domingo, 20 de maio de 2018

Entre laços

"Entre laços", de Naoko Ogigami (2017) Premiado drama japonês, dirigido pela cineasta Naoko Ogigami, que também escreveu o excelente roteiro. O filme tem todos os temas que fizeram o sucesso internacional de Hirokazu Kore-eda: dramas familiares em registros mínimos dentro da rotina das pessoas envolvidas, além da questão do abandono e do desapego ( vide "Ninguém pode saber"). Impossível não associar esse filme a "Uma mulher fantástica". A aceitação de uma Trans dentro de uma família universal, é debatida de forma comovente em ambos os filmes. Outro filme que me recorreu foi "Com amor, Simon", por conta do novo olhar sobre o cinema queer e seus protagonistas Lgbts: até pouco tempo, os filmes mostravam uma homofobia radical onde tudo terminava em tragédia. Nesses filmes, existe uma ampla aceitação por conta das pessoas, salvo excessões. São filmes que querem falar para uma nova geração que nasceu sob o signo do preconceito e do consequente debate sobre a homofobia. Tomo, uma menina de 11 anos ( brilhantemente interpretada por Rin Kakihara) mora sozinha com sua mãe, uma alcóolatra que constantemente perde o emprego. Um dia, a mãe de Tomo vai embora, e a deixa sob a guarda do tio da menina, Makio (Kenta Kiritani, minimalista, muito bom). Só que Makio tem uma novidade para a menina: ele agora divide seu lugar com sua namorada, Rinko ( Tôma Ikuta, comovente), uma trans. Tomo, reticente, vai aos poucos vai aos poucos aprendendo a lidar com esse novo universo. Direção sutil e muito delicada, privilegiando momentos de poesia e lirismo, e assim como Ozu, inserindo os famosos "Pillow shots", os famosos planos de natureza morta emotivos. Momentos antológicos, como a conversa via copinhos de plástico. Imperdível a obrigatório. O filme ganhou muitos prêmios mundo afora, incluindo o Teddy Bear em Berlin 2017 ( voltados para filmes Lgbts).

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