sábado, 25 de novembro de 2023

Aqueles que fazem a revolução pela metade apenas cavam suas próprias sepulturas

"Ceux qui font les révolutions à moitié n'ont fait que se creuser un tombeau", de Mathieu Denis e Simon Lavoie (2016) Concorrendo nos Festivais de Berlim e de Toronto, "Aqueles que fazem a revolução pela metade apenas cavam suas próprias sepulturas" é um ambicioso drama lgbtqiap+ que procura retratar a juventude polítizada inconformada dos anos 2000. Os cineastas e roteiristas Mathieu Denis e Simon Lavoie mesclaram ficção e material de arquivo das manifestações ocorridas em Quebec no ano de 2012, a chamada Maple Uprising de 2012 - onde estudantes em Quebec saíram às ruas para protestar contra o aumento das mensalidades. Os cineastas entrevistaram diversos estudantes e daí resultou esse filme com mais de 3 horas de duração. repleto de cenas de sexo, nudez total, mostrando que a revolução é tanto política, social quanto também do corpo ( uma das personagens é mulher trans), o filme me lembrou de 3 filmes seminais sobre juventude X revolução: 'A chinesa", de Godard, "Raspberry reich", de Rosa Von Praunheim e o alemão "The edukators". O filme começa com 4 minutos de tela preta. Logo depois, somos apresentados a um grupo de 4 amigos, interpretados pelos atores Charlotte Aubin , Laurent Bélanger, Emmanuelle Lussier-Martinez e Gabrielle Tremblay. Veteranos dos protestos estudantis de Quebec em 2012, um movimento que resultou em fracasso. Desiludidos com a falta de empenho dos jovens, os 4 amigos decidem se rebelar contra seus pais, a quem consideram burgueses e alienados e vão morar sozinhos. Para se suetntar, eles contam com o dinheiro ganho por Klas, a jovem trans, que se prostitui para bancar a permanência do grupo. O filme vai apresentando cada um deles e sua história de revolta contra o sistema, seja ele governamental ou familiar. Repleto de imagens de arquivo de manifestações, o filme mostra o grupo idealista mais como personagens sociopatas e melancólicos, revoltados contra si mesmos do que como força revolucionária. Existe até um sacrifício em imolação de um deles no final, em frente à mãe. Não sei se essa representação de jovens idealistas e revolucionários, que se sacrificam pela causa é a melhor forma de apresentar ao público e buscar uma empatia. Até porque uma das personagens é tão radical que impõe ao grupo que se auto flagelem e mutilem.

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