quarta-feira, 6 de março de 2019

Tá rindo de que? Humor e ditadura

"Tá rindo de que? Humor e ditadura", de Claudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga (2018) Um grande presente poder assistir a esse documentário obrigatório, composto de depoimentos de grandes Comediantes, Diretores, chargistas que vivenciaram a Ditadura no Brasil a partir do Ato No 1 em 1963. Muitos dos comediantes que dão depoimento aqui já faleceram recentemente, como Agildo Ribeiro, Renato Corte. E que maravilha que o filme apresenta um rol de grandes artistas populares, aliados a chargistas e jornalistas que traziam um conteúdo mais "elitista", deixando claro que o Humor atende a todas as classes sociais, mas que mesmo assim, todos sofreram por igual os revezes do Poder Militar. O filme vai desde antes da Ditadura até o final da anistia e da abertura Política, meados dos anos 80. Artistas como Jô Soares, Dercy Gonçalves, Carlos Alberto de Mattos, Chico Anysio, Berta Loran, Eliezer Motta, Caetano Veloso, Paulo Silvino, Carmen Veronica, Chico Caruso, Millôr Fernandes, Ary Toledo, Benvindo Siqueira, Bruno Mazzeo, Lucio Mauro Filho,Fafy Siqueira, Paulo Cesar Pereio, Jaguar, Alcione Mazzeo, Kate Lyra, Sergio Cabral entre outros, além de Os Trapalhões, Marilia Gabriela entrevistando Henfil e o grupo de teatro fundamental para fundamentar o humor corrosivo e do besteirol "Asdrubal trouxe o trombone", com Regina Casé, Luis Fernando Guimarães, Patricya Travassos, Evandro Mesquita, Perfeito Fortuna, Hamilton Vaz Pereira. Alguns DIretores também são entrevistados: Daniel Filho, Boni, e eles explicam como faziam para poder "amaciar" os censores. O filme anima charges antológicas que driblavam a Censura, mostra sketches dos primeiros programas de Tv "Faça Humor não faça a Guerra, Satiricon, A família Trapo, etc, com quadros que ficaram super famosos, além de dar um bloco inteiro para ícones como Chico Anysio, representado em vários personagens. Assistir a essa maravilha de filme é uma obrigação de todos que trabalham com humor, com roteiro, com direção. Parabéns à Equipe, principalmente a de pesquisa, por descobrir verdadeiras pérolas e poder presentear a platéia com essa relíquia. O mais triste é ouvir muitos desses artistas dizendo que com o fim da Censura, ficou mais difícil escrever e fazer Humor, porquê muito do que eles faziam dependia desse bloqueio criativo para funcionar. Tem uma piada que Ary Toledo conta que vou rir por dois anos seguidos. Outro bloco essencial é quando as atrizes falam sobre o papel da mulher no humor: ou faziam a gostosa, ou a feia, e Alcione Mazzeo foi uma das pioneiras em dizer que n!ao queria mais fazer esse tipo de personagem. Daniel Filho defende Darcy também como revolucionária sobre a participação da comediante nas comédias e não se sujeitarem ao papel erotizado.

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