O beco do pesadelo

"Nightmare alley", de Guillermo del Toro (2021)

Segunda adaptação cinematográfica do livro escrito por William Lindsay Gresham em 1946. A primeira é datada de 1947 e dirigido por Edmund Goulding e estrelado por Tyrone Power.

Guillermo del Toro adicionou ao filme o universo que lhe é peculiar: no circo comandado por Clem (Willen Dafoe), existe toda sorte de tipos bizarros e fantásticos: uma besta humana que devora cabeças de galinha; uma mulher elétrica, Molly (Rooney Mara); o homem mais forte do mundo, Bruno (Ron Pearlman)uma mulher aranha; e entre outras aberrações, não podia faltar a vidente, Zeena (Toni Colette), casada com seu assistente Pete (David Stratham). A esse ambiente decadente, junta-se Stanton Carlisle (Bradley Cooper), um homem que foge de um passado traumático. Ambicioso, CArlisle começa a estudar a vidência de Zeena e acaba fugindo com Molly para Chicago. Lá, dois anos depois, ele fica famoso na alta roda como vidente, até que conhece a psiquiatra Dra Lilith (Cate Blanchet), que se junta ele para chantagear homens poderosos.

Ao poderoso elenco citado, junta-se Richard Jenkins e Mary Steenburgen. A fotografia é fenomenal, de Dan Laustsen, colaborador de del Toro. A direção de arte de Brandt Gordon também é outro elemento de encher os olhos. Del Toro sempre foi um esteta, buscando em filmes clássicos a cinematografia que busca. Seus filmes parecem filmes dos anos 40, 50, mas trazendo elementos dramatúrgicos dos dias de hoje, como feminismo, empoderamento, luta de classes. "O beco do pesadelo", em sua essência, é um drama noir, e del Toro muda seu desfecho, distinto do filme e do romance. O elenco é um show à parte, dando espaço para todos brilharem. Mas o grande destaque é para Bradley Cooper, em difícil papel que transita em muitas emoções.