sexta-feira, 8 de março de 2019
Nervos de aço
"Nervos de aço", de Maurice Capovilla (2014)
O Cineasta Maurice Capovilla deu uma entrevista dizendo que parte de um empréstimo que ele concedeu foi pago com discos do cantor Lupicínio Rodrigues. Ele aceitou, e acabou ouvindo os discos e fazendo uma pesquisa sobre o compositor. Estudando as letras das músicas, acabou escrevendo o roteiro de “Nervos de aço”, canção homônima de Lupicínio.
Lupicínio nasceu em Porto Alegre, e compôs mais de uma centena de músicas. Foi ele quem criou o termo “dor de cotovelo”. O próprio Lupicínio foi abandonado por várias mulheres e foi chorar mágoas em balcões de bar. Seus sambas-canções tinham como tema amores trágicos, desfeitos, traições, triângulos amorosos.
O filme acontece quase todo em um teatro em Porto Alegre. Joel, Diretor de teatro e cantor, está ensaiando um espetáculo musical para homenagear Lupicínio Rodrigues. A estrela do espetáculo é Maria Rosa (Ana Lonardi). Joel e Maria Rosa são namorados. Estão em crise pessoal e profissional. Maria Rosa luta para que as suas performances tragam dramaticidade, ela precisa entender o que está cantando, entender a angústia e sofrimento das letras para trazer emoção. Joel é contra, diz que ela apenas precisa cantar. Com a entrada em cena de Marcelo (Pedro Sol), violinista, as coisas pioram: Maria Rosa e Marcelo acabam se envolvendo.
Maurice trabalha em seu filme uma metalinguagem já desenvolvida em diversos filmes. Obra e criação se misturam. Carlos Saura já havia feito o mesmo com as suas obras –primas “Bodas de sangue” e “Carmen”, ambas acontecendo em um único espaço. Em “Nervos de aço”, muito acontece no teatro, mas existem algumas poucas externas para dar uma arejada na claustrofobia reinante.
A bela fotografia é de Lucio Kodato.
Em determinado momento, uma personagem pergunta ao Diretor Joel: “Por que Lupicínio?”, ao que Joel responde; “Eu adoro Lupicínio. Acho que ele tem uma observação da nossa alma, aquelas coisas que a gente tem um pouquinho de vergonha de falar. É super atual, é tragédia em estado bruto.”
O filme tem 90 minutos. É curioso, mas cansativo. Como musical, ficou faltando carisma dos personagens para o espectador torcer por eles. Arrigo Barnabé, que interpreta o Diretor, se sai melhor quando canta as músicas. Ana Lonardi é a melhor em cena.
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