domingo, 31 de março de 2019

Sprites

"Sprites", de Kyle Bogart (2018) Escrito e dirigido por Kyle Bogart, 'Sprites" parece um episódio de "Black mirror". Em um futuro próximo, os atores disputam sua profissão com "Sprites", que são projeções holográficas com vida própria. Os Sprites foram criados para competir com os humanos, porém sem direito a cargos trabalhistas. Por conta disso, muitos diretores e produtores têm trabalhado com Sprites. Durante uma audição, a Diretora e a produtora convergem a respeito do Ator ideal para o papel do protagonista. A diretora afirma que somente atores humanos podem entregar uma carga emocional verdadeira, ao passo que a produtora nega. O texto da audição é um monólogo do Capitão Kirk diante de sua tripulação, no funeral de Spock. O filme pega emprestado o tema de "O Congresso futurista", de Ari Folman, filme protagonizado por Robin Wright que apresenta um mundo onde atores podem vender seus direitos de imagem para todo o sempre, pois quando morrerem, continuarão existindo através de seus hologramas. Com um roteiro esperto que mescla drama e comédia, Kyle Bogart faz uma crítica ao universo dos Atores estrela, que participam de projetos cobrando todo tipo de pedidos absurdos. Ótima concepção visual, e atores muito bons que dão conta da carga emocional exigida pelos personagens.

Dumbo

"Dumbo", de Samuel Armstrong e mais 4 diretores (1941) Clássica animação de Walt Disney de 1941, é o 4o longa-metragem dos Estúdios, seguido de "Branca de neve", "Pinóquio" e "Fantasia". Walt Disney considerava "Dumbo" seu filme favorito. Em 2019, Tim Burton lançou uma versão live action, ampliando a história, que aqui no original, era bem simples, narrada em 60 minutos de projeção. Um circo viaja pela Flórida. Cegonhas entregam os filhotes para suas mães, incluindo o filhote da elefanta Mamãe Jumbo. Quando se revela o filhote, as outras elefantas zombam dele, pois o filhote nasceu com orelhas enormes. Elas o apelidam de Dumbo ( de "Dumb", idiota em inglês). Durante uma apresentação do circo, mamãe Jumbo defende Dumbo e acaba sendo enjaulada, considerada louca. Dumbo fica amigo do ratinho Timóteo, que o motiva a ser um artista de circo. Quando conhecem um grupo de corvos, elas ensinam Dumbo a voar, e logo, ele se torna uma grande atração. O filme é destinado mais a crianças pequenas, pois sua narrativa é bem singela, e a mensagem também: ame o diferente, ele é como você. O bullying, prática dos animais e dos humanos contra Dumbo, o faz se tornar um animal depressivo. Essa mensagem Disney já apresentava há mais de 70 anos atrás. Com premiada trilha sonora, ganhadora do Oscar, e uma canção muito linda, "Baby mine", o filme cativa pelo carisma de seus protagonistas e pelo amor da mãe com seu filhote. O filme acabou sendo alvo de grupos de movimentos negros, que criticaram o uso de corvos como representantes dos de sua cultura. Em outra sequência, vemos trabalhadores negros levantando a armação do circo, quase como escravos.

Gloria Bell

"Gloria Bell", de Sebastian Lélio. Em 2013, o cineasta chileno Sebastian Lélio lançou o drama "Gloria", que falava sobre uma mulher de 50 anos, estagnada na vida e que frequentava boites para conhecer homens de sua idade, para espantar a solidão. Esse retrato frio e cruel sobre o início da terceira idade trouxe muitos prêmios, entre eles o de Melhor Atriz no Festival de Berlin para Paulina Garcia. Sebastian Lélio foi ganhando destaque no mundo todo, até atingir o seu ápice com o Oscar de filme estrangeiro em 2018 com o drama "Uma mulher fantástica". Agora, Sebastian refilma o seu drama com elenco americano, e rebatizou de "Gloria Bell", protagonizado por Juliane Moore. A estrutura narrativa mantem-se bem semelhante, mudando alguns pequenos sub-plots. Gloria continua uma aficcionada por músicas dos anos 70 e 80, conhece homens nem tão honestos assim, tenta se relacionar com seus 2 filhos distantes. Gloria quer ser feliz, mas a felicidade traz consigo frustrações. O elenco tem participações de Michael Cera, Sean Astin e um John Turturro magnético no papel do sedutor Arnold. Mas o filme é de Juliane Moore. ela nem seria a escolha ideal para o papel, pois Julianne é uma Diva e de uma beleza fulminante. Mas ela transborda tanta paixão, sentimentos vários nesse personagem complexo, que fica impossível não aplaudi-la várias vezes em cena aberta. A fotografia, a trilha sonora delicada e claro, a perfeita direção de Sebastian conferem ao filme uma grandeza em um filme tão minimalista. O curioso é que Sebastian trouxe um humor tipicamente de Woody Allen para situações, fazendo os espectadores morrerem de rir com o patético. A trilha sonora é repleta de hits pops e românticos dos anos 70 e 80.

Azul e não tão rosa

"Azul y no tan rosa", de Miguel Ferrari (2012) Excelente drama LGBTQ+ Venezuelano, que mescla comédia e romance. O filme tem influências do cinema de Almodovar, principalmente de "Tudo sobre minha mãe", ao falar sobre Transsexualidade, homofobia, aceitação, violência doméstica contra a mulher, e como tema principal, a descoberta por parte do filho de que seu pai é gay. Diego é um fotógrafo de moda que namora Fabrizzio, um médico. Ao marcarem um encontro na boite, Fabrizzio acaba sendo atacado por um grupo homofóbico e fica em coma. Ao mesmo tempo, o filho de Diego, Armando, que ele teve com uma espanhola vem passar um tempo com ele. Aos poucos, a relação pai e filho vai se afinando, com Armando resolvendo seus problemas de baixa autoestima e sua aceitação do universo Lgbtq+, ficando amigo de Dolores, uma Mulher trans amiga de seu pai. Com um ótimo roteiro, que mesmo tendo tintas de melodrama, discute com seriedade todos os temas citados acima. Os personagens são todos bastante carismáticos, e o destaque vai para a atriz Trans Hilda Abrahamz, uma potência em cena. Ótima trilha sonora, que dá tons ao diversos temas do filme. A cena do tango é antológica.

Mal nosso

"Mal nosso", de Samuel Galli (2018) Totalmente financiado com recursos próprios, "Mal nosso"é um terror independente, escrito, dirigido, produzido e editado por Samuel Galli, um advogado de Ribeirão Preto, cidade aonde o filme foi rodado. Fica claro que o filme é um produto de fã de Cinema de terror para espectadores cinéfilos. Todas as referências de filme de terror que você imaginar estão lá: "A hora do pesadelo", "O sexto sentido", Morto não fala", "O exorcista", "Anabelle", "O iluminado"( de onde o filme recicla a trilha sonora), "Harry retrato de um assassino"e muitos outros. Samuel Galli convidou o mago do terror brasileiro, Rodrigo Aragão, para conceber as criaturas e também as cenas de gore. "Mal nosso" é um filme dividido em 2 partes: a primeira, é um filme de serial killer. A 2a parte, é um terror estilo "O exorcista" com mescla de "A hora do pesadelo". Todo o filme é costurado [or 2 personagens: Arthur é um homem com poderes mediúnicos. ele descobre com o seu Mestre espírita que quando sua filha completar 20 anos de idade, um demônio irá matá-la. Para evitar que isso aconteça, Arthur contrata um assassino de aluguel, dublê de Serial Killer para proteger a menina. Assim como em "O Sexto sentido", aqui também tem um plot twist no meio do filme, que subverte tudo. O filme passeia entre o terror legítimo e o terror trash. Para fãs, o filme pode ser bem divertido, apesar de que as feministas poderão não gostar. Os crimes são todos contra mulheres, torturadas e assassinadas barbaramente, com requintes de sadismo. Aliás, "Mal nosso"não é um filme para qualquer um: é polêmico, violento, nojento, aviltante, mas também, muito sedutor em relação ao roteiro. O elenco é bem amador, mas acabou que achei que combina com o estilo low budget proposto. Vencedor de diversos prêmios internacionais, o filme foi exibido em dezenas de Festivais, inclusive, Festival de Cannes no Marche du film. Ótima estréia de Samuel Galli.

sábado, 30 de março de 2019

Cuernavaca

"Cuernavaca", de Alejandro Andrade (2017) Escrito e dirigido pelo Cineasta mexicano Alejandro Andrade, "Cuernavaca é um Município do México. É para lá que segue Andy, um menino de 11 anos, que mora com a sua mãe na capital. Depois dela ser assassinada em um assalto, Andy é mandado para Cuernavaca para ser cuidado por sua avó, Carmen (Carmen Maura). Andy quer encontrar o seu pai, mas a avó diz que ele saiu da prisão e não manteve contatos. Andy acaba se aproximando de um jovem jardineiro, Charlie, por quem nutre paixão platônica. O rapaz percebe que Andy está apaixonado por ele, e se aproveita disso, fazendo com que o menino facilite a entrada na casa da gangue de Charlie para assaltar o local. Drama com teor Lgbtq+, cujo maior atrativo é mesmo a presença da atriz espanhola Carmen Maura. O filme em si não tem um roteiro que me comovesse, talvez pelo fato do personagem do menino ser tão antipático e irritante. Isso me afastou bastante da história. De qualquer forma, o filme ganhou diversos prêmios internacionais, e tecnicamente tem boa fotografia e trilha sonora.

O Tradutor

"Un traductor", de Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso (2018) Os irmãos roteiristas e cineastas Rodrigo Barriuso e Sebastián Barriuso contam em "O Tradutor', a história de seu pais, Milan (Rodrigo Santoro) e Isona (Yoandra Suárez). Ele é professor de literatura russa, ela artista plástica. O ano é 1989. O casal vai em na relação, incluindo Javi, o filho pequeno deles. Milan descobre que foi transferido da Universidade de Havana, onde dá aulas, para um Hospital. Chegando lá, ele é designado a traduzir o russo dito pelos pais das crianças contaminadas pelo acidente em Chernobyl, fazendo uma ponte com os médicos que somente falam espanhol. De inicio relutante com o serviço, aos poucos Milan se envolve com a luta das crianças pela vida. Paralelo, seu relacionamento se deteriora a ponto da esposa sair de casa com seu filho. Bem dirigido pelos 2 diretores, que trouxeram a verdade emocional vivido por ambos quando crianças, o filme às vezes extrapola no melodrama, principalmente quando apresenta a relação do casal. Mas a mensagem de amor e de compreensão apresentada no filme é emocionante, mesmo acompanhada de trilha sonora melódica, para emocionar o espectador. Enquanto Malin desenvolve em si um senso de ajuda ao próximo, sua esposa Isona vai se transformando em um ser egoísta. A cena da vernissage de Iosona, com os convidados famintos avançando no coquetel, é antológica. O filme não esconde os clichês sobre Cuba: falta comida, água, luz, gasolina, tudo é caótico. Mesmo assim, personagens altruístas estão ali presentes, como a enfermeira argentina Gladys (Maricel Álvareze ), que saiu de seu País para cuidar de pacientes no local onde existe o melhor atendimento de saúde no Mundo. O trio principal está brilhante. Rodrigo Santoro aprendeu a falar russo em 1 mês, além do espanhol. Um grande feito de um Ator que cada vez se supera mais em sua busca pela perfeição e por projetos que falem ao seu coração. O filme concorreu em Grandes Festivais, entre eles, Sundance 2018.

Sombra

"Ying", de Zhang Yimou (2018) Extraordinário. É o mínimo que pode ser dito desse filme que assim como "Herói" e "Clã das adagas assassinas", mistura Drama, ação, aventura, romance e artes marciais. Zhang Yimou é atualmente, o Cineasta mais famoso no mundo, alternando grandes dramas intimistas ( "Caminho para casa", "Nenhum a menos", "Lanternas vermelhas" com épicos bilionários. Zhang Yimou quando investe no épico vai fundo: megalomaníaco, suas cenas são repletas de excessos, cenas tão bizarras de lutas coreografadas que parecem desenho animado. "Sombra" é ambientado na China do ano 220 DC, numa Era conhecida como Era dos 3 Reinos. Existe uma batalha entre esses reinos. O Rei do Reino de Pei quer retomar a cidade que foi tomada pelo Reino vizinho. Para isso, ele conta com o seu Poderoso Comandante de Guerra Zi Yu. O que ninguém sabe, é que o Comandante não é Zi Yu: é a sua "Sombra", Jing. Retirado quando criança de sua casa pobre, Jing cresceu e foi treinado para ser um Sombra, ou seja, um dublê que fica na posição de frente, para despistar e poder manter o original à salvo. Jing aprendeu a lutar, a fazer estratégias de combate com Zi Yu, que fica escondido dentro do Palácio. O que o verdadeiro comandante Zi Yu não poderia prever, é que sua esposa se apaixonasse por seu sósia. A trama de "Sombra" lembra bastante o filme "Dublê do Diabo", com Dominique Cooper interpretando o filho de Saddam Hussein e seu sósia que existe para proteger o original. O filme tem cor predominante de Cinza: na fotografia, nos cenários, nos figurinos. Esse tom monocromático confere densidade dramática e uma tristeza eterna no ar. As cenas de batalha, espetaculares, condizem com tudo que já conhecemos de Zhang Yimou. A batalha onde as pessoas lutam com guarda-chuvas de adagas é fenomenal. A trama também lembra muito as tragédias Shakesperianas, repletas de traições e muito sangue. Os atores, principalmente o Rei, com um tom acima, cumprem com primor o que seus personagens lhes pedem. A gente torce, fica triste, sente raiva. Um grande filme, um épico para encher os olhos.

O cameraman

"The cameraman", de Connor Gaston (2016) Escrito e dirigido por Connor Gaston, "O cameraman" é um super premiado curta de drama canadense. O filme tem um roteiro muito intenso e emocionante, auxiliado pelo excelente trabalho dos 4 atores do filme. Ed e Francis são 2 irmãos na faixa dos 10 anos de idade, que moram em uma casa na beira de um lago em Vancouver. Eles moram com os pais. O problema é que o pai sofre da doença de Huntington, que provoca degeneração no cérebro, e consequentemente a pessoa para de falar e de ter movimentos, até morrer. Ed tem um super 8 e filma a rotina de sofrimento de seu pai e a tristeza de seu irmão Francis, frustrado porquê o pai se esqueceu de seu nome. Irritado com a doença, o pai amaldiçoa os filhos, dizendo que um deles também irá contrair a doença. O filem termina com a exibição do filme editado por Ed que o mostra para o seu irmão. Com uma direção sensível de Connor Gaston, o filme arrebata não só pela história incrível, que fala sobre morte e memória. mas também sobre a manipulação de um filme. Ed, ao filmar cenas aleatórias e muitas das vezes as manipulando, transforma tudo em um filme surpreendente. "O cameraman"deveria ser exibido em escolas de cinema, para deixar claro aos alunos que nem sempre o que vemos é aquilo que achamos que vai ser.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Como ficar sozinha

"How to be alone", de Kate Trefry (2019) Excelente filme de terror psicológico, escrito e dirigido pela roteirista e Cineasta Kate Trefry, uma das autoras do seriado Stranger Things". Kate traz vários elementos de "Stranger things": além do ator Joe Kerry ( o Steve do seriado), ela traz a trilha sonora de sintetizadores, as cores super saturadas, a atmosfera anos 80 dos filmes de terror da época e um ser monstruoso semelhante ao Demogorgon. Outro filme que ela busca como referência é o cult "O caminho do mal": ela escala a protagonista Maika Monroe e evoca a narrativa sinistra e fantasmagórica do filme. Lucy mora sozinha e namora Jack. Quando ele se despede e diz que volta no dia seguinte, ele diz para ela tomar cuidado. Ela responde: 'Eu sou mais perigosa do que qualquer outra coisa." Lucy procura passar a noite sozinha. Mas traumas e fantasmas do passado criam vida e surgem para aterrorizá-la. Ela tenta escapar de tudo, mas resolve enfrentar de uma vez por todas tudo aquilo que lhe assombrou a vida toda, nem que isso custe a sua vida. Ótima direção, muito boa construção de atmosfera e bom trabalho dos dois atores, principalmente de Maika Monroe. O filme é aberto a mil interpretações, e por isso pode ser que desagrade a muita gente.

quinta-feira, 28 de março de 2019

Dumbo

"Dumbo", de Tim Burton (2019) Lançado em 1941, a animação "Dumbo" ganhou um Oscar pela trilha sonora em 1942, e um Prêmio no Festival em Cannes de melhor design de animação. Décadas depois, o visionário Tim Burton faz a sua versão da história do elefantinho que nasceu com grandes orelhas e o Poder de voar. Como o filme original era bem curto e com uma história bem simples, Burton trouxe outros elementos: o drama de um pai (Colin Farrel), que lutou na guerra, perdeu um braço e sua esposa para a gripe. Pai de 2 crianças, eles vivem no Circo de Max (Danny de Vito), que às duras penas, procura sobreviver no inicio do Séc XX. Os artistas do circo não conseguem atrair mais a atenção da platéia, eis que as duas crianças descobrem que o elefantinho tem o poder de voar, quando aspira uma pena. Mas a mãe de Dumbo é levada embora, e o animal fica triste. Quando a notícia de Dumbo se espalha, um negociante inescrupuloso, Vandevere, propõe a compra de Dumbo para salvar o circo da falência. O filme tem mensagens simples mas objetivas para o público juvenil: amor à família, maternidade, ganância, bullying por ser diferente, e a motivação para acreditar de que você é capaz. Tudo isso é embalado pelo Universo fantástico que somente Tim Burton consegue oferecer aos espectadores: muitas cores, surrealismo, fantasia, lúdico e poesia mesclada à melancolia. Direção de arte, figurino, fotografia, trilha sonora do eterno companheiro Danny Elfman, o filme é tecnicamente excelente em todos os quesitos. O elenco é o que se espera de um filme de Tim Burton: atores conectados ao seu mundo particular, e para não ter erro, ele convoca uma galera que já trabalhou com ele: Eva Green, Michael Keaton, Danny de Vito. Aliás, unir Batman e Pinguim com referências explícitas a Batman, é um presente para os fãs. Tim Burton recria espetacularmente a cena do sonho de Dumbo, e cria números musicais incríveis, homenageando a coreografia do Mestre Busby Berkley. Muitos críticos falaram mal do filme, com justificativas toscas. O filme é um primor de fantasia A única observação que eu faria, é que poderia ter uns 15 minutos a menos. de resto, é apreciar tamanha beleza.

Tudo acaba em festa

"Tudo acaba em festa", de André Pellenz (2018) Comédia maluca que homenageia clássicos do humor como "Um convidado bem trapalhão"e "A última festa de solteiro", exemplos de filmes anárquicos onde o desfecho acontece no meio de uma balbúrdia envolvendo todo o elenco. O roteiro é bem simples, com uma narrativa que funciona como sketches com cenas pontuadas pelo humor e que tem como tema central, costurando toda a trama, a organização de uma Festa de uma Firma de produtos de beleza, a Embelex. Vlad (Marcos Veras) é um funcionário de recursos humanos da empresa. ele tem 30 anos, mas é totalmente infantilizado e irresponsável: ele vai para baladas, chega atrasado no trabalho, é mulherengo. Ao conhecer a nova funcionária da empresa, Aline, ele logo se apaixona por ela. Quando a Gerente de recursos humanos é demitida, o dono da empresa pensa em promover algum funcionário. É aí que Vlad tem a idéia da festa,a fim de levantar a moral da empresa. Mas claro, tudo vai dar errado. O excesso de personagens, comum a esse tipo de narrativa onde toda hora surge gente nova, prejudica um melhor desenvolvimento do roteiro. Mas o talento do elenco de apoio é um ponto super positivo do filme: Stepan Nercessian, Maria Clara Gueiros, Pablo Sanábio, Rosane Mullholand, Diogo Vilella, Malu Valle, Aramis Trindade, Flavia Garrafa, Veronica Debom, Claudio Lins, Paulo Vierlings, Nelson Freitas, Mariana Bassoul, Giovana Lancelotti, Evelyn Castro, Alexandre Lino, Leandro Soares, Edmilson Barros divertem em seus tipos calcados em estereótipos, uma pena que alguns desses personagens apareçam tão pouco. O filme tem boa fotografia e edição.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Miss Baek

"Miss Baek", de Lee Ji-won (2018) Escrito e dirigido pela Cineasta sul coreana Lee Ji-Won, "Miss Baek" é um filme sobre mulheres, mulheres violadas e violentadas no dia a dia da grande cidade. Na Coréia do Sul, o filme fez um sucesso estrondoso, tendo arrecadado mais que "Nasce uma estrela". "Miss Baek"é um filme sobre violência doméstica, sobre abuso infantil. O filme é um drama, mas sua violência é tão extrema que mais parece um filme de terror, assustador e horripilante, pois mostra cenas gráficas, talvez as mais violentas que voce já viu contra crianças. Baek é uma mulher que quando criança, foi agredida constantemente pela sua mãe, que acabou a abandonando. BAsek acabou sendo estuprada por um rapaz, mas ela conseguiu matá-lo. Por causa do crime, Baek ficou presa e depois, solta sob condicional, trabalhando como lavadora de carros e massagista. Ela namora um detetive, Jang Sup. Um dia Baek encontra na rua uma menina, Ji eun. ela está toda machucada. Baek a leva para lanchar, mas a mãe de Ji eun surge e a leva para casa. Baek descobre que os pais de Ji eun a espancam o dia todo, e tenta de toda forma salvá-la, mas o seu passado criminoso a impede de ajudar a menina. Com excelente direção de atores, o filme conta com cenas aterrorizantes de violência, sendo totalmente inadequado para pessoas sensíveis assistirem. A direção de Lee Ji Won é segura, dando conta de toda a tensão e dramaticidade que o filme exige. Um filme importante, que mescla drama e suspense, mas que provoca uma sensação terrível de impotência e tristeza. Performances matadoras das 3 mulheres: A atriz que interpreta Baek, a menina e a mãe da menina.

Blue

"Blue", de Apichatpong Weerasethakul (2018) Exibido em diversos Festivais, entre eles, de Toronto e de Clermont Ferrand, "Blue" e um curta dirigido pelo Cineasta tailandês mais festejado pelos Cinéfilos do mundo, Apichatpong Weerasethakul. Realizador de cults como "Tio Boonmee", "Cemitério do esplendor" e "Mal dos trópicos, agora ele chega com esse curta que traz todo o seu universo metafísico e espiritual novamente à tona. Assistir a um filme de Apichatpong é uma grande experiência sensorial e de exercício de metáfora e simbolismos. É difícil explicar o que é "Blue", pois a sua reflexão vai de acordo com a percepção de cada espectador. É o tipo do filme em que, no final da projeção, fica todo mundo se olhando com aquela cara de "Não entendi". O filme fala sobre sonho, um tema muito particular aos surrealistas ( Bunuel, Jean Cocteau). Uma mulher deitada na cama, coberta por uma colcha azul. Ela está insone e não consegue dormir. Entre o ato de abrir e fechar os olhos, ela observa um painel teatral que sobe e desce, com paisagens pintadas representando sol, castelo e natureza. Ouvimos sons de vegetação. De repente, uma faísca surge por sobre a mulher, e essa faísca dá início a uma grande figueira. Mas o fogo é sobreposto sobre a imagem da mulher, Muitas interpretações podem ser feitas sobre esse "Sonho'e desejo". A fotografia é linda, a edição de som reforçando o tema noturno da natureza. Se o filme é bom ou não, não cabe a mim dizer. Conheço a filmografia de Apichatpong e entendo seus temas recorrentes. Vale assistir e refletir sobre fantasmas do passado, sobre lamúrias, sobre melancolia e depressão.

Eu amo Sarah Jane

"I love Sarah Jane", de Spencer Susser (2008) Super premiado curta australiano que ganhou entre outros, Melhor filme em Clermont Ferrand e concorreu em Sundance, O filme é ambientado em um futuro pós-apocalíptico. O mundo está infestado de zumbis, mas eles estão presos, sob controle. OS humanos sobreviventes debocham dos zumbis. Jimbo, um garoto de 13 anos, tem como melhores amigos 3 garotos que fica sacaneando um zumbi, que na verdade, é pai da menina Sarah Jane ( interpretada por uma jovem e desconhecida Mia Wasikowska). Jimbo é apaixonado por Sarah Jane, mas ela tem um temperamento terrível. Com pequenas doses de humor, esse curta mantém uma boa atmosfera de suspense, muito por conto do óbvia momento de ataque do zumbi. O curta foi lançado em 2008, 2 anos antes da estréia do seriado "The walking dead". Muitas das ações vistas aqui viraram lugar comum na série, como atormentar zumbis aprisionados. Os efeitos são muito bons, considerando o baixo orçamento do projeto. O Diretor está desenvolvendo atualmente uma versão em longa-metragem do curta.

Bia (.2.0)

"Bia (2.0)", de Cristiano Calegari e Lucas Zampieri (2018) Longa de estréia dos cineastas paulistas Cristiano Calegari e Lucas Zampieri, "Bia (2.0)" é um romance adolescente com produção totalmente independente, e se fosse nos Estados Unidos, ganharia o status de Filme "Mumblecore", que são produções de muito baixo orçamento. Com um elenco quase todo jovem, o filme é ambientado no Bairro paulista de Chácara Klablin, reduto da classe média. Bia é uma moça de 18 anos, revoltada por flagrar seu namorado com outra garota. Para desestressar, sua mãe sugere que ela trabalhe com ela na sua floricultura. Naty e Fabiba, melhores amigos de Bia trabalham na loja. Naty sugere que Bia faça parte do Grupo de palhaços "Atropelados", cujos integrantes fazem obra social, arrecadando dinheiro para Instituições. Um dos integrantes é Dan (Ghilherme Lobo), cujo personagem d ePalhaço se chama "Abraço". Bia mais tarde descobre que o pai de Dan, um ex-ator, está com doença terminal. Bia e Dan se apaixonam, mas ela recebe a notícia de que passou para um curso em Portugal. Bia fica dividida entre os estudos e o amor, e não sabe como se decidir. O filme transparece o seu baixo orçamento, seja na falta de figuração na floricultura, que tem mais funcionários do que clientes, ou na parte técnica que chama atenção ( captação de som principalmente). O roteiro não traz muitas novidades, e os personagens trazem muitas caricaturas que tiram o foco da densidade das histórias de Bia e Dan. O personagem de Fabiba é o mais problemático, totalmente calcado em estereótipos de um amigo gay que sempre tem frase ponta na ponta da língua e exagerando em todos os eus atos. Mesmo assim, o filme merece ser visto, pelo grande esforço visível por parte da equipe e do elenco em querer trazer um filme honesto sobre os dilemas dos adolescentes, que antes de chegar na fase adulta, precisam tomar importantes de cisões em suas vidas. Ghilherme Lobo, de "Hoje eu quero voltar sozinho", é quem melhor se sobressai no elenco, mostrando ser um dos grandes talentos dessa geração. O filme procura alternar drama, romance e humor, mas é no drama onde o filme ganha destaque, com boas cenas entre os atores.

terça-feira, 26 de março de 2019

Bem vindos à Marwen

“Welcome to Marwen”, de Robert Zemeckis (2018) O Cineasta Robert Zemeckis alterna a sua carreira com filmes brilhantes que revolucionaram a tecnologia de efeitos especiais, e outros filmes tecnicamente impecáveis mas que ficam devendo em emoção. Em “Bem vindos à Marwen”, Zemeckis conta a história real do Artista e fotógrafo Mark Hogancamp. No dia 8 de abril de 2000, Mark estava bebendo em um bar de Nova York e conversou com um grupo de 5 rapazes. Bêbado, ele revelou ao grupo que era cross dresser e que gostava de usar saltos altos. Ao sair do bar, Mark foi espancado brutalmente pelos rapazes e deixado à beira da morte. Mark passou dias em coma, e precisou de tratamento de fisioterapia e acompanhamento psicológico por mais de um ano. Mark teve seu cérebro danificado e apenas conseguia se lembrar de poucos fatos anteriores ao acidente. Mark construiu uma vila Belga em miniatura no jardim de sua casa, que ele chamou de “Marwencol”. A vila representava a Bélgica da 2a Guerra Mundial. Mark criou bonecos que representavam ele e seus amigos, e assim, criou histórias heroicas onde ele e suas amigas heroínas lutavam contra os nazistas. Essa foi a terapia que Mark encontrou para exorcizar seus fantasmas. Mais tarde, suas fotografias foram descobertas e montadas em uma exposição, fazendo enorme sucesso. Robert Zemeckis conta essa história misturando drama e fantasia. Quando Mark começa a fotografar seus bonecos, logo eles criam vida e contam suas aventuras. “Bem vindos à Marwen” são dois filmes em um: o drama de Mark e as aventuras de seu alter ego na 2a Guerra mundial. Impossível não se lembrar de “Jogador Número 1”de Spielberg. Idem, lembra bastante o filme anterior de Zemeckis, Äliados”, um romance com aventura ambientado na 2a Guerra, estrelado por Brad Pitt e Marion Cotillard. O filme é bem dirigido, o elenco enorme tem um ótimo time de atrizes (Diane Kruger, Gwendoline Christie), os efeitos são espetaculares, mas de verdade, falta ritmo e alma no filme. Ele é repetitivo, chato, e não encanta. Steve Carrel está ok, mas seu personagem apático não é nada carismático. E faltou mais a identidade do Cross Dresser no filme. Não assisti ao documentário de 2010 dirigido por Jeff Malmberg, mas li comentários de muitos espectadores dizendo que é bastante superior ao filme de Zemeckis. O filme foi um desastre nos Estados Unidos: custou 40 milhões de dólares e não rendeu nem 3 milhões.

Um instante

"Un instante", de Adrià Guxens (2017) Escrito e dirigido pelo Cineasta espanhol Adrià Guxens, "Um instante"foi premiado em diversos Festivais Lgbtq+. O filme tem um tratamento quase poético para a história de em encontro fortuito de 2 jovens de personalidades muito díspares. Hugo é um jovem aspirante a fotografia, que durante as 4 estações do ano, vive uma rotina cumprida à risca em sua repetição. Um dia, em um instante, ele observa Cosmo, um rapaz aventureiro e de espírito livre. Hugo se encanta com a liberdade desse rapaz, que ao contrário dele, não planeja nada e se deixa viver sem compromissos, sem pouso certo. No dia seguinte, Cosmo anuncia que está indo embora., e Hugo volta à sua rotina. Acredito que o roteiro tenha um pouco de inspiração no filme de Richard Linklater, "Antes do amanhecer", que fala sobre encontros casuais, sem planejamento, e como esse encontro altera definitivamente a vida das pessoas. Boa direção, bela fotografia. 'É um filme de ritmo lento, contemplativo. https://vimeo.com/223743926

Lascados

"Lascados", de Vitor Mafra (2014) Comédia lançada em 2014, e que acabou passando totalmente batido pelo circuito. O filme tinha um bom potencial para atrair o público adolescente. Tem Chay Suede como galã adolescente, cantando várias músicas ao longo do filme. Tem um roteiro que resgata o tipo de ingenuidade e picardia de comédias como "American Pie". Tem personagens coadjuvantes divertidos e uma mocinha que não é tão mocinha assim, interpretada por Paloma Bernardi. e tem muitas críticas sociais, camufladas em humor, como o pai evangélico, o noivo safado, o tio punheteiro e mulherengo, enfim, uma variedade de tipos quase surreis de tão bizarros. O filme te altos e baixos na sua história, mas é possível ver que houve todo um esforço de produção em realizar um filme honesto com pouquíssima grana de orçamento. Participações de Guilherme Fontes, João Cortes e Theo Werneck dão uma aura cult ao projeto. Belas locações no espírito Santo, em um filme ambientado no ano de 1994, pré-internet, redes sociais e whastapp e que tem como principal mensagem, a valorização da amizade pura e simples, sem nenhum wi fi bloqueando essa relação.

segunda-feira, 25 de março de 2019

Eu sou a Polícia

'Jag är Polisen ", de Marco Van Bergen (2014) Curta holandês filmado na Suécia, conta a história do encontro inusitado entre 2 jovens. Um é um estudante holandês, fazendo turismo na Suécia e pedindo carona na estrada, Ele dá de cara com um jovem policial, que tenta colocar a viatura policial em funcionamento. O estudante diz que o problema é falta de água no radiador. Eles caminham até um posto de gasolina. Chegando lá, o jovem policial observa de longe 2 policiais, ele decide se camuflar como um jovem à paisana, com medo dos policiais reclamarem dele por não conseguir resolver o problema do carro. O filme questiona o despreparo de um jovem em querer ser policial, sem ter postura nem atitude de uma autoridade. Tem uma boa fotografia, 2 bons jovens atores, mas o roteiro não diz muita coisa, é um minimalismo que leva nada a lugar nenhum. Ao que se propõe esse filme?

sábado, 23 de março de 2019

Leanne se foi

"Leanne is gone", de Bryan Scott Cooper e Annie K. McVey (2013) Controverso drama LGBTQ+ independente americano, “Leanne se foi” conta a história de Dylan, um jovem drogado que acaba de sair do reformatório. Ele descobre que sua irmã se suicidou, e não tendo para onde ir, vai morar com o seu recém viúvo cunhado, Sean. Dylan descobre que a irmã se suicidou porquê flagrou o marido na cama com outro homem. Entre lutos e perdas, os dois cunhados se conectam e transam. Com dispensável narração em off de Dylan, que procura dar um tom melancólico repetitivo , o filme tem roteiro escrito pelo ator que interpreta Sean, mas que afunda em superficialidade. Acaba que o drama da irmã e seu sacrifício foi totalmente jogado em segundo plano, sem qualquer tipo de aprofundamento. Fica a tensão sexual e o amor entre os dois jovens e lindos homens. Um filme que louca a descoberta da homossexualidade, mas que deixa de discutir temas importantes como sacrifício, homofobia e drogas.

Minha vida em Marte

“Minha vida em Marte”, de Susana Garcia (2018) O que seriam das comédias românticas se a protagonista não tivesse como conselheiro, o melhor amigo gay? Monica Martelli explodiu com o monólogo “Os homens são de Marte...e é para lá que eu vou” em 2005, ficando 12 anos em cartaz e levando 2 milhões e meio de espectadores ao teatro. A peça falava sobre Fernanda, uma mulher de 35 anos, linda e independente, mas que não conseguia encontrar a sua cara metade, apesar do sucesso em outras áreas. A adaptação para o cinema, realizada em 2014, levou 2 milhões de espectadores, e ampliou o universo de Fernanda para outros personagens, entre eles, Anibal, personagem de Paulo Gustavo, o desbocado e irreverente gay que sempre tem algo para falar. Em 2017, a continuação para o Teatro estreou no Rio, se chamando “A vida em Marte”, e dessa vez, Fernanda, aos 45 anos, casada e com filha pequena, sofre com a crise dos 4 anos: ela está a um passo de se separar. De novo em formato monólogo, dessa vez, escorado no sucesso astronômico de Paulo Gustavo pelos 10 milhões de espectadores de “Minha mãe é uma peça 2”, a adaptação para o cinema trouxe Aníbal como uma personagem que está 90% do filme colado em Fernanda. Vendo o filme, fica visível e evidente que a peça e o filme são 2 produtos muito distintos. E isso é proposital, pois tanto os roteiristas quanto a diretores Susana Garcia procuram divertir os espectadores com o máximo de gags e improvisos possíveis, espalhados em personagens e situações em formato sketch. Tudo embalado pela tal crise no casamento. Ciúmes, viagens terapêuticas para o Litoral do Rio de Janeiro e Nova York, homens lindos, consumismo, tudo acontece em quase 2 horas de filme. Susana Garcia tem intimidade o suficiente para carregar o filme nas costas: é irmã de Monica Martelli, e diretora das séries “Os homens são de Marte” e “A vila”, esse com

Heróis modestos

"Chiisana eiyû: Kani to tamago to tômei ningen", de Hiromasa Yonebayashi, Yoshiyuki Momose e Akihiko Yamashita (2018) Para os fãs das animações do Studio Ghibli, uma boa notícia: O Studio Ponoc, criado por um dos produtores do Studio Ghibli, está conseguindo a proeza de realizar filmes com a mesma qualidade técnica. Inaugurado com o longa de 2018 "Mary e a flor da feiticeira", o Stuido Ponoc lançou como seu 2o trabalho, um longa composto de 3 curtas, chamado 'heróis modesto". São filmes com estilo diferenciado, mas que tem em comum o ato heróico de pessoas comuns e o tema da Morte sempre presente, apresentado através de bebês que nascem e a possibilidade de morrer muito em breve. 1) Kanino e Kanini, de Hiromasa Yonebayashi. Dirigido pelo realizador de "Mary e a flor da Feiticeira", "Kanino e Kanini" se passa em um mundo aquático, uma espécie de homenagem ao filme "Procurando Nemo", só que agora com personagens em forma de humanos. Um pai e seus 2 filhos pequenos, um menino e uma menina, aguardam o retorno da mãe das crianças, que está grávida e foi embora para parir. Enquanto aguardam, os pescam pequenos peixes. O pai salva um dos filhos que está em apuros, mas é atacado por um peixe enorme e desaparece. Kanino e Kanini decidem ir atrás do paradeiro do pai e salvá-lo. A história é bem bizarra, mas a animação do peixe grande é bem assustador. 2) A vida não vai perder, de Yoshiyuki Momose. Shun é um menino que nasceu com alergia a ovo, e caso ele coma algo que o contenha, ele pode morrer. Sua mãe faz de tudo para evitar alimentos industrializados, mas percebe que tudo contém ovo. Ao mesmo tempo, ela entende que essa restrição alimentar aprisiona o seu filho de uma liberdade que as outras crianças tem. Esse filme possui traços bem bonitos, alternando os tradicionais com pinturas de aquarela em momentos de perigo. É um filme bastante dramático , que ainda mostra uma sociedade machista, com o pai ausente, mesmo com tantas adversidades na vida do filho. 3) Invisível, de Akihiko Yamashita. Esse foi o que mais gostei dos 3. Em narrativa de realismo fantástico, somos apresentados a um homem invisível, uma excelente metáfora às pessoas solitárias e anônimas que passam totalmente despercebidas pelas outras pessoas. No trabalho, na rua, no comércio, todo mundo ignora esse homem invisível. Até que ele salva um bebê de um acidente, e se alegra quando esse bebê consegue vê-lo. Lúdico, poético e com traços maravilhosos, principalmente na cena da perseguição, esse filme merecia inclusive ter sido indicado ao Oscar de animação. É uma pequena obra-prima.

O amigo

"El amigo", de Erick Salas Kirchhausen (2017) Premiado curta LGBTQ+, um raro fllme peruano a circular em Festivais. Escrito e dirigido por Erick Salas Kirchhausen, "O amigo" é um filme repleto de tesão e tensão sexual. Esteban e Marcos estão fazendo um trabalho na casa de Esteban. Marcos decide dormir na casa do amigo, e juntos, assistem a um filme na sala. A namorada de Marcos liga para ele, lhe cobrando que tinha prometido levá-la a uma festa na mesma noite. Marcos diz a Esteban que o namoro já nao anda tão bem. O que Marcos não sabe, é que Esteban tem uma paixão platônica por ele, que desconhece a sexualidade do amigo. Mesclando momentos de sensualidade com humor, o filme usa e abusa de duplos sentidos, de toques de pele, de olhar, para afinal, chegar a uma intensa e erótica cena de sexo. A direção de Erick Salas Kirchhausen consegue dosar com bom gosto as cenas de sexo, e principalmente, atiçar o espectador. Os dois atores também estão ótimos, entregues aos seus personagens. Praticamente todo mundo já passou por uma situação semelhante, de se sentir atraído pelo amigo/a. Quem sabe exibir esse filme de surpresa, possa alimentar as fantasias?

Garotos choram

"La terra dell'abbastanza", de Damiano D'Innocenzo e Fabio D'Innocenzo (2018) Excelente drama criminal italiano, exibido no Festival de Berlin 2018. Damiano e Fabio são irmãos gêmeos e juntos, escreveram e dirigiram esse filme que lembra bastante o clássico de Matteo Garrone, 'Gomorra", drama que expunha o domínio da Máfia italiana na periferia de Roma. Mirko e Manolo são melhores amigos desde a infância. Ambos moram na periferia pobre de Roma, e possuem sonhos de montar um restaurante. Trabalhando como entregadores de pizza, uma noite, atropelam um homem na rua. Com medo, escapam sem prestar ajuda. Dias depois, Manolo procura Mirko, dizendo que um mafioso o procurou, agradecendo por eles terem matado um mafioso rival. Como recompensa, o mafioso quer contratar Mirko e Manolo para prestarem serviços. Gananciosos com o dinheiro fácil, os 2 amigos aceitam a vida de crime, mesmo contra os pedidos dos pais de ambos para não fazerem parte da Máfia. Com um ótimo time de atores jovens e veteranos, o filme tem uma direção segura, com narrativa bem construída e um roteiro que, mesmo repleto de clichês sobre pessoas honestas sendo seduzidas pelo mundo do crime, funciona. Scorsese cansou de fazer esse filme. Mas aqui, com gostinho de frescor de jovens diretores, o filme dá uma cutucada no sistema, que abandona jovens sem apoio de empregos e estudos.

O Tigre e a flor

"El tigre y la flor", de Denisse Quintero (2016) Excelente curta LGBTQ+ dirigido e escrito pela Cineasta mexicana Denisse Quintero. Em um vilarejo no interior do México, a população sofre com a seca. Está chegando o dia do ritual primitivo chamado 'A luta do tigre": os rapazes do vilarejo se vestem de Tigre e lutam, imitando tigres, e com gritos, atrair os trovões e as chuvas. No mesmo ritual, os rapazes oferecem flores para as mulheres que eles amam. Nicolas e Pablo, melhores amigos, preparam para o ritual. So que Nicolas não quer entregar flores para uma garota: quer entregar para Pablo. Delicado, quase sem diálogos, e filmado como se fosse uma fábula de Tim Burton, esse sensacional curta é dirigido com extrema delicadeza, e com um olhar também documental, pois esse ritual existe de verdade. excelente trilha sonora, fotografia e roteiro. Os atores atuam em um registro naturalista, e a cena final, da luta de Nicolas e Pablo, é de uma beleza estonteante.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Um banho de vida

"Le grand bain", de Gilles Lellouch (2018) Comédia dramática francesa, que arrebatou 4 milhões de espectadores em 2018. Impossível não se lembrar do filme inglês "Ou tudo ou nada", sobre um grupo de homens desempregados que resolve montar um grupo de streap tease para arrecadar dinheiro. Em "Um banho de vida", acompanhamos várias histórias de homens na faixa dos 40 anos de idade, de classe média e trabalhadores, que sofrem com a rotina de quem está nessa faixa etárea: medo do desemprego, crise no casamento, falta de comunicação com os filhos e o principal: a vida deixou de ser gratificante. Para isso, esses homens se inscrevem em uma equipe masculina de nado sincronizado, com a finalidade de competirem pela Fran;ca em um torneio europeu. Como tantos filmes edificantes do gênero, o esporte acaba sendo um propulsor para a redescoberta do prazer de viver e de se relacionar com as pessoas e aceitar a passagem do tempo. O filme discute de forma divertida e realista a questão do gênero: homens fragilizados, mulheres empoderadas e que comandam a casa. são elas que seguram o emocional de seus maridos, que estão todos à beira de um ataque de nervos. Um filme desses somente poderia dar certo tendo bons atores, e aqui, se juntou um time de grandes astros franceses: Mathieu Amalric, Jean Hughes Anglade, Guillaume Canet, Benoit Poelvoorde, entre outros astros, e as mulheres, Marina Fois, Virginie efira e Leila Bekhti. São personagens apaixonantes, transitando entre o drama e o humor melancólico. A trilha sonora é repleta de clássicos dos anos 70 e 80. A direção é de Gilles Lelouch, mais conhecido como Ator e aqui estreando no Longa, com grande sucesso. A edição costura bem todas as histórias individuais, e se há uma crítica a ser feita, é pelo excesso de duração do filme: o filme parece ter meia hora a mais, chega uma hora que fica uma grande barriga no meio da história. Mas o tema é edificante ( lembra até o recente sucesso espanhol, que concorreu a uma vaga para o Oscar, "Campeões". que fala sobre um time de desajustados treinados por um coach estressado. A treinadora em "Um banho de vida", cadeirante, é um stress só, bastante exagerada, mas talvez uma homenagem ao personagem de J.K. Simmons em 'Whiplash", de Damien Chazelle.

A cinco passos de você

'Five feet apart", de Justin Baldoni (2019) Confesso que adoro esses melodramas sobre adolescentes apaixonados porém condenados ao amor trágico por conta de doenças terminais. Talvez seja uma espécie de sadismo da minha parte, mas quando a gente sabe que todos esses filmes ( desde o mega clássico "Love Story", com Ryan O "neil e Ally Macgraw), até "A culpa é das estrelas", entre outros genéricos, possuem como protagonistas atores lindos e deslumbrantes que estão prestes a morrer, a gente se sente mais próximos a eles, afinal, a morte acontece para todos. Eu sou um grande fã de "A culpa é das estrelas', por mais que haja um batalhão de pessoas que odeiem o filme. Amo chorar em filmes. Em "A cinco passos de você", estranhamente, não chorei uma vez sequer. não que isso seja um mal sinal: a sala inteira, de adolescentes e suas mães, choravam aos prantos. Talvez o filme quando começou, já me fez perceber tudo o que iria acontecer. A cada personagem que ia entrando, eu dizia para mim mesmo: "vai acontecer isso". e não é que aconteceu mesmo? Essa previsibilidade me blindou das lágrimas, algo que 'A culpa das estrelas"fez como plot twist, quando existe a inesperada virada no meio da trama. Mas a grande força do filme é a dupla de atores: Haley Lu Richardson, no papel de Stella, e Cole Sprouse no papel de Will. Eles são internos de um hospital. O motivo: Fibrose cística, uma doença bacteriana que atinge os pulmões e que não tem cura. Pior: pacientes infectados não podem se aproximar, correndo o risco de se infectarem ainda mais. A distância que devem ficar um do outro é de cinco passos. Claro que Stella e Will se apaixonam. E como adolescentes que nunca transaram, é um grande dilema. Ma so filme, que foi feito para crianças e adolescentes, maneira na sexualidade e deixa tudo bem light, por tanto os pais podem ir tranquilos. O que me incomodou e muito, foram os golpes sujos de roteiro na parte final, pós aniversário de Poe, melhor amigo gay de Stella, também portador da doença. É uma cacetada atrás da outra. Fiquei até pensando: tadinha da Stella, tivesse ela um coração fraco ao invés da fibrose, já teria morrido há muito tempo. Assista pelo elenco: eles valem a pena.

O Caminho de El Dorado

"Road to El Dorado", de Bibo Bergeron e Don Paul (2000) Don Paul foi o responsável pelos efeitos visuais de clássicos Disney como 'Aladdin", 'A pequena sereia" e "Pocahontas". Em 2000, ele estreou na Direção com essa animação da Dreamworks, um típico filme de aventuras repleto de cenas de ação, humor e romance. O filme se passa na Espanha do Séc XVIII, quando os espanhóis faziam a sua peregrinação pelo mundo em busca de tesouros de povos primitivos. MIguel e Tulio, nas vozes de Kevin Kline e Kenneth Branagh, são dois amigos trambiqueiros que vivem de lucrar em cima dos outros. Um dia, um mapa do tesouro cai na mão deles, mas antes que eles possam ir atrás, são presos e condenados à prisão. Os dois conseguem escapar do navio, junto do fiel cavalo Altivo, e vão parar em uma Ilha deserta. Só que chegando lá, eles são feito prisioneiros por uma civilização primitiva, que acredita que eles são Deuses. Tzekel-Kan , o líder do grupo, quer desmascarar a dupla, e se junta aos soldados espanhóis para destruir El Dorado. Filme mediano da Dreamworks, mas não menos divertido, é um passatempo agradável para se assistir, sabendo que não se deve ter altas expectativas nem comparar a desenhos da Disney ou Pixar. As vozes originais dos atores são um prêmio extra, dando vida com muito humor e graça aos personagens. Trilha sonora de Elton John. Trilha sonora do Mestre Hans Zimmer.

Simbad- A lenda dos 7 mares

"Simbad- Legend of the seven seass", de Patrick Gilmore e Tim Johnson (2003) Animação da Dreamworks, lançada em 2003 e co-dirigida por Tim Johson, que havia dirigido também "Formiguinhaz". Com vozes de atores famosos como Brad Pitt, Catherine Zetha Jones, Michelle Pfeiffer e Joseph Fiennes, essa aventura e romance conta a história de Simbad, ladrão dos sete mares e a sua luta contra a Deusa Eris, Deusa do Caos, que quer se apropriar do Livro da Paz, que está sob a guarda do Príncipe Proteus, amigo de Simbad e que está prestes a se casar com Marina. Quando Simbad é acusado de ter roubado o Livro ( que foi roubado pela Deusa Eris), o Conselho do Rei decide executar a pena de morte em Simbad. Proteus se oferece para sofrer a pena no lugar de Simbad, para qe ele consiga ir atrás do livro. Junto de seus amigos piratas e de Marina, que se esconde no navio, Simbad vai disposto a enfrentar a Deusa e poder salvar seu amigo. Só não contava com o amor que começa a sentir por Marina. Divertido desenho, repleto de cenas de ação e aventura, com muito romance e humor, tem o bônus de ter a trilha sonora cantada por Elton John. Com cenas antológicas como o do ataque das sereias, o filme tem personagens bastante carismáticos. A personagem de Marina foi um grande avanço para a época em que foi lançado: ela é uma feminista convicta, disposta a lutar contra um mundo governado pelos homens.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Nós

"Ua", de Jordan Peele (2019) Desde que surgiu para o grande público com "Corar!", Jordan Peele tem sido comparado a um novo Shayamalan, um Diretor que veio para provocar sensações em sua platéia, com seus filmes repletos de viradas na trama, os famosos "Plot twists". Com "Nós", não podia ser diferente. E muito não pode ser contado, para não estragar a trama. Cada detalhe é fundamental, nessa mistura de terror (tenso!), de ficção cientifica e paranóias bem ao estilo do seriado 'Além da imaginação", que aliás, Peele foi convidado para dirigir a nova versão para o cinema. "US"( que pode ser lido, além da tradução NÖS, como United States, (Estados Unidos) conta a história da família de Adelaide (Lupita Nyong'o), que vai passar um final de semana em uma praia da Califórnia, chamada Santa cruz. Seu marido Gabe e seus dois filhos adolescentes: a menina Kitty e o menor Josh. Há cerca de 30 anos atrás, a própria Adelaide costumava frequentar essa praia com sua família, mas um evento que aconteceu com ela na praia a deixou em processo de surto. Nos dias de hoje, ela se recusa a ir para a mesma praia, mas como a família insiste, ela consente. A família se diverte, mas logo , um fato estranho ocorre: uma outra família surge de noite para ameaçá-los. Para o espanto de todos, a família é uma cópia deles, e tem a intenção de matá-los! Com uma Direção brilhante, que remete ao estilo narrativo de Stanley Kubrick, o cineasta e roteirista Jordan Peele faz novamente uma metáfora das minorias na América de Trump. A família de Adelaide é a única família negra na região, quase em sua totalidade de brancos. Toda a ameaça aparece como um espelhamento do medo que todos sentem nos dias loucos em que vivemos, onde o neo nazismo, conservadorismo , homofobia cresce a olhos vistos. E é essa alegoria de preconceitos que deseja assumir corpos e mentes de todos nós, uma verdadeira lavagem cerebral. Mas quem não quiser racionalizar demais, pode assistir ao filme meramente como um filme de suspense: o desfecho é bem explicadinho. Lupita está um absurdo em papel duplo, um presente para qualquer Atriz.

Wallace & Gromit: A Batalha dos vegetais

“Wallace & Gromit: The curse of Were Rabbit”, de Nick Park e Steve Box (2005) A dupla Wallace & Gromit é garantia de prêmios: os curtas protagonizados pelo cientista e seu querido cachorro ganhou o Oscar de curta animação em 1993 e 1995. O primeiro longa protagonizado pelos dois, lançado em 2005, “ A batalha dos vegetais”, ganhou o Oscar de longa animação. Tudo merecido, por conta do extremo carinho que seu criador Nick Park tem com os personagens e com o delicioso humor inglês, homenageando grandes comediantes do Cinema com suas impagáveis gags visuais. O filme é um festival de gargalhadas sem fim, e de verdade, é impossível não se apaixonar pelo cão mudo Gromit, uma linda homenagem ao humor do cinema silencioso. A dupla é contratada por fazendeiros para protegerem seus vegetais dos coelhos, considerados pragas por destruírem as plantações. Vai rolar um concurso na cidade do maior vegetal e todos querem ganhar prêmios. Mas Wallace acaba sem querer criando um Coelhomen, um Coelho gigante que devora as plantações e ameaça a todos. Com vozes de Helena Bohan Cárter, Ralph Fiennes e de Peter Salles com a voz de Wallace, o filme cativa pelo amor de Nick a um universo ingênuo e ao mesmo tempo brilhante que traz o melhor da animação para os espectadores.

Spirit, o Corcel indomável

“Spirit, the stallion of Cimarron”, de Kelly Asbury e Lorna Cook (2002) Animação da Dreamworks lançada em 2002 e que conseguiu a grande façanha de ter concorrido em grande festivais como Oscar, Cannes, Bafta e Globo de Ouro. Emocionante e comovente, é impossível no soltar muitas lágrimas nessa história edificante e de empoderamento do Corcel selvagem Spirit. O filme conta a história do Velho Oeste pelo ponto de vista dos cavalos que participaram da invasão dos soldados através de guerras no final do século XIX e a chegada de ferrovias, destruindo o paraíso que um dia foram os campos no Sul dos Estados Unidos. Os homens brancos dizimaram a população indígena e agora, com esse desenho, fazer um revisionismo histórico tornando os brancos vilões. Spirit nasceu e cresceu cima eu grupo de cavalos selvagens. Mas ao defender seus amigos, é preso por soldados, que tentam domestica-lo. Um jovem indígena, Little Creek é preso pelos mesmos soldados e Spirit o ajuda a fugir. O indígena leva Spirit até a sua aldeia, onde tenta domestica-lo, também sem sucesso. Spirit acaba conhecendo a égua Chuva, por quem se apaixona, e fica dividido entre o amor de sua família e o da égua. Com intensas cenas de ação e de emoção, o filme tem um grande acerto que é o de tornar a história realista do ponto de vista dos cavalos. Os animais não falam é apenas relincham, tendo a voz de Matt Damon como uma voz interna de Spirit. Não existem personagens cômicos e o humor vem das situações. As músicas são cantadas por Bryan Adams e a trilha sonora, linda, de Hans Zimmer. Lindas paisagens e com certeza um filme que fica guardado no coração, tendo como mensagem a Liberdade como meta a ser atingido por todos.

Vingança à sangue frio

"Cold pursuit", de Hans Petter Moland (2019) Refilmagem americana do grande sucesso cult do filme de ação dinamarquês "O cidadão do ano", dirigido pelo mesmo diretor, o norueguês Hans Petter Moland. No filme original, o ator Stellan Skaasgard dá vida ao papel que aqui coube a Liam Neeson, ator que nos últimos anos ficou famoso em papéis de justiceiros. O filme chegou a ter o lançamento adiado após declaração racista polêmica de Liam Neeson. Neeson interpreta Nels Coxman, casado com Grace (Laura Dern) e pais de Kyle. Kyle trabalha no aeroporto e é amigo de um traficante que deu volta em um cartel. Como vingança, traficantes do cartel injetam uma alta dose de heroína em Kyle, que morre de overdose. Os pais de Kyle entram em crise: a mãe entre em colapso nervoso, mas Niels não acredita que o filho seja viciado. Ao investigar mais a fundo, ele descobre haver uma briga de cartel entre um homem chamado Viking e um outro grupo liderado por indígenas. Niels quer se vingar do assassinato de seu filho e vai matando um por um. O que difere esse filme de outros do gênero, é o seu fino humor negro e a estilização da violência, o que o aproxima dos filmes dos irmãos Coen. Particularmente, gosto muito mais d aversão original, que tem muito mis charme e um Stellan Skaargard menos óbvio do que Liam Neeson. excelente fotografia, valorizando o branco das montanhas nevadas. O que eu mais amo nesse filme, e que foi mantido do original, são as cartelas de falecimento que surgem na tela à medida que cada pessoa vai morrendo.

Um amor inesperado

"El amor menos pensado", de Juan Vera (2018) O produtor argentino Juan Vera, que produziu filmes como "Leonera", 'Abutres", "O filho da noiva"e "Zama", estréia na Direção com esse melancólico retrato sobre o início da terceira idade e os seus reflexos sobre um casal que convive há 25 anos em aparente felicidade. Juan vera co-escreveu o roteiro, que remete à obra-prima de Bergman, 'Cenas de um Casamento". O filme concorreu em importantes Festivais, como San Sebastian. É um relato divertido, cruel e tragicômico de Marcos ( Ricardo Darin) e Ana (Mercedes Morán), ele professor, ela pesquisadora. O filme começa com a partida do filho de 20 anos para estudar na Espanha, Luciano. Esse evento deflagra uma sensação imponderável de ninho vazio e de esvaziamento e esfriamento na relação do casal. Os amigos próximos passam por situação semelhante. Ana faz uma pergunta para Marcos: o que você vê em mim? e a partir dessa pergunta, o casal descobre que a paixão acabou e acabam se separando. Durante 5 anos, acompanhamos os vai e vens amorosos e solidão de cada um, individualmente. O elenco brilha intenso nesse drama/Comédia/Romance: Darin e Morán dispensam comentários, estão magistrais. Mas as pequenas participações do ator que faz o ai de Darin, ou a mulher que Marcos pega no Tinder são fenomenais, com tempo de humor incríveis. O filme recorre aos clichês do Gênero, e é claro, que o desfecho todo mundo já sabe qual é. Mas isso não diminui o prazer de se assistir a esse filme com duelo de titãs: mesmo longo, quase 140 minutos, vale assistir e apreciar o talento de tanto ator bom.

Formiguinhaz

"Antz", de Eric Darnell e Tim Johnson (1998) Excelente animação da Dreamworks, que concorreu em 1998 com o lançamento de "Vida de inseto", da Pixar. Porém, "Formiguinhaz" provou ser um filme muito melhor, muito por conta de seu elenco extraordinário de dubladores e que também dão fisionomia àos insetos ( Woody Allen, Anne Bancroft, Sharon Stone, Jennifer Lopez, Dan Ackroyd, Sylvester Stallone, Gene Hackman, Christopher Walken, Danny Glover). O roteiro também é formidável, e provavelmente, melhor apreciado pelos adultos: o protagonista, a formiga Z, vivido pro Woody Allen, é o seu alter ego: repleto de complexos, vive questionando tudo. O filme tem forte contexto político, fazendo um duro discurso contra o totalitarismo. Revendo o filme agora, até me assustei com a violência do desenho: em uma sequência antológica, da batalha entre as formigas e os cupins, o desfecho é o mais cruel possível: Z reencontra um amigo soldado, que está decapitado!!!!! Essa sequência remete aos filmes clássicos russos ambientados na 2a Guerra, com enquadramentos geométricos e também uma violência extremada pelos planos gerais. Outra cena violenta: uma mosquito mulher, que tenta ajudar Z e a Princesa Bala, é morta por um humano!!!!! Ou seja, esse filme vai trazer traumas para a criançada pequena. O desenho narra a história de Z, uma formiga operária que mora em um formigueiro dividido por operários e soldados, governados pela Rainha e por um General que deseja destituí-la. Z, sempre contestando, acaba provocando nas outras formigas um desejo de mudança, que elas mesmo desconheciam poder fazer acontecer. Referências óbvias ao clássico "1984", de George Orwell.

Os últimos dias de Copacabana Jack

"Os últimos dias de Copacabana Jack", de Rob Curvello (2018) "Artur Barrio é um artista plástico Luso-brasileiro que vive no Rio de Janeiro desde 1955. Em 1969, começa a criar as Situações: trabalhos de grande impacto, realizados com materiais orgânicos como lixo, papel higiênico, detritos humanos e carne putrefata (como as Trouxas Ensangüentadas), com os quais realiza intervenções no espaço urbano. No mesmo ano, escreve um manifesto no qual contesta as categorias tradicionais da arte e sua relação com o mercado, e a situação social e política na América Latina. Em 1970, na mostra Do Corpo à Terra, espalha as Trouxas Ensangüentadas em um rio em Belo Horizonte. Barrio documenta essas situações com o uso de fotografia, cadernos de artista e filmes Super-8."" Esse ercho acima foi retirado do Wikipedia, e é fundamental para se entender o contexto desse Filme/ensaio/Poesia/experimental do Diretor e fotógrafo Rob Curvello, que aqui escreveu também o roteiro. É possível assistir ao filme tendo em mente 2 filmes distintos: o trecho citado acima aconteceu durante o período da ditadura militar no Brasil, noa virada dos anos 60 para os 70. Curvello adapta para os dias de hoje a visão crítica de um Artista, que quer provocar a população carioca totalmente passiva através de arte plástica espalhada em sacos de lixo recheados de conteúdo orgânico. Uma feroz contestação político social para promover debates acerca da violência socio-econômica que os brasileiros sofrem na sua rotina. Outro filme possível é a de um serial killer que age matando prostitutas nas noites de Copacabana, um documentário atualizando o mito de Jack o estripador para a decadente noite de Copacabana. Durante de depoimentos de populares que literalmente cagam para os assassinatos ( puta é gente??), o filme pode ser apreciado também como uma Sinfonia de Morte de um Bairro outrora glamuroso, e hoje, ponto e tráfico, assassinatos, roubos e caos urbano.

quarta-feira, 20 de março de 2019

O homem que usou o HIV como Arma

"The man who used HIV as a Weapon", de Charlotte Charlton (2019) Documentário cruel sobre Darryl Rowe, um cabeleireiro inglês de 28 anos , bonito e sedutor, que se tornou a primeira pessoa a ser condenada por prisão perpétua pela Justiça inglesa por deliberadamente ter infectado mais de uma dezena de homens com o vírus HIV. Darryl descobriu ser portador do vírus em 2015. Sentindo-se traído pelo ex-namorado, ele resolveu se vingar do máximo possível de homossexuais que ele pode encontrar. O primeiro foi o namorado que ele estava namorado na época, Lenny. No início, Lenny dizia que eles transavam de camisinha, mas estranhou quando Darryl pediu para não usarem mais. Darryl depois disse que furou de propósito a camisinha e depois, debochado, informou via whastapp para Lenny que ele agora também estava contaminado. Quando Lenny informou a Polícia, descobriu que outras 4 vítimas haviam feito a reclamação de que foram contaminados por um cabeleireiro que depois mandou mensagens via whastapp rindo d acara deles e dizendo bem feito. Darryl em seu depoimento, afirma que marcou encontro com todos os homens através do aplicativo Grindr. Ele foi adotado aos 8 anos de idade, e para os seus pais adotivos, foi um tremendo choque a informação sobre o que ele havia feito. Nos depoimentos, os pais dizem que Darryl sempre foi um menino educado, gentil e que não imaginam o que o motivou a praticar tal ato de crueldade. O filme tem o depoimento de 5 das vítimas de Darryl, que pela primeira vez, assumem publicamente estarem contaminados. são depoimentos brutais, sobre como Darryl os contactou via Grindr, teve todo um romance, os obrigou a transar sem camisinha ou quando estavam, a camisinha estava furada. Para todos esses homens, ter recebido a notícia via whastapp da forma que foi, era uma sentença de morte. O filme termina com uma gravação em Off de Darryl pedindo desculpas pelo seu ato. e com todas as vítimas escutando. Todos concluem que Darryl precisa pagar pelos seus atos e que deve continuar preso para impedir que outras pessoas sejam contaminadas. O documentário é um forte alerta para todos os que praticam sexo sem proteção, ou que se sentem seduzidos pela beleza de um flerte via aplicativos de pegação sem qualquer tipo de cautela.

Dog

"Dog", de Suzie Templeton (2011) Super premiado curta de animação inglês, escrito e dirigido pela DIretora Suzie Templeton. "Dog" é todo realizado em Stop Motion, e é um filme muito depressivo. Um homem e seu filho pequeno moram em uma casa. No começo, o filho sofre pela morte de sua mãe. Seu pai diz que ela morreu sem sofrer. Quando o cachorro deles começa a adoecer, pai e filho ficam bastante tristes. O pai sofre agorafobia, não pode sair de casa. Quando pede ajuda para virem buscar o cachorro, o socorro não vem. O pai decide matar o cachorro, mas o filho testemunha. No dia seguinte, sem saber que o filho havia visto o crime, o pai diz que o cachorro não sofreu quando morreu. O filme lida com o tema da eutanásia de forma bastante cruel. A animação é muito bem feita, e as características da doença do cachorro são bem realistas. Não recomendo esse filme para quem ama animais.

terça-feira, 19 de março de 2019

Sonho de Rui

"Sonho de Rui", de Cavi Borges e Ulisses Mattos (2018) Divertida comédia de costumes 100% carioca, escrita e co-dirigida por Ulisses Mattos e com Direção de Cavi Borges, o maior produtor e diretor de cinema independente do Brasil. O filme é baseado em argumento do ator Pedro Monteiro, que já havia escrito uma peça de teatro de grande sucesso no circuito alternativo, a comédia "Os ruivos", que fazia uma ironia sobre a condição de ser Ruivo, e se sentir fazendo parte de uma minoria que sofre um preconceito velado. Em "Sonho de Rui", Rui ( Pedro Henrique) sonha em protagonizar um remake de "Braddock", grande sucesso de filme de ação com Chuck Norris. Para isso, ele treina seu inglês com uma jovem professora, Cintia (Gabriela Estevão), que tem fetiche com "cabeça vermelha". Ele também faz exercícios com um personal, interpretado por Marcelo Gonçalves. Seu amigo e diretor, Esfiha (Pedroca) o procura querendo saber se o filme vai mesmo sair, porquê ele está sendo convidado para dirigir uma série de tv a cabo. Rui depende da venda do apartamento que ele herdou de seu pai para poder financiar o filme. Mas ele acaba se irritando com todos os possíveis compradores do apartamento, justamente porquê todos de certa forma, o sacaneiam por ser ruivo. Um filme de baixíssimo orçamento, rodado com evidente amor e carinho por todos que participaram da produção. O filem aposta naquele tipo de humor meio Ben Stiller, onde ele trabalha com atuação minimalista. Cavi Borges também evita o humor pastelão e retira o humor da situação, sem exagerar nas performances. O humor vem também da trilha sonora, vintage homenageando grandes clássicos do cinema dos anos 80 ( Por ex, "Lady in red") e com som eletrônico de sintetizadores. Pedro Henrique prova ser um dos grandes talentos da geração que atua bravamente nessa década de luta e resistência cultural e política. Seu argumento por si só, na metáfora, fala sobre paixão ao cinema, fazendo acontecer mesmo contra todas as adversidades. O crítico Rodrigo Fonseca faz uma breve e engraçada participação com um Diretor de Cinema.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Pele

"Skin", de Guy Nattiv (2018) Excelente curta que ganhou o Oscar da categoria em 2019, tem um tema extremamente polêmico e que gerou muitas controvérsias. Jonnhy é casado com Christa (Danielle Macdonald, de "Patty Cake"). Eles têm um filho pequeno, e fazem parte de uma gangue de neo nazistas. Jonnhy ensina o filho a praticar tiro ao alvo. Um dia, ao fazerem compras no supermercado, Jonnhy cisma que um negro tirou onda com a cara de seu filho e manda toda a gangue surrar ele. Como vingança, dias depois uma gangue de negros sequestra Jonnhy e tatuam seu corpo inteiro, até ele se tornar um negro. Um filme sobre vingança levado ao extremo, e também uma feroz crítica contra o armamento da população. Guy Nattiv é um cineasta israelense que migrou para trabalhar nos Estados Unidos. Ele já filmou uma versão em longa-metragem do longa, com Jamie Bell no papel principal.

L' animale

"L' animale", de Katharina Mückstein (2018) Escrito e dirigido pela Cineasta austríaca Katharina Mückstein, "L'animale" concorreu no Festival de Berlin dentro da Mostra Teddy, dedicado a filmes com temas LGBTQ+, além de ganhar vários prêmios internacionais. O filme narra o drama de Mati (Sophie Stockinger, excelente), uma adolescente que se descobre lésbica. Ela anda com um grupo de rapazes motoqueiros, sendo a única do grupo. Seba, um dos rapazes, é apaixonado por Mati, mas ela está interessada em Carla, uma estudante do colégio. O filme também conta o drama dos pais de Mati: O pai é um gay enrustido. A mãe, veterinária, sabendo da traição do marido, vai cair nos braços do pai de Seba. Com boa direção de atores, a cineasta Katharina Mückstein realiza um drama intenso, cheio de culpas, ambientado em uma cidade rural do interior da Áustria. O filme tem um ritmo lento, mas nada que prejudique a compreensão da obra. O mais interessante, é a homenagem que a diretora faz ao filme "Magnolia", de Paul Thomas Anderson: em uma sequência, todo o elenco canta uma música melancólica, no mesmo estilo do filme de Paul Thomas.

Anjos do Arrabalde

"Anjos do arrabalde", de Carlos Reichenbach (1987) Lançado em 1987, esse drama brasileiro de um dos Cineastas mais cinéfilos que já existiram faturou 3 Kikitos no Festival de Gramado: Melhor filme, atriz para Betty Faria e atriz coadjuvante para Vanessa Alves, no papel da manicure Ana. O filme narra a história de 3 professoras que moram e trabalham na periferia de São Paulo: Dália (Betty Faria), que mora sozinha com o irmão viciado Afonso (Ricardo Blat) e que tem sua sexualidade discutida por todos que acreditam que ela é lésbica; Carmo (Irene Stefânia), casada com um delegado machista que a obrigou a se demitir da escola pública aonde lecionava para se tornar dona de casa; Rosa (Clarisse Abujamra), uma mulher frigida e apática e que mantém uma relação de amante com o diretor gaúcho Soares (José de Abreu). Ana é uma manicure que foi estuprada pelo seu namorado violento, e que encontra ajuda através de Carmo. O filme acompanha o dia a dia dessas mulheres, pressionadas pela sociedade machista que insiste em tratá-las como objetos sexuais . Incesto, estupro, tráfico, suicídio, assassinato, roubos: tem de tudo nessa São Paulo totalmente sem futuro e sem perspectiva de um dia melhor. Para quem não sabe, o Cineasta Carlos Reichenbach alternava filmes eróticos com dramas densos que tinham como temas em comum o drama de personagens anônimos que vivem na Grande Metrópole. São pessoas que buscam através do vício e do sexo, formas para atenuar a melancolia e a frustração por não conseguirem seus objetivos de felicidade pessoal ou profissional. "Anjos do arrabalde", que tem como titulo "As professoras", é repleto de cenas de sexo e nudez. Nem esse apelo erótico para o grande público impediu que o filme ganhasse importantes prêmios em festivais. O filme é uma grande crítica ao universo machista, através de personagens masculinos embasados em tipos clichês: o delegado, o amante, o traficante, o estuprador, etc. Reichembach sempre teve um olhar especial para a alma feminina, além desse, existem vários outros filme sonde ele tornou a Mulher, protagonista de seus filmes. Existe uma sequência que acontece na Praia, onde Reichembach traz referências ao cinema de Godard; Logo de cara, surge um letreiro enorme escrito "Week end", uma alusão a "Weed end à francesa. Outra referência cinéfila, é o nome da Escola onde lecionam as amigas professoras: Escola Municipal Luis Sergio Person, que vem a ser um grande cineasta que dirigiu entre outros, "São Paulo SA". O filme entrou na lista da Abraccine dos 100 melhores filmes brasileiros. Mas a maior curiosidade para mim, é o fato do fotógrafo Conrado Sanchez ter dirigido anos depois, o grande clássico do Cinema Brasileiro, 'Cinderela Baiana", com Carla Peres.

domingo, 17 de março de 2019

Maligno

"The prodigy", de Nicholas McCarthy (2019) Se algum fã de terror por um acaso nunca tiver assistido aos clássicos "O brinquedo assassino" ou mesmo "A profecia", pode encontrar muitos elementos de interesse nesse "Maligno", filme sobre possessão que tem como protagonista um menino de 8 anos de idade. No dia do nascimento de Miles, na mesma hora um serial Killer, Edward, foi morto pela polícia. O espírito do assassino incorpora em Miles, mas para poder possuir de forma total, Miles precisa matar a última vítima de Edward, que conseguiu fugir quando ele tentou assassiná-la. Durante o crescimento de Miles, seus pais ficam animados com a inteligência precoce do menino, mas logo percebem que lago está errado com ele. Ele age de forma violenta com os colegas da escola. Uma professora orienta a mãe de Miles a procurar um terapeuta que se utiliza de terapia de hipnotização como uma possibilidade de enxergar se o menino estaria possuído por algum ser maligno. As referências a "O brinquedo assassino" e "A profecia" são escancaradas. Do filme do boneco Chucky, "Maligno" busca o plot do serial killer que se apodera do corpo de um boneco para poder voltar a ter vida. De "A profecia", além dos letreiros iniciais, que são iguais, tem o personagem da mãe que é igualzinho a do Gregory Peck no filme original. Eu particularmente odeio esses plots onde um dos pais não acredita na maldade do filho. Aqui não poderia deixar de ser diferente, visto que a mãe Sarah (Taylor Schilling) é uma mãe super protetora e que acredita na bondade do filho. Um filme que quebra o galho, com os típicos jump scares.

Stan e Ollie

'Stan e Ollie", de Jon S. Baird (2018) Trabalhando pela 1a vez em 1917, Stan Laurel e Oliver Hardy, a dupla “O gordo e o Magro”, fizeram mais de 100 filmes juntos, até a morte de Oliver em 1957. Já nos anos 50, a dupla já estava em decadência, fazendo apresentações teatrais para plateias vazias. O último trabalho que fizeram juntos foram uma série de shows ao vivo pela Inglaterra e Irlanda. Durante toda essa trajetória, a dupla teve altos e baixos, inclusive na amizade, colocada à posta por conta de assuntos profissionais e pessoais. Quando Oliver faleceu, Stan sentiu o baque e nunca mais participou de nenhum filme, até sua morte, em 1965. O filme “Stan e Ollie” tem um prólogo que se inicia no ano de 1937, quando estavam no auge da carreira. Prestes a renovar o contrato com o produtor Hal Roach, que os consagrou com filmes que foram grandes sucessos de bilheteria, a dupla participa da filmagem do “Way out West’, com a famosa cena da dança antes de entrarem em um Salloon de faroeste. Stan reclama com Hal que eles recebem menos que Chaplin e Buster keaton, e acabam não renovando o contrato. A dupla assina contrato com a Foz, mas os filmes não encontram o mesmo sucesso. Toda essa parte de 1937 é realizada num único plano sequência genial, que começa no camarim, atravessa o exterior dos estúdios até entrar no set dentro de um estúdio. É uma cena grandiosa. Logo depois, o filme avança para a decadência de 1953, quando viajam pela Irlanda, ciceroneados por um agente picareta. O filme funciona por conta do excelente e irrepreensível trabalho de John C. Reilly e Steve Coogan, respectivamente como Oliver Hardy e Stan Laurel. Toda a composição física, tempos, olhares, gags, são exatamente iguais aos originais. A maquiagem de John C Reilly impressiona! O filme tem um ritmo arrastado e é bom as pessoas saberem que não é uma comédia, pelo contrário, é um filme melancólico que fala sobre artistas que perderam a sua majestade, e tentam sobreviver a duras penas, pela total falta de tato com a modernidade. É triste e comovente saber da história desses 2 amigos, que mesmo em crise pessoal e profissional, sempre se amaram e se respeitaram. Shirley Henderson e Nina Arianda, como Lucille Hardy e Ida Laurel, estão fantásticas como as senhoras. A direção de arte, fotografa, toda a parte técnica está de parabéns. O filme é uma linda homenagem ao Artista que ama o seu palco e também uma ode à Amizade!