segunda-feira, 29 de junho de 2020
Paris is burning
"Paris is burning", de Jennie Livingston (1992)
Se alguém me perguntar quais são os 5 melhores documentários de todos os tempos, certamente "Paris is burning" estará entre eles.
E o filme é o exemplo máximo do que significa, para mim, a expressão "evolução" da conscientização de um ser humano.
Assisti a esse documentário em 1992, quando foi exibido no Festival do Rio. Na época, o frisson de todos era assistir ao filme que apresentava o universo da dança Vogue, celebrizada por Madonna em uma música que explodiu no mundo inteiro. Quando assisti ao filme, lembro que não gostei muito, porque a parte referente ao Vogue, exatamente, era muito pouca, e claro, não se falava de Madonna. Saí frustrado.
Assistindo hoje em dia, sinto vergonha por não ter captado as várias mensagens do filme. Ate porque eu não era uma pessoa consciente das questões da transfobia, da visibilidade trans preta, latina e da invisibilidade dessa comunidade. O filme é uma obra-prima, que resolvi rever depois de assistir a documentário da Netflix, chamada "Revelação", e que mostra como o cinema e a tv representaram a figura da trans, seja ela homem ou mulher. E a mensagem do filme foi exatamente essa, a importância da evolução.
Madonna na verdade ajudou a trazer ao mundo a dança Vogue, que sempre foi restrita ao gueto de grandes cidades, como Nova York ( o Vogue surgiu no Harlem, em bairros pobres, e frequentado por trans, gays pretos e latinos, a maioria, subempregado, ou desempregados, ou sem tetos). Atualmente, o seriado "Pode", de Ryan Murphy, homenageia esse filme e todo es emundo que envolve a Vogue club e os famosos bailes de concurso.
No filme, entendemos todo o conceito das "House", que é quando uma Madrinha adota menores das ruas e as traz para casa para fazerem arte de seu grupo. A beleza dessas ouse era justamente tirar os menores gays do mundo das drogas e da prostituição.
O filme traz depoimentos importantes e construtivos sobre a velhice dos gays, sobre glamour, luxo, poder e também o lado ruim da vida: Hiv, pobreza, fome, desemprego. Os clubes eram um lugar aonde todo esse mundo real desaparecia e os participantes podiam sonhar com um mundo idealizado.
Cenas antológicas, depoimentos lindos e contundentes. E no desfecho, testemunhamos que uma das trans que deram depoimento, Anji Xtravaganza, foi assassinada. Um filme importante, esclarecedor, obrigatório.
Ganhou prêmios importantes no Festival de Berlin, Sundance e tantos outros festivais prestigiados.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário