente Teatro do Odeon. Como essência, o filme me lembrou muito o documentário "César deve morrer", dos irmãos Taviani, e também remete aos clássicos filmes aonde o professor precisa lidar com os dramas de cada aluno. É um belo filme, emocionante calcado no excelente trabalho de todo o elenco e na delicadeza do diretor em administrar cenas acri doces.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Tico e Teco- Defensores da lei

 

"Chip'n Dale- Rescue rangers", de Akiva Schaffer (2022)
Com direção de Akiva Schaffer ( diretor de vários episódios de "Saturday night live") e roteiro escrito por Dan Gregor e Doug Mand, "Tico e Teco- defensores da lei" é uma deliciosa aventura que presta uma homenagem à "Uma cilada para Roger Rabbit", onde personagens de animação de diversos estúdios e atores reais live action contracenam e habitam o mesmo mundo, no estilo dos recentes "tom e Jerry" e "Garfield". Mas aqui, o criativo e inteligente roteiro lida com metalinguagem e uma crítica pesada ao ostracismo de atores e atrizes de décadas passadas, esquecidos pelo público e que precisam sobreviver fazendo bicos. Entre esses astros estão Tico e Teco, que nos anos 90 estrelaram uma série de sucesso, 'Defensores da lei", mas quando Teco saiu do projeto para seguir carreira solo em "00Teco", tudo desandou. Tico hoje trabalha em corretora, e Teco, de seu passado. Quando eles são chamados por um amigo endividado, eles descobrem que vários personagens foram sequestrados para trabalharem como escravos em filmes piratas.
O filme foi bastante elogiado, mas fãs de Peter Pan fizeram protesto, pois Peter é vilão no filme, pois após crescer, perdeu emprego. Os fãs fizeram analogia ao ator Bobby Driscoll, que dublada o desenho de Peter Pan e que acabou sendo demitido pela Disney por ter crescido. Ele se envolveu com drogas e acabou morrendo jovem.
Como filme, "Tico e Teco" é uma delícia, e talvez a criançada não entenda as referências, fazendo o filme ser mais para adultos.

domingo, 29 de maio de 2022

Você gosta de Hitchcock?


 "Ti piace Hitchcock?", de Dario Argento (2005)

Suspense realizado pelo Mestre do terror giallio italiano Dario Argento, lançado em 2005 e que homenageia a filmografia de Alfred Hitchcock. Argento traz elementos do giallio, como o assassino se luvas pretas, mas diferentes de seus outros filmes, aqui existem poucas mortes e a violência é branda. Argento traz cenas icônicas de filmes de Hitchcock para a trama: 'Janela indiscreta", "Um corpo que cai", Pacto sinistro", Psicose" são referências fáceis de se identificar.

Giulio é um estudante de cinema que está escrevendo uma tese sobre Hitchcock. Desde criança ele é voyeur. Ele fica sabendo que uma vizinha do prédio da frente foi assassinada, e passa a desconfiar da filha dela, provavelmente por herança, e que ela pode ter tramado com uma estranha, assim como no filme "Pacto sinistro". Para ajudá-lo, a namorada de Giulio entra na jogada.
Um filme mediano de Argento, feito para fãs de seu cinema e que também ache divertido fazer homenagens a Hitchcock. O filme acaba sendo uma celebração ao cinema, com muitos filmes citados pelo personagem Giulio. Vale pelo passatempo.

Limbo


 "Limbo", de Soi Cheang (2021)

Excelente thriller de suspense e ação, "Limbo" é um drama policial dirigido pelo chinês Soi Cheang e ambientado nas favelas de Hong Kong. Fotografado em belíssimo preto e branco por Siu-Keung Cheng, o filme traz uma atmosfera noir com muita chuva e uma narrativa crescente de suspense, repleto de violência. O filme concorreu no Festival de Berlin e ganhou diversos prêmios em importantes festivais internacionals.

A dupla de policiais- o veterano Cham e o jovem Will (Mason Lee, filho do cineasta Ang Lee) estão atrás de pistas para capturar um serial killer que mata mulheres, todas elas viciadas em drogas. Os corpos são encontrados no lixão de uma enorme favela da periferia da cidade. Durante uma ação, Cham reencontra Wong To (Yase Liu), uma ladra de carros que acidentalmente matou a esposa grávida de Cham. Cham espanca Wong, e ela decide se tornar uma isca para o assassino.
O que impressiona no filme é a sua estética bastante precisa na imagem, com enquadramentos, fotografia e efeitos de alto nível, além de premiada coreografia nas lutas. Outro ponto forte é o ótimo trabalho do elenco principal, em especial Yase Liu, em difícil papel onde sua personagem é espancada brutalmente, estuprada e humilhada. Não é um filme fácil de ser assistido devido a sua alta carga de misoginia, mas para quem gosta de filmes de suspense, o filme é uma ótima pedida.

Veneciafrenia


 "Veneciafrenia", de Álex de la Iglesia (2021)

O cineasta espanhol Álex de la Iglesia é um dos maiores expoentes do cinema de horror em seu país. Realizador de culs como "O dia da besta", "O bar", "A balada de um palhaço triste", Iglesia agora retorna com uma homenagem ao slasher, principalmente no gênero italiano "Giallio". O filme tem como pano de fundo uma crítica social e econômica que assola Veneza: a profusão de cruzeiros, trazendo 75 mil turistas ao dia na cidade, destruindo eco-sistema e provocando vandalismo em patrimônio histórico mundial.

Um grupo de cinco amigos, 2 homens e 3 mulheres, decidem passar a despedida de solteiro d euma delas em Veneza. Logo na saída do aeroporto, são mal recebidos por uma manifestação que quer expulsá-los. Os amigos querem farra: saem de bar sem pagar, vão à baladas, até que são abordados por um arlequino mascarado que na verdade é um serial killer que mata turistas.
O filme parecia prometer mais do que oferece. As cenas de morte não são gore, os personagens são extremamente irritantes e o espectador não se importa com nenhum deles. O que salva o filme são as belas paisagens e ruelas de Veneza, mas em um filme que sugere o extermínio justamente de quem mantém a economia da cidade. Melhor não exibirem esse filme nos aviões pois provavelmente muito turista irá desistir de viajar.

sábado, 28 de maio de 2022

Carro Rei

"Carro Rei", de Renata Pinheiro (2021)
Dirigido e co-escrito pela cineasta pernambucana Renata Pinheiro, "Carro Rei" ganhou 4 Kikitos em Gramado (filme, trilha sonora, direção de arte e desenho de som), melhor filme no Cinefantasy e participou do prestigiado Festival de Rotterdan.
O filme se aproxima de filmes onde os carros são vistos como personagens quase humanos, interagindo com os personagens, até em cenas de sexo, como em "Titane", "Holly motors", "Crash estranhos prazeres" e "Christine, o carro assassino".
A trama, complexa, parte de uma idéia simples: um casal donos de uma frota de táxis, têm o nascimento do filho dentro de um dos carros. Já crescido, Uno ( o menino) tem o dom de se comunicar com os carros. Quando sua mãe morre em um acidente dentro de um dos carros, esse mesmo veículo é restaurado e se torna o "Carro Rei". Zé Macaco (Matheus Nachtergaele) é o tio de Uno, e tem transtornos mentais. Ele também adquire dom de falar com Carro Rei, e passa a querer construir veículos customizados, após o governo impôr uma lei onde carros com mais de 15 anos de uso deverão sair das ruas.
A trama é bastante simbólica e repleta de sub textos que falam de muitos temas sociais e críticas ao Governo. Não é uma trama fácil de acompanhar, mas como um projeto artístico traz a marca autoral e corajosa de sua criadora.

 

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Vai dar nada


 "Vai dar nada", de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado (2022)

Primeira produção nacional produzida pela Paramount+, "Var dar nada" é uma comédia romântica repleta de cenas de ação totalmente rodado em porto Alegre.

O filme tem como protagonista o motoqueiro Kelson (Cauê Campos), um ladrão de carros e motos que trabalha na oficina de desmanche comandada por Fernando (Rafael Infante) e Suzi (Katiuscia Canoro), uma policial envolvida com lavagem de carros e muita corrupção. Tem também Rebeca (Jéssica Barbosa), irmã de Kelson e estudante de direito, que trabalha no escritório de uma advogada que tem paixão platônica por ela.
O filme traz além dos citados, mais uma dezena de personagens que ilustram uma crítica social e econômica de um Brasil onde, para sobreviver, o cidadão precisa estar associado a alguma falcatrua. O filme não traz juízo de valor sobre as ações de suas personagens, e todas t6em um pezinho na malandragem. O filme não identifica a região onde a história acontece, e também mescla tons e interpretações diferentes, variando da comédia rasgada ao naturalismo.Um filme bem produzido, não tão engraçado, mas um retrato de uma sociedade que entende que o que importa, é levar vantagem em tudo.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Mirador


 "Mirador", de Bruno Costa (2021)

Belo drama totalmente rodado em Curitiba e que rodou diversos Festivais no Brasil e no exterior. "Mirador" é um drama naturalista sobre um pai que precisa lidar com o abandono de sua ex-esposa , que deixa a filha pequena sob os seus cuidados e desaparece, Para piorar a situação, Maykon (Edilson Silva), um pernambucano que migrou para Curitiba, precisa lidar com as lutas de boxe e com sub-empregos para poder dar condição de vida melhor para a filha. As dificuldades de matriculara filha e de levá-la ao médico acabam se tornando uma crítica em relação à burocracia no sistema educacional e de saúde pública no país.

Com uma trama que poderia ser comparada a de "Kramer Vs Kramer", mas que se diferencia pelo olhar quase documental e cruel da classe baixa do Brasil, o filme se apoia no belo trabalho de atuação do elenco. O roteiro não traz elementos novos à trama da paternidade, mas o carinho e a delicadeza com que o filme é trabalhado já o faz valer a pena de ser visto.

Cores mórbidas


 "Morbid colors", de Matthew Packman (2018)

Produção independente americana de baixíssimo orçamento, ao custo de 10 mil dólares, "Cores mórbidas" é um drama sobre vampirismo que é usado como metáfora para um relacionamento entre duas irmãs que vivem um momento na vida totalmente em crise.

Devin (Lanae Hyneman) é integrante de uma banda de punk rock formado por mulheres. Quando a sua irmã Myca (Kara Gray) retorna após 4 meses afastada, Devn entende que precisa cuidar de Myca. Essa acaba substituindo a baterista da banda mas no show, ela vomita sangue e ambas as irmãs acabam sendo expulsas do grupo. Myca diz à Devin de que ela foi transformada em vampira por uma mulher e acredita que para se curar, ela deve procurar essa mulher e matá-la.
O charme do filme vem justamente do fato dele ser uma produção sem dinheiro. Tudo é sujo, granulado, com atores amadores mas que procuram se esforçar para darem tudo de si em papéis estereotipados, mas que trazem empoderamento feminino. Um filme underground que lembra produções baratas dos anos 70, estilo grindhouse, com efeitos toscos e sangue feito de xarope.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Bubbles


 "Bubbles", de Tetsurô Araki (2021)

Fantástica animação japonesa, produzida pela Wit Studio e que concorreu no Festival de Berlim 2021. A história mistura romance, drama, ação, aventura e ficção científica. Após um evento cataclismático onde bolhas que caem do céu destróem Tokyo, colocando-a submersa em água e matando centenas de pessoas. Tokyo fica isolada do resto do planeta, e a sua população migra. Anos depois, jovens órfãos do acidente assumem a cidade, promovendo batalhas de Parkour. Entre eles, está Hibiki, que durante uma manobra do Parkour cai na água e é salvo por uma jovem, Uta. Ela logo é apresentada ao grupo e participa das competições. Mas aos poucos, Hibiki entende quem Uta realmente é, e qual a relação dela com o evento apocalíptico.

Com um visual espetacular, e uma trilha sonora emocionante, "Bubbles" é um filme encantador, com um roteiro às vezes confuso, mas totalmente calcado no conto de "A pequena sereia". Para quem ama animes com toques de fantasia e romance, esse filme é imperdível, e belíssimo uso de 3D.

domingo, 22 de maio de 2022

Uncharted- fora do mapa


 "Uncharted", de Ruben Fleischer.  O filme traz as origens de Nathan Drake (Tom Holland) e Victor Sullivan (Mark Whalberg), protagonistas do famoso jogo de game homônimo. No filme, que fez grande sucesso de bilheteria no mundo inteiro, temos uma variação das aventuras de "Os caçadores da arca perdida", com os protagonistas em busca de um mapa do tesouro caçado igualmente pelos vilões Moncada (Antonio Banderas), Chloe (Sophia Ali) e Braddock (Tati Gabrielli). 

O roteiro é hiper mega genérico, e claro, bastante previsível. A mistura de comédia, ação, romance e adrenalina funciona, mas faltou o roteiro trabalhar melhor o personagem de Antonio Banderas, pouco assustador. O melhor é a química entre os dois carismáticos e talentosos atores, Holland e Walbergh, que divertem com seus personagens. 


Morbius


 "Morbius", de Daniel Espinoza. Adaptação da parceria Sony e Marvel para um personagem obscuro e pouco conhecido, Morbius traz muitos elementos semelhantes a Venom e à história de Dr Jekyll e Hyde,  O filme foi o mais criticado de todos os projetos da Marvel, com críticas ao roteiro raso e ao trabalho de Jared Leto. 

Assistindo ao filme, não o vejo tão ruim como dizem. É um pipoca super assistível, e mesmo previsível, tem momentos bem interessantes, com uma pitada de elementos de filme de terror e ficção científica, que o diretor chileno sueco Daniel Espinoza já havia trazido para 'Vida", uma ficção científica chupada de Älien, o 8o passageiro" e que muitos acreditavam ser um prequel de "Venom".

O doutor Michael Morbius (Jared Leto) nasceu com uma doença cngênita no sangue, o que lhe provocou uma espécie de paralisia no corpo desde criança. Isolado do mundo, ele conheceu Vovo, a quem Michael apelidou de Milo, mais tarde na fase adulta interpretado por Matt Smith. Quando crianças, os dois se tornam grandes amigos e Michael promete achar uma cura para a doença de ambos. Os anos se passam e Dr Michael vai para Costa Rica em busca da cura com morcegos vampiros, que ele leva para Manhattan e acabam fazendo com que ele se transforme num monstro sedento de sangue. Mas quando Milo descobre o segredo de Michael, toma do mesmo remédio mas se transforma em um morcego do mal.

O filme cumpre seu papel de passatempo, nada mais do que isso, e o que provocou a ira dos críticos foi a obviedade da história, e o pouco desenvolvimento de personagens secundários, como a namorada de Michael, a médica Martine,  e um médico interpretado por Jared Harris. 


sábado, 21 de maio de 2022

Rhino


 "Rhino", de Oleh Sentsov (2021)

Premiado drama ucraniano, um filme de gangsters ambientado na Ucrânia e que infelizmente hoje em dia se encontra em uma guerra que está dizimando um país rico na cultura cinematográfica.

Rhino (Serhii Filimonov) é o protagonista do filme, que tem a vida acompanhada desde os anos 80 na Ucrânia comunista, até sua adolescência e fase adulta, com o país já adaptado ao regime capitalista e consequentemente com o tráfico de drogas e armas comandadas por grupos rivais de gangsters. Desde criança Rhino foi uma criança problemática. Ao crescer, se tornou um jovem mafioso, até que por vingança, ataca o grupo rival.
Sanguinolento, como não poderia deixar de ser, o filme aposta tudo no talento do ator Serhii Filimonov, que está excelente e repleto de visceralidade e um papel bastante complexo.

4 X 4


 "4 X 4", de Mariano Cohn (2019)

Drama de suspense que originou o brasileiro 'A jaula", com Chay Suede, um filme claustrofóbico onde durante 90 por cento do filme, temos o protagonista Ciro (Peter Lanzani) , um ladrão barato que rouba rádios de carro, fica preso em um veículo preparado para ser uma armadilha. Ciro tenta de tudo, mas não consegue sair do carro que tem videos inquebráveis e sem transparência, ou seja, pessoas que passam na rua não conseguem vê-lo nem ouvi-lo. Para piorar, as trancas das portas não abrem e o oxigênio vai rareando. O autor d armadilha é Enrique (Dady Brieva), um médico viúvo que já teve o carro arrombado 28 vezes e dessa vez decidiu fazer justiça com as próprias mãos.

O filme é curioso, um baixo orçamento criativo e que deve ter dado trabalho para ser rodado em um set tão apertado quanto um carro. O ator Peter Lanzani faz um ótimo trabalho, em um personagem complexo que vai ganhando a simpatia do espectador pela forma humana como ele vai desenvolvendo o seu personagem. Dady Brieva vai no registro da caricatura para dar vida ao médico, mas dentro de um contexto de estereótipos sobre um homem vingativo, está ok.

Yeti, a love story


 "Yeti, a love story", de Adam Deyoe e Eric Gosselin (2006)

Um filme mega trash, com cenas bizarras escatológicas , nudez e muita atuação ruim, um cult para a turma do quanto pior melhor.

Um grupo de 5 jovens amigos decide acampar e acabam sendo sequestrados por integrantes de uma seita que venera o Yeti, o famoso homem das montanhas. Durante o ritual de sacrifício, jovens rapazes são oferecidos para serem estuprados pelo monstro. Mas quando um dos integrantes do grupo, Andy, é sequestrado, Yeti se apaixona por ele. Enquanto isso, os outros amigos vão sendo mortos pelos integrantes do culto.
Difícil citar as cenas toscas e trash do filme, é a mente insana dos cineastas e roteiristas que produziram um filme em 5 dias de filmagem, ao custo de 200 dólares!!! O visual do Yeti é a de uma roupa trash com máscara que nem se mexe. Os atores são ruins demais, e se submetem a cenas vergonha alheia. Mas no fundo, é uma diversão assistir ao filme, eu gargalhei muito.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Férias frustradas


 "Vacation", de John Francis Daley e Jonathan Goldstein (2015)

Continuação da bem sucedida franquia "Férias frustradas" iniciada em 1983 com o casal de protagonistas Clark (Chevy Chase) e Ellen (Beverly D'angelo) Griswald. Essa versão de 2015 é uma continuação 32 anos , mas com uma histórias que praticamente repete o plot do filme original.

Uma família decide tirar férias: o pai Rusty- o filho do original ( Ed Helms), Debbie (Cristina Apllegate) e os filhos Kevin e James pegam um carro e seguem mais de 4 mil kilômetros em direção a Walley World, um parque temático que o pai acredita será a felicidade de todos. mas no caminho, acontece muita confusão que irá abalara estrutura familiar.
O filme, assim como os outros, se baseia em sketches que acontecem ao longo do fllme, com personagens que surgem e culminando com a aparição emocionante do casal Clark e Ellen, agora donos de uma pousada em San Francisco. O filem é repleto de gagas apelativas com cunho sexual, mas essa já era uma prerrogativa da franquia. Os atores principais são divertidos, e o filme serve como passatempo, talvez não tão familiar devido às piadas politicamente incorretas.

Chamas da vingança


 "Firestarter", de Keith Thomas (2022)

Refilmagem do clássico de terror de 1984 homônimo , baseados em um livro de Stephen King. O filme tem um tema que se tornou comum nos anos 80, que era o da telecinese e de personagens que tinham poderes por conta de experiências científicas, muito comuns em filmes de David Cronemberg. Mas assistindo a "Chamas da vingança", certamente muitos espectadores irão associar a condição de Charlie McGee (Ryan Kiera Armstrong) a poderes de uma mutante X-men, até porque o drama é semelhante a de muitos personagens da franquia da Marvel.

O casal Andy (Zac Efron) e Vicky (Sidney Lemmon) vive escondido, junto de sua filha Charlie da DSI, uma poderosa corporação que faz experiências científicas. No passado, o casal, que tinha poderes, foi usado como cobaias em experimentos, e acabaram gerando a filha Charlie, que tem poderes de provocar fogo. Quando um caçador, Rainbird surge para ir atrás de Charlie, eles fogem, mas logo entendem que precisam enfrentar a DSI e pararem de fugir. No entanto, Charlie está infeliz com a sua condição e se irrita com sua mãe.
O filme é um remake que procura repetir a atmosfera do original, inclusive no visual e no mood anos 80, apesar desse remake ser ambientado nos anos 80. Ma s atrilha, de John Carpenter, e os efeitos vintage trazem essa sensação, o que é um charme para o filme. O elenco está ok, em seus tipos bem definidos de mocinhos e vilões, mas o remake tinha o charme da pequena Drew Barrymore. Essa versão é ok e não faz feio, mas foi bastante criticada.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo


 "Everything everywhere all at once", de Daniel Kwan e Daniel Scheinert (2022)

Certamente um dos filmes mais bizarros e lisérgicos dos últimos 20 anos, um filme que Spike Jonze teria orgulho em ter escrito e dirigido. Escrito e dirigido pela dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, diretores do filme mais louco de 2016, "Um cadáver para sobreviver", com Daniel redcliff interpretando um morto o filme inteiro.

Com Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo", os cineastas venceram um mais que merecido prêmio de melhor edição no SXSW 2022, e seria inacreditável que perdesse essa mesma categoria no Oscar de 2023. Merecia também o de roteiro e atriz para Michelle Yeoh, a estrela do filme, interpretando diversos papéis em um filme ambientado em multiversos!!!
Chegou uma hora do filme que desencanei e decidi não mais querer entender o filme, e para mim, tudo é uma grande metáfora sobre uma mulher fragmentada emocionalmente. Mas o filme pode ser apreciado de formas vezes, então o melhor é o espectador se deixar entregar à total piração proposta pelos cineastas.
A família Wang, imigrantes chineses nos Estados Unidos que converteram o seu sonho americano numa lavandaria hipotecada, estão repletos de dívidas. Evelyn (Michelle Yeoh) é casada com, Waymond (Ke Huy Quan, de “Indiana Jones e o Templo Perdido”) e tem uma filha, Evelyn, Joy, (Stephanie Hsu) que mantém uma relação complicada com a mãe, por ter tattoo e namorar uma garota Tem também o pai de Evelyn, um idosos em uma cadeira de rodas. Evelyn é procurada por um Waywond de um mundo paralelo que diz à ela que Jobu está à procura dela para matá-la e que ela deve se proteger. A partir daí, Evelyn busca apoio em diversas versões de si mesma em universos distintos, e o filme mistura gêneros: kung fu, ficção científica, animação e muito mais.
No final das contas, o filme acaba sendo um projeto que foi feito sobre encomenda para Michelle Yeoh, uma brilhante atriz que trabalha em filmes de gêneros distintos, sempre dando o melhor de si.

terça-feira, 17 de maio de 2022

A deusa do vagalume


 "La déesse des mouches a feu", de Anaïs Barbeau-Lavalette (2020)

Drama premiado que concorreu no Festival de Berlim 2021, "A deusa dos vagalumes" é um drama canadense sobre uma adolescente de 16 anos, Catherine (Kelly Depeault, esplêndida), que ao comemorar o aniversário de 16 anos, testemunha a fragmentação do relacionamento de seus pais, e acaba indo morar com a sua mãe. Essa ruptura familiar traz consequências para Catherine, que, fragilizada, se envolve com um grupo de jovens drogados da escola, e acaba fazendo sexo com Keven, o rapaz que ela estava de olho. Catherine se afunda cada vez mais nas drogas, ao mesmo tempo que vê seus pais se destruindo cada vez mais.

Adaptação do romance de mesmo nome de Geneviève Pettersen, a história ocorre em meados da década de 1990 (com referências a Kurt Cobain e Pulp Fiction). O filme parece uma versão canadense de "Kids", de Larry Clark, um clássico sobre jovens desajustados e envolvidos com drogas e sexo sem preocupação com o dia de amanhã. Com ótimos atores jovens, o filme não traz novidades ao tema da juventude sem futuro, mas vale pelo trabalho do elenco e pela boa direção.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Dark glasses


 "Occhiali Neri", de Dario Argento (2022)

Exibido em sessão de gala no Festival de Veneza 2022, esse retorno do Mestre do terror giallio Dario Argento foi recebido com pompas no evento italiano. E vale aqui a máxima dada a poucos cineastas: um filme ruim de Dario Argento é melhor do que muito filme por aí. Em jejum por um período de 10 anos, desde que lançou o tosco 'Dracula 3D", Argento infelizmente não voltou na boa forma de seus clássicos dos anos 80, mas isso não quer dizer que não valha a pena assistir a "Dark glasses. O filme tem cenas impagáveis, que fazem o espectador se divertir com a situação bizarra: uma sequência antológica da heroína sendo atacada em um pântano por cobras d'água, ou um cachorro que devora um homem. Ou o que dizer de uma mulher sendo assassinada em uma rua deserta e em questão de segundos, surgem dezenas de figurantes? E a trilha sonora, um dos melhores elementos do filme, que traz batidas que realmente assustam, composta por Arnaud Rebotini. E para fechar com chave de ouro, a participação de Asia Argento, a polêmica filha atriz e cineasta de Dario Argento, uma das mentoras do "Me too".

Uma prostituta de luxo, Diana (Ilenia Pastorelli) sobrevive a um ataque de um serial killer que mata prostitutas em Roma. No acidente de carro, ela acaba matando acidentalmente um casal de chineses, mas o filho de 10 anos sobrevive, e Diana fica cega. O assassino vai atrás de Diana, que agora conta com a ajuda do menino chinês, de um cão guia e da voluntária Rita (Asia Argento).
O filme tem diálogos ruins, atores péssimos, desenvolvimento frágil das tramas, que insistem em Deus ex-machina a cada minuto. Mas é justamente a junção de todos esses elementos deliciosos que fazem esse filme ser divertido de ser visto. Para fãs de Argento obrigatório.

domingo, 15 de maio de 2022

Spun - Sem limites


 "Spun", de Jonas Akerlund (2002)

Comédia dramática lançada em 2002, é o filme de estréia do hiper premiado diretor de video-clipes Jonas Akelund, que já havia realizado clips para Madonna, U2, Roxette, Jamiroquai, entre outros mega stars.

Em 'Spun-sem limites", Akerlund busca elementos estéticos e narrativos de 'Requiem para um sonho" e "Pulp fiction" , batendo o recorde para a época de ter feito 5 mil cortes na edição do filme.
O filme é baseado em história real, sobre um "cozinheiro" que produz metanfetamina, droga sintética depois celebrizada na série "Breaking bad".
O filme traz grandes astros do cinema independente, como Jason Schwartzman, no papel do protagonista Ross, um viciado em drogas. Ele vai atrás de Spider Mike (John Leguizamo) , um traficante de drogas, namorado de Cookie (Mena Suvari). Rick se envolve com outra viciada, Nikki (Brittany Murphy). A polícia está querendo dar o bote em Mike, acreditando ser ele o fabricante, que na verdade vem a ser Cook (Mickey Rourke).
O filme tem muitos personagens e isso prejudica a narrativa, pois fica difícil acompanhar tanta gente. O estilo narrativo criado por Akerlund é uma repetição dos filmes citados, incluindo o super close na pupila dilatada e uso de câmera lenta excessiva. O filme traz toda a linguagem de video clip popularizada por Akerlund incluindo até uso de animação.

Taís e Taiane


 "Taís e Taiane", de Augusto Sevá (2019)

O cineasta paulista Augusto Sevá é um veterano que em seus últimos filmes, tem trabalhado com o tema de meninas adolescentes e as problemáticas envolvendo famílias em processo de ruptura.

Em "Fala sério!", de 2015, Sevá tem três amigas adolescentes como protagonistas. Em "Taís e Taiane", são as jovens envolvidas com prostituição infantil, assédio e misoginia em um mundo essencialmente machista.
Tais (Gabriella Verganni) desce apressadamente do ônibus rodoviário depois de ser assediada pelo rapaz que se sentava ao seu lado. Taís seguia para Vitória em busca de seu pai que ela não conhece. Na estrada deserta, ela conhece Taiane (Yasmin Santos), uma jovem prostituta fazendo ponto. A antipatia inicial entre elas começa a se dissipar quando dois homens em uma moto as assaltam. Com isso, começam a descobrir que juntas podem se ajudar a sobreviver nesse ambiente agressivo. Enquanto Tais traz seus conhecimentos de quem frequentou a escola, Taiane conta com sua experiência na estrada. Elas precisam se salvar de uma cafetina e seu capataz vilanesco, além de caminhoneiros assediadores. Elas encontram a bondade nas figuras dos motoqueiros interpretados por André Bankoff e Jairo Mattos, que vê em Taiane uma lembrança de sua filha.
O filme tem belas imagens, linda fotografia e um roteiro que lida com temas pesados, bem semelhante a outro brasileiro, "As filhas do sol". Duramente criticado pelos jornalistas, que acusam o filme de ser objetificador e retrógrado em relação ao papel feminino no protagonismo de tempos de empoderamento, "Tais e Taiane" , senão fosse por deslizes de roteiro e de direção que reforçam esse olhar masculino sobre personagens femininas, teria sido um belo filme, pois a relação de amizade entre as duas, defendida com garra pelas atrizes, comove, com um desfecho bastante melancólico.

O peso do talento


 "The unbereable weight of massive talent", de Tom Gormican. Nicolas Cage é uma lenda. Essa frase é dita por uma fã no filme, e claro, por toda a sua fanbase da vida real. Nicolas Cage é tão querido pelo público, que o fato de ter feito muitos filmes ruins acabou fazendo com que a sua popularidade aumentasse ainda mais, sendo alçado a Rei dos memes, com suas caras e bocas impagáveis. Mas entre filmes ruins, chegam também filmes excelentes, como o recente "Pig", deixando claro que o sobrinho de Coppola tem sim, muito talento, e um Oscar na prateleira, por "Despedida em Las Vegas".

Cage interpreta a si mesmo, e essa brincadeira de metalinguagem já havia funcionado muito bem com 'Quero ser John Malkovich", e aqui, funciona melhor ainda, com direto a um roteiro repleto de humor e ação e homenagens a muitos filmes de Cage.

Desolado por ter perdido o papel em um filme que o faria retornar aos filmes Blockbusters, Cage dá vexame no aniversário de sua filha Addy, de 16 anos, o que a deixa irritada, junto da ex-esposa de Cage, Olivia. Seu agente, Patrick (Neil Patrick Harris) lhe propõe algo inusitado: um super fã, Javi (Pedro Pascal, antológico) , um milionário espanhol morador de Mallorca, na Espanha, quer contratar Cage por um milhão de dólares para a festa de seu aniversário. Sem ter como negar, Cage vai, e descobre que Javi tem um roteiro que quer que Cage estrele. Mas a Cia suspeita que Javi é um traficante de armas e quer que Cage seja um infiltrado.

Genial, "O peso do talento" é um filme que qualquer fã adoraria para o seu ídolo. Divertido, respeitando totalmente Cage, o filme traz muitos easter eggs que certamente deliciarão o espectador. Uma idéia muito boa, atores impecáveis e uma das melhores parcerias dos últimos anos no cinema, com Cage e Pascal espetaculares. 

sábado, 14 de maio de 2022

Monstrous


 "Monstrous", de Chris Sivertson (2022)

Vencedor do prêmio de melhor filme do juri popular no prestigiado Fantaspoa 2022, "Monstous" é uma mistura de "Wandavision", "Poltergeist" com pitadas de Shayamalan. E o melhor de tudo, é que é protagonizado pela excelente Cristina Ricci, que estava merecendo há tempos de um filme solo onde mostrasse toda a sua versatilidade e talento.

O roteiro não é nenhuma novidade, e certamente já o vimos várias vezes: Em 1955, uma mulher, Laura (Ricci) e seu filho de 10 anos Cpdy (Santino Barnard) saem da cidade grande para uma casa à beira do pântano. Laura foge de seu ex-marido, de quem pouco sabemos sobre. Na escola, Cody sofre bullying. Em casa, ele tem visões de um monstro do pântano. Laura igualmente passa a ter visões.
Com ótima fotografia e direção de arte, e considerando a produção de baixo orçamento, "Monstrous" é uma boa surpresa, principalmente para cinéfilos que gostam de um toque de fantástico e sobrenatural para dramas familiares. Afinal, o gênero terror sempre foi propício para metáforas de existencialismo e traumas da vida.

Meu querido supermercado


 "Meu querido supermercado", de Tali Yankelevich (2019)

Concebido e dirigido pela cineasta Tali Yankelevich, aqui em sue longa de estréia, "Meu querido supermercado" evoca documentários importantes como "1,99" ou "Koyanisqatsi", de Godfrey Reggio, filmes que falam da sociedade de consumo mas com um olhar existencialista e, filosófico e poético. A cineasta teve a idéia para o filme após presenciar uma conversa entre funcionários de um supermercado. Assim, o filme apresenta a construção de um supermercado, a montagem das prateleiras, frigoríficos, empilhamento de produtos, e finalmente, a abertura para o público. depois, foca a sua câmera em alguns funcionários, deixando claro que cada pessoa, mesmo sendo anônima e invisível, possui a sua própria história, que não deixa de ser curiosa e interessante.

O filme, apesar do olhar lúdico e conceitual sobre o ambiente gigantesco do supermercado e sobre as pessoas que ali trabalham e vivem dias de repetição, traz uma melancolia e um desejo de que a vida existe alem do supermercado, e a câmera e a fotografia lidam com a claustrofobia e confinamento de forma encantadora, mas triste.

Migliaccio- O brasileiro em cena


 "Migliaccio- O brasileiro em cena", de Tuco, Marcelo Pedrazzi e Alexandre Rocha (2021)

Morto tragicamente em 4 de maio de 2020 aos 85 anos. o ator, produtor, diretor e roteirista Flavio Migliaccio tem sua vida profissional e pessoal colocada a limpo nesse documentário c-escrito por seu filho, Marcelo Migliaccio.

Nascido no Brás, em São Paulo, Flavio nasceu em família católica e teve 11 irmãos. A sua vida artística veio por um acaso, e desde que a abraçou, não a largou mais. Atuou, dirigiu, produziu, escreveu em teatro, cinema e televisão. O documentário é costurado com depoimentos do próprio Flavio, cenas de 13 de seus filmes, trechos de novelas e séries e da peça de teatro “Confissões de um Senhor de Idade”, na qual estabeleceu duro diálogo com Deus, interpretando a si mesmo, já aos 80 anos de idade.
Para quem é fã de Migliaccio, é um filme imperdível, com momentos emocionantes e revelações de bastidores muito divertidas e curiosas.

De volta ao baile


 "Senior year", de Alex Hardcastle (2021)

Eu amo Rebel Wilson, uma mega comediante, que já brilhou em várias produções, como "Megarromântico", e agora retorna com "De volta ao baile". A estrutura é semelhante a "Megarromântico": um elemento muda drasticamente a vida da personagem, e nesse novo mundo ela precisa provar a todos de que é boa e que pode se tornar uma vencedora, com direito a números musicais e muitas gags hilárias.

Em 1999, a imigrante australiana Stephanie Conway, 14 anos, decide que quer vai deixar de ser loser e se tornar uma das "populares" na High school. Ela passa os próximos 4 anos se transformando, tornando-se capitã de torcida, namorando Blaine e se tornando uma das garotas mais populares. Seu sonho é se tornar a Rainha do baile, mas um acidente em uma apresnetação como cheer leader a deixa em coma. 20 anos depois, ela acorda do coma (já como Rebel Wilson) e ela precisa se acostumar com a tecnologia. Com mentalidade de uma garota de 17 anos, ela decide retornar aos estudos na High shool e novamente tentar ser a Rainha do baile, além de resgatar o amor de Blaine, agora casado com Tiffany, a bitch da escola. O que Stephanie não sabe é que seu melhor amigo, Seth, é apaixonado por ela platonicamente.
Bom, John Hughes já fez a cartilha para todo o sempre dos estereótipos juvenis, e o filme traz todos eles, sem deixar nada de fota. Mas Rebel Wilson é uma festa e tê-la em um filme é certeza de humor e muito carisma. Para quem gosta de filmes leves mas com mensagens repletas de viradas de personagens, o filme é bela pedida.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Fetiches


 "Les fantasmes", de David Foenkinos e Stéphane Foenkinos (2021)

Escrito e dirigido pelo casal francês David e Stephane Foenkinos, realizadores do excelente "A delicadeza do amor", com Audrey Taoutou. Em "Fetiches", os cineastas fazem uma comédia romântica erótica que fala sobre fetiches obscuros, e segundo os roteiristas, são taras que realmente existem. O filme traz 6 histórias, cada uma com um fetiche e trazendo um mega elenco, que inclui Carole Bouquet e Monica Bellucci, protagonistas do episódio 4. Como toda antologia, são episódios irregulares, e os que mais curti são o primeiro e o último episódio. Os outros têm boa idéia, mas a narrativa não seduz tanto como deveria, apesar do bom elenco.

1) Ludofilia- Ficar excitado interpretando um papel
2) Dacrifilia- Ficar excitado vendo choro alheio
3) Sorofilia- Ficar excitado pela sua cunhada
4) Tanatofilia- Ficar excitado com tudo que remete à morte
5) Hipofilia- Ficar excitado por não fazer amor
6) Autagonistofilia- Ficar excitado por ser visto fazendo amor
Fica a curiosidade, mas em se tratando de comédia e em episódios sobre taras, prefiro mil vezes o espanhol "Toc toc", sobre transtornos de compulsividade, uma comédia brilhante.

Noites de alface


 "Noites de alface", de Zeca Ferreira (2021)

Adaptação do livro de Vanessa Barbara, "Noites de alface", adaptado para o cinema por Zeca Ferreira, que também dirige o longa. Totalmente rodado na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, município que traz um ar provinciano e de interior, dando um olhar de filme atemporal.

Marieta Severo e Everaldo Pontes estrelam o filme no papel do casal Ada e Otto. Ela dona de casa, compreensiva com o marido, o turrão e pouco social Otto, amante de romances policiais. Quando o carteiro da cidade desaparece, Otto procura entender o que ocorreu de fato.
Com um elenco repleto de excelentes atores do teatro e do cinema independente, como Cirilo Luna, Pedro Monteiro, João Zappa, Teuda Bhara, Romeu Evaristo, Izak
da Hora
, Marcos Breda, Inês Peixoto e Lumi Kin, o filme traz uma mistura de gêneros, drama, romance, policial, humor e fantasia, onde o roteiro em vai e vem acaba confundindo às vezes sobre o que de fato está acontecendo. Mas a força do filme é o elenco, e assistir essa turma toda em cena acaba sendo um grande presente, com uma produção de baixo orçamento, mas repleta de carinho e paixão pela arte.

quinta-feira, 12 de maio de 2022

O homem do norte


 "The northman", de Robert Eggars (2022)

Um filme extraordinário, uma obra-prima de concepção técnica, artística e de direção, "O homem do norte" é um violento drama sobre vingança. Todo espectador irá se lembrar de filmes, séries e livros que falem sobre um homem que quer vingar a morte de seu pai, visto até em "Game of thrones" onde o pai é igualmente decapitado. O roteiro foi escrito por Robert Eggars, cineasta dos cults "O farol" e "A bruxa", junto de Sjón , roteirista islandês que escreveu "Dançando no escuro", com Bjork, e "Lamb", com Noomi Rapace.

A idéia do projeto veio de um desejo do ator Alexander Skassgard querer trabalhar com Robert Eggars. O filme se inspira na lenda de Amleth, um guerreiro viking que foi inspiração de Willian Shakespeare para escrever 'Hamlet".
Em 895 dC , o rei Aurvandill War-Raven (Ethan Hawke) retorna ao seu reino na ilha de Hrafnsey após suas conquistas no exterior, e se reencontra com sua esposa, a rainha Gudrún (Nicole Kidman), e seu filho e herdeiro , o príncipe Amleth (Skaargsrd, quando adulto). Para preparar Amleth para um dia ser rei, os dois participam de uma cerimônia espiritual supervisionada pelo bobo da corte de Aurvandill, Heimir (Willian Dafoe). Na manhã seguinte, guerreiros mascarados liderados pelo irmão de Aurvandill, Fjölnir (Claes Bang), emboscam e assassinam o rei. Depois de ver sua aldeia massacrada e sua mãe levada por seu tio, Amleth foge de barco jurando vingar seu pai, salvar sua mãe e matar Fjölnir.
Com participação da cantora Bjork como uma vidente, "O homem do norte" é um filme visualmente arrebatador, onde toda a parte técnica: fotografia, efeitos especiais, direção de arte, figurinos, é impressionante. O elenco multi estelar traz peso a uma história que pode não ser original, mas certamente, empolga, mesclando momentos de fantasia, drama e batalhas sangrentas. Skkargard certamente ficará feliz de ter sido um dos autores desse projeto, um orgulho em sua filmografia.

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Animais fantásticos- Os segredos de Dumbledore


 "Fantastic beasts- The secrets of Dumbledore", de David Yates (2022)

Três pontos me trouxeram curiosidade e interesse para assistir a essa terceira parte da trilogia de "Animais fantásticos":

1) A explicitação entre o romance no passado entre Albus Dumbledore (Jude Law) e Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen)
2) A presença da atriz brasileira Maria Fernanda Cândido como uma das candidatas à eleição para o Mago dos bruxos nas eleições presidenciais da Confederação da Magia
3) A substituição de Johnny Depp por Mads Mikkelsen interpretando o mesmo personagem
Acabou que no final das contas, achei o filme com ritmo mega arrastado, longoooo com 144 minutos e uma profusão tão grande de personagens que fiquei perdido. Eddie Redmayne, no papel do magizoologista Newt Scamanderhngb fica na sombra da dupla Dumbledore e Grindewald, os verdadeiros protagonistas. Maria Fernanda Candido se juntar deve ter 1 minuto de aparição em cena, sem falas mas pelo menos em uma personagem com relevância. O que o filme tem de melhor são os efeitos especiais, a fotografia e a direção de arte. No mais, pipoca e só.

Luzifer


 "Luzifer", de Peter Brunner (2021)

Drama de horror psicológico baseado em uma história real, "Luzifer" ganhou prêmios em Festivais internacionais, como Sitges e Locarno, e traz como protagonista o excelente ator alemão Franz Rogowski ( de "Undine", "Great Freedom"), um dos melhores de sua geração, no papel de Johannes, um jovem com deficiência mental, criado como sendo uma criança. Ele vive isolado com sua mãe, Maria (Susanne Jensen, uma não atriz) nos alpes austríacos. Maria é uma ex-viciada em drogas e alcóolatra, abusada pelo pai, e que se tornou uma mulher religiosa extremista, e ensina a Johannes sobre Deus e pecado. Quando ela é contactada por uma empresa que quer construir uma atração turística aonde ela está morando em seu casebre, ela se recusa a fazer o acordo. Logo, eles são ameaçados pela empresa, através de drones e visita dos capatazes violentos.

O filme segue uma narrativa que privilegia o drama de arte, com ecos de filme de terror ecológico, um gênero recente que lida com a ameaça do homem ao meio ambiente. Mas a partir do 3o ato, o filme segue uma linha quase surrealista e fantástica, apresentando um exorcismo, que é a parte real da história. O filme não traz respostas, ameaça em determinando momento em se tornar um filme de vingança, algo próximo ao cinema de Michael Haneke. O cineasta austríaco Ulrich Seidl, autor de filmes polêmicos e viscerais, atua como produtor do filme.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Entre águas


 "Luzzu", de Alex Camilleri (2021)

Premiado em importantes Festivais internacionais, o filme levou o impressionante prêmio de melhor ator para Jesmark Scicluna, no papel principal. A curiosidade é justamente essa: Jesmark é um não ator, um pescador de verdade da Ilha de Malta. O roteirista e cineasta Alex Camilleri nasceu em Malta, mas desde criança foi morar nos Estados Unidos. Agora, ele retorna para Malta para fazer um docudrama na melhor tradição do neo-realismo italiano: filmando em locações reais e com não atores em profissões iguais aos de seus personagens. Esse recurso já havia sido feito por Rosselini em seus clássicos "La terra trema" e 'Stromboli".

Jesmark é um pescador maltês que sofre com um novo vazamento em seu barco luzzu, uma embarcação de madeira típica da região. Com dificuldades financeiras, ele vê seu trabalho —e essa tradição familiar— em perigo devido às safras ruins de peixes, à impiedosa indústria pesqueira e a um ecossistema fragilizado. Desesperado e precisando sustentar a esposa Denise (Michela Farrugia) e o filho recém-nascido, que sofre de um distúrbio de crescimento que exige cuidados médicos, Jesmark acaba ingressando no mercado da pesca ilegal.
O filme resgata muito da narrativa dos irmãos Dardenne, no olhar sobre a figura marginalizada e tendo a câmera colada nele durante os 100% do filme, em registro totalmente naturalista. O filme comove pela performance dos não-atores, que trazem brilho no olhar e uma energia de quem entende aquele universo apresentado no filme. Lindas locações e um desfecho comovente.

Black Dynamite


 "Black Dynamite", de Scott Sanders (2009)

Exibido com enorme sucesso no Festival de Sundance, "Black Dynamite" é uma grande homenagem aos filmes Blackexploitation dos anos 70, se apropriando de toda a sua cartilha: uso de zoom, trilha sonora repleta de funk e soul, mulheres sem-nuas, muito kung fu e porradaria. O filme, hilário do início ao fim, traz Black Dynamite (Michael Jay White, também co-roteirista) como um ex-combatente do Vietnã e ex-agente da CIA no início dos anos 70, que volta à ativa após o seu irmão ser morto por traficantes. Dynamite decide limpar todas as ruas de drogas, principalmente os orfanatos onde crianças estão sendo viciadas em drogas.

O filme traz elementos de Watergate e implica o Presidente Richard Nixon como um grande vilão. O filme, claro, não se leva à sério, e a delícia de se assistir é justamente essa. Politicamente incorreto, trazendo Dynamite dando socos em idosas e mulheres, para depois pedir desculpas, é um exculacho repleto de sandices e bizarrices.

domingo, 8 de maio de 2022

O filme da sacadq


 "Film balkonowy", de Pawel Lozinski (2021)

Vencedor do prêmio de melhor documentário estrangeiro no Festival "É tudo verdade" 2022, e concorrendo em importantes Festivais internacionais, como Locarno, espanta a simplicidade desse documentário polonês que parte de uma proposta muito comum: entrevistando pessoas comuns, o cineasta Pawel Lozinski procura entender a sociedade de seu país, conhecido pelo extremo conservadorismo e que passou por uma história de luta política, fazendo seu povo sofrer as consequências da dominação alemã e também do comunismo. Agora liberal, as entrevistas buscam opiniões de diversas gerações. Com perguntas triviais como "Como você vai? Qual o sentido da vida? Porquê vivemos? ", o cineasta coloca a sua câmera na sacada de seu apartamento de classe média e procura perguntar a qualquer pessoa que passa pela rua em frente ao seu prédio, sempre com um ângulo plongée. Alguns passam batido, outros hesitam mas respondem, e até algumas pessoas que todo dia passa pela rua acaba expondo mais de sua vida. A idéia inciial do diretor é encontrar alguma boa história para o seu filme, e através de histórias comuns e de figuras anônimas, buscar inspiração. Tem uma idosa que lamenta não ter dedicado mais amor ao marido morto; outra idosa que tenta entender como lidar com a morte; um ex-presidiário que não encontra oportunidades; enfim, depoimentos alguns curiosos, outros sem muito interesse. O filme, com 100 minutos, acaba se tornando repetitivo e monótono. Talvez o momento mais revelador seja o da passeta de um grupo nacionalista de direita, que pede a expulsão dos imigrantes e que diz não á igualdade de gêneros e contra à viadice que domina o país.