segunda-feira, 18 de março de 2024

Feche os olhos e ore

"Hide and Go Shriek", de Skip Schoolnik (1988) Obscuro slasher lançado em 1988, quando o gênero já estava em decadência. Mas ainda assim, eu curti bastante o filme. Ele tem uma atmosfera suja, e é quase todo filmado dentro de uma loja d emóveis decadente em los Angeles, para onde 8 adolescentes seguem para passarem a noite. Ali, escondido, se encontra o zelador, Jeff. os jovens não podiam imaginar que ali se encontra um serial killer, que ao matar um a um, vai vestindo as roupas femininas das vítimas para assumir identidade andrógina. Spoiler: o filme segue a polêmica de filmes de serial killer como "Parceiros da noite", com Al Pacino, avisado de propagar a homofobia. Aqui, o serial killer é um gay psicopata, que se veste com roupas de couro e se maquia. Uma revelação de fato surpreendente, e que traz umestereótipo de um personagem queer. De qualquer forma, é impressionante como os anos 80 não tinham qualquer critério sobre representatividade e traziam assassinos controversos.

Por favor me diga isso

"Please tell me so", de Jang Young Seon (2021) Yu Gyeom (Han Hyun Jun) é um jovem atendente em uma cafeteria. Ele tem uma paixão platônica por um cliente que todo dia vai lá tomar café, ler livros, Seung Woo (Ahn Jong Sun). Admirado, Yu escreve em seu bloco de notas do seu celular, tudo o que ama e admira em Seung. Um dia, Seung dá carona para Yu na sua bicicleta e ao se sentarem à beira do lago, confessa que leu o conteúdo do bloco de notas de Yu. Um filme fofo, delicado, que faz acreditar que o mundo é cor de rosa e todas as histórias entre dois jovens homens gays será linda e maravilhosa. Um filme romântico, na melhor das descrições e paixões.

O pedido irlandês

"Irish wish", de Janeen Damian (2024) Lindsay Loham está de volta às comédias românticas nesse inofensivo romcom rodado na Irlnda. O roteiro é o mais simples e óbvio possível, e qualquer um que assistir já sabe como esse filme irá acabar. "O pedido iralndês" traz elemento de fantasia à história, quase em tom de filme da Disney, de tão ingênuo que é. Maddie Kelly (Lindsay Lohan) é uma editora de livros Nova Yorkina. Ela vai para o lançamento do livro novo de seu cliente, Paul Kennedy (Alexander Vlahos), por quem ela nutre paixão platônica. Quando ela está prestes a declarar seu amor para ele, Maddie descobre que sua amiga Emma está noiva dele e para piorar, Maddie é convidada para ser dama de honra. O casamento será na irlanda e todos seguem para lá. No aeroporto, Maddie tem um incidente com um fotógrafo americano, James Thomas (Ed Speleers). Às vesperas do casamento, Maddie segue até uma montanha florida, e faz um pedido à Santa Brígida (Dawn Bradfield) que lhe realiza o desejo: Maddie acorda e descobre que será noiva de Paul Kennedy. ela está felicíssima, mas decsobre que é mais feliz ainda toda vez que está ao lado de James. O que vale no filme é acompanhar a atriz Lindsay Loham, principalmente para quem foi fã dela em "Meninas malvadas" e estava sentindo saudades dela. No mais, um filme previsível, onde vale mais assistir as lindas locações do que o filme em si.

Versátil

"Versatile", de Carlos Ocho (2017) Curta espanhol escrito e dirigido por Carlos Ocho. Alex e Hugo formam um jovem casal gay. Eles são bonitos, bem sucedidos. Os dois estão de bem com a vida. São 8 meses de namoro. Mas hoje, as coisas irão mudar. Alex é passivo. Hugo é versátil. Eles chegam de uma festa, estão excitados. Alex se prepara para fazer o passivo, mas súbito, Hugo pede para que Alex mude seu papel sexual: Hugo quer ser o passivo da vez. Chocado com a postura do namorado, Alex se recusa. O casal começa a discutir forte a relação, baseada no papel sexual de cada um deles. O tema poderia render uma ótima comédia de Almodovar, mas na mão de Carlos Ocho, vira um drama de performances consistentes e fortes de Eudald Font e Christian Escudero. Os diálogos são francos, honestos, duros. Não há mais espaço para o amor, e sim, para revelações. Bem conduzido, econômico, um filme de baixo orçamento baseado apenas no trabalho de 2 atores, um apartamento e um roteiro de tema controverso.

Lui

"Lui", de Cassio Kelm (2018) Cassio Kelm é um homem trans, nascido em Ponta Grossa, Paraná. Estudou cinema em Cuba e já foi selecionado para o Berlim talents, onde talentos emergentes do cinema mundial participam de laboratório. Com toda essa credencial, Kelm escreveu e dirigiu o curta LGBTQIAP+ "Lui", com o seu amigo homem trans Lui Castanho como protagonista. Lui é um professor de circo que está em fase de transição para o gênero masculino. Ele esconde seus seios com um colete de lycra, e brinca com um vibrador enfiado dentro de sua cueca. Lui tem uma relação com Marina Chiv, uma de suas alunas do circo. Entre as duas pessoas amor e o entendimento sobre gênero e corpo. Com uma levada de tom mais para o experimental, o filme tem uma ótima cena de sexo entre as duas apaixonadas figuras, e uma cena estilizada de uma festa com integrantes da comunidade queer.

Depois do meio dia

"After noon", de Koo Cha Meng(2021) Drama LGBTQIAP+ escrito e dirigido pelo cineasta da Singapura Koo Cha Meng. O filme traz um dia na vida de dois adolescentes, os dois melhores amigos Natanael Khoo e Chia Chee Pin. Natanael convida Chia para passar uma tarde em sua casa, os pais estão fora. Els jogam game, vêem filme pornôs, se divertem. Quando Chia fala para Natanael de sua experiência sexual com a namorada, Natanel se inquieta. Quando Chia adormece, Natanael passa a sentir a pele e cheiro do amigo. Mais tarde, jogando basquete na quadra, Chia pergunta a Natanael porqu6e ficou tocando no corpo dele enquanto ele dormia. Um filme delicado, rodado em preto e branco e bem interpretado pelos dois jovens atores. Um filme que não tem pressa de mostrar a sua história, e certamente, o espectador já se colocou no lugar da tensão sexual de Natanel em algulm momento de sua vida.

Muitas felicidades

"Best wishes", de Xiaoan Zhang (2021) Curta LGBTQIAP+ realizado com apenas um único plano sequência, "Muitas felicidades" apresenta um jovem chinês, interpretado por Chen Nan, que está sentado em uma sala, sozinho, com um celular. Ele conversa com outro chinês, voz de Wang Yu Chen, e entendemos que ele sjá foram amantes. Mas agora Chen Nan está no dia de seu casamento, e a noiva o aguarda no altar. Seu amante tenta persuadi-lo para abandonar tudo e irem juntos para as montanhas onde foram felizes. O roteirista e diretor chinês radicado na Austrália Xiaoan Zhang realizou esse filme para fazer uma denúncia sobre uma prática comum na China: chineses gays são obrigados a se casarem pelos seus pais. Estima-se que existam mais de 30 milhões de pessoas gays na China, muitas das quais se casam com pessoas desconhecidas do sexo oposto devido à pressão familiar e social. Esses casamentos inevitavelmente terminam em tragédia. Um filme de realização simples, um bom ator e bela fotografia.

Don't be a dick!

"Don't be a dick", de Amir Ovadia Steklov (2020) Divertida animação LGBTQIAP+ erótica, escrita, dirigida e animada pelo alemão judeu Amir Ovadia Steklov. Através de conceito histórico, pesquisado através de gravuras e afrescos da arte egípicia, romana, grega, asiática, o filme faz comparações com o tamanho do pênis, culminando com a pornografia em sites. Através de pesquisa em Google, quando se diita "pênis grande", aparecem os negros, e "pênis pequeno", os asiáticos. Por um bom yempo, o tamanho do pênis era associado ao animal: eram veneradas na arte romana e grega a representação do pênis pequeno, enquanto quem possuia p6enis grade, eram consideradas pessoas menos desenvolvidas.

domingo, 17 de março de 2024

Foi bom conversar com você

"Nice talking to you", de Saim Sadiq (2018) Escrito e dirigido pelo mesmo cineasta paquistanês do super premiado "Joyland", "Foi bom conversar com você" concorreu no prestigiado Festival SXSW. O filme é um criativo e belo romance entre 2 pessoas que se conhecem por acaso, e tem poucas horas para se conhecerem, até que uma delas viaje e talvez, nunca mais se vejam. Nessa narrativa muito semelhante a 'Antes do entardecer", de Richard Linklater, Zaib (Bane Fakih) e Ollie (Colin Bates) se encontram em um evento onde ele é fotógrafo e ela, convidada da festa, voltada para deficientes auditivos e todos se falam via linguagem de sinais. Acreditando que um e outro sejam também deficientes, Olie e Zaib se comunicam via sinais. Ao saírem da festa, se esbarram por acaso na estação de metrô de NY. Zaiba diz que vai viajar no dia seguinte para o Líbano, pois seu visto expirou. O filme é lindamente interpretado pelos dois ótimos atores, que passam 2/3 do filme interpretando e se comunicando via sinais. Filmado nas ruas de Nova York no inverno, o filme traz aquele frescor de encontros casuais que poderiam mudar uma vida.

O sabor da vida

"La passion de Dodin Bouffant", de Tran Anh Hung (2023) Impossível não associar o filme ao clássico "A festa de Babette", filme de Gabriel Axel de 1987 e vencedor do Oscar de filme estrangeiro na época. AMbientado no ano de 1889 e adaptado do livro escrito por Marcel Rouffem, "La Vie et la passion de Dodin-Bouffant", ambos os filmes falam sobre os prazeres da culinária Gourmet, onde a comida é associada à uma arte dedicada a pessoas que apreciam a degustação requintada. Melhor direção em Cannes 2023 dada ao francês de ascendência vietnamita Tran Anh Hung , de "O cheiro da papaia verde" (melhor filme da Mostra Camera de ouro em Cannes 1995) e "Entre a inocência e o crime"(Leão de Ouro em Veneza 1996). O filme ficou famosos por tirar o favoritismo de "Anatomia de uma queda" como escolhido pela França a representar o país no Oscar de filme internacional 2024. Juliette Binoche e Benoit Magimel, que foram casados na vida real, interpretam Dodin Bouffant, um rico gourmet e chef, e Eugenie (Binoche), sua cozinheira por 20 anos. Ela mora em sua casa e por muitas vezes, Dodim a pediu em casamento, e ela recusou. entre pratos fantásticos preparados de forma delicada e surpreendente, Dodin recebe seus amigos gourmet para apreciarem a comida de Eugenie. Quando esta cai doente, a situação se inverte: Dodim prepara comida para elas A fotografia primorosa de Jonathan Ricobourg e a direção de arte e figurinos de Tran Nu Yên-Khê são dignos de nota e o filme não existiria sem esse trabalho t;ecnico impecável em todos os detalhes. Toda a comida de cena, que me fez ficar com inveja do elenco, foi desenvolvida pelo chef francês Pierre Gagnaire. Um filme lento, mas extremamente requintado, uma obra de arte.

sábado, 16 de março de 2024

Poof

"Poof", de Reitor Anderson (2018) Um drama romântico LGBTQIAP+ sem final feliz. "his love for him" é um filme inglês que apresenta 2 jovens de 18 anos, Aaron (Aiden Norte) e Mike (Miles Higson), moradores de uma cidade pequena da Inglaterra. Os dois se conhecem em uma festa hetero e ao saírem da festa, Mike diz que quer acompanhar Arron até a casa dele. Chegando lá, ele lhe rouba um beijo apaixonado, o que faz Aaron se surpreender e fugir para dentro de casa. Mas a sensação do beijo d eum outro homem o desconcentra e Aaron o encontra no dia seguinte, dizendo que aceita namorar com Mike às escondidas. Mas Aaron mora sozinho com seu pai, um homem bronco, bêbado e conservador, que exige que Aaron o ajude no trabalho. Aron teme que sei pai descubra sobre o seu relacionamento com Mike. Os 3 atores ingleses são excelentes em seus papéis bem traçados. A crueza da rotina de personagens moradores da periferia é bem apresentada, e a crise econômica acaba ditando muito das decisões de Aaron. Um filme triste sobre uma possibilidade de amor verdadeiro e cuja homofobia faz com que essa prospecção seja destruída.

Toda casa é assombrada

"Every house is haunted", de Bryce McGuire (2023) Concorrendo no prestigiado festival SXSW 2023, "Toda casa é assombrada" é do mesmo diretor do terror "Mergulho profundo", da Blumhouse. Escrito pelo próprio Bryce Mcguire, o filme é um terrir com uma mescla de mockmentary. Um jovem casal, Danny (Kevin Bigley) e Maya (Kate Cobb), está em crise, de relacionamento e financeira. Quando uma corretora lhes apresenta uma casa que está dentro de suas possibilidades, ela deixa claro que a casa é mal assombrada e todos que moraram ali, morreram de forma trágica. O casal considera excitante essa possibilidade decide morar lá. Um dia, quando o marido sai para trabalhar, Maya fica sozinha em casa, e acaba sendo procurada pelos fantasmas. Impossível não me lembrar de "Beetlejuice". Mas enquanto no filme de Tim Burton os personagens vão morar sem saber da existência de fantasmas, o casal daqui não se incomoda. Daí já vem um erro de roteiro para mim: logo na primeira noite, fatos estranhos acontecem e o casal estranha, e ainda ficam naquela "Não deve ser nada". Qual o sentido de acharem estranho a presença de algo sobrenatural? No mais, é um filme ingênuo, onde a metáfora provavel é sobre depressão e solidão e os "Fantasmas" que criamos para estarem ao nosso redor.

Atiraram no pianista

"They shot the piano player", de Javier Mariscal e Fernando Trueba (2023) "Tenório Jr foi vítima de 2 ditaduras: a brasileira e a argentina". Animação feita em rotoscopia pelos cineastas que trouxeram o premiado 'Chico e Rita", em 2010, Javier Mariscal e Fernando Trueba, "Atiraram no pianista" tem o mesmo título do filme de Truffaut. O filme abriu o Fetsival de San Sebastian e o Festival do Rio em 2023. É uma mistura entre ficção e documentário, acompanhando um pesquisador de música brasileira, o americano morador de Nova York Jeff (voz de Jeff Goldblum). Em 2009, ao fazer uma pesquisa sobre a Bossa Nova, ele se encanta com o piano do carioca Tenório Jr e se surpreende que não exista nada criado por ele depois de 1976. Ao chegar no Rio de Janeiro, Jeff é ciceroneado por João (Tony Ramos), um amigo que tenta ajudá-lo a elucidar o mistério e agenda encontro com familiares e amigos de Tenório: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Fernando Gullar, entre outros. Ele acaba descbrindo que Tenório Jr. teria sido sequestrado pelo serviço secreto da Marinha da Argentina, na madrugada de 18 de março de 1976, em Buenos Aires, após fazer um show com Vinicius de Moraes e Toquinho, quando saiu para comprar sanduíche e remédios. Foi torturado durante nove dias. Após ter ficado claro que o pianista não tinha envolvimento em atividades políticas, foi morto com um tiro na cabeça. O filme é visualmente encantador, retratando o Rio de Janeiro com detalhamentos incríveis e trazendo ícones como o Beco das Garrafas, Plataforma, entre outros lugares. faz também uma homenagem ao cinema, mais precisamente, a Nouvelle Vague. O filme tem um ritmo lento e uma narrativa monocórdica, o que o deixa cansativo. Mas a trama tenta sustentar o interesse do espectador, com a presença de grandes ídolos da MPB. O momento de Ella Fitzgerald saindo correndo do Copacabana Palace para o Beco das Garrafas é bem divertido.

Os colonos

"Los colonos", de Felipe Gálvez Haberle (2023) Vencedor do prêmio Fipresci em Cannes 2023 e indicado pelo Chile a uma vaga ao Oscar 2024 de filme internacional, "Os colonos" é um drama brutal sobre a colonização do Chile no início do século XX. Outrora habitado por nativos na região da Patagônia, muitas comunidades indígenas, como os Selk’nam, foram dizimadas por ingleses. A footgrafia do filme, de Simone D'Arcangelo, é espetacular, absorvendo a linda luminosidade da região da Patagônia, tanto em cenas dias como noite, mas ajudando a intensificar o drama da tragédia humana em cores frias. No Chile, em 1901, três cavaleiros são pagos para proteger uma vasta propriedade do rico fazendeiro chileno José Menéndez (Alfredo Castro). Ele quer que suas ovlehas tenham acesso direto por estradas, e caso existam comunidades indígenas no caminho, a ordem é matar. Segundo Molina (Camilo Arancibia), um mestiço chileno; MacLennan (Mark Stanley), capitão do exército inglês; e Bill (Benjamin Westfall), um mercenário americano; embarcam em uma expedição a cavalo para delimitar e recuperar as terras que o Estado concedeu a José Menéndez. Chacinas, estupros contra mulheres indígenas e encontros com coronéis ingleses psicopatas fazem parte do trajeto dos 3 homens. Muitos críticos associaram o filme a um faroeste. Eu diria que ele me lembra bastante o filme "Os três enterros de Melquíades Estrada", mas com um registro bastante violento e soturno. Os 3 atores são ótimos, em destaque para Camilo Arancibia e Mishell Guaña no papel da reprimida e violada indígena KEpja.

Ervas secas

"Kuru Otlar Üstüne", de Nuri Bilge Ceylan (2023) Assistir a um filme do premiado cineasta turco Nuri Bilge Ceylan é um enorme desafio, mesmo para o cinéfilo mais raiz. Seus útlimos dramas ultrapassam a duração de 3 horas de duração. "Ervas secas" tem quase 3 horas e 20 minutos. Indicado pela Turquia para representar o país no Oscar de filme internacional em 2024, o que acabou não sendo selecionado. Foi vencedor do prêmio de melhor atriz em Cannes 2023 para Mervé Dizdar no papel da professora Nuray, "Ervas secas" é comparado pelos críticos à obra de Tchekov, um estudo sobre a alma. Nuri apresenta um dos momentos mais surpreendentes de linguagem narrativa dos últimos anos, feito semelhante a Jonatham Glazer em 'Zona de interesse". Em determinando momento do filme, ele quebra a quarta parede e de forma aleatória e chocante, faz com que o protagonista saia de cena, abra a porta e apresente o set de filmagem , e depois, retorne à cena, como se nada houvesse acontecido. Essa metalinguagem poderia ter alguma explicação para Nuri, mas para mim, sôou gratuita. Sim, é bacana romper com a lógica, mas não tenho como explicar o porquê. O filme traz Samet (Deniz Celiloglu), um professor de arte que dá aula em uma região inóspita de Anatólia, coberto por neve durante quase todo o ano. Ele dá aula para crianças, e divide a casa com um amigo, o também professor Kenan (Musab Ekici). Samet é arrogante, misógeno e utiliza seu poder d eprofessor para oprimir os alunos da sala. Uma aluna, Sevim (Ece Bagci, espetacular) é pêga em aula com uma carta de amor, que Samet acredita ter sido escrito para ele. Em seguida, ele e Kenan são acusados anonimamente por alunos por assédio, o que pode interferir no pedido de transferência para Istambul que Samet tanto aguarda. Por outro lado, a professora Nuray, (Dizdar), que perdeu uma perna em um atentado, se vê envolvida em um triângulo amoroso com Samet e Kenan, interessados nela. Através de uma primorosa fotografia de Cevahir Sahin e Kürsat Üresin, Nuri nos apresenta uma história melancólica sobre pessoas com sonhos, mas que se vêem enfurnadas em um abismo de impeditivos morais, geográficos e econômicos. O filme parece 2 em 1: duas histórias distintas e como meio de campo, o professor envolvido com 2 mulheres, uma menina e uma adulta, ambas feridas emocionalmente e destratadas pelo arrogante Samet.

quinta-feira, 14 de março de 2024

Between a flock and a hard place

"Between a flock and a hard place", de Alex BarryPaul Clarke (2015) “A história de como um filme improvável mudou o curso da história e trouxe uma celebração da cultura gay para o mundo”. Essa é a frase que definiu o enorme sucesso de crítica e público de "Priscilla, a Rainha do deserto", filme australiano lançaso em 1994 e que tinha tudo para dar errado. Mas o grand ecarisma das personagens, a beleza das paisagens da Austrália e a força que o filem trazia para o empoderamento da comunidade queer e seus direitos e deveres, a trilha sonora super pop e claro, os figurinos extravagantes conquistaram definitivamente a todos. O filme traz um contetxo histórico da Austra'lia nos anos 70, 80 e 90 e de como a homofobia, intensificada pela Aids, varreu o país. Inclusive, muita gente criticou o filme por não fazer alusão à Aids. O elenco principal, Hugo Weaving, Guy Pearce e Terence Stamp revelam de que forma foram convidados para seus papéis e de como reagiram. Curiosamente, Stamp, que tinha muita mais bagagem artística, foi quem mais temeu interpretar a Drag Bernadete, quase recusando. Stamp narra o filme e agradece o tempo todo a Stephen Elliot por tê-lo convidado. O filme é obrigatório para quem ama o filme e para quem quer entender mais sobre a história das Drags australianas, com entrevista com famosas drags que foram referência para o filme, além de entrevistar Stephen Elliot e de como ele convenceu a equipe, elenco e financiadores. ainvestir em um filme onde ninguém queria apostar.

Jonah

"Jonah", de Ben Van Kleek (2023) Curioso drama independente que mistura ficção científica, thriller e suspense, "Jonah" foi co-escrito e dirigido por Ben Van Kleek e traz como protagonista Margot (Alaina Huffman), uma mãe solteira que mora sozinha com seu filho pequeno Jonah (Lincoln Huffman) em uma fazenda isolada na floresta. Uma noite, Jonah vai dormir em um acampamento improvisado do lado da fazenda. Margot vê um clarão e alega ter visto o filho ser abduzido por uam nave alienígena. Um tempo depois, ela contrata dois jornalistas, Ozzie e Darren para contar-lhes a sua história, já que ninguém acredita nela. Ozzie por sua vez tem história semlhante: quando criança, ele também acreditou ter sido abduzido mas sofreu bullying de todo mundo que não acreditou em sua história. O filme traz um plot twist sobre a personalidade de Margot. O filme, claramente de baixo orçamento, fica o tempo todo em cima dos 4 personagens. os atores estão ok, e Alaina Huffman lembra bastante Ashley Judd. É interessante, mas o roteiro é confuso, principalmente no desenvolvimento dos personagens, que não fica claro, e na decisão sobre qual gênero deve seguir. Os efeitos são razoáveis.

Não tenho lágrimas e devo chorar

"I have no tears and I must cry", de Luis Fernando Puente (2023) Concorrendo em Sundance, o filme escrito e dirigido pelo mexicano Luis Fernando Puente é um drama baseado em história real ocorrido com sua esposa mexicana, residente nos Estados Unidos. Durante o governo trump, a política de deportação de imigrantes fez com que milhares de estrangeiros fossem deportados. Um jovem casal de mexicanos, moradores dos Estados Unidos, Maria Luisa (Alejandra Herrera) e seu marido (Enoc Oteo) seguem otimistas para uma entrevista de Maria Luisa para retirar o seu Green card. Ambos planejam os móveis que irão comprar para a sua casa. Quando a oficial de justiça (Cherie Julander) chama os dois para entrevistar, começa uma sessão tensa de interrogatório e checagem de documentos, que deixam Maria Luisa em dúvida se irá retirar o Green card ou se será deportada. Quase todo mundo já passou pela situação constrangedora e sádica de uma entrevista em um consulado americano ou mesmo na Imigração. O detsino das pessoas nas mãos de uma única pessoa que tem o poder de decidir o futuro de alguém que possui planos e sonhos. O elenco, em especial Alejandra e Cherie, estão fantásticas, e a direção trabalha muito bem a construção da tensão.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Ossos e nomes

"Knochen und Namen", de Fabian Stumm (2023) Vencedor de um prêmio especial no Festival de Belrim 2023, "Bones and names" foi escrito e dirigido pelo cineasta alemão Fabian Stumm, em seu filme de estréia e que ainda protagoniza a produção. O filme é uma comédia dramática que explora as dificuldades de um relacionamento entre um casal gay de meia idade, Boris (Fabian Stumm) e Jonathan (Knut Berger). Ambos estão em crise criativa com os seus respectivos trabalhos. Jonathan está totalmente perdido em escrever um novo romance. Boris ensaia um novo filme como ator junto de outros 2 atores, entre eles, o jovem Tim. A diretora é exigente e pratica um método cruel fisicamente e psicologicamente falando para dirigir os seus atores. Confesso que não curti o filme. Achei chato, e Fabian Stumm filmou tudo com uma narrativa extremamente fria e sem empatia. Impossível sentir qualquer tipo de aproximação emotiva com os personagens. Não achei divertido,e. mesmo nas crises criativas de ambos, não me vi ali representado. O uníco momento que realmente vale a pena no filme, lindamnete filmada em um plano fixo, é a do sexo do casal, que começa frio e vai se tornando quente e apaixonante, ao som de Canon em D, de Johan Pachelbel.

Play me

"Play me", de Caleb J. Phillips (2023) Ótimo curta de terror, realizado apenas com 2 atores, um carro e uma locação no meio de um deserto. Com uma excelente fotografia de Laura Jansen, o filme é todo rodado em uma noite. Uma mulher, Elisabeth (Lindsey Garrett), acorda em um carro sem se lembrar de como chegou lá. Ela se vê no meio de um deserto. Ao olhar para o banco trasieor, encontra um homem algemado e encapuzado, (Josh SChell). sem saber o que fazer ela encontra um mini gravador com sua voz gravada e lhe dando instruções para que, em hipótese alguma, tire o capuz do homem e que deve matá-lo. Instigante e tenso, o filme traz uma performance muito boa de Lindsay Garret, que consegue passar pro público a confusão interna de sua personagem. Um misto de "Amnésia" e "Jogos mortais", o filme deixa o final em aberto, o que pode irritar boa parte dos espectadores, mas fica ao público procurar decifrar a história.

terça-feira, 12 de março de 2024

Werner Herzog - Sonhador radical

'Werner Herzog- Radical dreamer", de Thomas von Steinaecker (2022) Extraordinário documentário que passa um pente fino na vida e carreira de um dos mais importantes cineastas da história, o alemão Wener Herzog. E o filme faz uma trajetória absolutamente curiosa de um cineasta de filmes experimentais e lunáticos, a uma das principais vozes na dublagem de filmes e animações como "Os Simpsons" e "Pinguins de Madagascar", além de ter interpretado um vilão na série da Disney "O mandaloriano". Começando pelo seu primeiro filme "Também os anões começaram pequenos", de 1969, depois 'Aguirre, a cólera dos deuses", sua primeira colaboração com seu ator fetiche e também uma das relações mais violentas entre um diretor e um ator, Klaus Kinsky. A parte que mais amei foi saber que "Fitzcarralado" foi filmado com Jason Robards e Micki Jagger, e que pela doença de Robards, foi substitúido por Kinsky. As cenas com Jagger são incr;iveis e o próprio Herzog disse que ele entregou uma performance brilhante. Outro momento arrepiante é sobre o documentário "O homem urso", que trouxe o nome de Herzog para Hollywood e desde então, ele se apaixonou por Los Angeles e ali se estabeleceu. Wim Wenders, Volker Schlöndorff, Nicole Kidman, Robert Pattinson, Cristian Bale, Chloe Zhao, Carls Weathers, entre outros, dão depoimentos esclarecedores sobre seu processo de trabalho. Eu mesmo desconhecia o filme "A rainha do deserto", com kidman e Pattinson, e é hilário ouvir Pattinson dizer que esperava um caos no set por tudo o que ouviu sobre Herozg, e acabou vivendo um dos sets mais caretas e tranquilos.

The woods are real

"The woods are real", de Alix Lambert (2024) Hollywood é muito cruel. O ator Campbell Scott surgiu com um papel de destaque no excelente drama sobre HVI "Meu querido companheiro", de 1989, um dos primeiros filmes sobre o tema da Aids. Em 1990 surgiu em "O céu que nos protege", de Bertolucci. Em 1991, protagonizou ao lado de Julia Roberts "Tudo por amor". Scott ainda trabalhou em grandes sucessos comerciais. Qual não foi a minha surpresa ao vê-lo no elenco dessa produção B de baixíssimo orçamento, um arremedo ruim de terror e fantasia, um representante do eco-terror, certamente concebido durante a pandemia da covid. O filme traz como metáforas o retorno do ser humano à natureza e a o que de fato é relevante em sua vida, o que precisa para ser feliz. O jovem casal rico do Brooklyn Joba (Matt Dellapina) e Quincy (Chinasa Ogbuagu)recebem para um jantar um casal de amigos gays, Caleb e Stan. Por 3 meses, Caleb foi até um cabana na floresta e desapareceu, deixando a todos preocupados. Ele diz que fez uma peregrinação e que a sua vida mudou. Tentados pela experiência, o casal Joba e Quincy decidem também se instalar ali, e coisas estranhas passam a acontecer. Scott interpreta o "The woodsman", um homem que abandonou tudo e como um Messias, traz palavras de bem estar e de ensinamentos. Os roteiristas Matt Dellapina e Sean Christopher Lewis não são Shyamalan nem Jordan Peele, logo, os plot twsists não funcionam. O elenco é ok, mas a história não assusta, e de certa forma, é ingênua no seu olhar sobre a esperança de um futuro melhor.

segunda-feira, 11 de março de 2024

Jay entre os homens

"Jay Parmi Les Hommes", de Zeno Graton (2015) Premiado drama belga que retrata um relacionamento tóxico e violento entre um pai bruto e seu filho adolescente de 14 anos, Jay. Anton (Arieh Worthalter) trabalha em uma oficina mecânica junto de outros homens tão ogros quanto ele. Jay (Anton Leurquin), cujo mãe não sabemos do paradeiro, está sempre em constante movimento de defesa contra seu pai violento. Jay procura agradar seu pai, mas em troca só leva pontapés e gritos do pai. Quando vai visitar seu pai no trabalho, os colegas do pai zoam do menino e pegruntam sobre a namorada dele e se ele já fez sexo. Para não ridicularizar seu pai, ele confirma que tem uma namorada. Um filme cruel e bastante realista embientado em um mundo machista e de masculinidade absolutamente tóxica. Sensível, Hay é obrigado a se portar como tal, mesmo ele não sendo. Uma noite, após discutir com o pai, ele foige até uma balada e conhece uma jovem prostituta. É um filme sobre almas desesperadas, precisando de amor e conforto. Excelente performance do elenco e uma ótima direção.

Frogman

"Frogman", de Anthony Cousins (2023) Frogman é uma lenda urbana da cidade de Loveland, Ohio. A população acredita que um sao humanóide habita a região e ataca as pessoas. A cidade toda vive em função dessa lenda e muitos turistas a visitam, com diversas lojas de souvenir e passeios pelo local onde dizem, costuma ser visto de noite. O cineasta Anthony Cousins co-escreveu e dirigiu esse found footage sobre um homem que quando criança no ano de 1999, gravou sem querer com a sua câmera Hi 8 o que ele acredita ser o Frogman. 30 anos depois, ridicularizado pela internet de ter fraudado a imagem, ele decide voltar à cidade e tentar gravar imagens do frogman real. Junto, Dallas vai com seu amigo Scotty e a namorada dele, Amy. Estranhamente, a cidade os maltrata e mandam eles embora. De noite, ao entrarem na floresta, encontram indícios de que Frogman pode ser real. O filme, obviamente, com essa sinopse, não pode ser levada à sério e nem parece ser assustador. Adina assim, o filme traz uma boa linguagem de found footage, com textura da Hi8. Mas o texto é pobre, e mesmo os atores dando conta do recado, os efeitos de Frogman são toscos e o desfecho d ahistória, mais ainda.

domingo, 10 de março de 2024

Marlon Brando

"Marlon Brando", de Vincent Tilanus (2020) Premiado drama LGBTQIAP+ holandês, o filme, escrito e dirigido pelo cineasta Vincent Tilanus, narra a amizade entre Cas (Tijn Winters) e Naomi (Jetske Lieber), dois amigos gays. Cas e sua amiga Naomi se divertem com todo tipo de brincadeira e agem de forma tão espontânea que poderiam ter sido irmãos. Um não vive sme o outro. Mas quando as asulas vão terminando e a faculdade dará início, ambos entendem que devem seguir caminhos diferentes. Cas sofre bastante a separação, enquanto Naomi enfrenta um relacionamento complexo com sua mãe. Escrito e dirigido com muita sensibilidade por Vincent Tilanus, o filme tem um desfecho absolutamente arrebatador, ao mesmo tempo, melancólico. A deixa para que se entenda que as pessoas seguem caminhos diferentes, principalmente quando se chega na fase adulta. Uma ode à amizade e saber aproveitar os melhores momento da vida com quem se ama.

Ricky Stanicky

"Ricky Stanicky", de Peter Farrelly (2024) Dean (Zac Efron), JT (Andrew Santino) e Wes (Jermaine Fowler) estão na faixa dos 35 anos e são amigos desde a infância. Típicos arruaceiros, eles sempre se deram bem quando decidiram criar um amigo imaginário chamado Ricky Stanicky, que sempre levava a culpa de todas as cagadas que fizeram. Ainda adultos, recorrem a Ricky para mentir para suas esposas, suas famílias e no trabalho. Quando seus familiares começam a questionar a veracidade de Ricky, os 3 amigos decidem contratar um ator decadente, Rod (John Cena), que se apresenta fazendo shows satirizando músicas conhecidas. Acontece que ao apresentar "Ricky" para as pessoas, os amigos não imaginariam que suas vidas pudessem mudar radicalmente. Zac Efron trabalhou com Peter Farrely em 2022 com a dramédia 'Operação cerveja" e agora repetem a parceria em uma comédia que para mim, perdeu o timing e me pareceu que veio atrasada. Seu tipo de humor parece mais apropriado para o início dos anos 2000, com um grupo de amigos bobos e misógenos estilo "Se beber não case. Peter Farelly é conhecido por "Quem vai ficar com Mary?" e o vencedor do Oscar 'Green book", sua guinada para o drama que deixou muita gente chateada por tirar o Oscar de "Roma". Achei tudo meio sem graça e arrastado. O elenco não é tão divertido e mesmo Zac Efron já foi mais engraçado em outras comédias, como "Vizinhos".

Olha pra elas

"Olha pra elas", de Tatiana Sager e Renato Dornelles (2023) O Brasil tem a terceira maior população carcerária feminina do mundo, com 42 mil mulheres atrás das grades. A maioria não possui ensino fundamental. 7 entre 10 mulheres são negras ou pardas. Mais de 60% foram presas por associação ao tráfico. 2/3 são mães e 57% t6em mais de um filho. Na ausência de quem cuide dos filhos, a maioria é abandonada ou deixada em abrigos. Cerca de 1500 crianças vivem com suas mães na prisão. A maioria das presas não recebe visita. essas informações acima estão nas cartelas finais do premiado documentário dirigido por Tatiana Sager e co-dirigido por Renato Dornellas. O filme acompanha as presidárias Adelaide, Tatiane, Catia, Naiane e Roselaine em presídios de Porto Alegre e São Paulo. É trágico entender que muitas estão ali por influ6encia de seus maridos e namorados, muitas sendo induzidas ao uso de drogas por eles. Boa parte delas relatam estupros sofridos por parentes, e mesmo algumas mães relatam estupros ocorrido com suas filhas. Os relatos são muito crus e desesperadores, apresentando um universo que em momento algum, sucumbe ao sensacionalismo por parte de seus realizadores.

Donzela

'Damsel", de Juan Carlos Fresnadillo (2024) Aventura medieval totalmente rodada em Batalha, Portugal, o filme é estrelado por Millie Bobby Brown, no papel da princesa Elodie. Elodie, uma princesa de um reino em decadência, Inophe, cuja população está morrendo de fome, aceita uma proposta de casamento feita por um reino distante, Aurea, comandado oela Rainha Isabel (Robin Wright). Sem ter como dizer não para seu pai, o Rei Bayford (Ray Winstone) e sua madrasta (Angela Basset), Elodie segue com eles e sua irmã menor, Floria para o casamento. Chegando lá, após toda a pomposa cerimônia com o príncipe Henrique, ela descobre que ela faz parte de um ritual onde deve ser sacrificada para um dragão e jogada em uma caverna. Elodie fará de tudo para se manter salva, e aos poucos, com os sinais deixados pelas princesas mortas antes dela, ela decsobre o motivo dos sacrifícios. Aventura repleta de ação empoderada para uma mensagem clara de que as mulheres já não são mais as coitadinhas que ficam esperando um príncipe chegar para salvá-las. Elas se ajudam, sofrem abusos físicos e morais, mas mantem-se vivas e querem mudar o mundo. Claro que Elodie lembra muito a princesa Arya de "Game of thrones", a Valente da Disney e muitas outras que não levam desaforos para casa. O que mudou é como o público consome esses filmes: agora os filmes precisam conter muita violência: mutilações, mortes por espada, queimados vivos, etc. Foi-se o tempo da inocência.

50 lbs of pressure

"50 lbs of pressure", de Phil Allocco (2024) Talvez o maior desafio desse triller de ação é ter reconstituído Manhattan no Reino Unido, Manchester. Fora isso, outro desafio foi fazer de um roteiro mega hiper batido, em uma narrativa que consiga seduzir o espectador. Trazendo uma estrutura já conhecida em filmes como "Crash, no limite", onde personagens marginalizados acabam s ecruzando no fim, "50 lbs of pressure" se garante totalmente em cima do seu bom elenco, capitaneado pelos ótimos Luke Evans e Rory Culkin. O filme é uma adaptação do curta do mesmo diretor, intitulado 'The mirror", nome do bar onde Adam (Luke evans) vai trabalhar, após 16 anos preso por ter assassinado um jovem em seu bairro. Adam está arrependido de seu crime, que na verdade foi uma vingança contra um jovem que agrediu um amigo seu. Agora, o irmão do garoto assassinado, Eli, sabendo de sua soltura, planeja vingança. Adam procura se reconectar com sua ex, mas ela recusa e impede que Adam conheça o filho adolescente. Mike (Culkin) é um jovem músico que, inlfuenciado pelo seu tio traficante (Alex Pettyfer), decide também começar seus negócios com drogas para poder bancar seus sonhos na música e com a garota que ama. O filme é totalmente previsível em suas ações e nos personagens. Soturno, melancólico, é um filme sobre pessoas perdidas por atos impensados, em seus limites. Funciona como passatempo, mas quem busca alguma trama surpeendente, irá se decepcionar.

First time female director

"First time female director', de Chelsea Peretti (2023) Longa de estréia da comediante Chelsea Peretti, atriz e roteirista da série "Brooklyn nine nine", aqui como diretora, roteirista e protagonista. O filme é uma mistura entre dramaturgia e um mockmentary, com os personagens falando eventualmente para um entervistador que nunca aparece. Chelsea é Sam, uma autora de peças teatrais falida que mora em um quarto de um motel em Los Angeles. Ela entrega sua peça para o diretor artístico de um Teatro e para a sua surpresa, o diretor a convida para assumir o posto de diretora da cia teatral, que há 29 anos, é dirigida por homens. Assustada, Sam aceita o desafio, mas precisa combater o sexismo do elenco, incluindo mulheres, e dos técnicos, que a depreciam constantemente. O filme começa com um ótimo primeiro ato, trazendo divertidas observações acerca do papel do diretor, do trabalho dos atores, da preparaçao, ensaio e laboratórios. Mas depois vai perdendo a alegria para se tornar um olhar amargo de uma mulher que sofre todos os tipos de abuso moral. Não sei qual foi a proposta definida por Chelsea, mas no final fiquei com um gosto amargo de não ter me divertido como eu esperava.

sábado, 9 de março de 2024

Cinco semanas

"Five weeks", de Geej Ower (2023) Potente drama inglês escrito e dirigido pela cineasta londrina Geej ower, "Cinco semanas" traz uma performance extraordinária da atriz Esther Smith, no papel de Jean, uma jovem mãe de um beb6e de 5 semanas. O filme mostra um dia na vida de Jen, estressada e com depressão pós parto, seguindo de carro até um supermercado. Lá, ela encontra a mãe de uma amiga que fala sobre as maravilhas de ser mãe. Chegando em casa, Jen encontra a bebê chorando e se estressa ainda mais. Um filme tenso, que resvala para gêneros e deixa o espectador em suspenso, torcendo para que o pior não aconteça. A cineasta e roteirista Geej ower escreveu o filme pensando na maternidade oposta ao que é visto em filmes, apresentando mães felizes com suas crias, sem passar por perrengues que desestabilizam a vida de uma mulher. Um filme espetacular, uma aula de direção e interpretação.

Um conto de circo e uma canção de amor

"Un Cuento de Circo & A Love Song", de Demián Bichir (2016) Longa de estréia do ator mexicano Demián Bichir, que também escreveu o roteiro livremente inspirado em sua própria história. O pequeno refugio nasceu em um circo itinerante no México. Seus pais são artistas circenses. Juan (Jorge Perugorria) vai embora sem dar explicação. Refugio cresce, e já adulto (interpretado por Jose Angel Bichir, filho de Demian) ele decide sair do circo e tentar vida nova nos Estados Unidos. Anos depois (Demian Bichir) ele encontra uma mulher em uma boite de strippers por quem se apaixona, Kay (Stefanie Sherk, esposa de Bichir na época, e que se suicidou em 2019). O cafetão dela (Jason Patric) tem como guarda costas Juan, pai de Refugio. O filme mescla romance e uma história repleta de violência e crimes. Bichir dedicou o filme à sua família e amigos, e claro, dedicou à sua esposa um papel importante. O filme conta com participações especiais de Eva Langoria e Diane Kruger, com que Bichir ja havia trabalhado antes em "the bridge", série de 2014. O filme tem um tom bastante soturno e tem como pano de fundo um mundo machista ond emulheres sofrem a violência dos homens.

Apaixonada

"Apaixonada", de Natália Warth (2024) Em 2002, Giovanna Antonelli protagonizou "Avassaladoras", uma comédia romântica sobre uma jovem mulher, Laura, que sofrera uma frustração no amor e decide experimentar outras possibilidades de romance, até descobrir no final que a felicidade está dentro de si. 22 anos depois, ela protagoniza 'Apaixonada", no papel de Beatriz, uma mulher que se casou jovem e 22 anos depois, entendeu que não aproveitou a vida como deveria, deixando-a passar. Mãe de Julia (Rayssa Brastillieri) e casada com Alfredo (Danton Mello), Beatriz é dona de uma confeitaria de luxo, e mora confortaelmente em uma casa de 2 andares. Ela tem dois grandes amigos: Dora (Polly Marinho), que tem sempre uma frase levanta astral na ponta da língua, e Jeff (pedroca Monteiro), o amigo gay ideal para chorar no ombro. Mas quando Julia vai estudar em Buenos Aires e o marido decide abandoná-la, Beatriz decide provar outros sabores masculinos, entre eles, o dono de uma sorveteria, Pablo (Rodrigo Simas) e o argentino Pepe (Nicolas Pauls). O filme, com um grande elenco, ainda traz participações luxuosas de Jonas Bloch e Claudia Ohana. O filme traz um tom mais dramático na chegada dos 40 anos de Beatriz. Mesmo em momentos de humor por conta dos personagens paralelos, o tom de melancolia percorre o pano de fundo. É um filme realista, mas com leveza, sobre as agruras de uma mulher que precisa se definir como mãe e recém separada. Muitas mulheres certamente irão se identificar com Beatriz. "Apaixonada" traz Giovanna em um filme com direção delicada de Natália Warth, segurando a narrativa do iníico ao fim com carisma e o humor charmoso que a consagrou.

sexta-feira, 8 de março de 2024

Lobo e cão

"Lobo e cão", de Cláudia Varejão (2022) Premiado em Veneza e em outros importantes festivais, 'lobo e cão" é um interessante filme co-produzido por Portugal e França. Escrito e dirigido pela portuguesa Claudia Varejão, o filme traz como protagonista a jovem Ana (Ana Cabral), moradora da Ilha de Açores. Ana vive a sua rotina com a sua tradicional e conservadora família de pescadores. Seus amigos são os jovens queer da Ilha, que se unem e, ao contrário dos adultos, frequentam festas regadas à música eletrônica. Eles se maquiam, se travestem, bebem, tomam drogas. Seu melhor amigo, o gay assumido Luis (Ruben Pimenta) procura fazer com que Ana amplie seu olhar sobre um mundo além da tradição de sua família. Quando finalmente a prima de Ana chega à Ilha, Cloé (Cristina Branquinho), vinda do Canadá, Ana entende a sua verdadeira orientação sexual. O filme é lindamente fotografado e possui muitos planos bem compostos, trabalhando bastante com o lado artístico e estilizado das imagens. As cenas que envolvem os jovens queer são especialmente sedutores, parecem saídos de um filme de Xavier Dolan, como "Amantes imaginários". O elenco é bonito, repletos de frescor e espontaneidade. Mas o roteiro traz uma narrativa muito lenta e arrastada. Pouca ação acontece, como se a diretora ligasse a sua câmera e fizesse registros do cotidiano em formato documental. A longa duração do filme, quase duas horas, acaba tornando a experiência de assistir ao filme bastante cansativa.

Here comes your man 2

"Here comes your man 2", de Omar Salas Zamora (2022) Longa escrito e dirigido pelo cineasta Omar Salas Zamora, "Here comes your man 2" é a continuação da série independente "Here comes your man", de 2021, lançada como wesérie. Assim como séries famosas, 'Queer as folk" ou "Looking", o filme acompanha 4 amigos que moram em Los Angeles: todos jovens, o grupo é formado por 3 gays e uma mulher cis hetero. Aaron é HIV positivo; Jordan teve um passado hetero e agora se descobriu bissexual ao conhecer Aaron no Grindr; Cassie sonha em ser atriz, mas trabalha em uma loja de roupas como vendedora, junto de Aaron, que sonha em ser artista plástico; e Dustin, que sonha com seu principe encantado, Sean, que ele conheceu online e conversa remotamente por 6 meses. Todos os 4 vivem frustrações amorosas e as possisbilidades de serem felizes na vida profissional e afetiva. Mas o filme procura deixar claro que não existem finais felizes para essa geração. A melancolia corre parelela à história, através de lindas imagens captadas em los Angeles e Nova York. O elenco jovem é todo lindo, fotogênico, as cenas de sexo são bem simples sem muito erotismo. Os atores são bons e talvez faltasse um roteiro mais afinado e melhores diálogos para que o filme tivesse um alcance maior.

O astronauta

"Spaceman", de Johan Renck (2024) Ficção científica existencialista adaptada do livro escrito pelo iuguslavo Jaroslav Kalfar e roteiririza por Colby Day. O filme traz um elenco estelar; Adam Sandler, retornando ao drama, Carey Mullighan, Isabella Rosselini, Lena Olin, além da voz de Paul Dano para um personagem inusitado: uma aranha gigante falante. Nos anos 70, o astronauta iuguslavo Jakub Prochazka (Sandler), é selecionado para uma missão espacial: descobrir a natureza de uma nuvem cósmica de cor rosa que parece ameaçar o planeta. Ele está há 189 dias na missão, isolado e totalmente solitário. Nesse período, ele tem flashbacks sobre a sua esposa que ele largou grávida, Lenka (Mullighan). Ele reflete se faz e decisão certa de seguir viagem ao espaço, ou senão deveria ter ficado na terra com ela. Durante a sua crise, uma aranha sai de seu corpo e crescem ganhando a voz de Paul Dano. Ela passa a ter uma conversa existencialista com o astronauta, sobre a sua vida e sobre decisões. "O astronauta" traz referências a muitos clássicos do gênero: imagine se "Gravidade" fosse um filme existencialista com Sandra Bullock se imaginando conversando com algum animal e repensando a sua vida. Ou Matt Damon sozinho em Marte repensando a sua vida. Ou Matthew Macnaughney em "Interstallar". Muitos críticos se referiram a "2001". Independente da referência, o filme achei bastante chato e pretencioso. Sandler não me pareceu o ator ideal para carregar o filme nas costas, algo ali não parecia fazer sentido. Quando corta para Carey Mullighan, me pareceu estar vendo um outro filme. O famosos diretor sueco Johan Renck, diretor da exceente série "Chernobyl", tentou fazer um filme palatável ao grande público. Mas ficou no meio do caminho de um filme artístico que não conversa muito com um público específico.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Man Suang

"Man Suang", de Ning Bhanbhassa Dhubtien, Chartchai Ketnust e Pond Krisda Witthayakhajorndet (2023) Drama de época LGBTQIAP+ tailandês, "Man Suang" é uma produção luxuosa e ambiciosa escrita e dirigida por Ning Bhanbhassa Dhubtien, Chartchai Ketnust e Pond Krisda Witthayakhajorndet. Baseada em fatos históricos reais, mas com um drama de pano de fundo fictício, o filme se passa no ano de 185, durante o governo do Rei Rama III. Em Siam, capital do país, chineses e ingleses têm interesse pelo país, Muitas intrigas e rebeilões aconteciam. Dois jovens dançarinos explorados pelos estrangeiros, Khem e Wan, trabalham como bailarinos e fazem programa sexual com poderosos. Quando ambos são acusados pelo assassinato de um sobrinho de um político tailandês, o tio dele deseja matá-los como vingança, mas os poupa com uma condição: decsobrir se foram os ingleses ou chineses quem o mandaram matar. Para isso, os bailarinos precisam se infiltrar na famosa casa noturna Man Suang, administrada pelos chineses, e onde bailarinos se apresentam. Ali o rumor de que encontros políticos acontecem. O maior interesse no filme é a parte técnica: fotografia, direção de arte, figurino, bastante requintados. Mas a história é longa, se desdobra em muutos plots e personagens. A homosseualidade dos 3 jovens protagonistas faz com que em diversos momentos o espectador acredite estar assistindo a um BL (boy lovers), mas logo se dissipa em uma trama d eintriga política, bastante confusa.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Magnificat

"Magnificat", de Virginie Sauveur (2023) Drama adaptado do livro "Mulheres de Preto", de Anne-Isabelle Lacassagne, "Magnificat" é o filme de estréia da cineasta e roteirista Virginie Sauver. O filme é protagonizado pela excelente atriz Karin Viard ( que eu amo desde "A família Belier"). Assistindo ao filme, me lembrei muito do clássico 'Yentl", de Barbra Straisand, sobr eo papel da mulher em uma sociedade excludente, machista, arcaica e misógena. Quando um padre morre, o chanceler da diocese, Charlotte Riviere (Viard) descobre atônita que era uma mulher disfarçada de homem. O bispo Mevel (François Berléand) escandalizado, procura encobrir o caso e deixá-lo esquecido. Mas Charlotte decide ir à fundo na história e entender o que aconteceu. Durante as suas pesquisas, Charlotte questiona o lugar das mulheres dentro da Igreja, onde o patriarcado reina e o sacerdócio é destinado apenas aos homens. Fiquei em conflito com o filme: mesmo com um excelente trabalho de Viard e de Berleand, o filme é arrastado e bastante verborrágico. Fiquei entediado por vários momentos. E pior: ao invés de focar na história pregressa da mulher que se tornou padre, o filme cria um sub-plot que é a vida pessoal de Charlotte e sua relação com seu filho adolescente rebelde, que deseja ir em busca de seu pai que ele não conheceu.

Strangers in my own skin

'Strangers in my own skin", de Katia de Vidas (2023) Peter Doherty é um músico, compositor e poeta inglês, nascido em 1979 em Hexham, Northumberland, Reino Unido. Ficou famoso como vocalista da banda "The libertines", iniciada no final dos anos 90 e com 3 discos na carreira. O filme é um documentário que mostra o inferno na vida de Doherty chamada heroína, e de que forma praticamente destruiu sua vida. A documentarista Katia de Vidas documentou a vida de Doherty por 10 anos, inciada em 2006, e ao longo da trajetória acabou se tornando sua esposa. Mostrando cenas de imagens de arquivo de sua infância e principalmente, o uso de heroína em imagens chocantes e documentos com suas apresentações musicais e brigas com integrantes da equipe, o filme ainda mostra a sua próxima banda, "Babyshamblers"e a sua tenttaiva de abandonar o vício. Um filme que em diversos momentos me lembrou muito a ficção "Transpotting", pelas cenas cruas e pela espontaneidade e coragem de Doherty de se deixar expôr diante das câmeras. Para os curiosos, ele ficou famoso no início dos anos 2000 por namorar a modelo Kate Moss e também por ter como amante Amy Winehouse.

terça-feira, 5 de março de 2024

O sol também é uma estrela

"the sun is also a star", de Ry Russo-Young (2019) Adaptação do romance best seller escrito pela jamaicana Nicola Yoon, o filme é protagonizado por um casal formado por uma negra, Yara Shahidi (Natasha Kingsley, a fada sininho em "Peter and Wendy") e Charles Melton (Daniel Jae Ho Bae, de 'Segredos de um escândalo"). Ambientado em um único dia na cidade de Nova York da Era Trump e a sua política de extradição de imigrantes, o filme apresenta Yara, filha de um casal de jamaicanos residentes há anos em Nova York. Yara e família está na véspera de ser deportada para a Jamaica. Contrariando os pedidos da mãe e do pai, que já se conformaram com a situação, Natasha decide recorrer e fazer uma última tentativa para que eles possam continuar em solo americano. Ela segue até a imigração para uma última chance de evitar de serem deportados. Daniel Bae (Charles Melton) se prepara para a entrevista que definirá sua entrada na faculdade de Medicina – um desejo de seus pais, já que Daniel deseja ser poeta. Um golpe do detsino irá unir os dois, que vao passar o dia juntos, contrariando a cética Yara que não acredita em destino. Para quem curte romance acúcarado, o filme pode funcionar bastante, mesmo que o talento dos dois protagonistas não seja capaz de provocar faíscas, com uma fraca química em cena. Mas o filme é bonito, traz belas imagens de Nova York e faz acreditar que mesmo em uma mega metrópole como Nova York, o destino pode traçar o seu caminho para a sua felicidade.

Free Chol Soo Lee

"Free Chol Soo Lee", de Julie HaEugene Yi (2022) Concorrendo em Sundance, esse excelente documentário é baseado na trágica história do coreano Chol Soo Lee. Nascido na Coréia do Sul, ele foi criado pelos tios, depois que sua mãe imigrou para os Estados Unidos. Anos depois, ela retorna e decide levá-lo com ela para São Francisco. Com dificuldades de se adaptar na língua inglesa e sofrendo bullying na escola, Chol cresce sobre um teto solitário, sendo constantentemente agredido por sua mãe, que o despreza por ser filho de um estupro. Em 1973, ele é injustamente acusado de assassinar um líder de uma gangue asiática a tiros em Chinatown. Fruto de racismo amarelo, sem provas, ele é preso e lá fica por anos, estando envolvido em um outro assassinato em auto-defesa. O jornalista investigativo coreano-americano KW Lee, tomando conhecimento de seu caso, decide publicar uma matéria nos jornais falando sobre as consequências do racismo e da falta de adaptabilidade cultura;. Um enorme mvoimento de asiáticos decide criar uma campanha para libertá-lo, o que vem a acontecer 10 anos depois. Mas ele não consegue se ajustar à vida normal, após traumas na cadeia, e se torna alcólatra e viciado em drogas. Em 2014 ele veio a falecer, anos depois de um acidente com fogo que quas eo matou, contratado por uma gangue para incendiar uma casa. Uma história incrível, que rendeu uma versão de Hollywood em 1989, antes da derrocada de Chol, mostrando os advogados brancos como heróis e deixando a comunidade asiática como meros figurantes. Um personagem que sofreu desde a infância todo tipo de abuso e que passou por uma vida de privações.

Dormir fora de casa

"Sova över", de Jimi Vall Peterson (2018) Concorrendo em diversos festivais LGBTQIAP+, o curta "Dormir fora de casa" é simples, mas traz 2 excelentes performances de dois jovens atores e uma história que todo mundo já deve ter passado alguma vez na vida. Emil (Hjalmar Hardestam) e Adam (Simon Eriksson) são melhores amigos. Numa noite, eles vão assistir a um filme no cinema. Quando acaba a sessão, Adam convida Emil para passar a noite na casa dele. Adam liga para sua namorada e se despede dela. No quarto, Emil se deita na cama ao lado do amigo. Durante a noite, Emil não consegue dormir e fica observando, encantado, Adam dormindo. Quando ele toca os pés de Adam, esse acorda e observa Emil o olhando. A tensão entre amigos é explorada de forma bastante encantadora nesse filme escrito e dirigido por Jimi Vall Peterson, que lida essa atração de uma das partes de forma bastante honesta e delicada. A cena do dia seguinte, no café da manhã, é ótima e traz até um certo humor.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Joy boy

"Joy boy", de Stef Smith (2018) Baseada em história real, "Joy boy" é um curta LGBTQIAP+ primoroso. Repleto de encantamento, em cima de uma história que poderia ter terminado em tragédia, o filme traz o protagonista Jonny, chamado por sua mãe desde criança de "Joy boy". Durante um jantar em família. Jonny criança ( George Holahan-Cantwell) se veste escondido com as roupas e make de sua mãe e surge na sala cantando, o que deixa a todos atônitos. Já adulto, Jonny (Jonny Hawkins) é um jovem líder carismático em uma igreja evangélica. Mas paralelamente, ele frequenta uma conversão de homossexuais da Igreja. Atormentado, Jonny repassa a sua história e toma uma decisão. Lindamente fotografado, ornando as imagens com brilhos e poesia, o filme tem performances maravilhosas dos dois atores, tanto a versão criança quanto adulta de Jonny. Dá vontade de assistir um longa sobre o filme, certamente, aprofundando todas as crises familiares, pessoais e de orientação sexual do personagem. Fiquei encantado com a cena final, de uma simplicidade e ao mesmo tempo, de bastante força emotiva.

O rapto

"Le ravissement", de Iris Kaltenbäck (2023) Concorrendo no Festival de Cannes na semana da crítica, "O rapto" ganhou um prêmio especial: Prêmio da Sociedade de Autores e Compositores Dramáticos. O filme é livremente inspirado em uma história real: uma mulher finge que o filho de uma amiga é seu filho, para poder conquistar o homem que ela ama. Lydia (Hafsia Herzi) é uma jovem parteira que trabalha em um hospital. Quando ela descobre a infidelidade de seu namorado, ela rompe a relação. Voltando para casa, ela pega um ônibus e adormece, sendo acordada pelo motorista, Milos (Alexis Manenti). Ambos se apaixonam e eles têm um caso de uma noite. Nesse mesmo dia ela descobre que sua melhor amiga Salomé (Nina Meurisse). Um tempo depois, ela reencontra Milos e mente: ela diz que ficou grávida dele. Milos fica surpreso, e ao conhecer o filho de Salmoé, que Lydia diz ser dele, ele fica encantado e decide aceitar o relacionamento. Mas quando a situação vai ficando complexa para Lydia, ela decide raptar o bebê. Um filme com ótimo roteiro e excelentes performances do elenco, "O rapto" tem uma trama envolvente, discutindo temas como solidão, maternidade, sororidade e relacionamento tóxico.

domingo, 3 de março de 2024

Duna parte 2

'Dune part two", de Denis Villeneuve (2024) 2a parte de uma trilogia adaptada da obra clássica de ficção científica escrita por Frank Herbert, o que mais fiquei admirando durante as quase 3 horas de filme, é a enorme profusão de grandes astros e estrelas presentes em um único filme, algo que há tempos eu não via acontecendo: além de Timotheé Chalamet, Rebecca Ferguson, Zendaya, Javier Barden, temos também Cristopher Walken, David Bautista, Florence Pugh, Anya Taylor Joy, Lea Sedoux, Josh Brolin, Charlotte Rampling, Austin Butler e Stellan Skaargard. Embalado com altíssima qualidade técnica pela trilha de Hans Zimmer, a fotografia de Greg Fraser e o desenho de produção de Patrice Vermette, "Duna 2" é um épico como há muito não se via. Um misto de "Star Wars" e 'Game of thrones" , a narrativa foi rodada em Abu Dabi, Jordânia e Hungria. O filme segue a jornada de Paul Atreides (Chalamet) em assumir o seu papel de líder messiânico, apelidado pela comunidade do deserto Fremmen como Muad’Dib. Junto de Chani (Zendaya), sua mãe Jessica (Ferguson), Stilgar (Barden) e Gurney (brolin), Paul vai tentar um embate mortal com o barão (Skaargard), Rabban (Bautista) e p psicopata Feyd-Rautha (Butler). O filme possui cenas impressionantes, como quando Paul doma um verme, ou a batalha na arena de feyd. Mas confesso que senti o peso das quase 3 horas, e mais, preferi a parte 1 do que essa 2a, que mesmo tendo muito mais ação, me pareceu um filme incompleto, até porquê termina abruptamente. Mas certamente, vale assistir ao filme na sala de cinema, para ficar boa parte do tempo de queixo caído, com a experiência exuberante de apreciar o espetáculo visual que Villleneuve nos apresenta.

Sob o silêncio das águas

"He bian de cuo wu", de Wei Shujun (2023) Concorrendo na Mostra un certain regard no Festival de Cannes, o suspense noir chinês "Sob o silêncio das águas" é adaptado do romance de Yu Hua, "Mistakes by the river. Yua Hua escreveu o roteiro para a obra-prima de Zhang Yimou, "Tempos de viver", de 1990. O filme apresenta um policial obstinado, ma Zhe (Zhu Yilong), morador de uma cidade rural, Banpo, durante o ano de 1995, antes da virada econômica da China. Ma Zhe trabalha para a corporação policial da cidade. Uma senhora foi encontrada morta na beira do rio, espancada até a morte. A polícia acredita que o filho adtivo da senhora, conhecido como "Louco" por conta de distúrbios mentais, é o responsável. Ele está foragido. Outras mortes acontecem. A esposa de Ma Zhe, a professora Bai Jie, está grávida e na consulta média, a doutora diz que o filho irá nascer com problema smentais por conta de genética. Ma Zhe passa a entrar em conflito por estar perseguindo um louco e a possibilidade de ter um filho nas mesmas condições. Rodado em 16 MM, o que lhe confere uma textura suja interessantíssima, o filme apresenta como trilha “Moonlight Sonata” de Beethoven. A atmosfera do filme é excelente, além do trabalho do elenco, em especial, Zhu Yilong, como Ma Zhe, em eterno conflito. O roteiro deixa muitas pontas em aberto e pode frustrar muitos espectadores, principalmente em seu desfecho.