terça-feira, 5 de março de 2019

Rafiki

Excelente drama LGBTQ+ do Kenya, o primeiro a ser exibido no Festival de Cannes e o primeiro a ser indicado pelo seu País a uma vaga ao Oscar 2019. O filme foi banido pelo Kenya, país que não tem leis que protegem a comunidade gay e caso flagrem algum ato de pessoas do mesmo sexo, existe uma pena de 14 anos de prisão. A cineasta e co-roteirista Wanuri Kahiu ( existem outras duas roteiristas) com muita coragem, resolveu contar uma história de amor entre duas jovens na periferia de Namíbia, na comunidade chamada Slopes. Kena, filha de pais separados, mora com sua mãe, religiosa. Seu pai é candidato a eleição local. Kena gosta de andar se skate e tem como melhor amigo Blacksta, que tem paixão platônica por ela. Um dia, Kena vê um trio de amigas na rua, e flerta com Ziki, que retribui o olhar. Kena descobre que Ziki é filha do candidato concorrente de seu pai. Ambas se apaixonam, mas mantém o amor em segredo da comunidade, totalmente homofóbica. “Rafiki” é dos filmes mais lindos visualmente que vi recentemente. Com uma fotografia poética que valoriza as cores da cidade e dos figurinos, de Christopher Wessels, a cineasta Wanuri encontra beleza no meio de tanta melancolia e tristeza na história que remete a “Romeu e Julieta”. O clip do primeiro olhar, do primeiro beijo, o típico clip romântico de descoberta entre essas duas mulheres é tão lindo que é impossível não se apaixonar por ambas as personagens. A força da personagem de Ziki, que estimula Kena a ser uma pessoa melhor, se valorizando e se empoderando, é comovente e emocionante. Uma metáfora de um País que a cineasta Wanuri deseja mudar, e com seu filme, decididamente ela começou a dar os primeiros passos para o humanismo.

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