domingo, 19 de dezembro de 2021

Drive my car


"Drive my car", de Ryûsuke Hamaguchi (2021)
"Aqueles que sobrevivem, continuam pensando sobre os mortos, de um jeito ou de outro.". Essa frase, dita por um dos personagens já no fim do 3o ato, resume bastante esse poderoso drama intimista: o filme fala sobre perda, culpa e seguir adiante.
Vencedor de mais de 16 prêmios internacionais, entre eles , 3 no Festival de Cannes 2021: Melhor roteiro, Fipresci da crítica e juri ecumênico. O roteiro é ma livre adaptação do conto de Haruki Murakami "Men without women". A ele, foi adicionado um primoroso estudo sobre a montagem da peça teatral "Tio Vânia", desde a audição, leitura ensaios e encenação, um presente para qualquer ator que for assistir ao filme, uma bela apresentação sobre o processo criativo.
Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima) é um ator e diretor de sucesso no teatro, casado com Oto (Reika Kirishima), uma roteirista de tv. Amos dividem idéias sobre seus projetos e se ajudam mutuamente. Mas ambos vivem também a dor da perda da filha, e isso se reflete nos silêncios da vida do casal, tanto no sexo quanto no distanciamento. A mulher morre repentinamente, e Yusuke se culpa pela morte dela. Dois anos depois, ainda sem conseguir sair do luto, ele aceita em dirigir uma peça no teatro de Hiroshima e vai com seu precioso carro Saab 900. Lá, ele encontra e tem que lidar com Misaki Watari (Toko Miura), um mulher e chauffeur com que tem que deixar o carro.
O filme tem 3 horas de duração, e pode ser um sacrifício enorme para quem não está acostumado a acompanhar um drama intimista e melancólico sobre pessoas ressentidas pela culpa. Mas para quem assistir, será um presente: excelentes atuações, ótimo roteiro e uma direção impecável, apostando na sutileza e na poesia. Um filme sublime sobre a arte da criação.
O filme foi indicado pelo Japão a uma vaga ao Oscar 2022 de filme estrangeiro.

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