terça-feira, 22 de maio de 2018

O terceiro assassinato

"Sandome no satsujin", de Hirokazu Kore Eda (2017) Kore Eda é um dos cineastas japoneses mais festejados no Cinema contemporâneo. Diversas vezes premiado em Cannes, Kore Eda normalmente tem como tema principal em seus filmes, a relação entre familiares e a solidão e o isolamento social. Em "O terceiro assassinato", que concorreu em Veneza 2017, ele muda o gênero do filme, mas mantém a família como centro de tudo. Suspense de tribunal, o filme conduz o espectador o tempo todo em uma única questão: Misumi de fato, assassinou o seu patrão? Mas o prólogo, que o mostra matando à sangue frio? Será que aquela cena não existe, faz parte do imaginário de alguém? O filme é repleto de truques de narrativa, e mais, o roteiro aponta para diversos pontos de vista do depoimento de Misumi, que há 30 anos atrás, já havia sido preso pelo assassinato de 2 agiotas da Yakuza. O seu advogado de defesa, Shigemori ( Masaharu Fukuyama, protagonista de "Pais e filhos", filme que Kore Eda ganhou o Grande prêmio do juri em Cannes 2013) procura defender o seu cliente, que assume a autoria do crime. Em determinando momento o advogado pergunta: "Porque eu aceitei esse caso?" O filme é bastante complexo, e com certeza, muita gente vai sair do filme meio puto. Mas provável que Kore Eda, que também assinou o roteiro, não queira expor tanto o que de fato aconteceu na noite do assassinato, mas sim, expor as fraquezas da justiça penal japonesa, que deliberadamente leva à pena de morte acusados sem ao menos fazer um levantamento maior das pistas. O que é mentira? O que é verdade? O filme é a própria metáfora dessa dicotomia. Imperdível para estudantes de direito .

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