quarta-feira, 30 de maio de 2018

Nápoles velada

"Napoli velata ", de Ferzan Ozpetek (2017) Com a comédia "O primeiro que disse", o cineasta turco e residente na Itália Ferzan Ozpetek fez um grande sucesso comercial e de crítica. Agora, com "Nápoles velada", Ferzan Ozpetek muda de tom e investe em um trhiller erótico, com tintas de Hitchcock e de Brian de Palma, e o eterno tema do duplo, já visto em "Um corpo que cai" e "Irmãs gêmeas". A diva italiana Giovanna Mezzogiorno interpreta Adriana, uma médica legista residente em Nápoles. Durante um evento de Arte pronivido por um grupo de mulheres, Adriana conhece o jovem Andrea ( Alessandro Borghi, da série "Suburra"). Os dois passam uma tórrida noite juntos. No dia seguinte, Andrea marca um encontro com Adriana em um Museu, mas na hora marcada, ele não aparece. Adriana fica frustrada. No trabalho, ao faezr a autópsia de um corpo, ela percebe que é de Andrea. Brutalmente assassinado, ela procura entender o que aconteceu com ele. Lindamente fotografado e com locações estonteantes em Nápoles, o filme tem uma interessante narrativa de suspense, que chega em um desfecho confuso, aberto à interpretações. No entanto, vale assistir ao filme por conta das cenas de sexo, bem filmadas e bem sexies, com direito a muitas cenas de nudez frontal de Alessandro Borghi. Cine prive da Band agradece.

Insana

"Unsane", de Steven Soderbergh (2018) Inteiramente rodado com um Iphone 7, "Insana"foi sensação no Festival de Berlin 2018. Soderbergh investiu em uma trana de terror psicológico, que homenageia clássicos Filmes B dos anos 70, principalmente os filmes de David Cronemberg, Brian de Palma e John Carpenter. Com uma fotografia granulada, uso de lentes grandes angulares, que intensificam a sensação de loucura e claustrofobia, "Insana" conta a história de Sawyer Valentini ( a inglesa Claire Fox, protagonista do seriado "The crow"), que vai procurar uma ajuda psiquiátrica em uma clínica e acaba sendo forçada a se internar, contra a sua vontade. Lá, ela descobre que David, um stalker de quem ela anda fugindo há tempos, se disfarçou d enfermeiro justamente para continuar a assediá-la. A trilha sonora remete ao tema de "Haloween", e intensifica a loucura de Sawyer. Até determinando momento, o espectador fica na dúvida se ela está sofrendo de paranóias ou se é tudo real. Impossível não se lembrar de "Um estranho no ninho" e "O desespero de Veronika Voss", prováveis influencias para o filme. Claire está ótima no papel, evitando fazer o papel da maluca de forma óbvia. Joshua Leonard, que lembra um jovem John Goodman, assusta no seu psicopata. "Insana" parece até continuação de "Efeito colateral", filme onde Soderbergh critica a indústria farmacêutica. Aqui, a detonação va contra a máfia das empresas de seguro saúde. Matt Damon faz uma ponta não creditada como um advogado de Sawyer, e Amy Irving aparece como a mãe dela.

Noite silenciosa

"Cicha noc", de Piotr Domalewski (2017) Co-escrito e dirigido por Piotr Domalewski, "Noite silenciosa" é um drama que venceu quase todos os Prêmios no Festival Polones de 2018. O filme lembra em conteúdo, o clássico de Thomas Vintenberg, "Festa em família". Um jovem, Adam ( Dawid Ogrodnik, de "Ida"), retorna para a casa da família na Noite de Natal. ele vem da Holanda, País onde ele se manteve por anos trabalhando e mandando dinheiro para casa. Ao chegar lá, ele reecontra seu pai, que está desempregado e bêbado, além de todos os familiares, de certa forma, angustiados ou frustrados pela vida que não lhes proporcionou nada de bom. O filme traça, por quase 2 horas, um bom punhado de lavação de roupa suja. Achei o filme bem entediante, por ser longo, e porque é uma eternidade de discussão sem fim. O filme parece que não acaba nunca. Afora as performances, de uma forma geral satisfatórias, não consegui me simpatizar por nenhum personagem aqui. Somente a cena inicial, dentro do ônibus, com um passageiro confrontando o outro, achei interessante.

terça-feira, 29 de maio de 2018

A natureza do tempo

“En attendant les hirondelles”, de Karim Moussaoui (2017) Me impressionou que esse seja o filme de estreia do argelino Karim Moussaoui, que também co- escreveu o roteiro. O filme concorreu em Cannes 2017 na Mostra Um certo Olhar, e ganhou vários prêmios internacionais. A segurança e estilo com que Moussaoui conduz seu filme é primoroso, trabalhando com os gêneros drama, suspense e até musical! Em determinado momento, o filme vira quase um Número de Bollywood! E a tensão vai até o desfecho, o espectador fica sempre achando que vai terminar em tragédia. O filme acompanha 3 histórias distintas, intercalaras pelas coincidências da vida, mas que não interferem na vida do outro. Um homem testemunha um crime mas não ajuda a vítima. Um motorista conduz a ex namorada para o casamento dela com o futuro marido. Um médico é acusado de ter participado de um estupro coletivo promovido por terroristas. São histórias tensas, tristes, que mostra a passividade dos personagens diante da vida cinza na Argélia, destruída por décadas de ocupação estrangeira. Um filme formidável, com ótimos atores e lindas cenas. A dança do casal na pista de dança é bela e poética.

Anon

"Anon", de Andrew Niccol (2018) O Cineasta e roteirista neo-zelandes Andrew Niccol é responsável por 2 grandes clássicos cults dos anos 90: Ele dirigiu "Gattaca", uma ficção cientifica noir que lançou Jude Law para o mundo, e escreveu a obra=prima "o Show de Truman", com Jim Carrey reinventando sua carreira. Depois de alguns filmes mal sucedidos, como "A hospedeira", Niccol volta ao que mais gosta; O noir no gênero ficção cientifica. Para isso, ele se apropria de um mote que infelizmente, já foi realizado pelo seriado "Black mirror" com melhor resultado. A idéia de que, numa sociedade futura, todo mundo tem acesso à memória dos outros através de arquivos, já está batida. Mas esse é o tema de "Anon": todos tem acesso à memória dos outros, principalmente a polícia, que com isso, zerou a taxa de criminalidade. Mas um hacker anónimo conseguiu invadir a mente das pessoas e apagar as memórias, o que desafia o detetive Sal (Clive Owen, naquele seu estilo cool de sempre) tenta resolver os assassinatos que tem ocorrido na cidade, e seu caminho cruza com o de Amanda Seyfried, que interpreta uma personagem sem nome. O filme tem bons efeitos, mas o elenco de apoio, principalmente os assassinados, são maus atores, não sei o porque. Isso prejudica bastante o rendimento do filme, que também tem um ritmo bem lento, e um desfecho meia boca. Vale como curiosidade para fãs de "Black mirror". Se o filme tivesse a duração de um episódio da série, seria bem melhor.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Requiem para a Sra J

"Rekvijem za gospodju J", de Bojan Vuletic (2015) Premiado filme Sérvio, indicado pelo País a uma vaga para o Oscar de filme estrangeiro. O drama tem um trabalho estupendo de 3 atrizes de gerações diferentes: uma mulher na faixa dos 50, uma adolescente na faixa dos 20 e uma menina por volta de 10 anos. Performances comoventes. O tema do filme lembra "30 anos essa noite", obra-prima de Louis Malle. A Sra J. perdeu seu marido há quase um anos; perdeu o emprego; suas filhas e sua mãe que moram com ela, não tem qualquer tipo de comunicação. J. resolve se matar daqui há 4 dias, na comemoração de 1 ano da morte do marido. A Direção de Bojan Vuletic é bem rigorosa na forma: planos fixos, longos, com atores be marcados em cena. O mais incrível é quem mesmo com um tema tão pesado, e momentos de verdadeira tensão e agonia, o filme se permite acrescentar doses de humor. Um feito incrível, que me faz lembrar a frase de Chico Anysio: A comédia advém da tragédia humana. E que tragédias! A protagonista tenta se matar, mas a burocracia do Estado a impede toda vez que ela tenta dar um passo. O personagem do homem que esculpe inscrição na lápide é impagável. Filme memorável.

O Rio nos pertence

"O Rio nos pertence", de Ricardo Pretti (2013) Escrito e dirigido por Ricardo Pretti, "O Rio nos pertence" é o 2o projeto oriundo da "Operação Sonia SIlk", uma cooperativa formada por Leandra Leal, Mariana Ximenes e Técnicos de cinema engajados na realização de filmes autorais de baixíssimo orçamento, inspirado na Produtora Belair de Julio Bressane. O filme é uma experimentação que une drama e suspense psicológico, provavelmente inspirado no clássico "Repulsa ao sexo", de Polanski. Marina (Leandra Leal) mora nos Estados Unidos com um namorado americano. Ela está em um momento feliz de sua vida. No entanto, ao receber um misterioso postal onde está escrito O Rio nos pertence, ela surta e decide largar tudo e voltar para o Rio de Janeiro. Ao chegar no apartamento aonde morou com a sua irmã ( vivida por Mariana Ximenes), Marina revive fantasmas do passado, e precisa exorcizar, caso contrário, passará a vivenciar sintomas psicológicos que a atormentarão. O que seria do Cinema sem as protagonistas bipolares e psicóticas, repletas de traumas? Aqui, o filme procura trabalhar a sua estilização através da edição de som, da fotografia e da atmosfera onírica. Leandra Leal remete bastante ao seu personagem claustrofóbico de "Nome próprio", de Murilo Salles. No entanto, a narrativa não me pegou. Muitas pontas soltas, um filme extremamente pessoal, provavelmente um filme feito para ser sentido, mais do que entendido.

domingo, 27 de maio de 2018

Os estranhos- Caçada noturna

"The strangers- Prey at night", de Johannes Roberts (2018) O cineasta ingles Johannes Roberts é especialista em filmes de terror e suspense. Nos estados Unidos, ele realizou alguns filmes, sendo o mais memorável; "Medo profundo", sobre 2 irmãs que precisam enfrentar um tubarão gigante. O seu melhor filme, para mim, é o inglês 'Adolescentes em fúria", sobre professores que precisam se proteger de estudantes vingativos. Com "Os estranhos- caçada noturna", retomamos 10 anos depois, os assassinos de "Os estranhos", cult de terror de 2008 com Liv Tyler. O letreiro diz que o filme é baseado em fatos reais. Uma família ( pais e casal de adolescentes) leva o filho até a faculdade. No caminho, resolvem parar em um acampamento para trailers, gerenciado pelos tios da esposa, Cindy ( Christina Hendricks). Logo, a família descobre que os tios foram mortos pelo trio de assassinos: Pin up girl, Dollface e Man with the mask. Homenageando os slashers dos anos 70 e 80 ( inclusive usando clássicos pop dos anos 80 na trilha), o filme tem bons atores, mas o roteiro, é daqueles que você se irrita logo de cara. Personagens idiotas, tomando decisões burras. Por ex: o casal de adolescentes acaba de testemunhar o casal de tios assassinados. Eles correm para avisar aos pais o que viram. Voce acha que os pais: 1) enfiam todos no carro e vão embora correndo OU 2) As mulheres se escondem na casa, e os homens seguem até a casa onde viram os tios mortos, somente pro pai acreditar no que o filho falou. Todo mundo sabe qual será a opção certa. Pois então, o filme é assim, só irritação o tempo todo, você fica até torcendo pelos assassinos. Pelo menos, uma cena antológica, que vale o filme: um crime que acontece na piscina, ao som de "Total eclipse of the heart". Uma cena que merece um prêmio de direção. Por ela, vale assistir ao filme e se torturar com a história. Ah, esqueci: o final também é podre de ruim!

Os fuzis

"Os fuzis", de Ruy Guerra (1964) Após o grande sucesso de crítica e público de "Os cafajestes", de 1962, Ruy Guerra viria a lançar em 1964 um filme radicalmente diferente. Inspirado em uma história fabulesca que Ruy queria filmar na Grécia, ele acabou adaptando para o Nordeste da miséria brasileira, da opressão das armas e da religião que anestesia a população carente. Ambientado em Milagres, Bahia, região seca e paupérrima, onde a seca devastou qualquer possibilidade de alimento, um grupamento de soldados é enviado para proteger o depósito de alimentos da cidade, cujo dono é um poderoso local. Gaúcho, ex-soldado e agora motorista do caminhão, se revolta contra a violência de seus amigos soldados, e para piorar, contesta um pai que aceita a morta de sua filha de fome e nada faz para lutar. Gaúcho resolve pegar nas armas e lutar a favor dos pobres. Como quase todo filme do Cinema Novo, o filme une Religião/Ditadura e misticismo para falar, metaforicamente, da situação socio-economica do Brasil vigente, do milagre económico que nunca existiu. Com uma fotografia e câmera na mão extraordinária de Ricardo Aronovich, repleto de planos-sequencias de cair o queixo, "Os fuzis" é um filme para ser visto e debatido. Incrível que, quase 60 anos depois, tudo continua completamente igual. Elenco primoroso, capitaneado por Paulo Cesar Pereio, Maria Gladys Mello, Hugo Carvana, Atila Iorio, Nelson XAvier, Ivan Candido, Joel Barcellos e um elenco de atores locais absolutamente imagéticos, na linguagem documental muito bem registrada pelas lentes de Aronovich.

Tully

“Tully”, de Jason Reitman (2018) Repetindo a parceria com Charlize Theron depois de “Jovens adultos”, aqui em “Tully” eles praticamente repetem o mesmo tema. Charlize interpreta Marlo, uma mulher de quase 40 anos, mãe de dois filhos e grávida de um terceiro. Insegura e se sentindo num buraco negro, Marlo aceita a ajuda de seu irmão rico que contrata uma babá noturna para Marlo. Tully (Mackenzie Davis, ótima), irá aos poucos mudar a vida de Marlo. Com uma performance comovente de Charlize Theron, que engordou 20 kilos para o papel, “Tully” lida com elementos mágicos para falar de uma mulher que precisa se desdobrar em varias. O filme está sendo vendido como comédia, mas na verdade é um drama que fala sobre fobias, medo, frustração, falhas. Marlo é uma mãe que protege sua cria, e tem medo de errar na educação delas. Mas como cuidar dos filhos, se ela não consegue cuidar dela mesma? O roteiro de Diablo Cody, vencedora do Oscar por “Juno”, surpreende o espectador com algumas reviravoltas na trama. Jason Reitman filma tudo com muita elegância e sutileza. A fotografia que achei bastante escura. Amei o clip com varias musicas de Cindy Lauper.

Esperando la carroza

"Esperando la carroza", de Alejandro Doria (1985) No ano de 1985, a Argentina realizou duas grandes obras-primas do cinema de seu País: o drama vencedor do Oscar "A história oficial", e a comédia de Alejandro Doria, "Esperando la carroza", uma das mais devastadoras sátiras à família já realizadas. Com grande influencia do Cinema italiano dos anos 70, de Ettore Scola, Dino Risi e Mario Moniccelli, "Esperando la carroza" é uma adaptação da peça teatral escrito pelo uruguaio Jacobo Langsner, e refilmada no Brasil por Jorge Fernando com o título "A guerra dos Rocha". Na periferia de Buenos Aires, vive Mama Cora ( interpretada pelo ator Antonio Gasalla), uma idosa de 80 anos. Ela tem 4 filhos: 3 homens e uma mulher, mas vive com Jorge, o filho mais pobre, e sua nora, Susana. Susana não suporta mais a presença de Mama Cora em sua casa, e se junta aos cunhados para implorar que um deles hospede a velha. Diante da recusa de todos, Susana entra em grande crise. Paralelo, Mama Cora sai de casa, e o corpo de uma idosa é encontrado na estação de trem, atropelado. Os filhos acreditam que é Mama Cora, e se desesperam. Engraçado do início ao fim, é o tipo da comédia que os críticos aqui no Brasil costumam falar mal: todo gritado, repleto de gags, completamente chanchadesca e recheado de palavrões e duplos sentidos. Mas por ser um filme argentino, todo mundo tira o chapéu e alça o filme à condição de obra-prima do humor, o que é verdade. Todo o elenco, sem exceção, está excepcional, completamente à vontade na comédia. China Zorilla, como a cunhada Elvira, e Mónica Villa, como Susana, estão impagáveis. Uma pena que o filme não tenha recebido prêmios. Li numa matéria que a casa onde foi filmado o lar da família, hoje em dia é lugar de culto de fãs do filme, que a visita anualmente. O filme teve uma continuação em 2009, essa sim, totalmente destruída pela crítica.

sábado, 26 de maio de 2018

Strike a pose

"Strike a pose", de Ester Gould e Reijer Zwaan (2016) Documentário que apresenta os bailarinos do icônico Tour "Blond Ambition", da Madonna, que rodou o mundo em 1990, e que no ano seguinte, rendeu o documentário "Na cama com Madona". 25 anos depois , os Documentaristas foram atrás dos 7 bailarinos ( 1 deles faleceu de Aids em 1994, e a mãe dele quem dá entrevista). O filme me remeteu ao documentário do Cavi Borges, "Cidade de Deus, 10 anos depois". No caso do filme brasileiro, os atores. Aqui, são os bailarinos. Como lidar com o estrelato e a consequente realidade quando o artista não está mais no pódio? Viagens, imprensa, fãs, champagne, festas, motoristas particulares, hotéis de luxo. O despreparo dessas pessoas, muitas das vezes retiradas do mais baixo nível social, e que se deslumbraram com um universo de luxo e glamour, foi mortal. Drogas, decadência, doenças, tentativas de suicídio. Confesso que fiquei triste no final do filme, quando os 6 bailarinos, ao se reencontrarem, já maduros fazem um retrospecto de suas vidas e das possibilidades que poderiam ter acontecido. 3 dos bailarinos processaram Madonna, e agora, alguns confessam que se arrependeram do ato. O filme é um excelente veículo para fãs de Madonna: os antigos, para relembrarem de uma época onde o Show fazia escândalos aonde passava, por conta das ousadias de Madonna em contrariar a Igreja e a sexualidade; para os fãs mais jovens, entender a importância cultural desse "Blond ambition tour", divisor de águas no Show Business. E para as pessoas em geral, entender que a vida é curta, e quanto mais inteligente, consciente e humilde a pessoa for, melhor para ela.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Na escuridão

"In darkness", de Anthony Byrne (2018) Co-escrito e protagonizado por Natalie Dormer, a Margaery Tyrell de "Game of thrones", "Na escuridão" é um suspense repleto de reviravoltas que diverte, apesar da trama um pouco confusa. Natalie interpreta Sofia, uma musicista cega que mora em Londres . Órfã, ela mora sozinha em um apartamento, e tem como vizinha do andar de cima Veronique, uma bela jovem que acaba caindo da janela e morre. A polícia acha que foi suicídio e interroga Sofia, querendo saber se ela escutou algo. Sofia nega, mas aos poucos vamos descobrindo mais sobre a real identidade de Sofia, em uma trama repleta de crimes e ação. Natalie está ótima no filme e segura bem o protagonismo. As reviravoltas da trama, que nem posso mencionar pois acabaria com o segredo do filme, me pareceram bem forçadas, mas como a história é bem mirabolante, eu abstraí. Vale muito como passatempo, e para quem curtiu filmes como "Atomica" ou "Operação Red Saparrow", vai gostar bastante dessa heroína.

Toda donzela tem um pai que é uma fera

"Toda donzela tem um pai que é uma fera", de Roberto Farias (1966) Lançado em 1966, "Toda donzela tem um pai que é uma fera" foi adaptado pelo próprio Roberto Farias de uma peça teatral de Glaucio Gil. Há 4 anos atrás, em 62, ele havia lançado aquela que é considerada sua obra-prima, o filme de ação "Assalto ao trem pagador". Com "Toda donzela..", Roberto lançou o filme que seria considerado o precursor das pornochanchadas no Brasil, unindo a comédia de costumes, a picardia e malícia das relações entre homens e mulheres, através das infidelidades e traições amorosas, O filme foi fotografado pelo Mestre Ricardo Aranovich, que veio a trabalhar com Ettore Scola na obra-prima "O Baile". Ambientado no Rio de Janeiro da Zona Sul carioca, com as belas praias de Copacabana e Ipanema como pano de fundo e apartamentos da classe média alta, o filme acompanha as aventuras de Joãozinho ( Reginaldo Farias), um jovem paquerador, que está namorando Dayse, filha de um militar. Sabendo que o pai dela (Walter Forster) está para vir visitá-la, Joãozinho, temendo represálias do Militar, pede para que seu amigo Porfírio (John Herbert) esconda a jovem em seu apartamento. Mas tudo dá errado: O militar acha que Dayse e Porfirio estão namorando, e o obriga a se casar com ela. Divertido pela sua ingenuidade, o filme arranca boas risadas por situações criativas que Farias utilizou para dar mais ênfase à comédia: ele se utiliza da paródia, sacaneando filmes de espionagem (James Bond) , de detetives e até mesmo da linguagem da Nouvelle Vague, com cenas congeladas em narração em off. Por trás de toda essa fachada de comédia popular, o filme , espertamente, trabalha com a metáfora do Poder, através do personagem do Militar que obriga o rapaz a se casar com a jovem, contra a sua vontade, se fazendo valer até mesmo do uso de tanques e de soldados. Uma forma de Roberto Farias dar a sua opinião sobre a ditadura militar que havia se instalado no Governo da época, e que Farias representaria com mais dramaticidade no clássico "Pra frente, Brasil", de 1982. Obs: Amo esse cartaz elaborado pelo Ziraldo!

Queens of Disco

"Queens of Disco", de Jeff Simpson (2007) Delicioso documentário produzido pela Bbc sobre a Disco Music, gênero musical que explodiu nos anos 70 e 80 mundo afora, unindo dance, soul, pop de uma forma festiva e hedonista. Através da biografia de 6 cantoras, o filme faz um traçado da Discoteca e sua influencia na sociedade e no modo de viver das pessoas. Gloria Gaynor, Donna Summer, Grace Jones, Chaka Khan, Sylvester ( que era gay) e Madonna, incluída aqui no documentário por ser considerada a cantora que reintroduziu a Disco music logo depois de sua decadência. O filme fala dos grandes hits de cada uma das cantoras, a infância, como elas surgiram no cenário musical. Entrevistando produtores musicais, biógrafos, amigos e outros cantores, o espectador fica tomando conhecimento de muitas curiosidades acerca de seus ídolos. Não é um documentário perfeito, afinal, muitas outras Divas Disco nem foram citadas ( o filme apresenta hits de outros grupos da época), e o tempo reservado para cada cantora é pequeno, por volta de 10 minutos. Mas para fãs da Disco music, assistir ao filme e escutar as músicas chave do gênero musical, são um verdadeiro presente. Um passatempo maravilhoso.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

1945

"1945", de Ferenc Török (2017) Premiado drama húngaro que traz um tema bastante contundente: seriam os nazistas os únicos anti-semitas durante a 2a guerra mundial? "1945" se passa exatamente no desfecho da 2a guerra mundial. Em um vilarejo húngaro, agora sob a ocupação russa, os populares vivem seu cotidiano como se nada tivesse acontecido. O tabelião da cidade, homem poderoso, prepara as festividades do casamento de seu filho. No entanto, 2 judeus, um idoso e um jovem, chegam de trem na cidade e caminham até o vilarejo. A presença dos judeus atiça na população a seguinte questão: o que os judeus querem ali? Retomar as suas propriedades, agora nas mãos dos populares, que insistem em dizer que são os verdadeiros donos, uma vez que acreditavam que os judeus foram mortos? Filmado em belo preto e branco, o filme às vezes evoca o cinema de Bela Taar, o Cineasta mais consagrado do País no mundo. Planos longos, filme intimista. O filme tem uma bela direção, com o uso de uma trilha sonora estranha, que traduz a inquietação de todos. É um filme que discute a moral e a corrupção por parte de cidadãos comuns, que nada tinham a ver com as atrocidades comandadas pelos nazistas. Vale assistir e debater depois.

Han Solo- Uma história Star Wars

“Han Solo- A Star Wars Story”, de Ron Howard (2018) A pergunta que fiz quando o filme acabou foi: será que o filme que Phil Lord e Christopher Miller estavam fazendo não era melhor do que esse? Todo mundo já sabe que os dois diretores foram demitidos da função pela toda poderosa produtora Kathleen Kennedy, por desavenças criativas com o roteiro e o tom da narrativa. Já tinham filmado mais de 70 por cento quando Ron Howard assumiu o posto. Ele refilmou tudo, e talvez esse stress e cansaço tenha repercutido no elenco. O filme infelizmente não ficou bom. Alden Ehreinreich é bom ator e já provou em filmes como “Ave César”, dos irmãos Coen. Mas aqui, seu Han Solo está totalmente sem carisma, apagado e pior, tem o brilho roubado por Woody Harrelson toda vez que aparece em cena. Emília Clarke e Donald Glove estão burocráticos. O roteiro é mais do mesmo, e pior: quando Chewbacca e A nave Millenium Falcon são apresentados, Meu Deus, não houve a mínima surpresa! Me lembro quando a nave Enterprise foi apresentada em um dos novos filmes do “StarTrek” e houve uma comoção! Mas aqui, vixe! O filme como um todo ficou flat! Ação tem o tempo todo, nem é culpa da edição, mas faltou punch! Um ou outro momento bacana, em um filme longo demais, quase 2:30 horas e eu rezando pro filme acabar logo. E de novo: pobre Alden, bom ator, mas na mais que difícil missão de substituir um ícone como Harrison Ford no papel. Penso que esse filme nem deveria ter existido. Ou que tivessem Diminuído bastante a idade do personagem para ficar bem distante do jovem Harrison Ford do “Star Wars” original de 1977.

Game night

"Game night", de John Francis Daley e Jonathan Goldstein (2018) Partindo de um roteiro onde a premissa é "Nada é o que parece ser", essa comédia de humor negro e ação tem no elenco a sua maior qualidade. Jason Bateman e Rachel McAdams comandam um time excelente de atores de apoio, dando graça e diversão. Os personagens estão na faixa dos 35 a 40 anos, e são todos nerds, daqueles que sabem de cor qual o nome do Teletubbie roxo. Todas as semanas, Max (Bateman) e Annie ( McAdams) juntam 2 casais de amigos em casa para juntos, participarem de jogos de adivinhação. Um dia, o irmão mais velho de Max, Brooks ( Kyle Chandler) retorna de uma viagem e se junta ao grupo, propondo um game diferente: ele contratou uma agencia de atores que simulam sequestro para que todos sejam peças do jogo. Mas o que ninguém esperavam é que sequestradores reais fossem aparecer. O filme tem momentos bem divertidos, e outros onde o humor não funciona. Talvez seja algo cultural. Mas só o fato de existir um filme onde os personagens nerds cospem o tempo todo referencias de cultura pop, já vale a pena assistir. O filme vai se desenrolando como uma verdadeira comédia maluca e nonsense, tipo "Depois de horas", de Scorsese. E é muito bom ver Rachel voltando a fazer comédias, ela é ótima.

Maria e a Flor da Bruxa

"Meari to majo no hana", de Hiromasa Yonebayashi (2017) O animador Hiromasa Yonebayashi foi um dos principais artistas do Studio Ghibli. Ele decidiu abrir a sua própria produtora, os Studios Ponoc, e "Maria e a Flor da Bruxa" é o primeiro filme realizado por eles em sua nova casa. Adaptado do clássico da literatura juvenil, "A pequena vassoura", de inglesa Mary Stewart, o filme é uma mistura pouco provável de "Harry Potter"com "A viagem de Chihiro". Maria acaba de se mudar para a casa de sua avó, nos campos. Entediada, ela resolve passear na floresta, até que encontra uma vassoura e também uma flores azuis. Logo ela descobre que a flor é mágica e lhe confere poderes de bruxa. A vassoura a leva até uma terra distante, onde existe uma escola de bruxos, comandado pelo casal Madame e Dr. Eles descobrem que Maria sabe do paradeiro da flor azul e querem que ela traga para eles, caso contrário, farão mal a Peter, amigo de Maria. Com uma animação que remete o tempo todo aos clássicos da Ghibli, o filme encanta e tem uma trilha sonora impecável. Mas infelizmente, fica aquela sensação de deja vu, o que prejudica o filme, que em momento algum empolga. Vale assistir, até porque a história é repleta de elementos de fantasia que a garotada vai se animar, mas que 20 minutos fariam um bem danado pro filme, ah isso faria.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Diferente de quem?

"Diverso da qui?", de Umberto Carteni (2009) Comédia romântica italiana, centrada no imbroglio entre um casal gay e uma mulher que se apaixona por um dos rapazes, e vice versa. Piero e Remo são casados há 14 anos. Piero é político, e quando o principal candidato à prefeito da cidade morre, ele é alçado ao posto. O partido acha que é loucura, pois Piero é assumidamente gay. Como não tem outro candidato, eles impo˜em que Adele seja a vice prefeita, para ambos serem apresentados como casal político. Mas o inevitável acontece: os 2 se apaixonam, e fazem de tudo para esconder a situação de Remo e dos concorrentes. Repleto de gags e situações vaudeville, o Diretor Umberto Carteni faz um filme morno, que poderia ter sido muito mais divertido se soubesse dosar melhor as cenas cômicas ( algumas ficam no meio do caminho), com o ritmo do filme, arrastado lá pela metade. O trio de atores é divertido, e Luca Argentero é o mais carismático de todos. Claudia Gerini exagera no tom da primeira etapa de Adele, e depois quando se torna mais feminina, equilibra melhor a personagem. Vale pelas locações belíssimas rodadas em Trieste e Veneza, e por uma ou outra gag bem engraçada.

terça-feira, 22 de maio de 2018

O terceiro assassinato

"Sandome no satsujin", de Hirokazu Kore Eda (2017) Kore Eda é um dos cineastas japoneses mais festejados no Cinema contemporâneo. Diversas vezes premiado em Cannes, Kore Eda normalmente tem como tema principal em seus filmes, a relação entre familiares e a solidão e o isolamento social. Em "O terceiro assassinato", que concorreu em Veneza 2017, ele muda o gênero do filme, mas mantém a família como centro de tudo. Suspense de tribunal, o filme conduz o espectador o tempo todo em uma única questão: Misumi de fato, assassinou o seu patrão? Mas o prólogo, que o mostra matando à sangue frio? Será que aquela cena não existe, faz parte do imaginário de alguém? O filme é repleto de truques de narrativa, e mais, o roteiro aponta para diversos pontos de vista do depoimento de Misumi, que há 30 anos atrás, já havia sido preso pelo assassinato de 2 agiotas da Yakuza. O seu advogado de defesa, Shigemori ( Masaharu Fukuyama, protagonista de "Pais e filhos", filme que Kore Eda ganhou o Grande prêmio do juri em Cannes 2013) procura defender o seu cliente, que assume a autoria do crime. Em determinando momento o advogado pergunta: "Porque eu aceitei esse caso?" O filme é bastante complexo, e com certeza, muita gente vai sair do filme meio puto. Mas provável que Kore Eda, que também assinou o roteiro, não queira expor tanto o que de fato aconteceu na noite do assassinato, mas sim, expor as fraquezas da justiça penal japonesa, que deliberadamente leva à pena de morte acusados sem ao menos fazer um levantamento maior das pistas. O que é mentira? O que é verdade? O filme é a própria metáfora dessa dicotomia. Imperdível para estudantes de direito .

Velociraptor

"Velociraptor", de Chucho E. Quintero (2014) Drama futurista Lgbts mexicano de baixo orçamento, "Velociraptor" se apropria da narrativa dos filmes de Richard Linklater, "Antes do amanhecer", para contar a história de 2 jovens às vésperas do Apocalipse que ira destruir o mundo. Alex é gay assumido. Seus pais o abandonaram, por conta do apocalipse. Sentindo-se sozinho, Alex procura seu melhor amigo, Diego, para passarem a tarde juntos perambulando pelas ruas e conversarem sobre intimidades. Diego é hetero. E por conta do fim do mundo iminente. Alex faz um pedido a Diego: que transe com ele. Mas Diego se mantém reticente, e questiona Alex sobre o porque dele se sentir atraído por homens. Realizado com pouco dinheiro, e se apropriando de uma forma realista para apresentar sua versão de fim do mundo, o Cineasta e roteirista Chucho E. Quintero acerta e erra em seu filme de estréia. Entre os acertos, a escalação dos 2 jovens atores, que são bons, e a proposta de dois amigos fazerem sexo sabendo que o fim do mundo está chegando. Os 15 minutos finais, reservados ao sexo, está bem filmado. Dos erros, com certeza, a narrativa longa e sem ritmo, os flashbacks, chatos, e alguns diálogos entediantes.

Paraíso perdido

"Paraíso perdido", de Monique Gardenberg (2018) O passado de Monique como produtora de uma dos maiores Festivais de música no Brasil, com certeza, explica a sua paixão pela musicalidade que emana no seu filme Paraíso perdido". Com um repertório que passeia pela música brega de Valdick Soriano, Marcio Greik, Reginaldo Rossi e até uma versão brasileira de "You're so vain", de Carly Simon, o filme discute as relações familiares da forma mais transgressora possível: lésbicas, gays, trans, menage, vale tudo para poder trazer a mensagem de que toda a forma de amor é possível. E para isso, nem são preciso palavras: podem será través de linguagem de surdo mudo ou através das letras das músicas cantadas na boite que dá nome ao filme. Nesse sentido, o filme se aproxima do cult de John Cameron Mitchell, "Shortbus". Ali, a boite, que também tem o nome do filme, é o ponto de encontro para solitários, desencantados, carentes, frustrados, assassinos, frígidos e toda sorte de traumas humanos. As pessoas cantam, dançam, se beijam, sem se importar com preconceitos que existem da boite pra fora. Nesse bunker emotivo, nossos personagem perambulam num ambiente de encontros e desencontros: Tem o dono da boite, José (Erasmo Carlos), pai de 3 filhos: Teylor (Seu Jorge), que é adotivo; Angelo ( Julio Andrade), pai de Celeste (Julia Konrad); e Eva (Hermila Guedes), que se encontra presa por um crime do passado. Eva é mãe de Imã ( Jaloo, em sua estréia como ator), um ser andrógino que procura descobrir a sua identidade sexual, em conflito se quer ser homem ou mulher. Todos cantam na boite. E ali, vai parar o fio condutor do filme, o policial vivido por Lee Taylor, filho da surda interpretada por Malu Galli. Ah, e ainda tem os namorados de Celeste e Imã, interpretados por Felipe Abib e Humberto Carrão. Como se vê, são muitas as tramas e sub-tramas desse filme ambicioso, mas que trata seus personagens com carinho. Monique dirige bem os seus atores, e a fotografia do Mestre Pedro Farkas ajuda a criar essa atmosfera onírica que o filme precisa. Vixe, faltou contar a sub-trama da presidiária interpretada por Marjorie Estiano, e amante de Eva! Será que vem seriado por aí ?? ( Monique dirigiu o seriado "Ö Paí Ö", que se tornou seriado depois.

segunda-feira, 21 de maio de 2018

Copacabana me engana

"Copacabana me engana", de Antonio Fontoura (1969) Lançado em 1969, em plena ditadura militar, "Copacabana me engana" é o primeiro longa de Antonio Carlos Fontoura, Diretor dos aclamados "A Rainha Diaba" e "Somos tão jovens". Filmado em preto e branco pelo iniciante Affonso Beato ( que fotografou para Almodovar em "Carne tremula" e "Tudo sobre minha mãe"e para Stephen Frears em "A Rainha", além de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", de Glauber Rocha), o filme tem imagens históricas das Ruas de Copacabana, sendo um excelente material de arquivo da época. Fora isso, o roteiro traz hábitos e costumes que, passados quase 50 anos, continuam muito atuais: amor livre, solidão, desencanto, falta de perspectiva profissional, traição. Marquinhos (Calos Mossy, na flor da idade) é filho de um casal classe média, interpretados por Licia Magno e Enio Santos. Hugo ( Claudio Marzo) é o irmão todo certinho de Marquinhos: estuda medicina e é o orgulho dos pais. Marquinhos não estuda, não trabalha, e passa o dia todo ou vendo tv em casa, ou nas ruas com sua gangue de marginais, liderados por Joel Barcellos. Um dia, Marquinhos avista pela janela, uma mulher mais velha e sedutora, Irene (Odete Lara, sublime). eles se conhecem, e se tornam amantes. ela é sustentada por Alfeu (Paulo Gracindo), um homem muito mais velho. Ousado, o filme discute relações onde dinheiro e solidão dão as suas cartas. Filmado quase como se fosse um documentário, com uma câmera na mão que perambula pelas ruas colada aos seus personagens anônimos que apenas fazem n;umero em um bairro mega povoado de figuras tristes e solitárias. Como pergunta no poster do filme, "Que tipo de gente mora em Copacabana?" O elenco está muito bem, com direito a pelo menos 3 cenas antológicas: o menage a trois dos 2 irmãos com Irene (uma cena mega ousada, até para hoje) e lindamente filmada; a cena de Alfeu e Marquinhos no restaurante, bêbados; e a cena final, dos pais de Marquinhos em um comovente e melancólico discurso sobre o fim da vida.

Ninguém sobrevive

"No one lives", de Ryûhei Kitamura (2012) Luke Evans é um dos maiores galas do Cinema atualmente, e em "A bela e a fera" ele interpreta um dos vilões mais sexys do cinema. Mas em 2012, ele protagonizou esse filme dirigido pelo japonês Ryûhei Kitamura, que faz o Jason de "Sexta feira 13"parecer um personagem da Disney. ele sai matando geral, usando de tudo"moedor de carne, flechas, machados, e até mesmo uma prancheta para decapitar! O filme não economiza no gore! É sangue, tripa e mutilação pra todo lado. Para quem curte "Jogos mortais", vai se esbaldar aqui. Luke interpreta um personagem sem nome. Ele e sua namorada seguem pela estrada de noite, até que esbarram com uma gangue que resolve sequestrá-los. Mas o filme dá uma enorme guinada na história, e a caca, passa a ser o caçador. Sem dó nem piedade. Como roteiro, vale pelo plot twist, mas no mais, é aquilo mesmo que se espera de um filme gore: correia, gritos, mortes. E a curiosidade de ver Luke Evans chacinando geral, fazendo pose de mal.

domingo, 20 de maio de 2018

Entre laços

"Entre laços", de Naoko Ogigami (2017) Premiado drama japonês, dirigido pela cineasta Naoko Ogigami, que também escreveu o excelente roteiro. O filme tem todos os temas que fizeram o sucesso internacional de Hirokazu Kore-eda: dramas familiares em registros mínimos dentro da rotina das pessoas envolvidas, além da questão do abandono e do desapego ( vide "Ninguém pode saber"). Impossível não associar esse filme a "Uma mulher fantástica". A aceitação de uma Trans dentro de uma família universal, é debatida de forma comovente em ambos os filmes. Outro filme que me recorreu foi "Com amor, Simon", por conta do novo olhar sobre o cinema queer e seus protagonistas Lgbts: até pouco tempo, os filmes mostravam uma homofobia radical onde tudo terminava em tragédia. Nesses filmes, existe uma ampla aceitação por conta das pessoas, salvo excessões. São filmes que querem falar para uma nova geração que nasceu sob o signo do preconceito e do consequente debate sobre a homofobia. Tomo, uma menina de 11 anos ( brilhantemente interpretada por Rin Kakihara) mora sozinha com sua mãe, uma alcóolatra que constantemente perde o emprego. Um dia, a mãe de Tomo vai embora, e a deixa sob a guarda do tio da menina, Makio (Kenta Kiritani, minimalista, muito bom). Só que Makio tem uma novidade para a menina: ele agora divide seu lugar com sua namorada, Rinko ( Tôma Ikuta, comovente), uma trans. Tomo, reticente, vai aos poucos vai aos poucos aprendendo a lidar com esse novo universo. Direção sutil e muito delicada, privilegiando momentos de poesia e lirismo, e assim como Ozu, inserindo os famosos "Pillow shots", os famosos planos de natureza morta emotivos. Momentos antológicos, como a conversa via copinhos de plástico. Imperdível a obrigatório. O filme ganhou muitos prêmios mundo afora, incluindo o Teddy Bear em Berlin 2017 ( voltados para filmes Lgbts).

O dia bonito

"Der geilste Tag", de Florian David Fitz (2016) Escrito e dirigido pelo Cineasta alemão Florian David Fitz, "O dia bonito" é quase uma refilmagem de "Antes de partir", comédia dramática com Jack Nicholson e Morgan Freeman sobre 2 idosos terminais que resolvem fugir do hospital e aproveitar do jeito que quiserem seus últimos dias de vida. Em "O dia bonito" a mudança foi na idade dos protagonistas. Andy e Benno são jovens. Andy tem fibrose no pulmão, benno tem tumor no cérebro. Eles se conhecem quando dividem o mesmo quarto no hospital. Decidem fugir e se aventurar pelo mundo, mais precisamente na Africa do Sul, pois a ex-mulher de Benno vai se casar e ele quer tentar evitar que isso aconteça. Como eles não tem dinheiro, armam mil truques para conseguir a grana e poder curtir a vida. O filme, pasmem para um filme alemão, tem gags bem engraçadas, graças ao talento de Matthias Schweighöfer (Andy), que investe num humor mais pastelão. A fotografia é bem bonita, idem a trilha sonora, recorrendo a cliches de filmes "feel good movie". Infelizmente, a Africa do Sul é vista com bastante preconceito: terra de ladrões, marginais. O drama do casamento também fica um apendice chato no filme. Quando investem na relação dos 2 amigos, o filme fica interessante. Quando vai para o drama pessoal de Benno, vira uma xaropada muito irritante. No final, vale ver para conhecer um tipo de cinema alemão totalmente comercial que eu desconhecia até então.

A garota na névoa

"La ragazza nella nebbia", de Donato Carrisi (2017) Muito bom Trhiller de suspense, baseado no best seller escrito por Donato Carrisi, que aqui, estréia muito bem na função de Diretor. Evocando filmes de Hitchcock e claro, "O Silêncio dos inocentes", o filme tem uma trama diabólica, resolvida no último segundo, e mesmo assim, deixando o espectador com pula atrás da orelha. O filme foi um grande sucesso de bilheteria na Itália. Em Avechot, cidade nas montanhas geladas da Itália, uma jovem de 15 anos desaparece ao sair de casa. O Detetive Vogel (Toni Sevillo, de "A grande beleza") é convocado para solucionar o caso. Mas ele tem métodos pouco ortodoxos para descobrir o suspeito. A culpa recai em um pacato professor da cidade, Marini. Mas será que ele é o verdadeiro assassino? Além de Sevillo, o filme tem participações especiais de Jean Reno, no papel de um Psiquiatra, e de Greta Schacci. O galã Lorenzo Richelmy, que protagonizou Marco Polo na série homônima, interpreta o assistente do detetive. Para quem gosta de suspense, é um filme que vale muito ser visto.

Cargo

"Cargo", de Ben Howling e Yolanda Ramke (2017) Primeira produção original da Netflix na Austrália, "Cargo" é a adaptação do curta homônimo dirigido pelos mesmos cineastas em 2013. O curta tinha 7 minutos. O longa tem 105 minutos. E sabem qual a melhor versão? Adivinhou quem disse a de 7 minutos. Em uma aula de roteiro e de direção, o curta, sem diálogos, expõe o drama de um pai que foi mordido por um zumbi, de querer entregar sua bebe para um grupo de sobreviventes, antes que seja tarde demais ( em poucas horas, ele se transformará em um zumbi e provavelmente, morderá sua filha). O grande barato do filme era contar apenas esse plot, simples mas bastante efetivo. Quando você transforma esse pequeno plot, em vários sub-plots de 105 minutos, o filme acaba se tornando mais um filme de zumbis. e mais: roubado a idéia de "The walking dead", quando Rick tenta salvar sua bebe dos zumbis. Não ficou nada original, e para piorar a situação, criou-se um personagem de um racista que usa os aborígenes como iscas para os zumbis. Ora, o grande sucesso de "The walking dead"é justamente não ser uma série sobre zumbis, mas sim, sobre seres humanos que são piores que os mordedores de carne. bom, tem o Martin Freeman, que fez muito sucesso como o Bilbo de "O Senhor dos anéis", e o Agente Ross, de "Pantera negra".

sábado, 19 de maio de 2018

Cargo

"Cargo", de Ben Howling e Yolanda Ramke (2014) Um curta de apenas 7 minutos, sem diálogos, ambientado num futuro apocalíptico infestado de zumbis, e que te faz chorar no final? "Cargo" consegue esse grande feito. Lidando com o emocional de forma brilhante, através da história de um pai infectado que tem poucas horas para se transformar em um zumbi e que precisa salvar a sua filha. Para evitar de devorar sua filha, ele pega um pedaço de carne e coloca à sua frente, espetado em uma vara (tipo burro com cenoura à sua frente). Mas será que isso funcionará por quanto tempo? Bem dirigido ( a diretora Yolanda Ramke escreveu o roteiro) e feito de forma económica, baixo orçamento, provando que um filme para ser bom precisa ter apenas uma boa idéia original. Maravilhoso! O filme teve um remake realizado pelos mesmos diretores em 2017, formatado para longa-metragem. https://www.youtube.com/watch?v=gryenlQKTbE

Ella e John

"The leisure seeker", de Paolo Virzi (2017) Baseado no Best seller de Michael Zadoorian, "The leisure seeker"( título original, nome do motorhome do casal) é o filme apropriado para quem quiser rir, se emocionar e chorar, nessa ordem. Nos primeiros 20 minutos a gente já sabe como o filme vai terminar, mas isso não impede de darmos razão ao destino desse simpático casal, que assim como quase todo mundo, se amou, se odiou mas não conseguem viver separados. O roteiro aplica vários golpes baixos no espectador, forçando o melodrama: John tem Mal de Alzheimer, e eventualmente se esquece de quem é a mulher que está ao seu lado. Ella tem câncer terminal e desistiu de fazer tratamento, e ela simplesmente não pode deixar John sozinho, pois ele depende dela. O filme começa com o casal pegando o motorhome, saindo de Detroit até a Flórida, em busca da casa de Hemingway, sonho de John. O casal de filhos se desespera, tentando a todo custo ligar pros pais para que eles voltem, em vão. O filme se transforma então no tradicional Road movie, com os inevitáveis personagens que surgem e vão transformando a vida dos dois. Com uma performance emocionada e bela de Donald Sutherland e Helen Mirren, e uma direção delicada do italiano Paolo Virzi ( Diretor de "A primeira coisa bela" e "Loucas de alegria") , "Ella e John" cumpre o que promete. Um filme correto, o que ja é muita coisa. O filme concorreu em Veneza 2017.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Anjos vestem branco

"Jia nian hua ", de Vivian Qu (2017) Escrito e dirigido pela chinesa Vivian Qu, "Anjos vestem brancos" é um filme realizado por uma mulher e com protagonistas femininas. O filme, um soco no estômago, tem como temas o abuso sexual contra crianças e a prostituição infantil. Em uma cidade litorânea, Mia é uma menina de 16 anos, que trabalha de forma ilegal em um Motel na beira da praia. em sua noite de turno, ela testemunha um hóspede invadindo o quarto onde estão 2 meninas e estuprando-as. Com medo da polícia prende-la por não ter documento, Mia mantém-se calada. Wen, uma das meninas, de 12 anos, começa um verdadeiro martírio: acusada por sua mãe de ser liberal demais, ela encontra ajuda apenas na advogada que sua mãe contratou. Não é um filme fácil de se assistir. Com um conteúdo de alto teor dramático, o filme caminha por vários sub-plots, todos eles envolvendo alguma descida ao inferno das 2 protagonistas. O espectador fica esperando uma iminente tragédia como desfecho para essas vidas vazias. O filme tem na performance das atrizes, o seu grande trunfo. Todas estão maravilhosas. O filme tem aquele olhar documental, câmera na mão, acompanhando as personagens, próprio do cinema dos irmãos Dardenne (impressionante o quanto que a filmografia deles influenciou a linguagem do cinema). Existe uma bela metáfora, através de uma estátua gigante de Marylin na praia, retratando o florescer da sexualidade. O filme ganhou mais de 20 prêmios internacionais, além de concorrer em Veneza 2017.

Tesnota

"Tesnota", de Kantemir Balagov (2017) Surpreendente drama russo, Vencedor do Premio Fipresci em Cannes 2017 na Mostra Üm certo Olhar". O que me impressionou foi o fato do CIneasta Kantemir Balagov ter apenas 26 quando da exibição do filme em Cannes. O seu filme , mesmo sendo um longa de estréia, respira bastante maturidade, e ele constrói o filme com bastante precisão. Para quem for assistir ao filme, um recado importante: existe uma cena no filme, onde um grupo de jovens está assistindo a um VHS ( o filme se passa em 1998), e vemos uma longa sucessão de imagens reais de soldados russos sendo degolados por soldados chechenos. E'uma cena assustadora! Em Cannes, muitos espectadores ficaram revoltados, pois não existe qualquer aviso sobre o conteúdo explícito no filme. O filme narra a história real que aconteceu com uma família pobre de judeus na cidade de Nalchik, sul da Rússia. Ila ( a excelente Darya Zhovnar), é uma jovem rebelde, que trabalha com seu pai na oficina mecânica deles. Na mesma casa, moram sua mãe e seu irmão. Na noite da cerimonia da união de David com sua noiva Leia, o casal é sequestrado ao air de casa. Os sequestradores pedem um valor alto de resgate. a comunidade judia da regi!ão se recusa a colaborar com a família, que acaba tendo que vender todos os seus pertences. Para complementar o dinheiro, os pais forçam Ila a se casar com um jovem judeu. Mas ela é apaixonada por um rapaz que pertence a uma tribo da região. O filme, apesar de ter um ritmo lento, vai construindo aos poucos uma atmosfera de tensão. O espectador fica aguardando a cada momento uma grande tragédia. A câmera, quase sempre na mão, acompanha os personagens o tempo todo, como nos filmes dos irmãos Dardenne. Trabalho excepcional de todo o elenco.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Deadpool 2

"Deadpool2", de David Leitch (2018) O cineasta David Leitch, como muita gente sabe, é um Coordenador de Stunts e por muito tempo dirigiu cenas de ação para DIretores renomados. COmo "De volta ao jogo", ele assumiu o posto de Diretor e mostrou ao mundo que sabe dirigir porradaria e cenas de ação como ninguém. Logo depois veio "Atomica", com Charlize Theron dando cacetada geral nos anos 80 em Berlin, e o maravilhoso plano sequencia da escada. A inevitável continuação do grande sucesso de "Deadpool"acabou gerando grande expectativa, afinal, muita gente amou o jeito desbocado do herói interpretado com muita propriedade por Ryan Reynolds, que praticamente reinventou sua carreira com o filme. Mas a fórmula se repetiu: essa parte 2 veio requentada, com os mesmos maneirismos do primeiro filme: falando pra câmera, muito palavrão, piadas sujas, e mais do que no anterior, mais violento. E por conta disso, aqui no Brasil, o filme ganhou a classificação de proibido para menores de 18 anos. Depois de ver o filme, sim, é possível entender a censura, mas como todo mundo já tá acostumado com vísceras e mutilações na tv e games, o filme poderia ter sido liberado para 14 anos. A garotada iria se divertir. O roteiro vai em cima do tema da paternidade, em vários personagens. E esse coração que bate em prol das relações familiares é que guia o filme. Um ótimo elenco, muito bem co-estrelado por Josh Brolin, e a inevitável artilharia contra o racismo e a misoginia, que vale até renomear os X-men de X-force.

Antes que eu me esqueça

"Antes que eu me esqueça", de Tiago Arakilian (2018) Longa de estréia do Cineasta Tiago Arakilian, "Antes que eu me esqueça" inicialmente tinha o título de trabalho chamado "Polidoro", que é o nome do protagonista, vivido com brilho pelo Ator José de Abreu. Ele é um aposentado viúvo, pai de Maria Bia (Leticia Isnard) e Paulo (Danton Mello, Maria Bia cisma que o pai está doente e sem condições de se cuidar sozinho. Já Paulo, um músico fracassado, não fala com seu pai há anos. Polidoro compra uma boite de prostituição que fica do lado de seu prédio, e resolve administrá-lo. Ali, trabalham, entre outros, a garçonete Joelma (Guta Stresser, maravilhosa). Mas uma situação inesperada irá forçar esse reencontro entre pai e filho, e assim, ambos terão a chance de se reconectar. O Diretor teve em mãos um belo roteiro, que alterna momentos de puro humor com cenas de intensa emoção, e principalmente, um elenco de tirar o chapéu: além dos já citados, temos Mariana Lima, Augusto Madeira, Eucir de Souza, Saulo Rodrigues e em participação especial, Dedé Santanna. O filme tem uma linda trilha sonora, capitaneada pela dramática "Gymnopédie No.1", de Eric Satie. 2 momentos antológicos: a cena do banheiro, com Guta Stresser e Mariana Lima, e outra, também com Mariana Lima e Danton Mello, em frente a um piano. Belas performances. Para quem gosta de um drama familiar no genero "Feel good movie", uma dica altamente recomendável.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Querida mamãe

"Querida mamãe", de Jeremias Moreira Filho (2017) Adaptação da peça de teatro escrito por Maria Adelaide do Amaral, "Querida mamãe" é uma produção independente que tem nas atuações femininas a sua grande força. Heloísa (Leticia Sabatella) interpreta uma médica, insatisfeita com o seu trabalho e com seu casamento com o publicitário Sergio (Marat Descartes). A filha adolescente do casal, Priscilla (Bruna Carvalho) está acostumada com as brigas dos pais, e quando aperta, ela se refugia na casa da avó, Ruth (Selma Egrei). Heloísa tem péssima relação com sua mãe, acusando-a de tratar melhor a irmã Beth, que ora nos Estados Unidos. Heloísa acaba se envolvendo com uma paciente, ao mesmo tempo que sua mãe descobre estar com câncer, e recriminar a relação homossexual da filha. Como se vê, é um texto com forte drama familiar, e a relação conturbada mãe e filha já rendeu belos filmes: "Laços de ternura", "Lembranças de Hollywood", Ä noite do desamor", entre outros. Muitos críticos torceram o nariz pro filme, injustamente. E'um filme que irá satisfazer os espectadores em busca de boas atuações ( as mulheres todas estão ótimas, com destaque para Selma Egrei, elegante e discreta em um papel complexo). Cláudia Missura, no papel da namorada pintora Leda, é uma maravilhosa surpresa. Infelizmente, o time de atores masculinos não foi agraciado: Marat Descartes, excelente Ator, está caricato no seu papel, culpa das cenas e diálogos escritos para o seu personagem. Como o próprio Diretor disse, é um filme de mulheres. E elas estão muito bem representadas. Trilha sonora repleta de clássicos, entre eles, "Fim de caso", de Dolores Duran. Recomendado para quem busca um filme com performances fortes.

Curados

"The cured", de David Freyne (2017) Escrito e dirigido pelo cineasta irlandês David Freyne, "Curados" é um drama de terror com um roteiro bastante curioso. Muita gente reclamou que a premissa do filme já foi feita no seriado Ïn the flesh" e no filme "The returned". O filme acontece em uma sociedade irlandesa pós infectados: o governo encontrou a cura para os infectados pelo vírus "Maze", pessoas que se transformaram em zumbis. Porém, apenas 75% dos infectados conseguiram voltar ao estágio normal. os outros 25% continuam como zumbis. Os curados voltam para viver na sociedade, mas são rejeitados pela população, e encontram resistência de toda parte. As pessoas não os perdoam por terem matado inocentes. O filme acompanha a história de 3 pessoas: Senan, que carrega a culpa de ter matado seu irmão; Abbie (Ellen Page), cunhada de Senan, e que não faz idéia de que Sena matou seu marido; e Conor, rejeitado pela sua família e revoltado, resolve libertar os 25% dos zumbis. O fato do filme ser uma produção irlandesa lhe confere um status de cult, lembrando em muitos momentos "Extermínio", clássico de Danny Boyle. Boas atuações, um roteiro que lida com a metáfora dos excluídos e uma atmosfera de filme independente. Vale super a pena assistir. Os efeitos são bons.

sábado, 12 de maio de 2018

Downrange

"Downrange", de Ryûhei Kitamura (2017) Co-escrito e dirigido pelo Cineasta japonês Ryûhei Kitamura, "Downrange" é um filme de terror que ele realizou nos Estados Unidos. O filme é uma espécie de "Encurralado" gore: um grupo de 6 amigos viajam por uma estrada, até que são atacados por um Sniper. Com o carro abatido, eles se encontram na estrada sem ter aonde fugir. Um a um, vão sendo mortos pelo atirador. O filme tem um dos finais mais absurdos e irritantes que vi recentemente. O cineasta Ryûhei Kitamura pelo visto tem muita raiva de seus personagens, é algo impressionante. Além disso, para esse tipo de filme, totalmente B, ter quase 2 horas de duração é um absurdo. Esse filme deveria ter no máximo 80 minutos. Ficou muita encheção de linguiça para um roteiro que consiste em uma linha. No mais, o que vale a pena são os efeitos, toscos mas divertidos, exagerando na violência explícita. Tem umas cenas tão ridículas que sinceramente, comecei a rir, não deu para para levar a sério, como por ex, a do carro que surge ao longo da história. Filme sem noção.

Vingança

"Revenge", de Coralie Fargeat (2018) Li uma matéria no Site do Cine Pipoca dizendo que era o filme mais violento e angustiante dos últimos anos. O jornalista, em vídeo, dizia todo tempo que ficava chocado e fechava os olhos. Com esse marketing, fiquei com água na boca e fui correndo assistir ao filme. Para minha total decepção, o filme não tem a violência que eu esperava. Fiquei irritado com o jornalista, que pelo visto, não deve estar acostumado a ver filme gore. Mas por outro lado, é um ótimo filme sobre Vingança. Impossível não lembrar do clássico "Doce vingança" e de "Kill Bill". O filme, com roteiro da própria diretora francesa, tem um roteiro bem singelo: uma jovem, Jen, ( Matilda Lutz, de "Chamados", mega emponderada no personagem) , é uma jovem que viaja com seu amante ricaço para a casa dele no meio do deserto. No dia seguinte, 2 amigos dele, mal encarados, chegam lá e decidem ficar para caçar animais. Um dos amigos estupra Jen, e quando ela pede ajuda pro namorado, ele defende os amigos e a joga do alto de um precipício. Jen consegue sobreviver e tudo o que ela quer agora é vingança. A única forma de se assistir a esse filme, é abstrair qualquer tipo de realismo e verossimilhança. O filme é realizado como uma fábula, onde tudo é possível e a palavra de ordem é matar todos os homens. A mensagem do filme está mais do que clara, e esse poderia ser facilmente o filme do movimento "Time's up": repleto de ação, violência, surrealismo e uma boa pitada de humor negro. Ah, os homens...valem nada! Ponto alto para a fotografia hiper realista, para a trilha sonora de sintetizadores e o visual anos 80 do filme. Uma pequena jóia muito bem dirigida, tecnicamente impecável.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Acertando os passos

"Finding your feet", de Richard Loncraine (2017) Comédia dramática que tem como grande trunfo, o talento do trio protagonista: Imelda Staunton, Celia Imrie e Timothy Spall. Os 3 estão absolutamente adoráveis e apaixonantes nesse filme que faz parte do gênero "Feel good movie": uma mistura de "Blue Jasmine" com "Shirley Valentine". Sandra (Staunton) vive uma mulher esnobe, casada com um Oficial da polícia poderoso e rico. Durante uma festa na mansão deles, ele flagra seu marido beijando sua melhor amiga. Revoltada, Sandra foge e vai morar com a sua irmã Bif (Imrie), de personalidade oposta: liberal, classe media, de bem com a vida e aluna de dança. As duas se estranham, mas aos poucos voltam a se reconectar. O filme em si não tem nada de inédito, se baseando em clichês de reconciliação familiar. Mas é um filme muito gostoso: a gente ri, chora, se diverte com as maluquices dos personagens. E por fora, o filme cutuca o governo inglês, por abandonar os idosos a sua própria sorte, sem qualquer tipo de assistência. Muita gente reclamou do excesso de sentimentalismo do filme: gente chata, que a cada dia vai se tornando um ser humano mais turrão e de mal com a vida.

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Terra firme

"Tierra firme", de Carlos Marques-Marcet (2017) CO-escrito e dirigido pelo espanhol Carlos Marques-Marcet, "Terra firme" tem como principal atrativo, reunir pela primeira vez juntas, atuando na mesma cena, Geraldine Chaplin e Oona Chaplin, mãe e filhas na vida real, e respectivamente, filha e neta de Charles Chaplin. O filme é um drama ambientado em Londres. Um casal de lésbicas, Kat (Natalia Tena, de "Game of thrones" e "Harry Potter") e Eva (Oona Chaplin) moram em um barco estacionado em um canal de Londres. Um dia, Roger, um espanhol imigrante, (David Verdager, ator fetiche de todos os filmes de Carlos Marques-Marcet) chega para morar com elas no barco. Durante uma noite, na bebedeira, Eva segreda para Kat o seu desejo de engravidar. Roger se oferece para ser o doador, mas Kat não gosta da idéia de ser "mãe", e assim, se instaura uma crise na relação. O filme ganhou alguns prêmios em Festivais, mas particularmente achei o filme chato e repetitivo. O drama das mulheres não me interessou, e o melhor personagem, Roger, ficou mal explorado. Apesar disso, a performance do trio está muito boa, e a direção, correta, filma tudo com certa elegância.

Eles

"They", de Anahita Ghazvinizadeh (2017) Escrito e dirigido pela Cineasta iraniana Anahita Ghazvinizadeh, é o seu longa de estréia. Anahita Ghazvinizadeh estudou com o Mestre iraniano Abbas Kiarostami, e depois foi estudar Cinema em Chicago. A cineasta Jane Campion foi uma das 13 produtoras que investiu em seu filme, que teve premiere no Festival de Cannes 2017, na Mostra "Golden camera". O filme acompanha o dilema de J ( Rhys Fehrenbacher, que nunca havia trabalhado como atriz), uma menina de 14 anos que mora em Chicago. O conflito de J é que ela toma hormônios bloqueadores, e agora, aos 14 anos, precisa tomar a decisão se ela quer ser Homem ou mulher. Sua irmã mais velha, Lauren, e o namorado dessa, o iraniano Aziz, passam o fim de semana com J, enquanto os pais dela não chegam para levá-la ao hospital e tomar a decisão no início da semana. J quer que a chamem de "Eles", uma junção de ELE e ELA em uma única pessoa. Essa produção independente participou de vários Festivais. A sua influencia direta é o cinema naturalista de Robert Bresson. Seus personagens não atuam, estão em cena como se falassem com a pessoa do lado. Mas aqui, o que peca, é o roteiro monótono, a falta de ritmo e a perda do foco: o filme começa com o dilema de J, de repente, vamos para a casa d a família de Aziz e vira um filme sobre uma família de iranianos tentando se adaptar `a cultura americana. Depois, acompanhamos Lauren, uma artista que tenta encontrar o seu espaço. O filme procura abraçar várias causas e ampliar o tema da insegurança e falta de perspectiva para vários níveis, sem se tornar satisfatório em nenhum deles. Enfadonho, o filme tem influencia do cinema iraniano, mas da pior forma possível. A poesia que habita em tantos clássicos , aqui se transforma em maneirismos e estilização que nem sempre funciona.

terça-feira, 8 de maio de 2018

Tudo que quero

"Please stand by", de Ben Lewin (2017) Adaptação da peca de teatro escrito por Michael Golamco, "Please stand by", o filme narra a história de Wendy (Dakota Fanning), uma jovem autista internada em uma clínica psiquiátrica por sua irmã, que teme que ela ataque sua filha pequena. A psiquiatra que cuida de Wendy, Scottie (Toni Collette), a incentiva em seus afazeres. Wendy tem 2 desejos: voltar a morar com sua irmã e cuidar da sobrinha, e inscrever um roteiro que ela escreveu em um concurso "Star Trek". Impossibilitada de postar nos Correios até a data limite, Wendy resolve fugir e entregar ela mesmo o roteiro na Paramount Pictures. Com uma boa premissa, "Tudo que quero" tenta conquistar o espectador apaixonado por filmes onde os personagens mudam a sua trajetória após encontrarem elementos que os façam abrir os olhos para as coisas boas da vida. Representante do gênero "Feel good movie", o filme entretém, apesar de não alçar grandes voos. Tudo correto, competente, mas faltou um algo mais. Pelo menos, 2 grandes atrizes em cena: Dakota e Toni Colette.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Marilena do P7

"Marilena da la P7", de Cristian Nemescu (2006) Drama romeno, exibido na Semana da crítica em Cannes 2006. Inicialmente concebido para ser um curta-metragem, o filme acabou ficando maior do que o previsto e foi lançado como média metragem de 48 minutos. Vencedor de vários Prêmios internacionais, o filme é um cruel retrato da juventude romena: um garoto de 13 anos, morador da periferia de Bucareste, se apaixona por uma jovem prostituta, Marilena. Ela, por sua vez, está apaixonada por um cliente. A união desses 3 personagens terminará em tragédia. Com atores iniciantes, o cineasta Cristian Nemescu não parece querer demonstrar qualquer tipo de piedade com os seus personagens. A periferia apresentada é triste, sórdida, violenta, humanidade zero. Deixando claro que não existe a possibilidade de amor em uma relação aonde o dinheiro faz parte do jogo, o também roteirista Cristian Nemescu vai afundando os seus personagens em dilemas. Filmada em locações pobres e desencantadas, poder-se-ia dizer que o filme é um "Coming of age" sem perspectivas de futuro melhor. Eu adoro filmes romenos, e essa pequena jóia, totalmente independente, cumpre bem o seu papel, tendo até uma pequena paródia de "Contatos imediatos do terceiro grau" em determinado momento do filme.

domingo, 6 de maio de 2018

Famintos

"Les affamés", de Robin Aubert (2017) Premiado filme de horror canadense, foi escrito e dirigido por Robin Aubert. O filme começa com um prólogo que acontece durante uma corrida de rally...e de repente, uma mulher é atacada por uma outra mulher surtada. Logo, descobrimos que está dando início `a uma epidemia zumbi, que dizima quase todos daquele lugar. Os sobreviventes vão unindo suas forcas para tentar entender o que aconteceu e como não ser mordido pelos zumbis. Todo mundo sabe que depois d sucesso do seriado "The walking dead", fica difícil fazer algum filme de zumbi que seja no mínimo convincente. Aqui, o filme é de baixo orçamento, então espere poucos efeitos e poucos zumbis. O que o diferencia de outros filmes é a sua estética mais realista. Se não fossem os zumbis, poderíamos dizer que o filme é um drama. Para quem espera um grande filme de ação e aventura, esqueça: o ritmo aqui é bastante lento, e os ataques, poucos e sem graça. A curiosidade fica em relação ao final: uma das soluções mais esdrúxulas que vi, desde o final antológico de "Demons, os filhos das trevas", quando um helicóptero surge do nada para salvar os protagonistas. O elenco também é um grande atrativo, o elenco está bem.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Somente o mar sabe

"The mercy", de James Marsh (2017) Diretor do premiado "A teoria de tudo", biografia de Stephen Hawking, James Marsh agora se apegou em outra biografia: Donald Crowhurst, um homem comum, dono de uma pequena empresa, apaixonado por navegação e que decide participar de um concurso de volta ao mundo de barco, sozinho. Sao 2 as metas de Donald: ganhar o dinheiro do concurso, já que ele vive dificuldades financeiras com sua esposa (Rachel Weiz) e os 3 filhos, e também, encontrar um estímulo para a sua vida. Isso tudo aconteceu no ano de 1968. Donald, um leigo da navegação, competiu com pessoas experientes. No entanto, ele decide mentir a sua trajetória, e essa decisão, influenciará na sua trágica jornada. Protagonizado por Colin Firth, obviamente, o filme lembra bastante "Náufrago" e " Até o fim", o filme com Robert Redford. Mas o filme, de orçamento modesto, se torna entediante, apesar da história incrível e sujeita a tantas reviravoltas. Ficou uma indecisão entre fazer um filme épico ou uma jornada intimista, e nem uma ou outra possibilidade funciona na tela. Colin Firth e Rachel Weiz fazem o que podem, mas o roteiro não ajuda, a montagem não traz dinamismo. Valeu pela curiosidade de se conhecer essa história.

Miss Stevens

"Miss Stevens", de Julia Hart (2016) Longa de estréia de Julia Hart que também co-escreveu o roteiro, é um drama de produção independente americano. Centrado na personagem Miss Stevens (Lily Rabe, em bela atuação), o filme acompanha a trajetória da professora de inglês de um colégio que é convidada para acompanhar 3 alunos para um concurso de teatro na California. O problemático Billy (Timothée Chalamet, em um de seus primeiros papéis no cinema), Margot e Sam, cada um deles querendo descobrir uma motivação para as suas vidas vazias. O que Miss Stevens não poderia esperar, era que sua vida também mudasse nessa viagem. Um filme simpático, correto, sem muitas novidades, mas eficiente para se assistir totalmente sem compromisso. Bela trilha sonora, boas cenas de monólogos. Para quem gosta de filmes de superação, esse filme é um prato cheio.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

10 X 10

"10 X 10", de Suzi Ewing (2018) Thriller de suspense inglês dirigido pela Cineasta Suzi Ewing. O filme é mais um daquelas tramas que falam sobre um sequestrador que tranca sua presa em um cativeiro, e ao longo da história, descobrimos os motivos do aprisionamento. Não, não é "Jogos mortais", mas poderia ser uma versão realista do filme, sem as cenas de "torture porn". Uma mulher (Kelly Reilly) é sequestrada por um homem (Luke Evans) na porta de um shopping e levada até a casa dele. Ele a tranca em um cativeiro que mede 10X 10, e constantemente ele pergunta o nome da mulher. Afinal, quem são eles? Com um roteiro pavoroso ( o desfecho é absurdamente tosco) , e com uma revelação óbvia, o filme carece de carisma, suspense ou até mesmo um interesse. Uma pena que 2 atores tão bons como Reilly e Evans estejam fazendo parte dessa produção.

terça-feira, 1 de maio de 2018

15:17: Trem para Paris

"15:17 to Paris", de Clint Eastwood (2017) 36o Filme dirigido por Clint Eastwood, se baseia em fatos reais ocorrido no dia 21 de agosto de 2015: 3 amigos americanos, de férias na Europa, pegaram um trem de Amsterdam até Paris. No trajeto, um terrorista marroquino rende parte dos passageiros e os ameaca, mas os amigos conseguem dete-lo. Eastwood, em seus últimos filmes, tem procurado contar histórias de pessoas comuns que, através de um feito heróico, se tornaram exemplo de humanismo e amor ao próximo. Muitas criticas falaram mal do filme, acusando-o de divulgar o patriotismo americano, de não dar voz ao terrorista, visto como um grande vilão. Mas o que mais incomodou a todos, tanto crítica quanto espectadores, foi o fato de Eastwood ter escalado os 3 americanos reais, os amigos Alek Skarlatos, Anthony Sadler e Spencer Stone para darem vida a eles mesmos na tela grande. E' visível a diferença de performance entre os 3 e o restante do elenco, todo formado por atores profissionais. Do roteiro em si eu não gostei: o filme fica 80% do tempo mostrando a infância e o inicio da fase adulta deles. O que todos querem ver, a grande ação no trem, não dura mais do que 10 minutos no filme, é tudo muito rápido. O filme, durante quase meia hora, mostra os amigos fazendo tour por Roma, Veneza, Amsterdam, etc...flertando com mulheres, bebendo, dançando, tirando selfies...porém, em relação `a escalação dos personagens reais, achei interessante, deu um tratamento documental ao filme. Eastwood poderia ter escalado não atores para os outros personagens, dando mais homogeneidade. E' um filme curioso, não de todo mal. Mas definitivamente, um filme menor em sua filmografia.