sábado, 9 de março de 2019

O Rosto

"Twartz", de Malgorzata Szumowska(2018) A cineasta polonesa Malgorzata Szumowska é uma das realizadoras do País mais festejadas mundialmente. Muitos de seus filmes participaram e vários festivais, sendo celebrados e aguardados ansiosamente. Os temas de seus filmes giram quase sempre em termos de tabus e pol6emicas comportamentais: “Elle”, com Juliette Binoche, é uma jornalista que faz matérias com prostitutas jovens; “em nome de..” é sobre um Padre que se apaixona por um Coroinha...e agora com ‘O Rosto’, co-escrito pela cineasta, ela fala sobre aparências e de que forma a sociedade reage de acordo com os padrões regidos pela mídia e pela população. Livremente inspirado em “Frankenstein”, o filme se passa nos dias de hoje, em um vilarejo rural na Polônia. A igreja local quer construir na cidade uma enorme estátua de Cristo, que rivalize em tamanho com a do Rio de Janeiro. Jacek (Mateusz Kosciukiewicz, excelente) é um jovem camponês, que está ajudando na construção da estátua. Jacek tem uma numerosa família, e tem o desejo de juntar dinheiro e ir morar em Londres com a sua namorada, Dagara, com quem planeja se casar. Jacek é fã de Heavy Metal e é muito querido por todos; família, namorada, Igreja, trabalho. Um dia, Jacek sofre um acidente de trabalho e fica desfigurado. Os médicos realizam nele o primeiro transplante de rosto da Europa, mesmo assim seu rosto continua irreconhecível e sua voz é ininteligível. A mídia se aproveita de seu drama e o explora ao máximo possível. Sua namorada se afasta, sua família o ignora, com exceção de sua irmã. Dirigindo com muita ferocidade, mas ao mesmo tempo conferindo um humor tipicamente de Aki Kaurismaki, que é aquele olhar patético sobre a rotina de pessoas comuns, Malgorzata Szumowska tira bom trabalho de seu elenco, além de brincar com o universo Pop dentro de um filme supostamente “Careta’. A cena da boite, ao som de “I’ll fly with you”, é maravilhosa. O filme ganhou no Festival de Berlin 2018 o Grande Prêmio do Juri. A fotografia do filme, de Michal Englert, é um grande trunfo. Além de belamente enquadrado, o Fotógrafo coloca foco apenas no centro do quadro, deixando as bordas desfocadas. Esse recurso já foi bastante usado ( “O escafandro e a borboleta”) e geralmente é usado para dar o POV fora do eixo do protagonista. Bela maquiagem de efeito, que confere um ar meio "O homem elefante" ou "Máscaras do destino", com Eric Stoltz e Cher.

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