quinta-feira, 30 de junho de 2022

Wet sand


 "Wet sand", de Elene Naveriani (2021)

Premiado drama LGBTQIAP+ vindo da Geórgia, historicamente um país que, assim como a Rússia, não tem pudor em dizer ao mundo que é homofóbico e contrário à políticas de casamento entre pessoas do mesmo sexo.

De forma minimalista, mas intensa, o filme apresenta ao espectador um vilarejo no litoral do Mar Negro. A comunidade se encontra no bar local, chamado Wet sand, aonde se encontram todos os dias para beber e fofocar sobre a vida dos outros há décadas. Eliko, um dos moradores, é encontrado enforcado. Ammon, o dono do bar, procura ajuda entre os moradores para enterrar Eliko, mas todos se recusam. Ammon decide procurar Moe, a neta de Eliko, para que ela o ajude a enterrar o avô. Mas quando todos descobrem através de uma carta que Eliko e Moon foram amantes durante décadas, o mundo cai e todos se mostram homofóbicos, rechaçando Ammon.
Um filme com ritmo bastante lento e introspectivo, numa narrativa semelhante aos dramas turcos de Bylgen, "Wet sand" é contundente como um roteiro que quer apontar o dedo para políticas de homofobia que tornam em tragédias milhares de histórias pessoais. Com um ótimo elenco, a direção privilegia planos fixos, longos em uma fotografia deslumbrante.

De repente, Drag


 "De repente, Drag", de Rafaela Gonçalves (2021)

Comédia LGBTQIAP+ totalmente gravada no Maranhão, com equipe e elenco local, "de repente, Drag" me remeteu aos primeiros filmes de Pedro Almodovar, na linha de "Pepi, Luci, Bom" ou "Maus hábitos". são filmes despretensiosos, sujos, zuados, com a finalidade de divertir com muita galhofa, gargalhadas e no fundo, trazendo o tema de aceitação, empoderamento lgbt e de diversidade.

Julião Siqueira (Ruan do Valle, entregue à proposta chanchadesca da trama e certamente se divertindo muito) é um repórter de rua de um canal de tv jornalístico que sonha em ser apresentador de tv. Julião é a chacota da chefe de redação e do atual âncora (Al Danuzio). Quando Juliao descobre por intermédio de uma Drag, Lohanny, que drags estão sumindo, obrigadas a se prostituir e sendo traficadas, ele se une à sua amiga lésbica e outra bissexual da redação e decide se camuflar como drag para invadir um concurso e entender o que acontece ali dentro.
Brena Maria, Mônica Moretti, Rafael Paz, Renata Figueiredo, Al Danuzio são parte do elenco local, que tem a participação luxuosa e divertida de SIlvero pereira, como Pepita Ruiz, a super drag. Pepita também faz participação.

Histórias me mantêm acordado de noite


 "Stories keep me awake at night", de Jérémy van der Haegen (2021)

Premiado curta LGBTQIAP+ belga, o filme "Histórias mantêm acordado de noite" honra a tradição do cinema belga, que flerta com o surreal e o realismo fantástico.

Em uma casa na encosta de um montanha isolada, vive uma família disfuncional: os pais andam nús pela casa, a filha adolescente experimenta o primeiro amor e o pequeno Oscar (Vidal Arzoni, ótimo) é um menino de 10 anos em conflito de identidade de gênero. não sabe se é menino ou menina, sofre bullying e sonha com um lobo. Ele passa a tomar hormônios para transição.
Um filme estranhíssimo, bizarro, em atmosfera de pesadelo de conto de fadas, o filme exala erotismo envolvendo menores de idade e por isso, é um filme que deve ser visto por público adulto e ciente das questões da sexualidade dos personagens. Um filme lento, frio, que não tem meio termo. Eu mesmo não curti, achei muito sonolento.

quarta-feira, 29 de junho de 2022

O destino de Haffmann


 'Adieu Monsieur Haffmann", de Fred Cavayé. (2021)

Excelente drama francês adaptado da peça teatral escrita por Jean-Philippe Daguerre, "O destino de Hoiffman" lembra na sua dramaturgia de dois grandes clássicos do cinema: "O último metrô", de François Truffaut, e "A malvada", de Joseph Mankiewickz. Do 1o, ele traz o caráter teatral, e de ter um judeu escondido nos porões de uma loja, enquanto a Gestapo o procura. Do 2o filme, vem o desejo do antagonista de se aproveitar da situação e dar o golpe.

Paris, 1941. François Mercier (Gilles Lelouch) é um homem comum que sonha em começar uma família com a mulher que ama, Blanche. Ele trabalha para um talentoso joalheiro, o Sr. Haffmann, judeu. Quando a ocupação alemã passa a caçar judeus, Haffman decide uma proposta para François: repassar a loja para seu nome, e quando terminar a guerra, Mercier deverá retornar para ele. Mas a polícia avança, e Haffman se esconde no porão d aloja. Mercier aproveita para esconder o patrão, e aos poucos, vai assumindo o sonho de ser dono de um comércio e se aliar aos alemães.
Um filme que fala sobre ganância, poder, desejos e principalmente, a luta de classes e a as piração para ascender socialmente, tal qual um grande Mephisto. Com grandes atores no elenco, incluindo Sara Giraudeau, no papel da esposa Blanche Mercier, que tem um papel fundamental na trama e cujos dilemas morais cai em suas costas. Um filme clássico, bem narrado e certamente, que fará o espectador vibrar com seus plot twists.

terça-feira, 28 de junho de 2022

O segredo de Madeleine Collins


 "Madeleine Collins", de Antoine Barraud (2021)

Drama com toques de suspense psicológico, "O segredo de Madeleine Collins" tem sido comparado por críticis à tramas Hitcjcockianas, tal a sutileza do roteiro, hábil em revelar segredos da história aos poucos, desnorteando o espectador e fazendo-o desmascarar Judith, ou será Margot (Virginie Efira, brilhante nas composições e camadas de sua personagem dupla) em sua complexa trajetória.

Judith se divide entre a Suíça e a França, vivendo uma vida dupla com dois amantes e filhos diferentes. Na França, Judith Fauvet (Virginie Efira ) convive em uma sociedade burguesa com seu marido maestro de orquestra Michel ( Bruno Salomone ) e seus dois filhos adolescentes.Na Suíça ela mora com o muito mais jovem Abdel Soriano (Quim Gutiérrez), e Ninon, uma menina, sob o nome de Margot. Trabalhando como tradutora, Judith mente para Melvin, dizendo viajar por países, quando na verdade, está na Suíça.
Com um bom ritmo e bons atores, o filme no 1o ato parece querer tentar fazer o espectador acreditar na vida dupla de Judith, mas a partir do 3o ato, tudo fica claro e evidente. Uma protagonista forte, apaixonada, e com o desejo de ser mãe, mas que falha ao querer amar demais. Virginie Efira é das melhores atrizes de sua geração, e protagonizou o controverso e erótico "Benedetta", de Paul Verhoeven, saindo das comédias que fazia no início da carreira.

Beavis and Buttehead do the Universe


 "Beavis and Buttehead do the Universe", de John Rice e Albert Calleros (2022)

A mais nova aventura criada por Mike Judge para os seus personagens beavis and Butthead ( ambos dublados por Mike Judge) começa no ano de 1998. Ambos estão por um acaso em uma feira de ciências, e ao provocarem um acidente, são levados à corte. Mas o Juiz, ao invés de condená-los, os usa como exemplos de cidadãos que podem ser recuperados, e ambos são enviados à Nasa. Ali, eles conhecem a capitã Serena, uma astronauta que comanda uma missão espacial. Beavis e Butthead interpretam errado as falas dela e acreditam que ela quer fazer sexo com eles. Quando provocam um acidente espacial, Serena os joga no espaço, e ambos entram em um buraco negro, e acabam chegando na terra de 2022. Se deparando com Iphones e outras novidades da era tecnológica, descobrem que Serena é candidata política, mas ao descobrir que Beavis e Butthead estão vivos, Serena decide matá-los, com medo que eles denunciem que ela tentou matá-los em 1998.

Como era de se esperar, o filme é repleto de piadas sujas e politicamente incorreta. Beavis e Butthead são sexistas, machistas, conservadores e muito, muito idiotas. Se envolvem com mil confusões e como adolescentes, pensam em sexo 24 horas por dia. O filme é muito engraçado e as piadas envolvendo a versão smart de amos são hilárias.

Enquanto vivo


 "De son vivant", de Emmanuelle Bercot (2021)

Um dos filmes mais comoventes a que assisti, devo ter chorado uns 100 litros durante todo o filme. Concorrendo no Festival de Cannes 2022, e vencedor do prêmio Caeser de melhor ator para a performance absolutamente magistral de Benoit Magimel, "Enquanto vivo" é um épico intimista sobre um homem de 39 anos, Benjamin, ator frustrado e professor de interpretação para jovens alunos de teatro, que descobre estar com câncer de pâncreas em estágio terminal, com pouco mais de alguns meses de vida. Encobrindo as quatro estações do ano, e consequentemente, a deterioração física de Benjamin, o filme traz o impacto da morte que se aproxima na vida de pessoas próximas ou não a Benjamin: sua mãe viúva, a protetora Crystal (Catherine Deneuve, atriz fetiche da cineasta, com quem já realizou 'Ela vai", "De cabeça erguida"); o médico oncologista Dr. Eddé (Gabriel A. Sara, que é um oncologista na vida real), de tratamento humanizado com seus pacientes; a enfermeira Eugénie (Cécile de France), que se afeiçoa a Benjamin, seu filho de 19 anos, Leandre (Oscar Morgan), que Banjamin negligenciou a vida toda, e por fim, os alunos de teatro de Benjamin, que amam o seu método de interpretação.

Emanuelle traz melodrama ao filme, mas a sua direção é tão delicada, extraindo o melhor de seu elenco, e captando imagens poéticas e lúdicas, como a linda cena em plano sequência de Deneuve indo ao banheiro no hospital. A trilha sonora, a bela fotografia e a edição ajudam o filme a alcançar um patamar de qualidade que o afasta de qualquer tom mais novelesco. Um primor, um filme que renderia uma ótima peça de teatro. Deneuve traz um peso dramático fabuloso para a mãe que ela interpreta, inconformada com a partia do filho.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Meu psicólogo imaginário


 "Dr Bird's advice for sad poets ", de Yaniv Raz (2021)

Adaptação do livro escrito por Evan Roskos, "Meu psicológo imaginário" faz referências aos primeiros filmes de Wes Anderson, com suas estranhezas e busca de linguagem narrativa que o aproxima de outras formas de contar uma história, com edição clipada e elementos próximos ao universo bizarro da sociedade americana, como uma seita estranhíssima que surge no 3o ato. Mas no fundo, o que o filme quer falar é sobre um protagonista que mais parece saído de um filme de Tim Burton: James Whitman (Lucas Jade Zumann), batizado com esse nome para homenagear o poeta citado em 'Sociedade dos poetas mortos", um garoto de 16 anos que sofre de depressão e de ansiedade. Morando com um pai abusivo (Jason Isaac), dono de um restaurante japonês fracassado, e com a mãe (Lisa Edelstein), uma mulher frustrada por ter abandonado a carreira de artista plastica para ir morar com o marido em um bairro afastado e serem donos de um restaurante asiático administrado por ocidentais. A irmã de JAmes, lorie, sua grande amiga e confidente dese pequenos, fugiu de casa, após ser expulsa pelos pais, e James decide ir atrás de seu paradeiro. Paralelo, James sofre de ansiedade toda a vez que se aproxima da colega de escola Sophie, por quem sente paixão platônica. Para lidar com tantas questões, James se imagina tendo terapias com um pombo imaginário.

Um filme que parece ter sido lançado nos anos 90, "O psicólogo imaginário" procura trazer elementos de humor ácido numa trama que no fundo, é bem melancólica e triste. Falar sobre personagens depressivos e loosers não é tarefe fácil para um filme que quer entreter, e portanto, o filme acaba se distanciando de sue público, que procura entender a que filme está assistindo.

Querida Léa


 "Chére Léa", de Jérôme Bonnell (2021)

Drama francês que traz elementos de romance e de comédia, mas com um humor bem raso. O filme acontece todo em um dia, mais precisamente, na vida de Jonas (Grégory Montel), um homem que acorda de noite após o encerramento de um coquetel. Ele segue no amanhecer até a rua onde mora sua amante Léa (Anaïs Demoustier), com quem ele se separou após uma crise com sua ex mulher e seu filho que sente saudades do pai. Mas Jonas ainda é apaixonado por Léa e procura reatar a relação, mas sem sucesso. Ele decide tomar um café no bistrô à frente do prédio onde mora Léa, e lá, decide escrever uma carta de despedida do seu relacionamento e entregá-lo à Léa. Durante o dia todo, ele irá se deparar com personagens sui generis que farão a sua vida dar um outro rumo inesperado. Com ótima presença do ator Grégory Gadebois no papel de Mathieu, dono do bistrô, "Querida Léa" poderia até render uma boa peça de teatro, por conta de sua estrutura de poucos cenários e no vai e vem de personagens. Mas é um filme que se perde no gênero: quer ser engraçado mas faltou soltar o freio,e aposta mais no drama que fala sobre solidão, relacionamentos tóxicos e a possibilidade de recomeços. Bonito, bem fotografado, e com bons atores, o filme é um bom drama, mas que se arrasta em sub plots e personagens desinteressantes.

A casa elétrica


 "A casa elétrica", de Gustavo Fogaça (2012)
A casa Elétrica foi a primeira fábrica de gramofones, e a segunda gravadora de discos da América latina, fundada em Porto Alegre pelos irmãos italianos Leonetti em 1913. Savério Leonetti (Nicola Siri), Carlos (André Mauro) e Aquiles (Juan Arena).

Foram mais de 1000 lançamentos do disco gaúcho, de diversos estilos e artistas, entre 1913 e 1924, fazendo de Poro Alegre o centro da música popular brasileira no começo do século XX.
A premissa do filme começa nos dias de hoje, em Buenos Aires, quando um jovem interrompe uma conversa entre idosos argentinos que discutem sobre tango e vem com uma informação bombástica: o primeiro tango registrado em vinil na América Latina foi gravado no Brasil. O filme então volta ao tempo, apresentando os irmãos Leonetti e a grande paixão pela música que principalmente Savério tinha. O filme também fala sobre o seu grande amor, Ana Beatriz (Carmela Paglioti), uma mulher casada e por quem foi apaixonado. A produção, da Panda filmes, é bastante caprichada , com direção de arte de Eduardo e Raíza Antunes, fotografia de Alexandre Berra e uma equipe afinadíssima.

domingo, 26 de junho de 2022

Men


 "Men", de Alex Garland (2021)

Realizador dos cults de ficção científica "Ex-machina" e "Aniquilação", o roteirista e cineasta inglês Alex Garland lança seu filme mais complexo e simbólico, o drama de terror psicológico "Men". Jesse Buckley, uma das melhores atrizes inglesas do momento, protagoniza o filme sobre uma mulher atordoada por um trauma do passado.

Harper (Jessie Buckley) tira férias no interior da Inglaterra para se recuperar da morte súbita e violenta de seu marido James (Pappa). Essediu), que caiu do telhado de apartamento em Londres diante de seus olhos, após uma grave discussão entre ambos. James era violento e provocava gaslighting em Harper.
Um homem, Geoffrey (Rory Kinnear) aluga uma casa para Harper. Mas estranhamente, vários homens a procuram, e todos com o rosto de Geoffrey: um padre, um adolescente, um homem misterioso que vaga nu nas redondezas. Harper procura entender o que está acontecendo.
É difícil explicar de forma realista o que se passa no filme. Tudo parece ser um grande delírio de Harper, que se vê acuada por um mundo onde os homens são ameaçadores, misógenos, machistas. A cena final, com os homens dando à luz, é das mais bizarras que já vi em um filme. Curioso, mas vale por Jessie. Como terror, certamente não fará a alegria de quem curte o gênero.

Spiderhead


 "Spiderhead", de Joseph Kosinski (2022)

O realizador dos ótimos "Top gun Maverick", "Oblivion" e "Tron legacy" chega com 'Spiderhead", uma ficção científica distópica sobre um cientista, Abnesti (Chris Hemsworth) que faz experimentos com presos para que eles sejam soltos mais soltos, em troca. Fazendo analogia com experimentos nazistas com presos, o filme traz Milles Teller como um dos presos, Jeff, que provocou um acidente onde seu melhor amigo acabou morrendo. Lá tem também Lizzie (Jurnee Smollett), que acidentalmente matou sue filho pequeno. Todos passam por experimentação com drogas do riso, do amor, da tristeza, que levam alguns pacientes à morte.

O filme é interessante, tem ótima direção de arte e fotografia, mas a história é genérica, sem grandes revelações e final bem óbvio. Chris Hemsworth não chega a ser um vilão a quem todos temem, com a sua cara de bonzinho, e Milles Teller prova ser um dos melhores atores de sua geração. Jurnee Smollett é muito bem vinda revelação. A trilha sonora é repleta de clássicos do rock e pop.

sábado, 25 de junho de 2022

Jurassic World- Domínio


 "Jurassic World- Domínion", de Colin Trevorrow (2022)

Sexta parte da franquia iniciada em 1993 com "Parque dos dinossauros", de Steven Spielberg. Esse filme é anunciado como sendo o desfecho da franquia, e por isso, os produtores trouxeram de volta os protagonistas do filme original, Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum para que, juntos dos protagonistas de "Jurassic World", Chris Pratt e Bryce Howard Dallas, darem um basta na organização Biosyn, que tenta a todo custo usar os genes dos dinossauros para produzirem armas de guerra. Ao elenco estelar, soma-se o reforço luxuoso de Omar Sy, Bd Wong, Campbell Scott, entre outros. É notório que esse filme se sentiu na obrigação de trazer mais diversidade no elenco, com vários personagens negros e asiáticos.

Com o mundo tendo que lidar com a convivência com os dinossauros, depois que escaparam da ilha no filme anterior, nossos heróis precisam lidar com clonagem, gafanhotos gigantescos e dinossauros que ameaçam a terra, fora os vilões de sempre, os cientistas e donos de laboratórios com ânsia de querer dominar o mundo. O roteiro repete absolutamente todas as cenas do original, como o jipe de cabeça para baixo e o destino de um dos vilões, com direito a veneno cuspido por um dos dinossauros. Mas o que salva o filme do genérico são duas sequências específicas: a perseguição na Ilha de Malta, muito bem realizada com ótimos efeitos, e a fuga de Bryce Howard que se esconde debaixo de um lago ao fugir de um dinossauro. O filme continua aquela coisa longa, com quase 150 minutos, mas esperemos que tenha acabado mesmo.

Donald cried


 "Donald cried", de Kris Avedisian (2016)

Vencedor de mais de 10 prêmios internacionais, além de concorrer nos prestigiados Festivais de Locarno e SXSW, "Donald cried" é escrito, dirigido e protagonizado por Kris Avedisian. Ale lançou em 2012 um curta homônimo e com os prêmios recebidos, decidiu lançar a mesma história em formato longa. Rodado em baixo orçamento e filmado em apenas 11 dias, "Donald cried" é a história do reencontro inesperado entre dois grandes amigos da adolescência, e que perderam contato. Só que um deles progrediu em Nova York, enquanto o outro chafurdou em Rhode Island, morando ainda com sua mãe e seu padrasto e sendo tratado ainda como um rapaz inconsequente.

O banqueiro de Wall Street Peter (Jesse Wakeman ) retorna à sua cidade natal, Rhode Island, após 20 anos, por conta do falecimento de sua avó, com quem não mantinha mais contato. Ao chegar na cidade, percebe que perdeu sua carteira e documentos no ônibus. Quando Peter vê Donald (Avedisian ), seu melhor amigo do ensino médio, entrando na casa de infância ao lado em que ele ainda mora, ele decide pedir um empréstimo. Mas esse reencontro fará com que Peter se lembre de memórias que ele preferiria ter apagado.
O personagem de Donald é dos mais irritantes que já vi, aquele tipo que gruda, enche o saco, é inapropriado, chega nas piores horas. Mas ainda assim, é alguém apaixonado pelo melhor amigo Peter, que ele sentiu muita falta quando esse foi embora da cidade. Esse bromance é uma dramédia interessante, mas quase sempre irritante pelas ações de Donald, sempre atrapalhando Peter em tudo o que ele faz.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Caminho a La Paz


"Camino a La Paz", de Francisco Varone (2015)

Longa de estréia do roteirista e cineasta argentino Francisco Varone, "Caminho a La Paz" é um premiado drama com pitadas de leve humor melancólico sobre uma amizade inesperada. Assolada pela crise financeira e desemprego, a Argentina se encontra com muitos desempregados. Entre eles, o casal Sebastián (Rodrigo De la Serna), 35 anos, e sua recém esposa, Jazmin (Elisa Carricajo). Sebastian é um homem que tem como grandes paixões a banda Vox Dei e seu antigo Peugeot 505. Precisando de dinheiro, ele começa a trabalhar como motorista de aplicativo. Entre os passageiros está Jalil (Ernesto Suárez), um idoso muçulmano que o chama com frequência e que, certa manhã, lhe faz uma curiosa proposta: em troca de uma quantia muito alta de dinheiro, Sebastián precisa levar o passageiro de Buenos Aires, na Argentina, a La Paz, na Bolívia. Jalil explica que quer encontrar seu irmão antes que morra, e juntos, fazerem uma peregrinação até Meca.

Com ótimas atuações dos protagonistas, o filme é um feel good movie bem triste, mas que usa o road movie para fazer a jornada espiritual de Sebastian, um homem cético e que precisa se reencontrar na vida. As cenas onde eles contracenam com dois cachorros é muito fofa, e o filme tem aquela atmosfera de filmes indies que eu adoro.

A superfície da sombra


 'A superfície da sombra", de Paulo Nascimento. Baseado no livro de Tailor Diniz,"A superfície da sombra" é uma experiência cinematográfica do talentoso cineasta gaúcho Paulo Nascimento na vereda do cinema do realismo fantástico, buscando referências às vezes em Garcia Marquez, e mais claramente, no universo de David Lynch, de onde pega inspiração para a caracterização do personagem Tony (Leonardo Machado), usando um casaco semelhante ao que Nicholas Cage usava em 'Coração selvagem", de couro de cobra e uma pegada meio Elvis.

Tony (Leonardo Machado) viaja para o sul do Brasil, na cidade de Poblado oriental, divisa Brasil e Uruguai, a fim de visitar uma amiga que está morrendo. Mas ele chega tarde, já para funeral. Ele acaba conhecendo Blanca (Giovana Echeverria), a filha de Adele, com quem acaba sentindo uma atração. Ele decide ficar uns dias na cidade, e se envolve com personagens estranhos, como uma mulher de circo, a atiradora de facas, um vendedor de facas e um coveiro sinistro, interpretado pelo uruguaio Cesar Troncoso, que também é cantor de tango.
Favorecido pelo ótimo trabalho de Leonardo Machado, ator fetiche dos filmes de Nascimento, Giovana Echevarria, Cesar Troncoso e um elenco de apoio curioso e afinado na proposta do filme, "A superfície da sombra" também esbanja qualidade técnica, na fotografia de Renato Falcão, na direção de arte de Eduardo Antunes e na trilha sonora. O filme é autoral, flerta com o surrealismo de leve e traz locações belíssimas da região. Em cartaz no prime vídeo.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Watcher


 "Watcher", de Chloe Okuno (2022)

Concorrendo no Festival de Sundance 2022, "Watcher" é um suspense dirigido pela cineasta Chloe Okuno e protagonizado por Maika Monroe, a protagonista do clássico de terror cult "A corrente do mal". Maika interpreta Julia, uma atriz que abandona a carreira nos Estados Unidos para ir com o marido Francis (Karl Glusman, de "Love", de Gaspar Noé) para ele trabalhar na Romênia. Sem saber falar a língua e solitária, Julia acaba por se sentir deslocada, até que uma noite ela vê pela janela uma estranha figura no prédio a frente do dela. Assassinatos acontecem com jovens da idade dela e ela acredita ser a próxima vítima, mas seu marido acredita que ela está estressada e imaginando coisas.

Na melhor tradição de um filme Hitchcokiano, a trama traz o tema do "gaslighting", onde o homem desacredita a mulher. O personagem de Francis é super irritante, e o espectador compra totalmente o barato de Julia, muito bem interpretada por Monroe, que está a cara de Keira Knightley. O filme é dirigido com elegância e bela fotografia, e traz um suspense crescente que prende a atenção da platéia.

Era uma vez em Euskadi


 "Erase una vez en Euskadi", de Manú Gomez (2021)

Belo drama espanhol, filme de estréia do roteirista e cineasta Manú Gomez em relato auto-biográfico, fazendo lembrar "Belfast", de Kenneth Branagh, sobre a inocência do olhar infantil sobre um mundo prestes a ruir com guerra civil, atentados e crise familiar. O ano é 1985, na PAís basco, e lá se encontram 4 amigos de 12 anos: Marcos, José Antonio, Paquito e Toni. . Eles convivem com o avanço do VHS, entrada dos filmes pornôs em casa, primeiro amor, a Aids, vício em heroína, desemprego, e atentados do ETA. O mais importante é manter a amizade firme e forte, mesmo com tantas adversidades acontecendo ao redor dos garotos.

O filme tem tom semibiográfico do cineasta Manú Gomez, e traz uma mistura de gêneros: drama e comédia, com um tom naturalista e um belo time de atores, entre jovens e adultos. O filme obviamente tem referências de Amarcord, mas traz um sabor mais melancolico no seu desfecho.

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Crimes do futuro


 "Crimes of the future", de David Cronemberg (2022)

Concorrendo no Festival de Cannes 2022 depois de 8 anos de seu último filme no mesmo festival, com "Um mapa para as estrelas", David Cronemberg retorna ao tema que o fez ser considerado um dos cineastas mais cults e polêmicos do cinema: o body modification, que lhe rendeu alguns de seus filmes mais famosos: "Videodrone", "Existenz", 'Gêmeos", "A mosca", "Scanners", "Rabbid", Shrivers", entre outros.

Num futuro incerto, o corpo humano sofreu mutações: as pessoas não sentem mais dôr, nem pegam infecções. Como consequência, o corpo produz órgãos em forma de tumores. Vários artistas performáticos, como Saul (Viggo Mortensen), se apresentam ao vivo para platéias e têm esses órgãos retirados com cirurgias. Caprice (Lea Seydoux) é a parceira de Saul, ex-cirurgiã e que performa com ele a retirada dos órgãos. Essa ação chama a atenção de dois enigmáticos cientistas, um deles interpretados por Kristen Stewart. Paralelo, uma estranha organização produz barras de plástico para serem consumidos por pessoas que se alimentam de material sintético e que seria a próxima fase da evolução humana.
Confesso que fiquei confuso com o roteiro e que muitas coisas pareciam sem lógica. São muitos personagens, alguns não muito claros. Mas quem conhece o trabalho de Cronemberg sabe que muito de seus filmes se devem ao aspecto visual e às imagens polêmicas e chocantes. Aqui tudo fica com um sabor de deja vu, já vistos em todos os filmes citados. Os atores se entregam de corpo e alma à proposta bizarra do roteiro. As cenas de autópsias e cirurgias provocaram debandadas de platéia nos cinemas, mas nada que Cronemberg já não tenha apresentado há mais de 30 anos atrás. E pegando o gancho do mote do filme, de que a cirurgia é a nova forma de sexo, "Crimes do futuro" é mais uma provocação do que necessariamente chocante.

terça-feira, 21 de junho de 2022

All my friends hate me


 "All my friends hate me", de Andrew Gaynord (2021)

Um filme inglês que mescla gêneros: comédia dark, drama, suspense, 'All my friends hate me" traz Pete (Tom Stourton), um homem inseguro e com traumas de um passado que o perseguem. Ele aceita o convite de seus amigos de faculdade que ele não vê há anos para um aniversário que os amigos querem preparar ara ele. Pete chega em uma mansão isolada, e lá encontra os amigos, já bêbados. Pete é apresentando a Harry, que os amigos conheceram em um pub, e passa a acreditar que seus amigos querem que Harry assuma seu lugar.

Um filme com roteiro confuso, e que chega em uma revelação final que que desconstrói tudo que vimos até então. A palavra certa seria paranóia, e para quem gosta de filme sonde nada é o que parece ser, esse pode ser um filme interessante. O que se sobressai é o bom trabalho dos atores ingleses. Mas como filme, fiquei frustrado, esperando um desfecho mais animado. Tem gente que compara a "O iluminado", e só posso dizer que não tem nada a ver.

Garotos choram


 "La terra dell'abbanstanza", de Damiano D'Innocenzo e Fabio D'Innocenzo (2018)

2 jovens amigos de periferia de Roma que possuem o sonho de ficarem ricos e serem alguém na vida, se envolvem com a Máfia local e seguem uma trajetória de perigo e tragédia. Essa história você já assistiu inúmeras vezes no cinema, incluindo o grande sucesso de Matteo Garrone "Gomorra", vencedor do grande prêmio do juri em 2008. Os irmãos Innocenzo retomam essa história de juventude perdida nesse premiado drama com ótimas atuações de Mirko (Matteo Olivetti) e Manolo (Andrea Carpenzano). Os amigos estudam para trabalhar em hotelaria, mas quando acidentalmente atropelam um homem e fogem do local, são procurados por mafiosos, que querem que eles trabalhem para eles. Os amigos passam a matar para ganhar dinheiro, mas o dilema moral para mais alto.

O roteiro não traz muitas novidades ao gênero, mas é um bom exemplo do cinema social e neo realista italiano, mostrando mazelas e a vida de pessoas que vivem na pobreza da periferia.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Um broto legal


 "Um broto legal", de Luiz Alberto Pereira (2021)

O cineasta Luiz Alberto Pereira lançou um dos melhores filmes brasileiros da década passada, "O tapete vermelho", que mostrava um Brasil de pessoas boas que acreditavam que o país podia dar certo. Em "Um broto legal", Pereira traz de novo esse olhar anacrônico sobre uma época que era traduzida em ingenuidade e conservadorismo, e aos olhos de hoje, parece um filme sessão da tarde dos anos 80. Mas é justamente esse olhar sobre pessoas boas e que acreditam no próximo que faz "Um broto legal" ser um filme tão lúdico, poético e acessível para toda a família. E muito do primor do filme vem do elenco, em especial, Marianna Alexandre e Murilo Armacollo, como os irmãos Celinha e Sérgio Campello, futuramente de nomes artísticos Celly e Tony Campello. Martha Meola e Paulo Goulart filho, como os pais dos irmãos, também estão ótimos e cativantes, mesmo que em personagens tão esquemáticos e clássicos. O filme conta a história da primeira cantora de rock nacional, Celly Campello. Ela, junto ao seu irmão Tony Campello, se criaram na provinciana TAubaté. O filme começa em 1952, com Sérgio sendo um dos pioneiros do rock no Brasil e por isso, sendo massacrado pela elite conservadora que acha que o gênero é música do diabo. Celinha, levada pelo irmão para São Paulo para gravar um disco, contra a vontade de sua mãe, faz sucesso apenas com sua segunda música, por insistência de seu irmão. Em 1959, "a versão de Connie Francis adaptada para 'Estúpido cupido" explode nas rádios. Celly precisa lidar com o sucesso, que acaba destruindo a sua vida amorosa. Em 2003, Celly faleceu de câncer de mama.

O filme, bastante colorido e com uma direção de arte, figurino e maquiagem respeitáveis, traz um vigor para a filmografia musical, e mesmo não trazendo nenhuma novidade em termos de narrativa, é bonito de se ver e muito encantador, principalmente, pela paixão de seu elenco em querer dar o melhor de si para o projeto.

domingo, 19 de junho de 2022

Lokas


 "Lokas", de Gonzalo Justiniano (2008)

Comédia LGBTQIAP+ chilena, "Lokas" traz como protagonista Charly , um homem de 35 anos e homofóbico que é forçado a ir morar com o filho Pedro, de 9 anos, na casa do seu pai, a quem não vê há mais de 30 anos, e descobre que agora ele é gay, e mora com o namorado. Pedro será o responsável em fazer o trajeto de aceitação de seu pai perante seu avô e também à comunidade gay da cidade.

O filme, de 2008, foi lançado numa época em que as piadas sobre a comunidade gay eram aceitas, repletas de estereótipos e caricaturas. Mas o filme envelheceu mal, e não só as piadas sobre a comunidade gay estão fora do tom, como também o olhar sobre o papel feminino, relegado à objetificação. O saldo positivo fica apenas no trabalho de alguns atores do elenco, em especial, o pequeno Raimundo Bastidas, no papel de Pedro.

sábado, 18 de junho de 2022

The novelist's film


 "So-seol-ga-ui Yeong-hwa", de Hong Sang-soo (2022)

Vencedor do urso de prata no Festival de Berlim 2022, "The novelist's film" é o 28o filme do incansável e prolífico cineasta sul coreano Hong Sang-soo, também autor do roteiro. Trazendo temas comuns aos seus filmes, como metalinguagem sobre o fazer cinema, cineastas, atrizes, poesia e muito papo em bar, Sang-soo novamente traz sua esposa Kim Min Hee, no papel de uma atriz famosa, Kilsoo, que abandona a carreira no auge. Ela se depara com uma famosa romancista, Junhee, que está em crise criativa. Ela decide viajar para se encontrar com a dona de uma livraria, mas esbarra com um cineasta que havia prometido adaptar um romance dela, mas desistiu. Junhee ao encontrar Kilsso, decide ela mesma adaptar, precisando apenas entender o processo de se fazer um filme.

Para quem conhece a filmografia e estilo narrativo de Sang Soo, "The novelist's film" trará um delicioso discurso sobre o papel do artista, do ator, do diretor e a relação entre eles. Todo filme do cineasta é bastante verborrágico e se inclina em traçar um momento da vida cotidiana de seus personagens, em tom absolutamente naturalista.

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Morte no verão


"Muerte al verano", de Sebastian Padilla Padilla (2021)
Imaginem um drama adolescente realista que trouxesse os conflitos dos personagens de John Hughes. Assim é o ótimo filme mexicano "Morte no verão", filme de estréia de Sebastian Padilla Padilla. O filme traz a história de Dante (Yojath Okamoto, muito bom), um jovem que mora na cidade de Monterrey com sua mãe, uma vendedora de sapatos, e seu irmão mais velho, que está em coma. Dante foge de sua realidade ouvindo música ou andando de skate com seus melhores amigos com quem tem uma banda de Death Metal. Quando é anunciado um concurso para se tornar a próxima banda de abertura de uma grande banda de metal, o grupo de amigos se prepara para vencer, mas as coisas se complicam com a chegada de Lucy, cunhada de Dante, uma jovem que enfrenta um sério conflito. em casa. O grupo terá que conviver com ciúmes, desejos diferentes e o primeiro amor.
Com uma linda trilha sonora que vai de "Soy rebelde", de Jeanette, a "Machine gun", de Slowdive, o filme nao traz nada de novo na trama, mas é filmado na melhor narrativa de uma produção de baixo orçamento , e com o frescor de um filme de estréia de um jovem cineasta. Os atores, tanto os jovens quanto os adultos são muito bons, em registro de naturalismo. A cena final é uma graça.


 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Lightyear


 "Lightyear", de Angus MacLane (2022)

Uma espetacular aventura de ficção científica que homenageia um dos personagens mais queridos da franquia "Toy story", iniciada em 1995: Buzz Lightyear, cujo boneco era amado por Andy, o menino dos filmes. O boneco de Buzz foi criado para fãs do filme do personagem, e agora a Disney e a Pixar resolveram lançar o filme que conta a história desse filme que eternizou o astronauta amado pela garotada.

O roteiro traz referência a quase todos os clássicos do gênero: "Alien, o 8o passageiro", 'Star Trek", Star wars", "Interstellar", "Robô gigante", "Wall.e", entre outros. E é importante frizar que o filme é mais para adultos do que para crianças, trazendo temas complexos para as crianças e ainda sobrando espaço para falar sobre homoafetividade, através da personagem Alisha Hawthorne, patrulheira das galáxias assim como Buzz mas que encontra um destino que a faz criar uma família junto de sua companheira, com direito a um beijo que provocou a fúria de meio mundo asiático e oriental.
Buzz e Alisha são responsáveis de guiar uma nave repleta de civis e encontrar um planeta habitável para todos. Ao pousarem em um planeta, são pegos pelas plantas monstruosas que o prendem ao local. Buzz, orgulhoso, decide fugir com a nave mas por um erro de estratégia, danifica os motores e todos ficam presos ali. Cm o tempo, eles criam uma cidade, mas Buzz procura uma forma de tirar todos de lá, mas os seus experimentos com hipervelocidade o faz manter jovem, ao contrário dos outros, que vão envelhecendo anos.
Emocionante, dramático e no ato final repleto de ação, "Lightyear" é um filme corajoso: adulto, com uma trama complexa que fala até de multiversos paralelos, com traços de animação incríveis e excelentes efeitos especiais. E o mais doido: a música de David Bowie, 'Starman", só tocou no trailer mesmo, pois no filme, ele não existe.

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Darkman- vingança sem rosto


 "Darkman", de Sam Raimi (1990)

Nos anos 90, Sam Raimi já era considerado um grande Midas de Hollywood com seus filmes independentes que renderam milhões, como a franquia "Evil dead". Pois foi justamente entre a parte 2 e 3 de 'Evil dead", que Raimi dirigiu 'Darkman- vingança sem rosto", em 1990. O filme é uma deliciosa aventura e ação vintage que homenageia os filmes de monstros dos anos 30. Darkman é um anti-herói clássico. o dr Peyton (Lian Neeson) é um cientista que namora a advogada Julie (Frances Macdormand). Ela está envolvida em um caso onde mafiosos almejam dominar a cidade. Querendo se vingar de Julie, os mafiosos liderados por Robert (Larry Drake) invadem o laboratório de Peyton, que estava fazendo um estudo sobre genética na pele humana, e esse acaba tenso seu rosto queimado por ácido. Considerado morto, Peyton consegue escapar. Ele consegue reproduzir rostos humanos que duram 99 minutos e assim, planeja a sua vingança.

Com efeitos dos anos 90, o filme traz um ritmo bastante dinâmico e está repleto de cenas violentas, o que o faz ser desaconselhável para crianças. Para quem gosta de aventuras com muita ação e drama, é uma boa pedida, ainda mais com atores tarimbados como Neeson e Macdormand.

terça-feira, 14 de junho de 2022

Competição oficial


"Competencia oficial", de Mariano Cohn e Gastón Duprat (2022)

Divertida comédia ácida dos mesmos diretores argentinos dos cults "Cidadão ilustre", "Minha obra prima" e "O homem do lado". protagonizado por três dos maiores astros latinos: Penelope Cruz, Antonio Banderas e Oscar Martinez. O filme tem um roteiro espetacular, que satiriza toda a relação entre uma Cineasta autoral arrogante e ditatorial com os seus atores.

Um bilionário com medo de perder sua significância decide fazer um filme para deixar sua marca. Para fazer isso, ele contrata a mais premiada cineasta do momento, vencedora de Palma de ouro em Cannes: Lola Cuevas (Penélope Cruz), uma cineasta famosa, e dois atores incrivelmente habilidosos mas com egos enormes, Félix Rivero (Antonio Banderas) e Iván Torres (Oscar Martínez). Um é ator famoso em Hollywood e outro um ator radical de teatro, ambos lendas mas não os melhores amigos. Com uma série de coisas que Lola pede para os atores fazerem, não só terão que se aturar enquanto contracenam, mas também terão que decidir qual legado querem deixar.
O filme é obrigatório para atores assistirem e ali se espelharem na relação entre Diretores e colegas de cena que deixam o ego e o desejo de comando e sadismo falarem alto. Competindo em diversos festivais, entre eles, de Veneza, o filme talvez funcione melhor para quem é do meio artístico do que para o público em comum. Qualquer pessoa que passou por momentos de humilhação, constrangimento durante uma preparação para um filme, certamente irá se identificar. Os três protagonistas estão soberbos, cada um na sua parcela escrota e animalesca.

On the count of three


 "On the count of three", de Jerrod Carmichael (2021)

Drama com tintas de humor ácido que ganhou o prêmio de melhor roteiro em Sundance 2021, foi dirigido e protagonizado pelo ator

Jerrod Carmichael, no papel de Val, e junto de seu amigo Kevin (Christopher Abbott), decidem fazer um pacto onde um mata o outro. Mas no último minuto, Kevin decide pedir mais um dia antes de se matarem para repensar a decisão dele. A partir daí, a história acompanha os dois amigos em busca de algo que os faça desistir ou continuar com a idéia do suicídio.Val se estressou no trabalho e terminou um relacionamento com uma mulher que ele ama e grávida de um filho dele. Kevin tem problemas mentais.
Um filme interessante, com ótimas interpretações do elenco principal, a estréia na direção de Jerrod Carmichael traz uma história que toca em temas bastante controversos: racismo, problemas psiquiátricos e suicídio. No final, o filme traz legendas sobre pessoas que precisam de auxílio.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Super heróis


 'Supereroi", de Paolo Genovese (2021)

Drama romântico escrito e dirigido pelo cineasta italiano "Paolo Genovese", realizador e roteirista do super sucesso mundial "Perfeitos desconhecidos". Agora Gevonese aposta no romance e no drama, ao contar 10 anos de um relacionamento entre duas pessoas que pouco têm em comum: Anna (Jasmine Trinca), uma cartunista de personalidade impulsiva e inconformista, e Marco (Alessandro Borghi) , um professor de física convencido de que tudo é regido por uma espécie de fórmula. Eles se conhecem ao acaso em uma noite de chuva, e logo já dividem a mesma casa. Anna cria personagens de super heróis baseado nas histórias de seu relacionamento com Marco. O casal nesses 10 anos vive o que qualquer casal vive: ciúmes, traições, retorno, separação, o desejo de ter filho.

Com uma narrativa ambiciosa, cobrindo 10 anos e com uma edição confusa que vai e vem no tempo, o filme pode agradar a quem busca uma história com muito vai e vem no relacionamento, situações óbvias, mas sustentadas pela boa dupla de atores.


domingo, 12 de junho de 2022

Laranjas sangrentas


"Oranges sanguines", de Jean-Christophe Meurisse (2021)

Exibido no Festival de Cannes e em outros importantes Festivais internacionais, "Laranjas sangrentas"é uma incrível estréia na direção de Jean-Christophe Meurisse, que também co-escreve o roteiro. É difícil definir um gênero: drama, suspense, humor ácido. O filme passeia por 4 histórias que se cruzam em determinado momento, na tradição de um filme mosaico, típico de Robert Altman e de Inarritu. O cineasta se baseou em histórias de pé de páginas policiais, algo no perfil de pulp fiction, para desenvolver sua história. Um casal de aposentados atolado em dívidas tenta ganhar um concurso de dança; o ministro da Economia é suspeito de sonegação de impostos; uma adolescente encontra um maníaco sexual, enquanto um jovem advogado tenta subir alguns degraus na hierarquia social. O ponto de partida foi a notícia do suicídio de um casal de aposentados, e a bizarra história de uma adolescente que cortou os testículos de seu estuprador e os cozinhou no micro ondas. Os atores são todos formidáveis, em especial, a jovem que é sequestrada pelo maníaco, lembrando "O silêncio dos inocentes".

A direção é segura e o filme vai ganhando contornos mais violentos e tensos mais pro ato final.