terça-feira, 30 de novembro de 2021

Juventude silenciosa


"Silent youth", de Diemo Kemmesies (2012)
Drama LGBTQIAP+ alemão, escrito e dirigido por Diemo Kemmesies. O filme acompanha Mario (Martin Bruchmann), um jovem que veio morar em Berlin. Mario namora uma garota. Um dia, ele cruza na rua com Kirill (Josef Mattes, filho da atriz de Fassbibder, Eva Mattes), e entre eles surge uma forte atração. Ambos acabam se esbarrando novamente, e se tornam amigos, caminhando pelas ruas de Berlin. Mario sente um desejo inédito por um outro homem, e Kirill revela ter sido espancado na Rússia, além de ter deixado um filho com uma jovem que ele engravidou.
Um filme lento, silencioso, poucos diálogos, e que traz personagens misteriosos, que pouco revelam um para o outro os seus desejos e pensamentos. Um filme que flerta com o medo da homofobia, segredos, mentiras. Dois jovens bons atores, o filme em si é cansativo, mas tem umas boas cenas de interpretação e de sensualidade.

Famintos


"Starving", de Marcelo Briem Stamm (2014)
Um épico intimista erótico, 'Faminto" é uma saga de um jovem, Martin, em um filme de quase 3 horas de duração, em busca do sexo perfeito com outro homem. Adicto em sexo, Martin passa seus dias e noites em baladas, parques e seduzindo eus amigos de trabalho, sem qualquer tipo de culpa. A Buenos Aires desse filme argentino é o oposto do que temos visto em filmes de Ricardo Darin: aqui o sexo comanda tudo.
Uma resposta ao filme "Shame", com Michael Fassbender, sobre um viciado em sexo, mas com a diferença que aqui, as cenas de sexo são explícitas. O ator Jonathan More, que interpreta Jonathan, narra o filme em off, deixando público seus dilemas e conflitos. Em performance visceral, Jonathan faz sexo com mais de 20 atores, em cenas repletas de fetiches e taras de todos os tipos. Um filme ousado, que pode ser confundido com um pornô, mas que traz atores e uma história como pano de fundo, e deixando uma atmosfera de solidão e melancolia.

5 minutos


"5 minutes", de Erin Nene-Lee Ramirez (2020)
Curta LGBTQIAP+ escrito e dirigido por Erin Nene-Lee Ramirez, é um assustador relato sobre relacionamento tóxico e abuso de poder. Jasper é um jovem negro que acorda na cama de um homem branco mais velho, Victor. Jasper precisa ir embora, pois tem compromissos de faculdade. Mas Victor esconde a carteira de Jasper sem que ele veja. Enquanto isso, Victor insiste em fazer sexo, e fica exaltando a beleza da pele negra, dos lábios carnudos da raça negra, dos cabelos. Jasper se irrita com essa bajulação e racismo e toma uma atitude.
Com duas ótimas performances, o filme é claro e preciso na sua mensagem sobre racismo, assédio e relacionamentos one night stand.

Armários mantêm garotos suburbanos em casa


"Closets keep suburban boys home", de Matt Mitchell (2020)
Premiado curta LGBTQIAP+ americano, a sensibilidade e o romantismo da narrativa me fizeram cair em lágrimas. O filme, rodado em belo preto e branco, é narrado em off pelo protagonista, Louis, um adolescente que fala da saudade e das memórias que ele tem do seu primeiro amor. Kevin. Moradores do subúrbio e com receio de saírem do armário pelo conservadorismo de suas famílias, Kevin decide viajar para a cidade grande para ser feliz. Mas Louis fica agarrado nos sorrisos, nos olhares de Kevin.
Dirigido com muita delicadeza, interpretado com carisma e paixão pelos dois atores protagonistas, o filme faz amar, se apaixonar e ficar com desejo de ter alguém perto de si, alguém que cuide de você e que olhe nos seus olhos. Uma pequena jóia, uma aula de como fazer cinema com baixo orçamento, apenas com uma boa história e criatividade.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Prata


“Prata”, de Lucas Melo (2020) Premiado em importantes festivais brasileiros, como o @curtacinema e o @festivaldecinemadevitoria , “Prata” é o filme de realização do ex-aluno da AIC Lucas Melo, realizado em conjunto com a sua produtora Lanterna filmes, que tem em sociedade com outros ex-alunos. O filme fala sobre memória, sonhos e principalmente sobre uma geração que precisa se apegar à uma fuga imaginária e fantástica ( o próprio Lucas se rendeu à magia do cinema). 5 amigos, moradores do bairro de Prata, em Nova Iguaçu, vivem sua rotina de desemprego, sonhos, família, amizade. Com um olhar documental de quem conhece cada espaço geográfico apresentado no filme, Lucas mescla ficção e documentário com muita poesia e atmosfera lúdica. Uma bela fotografia e uma edição que dá voz ao tempo cinematográfico, um filme de observação, que me fez lembrar de Spike Lee e o seu seminal “Faça a coisa certa”. Um start brilhante ao mundo do audiovisual. Parabéns ao elenco de não atores e ao amor pelo cinema puro e romântico.

Gato selvagem


"Fauve", de Quentin Jabelot (2021)
Drama romântico LGBTQIAP+ francês, escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Quentin Jabelot. Ele interpreta Leo, um jovem estudante de teatro em crise com o seu personagem por não saber dar vida a alguém apaixonado. Solitário, ele conhece Mathis (Robin Monange), um colega de classe, por quem nutre paixão platônica, mas sem saber as reais intenções dele.
Um filme simples mas eficiente, com personagens fofos e carismáticos, em discussão sobre o que é arte, amor e solidão na cidade grande de Paris.

Reação em cadeia


"Reação em cadeia", de Marcio Garcia (2021)
O filme dirigido pelo ator Marcio Garcia começa e termina com a seguinte frase proferida em off por Guilherme (Bruno Gissoni), um contador metido em esquema sujo de lavagem de dinheiro envolvendo políticos e polícia corrupta: "Pense bem nas suas escolhas. Elas são tudo o que você tem.".
O filme apresenta um super elenco envolvido em trama que remete ao Brasil corrupto: não se salva ninguém, e para isos, um time de anti-heróis, que envolve Guilherme, Lara (Monique Alfradique), uma ex-namorada de Guilherme, Zulu (André Bankoff), atual namorado de Lara envolvido em pegas de racha, o estagiário de Guilherme (Victor Lamoglia) e o fotógrafo Tadeu (Adriano Garib). O filme é um pipocão com humor, romance, ação, policial e aventura, um gênero de corrida de carros até inédito no Brasil. Bons efeitos, boa qualidade técnica para um filme que só quer entreter.

domingo, 28 de novembro de 2021

Casa Gucci



"House of Gucci", de Ridley Scott (2021)
Podem falar de Lady Gaga, Al PAcino, Adam Driver, Jeremy Irons, Salma Hayek. Mas quem rouba o filme "Casa Gucci", é Jared Letto, na impressionante performance de Paolo Gucci, o filho considerado um "idiota" por Aldo Gucci (Al Pacino), seu pai, e Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), seu tio. Debaixo de kilos de maquiagem e prótese, Leto está irreconhecível, em trabalho de caracterização que ele já havia mostrado em filmes como "O assassinato de Joh Lennon" ou "O clube de compras Dallas".
O filme, baseado em história real, mostra os fatos que anteciparam e se sucederam ao assassinato de Maurizio Gucci (Driver), em março de 1995, na porta de seu escritório em Milão, a mando de sua esposa, Patrizia Reggiani (Gaga), influenciada pela vidente e charlatã Pina (Hayek).
Patrizia é apresentada como uma mulher arrivista e ambiciosa, que transforma a vida de Maurizio, um homem tímido, e que ao se decidir em casar com Patrizia, é deserdado por seu pai.
O filme começa como a série "Versace", mostrando o assassinato de Maurízio. De 1978 a 1995 acompanhamos muitas tramas paralelas, todas tendo a ganância como pano de fundo, rendendo muitas traições novelescas.
O roteiro é adaptado do livro de Sara Gay Forden , e o filme tem 2:50 de duração, o que o torna bastante cansativo, principalmente quando a personagem de Gaga some de cena no último ato. Mas o trabalho dos atores e a exuberância técnica do filme, irretocável em todos os seus detalhes, fazem o filme valer a pena ser visto.

Mais alto do que palavras


"Louder than words", de Julio Dowansingh (2018)
Exibido em diversos Festivais, "Mais alto do que palavras" é um curta LGBTQIAP+ americano, ideal para quem gosta de romances gays açucarados e fofos.
Ansel é um aluno novo na escola de música e dança. Ele vai pedir ajuda para outro aluno, Niall, mas descobre que ele é surdo mudo. Aos poucos, ambos descobrem que não necessitam de palavras para expressar o amor que acontece entre os dois.
Com boas atuações dos atores Marty Lauter e Luke Farley, como Naill e Ansel, o filme não propõe nada de novo no tema das diferenças que se atraem. Mas é bem feito, bem dirigido e muito fofo e já tá valendo ser assistido.

Baile de formatura


"Matura", de Gvozden Ilic (2020)

Premiado drama LGBTQIAP+ sérvio, retrata a juventude sérvia e suas questões reprimidas sobre sexualidade. Três adolescentes, dois rapazes e uma garota, Ognemjen, Lukas e Nadja, são melhores amigos. Os três se preparam para o baile de formatura da escola, mas na última hora, decidem ir para o apartamento de um deles para beberem. Durante a bebedeira , Nadja propõe o jogo de verdade ou consequência. O que se segue, são revelações acerca de sexualidade, desejos reprimidos, filmados com muito erotismo e sensualidade, elegante e de muito bom gosto, com performances naturalistas dos jovens atores, todos excelentes.

Deserto particular


"Deserto particular", de Aly Muritiba (2021)

Junte "Traídos pelo desejo, de Neil Jordan, e "Céu de Suely", e teremos "Deserto particular". No filme de Jordn, um soldado do IRA se apaixona por uma mulher em uma boite e depois descobre que ela é ele, e após um momento de intensa homofobia, volta atrás e se mostra apaixonado. Zezita Matos, Flavio Bauraqui e o desejo de sair da cidade, pegando um ônibus que segue estrada, vêm de "Céu de Suely". Mas "Deserto particular" tem um tempero próprio, que vem da espetacular fotografia de Luis Armando Arteaga, fotógrafo colombiano e que fotografou grande sobras da América Latina. André Saboia, como o policial Daniel que sai de Curitiba até Sobradinho na Bahia em busca de sua amada virtual, é talentoso e já foi comprovado em "Bacurau". Mas os louros são praticamente todos para essa força da natureza que é Pedro Fasanaro, nos papéis duplos de Robson e Sara. No elenco de apoio, além dos citados, o reforço mega luxuoso de Tomas Aquino e Laila Garrin. Um filme que se permite incluir "Total eclipse of the heart"para embalar o romance do casal, sinceramente não tem medo de ser brega ao falar de amor. E viva o amor!

sábado, 27 de novembro de 2021

Identidade


"Passing", de Rebecca Hall (2021)
Exibido no Festival de Sundance, "Identidade" é a formidável e extraordinária estréia na direção da atriz Rebecca Hall. Adaptando o livro de Nella Larson escrito em 1929, "Passing", termo que significa quando uma pessoa de uma raça se faz passar por outra para ser aceito e esconder as suas origens.
Com um trabalho impecável das atrizes Tessa Thompson e Ruth Negga, nos papéis de Irene e Clare, duas amigas mestiças de faculdade que perderam contato e anos depois, se reencontram. Ambas casadas e com filhos, na década de 20 em Nova York. Mas algo mudou para as duas: Ambas procuram escondem as suas raízes. Clare é casada com um homem branco (Alexander Skasgard, novamente em papel de vilão), sem tomar conhecimento de que sua esposa é negra. Já Irene é casada com um médico negro e tem dois filhos e procura esconder das crianças a realidade cruel do negro nos Estados Unidos. Entre as duas, o desejo de uma querer pertencer ao mundo da outra.
Fotografado com belo preto e branco que simboliza a questão da palheta de cores, o filme é dirigido com bastante sensibilidade e uma mão artística de Rebecca Hall, que deixa aflorar o tempo do respiro, do pensamento. Um tema complexo, explosivo, que surpreende por ter sido escrito em 1929 e com tamanha atualidade no debate.

O jantar


“The feast”, de Lee Haven Jones (2020)
No últimos anos, surgiu um sub-gênero no terror chamado de “Eco-terror”: filmes onde a natureza se volta contra o ser humano. O premiado “O jantar” faz parte dessa leva e traz um curioso e instigante filme todo falado em Welsh, uma língua nativa do Pais de gales. Uma rica família mora em uma suntuosa casa nas montanhas de Gales. O pai, Dwyn, trabalha no parlamento. A mãe, Glenda, herdou as terras dos seus pais. Os filhos Gweirydd, acusado de estuprar seus pacientes no hospital, e Guto, que se sente rejeitado. Os pais convidam um empresário que comprou as terras de Glenda para extrair minério. Uma nova empregada substituta, Cadi, surge para ajudar Glenda na preparação do jantar. Coisas estranhas passam a acontecer e Cadi revela ser alguém que veio para ajustes de contas com a família.
O filme tem os dois primeiros atos bem lentos, focado em criar atmosfera de terror e suspense, algo meio “Hereditário”. Somente no ato final o filme vira um banho de sangue bizarro e violento. Os motivos dos personagens são revelados nesse último ato. Um filme para ser degustado lentamente, mas que pode aborrecer espectadores mais afoitos. Bela fotografia.


sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Vagabunda de meia tijela


"Vagabunda de meia tijela", de Otavio Chamorro (2015)
Divertido curta LGBTQIAP+ de Brasília, é uma comédia farsesca e maluca que trata de temas como machismo e homofobia nas escolas.
Jonas João é um gay assumido que é apaixonado pelo garoto mais popular da escola, que namora Suzy, uma homofóbica. Disposto a fazer de tudo para conseguir o boy magia, Jonas descobre um livro de magia na biblioteca e faz simpatia para que o rapaz caia de amores por ele. mas a situação sai do controle, e Suzy é chamada de vagabunda e Jonas de viado por todos.
Com um elenco maravilhoso de jovens atores de Brasília, em atuações que brilham em suas personagens maluquetes, o filme diverte, faz rir e refletir sobre os temas propostos, sem didatismo mas com alfinetadas pra sociedade. Uma excelente oportunidade de mostrar pros amigos e todos gargalharem.

Os humanos


"The humans", de Stephen Karam (2021)
Adaptação da premiada peça da Broadway vencedora do Tony de melhor drama em 2016, "Os humanos" é a estreía na direção do próprio autor do espetáculo.
Com um elenco formidável de 6 atores, Richard Jenkins, Beanie Feldstein, Steven Yeun, Amy Schumer, Jayne Houdyshell e June Squibb. o filme acontece todo em uma casa de 2 andares no bairro de Chinatown, Nova York. Na melhor dos clássicos "Quem tem medo de Virginia Wolf" e "Advnhe quem vem para jantar", a história se desenvolve em um dia: o jovem casal Brigit e Richard (Yeung) convidam os pais e irmã de Bridget para passarem o dia de ação de graças. O pai já chega estranhando o mau estado da casa, sem móveis e encanamentos com infiltração. Aimee (Schumer, em excelente registro dramático e naturalista) é lésbica e sofre a perda da namorada e do emprego, desenvolvendo problemas estomacais. Momo (Squibb), a avó, tem alzheimer. Cabe à mãe, Deirdre (Jayne Houdyshell, a única remanescente da Broadway) botar panos quentes na dicussão que vem a seguir.
O filme tem uma carga pesada teatral, mas isso nao invalida a experiência cinematográfica, com ótimos planos repletos de travelings e uma fotografia excelente que retrata o terror que emana nos diálogos, marcando os ambientes que vão ficando escuros. O tom do filme varia bastante, indo do drama, humor,, tensão psicológica. Um bravo trabalho de atuação com o elenco em estado de graça.

quinta-feira, 25 de novembro de 2021

À vista de todos


"Aux yeux de tous", de Cédric Jimenez e Arnaud Duprey (2012)
Ótimo trhiller de ação e espionagem francês, "À vista de todos" é um filme 100% narrado com imagens de câmeras de segurança.
Em 2007, Brian de Palma inovou ao lançar "Redacted", seu filme de guerra todo visto através de câmeras de segurança. Agora, no filme dos cineastas Cédric Jimenez e Arnaud Duprey, um hacker anônimo se torna herói ao descobrir toda a trama acerca de um atentado a uma estação em Paris, que matou 17 pessoas inocentes. A polícia não consegue descobrir o paradeiro dos terroristas, mas o hacker tem acesso às 600 mil câmeras de vídeo e milhões de webcams, e vai atrás dos culpados.
A história em si nem é tão original, e sim, a parte técnica e principalmente, a edição, reunindo uma parte fictícia e uma documental.

Ferida


"Bruised", de Halle Berry (2021)
A estréia na direção da atriz Halle Berry é uma afirmação de seu grande talento de atriz e do quanto o filme "A última ceia", pela qual ganhou sue Oscar, foi importante para a sua carreira. Muito do filme de Marc Foster está presente em "Ferida"a dôr da perda de uma mulher, o relacionamento frio e violento, a depressão, a sensação de fracasso e a famosa cena de sexo, fria e dolorida. Halle Berry interpreta Justice, uma promissora lutadora de UFC que do nada, abandona o palco e vai trabalhar de limpadora de privadas. Ela divide m apartamento com seu namorado e ex-empresário Desi. Um dia, sua mãe lhe traz o filho pequeno de Justice e quer que ela cuide dele. Para piorar, Justice briga com uma lutadora e um bar e é vista por um treinador, que quer levantá-la novamente. E para piorar mais ainda, ela acaba se relacionando com sua treinadora.E claro, se torna alcóolatra. E claro, se levanta de novo. E para finalizar, ela vai lutar com a atual lutadora de UFC mundial ( e na vida real) Valentina Shevchenko.
O roteiro escrito por Michelle Rosenfarb traz um resumo da franquia "Rocky" e de tantos outros filmes que usam o esporte para falar de superação e de renovação. Mas o que o diferencia dos outros,e aqui é a sua grande chance, é ser um filme sobre mulheres, sobre sororidade, sobre ser mãe e ser trabalhadora. Vencedor de um prêmio especial em Toronto, o filme é bom, apesar de longo, mas vale ser visto pelo lindo trabalho de Berry, arrasadora e dando tudo de si em um papel complexo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2021

Light


"Light", de Adiamond Lee (2021)
Drama LGBTQIAP+ de Taiwan, traz um universo de sadomasoquismo e romance repleto de cenas homoeroticas.
Xiao Guang (Jed Chung) é um jovem que tem um padrasto que o abusa e explora financeiramente. As ruas e a prostituição fazem parte da sua dura realidade. Um dia, Shuo (Max Liu), funcionário de uma alfaiataria, aparece em seu caminho e a sua bondade e cuidados, podem transformar a vida de Xiao Guang. Mas os traumas da dôr e dos abusos de seu padrasto permanecem em Xiao Guang, que não consegue se entregar por inteiro ao amor de Shuo.
Um filme que começa com cenas de violência e bondage, e vai se transformando em romance. Com bons atores e ótima fotografia, o filme traz um universo mais underground do amor entre dois homens.

Fuga de Mogadiscio


"Escape from Mogadishu", de Ryoo Seung-wan (2021)
Filme indicado pela Coréia do Sul a uma vaga ao Oscar de flime estrangeiro em 2022, "Fuga de Mogadiscio" é baseado em incrível história real e também um formidável e espetacular filme de ação.
Nos créditos iniciais, ficamos sabendo que em 1980, o mundo não reconhece a Coreia do Sul, considerada pela Coréia do Norte como desertores. Para tentarem ser aceitos, a Coréia do Sul envia diplomatas para a Somália, uma vez que o continente africano possui a maioria dos membros an Onu e a chance de serem aceitos é maior. Em 1991, no entanto, explode a guerra civil na Somália, e as 2 Coréias precisam unir forças se quiserem sair com vida do País.
O mais impressionante desse drama histórico com tintas de filme de ação são as cenas de ação, principalmente a fuga de carros da Embaixada da Coréia para a embaixada da Itália, do outro lado do País, sendo que a caravana de carros precisa atravessar ruas conde rebeldes atiram e jogam bombas nos carros. É uma sequência que faria orgulho de qualquer filme de ação americano, de tão bem articulada, lembrando que é um flme realista. Os atores são ótimos, e o filme foi totalmente rodado em Mogadíscio, capital da Somália. Essa super produção sul coreana ganhou dezenas de prêmios e foi a produção de maior bilheteria em 2021 na Coréia do Sul. A cena final no aeroporto do Quênia é linda e emocionante.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Poente


"Poente", de Akira Kamiki (2017)
Premiado curta LGBTQIAP+ brasileiro, "Poente" é um trabalho bastante poético e delicado sobre a depressão em um relacionamento gay. Allen (Pedro Bosnich) e
David (Gustavo Haddad) foam um jovem e promissor casal gay, morando sozinhos em um apartamento em São Paulo. Mas Allen está em depressão profunda e decidiu parar co a terapia. David decide ficar em casa e cuidar da pessoa que ama.
Um filme simples, direto ao assunto, mas filmado com muita sensibilidade. Linda fotografia, trilha e locações. Um filme silencioso, baseado no tempo, nos olhares, em momentos.

Dois e vinte e três


"Dos veintitres", de David Mora (2018)

Escrito, dirigido e interpretado pelo cineasta espanhol David Mora, "Dois e vinte e três" consiste em um ótimo monólogo sobre uma fantasia erótica que um homem hetero possui sobre um homem que ele conheceu uma noite na balada. A cena toda acontece à beira de uma piscina, um filme barato, simples, com um ótimo ator e um texto convidativo para os desejos eróticos de um homem. Um plot twist no último minuto, e o desejo do filme continuar. O filme foi exibido em dezenas de Festivais de gênero e diversidade, e é uma pequena aula sobre concisão no formato curta quando se tem pouca ou nenhuma grana, mas criatividade, um bom ator e um bom texto.

Service boy


'Service boy", de Shawn Gupta (2020)
Drama LGBTQIAP+ indiano sobre um jovem funcionário (Amit Ray) de hotel que precisa de seu emprego para poder sustentar a família. Mas o lockdown faz com que nenhum hóspede permaneça por lá. Quando um jovem homem de negócios ( o próprio cineasta Shawn Gupta) se hospeda, o funcionário faz de tudo para agradá-lo. Ao pedir um massagista e descobrir que foram todos demitidos, o hóspede se irrita, mas o funcionário se oferece para fazer a massagem, com medo de perder o emprego. A partir desse momento, a vida dos dois se transforma.
Um filme sensual mas também exagerado no melodrama e na cafonice, "Service boy" acaba divertindo pela performance caricata do jovem funcionário, que exagera na performance. Mas vale pelo homoerotismo e pelo clima de tensão sexual.

Venom- Tempo de carnificina


"Venom- Let there be carnage", de Andy Serkis (2021)
Três anos depois da estréia de Venom em filme solo, o cineasta Andy Serkis assume a direção e volta com um vilão adequado para o mau humor do anti-herói. Woody Harrelson interpreta o serial killer Cletus Kasady, que após um incidente com Eddie Brock (Tom Hardy), jornalista que foi entrevistá-lo em presídio de segurança máxima, se transforma em Carnage, um monstro assassino.

Não fiquei muito empolgado com o filme, dá para se divertir em uma ou outra cena e o final ficou bem genérico. Sou fã de Michelle Willians, mas ela aparece pouco. Tom Hardy tem o protótipo perfeito para interpretar Eddie, uma figura bruta mas com o coração repleto de conflitos.

Spencer


"Spencer", de Pablo Larrain (2021)
Aclamado drama dirigido pelo chileno Pablo Larraín, concorreu em diversos Festivais, incluindo Veneza, de onde Kristen Stewart saiu como uma das grandes performances femininas dos últimos anos.
O filme é um relato ficcional sobre a decisão da Princesa Diana de se separar do Príncipe Charles, intensificada após rumores do relacionamento dele com Camilla Parker Bowles. O filme se passa em 3 dias: na véspera do Natal, Natal e dia seguinte, em dezembro de 1991. Sentindo-se sufocada pela tradição machista e conservadora dos costumes da realeza, pressionada pela Rainha Elisabeth e por todos os súditos, Diana busca refúgio no libro sobre Ana Bolena, que em seus delírios, a ajuda a sair dos desejos suicidas.
Curioso que um filme que detalhe tão impressionantemente bem as tradições da realeza inglesa tenha sido dirigida por um chileno, e que a performance de Kristen Stewart, uma atriz americana, tenha sido ovacionada pelos próprios súditos que trabalharam com Diana, surpreendidos com o rigor dos detalhes de Kristen.
Assim como "Jackie", Larraín apresenta um drama intimista sobre uma mulher comum inserida em um contexto fora do seu mundo, e que se sente sufocada e pressionada pelas tradições rígidas de hábitos e costumes. O desejo de voltar a ser aluém do povo, anônima, é muito bem apresentada no filme, com uma cena final emocionante. A fotografia de Claire Mathon e a trilha sonora de Jonnhy Grenwood são perfeccionistas e sublimes. O trabalho do movimento de câmera é um show à parte.
O título é o sobrenome de solteira de Diana, e o filme tem um elenco muito foda, que vai de Sally Hawkins a Timothy Spall, o melhor do elenco inglês.

A crônica francesa


"The french dispatch", de Wes Anderson (2021)
Concorrendo no Festival de Cannes, o 10o filme de Wes Anderson, um dos cineastas mais aclamados e apreciados pela comunidade cinéfila, é uma antologia de episódios que homenageia o jornalismo impresso. Uma clara referência à mítica revista "The New Yorker", Anderson cria a revista americana "Crônica francesa", editada na cidade francesa de Ennui sur blasé. É lá que o editor chefe Artur (Bill Murray) morre e deixa claro o legado da revista: no dia de sua morte, deverá sair apenas mais uma edição da revista e depois, o sue fechamento. Os editores decidem republicar 3 crônicas. A partir daí, o filme se divide em 4 histórias: um prólogo com Owen Wilson apresentando cidade e a revista. O 1o ep é com Benicio del Toro interpretando um preso que usa a policial Lea Seydoux como modelo de suas pinturas, vendidas a preço de ouro no mercado. O 2o ep é com Frances Macdormand interpretando a jornalista que se envolve com o jovem estudante de Timotheé Chalamet, que faz parte de um movimento estudantil. O 3o ep é com Jeffrey Wright que faz um jornalista que cobre matérias sobre arte.
Logo no início, Anderson deixa clara a sua homenagem ao cinema de Jacques Tati, com o plano geral reproduzindo a subida das escadas. Aqui, Anderson explora ao máximo todo o seu olhar esteta e estilizado, trazendo inclusive uma sequência toda e animação. O elenco traz todo o seu catálogo de atores:
Bill Murray, Owen Wilson, Timotheé Chalamet, Elisabeth Moss, Tilda Swinton, Benicio del Toro, Adrien Brody, Lea Sydoux, Frances Macdormand, Matieu Amalric, Jeffrey Wright, Christoph Waltz, Willen Dafoe, Edward Norton, Saoirse Rosnan, Jason Schawartzman, Angelica Houston. Fora isso, filma em cores e preto e branco, falado em inglês e francês. O filme é lindo, uma verdadeira obra de arte Mas esses excessos também trazem um certo cansaço, talvez por conta de suas histórias sem muita força, ou pela falta de unidade entre elas. Confesso que é o filme que menos gostei de sua filmografia.

Ghostbusters- Muito além


"Ghostbusters- afterlife", de Jason Reitman (2021)
Impossível não cair em prantos quando o personagem de Harold Ramis, Egon Spengler, surge no filme, totalmente recriado em computação gráfica. O filme é isso: uma homenagem póstuma a um dos grandes atores e roteiristas americanos, falecido em 2014. Ramis foi responsável pelos sucessos "Clube dos cafajestes", "O caça fantasmas" e uma das maiores obras-primas do cinema, "Feitiço do tempo", cujo mote do dia em loop já foi copiado centenas de vezes.
O cineasta Jason Reitman é filho do realizador original do clássico de 1984, Ivan Reitman, que aqui produz. O filme resgata os caça-fantasmas originais, Dan Akroyd e Bill Murray, e faz a turma crescer com os netos de Egon, Phoebe (Mckenna Grace) e Trevor
(Finn Wolfhard), além dos adultos Callie (Carrie Coon) e o professor Grooberson (Paul Rudd).
O filme começa com a morte de Egon, isolado em sua fazenda no Oklahoma, morto pelo fantasma de DAna, que retornou para dominar o mundo. Callie, sua filha, frustrada pelo abandono do pai, herda a fazenda, e endividada, resolve morar com seus dois filhos. Logo, descobrem os segredos do avô e decidem acabar de vez com a invasão de fantasmas.
O maior easter egg do filme é o fato do ator Finn Wolfhard), o Mike de "Stranger things", ter homenageado a franquia em um episódio da série, vestido com tal. E o filme acaba sendo isso: um rejuvenescimento da franquia, e claro, uma aproximação do universo de "Stranger things', no qual o filme parece um episódio estendido. A jovem Mckenna Grace foi caracterizada para ficar parecida com Harold Ramis, seu avô no filme, e está ótima. O filme é bem genérico, mas diverte por conta do ótimo elenco e pelo fator emoção.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Pedregulhos

“Koozanghal”, de P.S. Vinothraj (2020)
Filme indicado pela Índia a uma vaga ao Oscar de filme estrangeiro em 2022, “Pedregulhos” é um drama antropológico fascinante. Uma história simples mas embalada com imagens e situações pitorescas e comoventes de uma região extremamente pobre e árida do país, Tamil Nadu.
Ali, mora Velu, um menino de 8 anos, e a família de sua mãe. Enquanto estuda na escola, o pai de Velu, Ganapathy, um homem bronco e bêbado, pergunta pro filho: “Você gosta mais de sua mãe ou seu pai?”. Sem esperar uma resposta, o hmem obriga o menino a segui-lo. Ele quer que a mãe do menino, de quem é separado, vá procurá-lo, mas diante da indiferença dele, ele decide ir matá-la.
Premiado no prestigiado Festival de Rotterdan, “Pedregulhos” possui vários sketches que ilustram a pobreza do loca: mulheres caçando ratos para comer no deserto ( uma cena chocante), e um dos finais maus melancólicos e fortes dos últimos anos: uma fila de mulheres no deserto aguardando a vez para encher seus baldes em uma fonte mínima de água barrenta. Trabalho extraordinário dos não atores que interpretam pai e filho, transitando em emoções praticamente sem diálogos.



Benedetta


"Benedetta”, de Paul Verhoeven. (2021)

Drama histórico LGBTQIAP+ dirigido pelo mestre Paul Verhoeven, um dos realizadores mais ecléticos do cinema, e que concorreu na competição oficial do Festival de Cannes 2021. O filme é baseado na história real da freira Benedetta Carlini (Virginie Efira) , nascida em Pescia, Itália. Desde criança ela foi entregue ao convento das freiras sob o comando da rigorosa madre Felicita (Charlotte Rampling). Um dia, uma jovem, fugida de seu pai surge no convento e pede asilo: Bartolomea (Daphne Patakia). Bartolomea não tem vocação para freira, e acaba seduzindo Benedetta, se tornando amantes, naquele que é considerado o primeiro romance lésbico do Século XVII da igreja. Mas BEnedetta acredita ter visões de Cristo, e acredita que a sua missão é se tornar Santa e fazer milagres.

Verhoeven sabe como dirigir, e aqui, ele traz uma estranha mistura de gêneros: ao drama religioso, ele traz elementos de realismo fantástico. Por exemplo, Cristo surge e quer beijar Benedetta, dizendo que ela é sua esposa. Cobras surgem para provocar Benedetta, entre outras cenas bizarras. Existe um tom de humor ácido em alguns momentos, e claro, como não poderia deixar de ser nos filmes de Verhoeven, muita nudez feminina. Um filme estranho, que lembra os provocativos “Os demônios”, de Ken Russel, e “A última tentação de Cristo”, de Scorsese, mas com bastante erotismo.

domingo, 21 de novembro de 2021

Um crime em comum


"Un crimen comun", de Francisco Márquez (2020)
Dois motivos para se assistir a esse belo e intimista drama de suspense psicológico argentino: a performance arrebatadora da atriz Elisa Carricajo, e o desfecho libertador e metafórico sobre o desabafo e libertação de uma mulher, em uma montanha russa.
Concorrendo no Festival de Berlin e em Mar del Plata, "Um crime em comum" fala sobre o abismo social na sociedade argentina.
Cecilia (Elisa Carricajo) é uma professora de sociologia, divorciada e mãe de um filho de 6 anos. Ela tem uma empregada, Nebe, que trabalha para ela há nos e que mora na periferia. Cecilia e uma professora que acredita em seu ponto de vista e por isso, não dá muito crédito aos alunos. Uma noite chuvosa, o filho adolescente de Nebe pede ajuda, fugindo da polícia. Cecilia ignora o pedido e não abre a porta. Dias depois, o corpo dele é encontrado no rio, e Cecilia passa a ser assombrada pelo fantasma dele.
O filme tem um ritmo lento demais, mas pela atuação da protagonista vale assistir. O roteiro é bom, com muitos momentos simbólicos. A cena de Cecilia perdida no labirinto da comunidade onde Nebe mora também é assustador e muito bem dirigida.

Tick tick..Boom!


"Tick tick..Boom!", de Lin Manuel Miranda (2021)
O ator, compositor e diretor Lin Manuel Miranda é um dos maiores sucessos do show bizz americano.Autor dos giga sucessos "In the heights" e "Hamilton", ele estréia na direção de filmes com a cinebiografia musical "Tick tick..Boom!", baseada na vida do compositor americano Jonathan Larson, falecido aos 35 anos no dia da estréia do musical "Rent", um sucesso avassalador que ficou 15 anos em cartaz na Broadway e venceu vários Tonys e um Pullitzer de dramaturgia.
Jonathan (Andrew Garfield) nasceu em Nova York e sempre teve o sonho de se tornar um compositor de sucesso na Broadway. Trabalhando de garçon, ele levou 8 anos escrevendo a peça "Superbia", e logo depois, a autobiografia "Tick tick..Boom!, onde descreve sua frustração de fazer 30 anos e não ter deixado nenhum legado. Suas peças e músicas falam sobre a multiculturalidade de raças e gêneros, além de flertar com o tema do HIV, surgido nos anos 80 e que vitimou vários de seus amigos.
Jonathan Larson nasceu em 1960 e faleceu em 1996. Ele sofreu uma espécie de aneurisma cerebral no dia da estréia de "Rent", e ele nem chegou a testemunhar o sucesso. Lim Manuel diz que Jonathan foi sua grande inspiração profissional. Com um musical comovente, Lin estréia muito bem na função, além de extrair de Andrew Garfield uma performance magnética. Andrew levou um ano estudando canto para poder cantar as músicas do filme. O filme traz um super elenco, como Vanessa Hudgens e Mj Rodriguez, a Blanca de "Pose".

Garota da moto


"Garota da moto", de Luís Pinheiro (2021)
Versão para o cinema da série exibida no SBT "A garota da moto", com um elenco diferenciado. O filme segue as 2 temporadas do seriado, dando prosseguimento à fuga da motofretista, como Joana (Maria Casadevall) se denomina. Ela trabalha como entregadora de app, e mora com seu filho Nico (Kevin Vechiatto) escondida em um casebre na periferia. O pai de Nico era um milionário, mas ao morrer, a nova esposa dele, temendo dividir a herança, manda matar Joana e Nico.
Na série, Joana era interpretada por Christiana Ubach. "Eu não sou uma super herói, e não estou sozinha". Joana é ajudada por Nico, seu pai, interpretado por Murilo Grossi, a esposa dele, interpretada por Gilda Nomacce e pela policial destemida interpretada por Naruna Costa.
O melhor do filme é o seu elenco, com destaque para Maria Casadevall no papel da bad ass de um figurino só, e de Kevin, no papel do adolescente rebelde. O roteiro traz elementos já bastante conhecidos de filmes de ação e policial, apostando na figura esquemática dos vilões, muito maus. A fotografia é outro ponto alto do filme, e a direção investe na estetização das imagens, tornando o projeto um filme de ação estilizado e menos realista.

sábado, 20 de novembro de 2021

Dezesseis primaveras


"Seize printemps", de Suzanne Lindon (2020)
Concorrendo no Festival de Cannes 2020 e em San Sebastian, a estréia na direção de Suzanne Lindon é um acontecimento: Ela é filha dos famosos atores Sandrine Kinberlain e Vincent Lindon. Escreveu o roteiro de "Dezesseis primaveras" aos 15 anos e protagonizou e dirigiu aos 19 anos. Uma verdadeira prodígio, Suzanne batiza sua personagem com seu nome. Provavelmente muito de autobiográfico existe nessa singela história de uma adolescente de 16 anos, Sazanne, entediada com sua vida burguesa e de amigas sem graça. Ao passar em frente a um teatro, ela observa o ator Raphael (Arnaud Valois), de 35 anos. Entre os dois surge uma intensa paixão platônica, dividida pela barreira das idades.
Um bom filme de cineasta estreante, com um ritmo lento e uma verborragia que remetem ao cinema de Eric Rohmer , com naturalismo das performances e uma falta de conflitos mais intensos.

Galeria Futuro


"Galera Futuro", de Fernando Sanches e Afonso Poyart (2021) Comédia farsesca sobre um trio de amigos que trabalham numa mesma galera decadente chamada FUTURO, que fica no Rio de Janeiro. A galera está repleta de dívidas e querendo manter o vínculo afetivo com o espaço, Marcelo Serrado (Valentim), Otavio Muelle (Kodak) e Ailton Graça (Eddie) são convencidos pelo amigo Taumaturgo Ferreira (Dudu) a venderem drogas sintéticas e assim, pagar as dívidas. A eles se junta a cabeleireira Luciana Paes (Paula), mas eles não esperavam que o traficante da região Milhen Cortas (Mesbla) viesse reclamar os direitos de venda de droga da região.
O melhor dessa comédia paulista ambientada no Rio é o seu elenco. Além dos citados, tem as participações de Gilda Nomacce, Klara Castanho, Jackson Antunes, entre outros. A parte técnica é excelente: fotografia, edição, trilha sonora e uma animação que percorre a narrativa contando parte da história.

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Hortelã


"Hortelã", de Thiago Furtado (2020)
Curta LGBTQIAP+ piauiense, Hortelã"tem esse título pois quando o cineasta Thiago Furtado resolveu contar para sua mãe que era gay, ela lhe fez antes um chá de hortelã para ele relaxar.
Luís e Alexandre terminam seu relacionamento. Luís fica mal e busca refúgio em Dinda, sua empregada que cuida dele desde que ele tem 3 anos de idade. Luís é de família rica, mas sua mãe desaprova o carinho que Dinda faz em Luís, achando que ela é responsável por ele ser gay. Acontece que Dinda é avó de Alexandre, sem que esse saiba que ela trabalha para Luís.
Edite Roa é uma atriz maravilhosa e a grande força de "Hortelã". Uma atriz que precisa ser descoberta nacionalmente, com a força de uma mulher do Norte do País. O roteiro é repleto de afetividade e amor, em um mundo onde o que mais precisamos é de um carinho...e um chá de hortelã.

Noite passada no Soho


"Last night in Soho", de Edgar Wright (2021) Drama de terror fantástico escrito e dirigido por Edgar Wright, realizador dos ótimos "Todo mundo quase morto", 'Em ritmo de fuga" e 'Scott Pilgrim". O filme busca referências nos filmes giallio, em 'Repulsa ao sexo" e filmes de terror dos anos 60 e 70 ingleses. A fotografia, a direção de arte e os efeitos são um desbunde. Eloise (Thomasin McKenzie) é uma jovem que ganha uma bolsa para estudar moda em Londres. De temperamento introvertido, ela acaba indo morar na casa de Miss Collins, uma idosa solitária. Mas Eloise tem o dom de ver mortos, e ela começa a ver a imagem de Sandie (Anya Taylor Joy), uma aspirante a cantora dos anos 60. Mas nos flashes que Eloise vê Sandie, ela acredita que ela tenha sido assassinada pelo seu namorado, Jack.
Com participação especial de Terence Stamp, o filme é bastante criativo e traz ótimas performances de todo o elenco. É imprevisível, tem um roteiro esperto, cheio de reviravoltas, e uma qualidade técnica impecável.

 

O jovem Diego


"El joven Diego", de Osama Chami e Enrique Gimeno Pedrós (2020 Premiado curta LGBTQIAP+ espanhol, "O jovem Diego" traz uma interessante metáfora narrada em tom fantástico e experimental sobre o primeiro encontro de Diego com um peguete de aplicativo. Seus anseios, medos, erá que deve sair com esse homem?
Filmado pelo ponto de vista do homem com quem Diego irá ter ou não seu primeiro sexo, "O jovem Diego" é um filme realizado com criatividade dentro de um padrão de baixíssimo orçamento. Ótima performance do jovem Iván Pellicer, que traz toda a angústia misturada a desejo de seu personagem. 


Não é o homossexual brasileiro que é perverso, mas a situação em que ele vive


"Não é o homossexual brasileiro que é perverso, mas a situação em que ele vive", de Eduardo Mamede e Paulo Menezes (2020)
Hilário curta LGBTQIAP+ brasileiro, totalmente rodado em Berlin durante a pandemia. O filme pega dois filmes clássicos queers como referências: o documentário de Rosa Von Praunheim, "Não é o homossexual que é perverso, mas a situação em que ele vive", e "Um estranho no lago", de Alain Guiraudie.
Dois amigos queers brasileiros, Eduardo Mamede e Paulo Menezes (os próprios cineastas) passam uma tarde em um lago de pegação e ficam totalmente nús. Eles falam sobe o corpo, gordofobia, migração, xenofobia, os hábitos culturais dos alemães, como não tomar banho, relacionamentos, desemprego, colonialismo, sexo e o fim do cinema brasileiro.
O filme foi rodado com celular e todo dublado, uma forma de fazer crítica à falta de subsídios do governo brasileiro ao cinema, principalmente aos de temática queer. Impossível não gargalhar com a espontaneidade com que os cineastas e atores se expõe na tela.