domingo, 7 de junho de 2020
Um certo verão
“That certain summer”,de Lamont Johnson (1973)
Que texto maravilhoso, que sugiro 4 atores montarem numa peça teatral: 2 homens e uma mulher acima de 35 anos, e 1 adolescente. A dica está dada. Com roteiro escrito por Richard Levinson e William Link, “Um certo verão”, de 1972, foi o primeiro telefilme na história da televisão americana a lidar com o tema da homossexualidade de forma honesta e prática, sem usar de estereótipos e caricaturas na composição da história e dos personagens. O filme provocou enorme discussão, e no Brasil foi proibido por 8 anos durante a ditadura. Foi amplamente premiado, ganhando o Globo de Ouro de melhor telefilme, e várias indicações ao Emmy, premiando com muita justiça o jovem ator Scott Jacoby, de 14 anos, com o prêmio de melhor ator revelação, pela sua performance contundente do filho que descobre que o pai é gay.
Nick (Jacoby) mora com sua mãe, Janet (Hope Lange), divorciada de seu pai, Doug (Hal Holbrook, indicado ao Oscar pelo filme de Sean Penn, ‘Na natureza selvagem”, em 2008). Nick e sua mãe moram em Los Angeles, e o pai mora em San Francisco. Durante as férias do verão, Nick vai passar a temporada com seu pai. Ao chegar lá, o pai o apresenta a um amigo, Gary (Martin Sheen). Nick fica amigo de Gary, mas durante uma festa, descobre a relação entre seu pai e Gary e fica transtornado, fugindo de casa.
Fico impressionado como esse filme lançado há quase 50 anos atrás, traz tanta humanidade aos personagens, escritos com extremo carinho pelos roteiristas, e habilmente dirigidos pelo diretor Lamont Johnson, que colocou muita sutileza e forca narrativa. As belas locações de San Francisco contribuem para dar um ar de solidão no meio de uma grande metrópole. Duas cenas poderosas para os atores: a cena onde Janet confronta Gary, falando da dor do divórcio e de ter perdido o homem que ela tanto ama, com uma frase que jamais esquecerei: “Se você fosse uma mulher, eu saberia como lidar,”. Outra cena, a final, com a conversa franca entre pai e filho, onde ele explica de forma didática mas emocionante para o filho a questão de sua homossexualidade, é de se aplaudir de pé.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário