terça-feira, 28 de junho de 2022

Enquanto vivo


 "De son vivant", de Emmanuelle Bercot (2021)

Um dos filmes mais comoventes a que assisti, devo ter chorado uns 100 litros durante todo o filme. Concorrendo no Festival de Cannes 2022, e vencedor do prêmio Caeser de melhor ator para a performance absolutamente magistral de Benoit Magimel, "Enquanto vivo" é um épico intimista sobre um homem de 39 anos, Benjamin, ator frustrado e professor de interpretação para jovens alunos de teatro, que descobre estar com câncer de pâncreas em estágio terminal, com pouco mais de alguns meses de vida. Encobrindo as quatro estações do ano, e consequentemente, a deterioração física de Benjamin, o filme traz o impacto da morte que se aproxima na vida de pessoas próximas ou não a Benjamin: sua mãe viúva, a protetora Crystal (Catherine Deneuve, atriz fetiche da cineasta, com quem já realizou 'Ela vai", "De cabeça erguida"); o médico oncologista Dr. Eddé (Gabriel A. Sara, que é um oncologista na vida real), de tratamento humanizado com seus pacientes; a enfermeira Eugénie (Cécile de France), que se afeiçoa a Benjamin, seu filho de 19 anos, Leandre (Oscar Morgan), que Banjamin negligenciou a vida toda, e por fim, os alunos de teatro de Benjamin, que amam o seu método de interpretação.

Emanuelle traz melodrama ao filme, mas a sua direção é tão delicada, extraindo o melhor de seu elenco, e captando imagens poéticas e lúdicas, como a linda cena em plano sequência de Deneuve indo ao banheiro no hospital. A trilha sonora, a bela fotografia e a edição ajudam o filme a alcançar um patamar de qualidade que o afasta de qualquer tom mais novelesco. Um primor, um filme que renderia uma ótima peça de teatro. Deneuve traz um peso dramático fabuloso para a mãe que ela interpreta, inconformada com a partia do filho.

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