terça-feira, 30 de junho de 2020

Um duende em Nova York

"Elf", de Jon Favreau (2003) Jon Favreau é atualmente um dos homens mis poderosos de Hollywood. Diretor da franquia "Homem de ferro", da versão live action de "O rei leão" e de "Mogli- O livro da selva", além de ser produtor do seriado derivado de Star Wars, "The mandalorian". Em 2003, ele dirigiu o seu segundo longa, o clássico natalino "Um duende em Nova York", o melhor exemplo de filme para toda a família. Will Ferrell, no papel de Buddy, o elfo, é um dos maiores comediantes de todos os tempos. Esbanjando carisma e sabendo interpretar personagens apaixonantes com muito humor e inteligência, se aproveitando de seus quase dois metros de altura. O elenco de apoio luxuoso inclui James Caan, Peter Dinklage, Zooey Deschanel, Mary Steenburgen e Bob Newhart, hilário como o Papai Elfo. Buddy é um bebê de um orfanato que entra no saco de presentes do Papai Noel. No pólo norte quando abre o saco, Papai Noel e os elfos se assustam com a presença do bebê, mas resolvem adotá-lo. á adulto, Buddy ajuda na elaboração dos presentes. Quando descobre que é um humano, Buddy resolve ir até Nova York em busca de seu verdadeiro pai, Walter (James Caan), autor de livros natalinos. O filme é muito bem dirigido, tem uma rilha sonora deliciosa e piadas hilárias, daquelas de gargalhar. Muito do sucesso do filme se deve à Will Ferrell, que recusou participar de uma sequência, e esnobando U$ 29 milhões. Um belo exemplo de ator que entende que alguns filmes devem ser únicos.

Roman Polanski: procurado e desejado

"Roman Polanski: wanted and desired", de Marina Zenovich (2008) Dirigido pela documentarista Marina Zenovich, "Roman Polanski: procurado e desejado" foi lançado como comemorativo dos 40 anos de fuga de Polanski dos Estados Unidos, após 11 meses de um julgamento onde ele era acusado de ter tido relações sexuais com uma menor de 13 anos, de idade, além de lhe ter oferecido drogas e álcool. Em 1977, Polanski contratou Samantha Geimer, então com 13 anos de idade, levada por sua mãe, uma atriz, para fazer uma sessão de fotos com Polanksi na mansão de Jack Nicholson, amigo de Polanski após o grande sucesso de "Chinatown". Polanski fez as fotos com a jovem numa na piscina. Logo depois, ofereceu drogas, álcool e fez seco com ela, segundo Polanski em depoimento, consentido. O filme apresenta um enorme prólogo falando quem era Polanski: sua infância na Polônia ( nasceu em Paris, a morte de seus pais em campo de concentração, as torturas que sofreu no campo. Começou a dirigir curtas e depois longas autorais, até fazer grande sucesso com "Repulsão", com Catherine Deneuve. Em Londres, dirigiu a comédia "A dança dos vampiros", que foi enorme sucesso, e ali conheceu sua esposa Sharon Tate. Polanski dirigiu "O bebê de Rosemary"e o filme estourou. Ambos se mudaram para Los Angeles, e em 1969. Sharon Tate foi assassinada pelo grupo de Charles Mason em sua mansão. A imprensa acusou Polanski de ter participação no ritual do massacre, por conta dos rituais de bruxaria que mostrou no seu filme "O bebê de Rosemary". Anos depois, com o sucesso de "Chinatown", Polanski parecia ter tido paz, até acontecer o caso de Samantha Geimer. O filme então, passa a discutir o julgamento com todos os envolvidos,: advogado de acusação, o de defesa, repórteres, amigos de Polanski, e o Juiz da causa. A questão que o filme levanta, é a espetacularização do julgamento, muito por conta do Juiz Laurence J. Rittenband, famoso por amar os holofotes e querer causas de atores famosos para si. Ritterand tornou todo o julgamento um grande circo onde ele seria o elemento principal de condução, o Diretor. Temendo o pior, Polanski fugiu para a Europa, 11 meses depois. O filme é obrigatório para estudantes de direito, e também para cinéflos, pois contém cenas de filmes do cineasta, além de imagens de bastidores, com entrevistas de produtores, atores que trabalharam com Polanski. O filme não toma partido, e mesmo sendo dirigido por uma mulher, apresenta os dois lados da moeda, dando voz a ambos os lados.

Miss Juneteenth

"Miss Juneteenth", de Channing Godfrey Peoples (2020) Premiado nos prestigiados Festivais de cinema independente SXSW e Sundance, "Miss Juneteenth" é um vigoroso drama que retrata três gerações de mulheres pretas, no Texas dos dias de hoje. O filme foi escrito e dirigido pela cineasta Channing Godfrey Peoples, e o seu olhar é totalmente focado no feminino e na comunidade preta de uma cidade no Texas. Os dramas de mulheres de classe média baixa que lutam contra uma sociedade patriarcal, contra o desemprego, o subemprego e sonhos desfeitos. Turquoise (Nicole Beharie, excelente) é uma mulher que trabalha em um restaurante. Ela é divorciada e cuida sozinha de sua filha adolescente, Kai (Alexis Chikaeze). Turquoise foi Miss Juneteenth quando adolescente, mas o prêmio não lhe trouxe nenhum beneficio. Turquoise projeta em sua filha Kai que ela vença o concurso que se aproxima, e para isos, praticamente obriga a menina a fazer um curso de preparação, sem que ela queira. Com atuações maravilhosas de todo o elenco, predominantemente preto, "Miss Junetemth" é um drama sobre mulheres que sonham e que entendem que precisam batalhar muito para poderem ser vistas em um lugar na sociedade.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Yentl

"Yentl", de Barbra Streisand (1905) "Yentl" é um dos maiores ícones do cinema para a comunidade gay. Muito por conta da presença de Barbra Streisand, por ser um musical e pelo tema do filme girar em torno de auto-afirmação e pela luta de reconhecimento, além do conflito de identidade com gêneros através da história de uma mulher judia, Yentl (Barbra ), em 1905, em um país do Lesta Europeu, querer se igualar aos homens quando ela se acha no mesmo direito de poder estudar a religião, o Tamud, livro sagrado dos judeus. O filme é baseado em peça teatral, montada em 1975, com muito sucesso, e por sua vez, adaptada do conto de Isaac Bashevis SInger, "Yentl the Yeshiva Boy". O filme ganhou o Oscar de trilha sonora, composta por Michel Legrand, e entre suas canções, a icônica "papa can you hear me". O filme tem belas atuações de Mandy Patinkin, como o estudante Avigdr, e Amy Irving, como Hadass. É muito linda a forma como Barbra apresenta o triângulo amoroso, em um ousado mal entendido de gêneros. O filme tem honrrias em todos os quesitos: direção, fotografia, trilha sonora, figurino, maquiagem, roteiro e atuações. Barbra assumiu a direção do filme, sua estréia na função, após o a recusa do cineasta Ivan Passer em dirigir o filme, por achar o roteiro inverossímil e Barbra velha pro papel (ela tinha 40 anos, quando a personagem tinha 26). Barbra fez um debut tão arrebatador, que recebeu um elogio de Steven Spilerbeg, comparando a sua direção à "Melhor estréia no cinema depois de Orson Welles em 'Cidadão Kane". A cena final, no navio, é tão apoteótica, que é impossível não sentir um frisson.

Paris is burning

"Paris is burning", de Jennie Livingston (1992) Se alguém me perguntar quais são os 5 melhores documentários de todos os tempos, certamente "Paris is burning" estará entre eles. E o filme é o exemplo máximo do que significa, para mim, a expressão "evolução" da conscientização de um ser humano. Assisti a esse documentário em 1992, quando foi exibido no Festival do Rio. Na época, o frisson de todos era assistir ao filme que apresentava o universo da dança Vogue, celebrizada por Madonna em uma música que explodiu no mundo inteiro. Quando assisti ao filme, lembro que não gostei muito, porque a parte referente ao Vogue, exatamente, era muito pouca, e claro, não se falava de Madonna. Saí frustrado. Assistindo hoje em dia, sinto vergonha por não ter captado as várias mensagens do filme. Ate porque eu não era uma pessoa consciente das questões da transfobia, da visibilidade trans preta, latina e da invisibilidade dessa comunidade. O filme é uma obra-prima, que resolvi rever depois de assistir a documentário da Netflix, chamada "Revelação", e que mostra como o cinema e a tv representaram a figura da trans, seja ela homem ou mulher. E a mensagem do filme foi exatamente essa, a importância da evolução. Madonna na verdade ajudou a trazer ao mundo a dança Vogue, que sempre foi restrita ao gueto de grandes cidades, como Nova York ( o Vogue surgiu no Harlem, em bairros pobres, e frequentado por trans, gays pretos e latinos, a maioria, subempregado, ou desempregados, ou sem tetos). Atualmente, o seriado "Pode", de Ryan Murphy, homenageia esse filme e todo es emundo que envolve a Vogue club e os famosos bailes de concurso. No filme, entendemos todo o conceito das "House", que é quando uma Madrinha adota menores das ruas e as traz para casa para fazerem arte de seu grupo. A beleza dessas ouse era justamente tirar os menores gays do mundo das drogas e da prostituição. O filme traz depoimentos importantes e construtivos sobre a velhice dos gays, sobre glamour, luxo, poder e também o lado ruim da vida: Hiv, pobreza, fome, desemprego. Os clubes eram um lugar aonde todo esse mundo real desaparecia e os participantes podiam sonhar com um mundo idealizado. Cenas antológicas, depoimentos lindos e contundentes. E no desfecho, testemunhamos que uma das trans que deram depoimento, Anji Xtravaganza, foi assassinada. Um filme importante, esclarecedor, obrigatório. Ganhou prêmios importantes no Festival de Berlin, Sundance e tantos outros festivais prestigiados.

Mickey One

"Mickey One", de Arthur Penn (1965) Concorrendo no Festival de Veneza em 1965, "Mickey One" é um filme bastante estranho narrativamente falando. Quando falo estranho, é em comparação aos filmes americanos feitos até então. Arthur Penn se deixou influenciar pelos filmes de Godard, Alain Resnais e outros autores que romperam com a narrativa clássica do cinema. Repletos de quebras temporais, desconstruindo a montagem, provocando certa confusão mental, "Mickey One" é um filme complexo que certamente deixará o espectador atônito. Mas é inegável, um filme criativo, vanguarda e que possui uma fotografia exuberante e artística do belga Ghislain Cloquet, que fotografou "Noite e neblinas", de Alain Resnais. A trilha sonora de Eddie Sauter tem arranjos bastante ousados, unindo jazz a sons mais autorais. Li numa matéria e é bastante clara a metáfora do Macarthismo na história de Mickey One. Warren Beatty interpreta um comediante de stand up em Detroit, que curte beber, paquerar mulheres bonitas e jogar. O resultado é uma enorme dívida com mafiosos. A sua cabeça é posta à prêmio, e então, ele resolve fugir para Chicago e apagar o seu passado, assumindo uma nova identidade. Quando presencia um sem teto sendo roubado, ele rouba o documento dele e assume a persona dele. Com a identidade de um polonês, ele é chamado e Mickey One ao trabalhar em um restaurante pelo gerente, que não sabe pronunciar o seu nome. Mickey One acaba sendo convidado a se apresentar de novo, mas tem medo de seu nome ser anunciado e acabar sendo alvo novamente dos mafiosos. A associação de criar uma nova identidade X pseudônimos que muitos artistas tiveram que criar para sobreviver ao Machartismo, foi a forma de sobreviver e não sucumbir ao completo ostracismo. Warren Beatty, que estourou em Hollywood em 'Clamor do sexo", de 1961, está bem em um papel bastante complexo, que teria funcionado bastante com Jean Paul Belmondo, ator fetiche da galera da Nouvelle Vague.

domingo, 28 de junho de 2020

Cachorros não vestem calças

"Koirat eivät käytä housuja ", de J.-P. Valkeapää (2019) Maravilhoso drama fetichista finlandês, vencedor de diversos prêmios internacionais e concorreu no Festival de Cannes em 2019, na Mostra Quinzena dos realizadores. O roteiro, criativo , mistura drama e romance dentro do universo Kinky de forma inesperada. Juha (Pekka Strang, extraordinário) é um médico em final de semana com sua filha pequena, Elli e sua esposa. Enquanto dorme, a esposa de Joha morre em um acidente, quando, ao nadar, ficou presa em uma rede de pesca debaixo da água. Joha acorda com o choro da filha e pula na água para salvar sua esposa, mas também fica preso. Joha fica em um estado inconsciente entre a vida e e morte, provocado pelo sufocamento e falta de respiração, até que é salvo. Anos se passam, sua filha agora é uma pré-adolescente. Quando ela decide fazer um piercing em um clube fetichista, Joha acaba conhecendo Mona, uma dominatrix. Fascinado pelo o que ele vê, ele resolve experimentar uma sessão com Mona: quando ele é enforcado, ele se excite, pois o faz se lembrar do acidente que teve ao tentar salvar sua esposa. Isso provoca em Joha um êxtase enorme e ele se descobre um adorador do bondage, e mais, se apaixona pela Dominatrix. Filme para adultos, repleto de cenas de fetiche, envolvendo clube para adoradores, "Cachorros não vestem calças"tem nos protagonistas um trabalho formidável de atuação. Um exemplar rico e contundente de um cinema escandinavo sobre amores bizarros, mas sem deixar de ser amor. Irresistível.

sábado, 27 de junho de 2020

Revelação

"Disclosure", de Sam Feder (2020) Dirigido pela documentarista e montadora trans Sam Feder, "Revelação" concorreu no Festival de Sundance e foi adquirido pela Netflix. Produzido pela atriz trans Laverne Cox, estrela de "Orange is the new black", o filme apresenta a representação trans no cinema e na televisão desde o início do século 20 até os dias de hoje. "Uma mulher fantástica", vencedor do Oscar de filme estrangeiro, as séries "Transparent" e "Pose", 'Sense8" e "Orange is the new black"são exemplos de uma representação positiva, incluindo aí, a escalação de atores e atrizes trans para as personagens trans. Até antes do ano de 2011, a maioria das trans eram represnetadas por atores cis. O filme faz uma crítica, dizendo que ators e atrizes cis que interpretam trans ganham o holofote da mídia e invariavelmente são indicados a algum prêmio importante, como é o caso de Jared Leto em "O clube de compras de Dallas", Eddie Redmayne em "A garota dinamarquesa", Chris Sarandon em "Um dia de cão", John Lightgow em "O mundo segundo Garp", e por aí vai. O filme, repleto de depoimentos de atores, atrizes, diretoras, jornalistas e ativistas trans, começa falando sobre Griffiyh e que ele foi o criador dos estereótipos no cinema. O negro em "O nascimento de uma nação", na verdade eram atores brancos blackfaced e que representavam assassinos e estupradoresNos filmes de Griffith, sempre havia uma figura cross dressed, fectiche do diretor, mas que eram vistas como figuras bizarras e marginalizadas. O filme foca bastante nos seriados e filmes dos anos 60 a 90, quando a figura trans era vista como psicopata assassino ( "Vestida para matar", "Psicose", 'Silêncio dos inocentes" ou quando e "Traídos pelo desejo", após descobrir que estava se relacionando com uma trans, o personagem vomita. Esse vômito virou meme no cinema e na tv, e culminou com "Ace Ventura", quando Jim Carrey e todos os personagens vomitam quando se revela que a personagem é trans. Era comum também nos programas de entrevista, os jornalistas perguntarem para a entrevistada como foi a cirurgia, onde esconde o pênis, se tornou um fetiche pata alavancar audiência. É divertido ouvir a cineasta Lana Warchowsky, da franquia "Matrix", dizer que a única representatividade positiva da trans nos anos 60 foi um desenho do Pernalonga, que ele se faz passar por uma mulher e é desejada pelo Hortelino. Outro momento emocionante é quando a atriz trans Sandra Cadwell que sempre escondeu ser trans e quando era escalada para filmes, morria de medo de ser descoberta, até que resolveu fazer o outting em cadeia nacional pelo jornal New York Times. Laverne Cox fala sobre a evolução de celebridades, como a apresentadora Oprah, ou o roteirista Ryan Murphy, que faziam uma representação errada do universo trans, e que hoje em dia já são politicamente corretos. Na pesquisa da GLAAD, Ong Lgbtqi+, mais de 80 por cento doa americanos não possuem nenhuma referência real de trans, e sabem da existência delas através dos personagens vistos em filmes e séries, por isso a importância hoje em dia de se falar sobre as trans com representatividade em roteiristas, produtores e diretores. A enorme pesquisa de cenas de filmes e séries e programas de tv de "Revelação" é um presente para qualquer cinéfilo.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Yellow submarine

"Yellow submarine", de George Dunning (1968) Nossa, há uns trinta anos eu não revia esse filme, que maravilha, e o que é melhor, perceber que o filme não envelheceu e continua belíssimo. O filme teve influências da cultura pop art, a cultura flower power, e cada frame de seu filme é de uma originalidade, criatividade e imagens psicodélicas impressionantes, que nunca se repetem. Cada frame daria certamente um quadro de arte estonteante. A história é nonsense: em um País, Peperland, que fica debaixo do mar, vivem pessoas felizes, coloridas e amantes da música. Os blue meanies, malvados azuis, surgem para acabar com a fest: tornam tudo cinza e sem música. O capitão Fred consegue escapar no submarino amarelo, e vai em busca dos Beatles, os únicos que podem fazer a cor e música retornarem para pepperland. O filme é um deleite para fãs dos Beatles, com muitos clássicos sendo cantados em formatos video-clips no filme: Sgt Pepper's, When im 64, All you need is love, Lucy in the sky of diamond, Eleanor Rigby e outras. A melhor forma de assistir ao filme é ligar o som bem alto, apagar as luzes e se deixar levar pela ótimas vibrações. O filem foi lançado em 1968 e foi um tremendo sucesso de crítica e público, sendo cultuado até hoje.

A família Trapp

"Die Trapp-Familie ", de Wolfgang Liebeneiner (1956) Versão alemã de "A noviça rebelde", um dos mais famosos musicais da história, com Julia Andrews. No entanto, esse filme alemão é anterior, de 1956, e o filme de Robert Wise é de 1965, um remake musicado. A história já é bem conhecida por todos, e o filme alemão é muito fiel ao livro original, escrito por Maria von Trapp, a ex-noviça da abadia de Salzburg, Austria, que de governante e cuidadora dos filhos do Capitão Von Trap, se tornou sua esposa. O livro de memórias foi lançado em 1948, após a morte do Capitão Von Trapp nos Estados Unidos, e foi uma forma da família promover o grupo de canto pelo mundo. A diferença é que nessa versão alemã, obviamente os números musicais são realistas e bem menores. O nazismo também é menos vilanizado. E o filme termina com a família Von Trapp chegando ns imigração dos Estados Unidos e sofrendo por não conseguirem entrar no país, correndo o risco de terem que retornar à Europa. O filme foi um enorme sucesso comercial na Alemanha ocidental, e dois anos depois, foi lançada uma continuação, "A família Trapp na América", rodado em Nova York. O elenco é curiosamente, muito semelhante na fiisionomia da versão americana, o que deixa claro o quanto que Robert Wise quiz ser fiel ao filme original. Para fãs de "A noviça rebelde", é um filme obrigatório. Link para assistir ao filme: https://www.youtube.com/watch?v=2WMfaoj0LKE

O Magnata

"O magnata", de Johnny Araújo (2007) Lançado em 2007, o filme ficou famoso por conta do roteiro, escrito por Chorão, vocalista da banda de Rock Charlie Brown Jr. Chorão faleceu em 2013 de overdose. O roteiro é muito essa vida desestruturada e por um fio vivido pelo próprio Chorão. Ambientado em São Paulo, o filme tem como protagonista o cantor Magnata (Paulo Vilhena). Ele é filho de família classe média alta, mas desde criança se tornou rebelde, muito por conta da relação conflituosa com sua mãe (Maria Luisa Mendonça), uma mulher desequilibrada, e pelo abandono do pai. Magnata circula com uma galera que pratica roubos. Quando eles roubam uma Ferrari, a vida de Magnata se cruza com a de Dri (Rosanne Mulholland), uma jovem que retorna do exterior depois de 6 anos. A história se pasa em 4 dias, e mistura musical, com bandas de rock, incluindo Charlie Brown Jr, cantando nos palcos e na praia; romance, drama e ação. O visual do filme, visto hoje, tem muitos momentos esteticamente datados, principalmente no quesito de grafismo e pós produção. As críticas foram bastante severas com a performance de Paulo Vilhena. Ele nem faz feio, a questão é que qualquer ator que interprete um malandro falando gíria vai soar falso. No elenco de apoio, destaque para Milhen Cortaz e Murilo Franco, no divertido personagem Ricardinho. Julio Cazarré e Chico Diaz também participam do elenco. O roteiro é justamente o elemento mais problemático do filme. O desfecho ficou forçado e muito rápido na conclusão.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Juventude transviada

"Rebel whithout a cause", de Nicholas Ray (1955) Clássico do cinema, reverenciado tanto pela crítica público quanto por renomados cineastas como Godard e Win Wenders, que homenageou o cineasta no filme "Um filme para Nick". O filme é um marco da cultura pop e celebrizou para toda eternidade a figura icônica de James Dean como o rebelde sem casa, termo usado pelo psiquiatra Robert M. Lindner no sue livro escrito em 1944, "Rebel Without a Cause: The Hypnoanalysis of a Criminal Psychopath", que serviu de inspiração para o roteiro escrito por Stewart Stern. Outro elemento icônico do filme é a famosa jaqueta vermelha usada por Jim, personagem de James Dean. Jim (Dean) acaba de se mudar para los Angeles com sua família, seus pais e a avó. Eles se mudam constantemente por conta da postura rebelde do filho, que vive causando problemas. Jim tem vergonha do seu pai, Frank ()Jim Backus), que ele considera covarde e deixa sua mãe autoritária mandar nele. Quando Jim vai para a delegacia após uma briga, ele conhece Platão (Sal Mineo) e Judy (Natalie Wood). Sal foi abandonado pelos pais e é criado por uma mãe adotiva. Judy é mal compreendida or seus pais e por isso, se integra à uma gangue de rebeldes da escola. Jim sente paixão por Judy, mas ela namora o valentão da escola, Buzz. Após uma disputa onde Buzz morre, Jim se sente culpado e é perseguido pela polícia. Todo o filme acontece em um período de 24 horas, e são muitas sub-tramas, em camadas que giram em torno da carência afetiva solidão e conflito de gerações. O filme foi importante como um objeto de culto e por instigar a sociedade, dando voz aos jovens descontentes com suas vidas. Mas de tantas sub-tramas, a que mais me comove é a do personagem Platão: na época, o código da censura proibia personagens homossexuais nas histórias, mas fica evidente a paixão de Platão pelo personagem de Jim, a quem ele tanto admira. O filme traz inclusive uma cena onde fica claro que Platão está dentro de um armário: ele abre sue locker da escola, e lá dentro, tem uma foto de um ídolo, o ator Alan Ladd. Nos bastidores, James Dean pediu para que Sal Mineo olhasse para ele com a mesma paixão e intensidade com que Dean olhava para Natalie Wood. O filme foi rodado em formato Cinemascope, o que dá uma incrível dimensão, favorecida por uma fotografia esplêndida. A cena do Planetário foi homenageada no musical "La La Land", os atores estão todos perfeitos, e Dennis Hopper faz uma participação como um dos integrantes da gangue. A nota triste vai para a história real do trio principal,: James Dean, Natalie Wood e Sal Mineo, morreram de forma trágica. Dean morreu em acidente de carro, Natalie Wood, afogada em passeio de barco, e Mineo foi encontrado esfaqueado, provavelmente por algum garoto de programa.

Clamor do sexo

"Splendor in the grass", de Elia Kazan (1961) Obra-prima do cinema, um daqueles momentos mágicos onde absolutamente tudo está em um nível máximo de qualidade: Direção de Elia Kazan, que já vinha de outras obras-primas, 'Sindicato de ladrões", "Um bonde chamado desejo" e "Vidas amargas"; roteiro adaptado da obra de Willian Inge, vencedor do Oscar em 92; fotografia, direção de arte, trilha sonora, e claro, o elenco primoroso, onde todos, elenco principal e coadjuvantes, apresentam performances inesquecíveis. O filme é a estréia de Warren Beatty no cinema, conhecido na época como o irmão de Shirley Maclaine. Curiosamente, o ano de 1961 foi o ano de dos dois trabalhos mais reconhecidos de Natalie Wood: além de "Clamor do sexo", o clássico de Robert Wise, "Amor, sublime amor", vencedor de 10 Oscars. Os personagens são bastante próximos; uma jovem que não consegue consumir o seu amor. O filme tem como tema a repressão sexual entre os jovens no ano de 1928, no Estado puritano e conservador do Kansas. O casal improvável de estudantes, Dennie (Wood) e Bud (Beatty) são apaixonados um pelo outro. A família de Dennie é pobre, a de Bud, milionária. Os pais de Dennie são religiosos. O pai de Bud, Ace (Pat Hingle- curiosidade: o personagem manca porquê há pouco tempo antes de filmar, ele sofreu um acidente e incorporou ao personagem). quer que o filho estude para a Yale, faculdade mais prestigiada do Estado. Bud deseja mais do que beijos de Dennie, mas ela, reprimida pelos pais, não cede aos impulsos sexuais do namorado, o que faz com que ambos entrem em colapso nervoso. A situação piora com a queda d abolsa em 1929, fazendo com que a família de Bud perca tudo. O filme explora toda a sensualidade dos astros Wood e Beatty, com duas cenas bastante ousadas: Beatty nu com outros rapazes no chuveiro coletivo, e Wood nua na banheira, conversando com sua mãe. Fora isos, o filme tem uma cena polêmica: a irmã ninfomaníaca de Bud participa de uma gang bang, com rapazes em fila de espera para transar com ela no carro. O filem também ficou famoso por conter a primeira cena de beijo de língua de Hollywood, entre Beatty e a atriz Jan Norris. O título do filme vem do poema de Willian Woodsworth, escrito no século 18: "Nada trará de volta a hora do esplendor na relva, do brilho nas flores." O desfecho do filme é dos momentos mais tristes do cinema.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Deus existe, e seu nome é Petúnia

"Gospod postoi, imeto i' e Petrunija", de Teona Strugar Mitevska (2019) Drama da Macedônia que concorreu em diversos Festivais, ganhando prêmios especiais no Festival de Berlin em 2019. Em tom de fábula feminista, o filme, escrito e dirigido pela cineasta Teona Strugar Mitevska, apresenta um País governado por um sistema machista e patriarcal, onde a mulher é explorada e não tem muita chance no mercado de trabalho e é subjulgada o tempo todo pelos homens. Petúnia (Zorica Nusheva) tem 32 anos, é desempregada, virgem, e desde criança, e;a é massacrada psicologicamente pela sua mãe, que a acha feia, sem talento e fracassada. Quando Petúnia, historiadora formada mas que não encontra emprego, vai fazer entrevista de trabalho, ela é tão maltratada pelo homem que deveria empregá-la que ela resolve se jogar no rico da cidade. Para seu azar, está havendo uma procissão religiosa no local, w cujos participantes, todos homens, devem se jogar no rio e pegar a cruz jogada por um padre. No entanto, Petúnia acaba pegando a cruz. Esse ato transforma a vida dos cidadãos, dos pais de Petúnia e da própria, que vai presa, mas se recusa a devolver e cruz. A repórter local, Slavica, resolve apoiar a causa de Petúnia, e levanta no ar questões a respeito da religiosidade e sobre o papel da mulher na sociedade. Com temas como sororidade e a discussão sobre o estado laico ou cristão, o filme trabalha temas espinhosos com bastante dramaticidade, mas também, com leve tom de humor, mas jamais deixando de provocar o espectador. Com excelente performance do elenco feminino ( a atriz que faz a mãe de Petúnia também é excelente), o filme instiga desde o seu titulo, e faz de Petúnia uma líder ativista sem ser.

Ninguém sabe que estou aqui

"Nadie Sabe Que Estoy Aquí", de Gaspar Antillo (2020) Vencedor do prêmio de melhor direção no Festival de Tribeca 2020, "Ninguém sabe que estou aqui" me lembrou bastante o também chileno "Uma mulher fantástica", de Sebastian Lelio. Tanto a mulher trans do filme de Lelio quanto o protagonista de "Ninguém sabe que estou aqui" são figuras marginalizadas da sociedade, e que buscam alguma felicidade que está em pequenos sonhos. Memo sempre teve uma linda voz. Mas quando criança, seu pai fez um pacto com um escroque produtor musical: usar a voz de memo para dublar um menino bonito de olhos azuis. Adulto, Memo (Jorge Garcia, da série "Lost", extraordinário no papel) mora em uma pequena ilhota com seu tio, isolados da sociedade. Um dia, uma namorada de seu tio os visita e presencia Memo cantando. A sua vida muda a partir daí. Um drama melancólico, com toques de magia e musical kitch, "Ninguém sabe que estou aqui" é um ode maravilhoso aos personagens Losers, mas que mesmo diante de nenhuma ambição, encontram alo extraordinário que muda suas vidas. A personagem de Mirallay Lobos , a namorada do tio, lembra bastante a personagem de Sally Hawkins em 'A forma da água". O filme é co-produzido pelo diretor chileno Pablo Larro Larrain. Se prepare para um dos finais mais catárticos e extraordinários que você já viu recentemente, e prepare-se para chorar sem parar. Que atuação brilhante de Jorge Garcia. Maravilhoso! Para fãs de "Cantando na chuva", impossível não se lembrar do mote. Nadie Sabe Que Estoy Aquí

Preso na escuridão

"Abre los ojos", de Alejandro Amenabar (1997) "Abre los ojos", título original desse suspense de ficção científica espanhol, foi o filme que projetou o nome do cineasta Alejandro Amenabar internacionalmente. Tom Cruise viu esse filme de 1997 e comprou seus direitos para refilmar em 2001 com o título de "Vanilla sky", dirigido por Cameron Crowe e co-estrelado por Penelope Cruz e Cameron Diaz. O filme projetou Penelope Cruz também mundialmente, e ala chegou até a namorar Tom Cruise. Cézar (Eduardo Noriega) e Pelayo (Fele Martinez) são melhores amigos - curiosidade: ambos os atores trabalharam no filme anterior de Amenabar, o suspense "Tese"- Cézar é um milionário órfão e boa pinta. Pelayo se considera feio e sem a sorte de Cézar com mulheres. Cézar namora Nubia, uma mulher sociopata de morre de ciúmes de Cézar e por isso ele se afasta dela. Na festa de seu aniversário, Pelayo apresenta para Cézar sua namorada,a a atriz Sofia (Penelope Cruz). Cézar se apaixona por ela. Mas quando Nubia descobre o romance, resolve dar uma carona para Cézar, mas intencionalmente joga o carro pelo penhasco. Ela morre e Cézar fica com o rosto desfigurado. Sofia se afasta dele, e Cézar começa a ter visões, que o deixam em dúvida entre o que é realidade ou não. O roteiro, co-escrito por Amenabar, é bastante complexo e precisa ser visto com bastante atenção, em todos os detalhes. É um roteiro bastante criativo, misturando gêneros. Os atores estão ótimos, e Amenabar conduz tudo com bastante precisão, apesar de querer confundir o tempo todo o espectador.

A fera na selva

"A fera na selva", de Paulo Betti e Eliane Giardini (2017) Adaptação de conto de Henry James, lançado em 1903, o texto foi adaptado pelo casal de atores Paulo Betti e Eliane Giardini para os palcos nos anos 90. O mesmo casal dirige e protagoniza a história de João e Maria, nomes simples para histórias simples, ambientada em Sorocaba, e percorrendo dos anos 80 aos dias de hoje. O encontro dos dois se dá ao acaso em um passeio turístico de barco. Anos depois, eles se reencontram em um passeio a um museu. Ela se lembra de todos os detalhes, ele quase nada. Ele é professor de português, e ela de literatura, na mesma faculdade. João tem certeza da simplicidade de sua vida, e que em algum momento, algo de extraordinário irá surgir em sua vida. Ele está tão certo desse momento, que ignora a presença de Maria, sempre fiel, amorosa, ao seu lado. Os anos se passam, e Maria sempre ali, em papos filosóficos e literários com João. Lindamente fotografado por Lauro Escorel, mestre da fotografia, que também co-dirigiu o filme. O filme explora bem as locações em Sorocaba e arredores, locações bastante bucólicas, embalando muito bem a história de amor inusitada. A metáfora de oportunidades que não são aproveitadas por nós em vida, o filme tem uma narrativa que funde teatro e cinema com bastante delicadeza.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Ácido

"Kislota", de Aleksandr Gorchilin (2018) Premiado drama russo, competiu no Festival de Berlin e em outros prestigiados Festivais internacionais. Filme de estréia do ator Aleksandr Gorchilin, de apenas 28 anos, "Ácido" é um "Transpotting" versão russa, porém menos focado no mundo das drogas e mais no drama de jovens na faixa dos 20 anos, que não possuem qualquer esperança em seus futuros, vivendo uma vida de riscos. A urgência da morte, que vem através de tentativas de suicídios e do desamor entre pais e filhos. Sasha e Petya são dois melhores amigos. Quando um amigo em comum, Vanya, se suicida, ambos vão para uma balada techno. Viver ou morrer não faz diferença para essa geração, cujos pais cresceram durante o fim do comunismo. Nesse embate econômico, social e geracional, todos saem perdendo. Uma melancólica e trágica metáfora sobre uma Rússia sem perceptivas, ditadas por uma sociedade e comportamento homofóbicos, machista e que não permite que um homem chore. Direção foda, fotografia foda, atores fodas. Infelizmente o roteiro desliza em alguns momentos, perdendo o rumo, se tornando repetitivo. Mas alguns momentos sôam brilhantes: a primeira transa entre Sacha e uma menina de 15 anos é filmada de forma contundente, bela, sexy. A cena final, envolvendo um batismo em um bebê, é bastante tensa. O ácido do filme não corresponde à droga sintética, e sim, um ácido que os personagens cismam em tomar para se matarem.

Olla

"Olla", de Ariane Labed (2019) Filme de estréia da atriz greco-francesa Ariane Labed, que protagonizou um filme grego que amo, "Attemberg", de Athina Rachel Tsangari. Ariane, tanto como atriz como roteirista e diretora, tem como tema a liberação da mulher, imposta em uma sociedade machista e repressora. "Olla"concorreu no Festival de Cannes, Sundance e ganhou melhor filme no prestigiado Clermont Ferrand. Olla (Romanna Lobach) é uma russa que vem para o interior da França através de um site de encontro. Ela vem com a esperança de se casar com o homem idealizado e mudar a sua vida. Porém, ao chegar ela descobre que ela terá que cuidar a da mãe doente de Pierre, cuidar dos afazeres domésticos e ainda servir de objeto sexual dele. Fora isso, ele quer que ela mude seu nome para Lola, para não chamar atenção. Na rua, ela é cantada por um grupo de jovens que a chama de vagabunda. Olla resolve se vingar de todos. à sua maneira. Com uma direção e narrativa que lembra muito os filmes gregos, repleto de planos fixos e tableaus, o filme seduz pelo sue olhar feminino sobre uma protagonista que mal tem fala, pois não consegue se comunicar, mas que dá a volta por cima. Sensacional a versão russa de "What is love", de Haddaway, cantada pela própria atriz.

Música para morrer de amor

“Música para morrer de amor”, de Rafael Gomes (2019) Fafá de Belém cantando ‘Apaixonada por você, abandonada por você” dá o tom do filme. Melancolia, amores platônicos, amore desfeitos, desamor e até suicídios embalados pelo mito de Romeu e Julieta. Há cerca de 5 anos atrás, assisti a peça “Música para cortar os pulsos”, dirigida e escrita por Rafael Gomes e pensei: esse texto daria um belo filme. No mesmo ano, ele foi vencedor Prêmio APCA de Melhor Peça Jovem. Rafael Gomes ainda dirigiu a versão super premiada de “Um bonde chamado desejo” com Maria Luiza Mendonça e DU Moscovis. Pois o próprio Rafael Gomes assumiu a empreitada de dirigir sua peça. A sua estréia na direção de cinema foi com o ótimo “45 dias sem você”, um romance Lgbtqi+ que também flava sobre amores desfeitos e a dor da separação. “Música para morrer de amor” poderia ser uma continuação do filme. Seus personagens são muito próximos. Mas fui com muita sede ao pote na adaptação cinematográfica, e não pude deixar de notar que os diálogos que no teatro funcionavam tão bem, no cinema soam anti-naturais. “Vocês mal se conheceram e amor já tá rimando com dor né?, ou “Não quero ser personagem, dublê de mim mesmo”. Frases feitas ditas por jovens na faixa dos vinte e tantos anos e músicas de dôr de cotovelo de outras gerações são as preferidas deles. Ricardo (Victor Mendes) que ama Felipe (Ricardo Horomicz) que ama Isabela (Mayara Constantino) que ama Gabriel (Ícaro Silva). Nessa roda de amores sem mão dupla, os mais velhos não têm vez: a avó de Isabela (Suely Franco) é solitária, a mãe de Felipe (Denise Fraga) é solitária e o namorado de Ricardo leva um pé na bunda provavelmente porque é mais velho e porque Ricardo se apaixonou pela juventude e frescor de Felipe. O filme tem muitas qualidade: na parte técnica, a bela fotografia que intensifica a solidão da grande São Paulo, figurinos e direção de arte que não brigam e que nem querer roubar a atenção, fluindo com organicidade. Os atores estão bem, e como é bom ver talentos menos conhecidos pela mídia. E fico pensando o quanto que a sequência final, do encontro dos amigs, poderoa ter ficado muito mais linda e emocionante sem a narração em off.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Corpos ardentes

"Body heat", de Lawrence Kasdan (1981) Filme de estréia do diretor e roteirista Lawrence Kasdan, que depois dirigiria "O império contra-ataca", e da atriz Katlheen Turner. "Corpos ardentes" é um clássico de 1981, uma homenagem aos filmes noir e policial, Na Flórida, o advogado Ned Racine (William Hurt, excelente) se envolve com uma mulher sedutora, Matty (Turner). Após uma tórrida noite de sexo, ela lhe confidencia que quer se divorciar de seu marido, Edmund (Richard Creena), mas descobriu que ele só lhe deixou uma parte pequena no testamento. Ned convence Matty a matar o marido. Contado assim, parece mais uma trivial história de amantes que querem matar o marido, como no clássico "O destino bate à sua porta". O brilhante roteiro de Lawrence Kasdan se apropria de todos os clichês de policial e de noir e traz tudo com uma roupagem nova, em uma eletrizante roupagem sensual de um trhiller erótico irresistível. A química entre Hurt e Turner é perfeita, e a carreira dela deslanchou após o grande sucesso do filme. A trilha de John Barry é sedutora e envolvente, e a fotografia de Richard H. Kline embala tudo em uma atmosfera onírica. Um filme para se rever sempre.

Wasp Network - Rede de espiões

"Wasp Network", de Olivier Assayas (2019) Um filme que tem no elenco Penelope Cruz, Wagner Moura, Gael Garcia Bernal, Edgar Ramirez, Leonardo Sbaraglia e Ana de Armas não tem a mínima chance de passar incólume. O roteiro, mirabolante e repleto de reviravoltas dignas dos melhores filmes de espiões, é adaptado do livro do escritor brasileiro Fernando Morais, “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”. O filme foi produzido pelo mega produtor brasileiro Rodrigo Teixeira e teve sua estréia em competição no Festival de Veneza 2019. A trama gira em torno de espiões cubanos infiltrados em grupos terroristas anti-castristas, baseados em Miami, Estados Unidos, no início dos anos 90. Não dá para contar muito da sinopse pois inevitavelmente será spoiler. A trama é baseada em história real, envolvendo os espiões cubanos, operação chamada de “Rede de Vespas”, FBI e um grupo que contratava cubanos deportados para transportar drogas. A maior curiosidade do filme é ver a dupla Ana de Armas e Wagner Moura repetindo parceria em dramas políticos ( o outro é “Sérgio”) e ambos veiculados na Netflix. Ana de Armas é a única atriz cubana do filme, e curiosamente, ela interpreta uma americana. O filme é uma super produção, requintada com detalhes impressionantes de produção, filmado em Cuba, Miami e Ilhas Canárias. O cineasta Olivier Assayas já havia dirigido a série "Carlos", sobre Carlos, o Chacal, com o mesmo Edgar Ramirez. Filmaço para quem busca uma ótima trama de ação es espionagem baseada em história real. Penelope Cruz está maravilhosa no papel de Olga, esposa de René (Edgar Ramirez).

A Breve História do Longo Caminho

“The Short History of the Long Road”, de Ani Simon-Kennedy (2019) Drama intimista e feminino que concorreu no Festival de Tribeca em 2019, é escrito e dirigido pela cineasta  Ani Simon-Kennedy, e protagonizado com muito brilho por Sabrina Carpenter, no papel de Nola. Nola é uma adolescente de 16 anos, que viaja pelos estados Unidos de van com o seu pai, Clint (Steven Ogg), um aventureiro de espírito livre. Ambos viajam sem rumo, sem nada que os prenda a algo. Clint ensina tudo para Nola, que adora essa vida nômade, mas quando o pai morre inesperadamente, ela fica sem rumo. No seu caminho, ela encontra pessoas que podem ajuda-la, mas Nola resiste a qualquer tentativa de ajuda. Ela decide ir procurar as mãe que a abandonou quando criança. Dirigido com delicadeza pela cineasta Ani Simon, o filme é um road movie e um coming of age sobre a difícil arte de se tornar adulto antes da hora. Sabrina Carpenter entrega uma linda performance, segurando o protagonismo do filme. A narrativa segue bastabte lenta, e às vezes fica bem arrastado. Participação especial de Danny Trejo, no papel de um mecânico bronco.

domingo, 21 de junho de 2020

The joy of Disco

"The joy of Disco”, de Benjamin Whalley (2012) Para fãs da Disco music, esse documentário é imprescindível. Cobrindo o surgimento da Disco no final dos anos 60, muito em função do movimento gay que surgiu com Stonewall, até a sua derrocada, em 1979, quando o gênero caiu em marasmo e falta de criatividade. O filme mostra que a comunidade Lgbtqi+, negros e latinos foram fundamentais para que o gênero musical surgisse. O filme apresenta todo mundo que conhecemos Bee Gees, Donna Summer, Gloria Gaynor, Sylvester, Village People, o produtor musical Giorgio Moroder, fundamental para a inclusão dos sintetizadores que revolucionaram a música e influenciou a techno music e a house music. O mais curioso foi saber que em 1979, surgiu um movimento chamado “Disco sucks”, que definitivamente acabou com o gênero: muitos músicos alegam que esse foi um movimento formado por homofóbicos e racistas, uma vez que latinos e negros eram os grandes consumidores. O filme também fala sobre a liberação sexual feminina, com músicas que falavam de orgasmo e prazer, como “Loe to love you baby” e “More, more, more”. Uma delícia ouvir inúmeros clássicos da discoteca. O filme abre brecha também para boites famosas, como a Studio 54.

Azougue Nazaré

"Azougue Nazaré", de Tiago Melo (2018) Longa de estréia do produtor Tiago Melo, que também co-escreveu o roteiro, "Azougue Nazaré" recebeu vários prêmios nacionais e internacionais, entre eles, no Festival de Rotterdan, melhor ator no Festival do Rio para Valmir do Côco, impagável como Catita. O filme é ambientado na cidade canavieira de Nazaré da Mata. O roteiro acompanha vários personagens, a maioria deles representantes de um grupo de Maracatu. Um grande embate acontece entre o grupo de Maracatu, e o grupo evangélico da cidade, que considera o Maracatu obra do demônio. Catita (Valmir do Côco), é casado com Irmã Darlene (Joana Gatis), evangélica. O casal vive em conflito, e por isso, Catita mente para a esposa dizendo que não frequenta as danças do Maracatu. Paralelo, uma estranha entidade em forma de energia elétrica surge na região, e fazendo sumir integrantes do grupo de Maracatu. O filme mistura musical, drama, realismo fantástico e crítica social a um País dominado por religiosos que querem doutrinar a população, e também apresenta um mundo onde a pobreza domina a todos, sem muita chance de vencer na vida. O elenco é formado por atores e não atores, a maioria vindo do grupo de Maracatu Cambinda de Brasileira. A fotografia de Gustavo Pessoa é brilhante, dando conta dos momentos musicais com muita cor e vibração, e dos elementos fantásticos. A cena do Pastor sendo seduzido pela Irmã Darlene que diz que foi um chamado de Deus, é impagável. Valmir do Côco é uma excelente revelação: uma figura carismática, repleto de humor e dramaticidade.

sábado, 20 de junho de 2020

You should have left

"You should have left", de David Koepp (2020) Adaptado do romance de Daniel Kehlmann pelo roteirista e diretor David Koepp, “You should have left” é um drama psicológico de terror muito do sem graça. David Koepp é dos roteiristas mais bombados de Hollywood, tendo escrito a última trilogia de Indiana Jones, além da franquia “Jurassic Park”, além de “Missão impossível” e “Jack Ryan“. Com um currículo de mega sucessos desses, é de se impressionar que como diretor, ele ainda não acertou em nenhum filme. Com Kavin Bacon, ele já trabalhou em “Ecos do além”, um filme superior a esse aqui, mas ainda assim, razoável. Kevin Bacon interpreta o roteirista Theo, casado com a atriz Susannah (Amanda Seyfried). Eles têm uma filha pequena, Ella. Theo tem um trauma: sua ex-esposa se suicidou na banheira. Após terminar as filmagens de Susannah, Theo sugere que os três viajem para merecidas férias. O destino é uma casa isolada na região de Gales, na Inglaterra. Chegando lá, o casal se impressiona com o tamanho da casa. Theo no entanto, começa a ter pesadelos com o local, que remetem à morte de sua ex. Kevin Bacon já mostrou ser ótimo ator no drama ‘O lenhador”. Amanda Seyfred também já revelou sue talento em vários filmes, seja drama, romance ou comédia. Infelizmente, nada funciona a contento. O casal não tem química. Difícil acreditar que a personagem dela tenha se apaixonado por ele. O filme era para ter um suspense crescente como em “ O iluminado”, uma referência óbvia. Mas não existe tensão. Para piorar, Theo começa a ter ataque de pelanca por ciúmes de Susannah. E o final, é dos piores que já vi, uma explicação metafísica sobre tudo. O filme foi produzido pela Blumhouse e Universal, as mesmas do sucesso "O homem invisível". Mas a receita da casa mal assombrada dessa vez não funcionou.

A mulher da areia

“Suna no onna”, de Hiroshi Teshigahara (1964) Obra-prima da nouvelle vague japonesa, “A mulher da areia” é adaptado do livro de Kobe Abe. A nouvelle vague japonesa foi um movimento que surgiu no final dos anos 50 no Japão, seguindo os preceitos da sua referência, a Nouvelle Vague francesa. Rompendo com o classicismo do cinema japonês, os jovens cineastas do movimento trouxeram um novo frescor aos temas, falando sobre sexualidade, independência feminina, existencialismo, angústia. Protagonizado pelo astro japonês Eiji Okada, do clássico de Alain Resnais, “Hiroshima, mon amour”. Inclusive, uma sequência lembra muito o filme francês: na cena de sexo, com a câmera colada na pele dos amantes, a areia colada ao corpo, refletindo tanto a pele quanto o brilho dos grãos de areia. Eiji interpreta o entomologista Niki, que vai até uma região de dunas para fazer pesquisa de insetos. Quando ele dorme, ao acordar, descobre por um aldeão que o último ônibus já partiu. O aldeão lhe oferece uma hospedagem na casa de uma senhora solteira. Ao chegar no local, Niki descobre que a casa fica dentro de um vale de areia. Ao descer de escadas de corda, ele conhece a solitária e angustiada mulher (Kyôko Kishida). Ela lhe diz que a tempestade de areia soterrou seu marido e sua filha. No dia seguinte, ao acordar, Niki descobre que a escada sumiu, e que ele foi enganado pelos aldeões: é uma armadilha, para que ele seja a partir de agora, parceiro dessa mulher, que passa as noites tirando areia do buraco para evitar que as casas dos aldeões sejam soterrada também. Misturando vários gêneros: drama, realismo fantástico, erotismo, filmes sobrenaturais e de terror, “A mulher da areia” é um primor de fotografia, em preto e branco expressionista, de trilha sonora, bastante assustadora, e de direção de arte e de efeitos. Toda a trucagem do barranco de areia deslizando, a casa sendo invadida pela areia, é impressionante. O filme pode ser visto de duas formas: realista, ou metafórico, falando de temas como fracasso do casamento, machismo, luta de classes, uso do poder. O filme tem um teor erótico bastante forte, inclusive trazendo fetiches como voyeurismo ( os aldeões querem ver o casal fazendo sexo para poder realizar o desejo do homem de querer ver o mar). Vencedor do Grande premio do júri no Festival de Cannes 1965, e concorrendo ao Oscar nas categorias de direção e filme estrangeiro, “A mulher da areia” é uma aula de direção, de construção de narrativa e defendido com garra por dois atores brilhantes, que se permitiram se envolver em uma sofrida e penosa produção onde certamente, o luxo e conforto não existiram.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Freud, além da alma

"Freud", de John Houston (1962) Lançado em 1962, "Freud, além da alma" foi um grande sucesso de crítica, e até hoje, ele é usado em faculdades de psicologia como ilustração dos primeiros cinco anos de Sigmund Freud assim que ele terminou a faculdade de medicina em Viena, no ano de 1885. John Houston havia dirigido Montgomery Clift em seu filme anterior, "Os desajustados". Para o papel da paciente Cecily, Houston queria Marylin Monroe, mas acabou nas mãos de Susannah York. O filme apresenta o estudo de Freud (Clift) sobre o estudo da sexualidade infantil, em tese defendida como Complexo de Édipo, mas Freud foi ridicularizado por colegas médicos e por seu mentor, o médico Joseph Breuer (Larry Park). Na época os casos de histeria eram vistos como de pacientes que queriam chamar atenção. Através de Cecily, Freud analisou que a histeria advém de traumas de algum momento da vida. O filme então faz um paralelo, em flashbacks, dos traumas de Cecily e do próprio Freud, que conclui que tanto ele quanto Cecily sentiram ciúmes de seu pai e de sua mãe, respectivamente. O filme te uma brilhante fotografia de Douglas Slocombe, que, por incrível que pareça, fotografou os três filmes de Indiana Jones. A trilha sonora, soturna, é de Jerry Goldsmith. O elenco está muito bem, tanto Montgomery Clift quanto Susannah York emprestam total verossimilhança às angústias de seus personagens atormentados. O próprio John Houston narra o filme, com a sua voz gutural e marcante.

Piedade

"Piedade", de Claudio Assis (2020) Primeira pergunta que todo mundo faz quando falam do filme : "E a cena de sexo entre o Cauã e o Matheus?". Sim, as cenas existem, mas elas são pano de fundo para uma história que anuncia uma tragédia ambiental , econômica e social: a chegada de uma empresa petrolífera na comunidade litorânea de Piedade, Pernambuco, chamada Petrogreen, e representada pela figura ambiciosa e escroque de Aurélio (Matheus Nachtergaele). As obras da Petrogreen afastam os banhistas, os turistas e atrai os tubarões (Metáfora para empresário se oportunistas que querem ganhar em cima da natureza). Dona Carminha (Fernanda Montenegro) e seu filho Omar (Irandhir Santos) fazem parte da resistência que não quer sair do lugar. Sandro (Cauã Raymond0, dono do cinema pornô da cidade, entra em conflito eterno com seu filho Marlon (Gabriel Leone), um jovem surfista que se revolta com a Petrogreen. Sandro acaba se envolvendo sexualmente com Aurélio, enquanto Marlon repudia o empresário. Claudio Assis toca em temas recorrentes também na obra de Kleber Mendonça, mas o seu cinema é mais cru, contestador, visceral. Sexo, encontros e desencontros, carência afetiva e muita melancolia de um País que perdeu seu rumo, mas que encontra em pessoas como os moradores de Piedade a resistência. comparações com "Bacurau" é inevitável. Se o tema os aproxima, a linguagem é totalmente oposta. Com um elenco formidável, com todos em performance exuberante, o filme ainda traz a maravilha da atriz Denise Weinberg, em participação especial, e da atriz Mariana Ruggiero. Ótimo roteiro de Anna Francisco, Dillner Gomes e Hilton Lacerda.

Força da natureza

"Force of nature", de Michael Polish (2020) Curiosa a trajetória do ator Emile Hirsch, que nos anos 2000 despontou em Hollywood como uma das grandes promessas, realizando filmes como "Speed racer", e o drama independente de Sean Penn, "Na natureza selvagem", recebendo elogios de toda a crítica. Mas a sua carreira não decolou, fazendo participações ou filmes sem muito brilho. Kate Bosworth, a Lois Lane no 'Superman"de Bryan Singer, também não estourou. Mel Gibson entrou na lista negra de quase todo o cinema por conta de sua postura conservadora que desagradou a muita gente. Pois são justamente esses três atores que protagonizam "Força da natureza', um filme de ação rodado em San Juan, Porto Rico. A história já é mega batida, e toda a produção tem um look de Filme B. Um furacão chega em San Juan, e os policiais Jess e Cardillo (Hirsch) precisam evacuar um prédio. Lá, eles conhecem a enfermeira Troy *Bosworth) que tenta retirar o seu pai *Mel Gibson) do prédio, mas ele não quer. Outros moradores também se recusam a sair. Paralelo, uma quadrilha de bandidos invade o prédio para localizar o apartamento onde está localizado um morador que mantém um quadro roubado famoso, que vale milhões. Mel Gibson está super mal aproveitado, o filme não tem muito ritmo e o roteiro também não ajuda muito, é tudo muito óbvio e sabemos exatamente tudo o que vai acontecer. Como não podia deixar de acontecer, ainda dá tempo para um romance. PAra passatempo, é um quebra-galho.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Banana Motherfucker

"Banana motherfucker", de Pedro Florêncio (2011) Genial curta trash português, vencedor de diversos prêmios internacionais, que traz referencias de filmes clássicos como "Tubarão", "A hora do pesadelo", "Evil dead", "A bruxa de Blair" e "O ataque dos tomates assassinos". Uma equipe de filmagem segue até a floresta do Peru, onde reza a lenda, os mortos não morrem. Chegando lá, eles são atacados por bananas assassinas. O único sobrevivente, ao voltar para Portugal, traz sem saber uma banana em seu bolso. A banana convoca todas as bananas para uma revolução e massacram toda a população. Não tem como falar do filme. Tem que assistir para acreditar. Só digo que é muito original, engraçado e mega hiper tosco. Link para assistir ao filme: https://vimeo.com/40850295

Say Yes

"Say Yes", de Stewart Wade (2018) Drama LGBTQI+ independente, que traz um argumento interessante: Lily e Beau formam um casal feliz, ate o dia que Lily descobre que tem um câncer terminal. Lily tem um irmão gêmeo, Canden, que é bissexual, e que está sempre na casa do casal. Pressentindo o fim próximo, Lily faz um pedido para Beau, que está inconsolável com a iminente perda da mulher que ama: que ele more cm Canden, e se possível, o ame como ele a amou. Beau se assusta com a proposta, mas aos poucos, vai tentando entender a sua própria provável bissexualidade. Com 3 ótimos atores nos papéis principais, o filme trata de forma honesta e delicada, sem caricaturas, as várias possibilidades de amar uma pessoa, independente de seu gênero. É possível perceber a falta de orçamento para o filme, principalmente na fotografia, mas é um filme com uma proposta interessante e defeitos técnicos acabam sendo relevados. O excesso de trilha sonora é que predica um pouco.

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Os melhores anos de nossas vidas

"The best years of our lives", de William Wyler (1946) Steven Spilerbeg disse no documentário "Cinco que voltaram", que há mais de 30 anos ele segue um ritual: todo ano, ele assiste "Os melhores anos de nossas vidas", às vezes até mais de uma vez por ano, e que é um dos filmes fundamentais na sua vida. Assistindo ao filme, entendo o porquê: é um emocionante drama sobre 3 ex-soldados americanos que retornam para os seus lares após o fim da 2a guerra mundial. Mas eles não são mais os mesmos. Um precursor do tema do Estresse pós traumático, o filme me fez chorar litros. Willian Wyller, que foi documentarista em campo na 2a guerra mundial, quiz trazer essa narrativa documental ao filme. É um filme cru, e mesmo com a excessiva trilha sonora, o filme arrebata pelas tragédias na vida de cada um dos soldados, e a inaptidão para voltar às suas vidas com respectivas famílias e esposas. O filme arrebatou 7 Oscars em 1947: Melhor filme, direção, edição, ator (Frriedrich March), roteiro, trilha sonora e pela 1a e única vez na história, um não ator recebeu um Oscar de coadjuvante, e ainda, um Oscar duplo, pela contribuição humanitária. Harold Russell, no papel de Homer, soldado que perdeu suas duas mãos e em seu lugar, recebeu ganhos de metal. Hrold na vida real perdeu as duas mãos quando manuseava dinamite em um treinamento. Willian Wyller o viu em um documentário e o escalou, proibindo que ele tivesse aulas de atuação, pois o queria em sua espontaneidade. Fred (Dana Andrews) não encontra emprego e sua esposa o destrata pela sua pobreza e falta de ambição. Al Stephenson (Friedrich March) se torna um alcoólatra, e é ajudado por sua esposa, Milly (Myrna Loy) e filha, Peggy ( Teresa Wright), ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por outro filme de Wyller, "Rosa da esperança". O filme comove pela forma carinhosa e realista com que os três soldados tentam se readaptar na vida. Wyller, mais do que ninguém, entendeu do assunto, e promoveu um doa mais belos filmes da história.

Daft Punk's Electrom

"Daft Punk's Electroma", de Thomas Bangalter e Guy-Manuel De Homem-Christo (2006) A dupla de música eletrônica estourou no mundo inteiro com o seu 2o álbum, "Discovery". O sucesso foi tão avassalador que foi lançado um anime longa-metragem dirigido pelo mestre japonês Leiji Mstsumoto, entre outros, "Insterstella 5555", contendo as faixas do disco. O disco seguinte, "Human after all", tem um aspecto mais conceitual e experimental. Após o sucesso de crítica e público de "Interstela 5555", a dupla resolveu ela mesmo dirigir um longa, chamado "Daft Punk's Electroma". Só que as músicas do filme não são do disco. São músicas ecléticas de CHopin, Debussy, Brian Eno, entre outros. O filme é uma bela fábula existencialista que tem como protagonistas os robôs Daft Punk. Em um mundo habitado por robôs, eles querem se tornar humanos, e seguem uma trip metafísica e existencial em busca de um rosto humano. O filme traz referências de clássicos futuristas como "2001", "THX", e os cults"Easy rider", Zabriskie Point" e até um pouco do mito de Frankestein, que após se tornar humano novamente, entre em grande conflito. Com uma fotografia e câmera brilhante de Thomas Bangalter, o filme conseguiu o grande feito de concorrer em Cannes 2006 na Mostra Quinzena dos realizadores. O visual do filme é todo vintage anos 70, rodado na Cafifórnia e no deserto da região. Um grande épico intimista, repleto de cenas belíssimas e uma trilha sonora new eletronic.

terça-feira, 16 de junho de 2020

Daft Punk- Unchained

"Daft Punk- Unchained", Hervé Martin-Delpierre (2015) Documentário imperdível para fãs da dupla de música eletrônica francesa "Daft Punk". Thomas Bangalter e Guy-Manuel De Homem-Christo começaram no início dos anos 90 com uma dupla chamada 'Darlin", mas um crítico chamou a música deles de "Daft punky trash" e eles resolveram mudar seu estilo. Influenciados pela música eletrônica de Chicago e pelo hip hop, eles construíram um legado que traz referências da disco music, future music, funk e soul. Com um visual e figurinos que sempre chamaram atenção,a dupla nunca mostrou seu rosto em público, sempre escondido em capacetes e roupas futuristas. Uma delícia escutar os grandes sucessos, depoimentos de Djs, celebridades e cantores sobre essa dupla que revolucionou a música eletrônica dos anos 90 para cá.Ver Giorgio Moroder falando sobre a influência que teve noa dupla com os sintetizadores, e os cineastas Spike Jonze e Michel Gondry, que dirigiram os clips clássicos "Da funk"e "Around the world", é maravilhoso para se entender o processo criativo.

Yomeddine- em busca do lar

"Yomeddine", de A.B. Shawky (2018) Para quem quer se emocionar e chorar em um drama, "Yomeddine" é uma boa pedida. Exibido no mesmo ano que "Cafarnaum", de Nadine Labaki, no Festival de Cannes, o filme, assim como o libanês, têm como protagonistas crianças e marginalizados desamparados pelo estado, vivendo o abandono e lutando contra a violência social. A.B. Shawky é egípcio e estudou em Nova York. Quando realizou o eu primeiro curta-metragem, "The colony", em uma colônia de hansenianos no norte do Cairo, conheceu Rady Gamal e o escalou para protagonizar o seu primeiro longa. Rady interpreta Beshay, um catador de lixos ex-leproso, mas com marcas em seu corpo. Beshay é amigo o menino órfão Obama (Ahmed Abdelhafiz). Quando Beshay se torna viúvo, resolve ir em busca de sua família, que o abandonou na colônia de hansenianos quando ele era criança. Obama segue junto nessa empreitada, em busca de alguém que os ame. O filme tem uma estrutura de road movie, e como tal, vão conhecendo pessoas ao longo de seu caminho que ajudam a transformar emocionalmente as suas pessoas. A direção de Shawky é muito delicada e filma tudo com bastante carinho. É um filme com um olhar de cinema neo-realista, com não atores protagonizando o filme.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

O diário de Anne Frank

"The diary of Anne Frank", de George Stevens (1959) George Stevens foi um dos maiores cineastas americanos e realizou em uma tacada só 5 grandes obras-primas do cinema: "Um lugar ao sol", "Vício maldito", "Os brutos também amam", "Assim caminha a humanidade" e então, "O diário de Anne Frank", um dos livros mais lidos no mundo, escrito pela adolescente Anne Frank, nascida alemã mas erradicada na Holanda, Amsterdã, quando sua família fugiu para lá. O filme ganhou 3 Oscars em 1960: Melhor atriz coadjuvante para Shelley Winters, melhor fotografia e melhor direção de arte. Filmado 90 por centro no sótão de um prédio ( montado em estúdio, externas em Armsterdã), o filme também concorreu à Palma de Ouro em Cannes. Anne Frank, seu pai Frank, sua irmã mais velha MArgot e sua mãe Edith, dividiram o s otão com a família Van Haans: o pai, a mãe, Petronella (Winters) e o filho, Peter. O outro refugiado é o senhor Dussel, um idoso rabugento que reclama de tudo. Todos foram alocados ali por Kraler e a jovem Miep, que trabalham na casa e trazem eventualmente comida para eles. Durante 2 anos, de 1942 a 1944, eles permaneceram ali, vivendo medo, angústia, frustração, passando fome, frio. Anne resolveu fazer de seu diário o seu amigo, relatando a trajetória de uma criança que se torna uma quase mulher , quando ela começa a sentir sentimentos por Peter. O filme é uma transposição de um texto teatral montado com grande sucesso na Broadway. O filme procura fugir da teatralidade, mostrando cenas externas com soldados alemães prendendo judeus na rua. Claustrofóbico, o diretor George Stevens procura trazer, diante de tato sofrimento, momentos de pura poesia. A cena do jovem casal namorando na a'rea com roupas penduradas é um primor. A jovem atriz Millie Perkins, que interpreta Anne Frank, na época da filmagem cm 23 anos, estreou no cinema com o filme. Ela está bem, mostrando docilidade, medo, paixão. Os outros atores também estão todos bem, e existem belos momentos de embate entre os personagens. A cena final, da invasão ao espaço, é das cenas mais tristes do cinema.

Destacamento Blood

"Das 5 Blood, de Spike Lee (2020) Quero começar dizendo que gostei do filme. Mas quero também dizer que fiquei pasmo como que em pleno 2020, os vietnamitas continuam sendo retratados como mercenários e sanguinários como nos filmes dos anos 80 de "Rambo" e Chuck Norris, como um dos personagens do filme exalta. Eu sei que é ficção, mas é muito importante mudarmos o olhar nas próximas dramaturgias sobre as comunidades asiáticas nos difíceis dias em que vivemos. O filme faz reverência a duas obras-primas do cinema: "Apocalipse now", em referência mais do que explícita, tanto na boite de Saigon que tem o nome do filme, como na cena que abre o flashback, o famoso sol do por do dia com um helicóptero sobrevoando as florestas do Vietnã. E "O tesouro de Sierra Madre", de John Houston. Uma personagem diz: O Ouro muda as pessoas, até mesmo os amigos". Paul, na performance magnânima de Delroy Lindo, é a encarnação do personagem de Humphrey Bogart no filme de Houston. 4 amigos de meia idade retornam para o Vietnã nos dias de hoje para uma missão: resgatar na floresta um tesouro em barras de ouro escondido por eles quando estiveram ali lutado pelo exército americano durante a Guerra do Vietnã nos anos 80. Mas a busca do tesouro irá gerar conflitos dentro do grupo. O filme apresenta uma parte documental extraordinária, composta de cenas de Martin Luther King em discursos, manifestações, Guerra do Vietnã, soldados negros mortos em atividade. Mas o mais importante do filme, e que o título já deixa claro, é a importância da união de um povo, uma luta sem fim. O documentário "Cinco que voltaram"já apresentava a questão do envio de soldados negros americanos para as guerras como frente, para serem abatidos antes dos brancos, além dos maus tratos e da falta de decoro do exercito com eles. O filme é muito bem dirigido por Spike Lee, cercado de excelentes profissionais que trazem o melhor das sua stécnicas para o filme. Parabéns ao elenco, magistral em sua unidade. O final é de chorar, uma linda homenagem à cultura e à luta do "Black lives matters".

domingo, 14 de junho de 2020

Menino tempestade

"Storm boy", de Shawn Seet (2020) Refilmagem de um filme de 1976, "Menino tempestade" é adaptação do livro de Colin Thiele. Filmado na Austrália, o filme faz parte daquele sub-gênero de filmes infantis que mostram a amizade inseparável entre uma criança e um animal, tema que já rendeu filmes clássicos, como "virtude selvagem", "O corcel negro" e "Cavalo de guerra". O filme se passa em duas épocas, unindo o mesmo personagem, Michael (Finn Little), aos 10 anos e já idoso )Geoffrey Rush). Quando criança Michael, órfão de mãe, mora com seu pai, um pescador no litoral. Michael não estuda para poder ficar com seu pai. Um dia, encontra 3 filhotes de pelicanos na praia, cujos pais foram mortos por caçadores. Com a ajuda do aborígene Fingerbomne, Michael cuida dos pelicanos, como se fosse pai deles. No dia presente, Michael retorna à cidade. Seu filho é dono de uma empresa que quer realizar obras no lugar onde Michael cresceu. A sua neta Madelene pede ajuda ao avô para impedir que o pai cometa esse crime ambiental. Não seria surpresa se a Disney chamasse o diretor Shawn Seet [ara dirigir algum se seus projetos. "Menino tempestade"tem tudo o que a Disney gosta: história cativante e emocionante, lágrimas, sorrisos, animais, amizade, vilões e uma fotografia e trilha sonora deslumbrantes. E o principal: um protagonista mirim muito talentoso e carismático, que é o caso do menino Finn Little, e dos pelicanos treinados para executar cenas fofas.

O rei de Staten Island

“The king of Staten Island”, de Judd Apatow (2020) Chorei que nem um condenado, gargalhei como há muito não ria. Judd Apatow, que dirigiu as comédias clássicas “Superbad” e “O virgem de 40 anos”, vem com uma emocionante comédia dramática que ele co-escreveu com Pete Davidson, um dos mais brilhantes e talentosos atores da nova geração. O filme é uma forma de Davidson exorcizar o fantasma de sue pai, que era bombeiro e morreu em ação no atentado de 11 de setembro. Davidson nunca conheceu direito o seu pai, e trouxe essa história para esse filme que é um dos mais lindos e maravilhosos que assisti há muito tempo. Pete Davidson é a alma do filme. Egresso do programa “Saturday night live”, ele tem investido em comédias autorais e independentes. Pete interpreta Scott ( nome real de seu pai), filho de um bombeiro que morreu em ação. Ele mora em Staten Island com sua mãe, a médica Margie (Marisa Tomei, em seu melhor papel em anos) e cm sua irmã Claire. Scott é desajustado: sem emprego, sem estudo, sonha em ser um tatuador e para isso, ele usa seus amigos como cobaia. Scott não conseguiu se livrar do luto pela morte de seu pai, ao contrário de sua mãe e irmã. Quando a irmã se forma no colegial e vai estudar numa faculdade, Scott sente o peso de ser o filho que não deu certo. Margie conhece um bombeiro divorciado, Igor (Moises Arias, sensacional), e Scott não consegue aceitar um outro homem ocupando o espaço do falecido pai. O roteiro é magnifico, alternando momentos de grande emoção com cenas de puro humor. As crianças do filme também são muito boas, e a cena que Scott leva os filhos de Ray para o colégio é antológica. A trilha sonora é perfeita para o filme, do gênero que eu amo, “Feel good movie”. Além do elenco em estado de graça, Steve Buscemi faz uma bela participação, com uma cena cativante em um restaurante, com todos os bombeiros reunidos. Juro que nos último dez minutos eu chorei sem parar. Pete Davidson, que protagonizou um filme com personagem bem semelhante, Big time adolescence”, é um ator inteligente, que sabe fazer uso do humor sem forçar o riso, fazendo tudo com o tempo cinematográfico, a pausa e o olhar. Brilhante.

sábado, 13 de junho de 2020

Love, Scott

“Lpve Scott”, de Laura Marie Wayne (2019) Emocionante documentário sobre o canadense Scott Jones, nascido na cidade de Halifaz, Canadá. Em 2013, ele, que era um pianista, foi atacado após sair de um bar. Foi esfaqueado e ficou paralítico da cintura para baixo. O atacante foi preso, mas a justiça negou processá-lo por crime de homofobia e sim como um crime comum. Hoje em dia, Scott participa de movimentos para legalização de crime contra a homofobia. O filme é dirigido por Laura Marie Wayne, amiga pessoal de Scott. Ambos se conheceram quando estavam estudante na Universidade de música, como pianistas. O filme acompanha os 3 anos seguintes ao crime. Dividido em capítulos, cada um em um ano, o filme procura acompanhar a difícil aceitação de sua fatalidade. Scott dá um depoimento muito comovente, dizendo que o que mais sente falta é não poder colocar os pés no pedal do piano. Sua mãe também fala sobre o quanto educou errado seu filho gay: ao contrário de sua filha, que ela educou falando sobre o mundo e a violência, ela, acreditou que o filho, gay, não precisaria de seu olhar sobre o quanto as pessoas podem ser cruéis por não aceitarem pessoas diferentes. Scott, ainda no primeiro ano, retorna para a rua onde foi atacado. É uma tremenda dor ele aceitar o que aconteceu com ele. Scott se mudou para Toronto e hoje dá aula de canto em um coral. Ele participa de movimentos LGBTQI+, sempre em sua cadeira de rodas. O momento mais emocionante para mim, é quando Scott retorna para um rio onde ele costumava tomar banho. Ele chora abraçado à sua irmã, entendendo que nunca mais poderá fazer o que ele mais amava. Durante uma palestra motivacional, Scott, cm ajuda de aparelhos, consegue ficar de pé, apoiado em um pedestal, e esse momento é de grande comoção para todos. Um depoimento de Scott que reverbera, sobre aceitação é: “Perdoar é uma jornada, é um processo, que eu precisarei enfrentar todos os dias de minha vida”. No final, cartelas apresentam as estatísticas de processos contra a homofobia, dizendo que a maioria dos casos não é levado adiante.

Madonna and The Breakfast Club

"Madonna and The Breakfast Club", de Guy Guido (2019) Documentário obrigatório para fãs de Madonna, apresenta imagens de arquivo, fotos e também recria cenas com atores, cobrindo desde o seu nascimento em Detroit, 1958, até o lançamento de seu 2o álbum em 1984, “Like a virgin”. Eventualmente o filme cobre entrevistas de Madonna e eventos até o ano de 2008. O filme apresenta Madonna através de depoimentos dos integrantes da primeira banda formada com Madonna, The Breakfast club. O grupo foi formado em 1979, e o perrengue era tão grande, que moravam em uma sinagoga abandonada no bairro do Queens. Os irmãos Dan e Ed Gilroy eram os mentores da banda. Madonna namorava Dan e ele a trouxe como vocalista. O grupo tinha uma pegada rock. Logo depois, o grupo se desfez e os irmãos, junto de Madonna e de um amigo dela que veio de Detroit, Steve, criaram “Emmy”. Após algumas apresentações, Madonna foi vista por uma agente que a contratou para fazer carreira solo. Após brigar com a agente Madonna seguiu sozinha e fi atrás de Djs com a demo de “Everybody”, em 1981, sendo que todos viravam a cara para ela. Apenas no final de 1982, um Dj, Mark Kamins resolveu investir em Madonna e reeditou ‘Everybody”. A música começou a estourar em boites mais antenadas do underground de Nova York, aé finalmente ganhar todos os Estados Unidos. Madonna só aparece em imagens de arquivo. Todo o filme é com depoimentos frustrados dos ex-integrantes. A grande força do filme, e o que lhe dá credibilidade, já que Madonna não aparece, é a impressionante atriz Jamie Auld, uma sósia perfeita. Tem horas que você realmente acha que é Madonna. Com imagens raras do filme que Madonna fez para um estudante de NY no final dos anos 70, ‘A certain sacrifice”, as fotos nuas para ganhar dinheiro, o documentário traz humanidade para Madonna, apesar de deixarem claro a ambição da loira, e que foi justamente esse desejo de querer ser famosa que a levou ao lugar aonde ela está.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Um dia Um dia muito claro

"Hvítur, hvítur dagur", de Hlynur Palmason(2019) Que filme extraordinário!! Indicado pela Islândia para concorrer à uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2020, “Um dia muito claro” participou de dezenas de Festivas, ganhando o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes na Mostra semana da crítica e um prêmio no prestigiado Rotterdan. O filme mistura gêneros: drama e suspense em doses densas, defendida com brilho pelos 2 atores principais: Ingimundur, um policial aposentado (Ingvar Sigurdsson) e sua neta Salka (Ída Mekkín Hlynsdóttir). Ingimundor acaba de perder sua esposa em um acidente de carro. O seu luto é doloroso e ele frequenta um terapeuta. Sua grande paixão é sua neta Salka. Um ia, ao revirar as coisas da falecida, Ingimundir encontra uma filmadora. Ao assistir a fita, encontra imagens dela transando com um morador da cidade. Tudo no filme é grande: a direção, o roteiro, a trilha sonora, a fotografia e as belas locações. O filme é composto de rigorosos planos estáticos e também de planos-sequências muito bem marcados em encenação. Logo na cena inicial, temos a impressionante cena do acidente de carro. Mais na frente, quando Ingimundur anda de carro com sua neta, ele bate em uma enorme pedra. AO jogar a pedra no mesmo desfiladeiro onde o carro da falecida caiu, a pedra faz exatamente o mesmo trajeto, só que dessa vez em detalhes. É um recurso narrativo brilhante para que o espectador perceba o quão violento foi o acidente. Do meio em diante, o filme avança para contornos mais de irmãos Cohen, com viradas na história e muita violência. E é impressionante como o diretor domina tão bem a narrativa, construindo uma tensão crescente, quase ao nível do insuportável. Imperdível.

Inimigo natural

"L'ennemi naturel ", de Pierre Erwan Guillaume (2004) Amei esse drama policial LGBTQI+. O filme tem uma intensa carga erótica, repleta de nudez masculina explícita. O roteiro, escrito pelo próprio diretor, é instigante e bastante obscuro, repleta de fetiche e perversões: incesto, ninfomania, voyeurismo. O jovem tenente Luhel (Jalil Lespert), vem de Paris para investigar a morte de um adolescente na cidade da Bretanha, interior da França. Ao entrevistar a mãe do rapaz, ela diz que o pai é o suspeito crime. Ao entrevistar o pai do rapaz, Tanguy (Aurélien Recoing), o tenente Luhel passa a ter desejos eróticos com ele. Luhel é casado e tem um filho recém nascido, mas reprime os seus desejos sexuais homossexuais. À medida que Luhel vai investigando o caso e possíveis suspeitos, ele vem sendo rechaçado pela população local e pela polícia, que o consideram incapaz pela sua juventude. O filme tem uma excelente performance do ator Jalil Lespert, no papel do reprimido tenente Luhel. É um personagem bastante complexo e cheio de camadas. A alta carga erótica do filme traduz os anseios do personagem, que vai enlouquecendo conforme os desejos vão aumentando. É um filme com uma atmosfera estranham que às vezes beira o lúdico e o realismo fantástico.

10 Coisas que Deveríamos Fazer Antes de Nos Separar

"10 Things We Should Do Before We Break Up", de Galt Niederhoffer (2020) Escrito e dirigido pela cineasta Galt Niederhoffer, "10 Coisas que Deveríamos Fazer Antes de Nos Separar" engana o seu público: tudo leva a crer que você vai assistir à uma comédia romântica, mas lá pelo terço final o filme dá uma guinada e vira um drama. E pior, um drama com um desfecho abrupto, como há muito eu não via. Abigai lCristina Ricci) é uma mulher divorciada, mãe de 2 filhos. Ela trabalha como ilustradora de livros infantis e mal tem tempo para uma vida social. Uma noite, sua melhor amiga a chama para ir no bar, mas Abigail resiste, até que é convencida a ir. Ao chegar lá, descobre que foi uma armação da amiga, que marcou um encontro às escuras para ela. Benjamin (Hamish Linklater) surge e ambos conversam para se conhecer melhor. Benjamim propõe que se fossem casados, o que deveriam fazer antes de se separar. Na brincadeira, acabam transando. Um mês depois, Abigail descobre estar grávida. Benjamim surta, não quer assumir compromissos. Od dois propõem um acordo, antes de decidir se fazem aborto ou não: Benjamin deve frequentar a casa de Abigail, conhecer seus filhos e assim, Benjamim sentir se leva jeito para ser pai. A melhor coisa do filme, disparado, é a presença de Cristina Ricci. Não me lembro de tê-la visto em filmes românticos, e é uma delícia ver o quanto ela se dá bem no gênero, se afastando das personagens bizarras que fazia com Tom Burton e na Família Addams. O que estraga o filme é o roteiro: excesso de diálogos e um personagem detestável. Benjamim é um personagem insuportável. O ator Hamish Linklater tenta defender o personagem da melhor forma possível, ma sé difícil.