sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

A filha perdida


"The lost daughter", de Maggie Gyllenhaal (2021)
Adaptação do livro escrito pela italiana Elena Ferrante, "A filha perdida" venceu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza 2021, além de outros 15 prêmios em importantes festivais. O filme é a estréia da atriz Maggie Gyllenhaal na direção. Ela escolheu um filme difícil, complexo, por apresentar personagens tão antipáticas, frias. Mas o excelente trabalho das atrizes Olivia Colman, Jessie Buckley e Dakota Johnson permitem que o espectador e conecte com a história, mesmo ela sendo bastante distanciada emocionalmente.
Olivia interpreta uma professora que está de férias na Grécia, Leda. Ela conhece uma jovem mãe, Nina (Johnson), que veio com uma grande família do Queens para as férias. Afilha de Nina, Elena, se perde por um momento, e Leda a encontra. Isso faz com que ela se lembre do seu passado (Buckley), quando era uma jovem mãe e não conseguia se conectar às suas filhas.
Um filme sobre mães que sentem que a vida delas com as filhas está se esvaindo, com tantas possibilidades de liberdade indo embora. Uma difícil trajetória psicológica de mulheres que foram mães jovens, e como isso reverberou na natureza delas. Não é um filme fácil de acompanhar: é lento, longo, não tem emoção, é bastante frio. No elenco, participação de ed Harris e Peter Saasgard, marido na vida real de Gyllenhaal, fazendo o papel do amante de Leda quando jovem.

Roda do destino


"Guzen to sozo", de Ryûsuke Hamaguchi (2021)
No mesmo ano em que Ryûsuke Hamaguchi ganharia o Grande prêmio do juri no Festival de Cannes por "Drive my car", ele ganharia o prêmio do juri no Festival de Berlin por "Roda do destino".
Esse instigante drama sob a ótica do feminino é dividido em 3 segmentos, que têm como ponto em comum a coincidência que muda o destino de seus personagens.
1) Magia (ou algo parecido). Duas amigas conversam em um táxi. Uma delas comenta sobre um rapaz que ela conheceu e que está namorando. A outra escuta encantada. Mas logo percebe que a amiga fala do mesmo homem que ela ama
2) Porta escancarada - Uma professora namora um aluno mais jovem. Ela quer se vingar de um professor de literatura, e decide gravar uma sedução para depois incrimina-lo por assédio
3) Mais uma vez- Ao retornar para a cidade natal para um reencontro de turma de escola de 20 anos atrás, uma jovem reconhece sua ex-namorada, que a convida para conhecer sua família. Mas logo descobrem que elas não eram quem imaginavam ser
Com ótimas interpretações, o filme se baseia tanto nos diálogos quanto nas performances, centrando as histórias em poucas locações. Cada filme tem seu ponto de virada, e uma surpresa. Ryûsuke Hamaguchi entrega um delicado estudo de personagens e de possibilidades que mudam o destino por infortúnios da vida. Um filme curioso, sedutor.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

After


"After", de Alberto Rodríguez (2009)
Premiado drama espanhol, um retrato desolador da geração dos 40 anos: bem sucedidos profissionalmente, mas totalmente desconectados do que seria uma vida ideal e feliz. Manuel (Tristan Ulloa), Ana (Blanca Romero) e Julio (Guillermo Toledo) são melhores amigos desde a adolescência. Os três passam as noites em baladas e bares dançando, cheirando cocaína e tendo encontros sexuais com estranhos. Manuel é casado e tem um filho pequeno, mas não consegue ficar em casa. Ana é viciada em sexo. Julio procura prostitutas, mas tem tesão por Ana, que o repele. Três vidas destrutivas e imersas na depressão.
Com um excelente trabalho dos 3 atores, o filme poderia ser montado no palco com 3 ótimos atores na faia dos 40 anos. Trabalhando a visceralidade, o filme fala sobre sonhos e futuros frustrados e inexistentes, mesmo para quem aparentemente tem tudo.

Souad


"Souad", de Ayten Amin (2021)
Drama egípcio indicado pelo país a uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2022, "Souad" é uma forte crítica ao uso de redes sociais pela juventude, que cria uma vida virtual que não condiz com a real.
Souad, 19 anos, mora na cidade de Zagazig, uma pequena cidade no delta do Nilo, no Egito. Rabab, 13 anos, é sua irmã. Souad é mais livre, e usa as redes sociais para criar uma vida imaginária. Ela mantém relacionamento com Ahmed, um homem mais velho, por quem é apaixonada. Rabab já é mais conformada com os preceitos da religião e cultura muçulmana. Quando Saoud se suicida, após ser ignorada por Ahmed, Rabab decide viajar até Alexandria e entender quem e o homem que provocou indiretamente a morte de sua irmã.
Um filme forte, que premiou suas duas jovens atrizes com o prêmio de melhor atriz no Festival de Tribeca 2021. Um alerta para o uso das redes sociais e também para a falta de comunicação entre pais e filhos, "Souad" é triste, um filme sobre solidão e desejos reprimidos.

Turma da Monica-Lições


"Turma da Monica-Lições", de Daniel Rezende (2021)
Adaptação da graphic novel homônima escrita por Vitor e Lu Cafaggi, "Lições" é a continuação dois anos depois do lançamento de "Laços". Dirigido por Daniel Rezende e protagonizado por Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Laura Rauseo e Gabriel Moreira. nos papéis de Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão. Agora, os quatro precisam lidar com as consequências de um plano de Cebolinha que deu errado. O resultado: Mônica é afastada do grupo pelos pais dela, e obrigada a estudar em outra escola.
Usando a simbologia de "Romeu e Julieta"para costurar a história, através da briga entre os pais de Mônica e os pais de Cebolinha, o filme, diferente do anterior, tem um tom mais emocionado, apropriado ao desapego pelo crescimento natural da garotada, que precisa lidar com novas responsabilidades. Mais do que nunca., o tema da amizade floresce de forma encantadora, capitaneada pelo excelente trabalho do elenco: além dos 4 protagonistas, o filme traz Mônica Iozzi, Isabelle Drummond, Augusto Madeira, Malu Mader e um ótimo time de jovens estreantes, dando vida a personagens coadjuvantes dos quadrinhos. A fotografia de Azul Serra é um destaque absoluto, de alta qualidade, além da trilha sonora.

Like nothing happened


"Like nothing happened", de Ryusuke Hamaguchi (2003)
Aproveitando o grande sucesso de crítica de "Drive my car", resolvi rever toda a filmografia do cineasta japonês Ryusuke Hamaguchi. "Like nothing happened" é seu filme de estréia, ainda como estudante de cinema, em 2003. O filme foi lançado em duas versões, uma de longa e outra de média-metragem.
O filme, que tem o próprio Hamaguchi como um dos personagens, foi rodado em Super 8, e apresenta 5 jovens amigos estudantes: 3 rapazes e 2 moças. Os três rapazes têm interesse amoroso pela mesma jovem, e sã convidados por ela a passarem um dia na corrida de cavalos para comemorar o aniversário dela.
O filme lembra os trabalhos iniciais de Truffaut, como os com Antoine Doinel: um olhar documental na vida desses jovens, que falam sobre vida, estudo, amor, mas sem ambições. Tudo no mais alto rau de naturalismo. Um filme sem conflitos, apenas uma brecha na vida dessas pessoas.

O velório


"A wake", de Scott Boswell (2021)
Drama independente LGBTQIAP+ premiado em festivais, "O velório" apresenta homofobia dentro do ambiente familiar comandado pelos pais religiosos. Mitchell é um adolescente que morreu de overdose. A família se reúne para o velório: o irmão gêmeo Marlon, as irmãs Molly e Megan e os pais. Para surpresa de todos, menos para a pequena Molly, Jameson chega ao velório. Ele vem a ser o namorado de Mtchell. ISso abre uma enorme discussão acerca de todos desconhecerem a homossexualidade do adolescente Mitchell.
Um drama correto, com atores dando conta dos personagens sem grandes performances mas dando credibilidade. A direção busca trazer elementos de poesia e nostalgia na trilha sonora e no trato das imagens. Uma história já vista antes, mas sempre vale a pena discutir intolerância e homofobia e levar essas pautas para o público.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

A felicidade das pequenas coisas


"Lunana", de Pawo Choyning Dorji (2019)
Incluso entre os 15 filmes pré-selecionados a concorrer a uma vaga ao Oscar de filme internacional em 2022, "Lunana" já ganhou mais de 20 prêmios, e certamente fará o público sair chorando do cinema.
O filme é um emocionante relato sobre educação e paixão à profissão do professor, que me fez lembrar de duas obras-primas de Zhang Yimou : "Nenhum a menos" e "Caminho para casa". São todos filmes que falam sobre um distante vilarejo onde um professor é enviado para dar aula. No caso, Ugyen (Sherab Dorji, excelente), um jovem professor que mora na capital do Butão e sonha em ser cantor na Austrália. Enquanto seu visto não sai, ele precisa cumprir mais um ano de seu contrato como professor do estado. Ele é enviado, à contragosto, para Lunana, um vilarejo de menos de 60 habitantes, que necessita de 8 dias a pé para chegar l;a, subindo as montanhas. Só que aos poucos, Ugyen vai se envolvendo com a história das crianças do vilarejo.
Lindo, com locações encantadoras e um time de elenco infantil apaixonante, todos sem experiência com atuação. É um fell good movie, com uma humanidade incrível para todos os personagens.

Nitram


"Nitram", de Justin Kurzel (2021)

Vencedor da Palma de ouro de melhor ator no Festival de Cannes 2021 para Caleb Landry Jones, no papel de Martin Bryant, um homem de 28 anos que perpetrou o pior assassinato em massa com um único tiro na história da Austrália: o massacre de Port Arthur em 1996, durante o qual Bryant matou 35 pessoas e feriu outras 23 na pequena cidade da Tasmânia. O filme lembra bastante "Elefante" pela construção tensa, quase que um filme de suspense. O espectador já sabe o desfecho e fica numa enorme aflição. Mas o cineasta Justin Kurzel foi digno no final, respeitando todas as vítimas. Um filme muito bem dirigido, e com atuações esplêndidas e explosivas de Caleb Landry Jones, Judy Davis e Anthony Lapaglia, como seus pais, e de Essie Davis, como a vizinha Helen, a única que entende Martyn. Um filme porrada!

Missa


"Mass", de Fran Kranz (2021)
Vencedor de mais de 25 prêmios em importantes Festivais, "Missa"fez enorme sucesso no Festival de Sundance 2021. É o filme de estréia do jovem ator Fran Kranz, que também escreveu o roteiro. Kranz teve a idéia do filme quando ouvia relatos sobre o tiroteio na Parkland High School em 2018. O filme, praticamente interpretado por 4 excelentes atores, acontece todo dentro de um salão de uma Igreja. O filme apresenta o confronto emocional entre dois casais: Jay (Jason Issacs) e Gail (Martha Plimpton) e Richard (Reed Birney) e Linda (Ann Dowd).
O filho de Richard e Linda foi um atirador de 12 anos que assassinou uma turma inteira em uma classe, friamente. O filho de Jay e Gail foi uma de suas vítimas.
O filme fala sobre amor, rancor, ódio, perdão, num tom emocionado e de tremenda tristeza e luto. É um excelente texto para 4 atores montarem uma peça de teatro. O filme é um festival de talentos, incluindo da direção, que transformou um filme que tinha tudo para ser enfadonho, em uma aula de atuação. E para mim foi uma tremenda nostalgia rever Martha Plimton, mais de 40 anos depois de sua estréia no clássico "Os Goonies".

Heaven is still far away


"Tengoku wa mada toi", de Ryûsuke Hamaguchi (2016)
Laureado por "Drive my car", considerado um dos mais importantes filmes japoneses de 2021, o cineasta Ryûsuke Hamaguchi realizou em 2016 uma pequena obra-prima, 'Heaven is still far away".
Trazendo elementos de realismo fantástico em sua narrativa, o filme conta a incrível história de Mitsuki, um jovem estudante loser, que abandonou os estudos após um trágico evento. Ele trabalha pixelizando cenas de sexo em filmes pornôs. Yuzo, uma jovem estudante, mora com Mitsuki. Mas Yuzo é um espírito e dediciu que vai acompanhar Mitsuki, pois ainda não está livre para ir até o paraíso. Mas a irmã de Yuzo, Satsuki, liga para Mitsuji querendo entrevistá-lo para um documentário sobre a irmã morta.
Um lindo filme que fala sobre morte, um tema recorrente na obra de Ramagushi. Mas tratado de forma lúdica e poética, com excelentes atores e com diálogos comoventes. Ramagushi filma um drama fantástico com naturalismo, deixando em aberto para o espectador o que realmente foi visto.

A lenda de Long Yan


"The legend of Long Yan", de Yu Fei (2017)
Drama histórico chinês LGBTQIAP+, "A lenda de Long Yan" é um filme BL (Boy love), um sub-gênero onde os protagonistas masculinos são jovens, se apaixonam mas precisam lutar contra a descriminação da sociedade.
O jovem príncipe Ji Yu é colocado à prova por seu pai em um teste: criança, ele deve usar o arco e flecha e matar suspeitos de traição. Sem coragem para matar, ele é salvo da prova por Long Yan, um plebeu. Ji Yu dá a ele um token para que ele possa trocá-lo por algum dinheiro, mas Long Yang decide mantê-lo. No presente, Long Yang tem servido como guarda do palácio por cinco anos sem que Ji Yu o reconheça. Um dia, quando Ji Yu retorna de uma batalha, ele é atacado por assassinos e Long Yang é mortalmente ferido tentando protegê-lo. Long Yang revela sua identidade para Ji Yu, que o reconhece graças ao token. Long Yang logo se torna o guarda pessoal de Ji Yu, e um romance sincero floresce entre os dois homens. No entanto, o casal terá que lidar com a noiva de Ji Yu, que quer separá-los de qualquer jeito.
O filme tem uma orçamento limitado. Por conta disso, cenários são bem discretos. OS figurinos e maquiagem são de boa qualidade. A história é bem novelão melodrama, com uma vilã muito má que deseja separar de qualquer jeito o casal de apaixonados. Um filme correto, para quem busca um filme de época com temática Lgbt.

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Bagdá vive em mim


"Bagdah in the shadows", de Samir (2021)
Premiada produção dirigida e escrita pelo cineasta iraquiano radicado em Londres Samir. No filme, ele conta a história de vários refugiados iraquianos que sempre se encontram no café "Abu Nawas" para poderem manter os laços culturais. Entre eles, estão: Taufiq, um escritor que trabalha de guarda noturno; Amal, arquiteta proibida de exercer sua profissão e trabalhando de garçonete no café, Monahnad, técnico de computação e homossexual; Nasser, sobrinho do dono do café e seduzido pelos iraquianos radicais a combater a infidelidade e homossexualidade entre os muçulmanos. Ahmed, ex-marido de Amal, surge para unir todas as histórias e exigindo que Amal retorne para ele.
Misturando os gêneros drama, romance e suspense, "Bagdá vive em mim" é um forte alerta contra a intolerância em todos os níveis, e um filme que tem uma triste mensagem de que as pessoas podem sair de seu país para fugirem de dramas pessoais, mas esses traumas os seguem para onde vão. Com ótimos atores, o filme traz um desfecho desalentador e trágico.

Brothers


"Brothers", de Mike Mosallam (2021)
Vencedor de mais de 12 prêmios em Festivais, o curta LGBTQIAP+ "Brothers" é um lindo exemplar de filme musical sem diálogos e que conta toda a sua história de forma emocionante e clara.
Nassim e Bilal são dois irmãos muçulmanos. O filme os acompanha desde crianças até a fase adulta. O filme é costurado por momentos dos dois, adultos, dançando uma bela coreografia. Desde criança, Nasism entende que seu irmão é diferente, mas esconde da sua família. Nassim sempre defendeu seu irmão Bilal das adversidades da vida, mas quando o pai encontra uma foto de Bilal com o namorado, acaba sendo expulso, e Nissam sofre muito.
Uma direção precisa, encantadora, trazendo emoção e poesia nas cenas, numa trama bem editada e decupada.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O pequeno diabo


"Il piccolo diavolo", de Roberto Benigni (1988)
O maior sucesso comercial do cinema italiano em 88 e 89, "O pequeno diabo" foi co-escrito e dirigido pelo astro Roberto Benigni. Em 1986, ele ficou conhecido no meio cinéfilo do mundo inteiro pela sua participação no cultuado 'Daumbailó", de Jim Jarmusch. Sua explosão de popularidade viria em 1997, com o Oscar de filme estrangeiro por "A vida é bela".
Em "O pequeno diabo", Benigni co-estrela com Walter Matthau e sua esposa Nicoletta Braschi, alem da estrela italiana Stefania Sandrelli. A história é bem bizarra: Matthau interpreta PAdre Maurizio. Quando ele faz uma sessão de exorcismo em uma senhora, o demônio, intitulado Giuditta (Benigni), sai do corpo e decide que não quer mais voltar para sua casa. Ele quer conhecer o mundo dos humanos. Maurizio faz de tudo para expulsar Giuditta de volta para casa, sem sucesso.
O filme traz diversas gagas, muitas divertidas, escatológicas e algumas que seriam proibidas nos dias do politicamente correto dos dias atuais. Benigni foi muito criticado por meia comunidade cinéfila pelo seu tipo de humor pastelão e suas caras e bocas. Aqui é coerente, por conta das estripulias do seu demônio bobão e cheio de energia e vontade. Walter Matthau é o tipo de ator idéla para formar parcerias em duplas impagáveis, como em "O pestinha e com Jack Lemmon.

domingo, 26 de dezembro de 2021

O trem noturno


"Nattaget", de Jerry Carlsson (2020)
Premiado curta LGBTQIAP+ sueco, concorreu no Festival de Veneza e é um excelente estudo sobre o flerte adolescente, em uma narrativa silenciosa, sem diálogos, baseado somente em olhares de desejo inocente.
Oskar (Erik Nilsson) pega um trem para a sua cidade, após fazer uma entrevista de estágio estressante em Estocolmo. No trem, ele fala ao celular com sua mãe, quando repara uma família muçulmana, e entre eles, outro adolescente: Ahmad. Quando os olhares se cruzam, não há o que impeça o desejo entre os dois garotos. Até que decidem ir ao banheiro do trem.
Muito bem filmado, com dois jovens e belos atores super talentosos, que se jogaram de cara nos personagens e na visceralidade de suas ações. Fotografia de gente grande, quase toda noturna, iluminando um trem em movimento. Um belo filme sobre tensão sexual e tesão.

Ondulações da água


"Ripples of water", de A.J. Ciccotelli (2020)
Drama LGBTQIAP+ independente, escrito, produzido e dirigido pelo cineasta tailandês radicado nos Estados unidos A. J. Ciccotelli. Ciccotelli escreveu um monólogo para o teatro que fez bastante sucesso em New Jersey, com o ator Gian Carlo Durland, seu amigo. Motivado pelo sucesso, Ciccotelli decidiu realizar o longa.
O filme acompanha Peter Albano (Durland), que acaba de completar 50 anos. Deprimido pela chegada da idade, pelo abandono do namorado que rompeu a relação, Albano fica desmotivado. Seus amigos lhe preparar uma festa de aniversário, e um dos convidados fa zum desejo de que um rapaz bonito, jovem surja e ame Albano do jeito que ele é. O pedido é atendido e surge Caleb (Pjil Korz), um jovem musculoso que diz amar Albano.
O filme procura ser uma comédia romântica. Mas infelizmente, Ciccotelli deveria ter chamado uma equipe técnica que o ajudasse na sua falta de intimidade com o audiovisual. Tudo no filme é muito amador, ruim. Desde o elenco, fracos, o roteiro e diálogos, sem criatividade. A fotografia, edição, trilha sonora são de má qualidade. E o filme se estica mais do que devia, em um roteiro tão simplório, são quase 110 minutos de muito amadorismo. Incrível que o filme conseguiu ganhar alguns prêmios em festivais de gênero.

The real Charles Chaplin


"The real Charles Chaplin", de Peter Middleton e James Spinney (2021)
Já assisti a inúmeros documentários apresentando vida e obra de Charles Chaplin: aa sua infância pobre em Londres, sua vinda para NY, a criação do Vagabundo, a sua fama, fortuna e os bastidores de suas grandes obras-primas. Nesses documentários também se explora a sua conturbada vida pessoal: sua mãe interna em clínica psiquiátrica; a relação polêmica com suas 3 primeiras esposas, e por fim, seu casamento com Oona e seu refúgio na Suíça. A acusação de ser comunista, a falta de reconhecimento que só veio na entrega do Oscar honorário em 1972.
O que difere esse filme dos outros, são arquivos encontrados e apresentados: a gravação que Chaplin deu à Revista Life em 1966, e o seu livro autobiográfico. Mas de fato, não traz informações novas a quem já assistiu aos outros filmes. O que vale assistir é rever as cenas de filmes clássicos de Chaplin, e assistir a gravações domésticas de Chaplin com Oona e suas filhas na Suíca, incluindo Geraldine Chaplin.

Preto ou branco


"Schwarz oder weiss", de Kim Culetto(2021)
Premiado curta suíço LGBTQIAP+, trazendo um tema tabu: o incesto entre dois irmãos.
Ambos se reencontram após um bom tempo, e marcam de se ver nos fundos de um jardim. Eles relembram de momentos que passaram juntos, memórias..até que Manni diz a real para Thomas: quer que eles assumam o amor deles.
O filme tem apenas 8 minutos, mas diálogos naturalistas e belas atuações dos dois atores. Um ótimo exercício de atuação para exercitar, em um projeto de baixo orçamento.

France


"France", de Bruno Dumont (2021)
Concorrendo na Seleção oficial do Festival de Cannes 2021, "France" é vendido como uma comédia ou sátira, mas fica difícil assistir ao filme sob esse ponto de vista. O filme é um drama, uma tragédia intimista na história de France (Lea Seydoux), a maior estrela do jornalismo da França. Assim como em "Poderosa Afrodite", de Woody Allen, onde temos uma personagem rica e sem discernimento social e político, que acaba tendo uma reviravolta e volta o sue olhar para as pessoas menos favorecidas.
France de Meurs é uma jornalista famosa que se desdobra entre o ser âncora do maior programa da tv, ser também diretora e câmera em situações de risco no Oriente médio e se desdobrar como esposa e mãe. Uma mulher em busca de fama e likes, sua vida muda quando ela atropela um imigrante que estava em uma scooter.
Bruno Dumont fez seus melhores filmes no início de carreira: "A humanidade", Flanders", "A vida de Jesus". Quando resolveu faezr comédias, seu estilo narrativo e visceral se transformou, trazendo filmes bem bizarros e pouco atraentes. 'France" tem seu foco quando quer falar sobre temas importantes como o culto à celebridade e o ego na mídia, mas se desdobra em tantas tramas paralelas que fica longo e entediante. Uma cena de acidente de carro já no final, espetaculosa, dá uma sacudida no filme, mas é uma cena que nem combina com o que vemos até então. Resta saborear a performance de Lea Seydoux, uma das grandes estrelas francesas, aqui em variações de emoção.

The night doctor


"Medecin de nuit", de Elie Wajeman (2020)
Concorrendo na Mostra oficial do Festival de Cannes 2020, "The night doctor" tem uma pegada noir revisitado no estilo "Taxi driver". O filme quase todo se passa de noite, acompanhando o médico Mikael (Vincent Macaigne). Ele é casado e tem duas filhas, mas mal dá atenção para a sua família: de noite ele atende inúmeros casos de drogados, sem tetos, todos desesperadamente querendo remédios opiários para curarem seu vício. Para isso, ele conta com a ajuda do primo Dimitri (Pio Marmai), que trabalha como farmacêutico em uma farmácia e que lhe fornece as drogas. Mikael ainda tem uma amante e se envolve com uma prostituta drogada, colocando os perigosos gigolôs atrás dele.
"The night doctor" é um bom drama, favorecido pelo bom trabalho de todo o elenco. Assim como em "Taxi driver", o filme é uma descida ao inferno na noite de Paris, mostrando toda a escória e o universo underground, longe dos cartões postais da cidade.

sábado, 25 de dezembro de 2021

Slow


"Slow", de Darius Clark Monroe (2011)
Premiado curta LGBTQIAP+ americano, tem como protagonistas dois homens negros que se conhecem em um aplicativo de pegação. O dono do apartamento, Karamu, é cego, e mais cedo, sua irmã quem armou o encontro. Ele prepara um jantar, até que o outro homem, J, chega. Esse já vai logo tirando a roupa e fica nú, querendo fazer sexo com Karamu. Mas Karamu tem outra idéia de um relacionamento: romantismo e o desejo de conhecer a outra pessoa antes do sexo.
Com ótimas performances dos atores Carlton Byrd e Harvey Gardner Moore, "Slow" faz uma crítica aos apps de pegação, que visam sexo e não relacionamentos. Boa direção e fotografia, em uma narrativa que vai num crescendo de tensão e termina de forma inusitada.

In front of your face


"In front of your face", de Hong Sang-soo (2021)
Conhecido por lançar no mínimo 2 longas por ano, o cineasta sul coreano Hong Sang-soo concorreu no Festival de Cannes 2021 com esse drama que traz todos os temas e elementos de seus filmes: personagens falando de cinema, bebedeiras em bar, muita verborragia e seus closes que na verdade são movimentos de zoom in em planos sequência. No entanto, algo mudou na dramaturgia: aqui, Sang-soo lida com temas mais pungentes: a iminente morte de uma atriz. Sangok (Lee Hye-yeong, uma atriz veterana, em ótima performance) mora nos Estados Unidos. Ela realizou um filme em vida, mas decidiu mudar de profissão. Ela retorna para Seul para rever sua irmã. Um cineasta descobre que ela está na cidade e decide convidá-la para uma conversa em um bar, onde a convida para um filme. Mas Sangok diz não ser possível, para surpresa do cineasta.
O filme lida com temas bastante pessoais para Sang Soo: o cineasta corteja a atriz, algo que aconteceu na vida real de Sang Soo, que acabou se separando de sua esposa e se casando com sua atriz. O filme traz aquele olhar distanciado, a vida que segue, que Sang Soo sempre fez tão bem. Muitos comparam o seu cinema a cineastas como Eric Rohmer, que fazem registro da vida sme grandes sobressaltos.

Um dia muito especial


"Sex and philosophy", de Mohsen Makhmalbaf (2006)
O cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf é dos mais aclamados no mundo, tendo obras-primas em sua filmografia, como 'Salve o cinema", "O silêncio", "Gabbeh". O seu cinema é impregnado de imagens poéticas e coloridas que procuram traduzir as mazelas sociais e os absurdos consequentes de anos de guerra , sociedade machista e religião milenar e conservadora.
Para rodar "Um dia muito especial", Makhmalbaf teve que filmar no Turkijistão, país da União soviética, pois no Irã seria impossível filmar a história por questoes morais e de tabus referentes à presença de mulheres em uma escola de dança comandada por um homem. O Turkijistão indicou o filme a uma vaga ao Oscar em 2006.
John é poeta e professor de dança em uma escola. Ao completar 40 anos de idade, ele repensa a sua trajetória e decide chamar as suas 4 amantes para uma conversa na escola, no mesmo horário, para que elas se conheçam. Entre elas, uma aeromoça, uma prostituta e uma médica.
O filme é costurado pelas histórias de cada uma das mulheres e sua relação com John, além de mostrá-las dançando na aula, parecendo uma cena de Carlos Saura, como "Carmen "ou "Amor bruxo". O filme lembra também os filmes de Walter Hugo Khoury, com o personagem Marcelo relembrando as mulheres de sua vida. É um filme mediano do cineasta, que desde "A caminho de Kandahar", não apresentou mais nenhum filme da sua boa safra inicial.

PK

"PK", de Rajkumar Hirani (2014)
A maior bilheteria da história do cinema indiano, e constando da lista de 70o filme com maior bilheteria mundial, "PK" (Bêbado, em hindu) é um ótimo filme que mistura comédia, sátira, ficção científica, romance, melodrama, drama e crítica social. Protagonizado por Aamir Khan, um dos maiores astros do cinema de Bollywood, no papel do extraterrestre PK, que vem à Terra para fazer um estudo da civilização. No entanto, o controle que estava preso ao seu pescoço, que era capaz de chamar a sua nave de volta, é roubada, e PK fica preso na ïndia, sem saber falar a língua. PK descobre ter o dom de pegar na mão das pessoas e adquirir a mente dela e seu vocabulário. Um dia, ele cruza o seu caminho com Jaggu (Anushka Sharma), uma repórter que não acredita em sua história. PK conta então vários fatos que aconteceram com ele para ver se ela acredita.
A grande premissa do filme é fazer uma crítica ao excesso de religiões na Índia, boa parte dela, picaretagem para arrecadar dinheiro dos incautos. O filme tem belos momentos de musical, e conta com ótimos atores para darem vida a personagens que cruzam com PK. O filme é uma mistura de "ET", "Forrest Gump" e "Starman". O roteiro é criativo, com ótimas sacadas. O grand etrunfo no entanto, é o trabalho de Aamir Khan, um ator carismático e versátil na sua composição.

Petit ami


"Petit ami", de Anthony Schatteman (2017)
Premiado curta LGBTQIAP+ belga, "Petit ami" é lindo, melancólico, sexy, e traz duas figuras solitárias em uma noite de natal.
Jasper (Ezra Fieremans, excelente) é um jovem garoto de programa de 19 anos. Ele é chamado na noite de natal para atender um cliente em um quarto de hotel. Vincent é um homem de 40 anos. Eles fazem sexo, comem pizza, bebem, se divertem, Até que Jasper descobre que Vincent é casado, e que alugou o quarto para se suicidar em breve.
Com belíssima e estilosa fotografia e cenas homoeroticas dirigidas com muita classe e sensualidade, o filme traz uma história apaixonante e triste sobre um amor de um jovem garoto de programa e um homem mais velho que poderia seguir para um romance. Mas o filme decide apostar na tristeza da época natalina e revela que a solidão muitas vezes vem sob o fardo da depressão. Muito boa a atuação do jovem ator Ezra Fieremans, totalmente imerso no personagem.

Fraternal


"Brotherly", de JC Oliva (2008)
Baseado em uma história real ocorrida em Ohio em 1970, "Fraternal" é uma história sobre incesto entre dois irmãos. Esse drama LGBTQIAP+ é um filme ousado e corajoso, ao escalar dois atores menores de idade. Paul tem 10 anos. Michael tem 16. Os pais de ambos são alcóolatras e praticam violência doméstica nos filhos. Paul tem medo e mija na cama toda noite, até que Michael decide lhe dar banho. Paul pede para dormir na cama de Michael. Quando Michael lhe abraça, Paul tem sua primeira ereção e entende que um abraço masculino, independente de ser seu irmão, lhe dá prazer. Por dois anos, os irmãos mantiveram relações sexuais, sem culpa. Até que Michael é transferido para uma faculdade.
O filme tem atuações corajosas dos atores Malcolm MCrea, como Paul, e Mathis Fender como Michael. A direção poderia ter colocado o filme em lugar muito perigoso, mas soube administra com sutilezas, sem vulgaridades ou querendo levantar bandeira

A história do Cinema: uma nova geração


"The story of film: the new generation", de Mark Cousins (2021)
Documentário obrigatório para Cinéfilos e estudantes de cinema, escrito, produzido e dirigido pelo crítico de cinema irlandês Mark Cousins, famoso pelos seus documentários ambiciosos sobre o Cinema.
"A história do cinema: uma nova geração" concorreu no Festival de Cannes 2021. Cousins traça um painel crítico sobre o cinema do século XXI, e o que ele trouxe de inovador para a linguagem, além de apresentar a tecnologia como elemento fundamental para essa nova linguagem que surge no cinema, por conta de celulares, redes sociais, streamings e o próprio advento da Covid que fez com que a indústria reaprendesse a produzir audiovisual.
O filme, com quase 3 horas de duração, é dividido em 2 partes:
Extend the lamguage of films/What are we digginf for. Cousins apresenta o melhor do cinema autoral e do cinema de entretenimento para dividir em gêneros e expôr os filmes mais comentados no terror, drama, ação, documentários, etc. Ele vai de "Um elefante sentado quieto", de Bo Hu, a "Parasita", "Adeus à linguagem", de Godard", "Frozen", "Deadpool", "Nós", etc, e quase sempre fazendo comparações com filmes clássicos, citando até mesmo "Limite", de Mario Peixoto. Um presente para cinéfilos que, como eu, amam assistir coletÂneas de filmes.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Sweetheart


"Sweetheart", de Marley Morrison (2020)
Premiado em diversos Festivais, "Sweetheart" é o longa de estréia da roteirista e cineasta Marley Morrison. O filme é um drama LGBTQIAP+ coming of age e feel good movie, defendido com garra por um excelente elenco feminino.
AJ (nell Barlow, ótima) é uma adolescente de 17 anos que é obrigada a viajar para um resort litorâneo com sua mãe, Tina, a irmã grávida, Lucy, e a irmã pequena, Dayla. Desconfortável com tudo, se sentindo totalmente um peixe fora d'água, AJ subitamente conhece a salva vidas Isla e se sente apaixonada por ela.
Essa história já vimos várias vezes, mas o carinho e paixão com que a cineasta Marley Morrison lida com suas personagens é comovente. São personagens erráticas: erram, acertam, buscam um convívio pacífico e no final, elas só querem ser amadas. Um filme lindo, que faz rir e se emocionar.

Resident evil: bem vindos à Racoon city


"Resident evil: welcome to Racoon city", de Johannes Roberts (2021)
Reboot da franquia que gerou 6 filmes dirigidos por Paul WS Anderson e protagonizados por Milla Jojovich Agora, o cineasta e roteirista Johannes Robert adapta os dois primeiros jogos criados pela Capcom e recomeça a franquia, com um novo elenco. Na trama, Claire retorna à Racoon city, de onde ela fugiu quando criança, deixando seu irmão Cris para trás, ambos internos de um orfanato que estava secretamente sendo usado como experimentos para a Umbrella Co. Para surpresa de Claire, a cidade está tomada por zumbis infectados pelos experimentos da Umbrella. Ela se une ao esquadrão pertencente a Cris para tentarem fugir da cidade antes que ela seja explodida.
COnfesso que achava a franquia anterior com Jojovich mais divertida, talvez pelo carisma dela ou porquê os efeitos e os zumbis eram mais interessantes. O filme aqui ficou muito escuro, mal dá para ver direito os zumbis, e a história é mega genérica.

Não olhe para cima


"Don't look up", de Adam McKay (2021)
O roteirista e cineasta Adam McKay é dos poucos diretores que têm credibilidade com o elenco blockbuster americano. Muitos querem trabalhar com ele pela sua sagacidade e língua ferina em querer cutucar a sociedade e política dos Estados Unidos. Isso justifica a penca de grandes estrelas em "Não olhe para cima": Leonardo di Caprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Timotheé Chalamet, Joanh Hill, Mark Rylance, Ron Pearlman, Ariana Grande, entre outros.
O filme é o "Armageddon" de Adam McKay, com tintas satíricas e bastante críticas contra o Governo, a mídia, as redes sociais e em todo o sistema capitalista americano. A estudante de astronomia Kate (Lawrence) notifica ao seu professor Dr Randall (Caprio) o surgimento de um cometa que irá colidir com a Terra e destruir tudo. Eles marcam um encontro na Casa Branca para anunciar à Presidenta Orlean (Steep) o ocorrido, mas ela se recusa a acreditar no fato. Eles procuram avisar à jornalista Bree (Blanchett) ao vivo, mas ela também os ignora.
Impossível não assistir ao filme pensando nesse grande encontro de astros. Mesmo assim, o filme diverte e traz temas muito pertinentes a sociedade egocêntrica, repleta de egos e absurdos em busca de likes em redes sociais e ibope. O filme poderia atingir um potencial muito maior se não fosse tão longo, quase 140 minutos de duração. É cansativo, e somente o elenco segura a atenção do espectador até o desfecho. Atenção a dois créditos finais.

A-Ha- The movie


"A-Ha- The movie", de Thomas Robsahm e Aslaug Holm (2021)
Meu Deus, tô aos prantos assistindo a esse incrível documentário que concorreu no prestigiado Festival de Tribeca 2021. O filme é obrigatório aos fãs, que são muitos, da banda norueguesa surgida em 1982. Seus integrantes são Morten Harket (vocalista), Magne Furuholmen (tecladista) e Påul Waaktaar (guitarrista) e juntos, decidiram mudar para Londres em 82 para tentar uma carreira musical que seria impossível na pequena Noruega. O filme apresenta o primeiro grande sucesso do grupo, "Take on me", mas traz a curiosidade de que ela foi lançada 2 vezes sendo um enorme fracasso, ate que a Warner bros dos Estados Unidos resolveu contratar um produtor musical americano que incluiu os famosos sintetizadores. A música logo se tornou a Número na Billboard, o maior hit do grupo, que até hoje é inserida em filmes blockbusters no mundo inteiro "Incluindo "Deadpool", "La la land" e "Eduardo e Monica".
Não há que não conheça hits como Hunting High And Low, The Sun Always Shines on T.V.), Cry Wolf, I've Been Losing You, Stay on These Roads, Touchy!, There's Never a Forever Thing, Crying in the Rain.
O filme, rodado durante 4 anos pelos documentaristas, acompanhando o grupo, mostra o sucesso, a separação do grupo em 2009 e depois a retomada no Rock in Rio em 2015, e os atuais shows que lotam estádios no mundo inteiro. Um filme para se ver e guardar no coração.

Lobo


"Wolf", de Nathalie Biancheri (2021)
Em 2015, o cineasta grego lançou o instigante e criativo "A lagosta", que mostrava pessoas agindo como animais como punição. A cineasta e roteirista Nathalie Biancheri lança o drama irlandês "Lobo", apresentando uma estranha condição de desordem mental: disforia de espécie, uma condição em que as pessoas acreditam que não são humanos. Adolescentes são enviados por seus pais para uma instalação psiquiátrica dentro de uma floresta. Os adolescentes acreditam serem animais e não humanos. Entre eles, estão Jacob (George Mackay) e wildcat (Lilly Rose Depp). Como em "Um estranho no ninho", eles são maltratados pelo "carcereiro"(Paddy Consendine), que usa de métodos violentos para fazer os adolescente entenderem que são doentes, e não animais.
COm um impressionante trabalho corporal de todo o jovem elenco, absolutamente conectados à proposta bizarra da história, "Lobo" é um filme curioso, com viés autoral, que traz uma instigante história sobre o não pertencimento. Mas Nathalie filma com mão pesada, e o filme fica frio, distanciado, ritmo lento. Tinha tudo para ser um filme tão rico de metáforas e sabores como "A lagosta". Mas tem cenas muito boas, como o exercício da doutora com os jovens ao som de "Gloria", de Laura Branigan.

Sempre em frente


"C'mon C'mon", de Mike Mills (2021)
Super premiado drama dirigido pelo mesmo cineasta de "The beginners" e "Mulheres do século XX", Mike Mills. O filme traz performances arrebatadoras de Joaquim Phoenix e do pequeno Woody Norman, de apenas 8 anos de idade, lembrando bastante a relação pai e filho de "Kramer Vs Kramer", Só que aqui, a relação é entre um tio e um sobrinho.
Jonnhy é um jornalista que trabalha em uma rádio. Recém separado, ele viaja por vários estados americanos colhendo depoimentos de adolescentes sobre futuro, vida em comunidade e expectativas. Ele e sua irmã Viv (Gaby Hoffmann) se separaram nos meses desde a morte de sua mãe, mas agora ele se encontra como pai temporário de seu filho Jesse (Woody Norman): Viv precisa internar seu parceiro, que está sofrendo de bipolaridade, e pede para Jonnhy cuidar do filho. O filme viaja então para Los Angeles, new York e New Orleans, e durante a narrativa, a relação e sobrinho cresce a ponto de Jonnhy sentir as responsabilidades de uma paternidade.
Dirigido com sutileza e muito amor e carinho, registrado com lindo preto e branco, "o filme traz cenas lúdicas e bastante comoventes. A cena de Norman querendo descer do carro para fazer cocô é um primor de atuação. Um grande filme embalado em drama intimista, mas de enorme alma.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Matrix resurrections


"Matrix resurrections", de Lana Wachowski (2021)
Uma dica para quem for assistir ao 4o filme da franquia revolucionária: assista os 3 filmes anteriores, ou um resumo dos filmes em algum site. Fui ver sem ter lembrança dos outros e me perdi por um bom tempo do filme.
Dezoito anos depois da parte 3, lançada em 2003, "Resurrections", como o próprio título diz, ressuscita dois dos personagens mais queridos da trama: Neo (Keanu reeves) e "Trinity (Carrie Anne Moss). Os outros foram todos substituídos por outros atores: Jonathan Groff, Neil Patrick Harris e quase que o elenco inteiro do seriado 'Sense 8", também dirigido por Lana.
A trama é bastante complexa, mas basicamente, é Neo recuperando a sua memória e quem ele foi antes do reboot da Matrix que apagou a sua memória. Se unindo a uma nova leva de rebeldes, ele agora quer fazer de tudo para resgatar Trinity, dada como morta.
O filme é longo e o primeiro ato é bem confuso, com muitas informações e cenas que me deixaram que nem barata tonta. Mas depois o filme pega ritmo e fica mais explicativo, e culmina com um desfecho apoteótico. Ótimos efeitos e muito bom rever alguns atores. O que não curti e achei pobre, foi colocar enxertos dos filmes anteriores com os atores originais, um chamariz fake para o trailer do filme.

Mother/Android


"Mother/Android", de Mattson Tomlin (2021)
Misture "Um lugar silencioso" e "O exterminador do futuro" e você terá "Mother/Android", escrito e dirigido por Mattson Tomlin. O filme é uma metáfora da história do próprio diretor: quando bebê, ele, que nasceu na Romênia, foi dado pelos seus pais para adoção para que ele sobrevivesse à Revolução romena. Escrever "Mother/Android" foi a forma que ele encontrou para homenagear os seus pais.
Em um futuro distópico, a humanidade convive com servos andróides, construídos para trabalhar para os seus donos. Na noite do Natal, no entanto, os andróides decidem se rebelar e se voltam contra os humanos. Grorgia (Chloë Grace Moretz) e Sam (Algee Smith) formam um casal em crise ao descobrirem a gravidez de Georgia, mas com a rebelião, fogem. Oito meses depois, prestes a dar à luz, o casal descobre que navios estão parindo de Boston para a Coréia, um possível lugar para os humanos viverem em paz. Mas no caminho, são atacados pelos andróides.
Um filme genérico, lembrando até o último filme de Chloe, 'Shadow in the clouds". O filme é longo, e todo o roteiro é óbvio, trazendo elementos de muitos filmes conhecidos. O que sustenta o filme é a atuação de Chole e Algee, mas ainda é pouco para quem quer algo mais que um mero passatempo. Chloe precisa urgente de um filme que a coloque de volta nos trilhos das grandes atrizes.

Animais nús


"Nackte tiere", de Melanie Waelde (2021)
Escrito e dirigido pela cineasta alemã Melanie Waelde, em seu longa de estréia, "Animais nús" venceu no Festival de Berlin o prêmio de melhor filme de estreante. O filme acompanha o dia a dia de 5 adolescentes prestes a se formarem na escola média e partir para uma faculdade. Eles dividem uma mesma casa, longe de seus pais, em uma província próxima a Berlin. Katja e Sasha são namorados, lutam jiu jitsu e cuidam de crianças em uma turma de artes. Tem também o depressivo Benni, Laila e Scholler.
O filme, em tom naturalista, é um registro quase documental de momentos pouco ou nada conflitantes na angústia dessa garotada sem perspectiva de enfrentar o futuro. O filme, apesar de 83 minutos, parece ser bem mais longo, por conta de seu ritmo arrastado. A falta de uma maior dramaturgia afasta o espectador, que fica testemunhando momentos da vida dessa turma depressiva.