quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Egoist

"Egoist", de Daishi Matsunaga (2022) Drama romântico Lgbtqiap+ japonês, 'Egoist"narra a história do editor de moda Kosuke. Örfão de pais, eles faz enorme sucesso na revista e tem uma boa vida social e econômica. Um dia, por sugestão de um amigo, Kosuke começa a trabalhar com Ryuta, um jovem personal trainer cuja mãe o criou sozinho. Kosuke se conecta com a história de Ryuta e acabam se apaixonando. Eles transam e se tornam namorados. Devido à situação financeira de Ryuta, Kosuke decide ajudá0lo financeiramente, mesmo mediante a negativa de Ryuta em querer ajuda. Uma grande surpresa acaba surgindo para Kosuke, ao Ryuta revelar que é garoto de programa. O filme tem cenas de sexo bastante intensas e muito bem filmadas, com dois ótimos atores, bonitos e fotogênicos. O filme, no entanto, é muito longo e praticamente dividido em 2 partes. A primeira, focado na relação do casal apaixonado. A segunda, após um turning point, existe uma passada de bastão, e fica muito novelesco, com grande apelo emocional. Pode ser acusado de moralista ou punitivo, mas "Egoist" certamente perde muito de sua força na metade final, o que é uma pena.

Os segredos do universo por Aritstóteles e Dante

"Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe", de Aitch Alberto (2013) Vencedor do prêmio de diretor estreante no Palm Spring 2023, "Os segredos do universo por Aristóteles e Dante" é adaptado do livro beste seller homônimo de Benjamin Alire Sáenz. A história, ambientada em 1987, na cidade de El Paso, Texas, acompanha Aristóteles (Max Pelayo), filho de pais mexicanos. O pai, Jaime (Eugenio Derbez, mega astro mexicano), carteiro, e sua mãe, a dona de casa Soledad (Eva Longoria). Um dia, ao ir na piscina do clube da cidade, ele conhece Dante (Reese Gonzales), que o ajuda a nadar. Os dois se tornanm melhores amigos, mesmo sendo bastante diferentes na personalidade. Dante se muda para Chicago, mas um tempo depois, retorna para rever Ari, e o surpreende com um beijo. Ari repele e surpreendido pelo beijo, maltrata Dante e o manda embora. Mas ao saber que Dante sofreu ataque homofóbico, Ari se desespera. O filme é um romance juvenil Lgbtqiap+ sobre o primeiro amor e a saída do armário, em um período de forte conservadorismo e homofobia no país, anos 80, com a Aids e Reagan no poder promovendo ataques homofóbicos. Alternando romancee drama, o filme tem um desfecho violento. Os dois atores desenvolvem bem seus personagens complexos, trazendo um tema necessário para que novas gerações a discutam.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

I love you more

"I love you more", de Erblin Nushi (2023) Drama romântico Lgbtqiap+ adolescente, co-produzido pela Albania e Kosovo, "I love you more" fala sobre o primeiro amor: mas um amor online. Depois de um ano de conversas online, Ben (Don Shala), um adolescente tímido do Kosovo, está muito entusiasmado por finalmente conhecer o seu primeiro amor, Leo (Leonik Sahiti), um jovem alemão. Os dois prometem juras de amor e em um mês, Leo virá a Kosovo e os dois finalmente irão se conhecer. Mas para surpresa de Ben, sua mãe Nora (Irena Aliu), uma costureira, anuncia que ela ganhou. aloteria do Green card e que ela, ele e o padrastro irão se mudar para os Estados Unidos, um sonho de Ben. Mas Ben reage mal ao saber que a família terá que viajar imediatamente, e que a viagem não pode ser adiada, senão perdem a loteria. Ben se desespera, e não pode dizer para sua mãe o motivo que ele quer continuar em Kosovo, uma vez que ele esconde dela que é gay. Defendido por ótimos atores, o que me irritou no início foi o egoísmo de Ben, que pensa somente nele e não nos sonhos de sua mãe de querer fazer uma mudança. Mas aí me coloquei no lugar de Ben: o primeiro amor cega, destrói.E isso o filme represente muito bom. Com belas locações em kosovo, no fundo, o filme, mais do que o primeiro amor, retrata a relação mãe e filho.

My dear

"My dear", de Aragon Yao (2022) Exibido no Festival de San Francisco, "My dear" é um documentário que retrata de forma corajosa as inquietações de seu diretor, o chinês nascido em Shanghai Aragon Yao. Ele vaga há quase um ano por países da Europa em busca de trabalho na área de audiovisual. seus pais, que moram em Shanghai, combra que ele retorne logo para trabalhar na China e querem apresentar uma namorada a ele. Mas secretamente, Aragon namora há anos 8 na China com um imigrante latino, que também está em conflito com o seu trabalho no país. Quando esteve na Grécia, Aragon foi assistir a um show de drag queen e decidiu que quer fazer um curso de drag. Seu namorado, em chamada oonline, faz um grande desabafo e quer que Aragon aplique um pedido de imigração para a Austrália, para morarem lá. No meio de todo esse turbilhão, Aragon quer refletir sobre a sua sexualidade. Apresentando cenas representativas em teatro de sombras quando fala sobre seus pais, e a câmer direto em si próprio ao conversar com as pessoa.s o cineasta Aragon Yao expõe as fragilidades de um rapaz de 26 anos, que não se sente parte do seu gênero, da sua cultura, seu país e deseja ardentemente trabalhar em um mercado que está em crise. Um filme simples, mas com muita paixão e afeto, expondo seus sentimentos para o público.

In the land of saints and sinners

"In the land of saints and sinnres", de Robert Lorenz (2023) Drama irlandês dirigido e escrito por Robert Lorenz, "In the land of saints and sinners" traz uma história já bastante recorrente: um ex-assassino de aluguel se "Aposenta" após entrar em crise moral e vai morar em uma pequena cidade na área rural da Irlanda, Glencolmcille. Mas logo ele é confrontado com um grupo de terroristas do ira, nos anos 70, que se econde no local e junto da população, decide enfrentá-los. O recente "O protetor 3", com Denzel Washington, tinha essa mesma história. E ainda o ponto de encontro era o restaurante local. Aqui, é um pub. O que faz esse filme ter algo além dos filmes sobre invasores, é o seu elenco. Os três protagonistas são atores irlandeses que já foram indicados ao Oscar: Finbar (Lian Neeson, indicado ao Oscar por "A lista de Schindler"), Doireann (Kerry Condon, indicada ao Oscar por "Banshees of Ineshirin") e Vincent (Ciarán Hinds, indicado ao Oscar por "Belfast"). O cineasta Robert Lorenz, que já produziu faroestes, inclusive com Clint Eastwood, traz a linguagem do gênero para cá, não só na figura do cavaleiro solitário de Liam Neeson, quanto na trilha sonora, que traz tons de Ennio Morricone.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Possuídos pelo Mal

"The possession of Joel Delaney", de Waris Hussein (1972) O final desse terror, lançado em 1972, jamais poderia ser filmado nos dias de hoje. Cenas de intenso abuso sexual, moral eviolento contra 2 crianças, onde o menino fica totalmente nú, sendo obrigado a dançar pelado, e a menina, obrigada a se rastejar e a comer comida de cachorro. É brutal, chocante. Adaptado do romance homônimo de 1970, de Ramona Stewart, o filme foi comparado à "o exorcista", que foi lançado 1 ano depois. O filme é um raro caso de terror que concorreu ao Urso de ouro no Festival de Berlim. A curiosidade é que o produtor Martin Poll produtor britânico Lew Grade abandonou o projeto por contas de desavenças com a estrela Shirley Maclaine, sendo substituído por Lew Grade. Mais: para protagonizar o filme, Maclaine desistiu de fazer 'O exorcista". Norah (Shirley Maclaine) é uma divorciada de classe alta de Manhattan que mora com seus dois filhos, Carrie e Peter. Uma noite, Norah, acompanhada de seu irmão mais novo, Joel (Peter King), vai a uma festa organizada por sua amiga psicóloga, Erika. Joel, diferente de sua irmã, é apegado à cultura dos porto riquenhos e frequneta bairros de periferia de Nova York. Um dia, Joel ameaça um homem. Ele é internado em uma clínica psiquiátrica por sua irmã, mas novamente mostra comportamento agressivo. Erika surge assassinada em seu apartamento, decapitada. Joel é suspeito, e Norah decide ir até ao bairro porto riquenho, onde testemunha rituais de exorcismo e decsobre que o espírito de um aerial killer provavelmente possuiu Joel. Como senão bastasse o forte conteúdo do filme relacionado ao abuso infantil, o filme também traz o incesto, an relação entre os irmãos. Ousado, o filme traz uma Shirley Maclaine deslumbrante e em raro momento de filme de gênero. O filme tem uma atmosfera de filme obscuro, independente, rodado em Nova York de contrastes sociais, em clara alusão crítica ao preconceito racial e econômico.

O que acontece depois

"What happens later", de Meg Ryan (2023) Co-escrito e dirigido por Meg Ryan, "o que aocntece depois" é dedicado à Nora Ephron, roteirista e diretora com quem Ryan realizou diversos filmes, entre eles, "Sintonia de amor", Mensagem para você", "Harry e Sally, feitos um para o outro". O filme também é a 2a direção de Ryan, que também protagoniza a produção. O filme é adaptado da peça de 2008 de Steven Dietz, "Shooting Star". Dois ex-namorados, Willa (Ryan) e Bill (David Duchovny), se esbarram no atraso de seus voos devido a uma tempestade de neve, e passam a noite no aeroporto revivendo seu passado. Eles não se veem há mais de 25 anos. Willa é uma “praticante de bem-estar nas artes da cura". Bill, por sua vez, é discreto e sarcástico, um vago tipo corporativo que é emocionalmente desapegado e possuidor de espíritos inexpressivos. Ela está indo para Boston e ele está indo para Austin, à negócios. Impedidos de viajarem, o ex-casal repassa a vida em comum relembrando bons e maus momentos e entendendo o porquê de não terem dado certo. O filme é asburdamente óbvio, e todo mundo sabe como vai acabar. Um elemento estranhíssimo e de realismo fantástico percorre a narrativa: a voz do alto falante "participa" das ações do casal. Além disso, o filme, com mais de 100 minutos, é essencialmente teatral, com os dois personagens falando sem parar. O filme tem uma atmosfera retrô, parece que estamos vendo os filmes de Meg Ryan nos anos 90. Vale por ela e para seus fãs, mas quem busca algo mais criativo, vai se decepcionar.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Salmão

"Salmon", de Mattis Huus Heurlin (2023) Espetacular drama ambientado totalmente em uma cozinha de um restaurante de estrela Michelin em Copenhague, o filme apresenta a tensão que surge na cozinha onde os chefes e sub-chefes precisam preparar um menu que agrade um paladar refinado de um crítico gastronômico que está na mesa 17. Trazendo uma relação abusiva semelhante a "Wiplash", o filme traz performances deslumbrantes de todo o elenco, em especial, do jovem Lucas Lynggaard Tønnesenm no papel do chef iniciante August, e o Chef Andre ((Kasper Leisner). "Salmão" conta a história de um jovem chef, August (Lucas Lynggaard Tønnesen), que com grandes sonhos consegue uma oportunidade em um restaurante nórdico Michelin de primeira linha, onde tem que atuar sob tremenda pressão. August é incumbido de preparar as travessas do salmão para a entrada, mas ele, sem que ninguém veja, deixa cair uma das bandejas de salmão. Desesperado, ele tenta administar o erro, e a sucessão de rros termina de forma catastrófica. O público já está familiarizado com produções que mostram a grande tensão em uma cozinha, através d erealitie shows, ou em filmes como "Boiling point" ou "Chef". Mas aqui, com uma edição excelente, atores afinadíssimos e um roteiro com diálogos ásperos, o filme brilha sobre uma direção super competente de Mattis Huus Heurlin. Uma aula de cinema independente.

domingo, 26 de novembro de 2023

The ordinaries

"The ordinaries", de Sophie Linnenbaum (2023) Em 1998, foi lançado um filme fantasioso que logo se tornou cult: "Pleasentiville, uma vida em preto e branco", com Tobey Maguire, Resse Winterspoon, Joan Allen e Jeff Daniels que mostrava um lugar onde as pessoas, ao perderem a emoção e o amor, ficavam em preto e branco. A roteirista e cineasta alemã Sophie Linnenbaum estréia na direção de longas com um filme bastante sofisticado e ao mesmo tempo, complexo. A narrativa lembra a filmografia de Yargos Lanthimos, Charlie KAuffman e Spike Jonze, além de "Pleasentville" e "O show de Truman". Em um mundo distópico, a sociedade é dividida em 3 classes: os protagonistas, o elenco secundário e os personagens cortados, que ficam em preto e branco. Todos os dias, os protagonistas e elenco coadjuvante saem para filmar a cena do dia, que pode ser de qualquer gênero. Existe uma faculdade onde os coadjuvantes fazem provas de aptidão para se tornarem protagonistas, mas para isos, durante um monólogo, a música que toca internamente no corpo da pessoa precisa tocar uma música que emocione a platéia. Paula (Belo Sendel, ótima) é uma jovem que mora com sua mãe. Elas são coadjuvantes, e Paula faz testes para protagonista, mas a música de seu corpo nunca emociona. Paula decide ir atrás da história de seu pai, que segundo sua mãe disse, era um protagonista que se apaixonou por ela e morreu durante o grande massacre, evento onde houve uma manifestação do elenco de personagens cortados que fizeram motim. Vencedor de diversos prêmios internacionais, o filme poderia render também um episódio de "Black mirror". Criativo, comótima direção de arte e figurinos e maquiagem, o filme é complexo em tantas min;ucias, e valia rever pelo menos uma vez para captar tantas informações preciosas. O elenco todo é deliciosos, e a história tem um tom de metyáforas óbvias sobre classes sociais, racismo e machismo. Vale super a pena assistir.

A man goes on a killing spree

'A man goes on a killing spree", de David Goldberg (2023) Um filme de terror sobre um serial killer que decide um dia sair na rua e matar pessoas, "A man goes on a killing sprre" me surpreendeu pela atmosfera totalmente indie e com um ótimo protagonista. O elenco de apoio é formado por maus atores, mas essa era a tônica dos filmes slashers dos anos 80, e acredito que foi uma forma do diretor David Goldberg homenagear esse sub-gênero tão amado pelos amantes do terror. O cineasta ainda vai mais longe: ele fez um filme de assasinatos solar, todos à luz do dia, contrariando o ambiente noturno comum aos filmes. O serial killer é interpretado por Bobby Fredrickson, um jovem totalmente acima de qualquer suspeita, com cara de estudante de colegial. Ele se prepara em casa com um arsenal de armas: pistola, martelo, cordas, facas e vai para a rua. Todos os seus crimes vão na idéia de uma corrente formada por celulares das vítimas. Ele mata um homem aleatório na rua que esperava um Uber. O motorista do Uber vem e ele o mata. Daí ele mata a pr;óxima cliente. E dai pega o celular da vítima e segue até sua casa, e por ai vai. A premissa do flme é muito boa. Tivesse sido filmado com um orçamento maior e um ator mais conhecido como protagonista, o filme certamente teria tido uma mídia muito mais intensa. Valeu assistir, mesmo tendo um look de filme amador e estudantil. E esse é o seu charme.

Doi Boy

"Doi Boy", de Nontawat Numbenchapol (2023) Doi Boy é o nome de um clube de sexo masculino e também significa prostituto em tailandês. Nesse drama Lgbtqiap+, tem drama ação e suspense ao narrar o encontro entre 3 homens gays, cada um com a sua história e que termina de forma trágica, mostrando a realidade crua da Tailândia e de Myanmar. O filme mistura muitos temas: imigração clandestina na Tailândia, desmeprego, covid, tráfico humano, monges budistas, clube dos exo, garotos de programa, ativistas políticos... Wan é monge em Myanmar. Mas quando o país entra em guerra civil, os soldados obrigam os monges a entrarem na luta armada. Wan, após participar de batalhas, foge e vai parar como clandestino na cidade de Chiang Mai, Tailândia. Sem documentos, ele vai trabalhar como stripper e massagista em um clube do sexo, Doi Boy. Seu nome muda para Sorn, a mando do patrão. Ali, ele conhece o cliente Ji, um policial casado e com a esposa grávida. Com a chegada da covid, o clube é obrigado a fechar. Wan mora com uma garota de programa, Bee, e ambos planejam morar juntos e saírem da vida da prostituição. Ji, sabendo da dificuldade financeira de Sorn, propõe que ele o ajude a sequestrar Wuth, um ativista político que luta contra o tráfico humano e cujo namorado foi assassinado. O filme tem momentos muito bons , quando apresenta o clube do sexo e a relação dos rapazes e seus clientes. O alerta contra tráfico humano envolvendo o governo também é uma trama muito boa. Mas toda a parte dos monges budistas pareceu meio forçado, me fez lembrar de "Mudança de hábito", com Whoopi Goldberg, quando a religião é usada como fuga política.

Irmãos

"Bu er xiong di", de Shio Chuan Quek (2023) Emocionante drama chinês que lembra "rain man", filme com Dustin Hoffman e Tom Cruise, só que com personagens que fazem parte da pobreza na China. Dois irmãos inseparáveis, o autista Wen Guang (Li Mao) e o caçula Wen Xiu (Jc Lin), são órfãos e moram em um apertado kitschnete em um bairro da periferia. Wen Xiu trabalha em uma fábrica pela manhã e como garçon de noite, e nos tempso vagos cuida de seu irmão mais velho, que é autista. A namorada de Wen Xiu rompe com ele pela falta de dedicação e ele se estressa com seu irmão, colocando a culpa nele pelas coisas não estarem dando certo em sua vida. Mas Xiu se arrepende de sua fala e procura ajudar o irmão a encontrar um emprego compatível para ele. Wen Guang conhece uma jovem em um ponto de ônibus, Sur'en, e entre eles surge uma amizade. Um filme que retrata com carinho os seus personagens e que traz um olhar otimista sobre as duras situações da vida. Me fez lembrar da frase do filme dos Monty Python, "Always look to the bright side of life". Com boas performances, o filme irá fazer espectadores se comoverem com o amor entre os dois irmãos, com boas doses de humor, romance e drama.

Night of the hunted

"Night of the hunted", de Franck Khalfoun (2023) Refilmagem do suspense espanhol "Night of the rats" de 2015, "Night of the hunted" é um ótimo suspense tenso do início ao fim. O filme é bem apropriado para a cultura da sociedade americana, repleta de snipers traumatizados e psicopatas que assassinam pessoas à esmo. Uma mulher, Alice (Camille Rowe) está voltando de uma convenção de indústria farmacêutica com John (Jeremy Scipiccio), seu colega de trabalho e amante. De noite, eles param em um posto de gasolina isolado. Enquanto John abastece o carro, Alice entra na loja para comprar guloseimas. Para sua surpresa, ela não encontra ninguén na loja. Súbito, ela leva um tiro no ombro. Desesperada, ela tenta chamara. atenção de John, que não a escuta. Um a um, todos que entram na loja são assassinados por um sniper anônimo. Com ótima performance de Camille Rowe, o filme sustenta quase que por inteiro com sua ótima atuação, e possui um outro personagem dúbio que deixa o espectador desconfiado de suas intenções. Bem dirigido, ótima trilha e fotografia, tudo contribuindo para a construção da tensão.

Vera

"Vera", de Tizza Covi e Rainer Frimmel (2023) Candidato da Áustria ao Oscar de filme estrangeiro 2023, o filme venceu no Festival de Veneza 2022 dois importantes prêmios na mostra paralela Horizzonti: melhor diretor e melhor atriz para Vera Gemma, filha real do ícone italiano Giuliano Gemma. Por muito tempo Vera Gemma tentou a carreira de atriz, mas sob a sombra de seu pai, fracassou. 20 anos depois, os diretores Tizza Covi e Rainer Frimmel a resgatam em uma ficcionalização de sua persona real. O filme traz muito da vida real de Vera mesclado à uma ficção que faz com que a personagem seja vítima de um mundo cruel, onde a beleza, a vaidade, o envelhecimento são tão brutais quanto os homens tóxicos e vigaristas que surgem na vida de Vera. O neo realismo se torna presente, tanto na narrativa, quanto na linguagem de figuras maginalizadas da sociedade. Vera contracena com não artistas e eventualmente, pessoas de sua vida real, como sua irmã Giuliana e a atriz Asis Argento, que se tprnou sua amiga após participar das produções do pai de Asia, Dario Argento. Em alguns aspectos, o filme lembra "As noites de Cabíria" e "Crepúsculo dos deuses". onde o atual mundo do cinema não cabe mais na figura envelhecida e plastificada de Vera, que anda vive sua a expectativa de um dia voltar a atuar. O filme não tem a mínima compaixão por Vera. Decadente, circulando por um mundo de aduições que só a humilham, ao retornar para casa, seu motorista atropela uma criança da periferia de 8 anos. Vera acaba se envolvendo com o menino, o pai dele e a avó. Vera Gemma é uma figura que o filem evita que o espectador sinta pena. Acompanhamos a sua história, sabendo que vai dar merda lá no final. A sua solidão e tristeza permite que coisas ruins aconteçam à ela, que acredita na bondade humana. Um trabalho excelente de Vera, que espero, traga bastante resultados na sua carreira.

sábado, 25 de novembro de 2023

Napoleão

"Napoleon", de Ridley Scott (2023) Épico de Ridley Scott sobre o Imperador Napoleão Bonaparte, falecido aos 51 anos na Ilha de Santa Helena, África, exilado pelos ingleses após derrota na Batalha de Waterlloo. Talvez a informação mais chocante que o filme traz é a cartela final, anunciando que 3 milhões de soldados franceses morreram em batalha sobre o seu comando nas tomadas do Egito, Itália, Rússia, etc. Para minha grande frustração, o filme é bem chato. Com 2:40 horas, a produção é grandiosa em todos os níveis: figurinos, maquiagem, figuração, efeitos, fotografia, trilha sonora. A edição no entanto, não funciona, dando enormes saltos temporais que me deixou bastante confuso, dando a impressão de que era tudo uma grande narrativa em sketches. Fui pesquisar e entendi: o filme, produzido pela Apple tv, será exibido no player com mais de 4 horas de duração. Para exibir a versão do cinema, foram cortadas muitas cenas, e esses cortes tornaram tudo bastante abrupto. O roteiro foca 2/3 na relação amorosa e novelesca entre Napoleão e Josefine, uma viúva com quem Napoleão se casou e mesmo ela não tendo engravidado de um filho dele, ele a amou até a morte dela. As cenas de batalhas são muito bem produzidas, mas ficaram longas e arrastadas. Joaquim Phoenix está no automático. Ele é um excelente ator, mas a sensação que me deu é que estava cansado. Eu preciso rever o filme daqui há alguns meses, para entender se fiquei frustrado pela alta expectativa que eu estava em relação ao fiilme. Um ponto alto é o elenco coadjuvante: Vanessa Kirby, Rupert Everett, Tahar Rahim são alguns dos que sustentam a narrativa com o talento e a presença de cena.

Aqueles que fazem a revolução pela metade apenas cavam suas próprias sepulturas

"Ceux qui font les révolutions à moitié n'ont fait que se creuser un tombeau", de Mathieu Denis e Simon Lavoie (2016) Concorrendo nos Festivais de Berlim e de Toronto, "Aqueles que fazem a revolução pela metade apenas cavam suas próprias sepulturas" é um ambicioso drama lgbtqiap+ que procura retratar a juventude polítizada inconformada dos anos 2000. Os cineastas e roteiristas Mathieu Denis e Simon Lavoie mesclaram ficção e material de arquivo das manifestações ocorridas em Quebec no ano de 2012, a chamada Maple Uprising de 2012 - onde estudantes em Quebec saíram às ruas para protestar contra o aumento das mensalidades. Os cineastas entrevistaram diversos estudantes e daí resultou esse filme com mais de 3 horas de duração. repleto de cenas de sexo, nudez total, mostrando que a revolução é tanto política, social quanto também do corpo ( uma das personagens é mulher trans), o filme me lembrou de 3 filmes seminais sobre juventude X revolução: 'A chinesa", de Godard, "Raspberry reich", de Rosa Von Praunheim e o alemão "The edukators". O filme começa com 4 minutos de tela preta. Logo depois, somos apresentados a um grupo de 4 amigos, interpretados pelos atores Charlotte Aubin , Laurent Bélanger, Emmanuelle Lussier-Martinez e Gabrielle Tremblay. Veteranos dos protestos estudantis de Quebec em 2012, um movimento que resultou em fracasso. Desiludidos com a falta de empenho dos jovens, os 4 amigos decidem se rebelar contra seus pais, a quem consideram burgueses e alienados e vão morar sozinhos. Para se suetntar, eles contam com o dinheiro ganho por Klas, a jovem trans, que se prostitui para bancar a permanência do grupo. O filme vai apresentando cada um deles e sua história de revolta contra o sistema, seja ele governamental ou familiar. Repleto de imagens de arquivo de manifestações, o filme mostra o grupo idealista mais como personagens sociopatas e melancólicos, revoltados contra si mesmos do que como força revolucionária. Existe até um sacrifício em imolação de um deles no final, em frente à mãe. Não sei se essa representação de jovens idealistas e revolucionários, que se sacrificam pela causa é a melhor forma de apresentar ao público e buscar uma empatia. Até porque uma das personagens é tão radical que impõe ao grupo que se auto flagelem e mutilem.

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Todos os incêndios

"Todos los indencios", de Mauricio Calderón Rico (2023) Concorrendo no Festival de Locarno 2023, "Todos os incêndios" é um drama lgbqtiap+ mexicano. Bruno é um jovem que mora com sua mãe. Bruno é rebelde e tem o hábito de provocar pequenos incêndios como forma de se apresentar ao mundo. Rafael é seu melhor amigo, mas para sua surpresa, Rafael investe nele, se declarando gay e a fim de Bruno. Para piorar a situação, Bruno se irrita com o novo namorado de sua mãe e decide pegar um ônibus e seguir até a cidade de Durango para se encontrar com sua namorada online, Daniela. Eles criam um forte vínculo até Bruno entender que Daniela é lésbica e se aproveitou da "fachada" dele ser o namorado dela para ela poder enganar a família. Achei o filme bom, mas esperava mais. O filme traz situações bem lugar comum para um jovem gay, e achei tudo bem óbvio. O foco mais interessante no flme é o uso do fogo e dos pequenos incêndios para um escape de Bruno de sua adolescência e de seua própria revolta diante de um mundo que ele tenta se encaixar, mas sem sucesso. Bons atores em uma produção independente mexicana do Coletivo Colmena, famoso por produzir filmes de baixo orçamento.

Wolfkin

"Kommunion", de Jacques Molitor (2023) Bom filme de terror co-produzido pela Bélgica e Luxemburgo, "Wolkfin" é um filme sobre lobisomens. A mãe solteira Elaine (Louise Manteau), que trabalha como cozinheira em uma lanchonete, recebe uma ligação na escola de que seu filho Martin mordeu uma colega. No dia de seu aniversário, ele morde outro colega. Perturbada, Elaine decide levar o menino na casa dos avós dele, na pequena cidade de Luxemburgo, e descobre que aquela família vem de uma linhagem de lobisomens. O pai de Martin desapareceu e se esconde na floresta. O tio de Martin fica com ciúmes do menino, pois sua esposa está grávida e ele quer que seu filho seja o último da linhagem, pois receberá poderes. O filme mescla uma narrativa mais artística com uma mais comercial, procurando agradar a todos os fãs de terror. Desde o início, o filme não esconde a sua história, e o que intreessa ao espectadr, é entender a rivalidade dentro da mesma família. As cenas de violência são fortes, incluindo canibalismo.

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

A filha do rei do pântano

"The Marsh King's Daughter", de Neil Burger (2023) Logo no início do filme, fica impossível não se lembrar de 2 filmes bastante dramáticos: "O quarto de Jack", com Brie Larson e Jacob Bentley, e "Um lugar bem longe daqui", com Daisy Edgar-Jones. Aliás, esse último lembra em vários aspectos "A filha do rei do pântano": ambos são adaptações de best sellres, têm uma protagonista chamada Daysi e ambientados em um pântano. E para finalizar, falam sobre violência doméstica e machismo. Diretor de "Sem limites", "Amigos para sempre" e "Divergente", o cineasta Neil Burger adapta o romance homônimo de Karen Dionne, lançado em 2017. Helena Pelletier (Daisy Ridley) tem uma vida feliz: um marido que a ama, Garret (Garrett Hedlund), uma filha pequena Marigold e um padrasto policial amoroso, Crlark. Mas HElena foge de seu passado: quando adolescente (interpretada por Brooklyn Prince, de "Projeto Flórida", ela morava com seu pai Jacob (Ben Mendelsohn) e sua mãe, Beth (Caren Pistorius). Helena venera seu pai, um caçador, e acredita que sua mãe não gosta dela. Mas um dia, Beth pega Helena e fogem, contra a vontade de helena.Somente anos depois, Helena entendeu o que se passava: sua mãe havia sido sequestrada quando estava grávida dela, e proibida de sair do pântano. Mas Jacob, que estava preso, fugiu da prisão, e Helena teme que ele venha pegar sua filha. Um bom thriller com boas performances, principalmente das duas atrizes que interpretam Helena (Dayse Ridley) vem da saga 'Star wars" e fora do universo de George Lucas, parece não ter acertado comercialnente nos filmes. O drama também não fez sucesso de público, apesar de suas qualidades. Quem gosta de um filme que apresenta personagens femininas sufocadas pelos homens e decide dar um basta nisso, vai curtir o filme, que mescla drama, suspense e ação.

Na pele da minha mãe

"In my mother's skin", de Kenneth Dagatan (2023) Exibido em Sundance 2023, "Na pele de minha mãe" é um ótimo terror fantasioso, que muitos críticos compararam a "O labirinto do fauno". O filme , escrito e dirigido por Kennet Dagatan, traz uma metáfora sobre os horrores da guerra, pelos olhos de uma mneina filipina, Tala (Felicity Kyle Napuli), que vive nas Filipinas durante a ocupação japonesa na 2a guerra mundial. Obrigados a conviver e obedecer os japoneses, a família composta pelos pais Aldo e Ligaya, os filhos pequenos Tala e Baynardi e a empregada Amor lutam para ter o que comer. Quando o pai decide se encontrar secretamente com os americanos, a esposa Ligaya começa a passar mal. Os filhos decidem seguir na floresta em busca de ajuda. No caminho, Tala encontra uma fada, que lhe entrega algo para a sua mãe comer. Ligaya come um espécie de lagarta que toma posse dela e a faz se tornar uma canibal. O filme tem a cobiça e a traição como mensagens, e o filme o tempo todo tem reviravoltas de personagens. Com boas cenas de gore ( imagina a personagem canibal), o filme tem um ritmo lento, o que atrairá mais fãs de terror com gosto mais artístico e apurado. A menina que interpreta Tala é excelente, trabalhando com muito empenho todo o desespero da personagem.

O menino dos cabelos verdes

"The boy with green hair", de Joseph Losey (1948) Clássico do cinema infanto juvenil, "O menino dos cabelos verdes" foi escrito por Betsy Beaton em e adaptado ao cinema pelo cineasta inglês Joseph Losey, em um de seus primeiros trabalhos, em 1948. Losey é autor de diversos clássicos, entre eles, "O criado" e "O mensageiro". "O menino dos cabelos verdes" é uma metáfora sobre os crimes de guerra e os órfãos deixados pelos genocídeos. O filme apresenta o então menino Dean Stockwell, em seu primeiro trabalho como ator. Ambientado na 2a guerra mundial, somos apresentados ao menino Peter Frye (Stockwell), que está morando com sua tia Lilly nos Eua, enquanto seus pais estão em Londres. Ninguém diz a ele que seus pais morreram e que agora ele é um órfão. Ele vai sendo transferido de lar em lar, até parar na caaa do gentil Gramp. Durante as aulas, a professora diz a ele que seus pais morreram na guerra. Traumatizado, no dia seguinte, os cabelos de Peter amanhecer de cor esverdeada. Ele acaba virando motivo de chacota entre os alunos, e visto como alguém diferente pelos moradores da cidade. A música título, "Nature boy", foi depois regravada por Nat King Cole e se tornou um grande hit. É um filme simpático e com boa mensagem, sobre aceitar o diferente, um tema bastante recorrente nos filmes recentes do politicamente correto.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Lynch/Oz

"Lynch/oz", de Alexandre O. Philippe (2023) Um curioso documentário repleto de teoria da conspiração, dirigido e escrito Alexandre O. Philippe e dividido em 6 capítulos, cada um narrado em off por um crítico ou ensaísta de cinema. Cada um deles fala da enorme influência da obra-prima "O magico de Oz", de Victor Fleming, na carreira de David Lynch. Através de dezenas de trechos de cenas de todos os seus longas e curtas, é possível identificar similaridades, ou através de cores, texturas, trilha, ou referências explícitas ao filme com Judy Garland. Mas em alguns momentos, o filme se torna objeto de olhar muiuto pessoal de alguns críticos, que dizem que "De volta para o futuro" é uma homenagem ã "O mágico de oz", e que Marty Macfly seria a Dorothy. Há também uma teoria da conspiração de que em determinano trecho do filme, é possível ver um técnico do filme enforcado em uma árvore no estúdio. Mesma teoria de que em uma cena de "três solteirões e um bebê", é possível ver um fantasma de um menino na janela. O filme segue aleatório, citando filmes e divagando sobre David Lynch. Curioso, mas chato.

Não tem volta

"Não tem volta", de César Rodrigues (2023) O cineasta César Rodrigues dirigiu grandes sucessos da comédia brasileira, como "Minha mãe é uma peça 2". Agora, com um roteiro de FErnando Ceylão, ele investe em uma comédoa mais com cara de filme indie americano, mesclando diversos gêneros: ação, aventura, policial, romance e comédia. Com um casal de protagonistas formado por Rafael Infante e Manu Gavassi, o filme traz um elenco de apoio de peso em pequenas participações: Diogo Viela, Betty Gofman, Roberto Bontempo, Heraldo de Deus. Henrique (Rafael Infante) não consegue superar a separação de Gabriela (Manu Gavassi) e, mesmo 1 ano depois, está tão devastado que é incapaz de se animar com mais nada. Para acabar com o sofrimento, ele decide tirar a própria vida, mas como não tem coragem, contrata uma empresa de assassinos de aluguel que tem apenas uma única regra: Após a assinatura e o pagamento, não tem mais volta. Mas após assinar o contrato e fazer o pagamento, Gabriela retorna à sua vida. HEnrique agora quer cancelar o contrato, mas é impossível. Um dos grandes trunfos do filme é a fotografia de Zé Bob, um craque da cinematografia que traz um olhar mais realista às locações decadentes do centro da cidade do Rio de Janeiro. MErgulhado em solaridade e também na imponência urbanista mesclado de épocas distintas de arquitetura, o filme exale uma atmosfera europeizada, mas com pano de fundo de cartões postais do Rio de Janeiro e Salvador.

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Hungry dog blues

"Hungry dog blues", de Jason Abrams (2022) Escrito, dirigido, protagonizado e produzido por Jason Abrams ( não é o ator de "Law and order" e "Mad men"), "Hungry dog blues" tem a sua base em filmes dos irmãos Coen que o cineasta, estreando na direção, é fã. ViolÊncia, traição, personagens sociapatas. Com essa fórmula, Jason Abrams traz um filme interessante, rodado com baixo orçamento de 105 mil dólares em 17 dias nos arredores de St. Louis. Era para ter rodado antes da pandemia, mas quando chegoua. covid, Jason perdeu os patrocinadores. Amigos e familiares ajudaram a levantar o dinheiro e o longa foi rodado na pandemia. Jason se baseou em uma história que aconteceu com seu pai. Charlie (Abrams), recebe de seu pai distante, Frank, um aúdio onde ele pede ajuda para recuperar um dinheiro que fou roubado e Frank, acusado pelo crime. Frank pede para o filho procurar uma mulher chamada Ronnie, que é a testemunha que colocou Frank na prisão. Charlie se junta a seu meio-irmão mais velho, Terrence (CJ Wilson), para rastrear Ronnie e absolver seu pai. Eles chegamna casa de Tina (Irina Gorovaia), filha de Ronnie, que ela abandonou anos atrás, em busca de Ronnie. A idéia é atrair Ronnie ao local. Mas logo tudo dá errado, e Charlie e Terrence precisam lidar com gangsters que estão atrás do dinheiro. O filme tem 75 minutos e é bem enxuto, apostando tudo na concisão e no plot principal, que é a busca por Ronnie. Com reviravoltas, a trama funciona e é bem sustentada por um bom elenco. As cenas de violência são boas, e a personagem de Tina tem carisma o suficiente para o espectador torcer por ela.

Por favor não destrua- o tesouro da montanha nebulosa

"Please don't destroy: the treasure of foggy mountain", de Paul Briganti (2023) Roteiristas e protagonistas, o trio Martin Herlihy, John Higgins e Ben Marshall criam pequenos vídeos de humor no programa "Saturday night live". Devido ao grande sucesso deles no programa, Judd Apatow e outros produtores decidiram lançar uma comédia maluca e cáustica onde vale tudo, até mesmo uma participação de Gaten Matarazzo, o Dustin de "Stranger things", interpretando ele mesmo! O filme se passa em uma cidade do interior dos Estados Unidos. Os 3 amigos trabalham na loja de varejo do pai de Ben. John sente que os dois amigos já não querem mais sair com ele: Martin namora, e Ben tem projetos para a loja. Mas quando eles vêem um vídeo de Tik Tok falando sobre um tesouro perdido nas montanhas próximas à cidade, eles decidem ir atrás para juntar uma grana e mudar suas vidas. No caminho encontram de tudo: duas guardas florestais, um falcão que não voa e um explorador asiático desaparecido, além de uma seita de fanáticos e outras bizarrices. Uma dica para poder aprecisar o filme: abandone qualquer tipo de senso crítico e se deixe levar pelas maluquices do roteiro sonsense e das situações toscas que vão surgindo ao longo da história. ALgumas piadas dá para rir, outras a gente fica perguntando o que os americanos acham tanta graça. É um produto que sintetiza o gosto de uma nova geração de apreciadores de filmes, que traz elementos de linguagem de rede social e seu tipo de humor sem graça.

Aconteceu em Woodstock

"Taking Woodstock", de Ang Lee (2009) Concorrendo no Festival de Cannes 2009, "Aconteceu em Woodstock" foi lançado entre 2 filmes menos celebrados de Ang Lee: "Desejo e perigo" e "A vida de Pi". Talvez o grande sucesso de "Brokeback mountain", de 2005, tenha feito muita pressão sobre Ang Lee. A produção é do produtor James Schamus, que trabalha com Lee desde seus primeiros filmes. Ele também adaptou o romance biográfico de Elliot Tiber, "Demetri Martin", no qual o filme é baseado. Woodstock é considerado um dos maiores eventos musicais de todos os tempos, celebrando definitivamente uma era de Paz e amor, cultura hippie, no meio da Guerra do Vietnã. Janis Joplin, Jimmy Hendrix, Joan Baez, Sly and the family stone, The Who, Joe Cocker, Grateful dead, Creedence Clearwater foram alguns dos 32 músicos que se apresentaram no período de 15 a 18 de de agosto de 1969 na fazenda de gado leiteiro de Max Yasgur, na cidade de Bethel, 70 km de Woodstock, Nova York. Elliot Tiber (Demetri Martin), um aspirante a designer de interiores, mora com seus pais, Jake (Henry Goodman) e a russa Sonia (Imelda Staunton), donos de um motel e restaurante decadente em Bethel, Nova Iorque. Correndo o risco de perderem o estabelecimento, Elliot concorda em alugar o motel para os organizadores deo Festival de Woodstock, que tiveram o evento recusado em outra cidade. Um vizinho, Max Yasgur (Eugene Levy), fornece a sua fazenda d egado para a execuçao do evento. A vida de Tiber muda radicalmente após Woodstock, experimentando drogas e um flerte com outro homem. Uma apologia à liberdade sexual e de comportamento, eu assisti a esse filme na época do lançamento. Eu estava com muita expectativa e não gostei muito, apesar do talento de Imelda Staunton. Decidi rever agora e continuo achando ele no meio do caminho. Toda a produção, direção de arte, fotografia, são espetaculares. Mas talvez o problema para mim seja o seu protagonista, o ator de stand up Demetri Martin. Ele é muito ssem carisma e não dá vontade de aocmpanhar o ator durante 2 horas de filme. O jeito é seguir o elenco de apoio estelar, que vai de Emile Hirsch, Jonathan Groff, Liec Schreiber, Imelda Staunton, Jeffrey Dean Morgan, Mammie Gummer ( filha de Meryl Streep), Eugene Levy e uma participação muito divertida de Paul Dano.

Os desgraçados não choram

"Les damnés ne pleurent pas", de Fyzal Boulifa (2023) Que filme triste!!! O co-roteirista e cineasta marroquino Fyzal Boulifa homenageia o neo-realismo italiano e traz referências evidentes, inclusive na cena final, a duas grandes obras-primas com a prostituição como tema central: "Mamma Roma", de Pasolini, e "A snoites de Cabíria", de Fellini. O título ele pegou emprestado de um grande clássico do melopdrama protagonizado por Joan Crowford: "Os desgraçados não choram", de 1950. Tanto Crowford, Giuletta Masina e Anna Magnani estão soberbamente representadas por Aïcha Tebba, no papel de Fatima, mão do adolescente Selim (Adbellah El Hajjouji). Os dois são não atores, como era praxe do neo-realismo, e sofrem todo tipo de maus tratos da vida nesse drama pungente sobre desvalidos e desesperançosos que não possuem emprego, lar, comida, amigos. O filme concorreu em Veneza e outros importantes festivais. Mãe e filho moram em um pequeno quarto alugado com dificuldades. Desesperada, FAtima decide se prostituir. Só que o homem lhe rouba seu dinheiro e suas jóias. Fatima decide procurar ajuda com seu pai e suas irmãs, com quem ela cortou relações. Eles a expulsa, alegando que o passado de Fatima a condenou: diferente do que ela dizia a Selim, que o pai morreu, a verdade é que ela foi estuprada e por conta disso, teve que se prostituir para sobreviver, já que a família a expulsou pela vergonha. Salem consegue um emprego em uma construtora, mas seu chefe coloca Salim em contato com o francês empregador, que quer ter relacionamento com o rapaz. Salim no início recusa, mas necessitado, aceita a relação, que lhe traz benefícios. Fatima, por sua vez, conhece um motorista de ônibus que encantado com ela, a pede em casamento. O trabalho dos dois não atores é emocionante e é difícil acreditar que nunca estudaram atuação. A footgrafia da francesa Caroline Champetier é exuberante e remete aos grande smelodramas dos anos 40 e 50. As locações, filmadas em ruas da cidade de Tânger, mesclam o que a cidade tem de mais rica e mais pobre. O filme não permite a felicidade. É cruel, é um soco. Mas não deixa de pulsar encantamento pela personagem de Fatima.

domingo, 19 de novembro de 2023

Where the devil roams

"Where the devil roams", de John Adams, Zelda Adams e Toby Poser (2023) Escrito, dirigido e protagonizado pelo trio John Adams (Seven) , Zelda Adams (Eve) e Toby Poser (Maggie), o filme ganhou diversos prêmios em festivais de horror, nos prestigiados Frightfest, Sitges e Fantasia. "When the devil roams" é um terror bizarro, quase experimental, sobre um afamília formada por 3 pessoas desajustadas, à margem da sociedade, durante a depressão americana dos anos 20. Seven é um ex-médico de guerra, que lutou na 1a guerra e retornou com traumas; Maggie tem acessos de violência e mata pessoas impunemente; e Eve, a filha adolescente do casal, que tem habilidades com costura. Os três se apresentam como artistas de rua para faturar algum dinheiro. Mas eles percebem que um mágico que se apresenta ao lado ganha mais público do que eles. Eve vai ver qual o segredo do mágico: ele apresenta um show de horror: com uma tesoura, ele corta seus dedos e outros membros do corpo, e no dia seguinte, magicamente, estão todos no lugar, mutilando seu corpo novamente, Quando o trio assassina o dono de uma casa, a filha do homem mutila Maggie e Seven, cortando partes do corpo deles com machados. Desesperada, Eve rouba o segredo do mágico para poder "costurar" seus pais novamente. Mas algo dá errado, e o trio precisa mutilar e matar pessoas para substituir constantemente os membros mutilados, que diferente do mágico, apodrecem. Não curti o filme. Ele traz uma modernidade, como rock, e tem uma narrativa que não me agradou. O filme vai para alguns lugares que o desvirtuam. Talvez eu não tenha entendido a proposta dos diretores e precise rever o filme novamente.

O impeachment

"O impeachment", de Pedro da Richa (2023) Documentário que retrata o impeachment do Governaador alagoano Munioz Falcão em 1957, o único caso de pedido de impeachment de Governador no país. Muniz Falcão criou um imposto para usineiros de açucar e isso criou um conflito grande com donos de terra e políticos de oposição. Seu governo contava com o apoio do governo comunista, e isso desagravada a oposição. Parte do imposto seria destinado em programas sociais na tentativa de reduzir os bolsões de pobreza e desigualdade social. Os opoicionistas fizeram um pedido de impeachment e no dia 13 de setembro de 1957, culminou em um tiroteio no plenário da Assembleia Legislativa, resultando na morte do deputado estadual Humberto Mendes e ferimentos em outros parlamentares. Mais de 1000 tiros foram disparados. O filme entrevista importantes historiadores para falarem sobre a situação sócio-política da época. O cineasta Pedro da Rocha não consgeuiu finalizar o longa, falecendo aos 64 anos de covid. Sua viúva, Vera da Rocha, e seu assistente de direção terminaram a finalização.

sábado, 18 de novembro de 2023

Comendo papaia na beira do mar

'Eating papaw on the sea shore", de Nickose Layne e Rae Wiltshire (2023) Um raro exemplar de drama Lgbtqiap+ vindo da Guiana, país homofóbico onde é poribida a união entre 2 pessoas do mesmo sexo. No filme, dois rapazes, Asim e HAsani, se amam. MAs por conta da vigilância, eles decidem se encontram na intimidad em uma praia distante. Ainda assim, Asim evita as investidas de Hasani, com temor de que algo de ruim aconteça com eles. É impossível não se lembrar de "Moonlight": não somente pelo protagonismo de um amor entre dois homens negros, mas também, pelas locações noturnas à beira de uma praia deserta. O amor proibido e não consumado, sofrido, é a tônica do filme. Mark Luke Edwards e Isaiah Lewis interpretam Asim e Hasani com naturalidade. Sonia Yarde interpreta a mãe de Hasani, que percebe o conflito do filho e lhe dá apoio. Um filme melancólico sobre um amor impossível, filtrada por bela fotografia.

Othelo, o grande

"Othelo, o grande", de Lucas H. Rossi (2023) Premiado com o Troféu Redentor do Festival do Rio de melhor documentário 2023, "Othelo, o grande" é um filme que traz imagens de arquivo de um dos maiores atores brasileiros, também cantor, nascido em 1915 e falecido em 1993, aos 78 anos. Sebastião Bernardes de Souza Prata nasceu em São Pedro de Uberabinha, depois chamado de Uberlandia, e faleceu na França. Durante a sua tragetória, trabalhou em Teatro de revista, dançou e cantou com Josephine Baker, fez uma dupla de grande sucesso com Oscarito e e participou de muitos filmes clássicos do cinema brasileiro, como "MAcunaíma", "Assalto ao trem pagador", "Rio zona norte", além de grandes sucessos da Atlântida. Ficou famosa também a sua participação no filme megalomaníaco de Werner HErzog, "a obra-prima "Fitzcarraldo". Com depoimentso emocionantes de Othelo, que descreve todo o seu caminho enfrentado contra o racismo que andou ao seu lado durante toda a sua vida artística e pessoal. O filme evita comentar os anos conturbados de relacionamento com a modelo Watusi. Entrevistas no "Roda vida", por exemplo, traz uma história genial dos bastidores de "fitzcarraldo", quando Othelo recebeu 2 páginas de texto em inglês, que ele nãao dominava. Outro momento curioso é quando ele comenta a origem do nome Grande Othelo. Um belo registro de um artista brilhante e também, memória do racismo na sociedade brasileira.

Pequenos guerreiros

"Pequenos guerreiros", de Barbara Cariry (2021) Longa de estréia da produtora cearense Barbara Cariry, que produziu alguns dos filmes de seu pai cineasta, Rosemberg Cariry, e de seu irmão, Petrus Cariry. Em "Pequenos guerreiros", uma produção infanto-juvenil, a família continua rabalhando junta: Rosemberg co-escreveu o roteiro junto de Barbara, e Petrus fotografou. Barbara teve a idéia do filme quando refletiu sobre a sua própria infância: ela percebeu que nenhum filme infantil tinha a cara da região onde ela havia nascido, não tinham a sua identidade cultural e visual. Assim, ela apresenta a família de pescadores, formada por Maria (Georgina Castro) e Cosme (Bruno Goya), mora no litoral do Ceará, junto do filho, Benedito (Juan Calado). Querendo pagar uma promessa, Cosme decide levar a família em um jipe mal conservado até a cidade de Barbalha, Cariri, sul do Ceará. Lá acontece a traidiconal festa do pau da bandeira. Os amigos de Benedito, Matheuzinho (Daniel Almeida) e Bruna (Lara Ferreira) seguem juntos numa aventura onde fantasia e a descoberta de um novo mundo os encanta. Religiosidade, festejos musicais tradicionais e a bondade das pessoas que encontram pelo caminho mostram um Brasil possível, honesto, positivo. O filme traz ingenuidade pelo olhar das crianças durante todo o passeio, desde o parque dos dinossauros, a estátua de Padre Cícero, a cidade do Et. O trabalho das crianças é ótimo, em especial Juan Calado, no grande carisma que é o seu personagem Benedito.

A canção do elefante

"La chanson du elephant", de Charles Binamé (2014) Um excelente texto para ser montado em adaptação cinematográfica, com 3 atores principais em cena: um ator na faixa dos 20 anos, um ator na faixa dos 50/60 e uma atriz na faixa dos 45/50. Adaptação cinematográfica da peça "The Elephant Song" escrita por Nicolas Billon, o filme é protagonizado pelo ator e cineasta Xavier Dolan, no papel do paciente psiquiátrico em uma clínica no ano de 1966. O doutor Green (Bruce Greenwood), ex-marido da enfermeira Peterson (Catherine Keener), entrevista o paciente Michael (Dolan), para saber o paradeiro do desaparecimento do Dr Lawrence, o psiquiatra que fazia atendimento a Michael. Michael foi o último a vê-lo e ninguém sabe onde ele está. Durante a entrevista, Michael relata seu passado: filho de uma cantora de ópera famosa, que viajava constantemente e deixava Michael aos cuidados de outras pessoas. E seu pai, um caçador de safari na África, que deixou Michael traumatizado ao matar elefantes em sua frente. Com performances potentes do trio de atores, o filme venceu diversos prêmios internacionais. É um filme de ritmo lento, que precisa ser construído aos poucos, e o suspense sobre o desaparecimento do psiquiara é revelado no desfecho, em uma nota trágica.

Mutt

"Mutt", de Vuk Lungulov-Klotz (2023) Vencedor de importantes prêmios em Sundnace, Berlim e Seattle, "Mutt" fala sobre transição de gênero e transfobia. O filme acontece em um dia na vida de Feña (Lio Mehial, nascido em Porto Rico), um jovem homem trans recém transicionado. Durante uma festa, Feña reencontra John (Cole Doman), seu ex-namorado antes de sua transição, ainda como mulher cis. John se afastou de Feña por conta da transição, mas ainda mantém sentimentos por ele. Os dois acabam ficando juntos. No dia seguinte, no entanto, John se sente culpado e vai embora. FeNà recebe a visita de sua irmã Zoe, de 14 anos, em seu trabalho, Feña nunca falou sobre a sua mudança para Zoe e fica tenso. Para piorar a situação, seu pai, Pablo, está vindo do Chile para visitá-lo, e eles também nunca falaram do assunto. A mãe de Feña não fala com ele desde a transição, pois não aguentou o fato de perder sua "filha". Um dia de cão na vida de feña, onde todos os seus fantasmas surgem em um únido dia. O filme é uma ótima metáfora sobre os dramas e conflitos pelos quais passam uma pessoa trans logo após a sua transição: a forma como as pessoas passam a vê-lo, o desconforto, o conflito consigo mesmo. O filme reneria uma excelente peça de teatro com 4 atores. Ótimos diálogos, uma narrativa totalmente conectada aos dias de hoje.

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

A noite do jogo

"Game night", de John Francis Daley e Jonathan Goldstein (2018) Com um roteiro divertido e super esperto de Mark Perez, "A noite do jogo" é uma das melhores comédias dos últimos anos, mesclando ação, policial e muita bizarrice em um filme onde tudo pode acontecer e o inesperado sempre surge. O elenco é o ponto alto do filme, além do roteiro. Todos estão brilhantes e com personalidade. A gente se apaixona por cada um dos personagens principais, que são muito divertidos. Max (Jason Bateman) conhece Annie (Rachel McAdams) em uma noite de jogo em um bar e desde então, os dois se apaixonam e vão morar juntos. Semanalmente, eles reúnem dois casais amigos para jogarem jogos cada vez mais loucos: Kevin e Michelly e Ryan e Sarah. O irmão de Max, Brooks (Kyle Chandler), chega decidido a organizar uma festa de assassinato e mistério, onde alguém na festa é sequestrado e os remanescentes recebem pistas para localizá-lo. O que ninguém contava, é que dois bandidos sequestram Max , e todos acreditam fazer parte do jogo. Do início ao fim, o filme é muito bom. Dinâmico, o ritmo nunca cai, e novamente, a química entre todos é muito boa. A direção, a edição, fotografia, tudo combina para o espectador acompanhar uma aventura surreal sem deixar cair a peteca. Lembra da loucura imprevisível de "After hours", de Scorsese? Vai pelo mesmo caminho.

Um senhor estagiário

"The intern", de Nancy Meyers (2015) Roteirista premiada e diretora dos sucessos "O amor não tira férias", 'Simplesmente complicado", "Alguém tem que ceder", "Do que as mulheres gostam", Nancy Meyers surge com uma divertida comédia dramática, protagonizada pelos astros Robert de Niro e Anne Hathaway. Ambientado na mesma Nova York de "O diabo veste Prada", dessa vez Anne Hathaway inverte os papéis: ao invés de ser a vítima de Meryl Streep em uma empresa de revista de moda, agora ela á dona de uma empresa de moda que submete sua equipe e estagiarios ao mais completo tratamento de freiiza possível. Ela é Jules: casada e com uma filha pequena e que, claro, coloca o trabalho em primeiro lugar na vida de workhaholick. Seu marido caba largando o emprego para cuidar da filha. Robert de Niro é Ben, um aposentado que não consegue viver uma vida de aposentado e que quer se sentir útil novamente. Ele se candidata a um posto de estagiário senior na empresa de Jules e claro que ele será o estagiário dela e irá transformar a vida dela. Essa fórmula, apesar de gasta, sempre funciona. A turrona cedendo aos encantos de alguém que sabe aproveitar a vida sempre seduz o espectador. Os atores estão ótimos e a química de de Niro e Hattaway é excelente. Um filme fofo, com lindas locações em NY e um desejo de ir lá passear.

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

The old oak

"The old oak", de Ken Loach (2023) Fechando a trilogia de Ken Loach ambientada no nordeste do Reino Unido, na cidade de Durham, uma região afetada pelo desmeprego e falta de oportunidade. Os 3 filmes são ambientados no ano de 2016, antes da decisão do Brexit. O Reino unido vive um caos social. Dessa vez, Loach aponta a sua câmera e roteiro para a chegada de um grupo de refugiados sírios, que são alojados nas casas abandonadas de um bairro de Durham. Logo, os moradores da cidade fazem discursos xenofóbicos e contra o governo, que dá moradia , alimentação e presentes para os sírios, enquanto eles alegam que passam fome e sem trabalho. Somente um morador, o dono do pub falido, The Old Oak, TJ Ballantyne (Dave Turner), oferece boas vindas aos refugiados. Ele logo fica amigo de uma jovem síria que fala inglês, Yara (Ebla Mari), que tem sua câmera quebrada pelos hostis ingleses. Outrora uma rica região que extraía carvão das minas, a cidade ficou decadente. Os antigos mineradores perderam seus empregos. O filme retrata de forma contundente a xenofobia, principalmente dos homens, que colocam a culpa de sua miséria nos refugiados. Loach quer provar que a desgraça do desmeprego já acontecia antes dos refugiados, que viraram bodes expiatórios. Autor de um cinema humanista, o cineasta Kean Loach, assim como os irmãos DArdenne e o inglês Mike Leigh, aponta sua câmera para a classe dos matginalizados e dos que estão sem qualquer tipo de esperança. Não é melancolico e arrebatador como "Eu, Daniel Blake". mas é um bom Kean Loach. O filme concorreu em Cannes 2023 e venceu Locarno no mesmo ano.

Megalomaniac

"Megalomaniac", de Karim Ouelhaj (2022) Livremente inspirado na história real do serial killer da Bélgica, "Butcher des Mons", que assssinou e mutilou 5 mulheres no período ao longo da década de 1990. Ele jamsis foi identificado. O filme, vencedor do Fantasia 2022 de melhor filme e atriz para Eline Schumacher, ficcionaliza o fato de que The butcher teve 2 filhos: Felix (Benjamin Ramon), que desde criança testemunhou seu pai matando mulheres, acabou seguindo seu legado. Martha (Schumacher), trabalha em uma fábrica e lá ela é sofre com machismo e é estuprada por um colega. FElix sequestra uma jovem, Julie, e faz com que ela seja um animal de estimação para Martha. Paralleo, uma assistente social, Ms Coccine, visita regularmente Martha em sua casa. Todos esses eventos irão se juntar em um desfecho brutal. Para fãs de terror, o filme pode agradar ou não. É violento, é gore, não economiza na chacina brutal. Mas ele é lento, arrastado, mais artístico do que puramente um entretenimento. Dependendo do que o espectador buscar, irá curtir ou não.

Vamos comer juntos, Aki e Haru

"Aki wa Haru to Gohan wo Tabetai", Kôji Kawano (2023) Fofíssimo drama romântico Lgbtqiap+ japonês, esse BL (Boy lovers) é adaptado do mangá "Aki wa Haru to Gohan wo Tabetai”, de Tajima Makoto. O filme acompanha uma amizade entre dois melhores amigos, Aki (Akazawa Ryotaro) e Haru (Takahashi Kensuke). Não sabemos se é paixão ou simplesmente uma "brotheragem", a verdade é que eles se adoram e não se separam. Ambos possuem personalidades bastante distintas: Aki é bagunceiro, Haru é todo metódico. Eles dividem o mesmo apartamqneoto e estudam em uma universidade. Haru quer ser fotógrafo. A única coisa em comum, é a paixão pela comida. Aki decide a partir de agora, fazer comidas variadas para Haru, que ficou na função de limpar tudo depois. O filme possui deliciosas cenas com a preparação de comida. A rede social é infestada de canais com pessoas comuns preparando comida. O filme certamente vai nessa onda, e traz uma linguagem dinâmica e etsilizada dessa preparação. Um filme para se assistir com amigos e se divertir e comer bastante. Fofura mega blaster.

O cordão da vida

"Qu dai", de Qiao Sixue (2022) Vencedor de mais de 5 prêmios internacionais, "O cordão da vida" é um emocionante drama musical sobre reencontros e sobre saber viver da melhor forma possível. Essa produção da Mongólia, filmada nos lindos pampas do país, é uma produção chinesa com atores da Mongólia. Um jovem músico, Alus (Yidur), trabalha em Pequim se apresentando com pequenos concertos onde ele faz uso de sons experimentais para entreter o público. Uma noite, seu celular toca: é sua mãe (Badma), uma mulher com Alzheimer que mora com um irmão mais velho de Alus. Alus decide ir visitá-la e fica chocado com a forma violenta e bruta com que seu irmão lida com o Alzheimer da mãe. Alus decide levar sua mãe até a casa onde ele smoraram na inf6ancia, na area rural da Mongólia, para ver se ela recupera parte da memória. No passado, a mãe de ALus foi uma grande instrumentista. Durante o trajeto, ela inspira o filho a usar sons da natureza. Para evitar que a mãe fuja, Alus amarra uma corda na cintura de ambos, uma metáfora de uma mãe que agora inverte o papel com o seu filho. Impossível não se emocionar com essa cativante história entre mãe e filho. A gente sabe como a história irá terminar, mas até lá, a reconexão entre ambos, esse retorno do filho que abandonou a paz e a calmaria do interior pela barulhenta e dinâmica capital da China fará com que ele repense muito de sua história e sua tragetória. Lindo trabalho dos dois atores principais. A trilha sonora é um primor, e as locações e fotografia, puro encantamento.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Como pai e filho

"Bo lang gu dong dong xiang", de Bai Zhiqiang (2019) Incialmente concebido para ser um documentário sobre crianças abandonadas em suas vilas pelos pais migrantes, o cineasta e documentarista Bai Ziqiang decidiu realizar uma ficção. O filme conta com 2 performances emocionantes de Ba Zeze, como o pequeno MaDou, e Hui Wangjun, como Gou Ren. Anunciado como uma comédia, o filme na verdade é um drama bastante triste, que fala sobre duas pessoas à margem da sociedade, sem futuro, afundados em suas tragédias pessoais. Me lembrou "Um longo caminho", de Zhang Yimou, sobre um homem que procura se reconectar com a sua vida através de uma criança. No interior da China, na pobre região noroeste, o vendedor ambulante Gou Ren dirige seu caminhão abarrotado de todo tipo de mercadoria, além de tirar e imprimir fotos para a população que mora em regiões inóspitas. Um dia, ele percebe que seu caminhão está pegando fogo e descobre que um menino, Madou, se escondeu lá dentro. A vó do menino morreu recentemente e o menino quer buscar seu pai que foi trabalhar na cidade grande e não voltou mais. irritado com o prejuízo, Gou Ren leva o menino, querendo cobrar do pai o prejuízo. O menino é levado, mas faz Gou Ren se lembrar de seu filho falecido. Um drama com tintas muito leves d ehumor, por conta das traquinagens do pequeno Madou, que mesmo com sua peraltice, o que ele quer no fundo é agradar Gou Ren. O encontro dessas duas almas perdidas e solitárias oferece momentos de encantamento e de beleza, mas com muita melancolia ao fundo. O desfecho é inesperado, e certamente muita gente vai sair irritado. É um filme realista, sem concessões.

A barbárie

"La barbarie", de Andrew Sala (2023) Premiado em Festivais da América Latina, "A barbárie" é um drama argentino co-produzido pela França, escrito e dirigido pelo americano Andrew Sala. O filme trata d etemas como conflito de classes e definição de masculinidade tóxica e misoginia dentro da área rural no interior da Argentina. Nacho (Ignacio Quesada), 18 anos, chega à fazenda de seu pai Marcos (Marcelo Subiotto), após brigas violentas com sua mãe na capital. O pai o recebe e pede que Nacho o ajude a descobrir porquê vacas estão aparecendo mortas no pasto, à medida que o leilão de vacas se aproxima. Os trabalhadores da fazenda não recebem Nacho bem, principalmente o filho do capataz, Luis (Lautaro Souto ). Quando Nacho reencontra Rocio, irmã de Luis, com quem costumava se divertir quando crianças, a relação entre Nacho e Luis torna-se ainda mais violenta. PEnsei que o filme fosse bem violento, muito por causa do título, quanto pela aparenta similaridade com filmes de Michael Haneke ou Michel Franco, quando tudo acaba em sangue. Fiquei frustrado, mas o filme ainda assim traz uma boa narrativa e boas performances de um elenco profissional mesclado a atores amadores.

Quartos vermelhos

"Les chambres rouges", de Pascal Plante (2023) Vencedor de 4 prêmios no Festival Fantasia: filme, atriz, roteiro e roteiro, além de concorrer em Sitges, "Quartos vermelhos" é dirigido e escrito pelo canadense Pascal Plante e certamente faria Michael Hanekee aplaudir em pé. Um films tortuoso, angustiante, sádico, que fala sobre pessoal que cultuam o Mal. O filme traz uma performance espetacular da atriz Juliette Gariepy como Kelly Anne, uma modelo e jogadora de poker online, com habilidades de hacker e usuária da dark web. Todo dia, Kelly Anne acorda cedo para frequentar o disputado julgamento público de Ludovic Chevalier, um homem de 40 anos acusado de ser o 'Demônio de Rosemont": 3 meninas de 13 anos foram brutalmente assassinadas, mutiladas e desmembradas. Pior: tudo transmitido online em um "red room" da Dark web, onde usuários ricos pagam uma fortuna para assistir os "Snuff movies" online, pessoas sendo mortas de verdade. Kelly Anne conhece Clementine (Laurie Babin), uma groupie apaixonada por Ludovic, que acredita em sua inocência. Um filme atordoante e chocante, "Quartos vermelhos" é muito bem dirigido e traz uma narrtiva que vai se tornando cada vez mais tensa. Quem é Kelly Anne? Quais os interesses dela com o caso? Porquê sua casa é toda equipada com elementos de hacker? O momento mais tenso é quando o espectador escuta os assassinatos. Habilmente, o cineasta não mostra as cenas, mas pelo áudio de serra e faca sendo amolada, associado aos gritos das meninas, o espectador consegur criar a imagem. É apavorante, e a cena final com a personagem Kelly Anne, banhada em vermelho, é brilhante. Um show de atuação.