Diário de um Cinéfilo
sábado, 7 de setembro de 2024
Don't turn out the lights
'Don't turn out the lights", de Andy Fickman (2024)
Terror indie americano, "Don't turn out the lights" poderia ter sido um filme melhor, se: ao invés das quase 2 horas de duração, tivesse no máximo 80 minutos. O filme tem bons atores, mas eles não salvam um roteiro sem criatividade e pior, que deixa pontas soltas, sem deixar claro o que está atacando e matando o grupo de amigos. Claro, esse tipo de filme precisa acontecer em uma floresta noturna, e nessa atmosfera meio 'Evil dead" sem efeitoa e sem gore, resta a gritaria sem fim dos personagens, em um nível de irritação extrema.
Um grupo de amigos de faculdade se reúne para comemorar o aniversário de Olivia (Crystal Lake Evans), uma extrovertida garota que ama baladas e festas. Carrie (Bella Delong), Gaby (Ana Zambrana), seu namorado drogado Chris (Daryl Tofa), a bitchy Sarah (Amber Janea), o namorado de Olivia, Michael (Jarrett Brown), e Jason (John Busy), roommate de Michael são os amigos. Para surpresa de todos, Olivia convida a todos para um festival de músicam que dura 2 dias. Michael pega o trailer emprestado de seu tio e todos seguem pela estrada. Após um incidente com arruaceiros em um posto de gasolina, eles pegam uma outra estrada. Quando o trailer apresenta problemas de noite, fatos estranhos começam a acontecer, matando um a um dos amigos.
Preguiça do filme o tempo todo. PErsonagens rasos, aquele chavão de cada um com uma personalidade bem chata e obviamente que a gente tirce pela Carrie que é a mais pé no chão. Mas o fato do filme não epxlicar o que aocntece e terminar por isso mesmo dá a sensação de tempo perdido.
Playboy and the gang of cherry
"Playboy and the gang of cherry", de Oompon Kitikamara (2017)
Um filme repleto de cenas de sexo explícito, bondage, S & M, violência , envolvendo um elenco de jovens e belos atores tailandeses, e eu fico me pegruntando como que conseguiram convencer essa rapaziada a participar de um filme com tantas cenas degradantes, devassas e humilhantes. Co-produzido por Talândia e Alemanha, é um shoe case de exploitation que certamente tem um público certo para assistir, e claro, não recomendo a nenhuma pessoa sensível a visualizar essa pérola do mondo cane.
Em um prédio abandonado na periferia de Bangkok, moram os garotos de programa, amantes e adeptos do S & M Playboy e Gold hair. Uma traficante, Cherry, vem procurar Playboy em busca de James, um jovem traficante de drogas que roubou o carregamento do chefe de Cherry.Boy é o brinquedo sexual de Cherry. James, Gold hair e Cherry são apaixonados por Playboy, que só tem olhos para Boy.
O filme tem um roteiro bizarro, pretexto para cenas de dominação, estupro e fetiches sexuais. Tem uma violência gráfica envolvendo todos os personagens.
Entrelinhas
"Entrelinhas", de Guto Pasko (2024)
Vencedor de 5 prêmios no Festival Cine PE 2023: Melhor direção, atriz (Gabriela Freire), edição de som, montagem e direção de arte (merecia muito o de melhor fotografia, do craque Alziro Barbosa), o drama "Entrelinhas" é livremente inspirado na história real de An Beatriz Fortes, ocorrido em Curitiba, 1970, durante a ditadura militar.
Ana Beatriz Fortes (Gabriela Freire, ótima e minimalista no tom certo), é uma estudante de esnino médio de 18 anos, prestes a entrar na faculdade. Ela mora com os pais, interpretados pelos brilhantes atores Mauro Zanatta e Patrícia Saravy, cujo nome da personagem é Helena Ignez, e fiquei na dúvida se é o nome real ou se uma homenagem à musa do cinema marginal. A irmã, de Ana, Elisabeth, está presa, acusada de participar de movimentos estudnatis. Quando Ana vai ao seu primeiro emprego, um estágio, ela é entrevistada por um militar e imediatamente acusada de ser subversiva e de ser colaboradora de atos contra o governo. Levada ao Dops, ela é torturada, junto de Elias (Renet Lyon, espetacular), um estudante que estuda na mesma escola de Ana.
Curioso como o cinema brasileiro recente aposta no tema da ditadura: além de "Entrelinhas", temos "Ainda somos os mesmos", de Paulo Nascimento; "O mensageiro", de Lucia Murat; "Ainda estou aqui", de Walter Salles.
O filme é baixo orçamento, mas com ótima ficha técnica. Fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem, tudo caminhando bem. é um grande alento assistir a um filme vindo de Curitiba e trazendo uma qualidade dramática. Existe uma cena de valor de produção, que é a tortura dentro de um avião sobrevoando Foz do Iguaçu, muito bem executada.
Summertime summertime
"Qi hu ihe", de Kaiwen Chen (2021)
Ótimo drama chinês, que retrata a amizade entre dois garotos: Qin Huai (Luoqui Zhan), prestes a fazer 10 anos e filho de classe média, e Xiaohe (Xiangh Mo), 12 anos, morador da periferia e cujo pai está gravemente doente. O filme se passa em 2002, durante a Copa do Mundo da Coréia do Sul e Japão. Os dois meninos são apaixonados por futebol e por Ronaldinho. Quando Quin descobre que o pai de Xiaohe está doente, ele diz que irá pedir para seu pai como presente de aniversário dinheiro para custear o tratamento do pai dele. Mas o spais de Quin se recusam a dar o dinheiro que eles estão economizando para os estudos de Quin, e a quebra da promessa rompe a amizade dos meninos, deixando Quin inconsolável com a perda da amizade de seu melhor amigo.
Que beleza de filme, graças à simplicidade da narrativa e ao grande talento dos dois meninos, em especial, Luoqui Zhan no papel de Quin. A cena onde ele se emociona com a perda da amizade é de arrebatar.
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Doce família
'Doce família", de Carolina Durão (2024)
"Body shame", segundo o Wikipedia, é um termo em inglês para o ato de ridicularizar, zombar ou criticar a aparência física de uma pessoa. Pois é esse termo em inglês que norteia essa comédia romântica com Mariana Xavier que brilha com seu primeiro protagonismo. O filme é um remake de um grande sucesso mexicano, 'Dulce família", que em 2019 levou mais de 2 milhões de espectadores aos cinemas do México.
Mariana Xavier é Tamara, sócia de uma confeitaria, onde ela faz sucesso preparando doces deliciosos. Ela está prestes a se casar com o gente boa Beto (Gabriel Godoy), um tipo meio nerd totalmente apaixonado por Tamara do jeito que ela é. Mas Tamara tem um desejo desde criança: se casar usando o mesmo vestido de noiva que sua mãe Verônica (Maria Padilha) usou no casamento. O problema que o vestido não cabe em Tamara. Ela decide então o que sempre evitou: participar do programa de emagrecimento da clínica de sua mãe, com a ajuda de suas duas irmãs, a influencer Babi (Viih Tube) e de Alê (Karina Ramill), mãe da adolescente Joaninha(Isabela Ordonez).
O filme traz as mensagens que todo mundo já sabe: aceitar-se do jeito que é. Mas até lá, Tamara irá sofrer bastante e claro, colocar o seu noivado em risco e gerar conflitos com sua família. O filme alterna momentos de humor com uma sequência dramática que faz com que o elenco, em especial Xavier e Padilha, transitem em gêneros e emoções.
Um filme feminino, com protagonismo de 5 mulheres fortes e defendidas por ótimo elenco. Que venham mais filmes protagonizados por Mariana Xavier, uma atriz que seduz o público com seu sorriso e talento já comprovado em tantos trabalhos.
O julgamento
"The judgement", de Marwan Mokbel (2023)
Co-produzido por Egito, Líbano e Estados Unidos, "O julgamento" é um drama que fala sobre homofobia no Egito. O filme traz o gênero terror para simbolicamente, apresentar ao público os horrores de ser homossexual em um país islâmico. Boa parte do público acusou o filme de ser islamofóbico, e essa foi a controvérsia que rondou o lançamento do filme.
Um casal gay, Mo (Junes Zahdi) e Hisham (Freddy Shahin) moram nos Estados Unidos. Seus familiares decsonhecem que eles são gays. Quando eles retornam para Alexandria, Egito, para vistar um parente adoentado de Mo, os dois montam uma farsa de serem heteros e namorando garotas para despistar. Quando Sara Hegazi, uma ativista lésbica egípcia, comete suicídio, Mo posta uma foto dele e do namorado no Instagram com um filtro de arco-íris. Hisham se irrita, temendo que sua família descubra que são um casal. Mo passa a sofrer alucinações de um espírito que o persegue, e acredita que é uma maldição de sua família que quer puni-lo.
O filme tem belas imagens rodadas no Líbano e traz importantes temas. Mas a dupla de atores, apesar de bonitos, são muito crus e não sustentam os diversos conflitos dos personagens. A atriz que interpreta a mãe de Hisham, Samara Nohra, é quem segura o lado dramático do filme. As cenas de suspense e os jumps scares são fracos, e o filme poderia perfeitamente ter apostado somente no drama, sem a parte da fantasia.
Stop making sense
"Stop making sense", de Jonathan Demme (1984)
Considerado o melhor concerto filmado da história, "Stop making sense" retorna aos cinemas 40 anos depois de seu lançamento, remasterizado em 4K e distribuído pela cultuada A24. Dirigida pelo cineasta Jonathan Demme ( diretor de "O silêncio dos inocentes"), o filme foi gravado durante 3 noites diferentes, com a banda se apresentando em dezembro de 1983 no TEatro Pantage, em Hollywood. Na época em seu auge artístico, a banda formada por David Byrne, Tina Weymouth, Chris Frantz, Jerry Harrison, Bernie Worrell, Alex Weir, Steve Scales, Lynn Mabry e Edna Holt fazem performnaces memoráveis no palco diante de uma platéia lotada e animada, que fica totalmente no escuro e somente no número final ficam iluminados.
A entrada logo no início de David Byrne e seu micro system é antológica, e ao som de "psycho killer", o público delira. À cada música, um novo integrante vai entrando. O setlist, com 16 músicas, é: "Psycho Killer", "Heaven", "Thank You for Sending Me an Angel", "Found a Job", "Slippery People", "Burning Down the House", "Life During Wartime", "Making Flippy Floppy", "Swamp", "What a Day That Was", "This Must Be the Place", "Once in a Lifetime", "Genius of Love", "Girlfriend Is Better", "Take Me to the River", "Crosseyed and Painless".
Em "Girlfriend is better", Byrne surge vestindo um paletó com número acima do seu, uma imagem que já se tornou clássica.
Em 2011, o cineasta italiano Paolo Sorrentino lançou "This must be the place", onde um número primoroso com os Talking heads cantando a clássica canção é apresentada.
Meu primeiro filme
"My first film", de Zia Anger (2024)
Filme indie americano escrito e dirigido pela cineasta Zia Anger. O filme é uma reconstiuição em narrativa experimental do 1o filme rodado pela cineasta Zia Anger, intitulado "Always All ways, Anne Marie", uma auobiografdia sobre a sua relação com seus pais, o feminino, o aborto. Zia conseguiu em um crowdfunding o valor de quase 5 mil reais. A equipe era formada por amigos e ex-namorados, e ela contratou uma atriz com pouca experiência para seu seu alter ego. Mas toda a experiência foi traumática. A equipe se demitiu, ela entrou em crise criativa e ao apresentar o filme em mais de 50 festivais e tendo sido recusado por todos, Zia decidiu abandoná-lo. Zia, uma multi-artista, começou a trabalhar com uma peça onde ela expunha toda a sua experiência no filme, inclusive falando sobre a apresentação pitching para possíveis investidores e todos criticando o caráter experimental do filme.
"Meu primeiro filme" é essa reconstituição, acrescida do aborto que ela teve que fazer. A atriz Odessa Young interpreta Vita, o alter ego de Zia. É um filme todo pelo ponto de vista de Vita. A pressão da euipe, do orçamento baixo, do aborto, do namorado tóxico, das suas mães que a inspiraram a ser uma criadora. Imaginem se "Vivendo no abandono", uma comédia sobre uma filmagem, fosse um drama intimista e experimental.
Egoist
"Egoist", de Daishi Matsunaga (2022)
Drama romântico Lgbtqiap+ japonês, 'Egoist"narra a história do editor de moda Kosuke. Örfão de pais, eles faz enorme sucesso na revista e tem uma boa vida social e econômica. Um dia, por sugestão de um amigo, Kosuke começa a trabalhar com Ryuta, um jovem personal trainer cuja mãe o criou sozinho. Kosuke se conecta com a história de Ryuta e acabam se apaixonando. Eles transam e se tornam namorados. Devido à situação financeira de Ryuta, Kosuke decide ajudá0lo financeiramente, mesmo mediante a negativa de Ryuta em querer ajuda. Uma grande surpresa acaba surgindo para Kosuke, ao Ryuta revelar que é garoto de programa.
O filme tem cenas de sexo bastante intensas e muito bem filmadas, com dois ótimos atores, bonitos e fotogênicos. O filme, no entanto, é muito longo e praticamente dividido em 2 partes. A primeira, focado na relação do casal apaixonado. A segunda, após um turning point, existe uma passada de bastão, e fica muito novelesco, com grande apelo emocional. Pode ser acusado de moralista ou punitivo, mas "Egoist" certamente perde muito de sua força na metade final, o que é uma pena.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
Beetlejuice os fantasmas ainda se divertem
"Beetlejuice Beetlejuice", de Tim Burton (2024)
A maioria das críticas enaltecem "Beetlejuice- os fantasmas ainda se divertem" como o melhor filme de Tim Burton em 12 anos. Eu sou suspeito, pois eu amo "Frankenweenie", "O lar das crianças peculiares" e 'Dumbo". "Beetlejuice", que foi exibido com pompa fora de competição no Festival de Veneza 2024, me deixou bastante frustrado. Salvo umas 3 sequências realmente brilhantes, o filme como um todo é arrastado, com muitos sub-plots e personagens mal aproveitados, como por exemplo, o de Monica Bellucci ( que é atual namorada de Burton). O filme vale sim ser visto, até porquê é uma nostalgia pura. Não fosse a presença de celulares, seria possível dizer que o filme se ambientasse nos anos 80, nem parece que se passaram 36 anos do original. E o maior acerto de Burton foi não se render ao CGI e fazer a maior parte das cenas com efeitos práticos, feitos no set de filmagem, trazendo um ar mais artesanal, o que caracteriza muito o início de sua carreira. Das cenas brilhantes, obviamente destaco a do casamento, ao som de "Maccarthur Park", na versão de Richard Harris.
É nostálgico rever Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara nos papéis de Beetlejuice, Lydia e Delia Deetz. Jeffrey Jones, que interpretava Charlie, marido de Delia, não está no filme depois de um processo criminal no qual ele foi acusado de pornografia infantil em 2002, e Burton deu um jeito para seu personagem existir de uma forma bizarra. A trilha sonora do filme é a cargo do eternio parceiro Danny Elfmann, mas acrescido de muitos clássicos disco. Além de Donna Summer, tem "Tragedy", do bee Gees, que emoldura outra sequência clássica, a da personagem de Bellucci. E Burton trouxe vários easter eggs: Elvira de "Ed Wood" no visual de Winona, "Noiva cadáver" no visual de Bellucci, E "Fabrica de chocolates", quando Beetlejuice flutua. E amei a homenagem a "CArrie", de Brian de Palma, com trilha de Pino Donaggio, e direito a plot twist.
That they may face the rising sun
"That they may face the rising sun", de Pat Collins (2023)
Adaptação do romance homônimo escrito pelo romancista irlandês John McGahern, "That they may face the risinh sun" tem uma narrativa lenta, contemplativa, quase documental, que me fez lembrar dos filmes de Terence Davies. Não são filmes fáceis de assistir pela sua total falta de conflitos. O espectador acompanha a rotina dos protagonsitas, em atividades mundanas. Nos anos 80, o casal Joe (Barry Ward, alter ego do romancista) e sua esposa Kate (Anna Bederke) se mudam de Londres para o interior da Irlanda, no Condado de Leitrim, terra natal de Joe.
Não acontece muita coisa no filme. Eventualmente surgem uns moradores da região, Joe e Kate conversam aqui, conversam ali. O que interessa ao filme, é apresentar essa narrativa documental de um outro ritmo, um outro mundo, plácido, lento. Com uma bela fotografia impressionista de Richard Kendrick, o filme ganhou prêmios em Festivais de cinema independente em Buenos Aires e na Irlanda.
Alien covenant
"Alien covenant", de Ridley Scott (2017)
Após "Alien Romulos", decidi rever alguns filmes da franquia "Alien" para entender melhor como funciona a cronologia. "Prometheus", de 2012, é o filme que dá início à saga, seguido por "Covenant", e em seguida, "Alien Romulus", e aí, o mais famoso, 'Alien, o 8o passageiro".
Quando lançou "Pormetheus", Ridley Scott havia divulgado que seria uma trilogia. "Covenant", lançado 5 anos depois de "Prometheus", acontece 10 anos depois, explicando o destino do andróide David e da Dra Elisabeth Shaw. Na época que foi lançado, eu não havia gostado de 'Covenant", e revisando, me lembrei do porquê: o roteiro traça um perfil da tripulação das mais irritantes. todos agem de forma estúpida, tomando as piores decisões do mundo. Porquê descer em um planeta desconhecido e tirar os capacetes? Porque atender um pedido de socorro de algo ou alguém e por isso, desviar a sua rota original? E será que ninguém ali sequer desconfiou dos andróides Walter e David? Tudo bem, senão fosse por isso, o filme não existiria. Mas confesso que fiquei bastante irrritado o filme todo. Dessa vez, o elenco faz todas as suas apostas em michael Fassbender, a verdadeira estrela, em papel duplo. Todo o elenco, diferente dos outros filmes, não possui um grande astro ou estrela. O final em aberto me fez torcer para que a prometida e que talvez jamais seja produzida teceira parte, 'Alien awakening", tivesse pelo menos o roteiro liberado para que saibamos o destino dos 2000 colonos da nave, além dos tripulantes sobreviventes.
Wrongful death
'Wrongful death", de Vjekoslav Katusin (2024)
Sabe-se lá como, "Wrongful death" ganhou 22 prêmios em festivais de cinema de gênero. O filme é uma co-produção Croácia e Estados Unidos, e é muito, muito ruim. Nem de longe lembra 'A serbian film" ou algum outro terror vindo da Croácia. É um sub 'Jogos mortais", sendo que sem suspense, sem gore, e principalmente, com atores muito amadores. O que entristece, é ver Eric Roberts participando do projeto, que foi rodado na Croácia.
Duas pessoas acordam e descobrem estarem presas em uma sala. O homem é um jornalista, e a mulher, uma jovem. Os dois estão desmemoriados e não sabem como chegaram ali. Uma voz surge na sala e quer propor um jogo para que eles consigam sobreviver e confessar seus pecados.
Não há nada que se salve nesse filme. Direção de arte, trilha, fotografia. O valor de produção é zero. Fosse um filme trash, teria sido divertido. O pior memso, é que o desfecho sugere uma continuação.
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Jackpot - Loteria mortal
"Jackpot!", de Paul Feig (2024)
"Desisto de ser atriz. Hoje em dia só tem lutadores e youtubers protagonizando os filmes". essa fala é da personagem de Awkwafina (Katie) para o guarda costas Noel (John Cena). Claro, é uma paródia, uma sacanagem com eles mesmos, ela que surgiu como Youtuber e Cena, como lutador.
O filme é uma comédia maluca e bizarra e a crítica sentou o pau. De fato não é bom, mas diverte para quem só quer passar o tempo, literalmente. O filme faz referência a "Noite do crime (The purge)" e "Round 6". No ano de 2026, por conta da grave depressão econômica, o governo da Califórnia decide criar o "California great lottery", uma forma do governo e da população poder arrecadar dinheiro. O governo lança uma loteria com um valor astronômico, e a pessoa que possui o cartão premiado precisa sobreviver até o amanhecer. Quem o matar, ficará com o cartão. Assim, toda a população vai atrás do premiado, usando todos os tipos de armas. No ano de 2030, Katie (Awkwafina) resolve retornar a Los Angeles para tentar novamente a carreira como atriz, que ela abandonou para poder cuidar de sua mãe. Ao alugar um quarto fajuto de uma vigarista, ela acaba usando o casaco dela. Ao fazer o teste, o governo anuncia a vencedora da loteria, com o prêmio de 3 bilhões, e Katia ganha com o cartão da mulher que alugou para ela o quarto. A partir daí, ela precisa fugir para poder sobreviver. Ela conta com a ajuda de Noel, um guarda costas que presta serviço para premiados poderem sobreviver aos ataques. Um outro guarda costas, Louis (Simu Liu), vai atrás dos dois para ficar com o cartão.
O filme tem ação ininterrupta e muita loucura que envolve todos os personagens. Não há lógica algumas nas lutas e nas perseguições. A dupla de personagens interpretadas por Awkwafina e John Cena botam em prática o clichê da dupla que precisa lidar com as diferenças para podere sobreviver. Eles estão ótimos, com o carisma de sempre.
Cidade campo
"Cidade campo", de Juliana Rojas (2024)
Segundo longa de Juliana Rojas em que ela dirige solo, "Cidade campo" foi vencedor de melhor direção na mostra Encounters do Festival de Berlim e ganhou 2 prêmios no Fetsival de Gramado 2024: Juri da crítica e melhor atriz para Fernanda Vianna, protagonista da 1a história.
O filme é dividido em 2 histórias, interligados pela personagem Flavia (Mirella Façanha), mas de forma não direta e convencional. são duas histórias independentes, protagonizados por mulheres batalhadoras e corajosas, precisando reaprender a dar início à uma nova etapa de suas vidas.
na 1a história, "Cidade", Joana (Fernanda Vianna) é sobrevivente da tragédia de Mariana, quando o rompimento da barragem matou centenas e destruiu casas. Sem ter aonde ir, Joana vai para São Paulo morar momentaneamente com sua irmã Tânia (Andrea Marquee) que mora com seu neto, Jaime (Kalleb Oliveira), um menino de 10 anos esperto e todo ligado em tecnologia. Jaime ajuda sua tia a começar uma nova vida e inscreve ela em um aplicativo para diaristas, onde ela começa a trabalhar e a conhecer os apartamentos das pessoas, sendo um desses apartamentos, o de Flavia.
Na 2a história, Flavia e sua namorada Mara (Bruna Linzmeyer) se mudam da cidade para o campo. O pai de Flavia faleceu e ela herdou a fazenda dele. Mara de início ama tudo, pois é veterinária. Flavia se adapta. Mas aos poucos, elas percebem que algo estranho paira na localidade.
Os dois filmes trazem elementos sobrenaturais, metáforas, sobre fantasmas do passado, da sociedade patriarcal, da chacine dos povos ancestrais. Isso me fez lembrar do recente "O estranho", de Flora Dias e Juruna Mallon, que também trazia protagonistas lésbicas. Eu gosto muito do primeiro filme, que traz forte contexto social. O segundo filme não me pegou, mas vale pelo excelente trabalho das atrizes e uma ousada cena de sexo.
Here
"Here", de Bas Devos (2023)
Belíssimo drama romântico belga, filmado de forma totalmente minimalista. Escrito e dirigido por Bas Devos, o filme ganhou 2 prêmios no Festival de Berlim 2023, e também concorreu nem outros importantes festivais, como San Sebastian e Indie Lisboa.
Rodado em 16 mm e na proporção de tela de 4:3, o filme apresenta como protagonista o construtor civil romeno Stefan (Stefan Gota). Um homem introspectivo e calado, ele vive o seu cotidiano na Bélgica. Com as férias se aproximando, ele deseja consertar o carro na oficina e viajar até a sua terra natal para visitar sua mãe. Ao limpar a geladeira para deixa'-la vazia para sua viagem, ele pega o que restou de comida e decide fazer uma sopa, e com ela, entregar um pote para cada uma das pessoas importantes em sua vida. Em uma noite de chuva, ele para em um restaurante chinês e ali, durante o jantar, conhece a sobrinha da dona do restaurante, a cientista e estudante de biologia ShuXiu (Liyo Gong). Em um outro dia, ao caminhar pelo parque em direção à oficina, ele encontra Shuxiu fazendo pesquisa com musgos, e ela o convida para uma tarde no parque, em busca de musgos.
Só posso dizer que a cena final no restaurante, é dos momentos mais lindos e sublimes que vi recentemente. "Here" é um filme simples, de poucos acontecimentos. Mas a forma como os personagens solitários são apresentados, faz o espectador se apaixonar por eles. Me lembrei muito de "Folhas de outono", de Aki Kaurismaki, mas sem o humor do filme.
terça-feira, 3 de setembro de 2024
It couldn't happen here
"It couldn't happen here", de Jack Bond (1988)
Lançado em 1988 para promover o segundo disco da dupla eletrônica inglesa "Pet Shop Boys", "Actually" (após o grande sucesso de "Please",o filme musical "It could'nt happen here" é composto por video clips de 10 canções: "It's a sin", 'Rent", 'West end girls", "Always on my mind", "What have I done do deserve this", "One more chance", Two divides by zero", "Opportunities", "Loce comes quickly". Todas elas são interligadas por uma narrativa bastante confusa, beirando o surreal, sobre encontros e desencontros de Neil tennat e Cris Lowe, quando crianças, e já adultos. As histórias são interligadas por personagens bizarros, que incluem um padre cego, uma dona de pensão abusiva, um ventriloquista e outros tipos estranhos.
Nesse mood que lembra uma narrativa de Derek Jarman, o filme interessa mesmo é pela smúsicas clássicas da dupla, verdadeiras bras primas da música pop inglesa eletrônica dos anos 80 e 90.
Viva a vida
"Wo men yi qi yao tai yang", de Yan Han (2024)
Vencedor de diversos prêmios em festivais internacionais, logo no primeiro minuto já estava claro que eu iria chorar litros e litros durante o filme. Comparado como uma versão chinesa de "A culpa é das estrelas', ambos os filmes fazem parte de um sub-gênero do drama que são protagonistas com doenças graves que podem levá-los à morte. E eu sou obcecado com filmes sobre jovens com doenças terminais.
Fazendo parte de uma trilogia sobre vida e morte, "Viva a vida" é o filme que fecha esse projeto do ropteirista e diretor chinês Yan Han.
Logo no início, o espectador é apresnetado à Ling Min (Gengxi Li), prestes a completar 25 anos. Mas ela não está comemorando: ela faz um relato em vídeo sobre a sua doença que paralisou a sua vida. Ela tem uremia, que é o aumento da uréia no sangue, uma substância tóxica que pode contaminar o sistema sanguíneo e precisa urgentemente de um transplante de rins. Cansada do tratamento e desesperançosa de conseguir um rim, Ling posta o vídeo, onde ela propõe se casar com o homem que doar um rim para ela, e após a morte dele, ela cuidará dos parentes dele. Ling posta, mas depois se arrepende e deleta o vídeo. Para sua surpresa, Lu Tu (Yuchang Peng), um jovem portador de tumor no cérebro, consegue visualizar o vídeo e aceita ser o doador quando ele morrer, contanto que Ling se case com ele e cuide de sua mãe.
O filme transita entre drama, comédia e romance de forma comovente e apaixonante. É impossível o espectador não se apaixonar pelos dois protagonistas, interpretados com brilho pelos atores. Os atores que interpretam os pais de Linge. a mãe de Lu Tu também merecem aplausos. São tantas as cenas emotivas e divertidas ( a cena que Lu Tu vai ao encontro com Ling em uma cafeteria é um primor de comédia) que as 2:10 hrs de filme passam rapidinho.
Stroking an animal
"Cuando toco un animal", de Ángel Filgueira (2023)
'Stroking an animal" é uma produção indie espanhola, e poderia ser facilmente ser compara a um quase remake de "love", de Gaspar Nóe. Com cenas eróticas explícitas, o filme apresenta um triângulo amoroso em uma relação de poliamor.
Mariña (Lidia Veiga) e Ada (Ángela Ríos) são duas mulheres que se amam intensamente. Passando um final de semana em um acampamento isolado na beira d eum rio, elas acabam conhecendo Tomás (Xulio Besteiro). Com a amizade dos três, nascem novos interesses. Tomás faz sexo com Marina, e depois, com Ada. Mas Ada acaba se envolvendo demais com com Tomas, provocando ciúmes de Marina.
O filme tem uma narrativa naturalista, em registros de cotidiano. De ritmo lento, filmado com distanciamento, inclusive as cenas de sexo são captadas friamente. Os diálogos são frágeis, as cenas entediantes. Nem as cenas de sexo empolgam. Dividido em capítulos, para que o espectador sinta o desenrolar das relações ao passar dos meses.
Silvio
"Silvio", de Marcelo Antunez (2024)
Dramatização do sequestro do apresentador Silvio Santos, um fato inusitado que parou o país no dia 30 de agosto de 2001. No dia 21 de agosto, a filha de Silvio, Patricia Abravanel, de 23 anos, foi feita refém de 3 sequestradores que invadiram a mansão no Morumbi. 7 dias depois, após o pagamento do 500 mil reais, 2 sequestradores foram presos, mas outros dois fugiram. Fernando Dutra, 22 anos, foi localizado em um flat com o dinheiro. Ele conseguiu fugir, após matar 2 agentes e pular por fora do prédio. Com um tiro na perna, ele caminhou 22 kilômetros, pulou o muro da mansão de Silvio Santos e o fez de ref;em, um sequestro que durou 8 horas de negociação com a polícia, secretario de segurança, militares e por fim, o Governador Geraldo Alckmin. Fernando acabou morrendo 5 meses depois na penitenciária. A causa da morte foi dada como uma infecção generalizada decorrente de uma bactéria que se alojou nos pulmões, mas um relatório dos direutos humanos havia dito que a morte foi por tortura e espancamento.
Toda essa história é apresentada no filme em time lines distintos. Durante o sequestro, Silvio narra a Fernando toda a sua trajetória, desde a sua adolescência, aos 17 anos, como camelô, o seu encontro com Manoel de Nóbrega, a sua primeira esposa, Cidinha, as filhas, o segundo casamento e a abertura do canal Sbt, após jantar com Figueiredo e Dulce.
Não tem como não sair do filme sem refletir sobre a caracterização de Rodrigo Faro . É uma distração que chama a atenção. Mas um ponto muito positivo do filme, é a escalação de um elenco pouco conhecido do grande público, mas muito talentoso em papéis importantes, como Felipe Castro como Silvio adolescente, Poliana Aleixo como Patricia Abravanel, Jonas Oliva como Fernando Dutra, Adriana Londono como Íris Abravanel, Marjorie Gerardi como Cidinha. Duda Mamberti está excelente como Manuel de Nóbrega.
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
The rooster
"The rooster", de Mark Leonard Winter (2023)
Premiado drama indie asutraliano, "The rooster" é um filme denso e triste. Curioso é que algumas matérias sobre o filme o definem como uma comédia dramática, o que é um erro. O filme é um gatilho para pessoas depressivas e com potencial suicida. Todos ops seus personagens são homens trágicos, que trazem traumas em suas vidas e não conseguem lidar com a depressão.
Dan (Phoenix Raei) é um policial que vive solitário em uma casa na floresta, onde cuida de um galo, seu único companheiro. Quando seu amigo de infância Steve (Rhys Mitchell) é encontrado morto, provavelmente por suicídio, Dan se sente culpado por não ter ajudado ele de forma apropriada. O chefe de Dan lhe dá uns dias de licença, e Dan decide acampar na floresta. Ao vagar pelo local, ele encontra yma casa rústica e ali, vê um homem mal cuidado, que ele chama de Ermitão (Hugo Weaving).
O filme, conforme a divulgação dos produtores, fala sobre a fragilidade da masculinidade em tempos atuais. Através da perda, esses homens se tornam sensíveis e distanciados, e não se opõem a um abraço. COm ótimo trabalho dos atores, em especial Hugo Weaving, o filme precisa de uma boa dose de paciência e de comprometimento do espectador, em uma trama pesada, triste e com um desfecho imprevisível. A fotografia ajuda a trazer esse tom trágico à narrativa, em tons escuros.
The good half
"The good half", de Robert Schwartzman (2023)
"The good half", de Robert Schwartzman . Drama feel good movie, "The good half" é uma produção indie que circulou em diversos festivais. entre eles, Tribeca. Com roteiro escrito por Brett Ryland, o filme é dirigido por Robert Schwartzman e traz Nick Jonas como protagonista. Ele é Renn, um jovem roteirista e depressivo depois da morte de sua mãe, Lily (Elisabeth Shue), por câncer. Renn sempre foi muito apegado à sua mãe, que era uma mulher livre de qualquer estereótipo e adorava roubar coisas dos lugares como sinal de sua liberdade e apreço ao perigo constante, se divertindo sempre. Quando ela ficou doente, Renn se afastou, evitando contatos com seu pai, Darren. ( Matt Walsh ), seu padrasto ( David Arquette ) e a sua irmã Leigh ( Brittany Snow ) , todos moradores de Cleveland, cidade que Renn decidiu se mudar. Tendo que lidar com velório da mãe, renn acaba viajando para Cleveland e o reencontro com sua família é difícil. No avião, ele conhece Zoey (Alexandra Shipp), uma jovem que tem o mesmo espírito livre e alegre de sua mãe.
A crítica detonou o filme, mas como eu amo feel good movies, gostei. Ele tem aquele tom que amo em filmes como 'Hora de voltar" ou "Amizades improváveis", dois grandes exemplos do gênero. É muito bom ver Elisabeth Shue e David Arquette em tipos divertidos que os celebrizaram, e Nick Jonas segura o protagonista com delicadeza.
domingo, 1 de setembro de 2024
Prometheus
"Prometheus", de Ridley Scott (2012)
Depois de assistir "Alien- Romulos", de 2024, me deu vontade de rever "Prometheus", o filme que na cronologia dá origem a toda a franquia "Alien", sendo um prequel de "Alien, o 8o passageiro", de 1979. Foi ótimo rever o filme e entender os easter eggs que o conectam a "O 80 passageiro": O space joquei, a nave abandonada, o motivo dos vasos com os líquidos pretos estarem ali, os engenheiros. E foi óitmo também rever uma das cenas mais tensas e brilhantes do cinema, que é a da sala de cirurgia, um show de direção, tecnologia, edição e de atuação. A protagonista, interpretada por Noomi Rapace, tem uma índole duvidosa, e acompanhar a sua tragetória é fascinante. Noomi é uma excelente atriz sueca, que se revelou no ótimo "A garota com a tatuagem de dragão". Além dela, tem um elenco mega all star: Idris Elba, Michael Fassbender, Charlize Theron e Guy Pierce, que talvez tenha sido o único miscasting do filme, por interpretar um idoso, e fico na dúvida porquê não escalaram um ator já na terceira idade, que daria mais credibilidade. Alguns dados do roteiro também pecam, como os tripulantes tirarem o capacete e um deles ainda brincar com um ser alienígena, além da morte estúpida e sem noção da personagem de Charlize Theron. Mas no geral, é um grande filme, muito criticado, injustamente.
Another end
"Another end", de Piero Messina (2024)
Concorrendo no Festival de Berlim 2024, o filme é uma co-produção Itália, Reino Unido e França. Não tem uma única pessoa que não associe o filme como sendo um episódio esticado de "Black mirror", em especial, o episódio "Be right back". O filme é uma fantasia sobre a possibilidade de qualquer pessoa poder rever o seu ente querido falecido por uma última vez, e o roteirista e cineasta italiano Piero Massina o conta com uma narrativa romântica melodramática e muito melancólica.
O elenco é internacionao: o mexicano Gael Garcia Bernal, a francesa Berenice Bejo e a norueguesa Renate Reinsve, de " A pior pessoa do mundo".
Sal (Bernal) é um homem em luto e com desejos suicidas. Sua esposa, Zoe, faleceu em um acidente de carro que Sal estava dirigindo. A irmã de Sal, Ebe (Bejo), trabalha em uma empresa chamada "Another end", que possibilita recolher e memória do falecido em tempo hábil de arquivá-lo, e poder ativar a memória em um hospedeiro, uma pessoa compatível que alugue o corpo para ganhar dinheiro. O
único porém é que em momento algum, a pessoa que contratou poderá dizer ao "hospedeiro" que ele hospeda a memória de um falevcido. Esse processo só pode durar no máximo 3 dias, podendo corres riscos danosos ao hospedeiro caso ultrapasse o limite de sessões. Sal s erecusa, assim como os pais da falecida, mas logo cedem. QUando a nova Zoe chega (Reinsve), Sal tem dificuldades de aceitá-la, mas aos poucos, vai tornando a se apaixonar. Para o desespero de Bea, Sal quer mais sessões que a estipulada, e além disso, ele segue a hospedeira e descobre que ela trabalha como streaper.
A crítica meteu o pau no filme. Eu gostei, apesar de achar que ele tem uma duração bem maior que a necessária. Confesso que já imaginava o plot twist final, mas ainda assim, é bem instigante e irá pegar muita gente de jeito. O filme mescla romance, drama e fantasia, e é bem feito e bem produzido, trazendo uma atmosfera, fotografia que lembram um mundo triste estilo "Blade runner", mas sem os neons e as naves espaciais.
Ganymede
"Ganymede", de Colby HoltSam Probst (2024)
Drama LGBTQIAP+ independente americano, "Ganymede" mescla drama, romance e realismo fantástico, apresentando uma criatura monstruosa em forma de demônio que representa a tentação. O portagonista é o jovem Lee Fletcher, estrela da luta livre em sua cidade. Sua mãe, Floy (Robyn Lively) tem um trauma do passado, quando seu irmão gay se suicidou por falta de apoio. Agora, Floy e o marido frequentam a igreja do pastor Royer (David Koechner). Quando Lee começa a sentir sentimentos pelo estudante da mesma escola,assumidamente gay, Kyle Culper (Pablo Castelblanco), sua mãe passa sa desconfiar. Um monstro surge no armário de Lee e o atormenta toda vez que ele tem pensamentos sobre Kyle. Os pais de lee decidem interna-lo na igreja de Royer para fazer tratamentos de eletrochoque.
Esse tema da conversão da homossexualidade já foi visto em diversos filmes, incluindo "Pedágio". Aqui, a obviedade da criatura que sai de um armário é infelizmente representado por uma criatura tosca e mal caracterizada. O filme poderia viver tranquilamente sme esse elemento fantástico, que mais atrapalha que contribui. Mas vale por levantar a discussão da aceitação e uma crítica contra a homofobia e o papel de igrejas no fomento de suicídios e aumento do crime e ódio à comunidade queer.
sábado, 31 de agosto de 2024
Between the temples
"Between the temples", de Nathan Silver (2024)
A dramédia judaica "Between the temples" e co-escrita e dirigida por Nathan Silver. O filme concorreu no Festival de Berlim 2024 na mostra Panorama e na Mostra Teddy, dedicada a filmes de temática Lgbt, além de concorrer em Sundance.
O filme lembra muito "Ensina-me a viver', um grande clássico de Hal Ashby, que fala sobre a dificuldade de enfrentar o luto e como uma pessoa com mais idade traz alegria e renovação à vontade de viver.
Benjamin Gottlieb (Jason Schwartzman) é um homem e 40 anos que enfrenta um luto após a morte acidental de sua esposa ao escorregar no gelo. Um ano depois, Benjamin ainda não consegue superar o luto. Ele era cantor de uma sinagoga, mas abandonou tudo e foi morar com a sua mãe e a esposa dela. Durante uma ida até um bar, Benjamin se envolve uma briga e é salvo por Carla O’Connor (Carol Kane). Benjamin logo se lembra que Carla foi sua professora primária de música, uma mulher mais velha que também enfrenta o luto pela morte do marido. Nascida judia, foi criada por pais comunistas que negaram a religião. Carla decide que agora vai querer fazer seu Bar Mitzvah, e pede ajuda a Benjamin. Benjamin e Clara acabam se conectando, e Carla traz a alegria inesperada para ele, mas precisam enfrentar as mães de Benjamin, que querem casá-lo com uma mulher judia mais jovem, e do rabino, que se recusa a celebrar o bar mitzcah de Carla.
Eu queria muito ter gostado do filme. Mas a narrativa traz escolhas de direção que achei bem estranhas, como o uso excessivo de zoom e de closes, e um ritmo arrastado e meio improvisado, que dão um tom indie ao projeto. Mas achei chato, apesar do excelente trabalho do elenco.
Príncipes perigosos
"Principes salvajes", de Humberto Hinojosa Ozcariz (2024)
Drama mexicano que me fez lembrar bastante dos filmes de Michel Franco e Amat Escalante, cineasta mexicanos que gostam de mostrar em seus filmes o pior do ser humano, a escória, a brutalidade. O filme talvez esteja mais próximo de "Nova ordem", uma parábola hiper violenta sobre a luta de classes, empregados e empregadores.
Xavier (Juan Pablo Fuentes Acevedo) é filho de um casal milionário. Acostumado com o Poder, Xavier siluma sequestro, roubo, e coloca a culpa em seus funcionários. Quando seus pais demitem o seu motorista Polo, Xavier bola com seu melhro amigo, Gerardo, uma falsa tentativa de sequestro, para extorquir dinheiro de seus pais. Junto de sua namorada, Renata, e de sua irmã, Ximena, o grupo decide viver de golpes. Mas o policial Rodrigo Alfonso Herrera) surge e procura entender o que está acontecendo.
Não é fácil assistir a "príncipes perigosos". Como o título deixa claro, o filme fala sobre uma elite que por conta do dinheiro e do poder, sempre se safa e consegue dar a volta por cima em qualquer suspeita. Personagens arrogantes e odiosos, a escória da nova geração, acobertados por adultos corruptos. A vontade do espectador é desejar todo o mal do mundo para essa turma, e o filme traz a sua mensagem de forma brutal. Eu fiquei muito irritado no final, mas sabemos o mundo em que vivemos. Alfonso Herrera traz um personagem rico em camadas, que fará o seu fã clube chacoalhar quando acharem que ele faz sempre o mesmo papel.
Outcome the wolves
"Outcome the wolves", de Adam MacDonald (2024)
Drama de sobrevivência canadense, "Outcome the wolves" apresenta um casal, Sophie (Missy Peregrym) e Nolan (Damon Runyon), que decidem seguir para um floresta selvagem e alugar uma cabana. Nolan é um escritor sobre culinária e quer fazer um estudo sobre a caça e o que as pessoas comem. Sophie convida um amigo, Kyle (Joris Jarsky) para acompanhá-los: ele é um caçador. Os três passam a noite na cabana e no dia seguinte, Nolan e Kyle saem para caçar,enquanto Sophie permanece na cabana. Ao caçarem um veado, os tiros e a presença do animal morto chamam a atenção de lobos selvagens, que acabam atacando Nolan. Ao invés de salvar o homem, Kyle foge e retorna para Sophie.
O filme reserva alguns plot twists, mas nada de fato surpreendente. Os primeiros 50 minutos são bem arrastados, com muito falatório, e a ação só acontece mesmo com quase 1 hora de filme. Um filme que funciona para quem gosta de filmes sobre animais assassinos, mas nada diferente de diversos filmes ja feitos no gênero.
Nossos sentidos
"Nos sens", de Mickaël Weber (2024)
Delicado e sensível curta sobre o amor entre dois rapazes, estudantes de uma high school na França, mas que precisam mostrar aos familiares e colegas que são heteros. Arthur (Jean-Baptiste Lamour) e Tony (Morgan Malet) são melhores amigos. Juntos, curtem baladas, mulheres, bebem, se divertem com os amigos. Arthur é dj nas festinhas da galera e nutre uma paixão platônica por Tony. Quando Tony anuncia que vai se mudar para o Canadá, Arthur decide que está na hora de contar ao amigo e ao seu pai que é gay.
A história do filme já é bem batida. O que faz valer a pena assistir ao filme, é o belo trabalho dos atores , que ainda assim, me pareceu estarem bem mais velhos do que deveria aparentar os personagens. A cena inciial, na balada, é bem filmada, com ótima trilha eletrônica e um modd bacana de flerte e tensão sexual entre os amigos. O desfecho bota o filme em um tom positivo, sobre a possibilidade de auto aceitação e de mudança.
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
A força da natureza - The dry 2
"Force of nature- The dry 2", de Robert Connolly (2024)
Em 2020, foi lançado no cinema o suspense australiano "A sêca", adaptação do best seller de Jane Herper escrito em 2016. Protagonizado por Eric Bana, no papel do invetsigador policial Aaron Falk, eu amei o filme, que é bem dirigido, com excelente roteiro e com um desfecho que me deixou bem triste pela crueza da história.
Agora essa continuação é a adaptação de outro livro da saga de Aaron Falk, também ambientado na Austrália, mas dessa vez sem a aridez das locações do filme anterior. Dividido entre a cidade grande, nublada, chuvosa e fria, e as montanhas, o filme me deixou com a mesma sensação de tristeza no final, por conta da crueza com que personagens encaram os seus destinos.
Aaron Falk e sua colega de trabalho Carmen Cooper (Jacqueline McKenzie) são chamados para investigar o desaparecimento de uma mulher, Alice (Anna Torv), que estava fazendo uma caminhada com outras 4 mulheres que trabalham em uma grande empresa corporativa. São várias as possibilidades: a empresa estava sendo investigada por Aaron e Alice era a sua informante interna. A suspeita é de que a empresa lavava grandes somas de dinheiro. Alice, no entanto, preferiu não passar informações. A 1a hipótese, é queima de arquivo, já que a líder do grupo na caminhada, Jill, é esposa do dono da empresa. A 2a hipótese é de que um serial killer, chamado de Kovac, que age há décadas na região, seja o responsável pelo desaparecimento. A 3a hipótese é de que ela tenha se perdido , ou 4a hipótese, ela está escondida por saber de algo que ela não pode falar.
O filme traz várias linhas do tempo: quando Aaaron era adolescente, mostrando o passeio que ele estava fazendo com seus pais na mesma montanha e que acabou em tragédia; e na linha do tempo mostrando o que aconteceu com as mulheres, pelo depoimentos das 4 sobreviventes.
Não é tão bom quanto o primeiro filme, mas ainda assim, um filme bastante interessante, com ótimas performances e um desfecho que me deixou triste.
Cruising
"Cruising", de Valentino R. Sandoli (2020)
Fantasia erótica LGBTQIAP+ espanhola, "Cruising" foi inspirado pelo roteirista e diretor VAlentino R. Sandoli após ter assistido os cults queer "Um estranho no lago", de Alain Guiraudie, e "O ornitólogo", de João Pedro Rodrigues. Rodado à beira do rio em Ávila, Castilla y León, Espanha, o filme, sem diálogos, é composto de imagens homoeróticas e experimentais de pegação entre um homem e um rapaz que está em um grupo de gays. Os corpos semi-nús, o desejo, tesão, tudo é captado com uma lente que expressa olhares, corpos molhados e excitados dos rapazes. Tem quem ache mais para uma campanha da Abercrombie ou da Calvin Klein do que um filme. Mas certamente fará a alegria do público gay.
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Wishes of the blue girl
'Wishes of the blue girl ", de Ryan A. Conaill (2024)
Drama de terror psicológico, "Wishes of the blur girl" é uma produção de baixo orçamento co-produzido pela Austrália e Irlanda, e todo rodado em Cork City Centre, na Irlanda. O filme é bastante confuso e uma trama muito aleatória sobre uma mulher, Isabel (Niahm Anna) que vaga sozinha pela sua casa, tendo alucinações e ouvindo ruidos estranhos em casa. Na secretária eletrônica, ela escuta mensagens de sua colega de trabalho e da chefe dizendo que ela sumiu do trabalho há dias. Quando ela vaga pela rua, seu namorado, Julio, tenta se aproximar, mas ela evita. Isabel tenta entender o que se passa com ela, e até vai em busca de uma espírita.
O filme é fraquíssimo, os atores bem amadores. Parece filme de amigos que decidem fazer algo juntos mas possuem pouca experiência em contar uma história. Fala sobre traumas familiares e de relacionamentos. mas o filme nunca se explica por completo. O terror não existe, o diretor até tenta trazer alguns elementos, mas nada se justifica.
Tigres fumegantes
'Smoking tigers", de So Young Shelly Yo (2023)
Premiado em Tribeca com os prêmios de melhor atriz para Ji-young Yoo, no papel da protagonista Hayoung, melhor roteiro e um prêmio especial, "Tigres fumegantes" é escritoe. dirigido pela cineasta sul coreana radicada nos Estados Unidos So Young Shelly Yo. O filme se aproxima dos dramas "Vidas passadas" e "Minari", que são histórias de imigrantes sul coreanos nos Estados Unidos e a difícil adaptação ao sonho americano.
Hayoung (Ji-Young Yoo) mora com sua mãe Umma (Abin Andrews) e sua irmã menor Ara em um apartamento pequeno. O pai, Appa (Jeong Jun-ho) é um vendedor de tapetes que vende seus produtos de porta em porta nas residências de famílias sul coreanas. Com os pais vivendo um relacionamento em crise, o pai mora no galpão onde estoca os tapetes. Hayoung estuda para a faculdade, mas com as notas baixas, precisa de aulas de reforço. Ela entra para as Hagwons, escolas particulares caras para descendnetes de coreanos. Ali, ela é segregada por ser de família pobre.
O personagem do pai, Appa, é apaixonante, e lembra bastante o personagem do pai em "Minari": diferente da personagem materna, mais realista e pé no chão, eles são sonhadores e acreditam no sucesso. O filme traz uma melancolia constante, tanto pelo sentimento de viver sempre à margem, quanto pelo forte drama familiar de pais em desintegração.
Sex
'Sex", de Dag Johan Haugerud (2023)
Excelente drama queer norueguês, "Sex" concorreu ao Teddy, dedicado a filmes de temáticas LGBTQIAP+ no Festival de Berlim 2023, além de ter ganho o prêmio de melhor filme europeu na Mostra Panorama. A premissa do filme é excelente, e renderia uma peça de teatro com 4 atores muito foda: dois homens brancos, heteros cis e de meia idade trabalham como limpadores de chaminé em Oslo. São pessoal anônimas, que nem nome de personagens possuem. Qual seria o interesse do espectador em acompanhar a rotina dessas duas pessoas em um filme de 2 horas de duração?
Pois o grande acerto do roteirista e diretor Dag Johan Haugerud é falasr sobre sexualidade entre pessoas heteronormativas, mais precisamente, sobre seus impulsos que botam em pauta a sua sexualidade. Um deles, Thorbjørn Harr, diz que sonhou que estava vestido de mulher e que David Bowie surgiu e flertou com ele. Esse sonho mexeu com os desejos de ser visto e ser admirado por um outro homem. Já Jan Gunnar Røise vai além: na noite anterior, ele foi flertado por um homem mais velho que o desejou, e acabaram fazendo sexo, sendo que ele fez o papel de passivo. Mesmo com esses relatos, ambos afirmam que são heteros e que foram apenas impulsos. Ao chegarem em casa, cada um conta a sua experiência para a sua esposa. A de Jan Gunnar Røise reage mal, e ela fica querendo saber se ele vai querer fazer seox novamente com outro homem, se ele sentiu prazer, se ele olhou para o rosto do homem quando esse gozou, já que quando ela goza, ele fecha os olhos.
O filme tem diálogos primorosos e encenação excepcional de todo o elenco. A direção se apropria de planos longos, fazendo o epsecador testemunhar quase que em tempo real as performances de seus atores. As imagens captadas de Oslo pela câmera e fotografia me fizeram querer conhecer imediatamente a cidade, de tão belas. E para complementar, a trilha sonora é uma delçiia, trazendo sonoridades dos anos 70, de filmes românticos cafonas e até pornochanchadas. A cena onde pai e filho vão à uma média é antológica, principalmente quando ela conta o relato de um casal de paicnetes gays arquitetos.
Harold e o lápis mágico
"Harold and the purple crayon", de Carlos Saldanha (2024)
Adaptação do livro infantil criado por Crockett Johnson em 1955, "Harold e o lápis mágico" é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, criador de "Rio", "A era do gelo" e "O touro Ferdinando". Fiquei me lembrando o tempo todo de uma animação do Pato Donald que ele é desenhado por um artista e fica o tempo todo discutindo com ele. E pasmem: me lembrei também do terror trash "Ursinho Pooh", que sai do mundo criado pelo autor para ir atrás dele, e de "Encantada", de onde o filme parte da mesma premissa.
A crítica americana meteu o pau no filme e foi um fracasso de bilheteria. O filme nem é tão ruim como andam falando. A questão é que é um filme infantil, para um público de pequenos. Para os adultos, as situações e atuações podem soar muito infantis e caricatas. É um sessão da tarde para a férias da criançada.
Alfred Molina interpreta Crockett Johnson. Ele desenha Harold, um jovem em suas aventuras, onde o próprio possui um lápis púrpura e desenha tudo o que quer, com sua imaginação. Um dia, a voz de Crockett desaparece. Harold decide ir atrás dele, desenhando uma porta que dá para o mundo real. Atrás dele, vão seus amigos Porco espinho e Alce. Eles acabam conhecendo Terri (Zooey Deschamel) e seu filho Mel (Benjamin Bottani). Eles tentam ajudar Harold a procurar por seu "pai", e vão até a biblioteca, pedindo ajuda de Garry, o bibliotecário. Mas ele rouba o lápis mágico com a intenção de criar o seu mundo fantástico.
O filme é ok, entrete, e certamente vale assistir com a criançada miúda. Maiores de 10 anos vão achar tudo bem bobo.
terça-feira, 27 de agosto de 2024
Hostile dimensions
"Hostile dimensions", de Graham Hughes (2023)
Escrito, dirigido e produzido por Graham Hughes, "Hostile dimensions" é um filme mega baixo orçamento que mistura ficção científica, terror e found footage para trazer uma história sobre portas que abrem para outras dimensões. Trazendo referências de "Atividade paranormal" e "A bruxa de Blair", o filme é tosco, ruim e mal feito, e para piorar, os atores são ruins. Mas Graham acredita bastante em sua história e a idéia inciial dele é fazer uma trilogia found footage de terror. Bom, valeu a iniciativa de produzir e realizar um filme com a infra que teve e contando com a ajuda de amihos. Pena que o resultado tenha sido bem fraco.
Quando uma jovem, Emily, desaparece ao atravessar uma porta durante a gravação de um documentário, duas cineastas, as amigas Ash e Sam , decidem descobrir o que aconteceu com ela. Ao atravessar a porta, elas decsonrem que existem outras portas, que levam a dimensões distintas, como se fossem multiversos, que levam à pirâmides, baleias voadoras, gigantes amarelos e um cachoror falante. Decidem então pedir ajuda a um professor, Innis (Paddy Kondracki), e recebem a ajuda de Brian, o documentarista que estava com Emily na hora que ela sumiu.
Strange darling
"Strange darling", de JT Mollner (2023)
Terror de serial killer repleto de plot twists, "Strange darling" é escrito e dirigido por JT Mollner e é uma premiada trama que traz referências ao cinema de Tarantino. O filme é dividido em 6 capítulos, e assim como em "Pulp fiction", os capítulos estão embaralhados, para confundir o espectador e tentar enganá-lo ao longo da narrativa.
Logo no início, o filme traz uma cartela anunciando que o filme foi todo rodado em 35 MM, trazendo assim uma oimagem granulada e vontage, quase que uma homenagem aos filme de terror de psicopatas de Wes Craven dos anos 70. A trilha sonora traz o clássico "Love hurts", da banda Nazareth. A primeira grande surpresa vem dos bastdiores: a fotografia é do ator Giovanni Ribisi, estreando na função com grande técnica e impressionando. Na cartela inicial, é dito que um perigoso serial killer que age de 2018 a 2020 perambula por estradas americanas e é bastante perigoso.
Uma mulher sem nome (Willa Fitzgerald) começa o filme sendo sufocada por um homem , interpretado por (Kyle Gallner). O filme volta e avança na trama para entenderos que a mulger está sendo caçada pelo homem e pede ajuda à uma casa habitada por um casal de idosos, interpretados por Ed Beagle Jr e Barbara Hershey.
Não dá para falar mais para não estragar a trama. O roteiro procura esconder o máximo possível informações preciosas do espectador, ara garantir o plot twist. É bem dirigido, os atores são bons e a violência está garantida.
Harold e o lápis mágico
"Harold and the purple crayon", de Carlos Saldanha (2024)
Adaptação do livro infantil criado por Crockett Johnson em 1955, "Harold e o lápis mágico" é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, criador de "Rio", "A era do gelo" e "O touro Ferdinando". Fiquei me lembrando o tempo todo de uma animação do Pato Donald que ele é desenhado por um artista e fica o tempo todo discutindo com ele. E pasmem: me lembrei também do terror trash "Ursinho Pooh", que sai do mundo criado pelo autor para ir atrás dele, e de "Encantada", de onde o filme parte da mesma premissa.
A crítica americana meteu o pau no filme e foi um fracasso de bilheteria. O filme nem é tão ruim como andam falando. A questão é que é um filme infantil, para um público de pequenos. Para os adultos, as situações e atuações podem soar muito infantis e caricatas. É um sessão da tarde para a férias da criançada.
Alfred Molina interpreta Crockett Johnson. Ele desenha Harold, um jovem em suas aventuras, onde o próprio possui um lápis púrpura e desenha tudo o que quer, com sua imaginação. Um dia, a voz de Crockett desaparece. Harold decide ir atrás dele, desenhando uma porta que dá para o mundo real. Atrás dele, vão seus amigos Porco espinho e Alce. Eles acabam conhecendo Terri (Zooey Deschamel) e seu filho Mel (Benjamin Bottani). Eles tentam ajudar Harold a procurar por seu "pai", e vão até a biblioteca, pedindo ajuda de Garry, o bibliotecário. Mas ele rouba o lápis mágico com a intenção de criar o seu mundo fantástico.
O filme é ok, entrete, e certamente vale assistir com a criançada miúda. Maiores de 10 anos vão achar tudo bem bobo.
Estômago 2- O poderoso Chef
"Estômago 2- O poderoso Chef", de Marcos Jorge (2024)
Lançado em 2007, 'Estômago" foi um marco do cinema brasileiro por reforçar o talento de João Miguel e por lançar ao estrelato a atriz curitibana Fabíula Nascimento, até então desconhecida do grande público. O filme provocou controvérsias pelo feminicídio do personagem de Nonato/Alecrim (Miguel), crime que o levou à prisão. Agora, 16 anos depois, Nonato continua na mesma prisão, porém, com um posto de Chef que lhe traz alguns benefícios. Ele cozinha para o diretor do presídio, para os carcereiros e para Etcetara (Paulo Miklos), o chefão do crime. Mas a chegada de um novo preso, um mafioso italiano e seus capangas, Benedetto Caroglio (Nicola Siri), abalam as estruturas do Poder do presídio.
Trazendo referências cinéfilas de clássicos como "Os intocáveis", "Cães de aluguel" e claro, "O poderoso chefão", o filme transita entre o drama, acão, thriller , romance e humor ácido para apresnetar o mundo do crime, dentro e fora do presídio, no Brasil e na Itália. Até mesmo o meme de Luisa Marillac é recitado pelo mafioso:"E teve boatos que eu ainda estava na pior, se isso é tá na pior..""
O filme venceu 5 Kikitos em Gramado 2024. Mas aonde o filme conquista, é no talento do trio João Miguel? Nicola Siri e Paulo Miklos, excelentes em suas composições.
segunda-feira, 26 de agosto de 2024
Original skin
"Original skin", de Mdhamiri Á Nkemi (2023)
Premiado curta LGBTQIAP+ inglês, "Original skin" mescla ficção científica, drama e romance em um mundo distópico onde as pessoas trocam de corpo durante o ato sexual. (Sorcha Groundsell) é uma jovem branca que pertence a uma comunidade onde a troca de corpo é tabu. Mas Bea quer essa experiência, e sua irmã mais velha a leva até a cidade. Bea entra em uma balada e lá conhece uma mulher negra, Olive Gray). Elas vão para a cada da mulher e fazem sexo, trocando de corpo. No dia seguinte, Bea está no corpo da mulher negra, mas não resgata o seu corpo original. Ao retornar para casa, sua família a rejeita.
O filme, provocativo, fala sobre descobertas: de sua orintação sexual e sobre ser livre, estando no corpo e automaticamente, absorvendo a cultura e. ahistória de uma outra raça. O diretor Mdhamiri Á Nkemi é negro e fez do filme uma parábola sobre a negritude. O tema do filme poderia render muitas controversias, principlmente, o da apropriação cultural. Mas não é sobre isso que o filme quer falar, e sim, sobre sentir a felicidade e a alegria de ser livre.
Em chamas
"In flames", de Zarrar Kahn (2023)
Concorrendo no Festival de Cannes 2023 na Mostra Camera D'or, o filme paquistanês "Em chamas" foi escrito e dirigido pelo cineasta paquistanês canadense Zarrar Kahn. O filme foi indicado pelo Paquistão à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2024.
"Em chamas" é um drama que flerta com elementos do terror psicológico. O diretor se apropria do gênero para denunciar a tradição patriarcal do país, onde as mulheres são proibidas de terem direitos à propriedade, e pasme, a contas bancárias. A jovem Mariam, seu irmão pequeno Balil e sua mãe Fariha moram em um pequeno apartamento em Karachi, Paquistão. Quando o avô materno de Mariam morre, o irmão dele surge para ajudar as mulheres na transição do dono do apartamento para seu nome, uma vez que as mulheres não podem assinar contratos. Mariam desconfia da ajuda do tio, mas sua mãe acredita nele. Mariam começa a namorar um estudante de medicina na mesma faculdade onde ela estuda, mas durante um passeio de moto, ele acaba morrendo. Desolada e sentindo-se pressionada pelo tio e por sua mãe, Mariam passa a sofrer de alucinações.
Com um ritmo bem lento, o filme traz uma crítica à sociedade misógena do país. O roteiro é corajoso em fazer esse denúncia, e traz personagens masculinos dúbios, um grande acerto do roteiro que deixa o espectador em suspenso sobre a honestidade dos personagens.
Better times
"Bedre tider", de Milad Schwartz Avaz (2023)
Desde o primeiro minuto dessa linda e comovente dramédia dinamarquesa, eu já sabia que eu iria chorar muito. Escrito e dirigido por Milad Schwartz Avaz, o filme fala sobre luto e morte e de que forma a perda de uma pessoa amada afeta de forma diferente cada pessoa da família. "Better times" traz também uma narrativa bastante rara nos dias de hoje: protagonistas masculinos, uma história sobre a fragilidade da masculinidade. Homens que choram, que se abraçam, que se amam. Fiquei totalmente apaixonado pelo filme.
Em Copenhague, uma família não se vê há mais de cinco anos, desde a morte da esposa e mãe. Os 3 irmãos adultos, Karl (Sebastian Jessen), Lukas (Andreas Jessen) e Oskar (Ari Alexander) vivem cada um a sua vida. Oskar é o que mais sofreu com a morte da mãe, desenvolvendo ansiedade e depressão. Para ajudá-lo, Karl, o mais velho, o hospeda em sua casa, onde mora com sua esposa e seus dois filhos adolescentes. Oskar observa que Karl tem andado apalpando o peito e fica preocupado, pedindo para o irmão fazer exame médico. Quando Karl recebe uma carta cobrando as dívidas da padaria que o pai cuida em sua cidade, os irmãos procuram Lukas, que não consegue lidar com a morte e ignorou a morte da mãe, se afastando. Os 3, cada um com uma personalidade distinta, vão de carro até a cidade onde mora o pai, Vagn(Lars Brygmann). A padaria ele construiu com a falecida, e ele não quer se desfazer dela, mesmo repleta de dívidas que ele não soube administrar. Os irmãos procuram uma forma de ajudar o pai.
Com um impecável trabalho dos atores, transitando nas emoções, o filme traz sentimentalismo, mas sem apelar para drama;hão. Tudo é bastante realista, natural, as situações são muito comoventes. A cena da ida do pai e dos irmãos à clínica no final me fez chorar mil litros. E que fotografia maravilhosa, trazendo imagens fantásticas de Copenhague.
domingo, 25 de agosto de 2024
Flow
"Flow", de Quentin Lee (1996)
Quentin Lee é um produtor, diretor, ator e roteirista sino canadense, dono de um extenso currículo de filmes de conteúdo LGBTQIAP+. Formado em cinema pela UCLA em 1993, Lee lançou o seu primeiro longa em 1996, "Flow", que na verdade, é um compilado de 5 curtas que ele dirigiu e produziu enquanto estudante da UCLA. Restaurado digitalmente, os curtas são unidos pela narrativa de um cineasta asiático queer que conversa com um amigo sobre seus trabalhos.
1) "Hysterio Passio" - Um vírus contamina as pessoas durante as relações sexuais
2) "Matricide" - Um advogado pergunta a um jovem gay chinês por que ele matou sua mãe na manhã de Natal
3) "Key in the Heart" - Um gay cross dresser persegue vampiros gays
4) "Fall, 1990" - Dois roomates , um gay e um hetero, trocam confidências. Quando hetero rompe com a namorada, começa a nutrir interesse pelo gay
Todos os filmes possuem narrativas bem distintas. Uns seguem uma atmosfera mais experimental, outros são mais clássicos. Homoerotismo, vibe anos 80, kitsch, romantismo. Tem de tudo nos filmes, que obviamente são experimentos estudantis, um artista em busca de sua voz e sua filmografia.
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