terça-feira, 31 de julho de 2018

Histórias do Líbano: Gay, Trans e Ilegal

"Lebanon stories: gay, trans and illegal", de Benjamin Lister (2017) Ótimo documentário da Bbc, apresentando ativistas Lgbts no Líbano e a luta que eles travam diariamente para o reconhecimento da homossexualidade como um comportamento natural, e não uma doença ou segundo a religião muçulmana, um ato contra as leis naturais do homem. O Líbano possui o Artigo 534 do Código penal, que diz que são proibidos atos sexuais que contradigam a lei natural do homem. A polícia tem liberdade de prender um suspeito e fazer exame anal para saber se a pessoa teve ou não relação sexual. Caso se confirme, a pessoa pode ser presa por mais de um ano. O filme entrevista alguns integrantes da comunidade Lgbts. Todos falam da luta contra a homofobia. Mesmo assim, o Líbano é um dos poucos Países do Oriente médio onde a homossexualidade não é punida com a lei capital. Recentemente, houve um caso que pode ser o início de mudança para a severa lei contra os homossexuais: um juiz acatou a defesa de um casal gay, dizendo que "a homossexualidade é uma escolha pessoal, e não uma ofensa passível de punição". Um filme esclarecedor, que me trouxe um olhar totalmente diferente do que eu tinha acerca do País. E que paisagens lindas. Ótimos depoimentos de um padre, de uma modelo trans e de um ativista gay. A melhor parte, foi a de um famoso ativista, mostrando o aplicativo Grindr, onde mais de 90% dos perfis não possuem foto, pois as pessoas têm medo de represálias.

Everything beautiful is far away

"Everything beautiful is far away", de Peter Ohs e Andrea Sisson (2017) Escrito por Peter Ohs, essa fábula futurista me remeteu a "O mágico de Oz" e "O pequeno príncipe". Vencedor de vários prêmios, tem uma fotografia exuberante, filmado todo no Deserto da Califórnia. Lernert caminha sozinho pelo deserto, carregando consigo a cabeça da robô Susan. Lernert está em busca de um corpo para dar a Susan. No caminho, ele encontra uma jovem desacordada, Rola. ele a salva, e ambos vão em busca de um Lago sagrado, um lugar que dizem, é mágico e que poderá trazer água e comida para todos. Pensei ao final do filme, que curta maravilhoso teria saído dessa história. Mas como longa, faltou narrativa. O roteiro singelo não sustenta os quase 100 minutos do filme. O que mantém a atenção, é a fotografia, e a atuação dos dois atores. Ah sim, a trilha sonora é muito boa também.

Minha terra pura

"My pure land", de Sarmad Masud (2017) Longa de estréia do Cineasta Inglês/paquistanês Sarmad Masud, que também escreveu o roteiro, adaptando para as telas, a incrível história de Nazo Dharejo, sua mãe e sua irmã, lutando pela terra e pela casa herdada pelo seu pai. Nazo e sua família moram em uma casa construída pelo pai dela. Quando ele é preso injustamente, o tio de Nazo decide tomar a casa para si, alegando que na sociedade patriarcal e machista do Paquistão, os homens que devem comandar tudo. As 3 mulheres decidem então se armar até os dentes e proteger a propriedade. mas não contavam que 200 homens iriam cercar a casa e tentar tirar delas a qualquer preço, mesmo matando-as. "Minha terra pura" foi o filme escolhido pela Inglaterra para representá-la no Oscar de filme estrangeiro em 2018. Por ser falado em língua local e não a língua inglesa, o filme pode se habilitar a concorrer, mas acabou não sendo classificado para as finalistas. O filme é um faroeste paquistanês, e foi todo concebido dessa forma, como um filme de Sergio Leone, com direito a belas imagens de entardecer e amanhecer. A narrativa é construída de forma não linear, o que pode confundir espectadores pouco atentos: ele vai e volta em tempos distintos. Com belas atuações, o filme aposta no embate Bem Vs o Mal, e assim, conquista o espectador com o carisma de Nazo e sua família.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Alguma coisa assim

"Alguma coisa assim", de Esmir Filho e Mariana Bastos (2017) Eu sou um grande apaixonado pelo premiado curta homônimo que deu origem a esse longa. Exibido em 2006, o filme, ambientado em São Paulo, mostrava a amizade entre Mari ( Carol Abras) e Caio ( André Antunes). Mari sente paixão platônica por Caio, mas ele, ao se declarar gay, frustra a expectativa da amiga. O filme lidava lindamente com a questão do amadurecimento dos pós-adolescentes, de forma extremamente delicada e sutil. 12 anos depois, Esmir Filho e Mariana Bastos lançam o filme com os mesmos personagens, e tratam do difícil tema da aceitação de ser adulto. Agora já com quase 30 anos, os personagens já possuem outros itens incorporados ao seu dia a dia: aborto, casamento, separação, falta de moradia, busca de emprego, enfim, encontrar o sue lugar no mundo. E sim, Mari continua apaixonada por Caio. O filme acontece em 3 tempos distintos, editados de forma inteligente: 2006, usando cenas do curta; 2013, apresentando o casamento de Caio com seu marido e Mari como madrinha; e 2016, com Mari morando em Berlin e trabalhando como corretora de imóveis, e Caio indo para a capital alemã para fazer uma pesquisa sobre embriões e já divorciado. Nesse reencontro, antigas e novas rusgas da relação mal resolvida vêm à tona. Com bela fotografia e trilha sonora melancólica, o filme talvez frustre um pouco quem é fã do curta: os personagens deram lugar a uma Mari triste, e a um Caio sofrido. Saí do filme pensando o quanto é chato envelhecer, assumir responsabilidades. Talvez por isso eu seja tão apaixonado pelo curta, que apresenta um mundo idealizado e apaixonante.

Missão Impossível: Efeito Fallout

"Mission Impossible: Fallout", de Christopher McQuarrie (2018) Impossível mesmo, é acreditar que o Roteirista e Diretor desse novo filme da franquia, seja o mesmo roteirista do pavoroso "A múmia", também com Tom Cruise, e que enterrou de ver a pretensão da Dark Universe de ressuscitar filmes de monstros com Drácula, Frankenstein, etc. Com ação ininterrupta do início ao fim, em completo efeito de montanha russa, o filme consegue entreter o espectador 100%, e no desfecho, a gente ainda torce para que determinados personagens não morram. Sabe quando você fica torcendo? Além da ação, o filme reinjeta romance, e todo mundo sabe que não existe filme de mocinho sem que ele venda a alma para salvar a pele de sua amada. Com impressionantes cenas de perseguição efeitos de primeira linha e segundo dizem, Tom Cruise fazendo todas as cenas sem uso de dublês, o filme, mesmo não trazendo nada de novo em termos de roteiro (o que seria desses filmes sem os vilões que querem acabar com o mundo???), "Missão impossível" é uma aula de decupagem e de direção. Com um elenco nota 1000 ( o time de Ethan Hunt, formado pelos impecáveis Simon Pegg, Ving Rhames e Rebecca Ferguson, é de tirar o chapéu), acrescido de Henry Cavill e Michelle Monaghan, conta ainda com uma participação de Wes Bentley, ator que andava sumido e que pelo visto, será eternamente lembrado pelo seu papel em "Beleza americana". Programa imperdível.

domingo, 29 de julho de 2018

Severina

"Severina", de Felipe Hirsch (2017) Recentemente, o Cinema tem redescoberto uma filmografia que tem como tema, a paixão pelos livros. "A livraria", "A sociedade literária e a torta de casca de batatas", e uma nova versão do clássico "Fahrenheit 451". Nessa co-produção Brasil/Uruguai, escrito e dirigido pelo Diretor teatral Felipe Hirsch, o cinema flerta com vários gêneros: drama, romance e suspense, mais precisamente, em um tom que percorre o Cinema noir. E é mais no Cinema noir que Felipe Hirsch aponta a sua câmera: na figura da mulher fatal por quem o protagonista se apaixona. Me lembrei bastante também do filme de Cristopher Nolan, "The following", que apresentava um personagem que se encantava por uma pessoa e resolve entrar na vida dela por curiosidade e sedução. Um livreiro (Javier Drolas, do excelente argentino "Medianeras", e que já trabalhou com Felipe Hirsch no seriado "A menina sem qualidades") é dono de uma livraria. Ele promove eventualmente saraus na loja, ma sé um homem solitário e mora na mesma casa. Aspirante a escritor, o homem tem arroubos de imaginação. Um dia, ele percebe que uma mulher, Ana, constantemente entre em sua loja e rouba livros. instigado pela mulher, por quem se apaixona, ele decide entrar na vida dela e saber mais sobre essa mulher. O filme tem um excelente elenco que inclui Daniel Hendler, Alfredo Castro e Carla Quevedo, no papel de Ana. Com linda fotografia de Rui Poças, fotógrafo português cada vez mais presente na filmografia brasileira, "Severina' seduz e permite ao espectador seguir as armadilhas da narrativa, deixando-nos tentando adivinhar se o que seguimos é real ou fruto da mente fértil do livreiro. O filme concorreu no prestigiado Festival de Locarno, em 2017.

Mario

"Mario", de Marcel Gisler (2018) Drama suíço que tem como tema o tabu da homossexualidade dentro do Futebol. Mario é um promissor jogador, mas que se vê em conflito quando conhece a nova aquisição do time, Leon, um jogador alemão. Mario tem uma namorada, Jenny, e eles se amam. Mas ao dividir o mesmo quarto com Leon, durante um treinamento, o inevitável acontece: Leon o beija, e Mario se apaixona. Mas os outros jogadores acabam descobrindo, e Mario rompe com Leon, com medo de destruir a sua carreira profissional. O filme retrata de forma delicada o relacionamento do casal principal, e mostra bem o conflito pessoal e profissional de Mario, que precisa decidir entre seu amor e seu trabalho no time. Homofonia também é um tema na pauta do filme, que investe bastante no melodrama. O que prejudica é a longa duração: 130 minutos para apresentar ao espectador uma narrativa simples, que com certeza se resolveria em muito menos tempo.

sábado, 28 de julho de 2018

Jurasic world- Reino ameaçado

"Jurasic world- Fallen kinngdom", de J.A. Bayona (2018) A cópia da cópia da cópia da cópia da cópia. Assim é essa 5a parte da franquia bilionária de Steven Spielberg, que há 25 anos atrás, revolucionou a tecnologia no cinema, recriando dinossauros virtuais de forma impressionante. Mas passado todo esse tempo, parece que estamos exatamente o mesmo primeiro filme, de 1993: a mesma luta entre o bem e o mal, vilões mega caricatos, os coitados dos dinossauros novamente sendo explorados para comercialização e para uso das forças do mal. Nessa repetição da fórmula que o primeiro "King Kong" nos trouxe em 1933, o cineasta espanhol J.A. Bayona tem pelo menos o grande dom de trazer cenas muito bem dirigidas e arquitetadas, claro que com os efeitos especiais o ajudando na construção do clima e atmosfera, que ele já havia realizado tão bem em "O orfanato", "O impossível" e "Sete minutos depois da meia noite. Cris Pratt injeta carisma ao filme, Bryce Howard Dallas prova ter jeito para heroína e o elenco de apoio cumpre o que lhe é pedido, isso incluindo os gritinhos histriônicos da pequena Isabella Sermon, no papel de Maisie. J.A. Bayona faz a sua homenagem ao cinema espanhol, escalando a grande Atriz Geraldine Chaplin, que já havia trabalhado com ele em "O orfanato", para uma participação afetiva. E tendo o bom senso de não fazer ela ser devorada por um dinossauro.

Me beba

"Drink me", de Daniel Mansfield (2015) Filme inglês de baixíssimo orçamento, "Me beba" é um filme de vampiro Lgbts, com sexo quase explícito e uma produção tosca nível 1000, Filme B total, e por isso mesmo, divertido. Andy e James formam um jovem e bem sucedido casal gay, e moram em uma bela casa. Quando estão prestes a anunciar o casamento, Andy é demitido, e as finanças do casal apertam. Para ajudar no orçamento, eles resolvem alugar um dos quartos, e eis que surge Sebastian, um belo homem. Na vizinhança, pessoas têm desaparecido, e logo Andy passa a desconfiar que Sebastian seja um assassino. A cada 10 minutos do filme, existe uma cena de sexo, e em 80 % do filme, os atores estão totalmente nus. Para voyeurs, o filme é convidativo, mas para quem quiser uma boa história com boa produção, evite o filme imediatamente. Efeitos ruins, roteiro inexistente, atuação pífia. Mas diverte para quem curte tosqueira.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Um homem íntegro

"Lerd", de Mohammad Rasoulof (2017) Escrito e dirigido pelo iraniano Mohammad Rasoulof, "Um homem íntegro" é um angustiante drama sobre um homem honesto e que a todo custo, procura não se corromper com a sociedade e com a justiça, até o limite de suas condições fisicas e psicológicas para manter a união de sua família. Vencedor do prêmio de Melhor filme da Mostra "Um certo olhar", do Festival de Cannes 2018, o filme é uma espécie e parábola sobre o bem e o mal. Defendido com garra por uma dupla de atores fantásticos, interpretando o casal Reza e Habis, o filme nos apresenta a um ex-professor universitário, que perdeu sem emprego por reclamar da comida da fábrica, e sua esposa Habis, diretora de uma escola pública. Reza mantém um criadouro de peixes dourados para poder revende-los. Quando a água é cortada pelo seu vizinho corrupto Abbas, botando em risco os peixes, Reza passa a viver um jogo de gato e rato que o coloca em situação arriscada. Resta à sua esposa tentar manter a honra da família. Com ótima direção, o filme aborda temas como corrupção, crítica ao sistema social e educacional e conflito religioso. Li que o filme foi filmado de forma clandestina, e isso me instiga em querer saber como o Governo acaba aceitando um filme "proibido" que faz críticas ao seu governo. Vou procurar pesuisar mais sobre esse assunto. A cena da revoada de pássaros é antológica e tensa, fiquei com o coração apertado.

Corpornô

"Corpornô", de Fauller (2014) Registro filmado do espetáculo teatral performático do Grupo cearense de Teatro Cia Dita. Polêmico e controverso, o espetáculo é formado por 9 cenas independentes, que apresentam os atores em situações de pornografia explícita. A peça quer levar a discussão para a platéia: qual o limite entre erotismo e pornografia? Porquê é tão difícil aceitar a nudez? A primeira cena apresenta uma jovem andando na bicicleta, sentada em um vibrador gigante, inserido em sua vagina. O segundo, apresenta uma mulher fazendo "fisting"em seu parceiro ( e ela de verdade, enfia a mão inteira no ânus do rapaz). A partir daí, o que vemos são cenas de orgia, com todos transando implicitamente ao vivo. O que a peça quer enaltecer, é a presença feminina, em todas as cenas, como dominadora. Sem diálogos, o espetáculo, de quase 2 horas, provoca um silêncio absoluto da platéia presente, muitos, pelas suas expressões, absolutamente chocados com o que estão assistindo. Parabéns ao elenco, que se propôs a uma experiência visceral e radical.

quinta-feira, 26 de julho de 2018

O aviso

"El aviso", de Daniel Calparsoro (2018) Ótimo suspense espanhol, principalmente quem gosta de "Efeito borboleta" , irá curtir bastante esse filme. A trama é mirabolante, então melhor esquecer qualquer tipo de veracidade e aposte somente na fantasia que o roteiro propõe. Outra referência é o suspense de Jim Carrey, o controverso "Número 23", que falava sobre teoria de conspiração. O filme se passa em 2 épocas distintas: 2008 e 2018. Em 2008, Jon e seu amigo David param em um posto de gasolina. David acaba levando tiro em um assalto, e entra em coma. Jon é um matemático, e ao fazer uma pesquisa, descobre que o terreno onde fica o posto, em outras épocas, ocorreram assassinatos com coincidências em relação à idade das pessoas presentes e quantidade de pessoas. Jon procura evitar que em 10 anos, outro assassinato ocorra no local, mas ninguém acredita nele. O filme tem ritmo e personagens carismáticos, defendidos por bons atores. A trama prende o espectador, por mais bizarra que seja, porque a gente quer saber aonde tudo vai dar. Por mais que o desfecho seja muito inverossímel, a gente compra a proposta do filme. Ótima montagem, que intercala as épocas distintas.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Madame Hyde

"Mrs Hyde", de Serge Bozon (2017) Escrito e dirigido pelo cineasta francês Serge Bozon, "Madame Hyde" rendeu à Isabelle Huppert, o prêmio de melhor atriz no prestigiado Festival de Locarno, em 2017. Adaptação livre do clássico "O médico e o monstro", que já teve refilmagens cômicas com Jerry Lewis e Eddie Murphy, "Madame Hyde" é uma fantasia que procura fazer uma crítica feroz ao sistema educacional na França. Madame Géquil ( Huppert"é uma professora de ciencias, que leciona em uma ecsola secundária na periferia pobre de Paris. Ela sofre bulling de seus alunos, pouco interessados em suas aulas. Uma noite, enquanto trabalha em seu escritório na escola, ela se acidenta, levando um choque. Isso faz com que ela se torne uma mulher de chamas quando ela bem quiser. Assim, sua personalidade se transforma, e procura se vingar daqueles que a maltrataram. O filme procura brincar com a linguagem dos super heróis, inclusive abusando de efeitos especais. Mas a indefinição entre ser um filme de arte, um drama, ou comédia de humor negro, faz com que "Madame Hyde" não decole. É um filme estranho, bizarro, sem ritmo, que acredito, só terá interesse para fãs de Isabelle Huppert. Roman Duris faz uma participação como o Diretor da escola, em personagem caricato, quase um cartoon.

Sexy por acidente

"I feel pretty", de Abby Kohn e Marc Silverstein (2018) Filme de estréia da dupla Abby Kohn e Marc Silverstein, roteiristas de comédias românticas de sucesso, como "Nunca fui beijada"e "Ele não está tão a fim de você". A comédia aposta no sucesso da comediante Amy Schumer. Fazendo uma mistura de "O amor é cego"e "O diabo veste Prada", "Sexy por acidente" nos apresenta a Renne, uma mulher com baixa auto-estima, e que trabalha na linha online de uma famosa marca de cosméticos voltadas para mulheres lindas e de sucesso, administrada por Avery ( Michelle Willians, ótima). Renne procura aumentar um pouco a sua chance de conseguir um namorado ao se inscrever em uma academia de ginástica, mas ao sofrer um acidente, ela acredita estar linda e esbelta, apesar de eu corpo continuar o mesmo. Com a auto-estima elevada, Renne vai ganhando novas amizades e postos de serviço, mas a um custo que ela pagará um alto preço depois. Com um divertido elenco de apoio, "Sexy por acidente" tem tudo aquilo que se espera em uma comédia romântica: boas piadas, mensagens positivas sobre a vida, profissão e relacionamento e a virada da protagonista que a faça repensar a sua postura diante da vida. Amy Schumer está carismática, e aqui, ela segura a onda de seu costumeiro humor grosseiro, apostando em piadas menos infames. Boa sessão da tarde.

Noites quentes de verão

"Hot summer nights", de Elijah Bynum (2017) Filme de estréia do roteirista e cineasta americano Elijah Bynum, "Noites quentes de verão" tem como protagonista Timothée Chalamet, que ganhou fama após o sucesso de "Me chame pelo meu nome". Aqui, ele interpreta Daniel, um rapaz de 18 anos que acaba de perder seu pai. Sua mãe fica preocupada com o isolamento social de Daniel, e resolve mandá-lo para a casa de sua irmã, em Cape Cod, região praiana de Massachussets. O ano é 1991, o mesmo do Furacão Bob, que provocou grande estrago na região. Antes do dia do furacão, Daniel conhece Hunter, o gostosão da cidade e também fornecedor de maconha para os visitantes praianos. Ao ajudar Hunter em esconder a droga durante uma batida policial, Daniel se torna amigo dele, e propõe que ambos montem um negócio de venda de drogas. Mas Daniel acaba conhecendo McKayla ( Maika Monroe, de "A corrente do mal"), por quem se apaixona, sem saber que ela é irmã de Hunter. Hunter descobre o flerte e proíbe Daniel de reencontrar McKayla, em uma demonstração de ciúme possessivo. Mas Daniel o desobedece. O Cineasta Elijah Bynum esbanja estilo no filme, com uma pegada de filmes anos 80: cores hiperrealistas, trilha sonora que transita entre o som dos anos 80 e 90, e um visual totalmente vintage. Mas a preocupação com a embalagem prejudicou o filme: o roteiro é morno, o ritmo é lento. O elenco principal está bem, mas falta charme e carisma aos personagens. Uma pena: dá para ver que gastaram uma grana no filme, e o resultado ficou bem mediano.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Handsome devil

"Handsome devil", de John Butler (2016) Escrito e dirigido por John Butler, esse drama irlandês sobre saída do armário é um coming of age e "feeling good movie"que me fez chorar por horas. Para quem foi apaixonado pelo seriado "Glee", esse filme é um prato cheio, que irá te fazer se relembrar dos personagens da serie musicada que se passa toda numa high school. Ned é um adolescente retraído. ele é obrigado pelos seus pais a se matricular em uma escola masculina. Conor é o gostosão e melhor jogador de rugby que acaba tendo que dividir o mesmo quarto com Ned. entre eles, existe toda uma diferença, mas logo, perceberão que eles estão mais próximos do que se imagina. Com uma linda performance doa dupla principal, o filme tem todos aqueles chichês que se espera de um filme adolescente sobre "outing": treinador machista e homofóbico, o professor compreensivo, os pais ausentes, o diretor por cima do muro, e claro, uma trilha sonora pop deliciosa. Mas tudo isso é administrado com muita delicadeza e bom humor pelo diretor John Butler. É um filme correto, previsível, e com aquele final redentor que irá agradar a todos. Ótima pedida para se assistir com amigos que queiram torcer pelos seus personagens e se emocionar.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Foxtrote

"Foxtrot", de Samuel Maoz (2017) Diretor do excelente "Líbano", o Cineasta israelense retorna com "Foxtrote", onde também assina o roteiro. Vencedor do Grande Prêmio do Juri em Veneza 2017, além de inúmeros de outros prêmios em festivais internacionais, "Foxtrote" é um filme extraordinário, dividido em 3 atos. O filme chegou a ser banido pela Ministra da Cultura israelense, revoltada com a premissa do filme, e que promoveu uma Campanha para proibir o Governo israelense de financiar filmes que denegrissem a imagem do exército. O argumento do filme veio de um fato que aconteceu com a filha do Cineasta. Ele havia negado fornecer dinheiro para ela ir até a escola de táxi, pois ela estava atrasada e ele a culpou pelo atraso. Acabou a obrigando a pegar um ônibus. Ao chegar em casa, ele descobriu que o ônibus que ela estava tinha sido explodido. Atormentado pelo sentimento de culpa, ele soube horas depois que ela estava sã e salva. O título do filme vem da dança popular, famosa por seus movimentos longos e repetitivos, uma metáfora do filme de que as fatos nas nossas vidas, muitas vezes vêm e voltam para o mesmo ponto de partida, dando a sensação de que nada avança. No 1o ato, uma família descobre que seu filho morreu durante um combate. Os pais de Jonathan passam o dia em luto e depressão profundos, tentando entender o sentido de tudo. No 2o ato, um grupamento de 4 jovens soldados cumprem serviço em uma fronteira. Cabe a eles inspecionar todo mundo que quer atravessar a guarita. No 3o ato, voltamos à mesma famiíia do início do filme, ainda tentando sobreviver ao luto pela perda do filho. O filme tem várias cenas antológicas: a cena da dança na fronteira, a cena do pai no 1o ato, em um trabalho extraordinário do Ator Lior Ashkenazi, de verdade, assombroso. Direção, fotografia, montagem, e um roteiro poderoso, que me lembrou a costura feita por Tarantino em "Pulp fiction

Bergman 100 anos

"Bergman- A year in a life", de Jane Magnusson (2018) Exibido em Cannes em 2018, o documentário comemora 100 anos do nascimento de um dos Artistas mais influentes e premiados da História. Ele ganhou 3 Oscars, Leão de Ouro, Urso de Ouro, a Palma das Palmas ( Honraria concedida apenas uma vez na história de Cannes) entre outros. A documentarista Jane Magnusson apresenta Ingmar Bergman como sendo o artista sueco mais importante da história do país, segundo depoimento de um Diretor local, e mostra ao espectador o porquê desse apreço do Mundo pelo Cineasta, roteirista, Diretor de tv e Teatro. Um Ator que passasse por suas mãos, teria garantido uma carreira no exterior. Bergman ganhou um status tão poderoso, que os críticos tinham medo de falar mal de algum produto seu. O filme apresenta também um Bergman tirano, ciumento, um "Predador", "Carnívoro", que quiz destruir a carreira de um jovem Ator e Diretor, Thorsten Flinck, pelo simples ciúme da juventude dele e de seu talento. O filme contém depoimentos de atores, técnicos e críticos influentes que falam o quanto ele sabia dirigir atores e extrair o máximo deles. Outro fato óbvio: Bergman retratava em seus filmes, seus demônios interiores. Medo da morte, repressão familiar, alma feminina, neuroses, etc. Neurótico, repleto de manias (só comia yogurte sueco e biscoito Maria) , o filme contém histórias muito divertidas acerca da vida pessoal e profissional de Bergman. Confesso que ri muito no cinema ao ouvir a história sobre o ator Gunnar Björnstrand, que interpreta um PAdre no filme "Luz do inverno". Achando que Gunnar era uma pessoa muito feliz, Bergman chamou seu médico que desse um diagnóstico errado para o ator, dizendo que ele estava seriamente doente. Com essa informação, Gunnar ficou depressivo e assim, conseguiu fazer o filme como Bergman havia imaginado. Tirano? Herói? Deus? Um pai de família ausente? Que casa um interprete o seu Bergman preferido.

Dedo na ferida

"Dedo na ferida", de Silvio Tendler (2018) Ao assistir a esse documentário do realizador de "Jango" e "Os anos Jk", imediatamente 3 filmes me vieram à mente: "Capitalismo, uma História de amor", de Michael Moore, "Inside Job", de Charles Ferguson e "A grande aposta", de Adam McKay. Essas lembranças me vieram justamente porquê sou totalmente leigo em economia e fiquei com aquela sensação de achar que tinha entendido todas as explicações didáticas faladas em economês, mas no fundo, eu queria ter feito algum curso básico para poder captar melhor as informações. Economistas, o ex ministro da economia grego, Celso Amorim, professores, economistas e toda uma sorte de palestrantes exploram em seus discursos, a tese que o filme levanta: de que os ricos estão casa vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres. Bom, absolutamente toda a população conhece de cor e salteado essa frase. Mas o filme procura fazer uma análise mais profunda sobre os motivos desse grande abismo social e econômico existente entre a base e o topo da pirâmide: a grande fome dos banqueiros, políticas de privatização, reforma trabalhista que vai contra os direitos do trabalhador, etc etc etc Paralelo dos aos depoimentos e imagens de arquivo e grafismos, o filme apresenta 2 personagens populares, ambos provenientes de Japeri, considerado o município mais pobre do estado do Rio de Janeiro. Anderson, podólogo, que trabalha em Copacabana e leva 2 horas de deslocamento todo dia para chegar ao trabalho; e um grupo de Teatro chamado "Conduta", formado há mais de 10 anos, e que banca com recursos próprios de seus integrantes, para poder levar à população local, peças que os façam refletir sobre a sua condição social. Fico na torcida para que façam um documentário sobre esse grupo de teatro, que deve ter histórias ótimas para contar ao público. O filme ganhou o prêmio de melhor documentário do juri popular do Festival do Rio 2017.

Spear

"Spear", de Stephen Page (2016) Filme-Dança Australiano, vencedor de vários prêmios internacionais. Dirigido pelo consagrado Diretor artístico e coreógrafo australiano Stephen Page, que coordena o prestigiado Bangarra Dance Theatre. Nesse seu filme de estréia, Page trabalha com metáforas, sem utilizar diálogos. Extremamente poético e cinematográfico, "Spear" trata de tema muito importante: a questão do aborígene australiano, sufocado pela colonização, e a presença da modernização como fator determinante para o extermínio dessa cultura. O filme também lida com o tema da iniciação ritualística de um jovem nativo nas tradições dos aborígenes, através da dança e da música. Belamente filmado em locações urbanas de Sidney e também na paradisíaca Ilha de Cockatoo, o filme tem fotografia estonteante. É um filme para apaixonados por dança contemporânea. Durante 90 minutos, o grupo apresenta coreografias viscerais, enaltecendo o masculino cm muita sensualidade. O filme lembra bastante "Pina", de Win Wenders. Quem gostou, não deve deixar de assistir "Spear".

domingo, 22 de julho de 2018

O caso do homem errado

"O caso do Homem errado", de Camila Lopes de Moraes (2017) Instigante documentário, que retrata o caso de Júlio César de Melo Pinto, jovem trabalhador negro que acabou sendo assassinado pela brigada militar do Rio Grande do Sul no dia 14 de maio de 1987. Julio estava voltando para casa, quando presenciou um assalto em um supermercado. Ao se aproximar da multidão, ele teve uma convulsão ( sofria de epilepsia), caiu no chão e se machucou. Alguns populares o acusaram de ser um dos assaltantes e logo a polícia o colocou em um carro,. Horas depois, ele apareceu morto, com dois tiros. Um repórter do Zero Hora fotografou o momento de Julio entrando com vida no carro da polícia, apenas com machucados provocados pela sua queda. O caso se tornou um escândalo na época, mas logo foi abafado. Conhecido como "O caso do homem errado", o documentário procura avaliar a estatística de assassinatos de negros, tanto na época quanto nos dias de hoje, e avalia que pouca coisa mudou. O filme termina com a seguinte questão: Existe homem certo? Existe homem errado? Entrevistando familiares, a viúva, advogados, amigos, etc, Camila faz um alerta de que a sociedade continua praticando o racismo. Um dos depoentes diz que o Brasil se vangloria de não ter racismo, e logo desmente essa tese. Juçara Pinto,a viuva, em depoimento emocionante, perdeu seu rumo. Não casou de novo, não teve filhos, não seguiu carreira como professora. Como ela mesmo diz, sua vida parou. O filme acerta ao contar a história com ótimos depoimentos, de forma simples, sem estilizações e maneirismos de cãmera.

Ferrugem

"Ferrugem", de Aly Muritiba (2018) Diretor dos premiados "Para minha amada morta" e 'Tarântula", Aly Muritiba muda radicalmente de temática e aposta no drama sobre a adolescência e o bullying. Temas comuns do longa "Elefante", de Gus Van Sant, e do seriado da Netflix, "13 reasons why", "Ferrugem" tem um sabor bem brasileiro: rodado em Curitiba, com um ótimo elenco de jovens talentosíssimos, que dividem a tela com os experientes Henrique Diaz e Clarissa Kiste, excelentes como os pais de Renet ( Giovanni de Lorenzi), um jovem estudante atormentado com uma tragédia que se abateu no colégio aonde estuda. Tifanny Dopke, no papel de Tati, a personagem que costura o filme, também é uma bela surpresa. Bem dirigido, com perfeito domínio de cena e de marcação de movimentação, o filme se constrói através de planos longos, reflexivos. Doloroso, o filme propõe um debate acerca de temas muito comuns ao universo adolescente: falta de comunicação com os adultos, a rede social usada como arma, o bullying, o desprezo, o isolamento e depressão entre jovens. Nessa falta de perspectiva de um mundo melhor para a juventude, o filme abre caminho para reflexão e quem sabe, mudar o rumo de quem acha que não existe solução para os seus problemas. Tecnicamente impecável, com lindas locações e bela fotografia de Rui Poças. O filme foi selecionado para o Festival de Sundance 2018, na Mostra competitiva World Cinema.

sábado, 21 de julho de 2018

A cidade do futuro

"A cidade do futuro", de Marília Hughes Guerreiro e Cláudio Marques (2016) Dirigido pela dupla de cineastas baianos Marília Hughes Guerreiro e Cláudio Marques , "A cidade de futuro" mescla os gêneros drama e documentário para fazer 2 denúncias: apresentando o Município baiano de Serra do Ramalho, que foi criada após a expulsão dos moradores ribeirinhos nos anos 70, que viviam à margem do Rio São Francisco. O governo lhes prometeu casa, saúde educação próximos aonde viviam, mas a verdade é que foram realocados a mais de 20 kilometros de distancia, sem qualquer tio de assistência. É nesse local que moram Gilmar, Igor e Milla. Esses 3 jovens vivem um poliamor, que acaba sendo a segunda denúncia do filme: mostrar a intolerância da população, frente à sexualidade assumida dos 3 protagonistas. Gilmar e Milla são professores de uma escola pública, e vivem uma relação. ela está grávida. Gilmar e Milla têm amantes do mesmo sexO; Gilmar também namora Igor, um vaqueiro, e Milla uma outra mulher. Mas quando a população se sente incomodada com essa relação aberta, os personagens passam a sofrer preconceitos. Com um elenco formado por não atores, o filme leva à tona o método de Robert Bresson: um cinema anti-naturalista, onde os "atores"não interpretam. Bresson os chamava de "modelos', e o mais importante, era recitar as falas, sem emoção. Para o espectador comum, o filme pode ser muito difícil de ser assistido, não somente pela sua narrativa, quanto pelas performances. No entanto, quem o assistir, irá se deliciar com cenas isoladas divertidas, que mostram um Brasil do interior ao mesmo tempo brega e careta.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Encantados

"Encantados", de Tizuka Yamasaki (2017) A Cineasta Tizuka Yamasaki tem em sua filmografia, histórias dominadas por mulheres. E não poderia ser diferente no sue premiado "Encantados". Aqui, ela leva às telas a história incrível de Zeneida, uma Pajé que vive na Ilha de Marajó. O filme é uma adaptação do livro escrito pela própria Pajé, contando a sua trajetória como uma 8 filhas de um casal formado por um político ( José Mayer) e uma dona de casa ( Leticia Sabatella). O político transfere a sua família para a Fazenda Independência, situada na Ilha de Marajó. É ali que a pequena Zeneida ( Carolina Oliveira) tem a sua iniciação como Pajé, sendo atraída pelos Encantados ( seres místicos da natureza), em especial, Antonio ( Thiago Martins). Os pais de Zeneida acham que ela está louca, e a seu favor, apenas a criada vivida por Dira Paes e o curandeiro indígena vidido por Angelo Antonio. O filme, belamente fotografado por Antonio Luis, e com locações mágicas no Norte do País, em um elenco de apoio de peso, formado por Cassia Kiss, Laura Cardoso, Anderson Mueller, entre outros. A história é repleta de misticismo e crendices, e assim como em "Peixe Grande e outras histórias", de Tim Burton, acredite quem quiser, mas os fatos comprovam a existência de tudo o que é relatado.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Cartões postais de Londres

"Postcards from London", de Steve McLean (2018) Escrito e dirigido pelo Cineasta inglês Steve McLean , "Cartões postais de Londres" faz parte de um cinema de afetação visual, dirigido para espectadores que gostam de filmes estilizados e kitsch. Para quem ama a filmografia de Derek Jarman, Peter Greenaway, ou mesmo filmes cults como "Querelle", de Fassbinder, ou "Veneno", de Todd Haynes, esse pode ser o filme certo, apesar de que aqui, o roteiro não tem muita linha narrativa, com uma história fraca. Jim ( Harris Dickinson, de "Ratos de praia") sai de sua casa, Essex, para tentar a vida em Londres. Ele quer ampliar a sua relação com a arte erudita e a pintura. N entanto, ele é assaltado, e acaba indo trabalhar em uma agência de escort boys, denominada “Raconteurs”. A diferença é que nessa agência, os clientes não buscam sexo, e sim, garotos de programa eruditos e intelectualizados, que discutem arte enquanto são apreciados como "Musos" por seus clientes. Sim, é um filme estranho, com um roteiro bizarro e pouco atraente. Tudo é feito para buscar uma estilização visual, que nem chega a arrebatar. Falta lirismo, falta sensualidade, falta energia e pulsação.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Disco Limbo

"Disco Limbo", de Fredo Landaveri e Mariano Toledo (2016) Filme argentino que mescla drama Lgbts, video-arte, experimentação, video-game e grafismos, "Disco Limbo" tem um fiapo de história: David, jovem gay, vai até uma balada e lá ele conhece Lucio, por quem se apaixona à primeira vista. Mas Lucio desaparece, e David vai em sua busca. Para contar essa história, os dois cineastas se apropriam de uma linguagem moderna de video-grafismo, que lembra um pouco os filmes de Peter Greenaway dos anos 80 e 90, porém, sem a mesma força artística. Aqui tudo sôa pedante, uma experimentação sem razão de ser. Chato de acompanhar, personagens sem carisma e a única coisa que gostei, foi da música que toca no final, "En medio de una festa".

Histórias de fantasmas

"Ghost story", de Jeremy Dyson e Andy Nyman (2017) Adaptação cinematográfica da peça teatral homônima, foi escrita e dirigida pelos próprios autores. Andy Newman ainda protagoniza esse filme de suspense inglês, no papel do Professor Goodman. Obviamente que o filme tem muito de "Invocação do mal", terror de sucesso de James Wan. E mais: se Ingmar Bergman fosse dirigir um filme de terror, baseado nas neuroses e traumas dos seus protagonistas, provavelmente "Histórias de fantasmas" poderia ter sido uma de suas realizações. Cheio de surpresas na narrativa, com direito a um plot twist final que surpreenderá a todos, o filme apresenta o professor Goodman, um apresentador de tv e estudioso dos falsos casos de paranormalidade. Ele recebe um chamado de um paranormal que desapareceu da mídia, e que lhe incumbe de 3 casos de sobrenatural, que provarão o Professor Goodman que fantasmas existem. Com um elenco que vai de atores desconhecidos aos talentosos Martin Freeman ( de "Senhor dos anéis" e "Pantera negra") a Alex Lawther, um jovem talento inglês, o filme mescla drama, suspense e terror. A fotografia favorece bastante a atmosfera do filme, principalmente nas cenas noturnas. Muitas referências cinematográficas, entre elas, "It", "Evil dead" e as antologias de terror dos anos 80.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Siberia

"Siberia", de Matthew Ross (2018) Chocado como que, depois do mega sucesso da franquia "John Wick", Keanu Reeves conseguiu fazer um filme tão mequetrefe como esse "Siberia". "John Wick"foi o filme que colocou Keanu Reeves de volta ao topo dos blockbusters de sucesso de público e crítica, após um longo período de filmes fracassados. Mas parece que o cineasta Matthew Ross resolveu aproveitar o sucesso do personagem e realizou um sub-sub John Wick, sem 5% da astúcia dele. Lucas Hill ( Reeves) é um negociador de vendas de diamantes azuis, que deixa sua esposa ( Molly Ringwald, musa dos filmes de John Hugues, relegada a 5 segundos de tela, e ainda assim, dentro de uma tela de Skype!!!!!! Inacreditável!!!!) para viajara San Petersburg, na Rússia, para negociar os diamantes para u poderoso local, que logo ele descobre ser um mafioso. Lucas acaba indo para a SIberia para descobrir o paradeiro do seu contato russo, e lá, ele conhece Katya (Ana Ularu), uma atendente de um bar, por quem ele se apaixona. Principal problema do filme: totalmente indefinido entre querer ser um filme de ação, que ele não é ( somente nos 6 minutos finais a gente v6e um tiroteiro meia bomba) e um filme de romance. Nada funciona. O filme é arrastado, a trama é sem sal e o desfecho, inacreditável!!!! Acaba do nada. Descobri que o filme nem foi filmado na Siberia, e sim, no Canadá. Propaganda enganosa. Keanu Reeves é um ator carismático, mas que precisa ser dirigido. Ele é bastante limitado, e aqui, ele não está nada bem.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Hotel Transylvania 3: Férias monstruosas

"Hotel Transylvania 3: Summer vacations", de Genndy Tartakovsky (2018) Dirigido pelo mesmo Diretor dos outros filmes da franquia, e também do desenho "O laboratório de Dexter", "Hotel Transylvania 3" tem como protagonista o Conde Dracula, com Adam Sandler na voz original. O filme começa com um prólogo que acontece no final do Séc XIX, apresentando o Dr Van Helsing, caçador de monstros e obcecado em matar Dracula. Depois o filme continua com os dias atuais, e mostrando mais uma vez o Hotel Transylvania, lar dos monstros que querem descansar e administrado por Dracula e sua filha, Mavis ( Selena Gomez, na voz original). Mavis compra um pacote de férias para que seu pai descanse, e toda a família e amigos seguem viagem. Mas o inesperado acontece: Dracula se apaixona pela Capitã do cruzeiro, Ericka, uma humana, que tem um plano secreto de eliminar todos os monstros. Curiosamente, a sub-trama desse desenho lembra um pouco o de "Os incríveis 2", onde o desfecho também acontece dentro de um cruzeiro e com a vilã querendo eliminar todos os super heróis. Mas aqui o tipo de humor é outro: mais voltado para as crianças, com piadas ingênuas e algumas modernidades, como o Tinder de Monstros. em uma cena muito divertida. No geral, o filme é simpático, rende muito boas piadas, e os personagens são bem carismáticos.

domingo, 15 de julho de 2018

À procura

"Auf der suche", de Jan Krüger (2011) Escrito e dirigido pelo Cineasta alemão Jan Krüger, "À procura" participou do Festival de Berlin em 2011. O filme é um bom drama road movie, com temática Lgbts. Valerie é mãe de Simon, jovem médico alemão que trabalha em Marseille. Preocupada que ele não entra em contato há dias, ela resolve viajar até a França, junto de Nico, ex-namorado do filho, para que juntos, busquem pelo paradeiro do rapaz. Com ótimas interpretações, o filme apresenta belíssimas locações em Marseille. O drama mostra uma relação entre uma mãe e o ex-namorado do filho, mas durante toda a narrativa, é como se Nico fosse o filho de Valerie. Um filme de descobertas, reencontros, perdas e lamento. Triste, "À procura" é bastante decente, e para quem gosta de dramas intimistas independente, vai curtir bastante.

sábado, 14 de julho de 2018

Grande lenda

"Big legend", de Justin Lee (2018) Que filme ruim! Roteiro, performances, efeitos, maquiagem, edição, tudo!!!!! Produção de baixo orçamento americano, o filme se apropria da Lenda do Pé Grande e conta a história de um casal que passa o final de semana na floresta. De noite, a noiva desaparece, sem deixar vestígios. Um ano se passou, as pessoas pensam que um urso atacou a noiva. Mas o noivo decide voltar pra floresta, e logo descobre que o Pé Grande existe. Vou contar logo o final, inacreditável! Após tentar matar o Pé Grande, sem sucesso, o rapaz é trazido para o Hospital, gravemente ferido. Ao recobrar os sentidos, ele é procurado por Lance Kenriksen ( o andróide de "Alien, o 8o passageiro"), que quer recrutar o rapaz para fazer parte de um time de caçadores de MONSTROS!!!!!! E assim, o filme termina com a cartela "Continuará no filme "The monster chonicles! Não sei nem o que dizer! Fosse ruim ruim, seria divertido. Mas o filme é apenas ruim.

Deixa a luz do sol entrar

"Un beau soleil intérieur", de Claire Denis (2017) Vencedor de um Prêmio especial em Cannes 2017 na Mostra Quinzena dos realizadores, "Deixe a luz do sol entrar"é um filme de mulheres realizado com muita delicadeza por Claire Denis, uma das cineastas francesas que mais admiro. No entanto, esse é o filme que menos gostei dela. Extremamente verborrágico ( tudo bem, a personagem Isabelle, de Juliette Binoche, gosta de discutir relação), o filme e entediou boa parte da narrativa. Tecnicamente ele é perfeito, assim como a performance de Binoche, uma Atriz polivalente acima do bem e do mal. Isabelle, uma pintora, está na casa dos 50 anos. em crise, ela quer encontrar o par perfeito, o homem ideal para dividir os seus dias. Ela tenta, mas nenhum dos seus pretendentes preenche esse espaço: tem um bancário casado, tem um ator egocêntrico, tem o ex-marido e pai de sua filha, e muitos mais, até terminar em uma cena com Gerard Depardieu, que interpreta um terapeuta na última cena do filme. Como curiosidade, é a primeira vez que os 2 contracenam em um longa.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

A memória de um assassino

"Salinjaui gieokbeob", de Won Shin-yeon (2017) Adaptação do livro de Kim Young-ha, "A memória de um assassino" é um interessante trhiller de suspense, que parte de uma ótima premissa: Byung-su, um serial killer que sofre de Mal de Alzheimer, está há 17 anos sem matar e esqueceu de seu passado como assassino. Ele cuida de sua filha, e começa a suspeitar de que o novo namorado dela, um policial, é um serial killer que anda matando garotas na região. Mas as memórias traem Byung-su: será ele mesmo esse assassino, ou de verdade, existe um novo serial killer, e ele deve proteger sua filha de ser a próxima vítima? O filme tem alguns twists, mas a do desfecho me confundiu bastante. De qualquer forma, o filme tem ótimas cenas de ação ( a cena do acidente de carro é muito bem realizada) e os atores estão ótimos, com destaque para Kyung-gu Sol, no papel difícil de Byung-su. Vale assistir e se divertir com esse ótimo passatempo.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Escobar- A traição

"Loving Pablo", de Fernando León de Aranoa (2017) Adaptação cinematográfica do livro autobiográfico "Amando Pablo, odiando Escobar", escrito por Virginia Vallejo, uma repórter colombiana e amante de Pablo Escobar. Dirigido pelo espanhol Fernando León de Aranoa, que realizou os bons "Princesas" e "Segunda feira ao sol"( sua 1a parceria com Javier Barden), "Escobar- a traição"tem um grave problema: com um elenco formado em quase toda sua totalidade por atores latinos, é lastimável a decisão dos produtores em fazer o filme ser falado em inglês. Pior: vez ou outra, os personagens soltam expressões em espanhol, o que torna tudo muito tosco. Pior ainda: a terrível caracterização, principalmente de Penelope Cruz: perucas, figurino exageradamente cafona. Tudo muito dificil de se aceitar. o que é uma pena, pois percebe-se o alto custo da produção, com muitas cenas de ação, efeitos, figuração, etc. O filme acompanha o envolvimento da repórter Virginia Vallejo, que conheceu Escobar ainda antes dele se tornar o famoso traficante. Ela se deixou levar pela figura humanista de Escobar, que ajudava pobres, fazendo doações, e que também, a presenteava com uma vida glamurosa. Paralelo, acompanhamos a glória e derrocada de Escobar, até sua morte. O problema do roteiro, é que deveria ser todo sob ponto de vista de Virginia. Só que lá pela terça parte final, ela simplesmente desaparece, e Essobar assume o protagonismo. O off que explica o filme, de Penelope Cruz, também torna-se desnecessário, pois é tudo bastante redundante. Javier Barden faz um bom papel apesar da barriga falsa. Penelope Cruz se torna prejudicada pela sua caracterização, e Peter Sarsgaard, no papel do agente da DEA americano, faz o que pode em seu personagem sem força. Uma pena ver tanto dinheiro gasto em um filme que poderia render tanto, mas a história já se tornou tão batida e conhecida do público, que tudo parece um grande deja vu.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Minha filha

"Figlia mia", de Laura Bispuri (2018) Poderoso drama italiano, "Minha filha" competiu no Festival de Berlin 2018, e infelizmente, não levou nenhum prêmio. Uma das grandes injustiças foi não ter sido agraciado com um Prêmio de interpretação feminina, que poderia perfeitamente ter sido dividido pelo trio principal: Valeria Golino, Alba Rohrwacher e Sara Casu, respectivamente. Tina, Angelica e Vittoria. "Minha filha" é um filme dirigido por uma mulher e totalmente protagonizado por elas. Os homens têm participação secundária no projeto, e mesmo assim, são vistos como covardes, mau caráter, aproveitadores e machistas. É um filme dos novos tempos, de reafirmação do gênero feminino e da sua força através da ajuda de uma mulher à outra mulher. em uma região pobre de pescadores na Sardenha, vivem Tina, sua filha Vittoria e a amiga de Tina, Angelica. Angelica é uma alcóolatra que se joga nos braços do primeiro homem que aparece. Angelica está endividada, e pede ajuda à sua amiga Tina. Logo, descobrimos que Vittoria na verdade, é filha de Angelica, mas que a cedeu à Tina para criar por não ter condições para tal. Tina tenta esconder Angelica de Vittoria, mas logo ela percebe a verdade e se aproxima de Angelica, provocando tristeza em Tina. Com um roteiro que passeia pelo melodrama, a cineasta Laura Bispuri filma tudo com bastante delicadeza e virulência, assim como são as personagens de Tina e Angelica. As locações áridas complementam essa trajetória melancólica e sofrida dessas 3 mulheres, em um filme que poderia ter sido uma renovação do neo -realismo italiano. A cena final é de uma beleza estonteante. Alba Rohrwacher é uma atriz que eu acompanho já tempos, e é de um talento irrepreensível. Um filme que merece ser visto por quem gosta de dramas familiares com ótimos diálogos e performances poderosas.

terça-feira, 10 de julho de 2018

Hannah

"Hannah", de Andrea Pallaoro (2017) Escrito e dirigido pelo Cineasta italiano Andrea Pallaoro, "Hannah" proporcionou à Charlotte Rampling, o Premio de melhor Atriz no Festival de Veneza 2017. O filme deveria ser obrigatório a todos os atores assistirem: é uma aula de interpretação de Charlotte Rampling, que atua de forma minimalista e naturalista, economizando nas expressões, mas trazendo em seu olhar todas as emoções possíveis. Rampling é um Monstro! O filme desnuda por completo Hannah: quem é essa mulher, que a câmera insiste em acompanhar? Hannah pega metrô para ir para casa, para o trabalho, para as aulas de teatro, para a natação. Partindo do princípio de que todo mundo num metrô é anônimo, o filme resolve acompanhar a história de Hannah. Qualquer um dos figurantes do metrô poderiam render um filme. Mas afinal, o que esconde Hannah? Qual o mistério sobre a sua vida? Descobrimos que o marido dela vai preso, incriminado por seu próprio filho. Hannah trabalha como empregada doméstica. Hannah extravasa suas emoções na aula de Teatro e nas aulas de natação. Seu filho a proíbe de ver sue neto. O filme não oferece explicações, mas penso que tudo pode estar envolvido em um caso de pedofilia. Mas o filme é minimalista. Acompanhamos durante quase 100 minutos, uma rotina totalmente sem vida de Hannah, em afazeres sem muitos atrativos. E é através dessa rotina sem cor e sem vida, que vamos tentando entender quem é essa mulher. O filme tem um ritmo extremamente lento, e praticamente nada de relevante acontece na tela. é um filme expositivo. Muitos espectadores irão se irritar com o filme. Mas para quem curte um olhar documental, talvez goste do filme. Eu gostei, mas muito por conta do talento extraordinário de Rampling

segunda-feira, 9 de julho de 2018

4 dias na França

"Jours en France", de Jérôme Reybaud (2017) Assistir a "4 dias na França" não é uma experiência fácil para o espectador. São 140 minutos intermináveis acompanhando 2 personagens: Pierre e Paul, casal gay, mas separados, e suas andanças sem fim por uma França rural. Claro que no caminho, eles cruzam com uma infinidade de personagens melancólicos e solitários, em um road movie gay que poderia ter sido patrocinado pelo Grindr. O filme começa com Pierre saindo de sua casa em Paris, sem qualquer tipo de explicação, e abandonando o seu companheiro Paul. Pierre segue então em uma cruzada pelo interior da França, com um único propósito: fazer uso do aplicativo grindr e fazer sexo com tantos homens quanto puder conseguir. Como ele mesmo diz a uma personagem: 'A França é muito grande. existem muitos homens e muitas possibilidades.". Paul resolve ir atrás de Pierre, e para localizá-lo, usa o Gps do Grindr para poder descobrir o seu paradeiro. O filme lembra bastante os filmes de Alain Guiraudie, realizador de "Um estranho no lago", com a diferença que o cineasta Jerome Reybaud prefere não fazer uso de cenas de sexo explícíto nem nudez, ao contrário de Guiraudie. é estranho assistir a um filme que basicamente fala de flerte e pegação sem fim, e não ter nenhuma cena picante ou erotizada. Todas as cenas são filmadas de forma fria. Muito falatório, muita gente entrando e saindo no filme. Um filme que fez sucesso no Festival de Veneza 2017, mas acredito ser muito difícil de ser assimilado por espectador médios.

Berenice procura

"Berenice procura", de Alan Fiterman (2018) O filme poderia se chamar "Dupla identidade", e quem viu o filme, sabe do que estou falando. Uma família formada por marido, Domingos ( Eduardo Moscovis, no papel de um repórter estilo Datena), esposa, Berenice (Claudia Abreu), uma taxista e Thiago ( Caio Manhente), um adolescente rebelde de 15 anos, que descobre a sua identidade sexual. Todos os 3 possuem segredos, que irão convergir em algum momento da trama. O filme me remeteu a "O outro lado da rua", de Marcos Bernstein, também ambientada em Copacabana, protagonizado por anônimos que e repente, se vêem envolvidos em trama de assassinatos e muitos suspeitos. Copacabana é o bairro ideal para ambientar todos os personagens tristes e infelizes da trama: Russo ( Emilio Dantas), um malandro assaltante, irmão da Travesti Isabella (Valentina Sampaio), e adotados por Brigitte ( Brigitte Buzios). Tem também Vera Holtz no papel de uma cafetina, remetendo a um papel que ela interpretou em "Filhas do sol"; Leonardo Bricio interpretando um delegado cheio de ginga e um cliente da taxista que tem vida dupla. O roteiro mistura gêneros de forma coesa, escrito com muita propriedade por Flávia Guimarães: drama, romance, musical, suspense, e uma pitadinha suave de humor. Mas o que prevalece é a melancolia, transcrita em imagens de forma totalmente estilizada pelo fotógrafo Azul Serra. Tamanha opção pelo visual publicitário colidiu com a proposta da narrativa, que pedia um foco nos personagens, e não na forma. Nessa briga de foice entre embalagem e conteúdo, o filme se sobrepõe pelo talento dos atores, e uma bela estréia de Valentina Sampaio, no papel de Isabella.

domingo, 8 de julho de 2018

Além do arco-íris negro

"Beyond the black rainbow", de Panos Cosmatos (2010) Existem alguns filmes que a gente assiste e fica se perguntando se o roteirista e diretor tomaram um baita de um ácido, tal a bizarrice do projeto. Esse é o caso de "Além do arco-iris negro", uma ficção científica existencialista escrita e dirigida pelo filho do cineasta George Cosmatos, que dirigiu "Rambo"e "Cobra", ambos com Stallone. Mas Panos Cosmatos seguiu um caminho cinematográfico totalmente diferente de sue pai, buscando nos filmes autorais de gênero a sua referência. Imaginem um filme que mescla elementos de Jodorowsky, Tarkovsky, Daviid Lynch, Cronemberg e Nicolas Winding Refn. Sim: anos 80, sintetizadores, muita cor, muito kitsch e principalmente, uma violência estilizada em enquadramentos e fotografia estilizadas. Um Cientista, Dr Arboria, cria nos anos 50 um Instituto com seu nome, onde ele faz experimentações espirituais usando drogas sintéticas. Dr Arboria conseguiu criar uma droga que traz felicidade para quem as usa, fazendo com que elas entrem em um estado de torpor. Em 1983, o Dr Barry assumiu o posto do Dr Arboria, e mantém em cativeiro uma jovem, chamada Elena. Ele quer fazer experimentos com ela e tentar entender porque ela não sofre os efeitos da droga. Hermético, complexo, ou simplesmente confuso? Não é um filme fácil, muito menos um passatempo. O filme exige muita concentração, paciência ( o ritmo é extremamente lento). Imaginem um filme do Antonioni dentro de um filme de Cronemberg? Não conseguiria indicar esse filme para ninguém, mas quem curte iguarias raras e estranhas, talvez curta.

sábado, 7 de julho de 2018

Verdadeiros adolescentes

"True adolescents", de Craig Johnson (2009) Filme de estréia de Craig Johson, diretor de "Irmãos desastre" e "Alex Strangelove". "Verdadeiros adolescentes" é um drama independente americano, que fala sobre o medo de amadurecer. Sam (Mark Duplass, ótimo), está chegando aos 40 e é um total looser. Roqueiro, ele é integrante de uma banda de rock independente, e luta para sobreviver. Sam é expulso da casa da namorada e está sem dinheiro. Ele resolve passar um tempo na casa de sua tia Sharon (Melissa Leo), mãe do adolescente Oliver, um jovem rebelde. Sharon pede que Sam leve Oliver e o melhor amigo dele, Jake, para um final de semana acampando. Essa viagem irá transformar a vida dos 3 rapazes. Com um tema que vai do "coming of age", "saída do armário" e frustração pessoal e profissional, o filme tem ótimos momentos de atuação, mas o roteiro peca por não aprofundar mais no tema do homossexualismo. Ficou bem superficial. Mas para quem curte filmes baratos e eficientes, "Verdadeiros adolescentes" pode ser um bom atrativo. De novo, Mark Duplass faz muito bem o papel do homem maduro que acredita que ainda é um adolescente, e tem medo de enfrentar a vida

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O apanhador era um espião

"The catcher was a spy", de Ben Lewin (2018) Diretor do ótimo "As sessões" e do drama "Tudo o que quero", com Dakota Fanning e Toni Colette, o Cineasta Ben Lewin dirigiu essa adaptação do livro de Nicholas Dawidoff, biografia do jogador de beisebol Moe Berg que trabalhava como espião pro governo americano e que tinha a missão de assassinar o físico alemão Werner Heisenberg. A agencia de espionagem americana acreditava que Werner Heisenberg estava designado pelo governo alemão a construir uma bomba atônica. Moe Berg (Paul Rudd) acabou sendo contratado para trabalhar como espião, mas na hora do assassinato ele desiste de matar o físico. O filme procura estudar as motivações de Berg e também discretamente, expõe a sua provável homossexualidade enrustida como fator determinante para ele entrar pro serviço secreto. esse mote de certa forma lembra um pouco o clássico "O conformista", de Bertolucci. Infelizmente, o filme ficou muito à toque de caixa: o filme é burocrático, as cenas de guerra não são bem produzidas e os atores estão super no automático. Uma pena, considerando o elenco estelar do filme: além de Paul Rudd, temos Paul Giamatti, Guy Pierce, Sienna Miller, Jeff Daniels, Mark Strong Giancarlo Gianninni e Tom Wilkinson. Para quem curte histórias de pessoas com dupla identidade durante a 2a guerra pode até gostar, mas o filme não tem muita tensão. Se investisse mais na vida pessoal de Moe Berg, provavelmente o filme teria sido muito mais instigante. O que eu não aguentei, foi o Photoshop do poster do filme, rejuvenescendo Paul Rudd em décadas.

Desobediência

"Disobedience", de Sebastián Lelio (2017) Baseado em novela de Naomi Alderman, "Desobediência" foi dirigido pelo Cineasta chileno Sebastián Lelio, considerado o Pedro Almodovar do Chile, por retratar em seus filmes, protagonistas femininas em momentos de reflexão perante um turbilhão emocional que sacode as suas vidas. Foi assim com "Gloria", com o Oscarizado "Mulher fantástica" e agora com esse drama que retrata o amor entre 2 judias dentro de uma comunidade judaica ortodoxa em Londres. Rachel Weisz e Rachel McAdams interpretam Ronit e Esti. Ronit trabalha em Nova York como fotógrafa, e recebe um recado de que seu pai faleceu. Desnorteada, ela volta para Londres para o cerimônial judaico da morte do seu pai, líder rabino da comunidade. Ronit reencontra Esti, agora casada com Dovid (Alessandro Nivola), possível novo rabino. Ronit e Esti, secretamente, se reconectam, e descobrimos que ambos foram apaixonadas, motivo pelo qual Ronit foi embora. Com excelente performance do trio de atores principal, "Desobediência" pode não ser superior aos outros filmes de Lelio, mas é um drama vigoroso que fala sobre tradição e liberdade, temas muito comuns em filmes do Oriente médio, onda a família repressiva e conservadora acaba determinando o destino das pessoas. A cena de sexo entre Ronit e Esti é belamente filmada, com uma entrega linda das duas atrizes. Delicado e sensível, o filme tem um ritmo bastante lento, o que pode incomodar alguns espectadores.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Pyotr495

"Pyotr495", de Blake Mawson (2016) Premiado curta canadense, que une os gêneros Lgbts e terror. O filme é uma crítica à Lei contra qualquer propaganda que venda a vida homossexual como saudável, assinada pelo Presidente Vladimir Putin em 2014. O filme foi rodado no Canadá, mas a história se passa em Moscou, com atores russos. Pyotr é um jovem que recebe uma mensagem de um aplicativo de pegação, marcando um encontro na casa do Crush. Ao chegar lá, Pyotr descobre que é uma armadilha organizada por radicais anti-gays, que o torturam. Mas Pytr tem um grande segredo. O filme é uma fantasia de terror que usa a metáfora do monstro para deixar o espectador pensando: afinal, quem são os monstros? Divertido e trash, o filme é a estréia do Ator canadense Blake Mawson na direção. Vale assistir pela farra e pela mensagem totalmente up to date. Maquiagem tosca, acredito que seja até uma homenagem aos filmes de Lamberto Bava, como "Demons, os filhos das trevas".

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Impermanencia

“Yun Shui", de Zeng Zeng (2018) Quem é fã do Cinema de Jia Zheng ke, um dos cineastas chineses mais festejados do mundo, provavelmente irá gostar do filme de estreia de Zeng Zeng, que também escreveu o roteiro. O filme constrói uma narrativa que acompanha 3 histórias distintas, ambientadas na cinzenta e triste cidade de Huinan. São histórias de karma, não à toa dois personagens são monges e todo o tempo temos imagens de Buda. Um casal, dono de um hotel decadente, encontra um saco cheio de dinheiro, que pertenceu a um monge que se hospedou ali. A esposa ambiciosa resolve gastar o dinheiro, contra a vontade do marido. Ela morre em um acidente e seu fantasma assombra o marido. O monge que deixou o dinheiro vai ao encontro do seu irmão mafioso, e descobrimos um passado de crimes. Um homem vai em busca de seu filho que ele abandonou, e entende que seu filho está trilhando o mesmo caminho que ele fez: abandonar a esposa grávida. Lento, com ótimas interpretações, com locações melancólicas que alternam decadência e vida urbana, o filme seduz o espectador exigente, em busca de entretenimento de qualidade e que propõe muitas reflexões. Recomendado.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Novembro

"November", de Rainer Sarnet (2017) Baseado em bestseller estoniano, escrito por Andrus Kivirähk, "Novembro" é uma fantasia bizarra, que mistura seres fantásticos, lobisomens, espíritos, Diabo e Cristo. Tudo isso acontece em uma vila medieval pagã, em uma época incerta. Ali, encontramos vários personagens que se entrecruzam: uma jovem fazendeira virgem, apaixonada pelo jovem Hans; e populares que constróem Kratts, figuras mitológicas feitas de metal e gravetos, que obedecem seus Mestres e roubam coisas. O filme, rodado em belíssimo preto e branco, fotografado por Mart Taniel, tem uma atmosfera de lirismo e fantasia raras vezes vista. Lembram do clássico de Ridley Scott, "A lenda"?. Pois é, o filme tem essa pegada. Com a diferença de ser autoral, artística e totalmente experimental. Difícil de explicar, complexo para entender. O melhor é se deixar levar pelo visual e pela proposta do Diretor, totalmente estranha. Não sei se gostei do filme. Mas as imagens, lindas, ficaram na minha mente. O filme foi indicado pela Estonia para o Oscar de filme estrangeiro em 2018.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Sicario: Dia do Soldado

"Sicario: Day of the soldado", de Stefano Sollima (2018) Dirigido pelo italiano Stefano Sollima, dos seriados de sucesso 'Gomorra" e "Suburra", e escrito pelo mesmo roteirista do filme original, Taylor Sheridan, "Sicario: Dia do Soldado"honra com maestria o excelente filme original, dirigido por Dennis Villeneuve. Dessa vez, Emily Blunt não está no filme, e o protagonismo do filme fica por conta dos personagens de Benicio del Toro e Josh Brolin, Alejandro e Matt Graver. Ambos são contratados para provocar um duelo entre os dois principais cartéis do México, que traficam pessoas para cruzar a fronteira do México com estados Unidos. Para isso, eles simulam o sequestro da filha de um dos cartéis. No entanto, o plano dá errado: Isabel, a filha do traficante, testemunha uma ação onde policiais mexicanos são assassinados pelos soldados americanos. Por conta disso, o Governo manda assassinarem a menina, testemunha ocular. Mas Alejandro não aceita a missão, e decide proteger a menina. Violento, dramático, trágico e com um desfecho acachapante, que lembra o desfecho de "O Poderoso Chefão", o filme arrebata em todos os quesitos técnicos: Direção, atuação, roteiro, trilha sonora, montagem e fotografia. A tensão permeia o filme todo, que tem várias histórias se entrecruzando. Uma aula de cinema de ação.

Os incríveis 2

"Incredibles 2", de Brad Bird (2018) Escrito e dirigido por Brad Bird, "Os incríveis 2" é tão bom quanto o filme original. A trilha sonora sessentista dá um toque deliciosamente vintage ao filme, que começa lento, descrevendo a rotina da família e o drama de cada um dos integrantes da família Pera: a filha Violet que está apaixonada; o filho Flecha, que tem ciúmes da irmã, o bebê Zezé, que demonstra ter poderes incontroláveis e para deixar o pai Beto se mordendo de inveja, sua esposa Helena, a Mulher elástica, é contratada por um casal de irmãos milionários para fazer uso de câmeras especiais e poder lutar contra o crime, no caso, um vilão chamado Hipnotizador. Essa sub-trama dramática remete bastante ao clássico "Nasce uma estrela". Uma delícia, o roteiro é totalmente antenado com os dias de hoje, falando de empnoderamento feminino, troca de papéis (marido cuidando do lar, esposa trabalhando), e reconhecer o valor dos aposentados, relegados ao ostracismo. Os personagens são divertidíssimos, incluindo Lucius, o homem de gelo. Existe uma cena antológica, que é a de Zezé lutando contra um Guaxinim. Edna Moda também surge em uma sequência inspiradíssima. O filme faz uma homenagem ao clássico desenho Johnnie Quest", aparecendo em uma cena sendo exibido na tv.

Bao

"Bao", de Domee Shi (2018) Curta de animação da Pixar, pela primeira vez, dirigido por uma mulher. Domee Shi é uma chinesa canadense, e o roteiro tem um pouco do histórico de sua própria família. O filme trabalha com a metáfora do "ninho vazio", e muita gente se sentiu incomodada com a parábola proposta, principalmente por conta de uma cena desconcertante no final. Uma mulher chinesa de meia idade mora com seu marido. A rotina impera na casa, onde os 2 vivem sozinhos. ela está preparando Bao, uma espécie de pão recheado com carne e legumes, e prepara com muito amor. Seu marido come e se despede, friamente. Quando ela vai comer, o pão cria vida. Ela adota o pãozinho, que cresce e fica independente. Quando ele decide se casar, a mãe toma uma decisão bizarra. O filme trata do tema do desapego do filho, e a depressão que os pais sofrem por conta do "abandono". Lindo, sem diálogos, e falando também da miscigenação com a cultura ocidental, é um filme que fala mais aos adultos do que para as crianças.

Lar ideal

"Lar ideal", de Andrew Fleming (2018) A comédia dramática "Lar ideal" tem todas as boas intenções possíveis, e totalmente antenado aos novos tempos do conceito de família moderna. O tema gira em torno de um casal de gays, muito bem interpretado por Steve Coogan e Paul Rudd, que resolve adotar um menino de 10 anos, Bill. O problema é que Bill é filho de Beau, que por sua vez, é filho de Erasmus (Steve Coogan), fruto de uma relação extraconjugal antes de Erasmus se assumir como gay. A questão da paternidade é válida., mas ao mesmo tempo aqui no filme, complexa e deixada de lado. Afinal, Beau se tornou um vigarista e drogado justamente porque foi abandonado por Erasmus e cresceu sem pai. Daí, ficou difícil de aceitar que o casal homoafetivo lutasse pela guarda da criança, quando na verdade, deveria haver uma reconexão entre o pai irresponsável que é Erasmus e o filho abandonado. No mais, o filme tem bons momentos de humor, e trabalha com sutileza a questão da criança aceitar aos poucos a presença de pais gays em sua vida, já que ele começa totalmente homofóbico e constrangido da presença deles. É um filme interessante, fortalecido pelo talento dos atores, mas que deixa muitos tópicos em aberto.

domingo, 1 de julho de 2018

Tau

"Tau", de Federico D'Alessandro (2018) Filme de estréia de Federico D'Alessandro, "Tau" é uma ficção científica que mistura um pouco de "2001", "Jogos mortais", "Ex-Machina" e "Alien". Produção de baixo orçamento, tem o grande mérito de ter Gary Oldman dublando a voz do robô Tau, que é uma espécie de Hal de "2001", que controla toda a casa. Julia ( Maika Monroe, de "A corrente do mal") é uma ladra que tem o hábito de roubar pessoas em nightclubs. Uma noite, ela é sequestrada e acorda em uma casa toda fechada, estilo fortaleza, junto de outras 2 pessoas também acorrentadas. Logo, ela descobre que eles são experimentos para a elaboração de uma inteligência artificial, criada por Alex (Ed Skrein, a cara de Nicholas Hault). Alex sequestra pessoas porque quer colher dados de suas memórias para incrementar Tau, e depois, matá-las . Julia tenta a todo custo fugir, mas entende que é impossível. O filme tem uma premissa bastante gasta, e de fato, poderia ter rendido um excelente curta. Mas como longa, ficou entediante. Os efeitos de Tau são bem feitos, mas a sensação de deja vu elimina qualquer interesse. Para assistir se não tiver nada para ver. Ou se você for fã de Maika Monroe, que está ótima no filme.