sexta-feira, 19 de junho de 2020

Piedade

"Piedade", de Claudio Assis (2020) Primeira pergunta que todo mundo faz quando falam do filme : "E a cena de sexo entre o Cauã e o Matheus?". Sim, as cenas existem, mas elas são pano de fundo para uma história que anuncia uma tragédia ambiental , econômica e social: a chegada de uma empresa petrolífera na comunidade litorânea de Piedade, Pernambuco, chamada Petrogreen, e representada pela figura ambiciosa e escroque de Aurélio (Matheus Nachtergaele). As obras da Petrogreen afastam os banhistas, os turistas e atrai os tubarões (Metáfora para empresário se oportunistas que querem ganhar em cima da natureza). Dona Carminha (Fernanda Montenegro) e seu filho Omar (Irandhir Santos) fazem parte da resistência que não quer sair do lugar. Sandro (Cauã Raymond0, dono do cinema pornô da cidade, entra em conflito eterno com seu filho Marlon (Gabriel Leone), um jovem surfista que se revolta com a Petrogreen. Sandro acaba se envolvendo sexualmente com Aurélio, enquanto Marlon repudia o empresário. Claudio Assis toca em temas recorrentes também na obra de Kleber Mendonça, mas o seu cinema é mais cru, contestador, visceral. Sexo, encontros e desencontros, carência afetiva e muita melancolia de um País que perdeu seu rumo, mas que encontra em pessoas como os moradores de Piedade a resistência. comparações com "Bacurau" é inevitável. Se o tema os aproxima, a linguagem é totalmente oposta. Com um elenco formidável, com todos em performance exuberante, o filme ainda traz a maravilha da atriz Denise Weinberg, em participação especial, e da atriz Mariana Ruggiero. Ótimo roteiro de Anna Francisco, Dillner Gomes e Hilton Lacerda.

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