sábado, 9 de março de 2019

O Clube dos Canibais

"O clube dos Canibais", de Guto Parente (2018) Excelente drama de terror brasileiro, dirigido pelo premiado Cineasta cearense Guto Parente, realizador dos igualmente consagrados internacionalmente “Doce amianto”, “Estrada para Ythaca” e “Inferminho”, entre outros. É incrível que muitos filmes de terror brasileiros não têm encontrado espaço no circuito ou quando entram, o público brasileiro não comparece. OS Festivais aqui no Brasil, quando não são direcionados para o gênero fantástico, simplesmente ignoram os filmes. Filmes recentes como “Boas maneiras”, “Morto não fala”, A sombra do meu pai”, “Animal cordial”, “A mata negra” dão orgulho à filmografia nacional: roteiro, fotografia, edição e principalmente, atores que valorizam em suas performances o que os textos lhe pedem, sem milindres. Aqui a ficha técnica é toda de primeira linha: a fotografia de Lucas Barbi, que não faz feio frente a nenhum produto americano ou europeu, criando atmosfera claustrofóbica de puro suspense; a edição de Luiz e Ricardo Pretti, dando um crescendo de tensão; a trilha sonora pulsante e aflitiva de Fernando Catatau e claro, o roteiro e direção de Guto Parente, dignos de palmas. Guto provavelmente estudou todos os grandes filmes de terror psicológico e de ação ( ‘Scarface” acredito ter sido referência, além dos irmãos Coen com “Onde os fracos não têm vez”), principalmente os que acontecem em uma única locação labiríntica. Os atores, fantásticos, provocam repulsa pelos seus personagens grotescos, enquanto Zé Maria, no papel do antológico capataz Zé Maria, prova ser um digno representante da linhagem de Charles Bronson: bruto e de poucas palavras. Guto homenageia aqui todos aqueles tipos solitários que defendem a sua moral. Claro que o foco do roteiro de Parente é provocar um pensamento sobre o País que vivemos: os ricos e muito ricos literalmente devorando os pobres. Uma classe de milionários de Fortaleza devora os seus empregados em ritual canibal. Otavio e Gilda (os incríveis Ana Luiza Rios e Tavinho Teixeira) são donos de uma empresa de segurança. Eles fazem parte de um Clube dos canibais, comandado pelo Presidente Borges ( Pedro Domingues, muito bom). Durante um jantar, Gilda testemunha algo que poderá fazer com que os canibais tenham como próximo alvo o casal. Os efeitos especiais são do grande Mestre de terror do Espírito Santo Rodrigo Aragão, diretor de “A mata negra”. O filme foi exibido em muitos Festivais Internacionais, incluindo o prestigiado Rotterdan, e até agora já ganhou diversos Prêmios nos Estados Unidos e Europa. O filme também capricha bastante nas cenas de sexo, bem viscerais, e nos de violência extrema. Prato cheio para quem curte o gênero.

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