sábado, 27 de junho de 2020
Revelação
"Disclosure", de Sam Feder (2020)
Dirigido pela documentarista e montadora trans Sam Feder, "Revelação" concorreu no Festival de Sundance e foi adquirido pela Netflix. Produzido pela atriz trans Laverne Cox, estrela de "Orange is the new black", o filme apresenta a representação trans no cinema e na televisão desde o início do século 20 até os dias de hoje. "Uma mulher fantástica", vencedor do Oscar de filme estrangeiro, as séries "Transparent" e "Pose", 'Sense8" e "Orange is the new black"são exemplos de uma representação positiva, incluindo aí, a escalação de atores e atrizes trans para as personagens trans. Até antes do ano de 2011, a maioria das trans eram represnetadas por atores cis. O filme faz uma crítica, dizendo que ators e atrizes cis que interpretam trans ganham o holofote da mídia e invariavelmente são indicados a algum prêmio importante, como é o caso de Jared Leto em "O clube de compras de Dallas", Eddie Redmayne em "A garota dinamarquesa", Chris Sarandon em "Um dia de cão", John Lightgow em "O mundo segundo Garp", e por aí vai.
O filme, repleto de depoimentos de atores, atrizes, diretoras, jornalistas e ativistas trans, começa falando sobre Griffiyh e que ele foi o criador dos estereótipos no cinema. O negro em "O nascimento de uma nação", na verdade eram atores brancos blackfaced e que representavam assassinos e estupradoresNos filmes de Griffith, sempre havia uma figura cross dressed, fectiche do diretor, mas que eram vistas como figuras bizarras e marginalizadas. O filme foca bastante nos seriados e filmes dos anos 60 a 90, quando a figura trans era vista como psicopata assassino ( "Vestida para matar", "Psicose", 'Silêncio dos inocentes" ou quando e "Traídos pelo desejo", após descobrir que estava se relacionando com uma trans, o personagem vomita. Esse vômito virou meme no cinema e na tv, e culminou com "Ace Ventura", quando Jim Carrey e todos os personagens vomitam quando se revela que a personagem é trans.
Era comum também nos programas de entrevista, os jornalistas perguntarem para a entrevistada como foi a cirurgia, onde esconde o pênis, se tornou um fetiche pata alavancar audiência.
É divertido ouvir a cineasta Lana Warchowsky, da franquia "Matrix", dizer que a única representatividade positiva da trans nos anos 60 foi um desenho do Pernalonga, que ele se faz passar por uma mulher e é desejada pelo Hortelino.
Outro momento emocionante é quando a atriz trans Sandra Cadwell que sempre escondeu ser trans e quando era escalada para filmes, morria de medo de ser descoberta, até que resolveu fazer o outting em cadeia nacional pelo jornal New York Times.
Laverne Cox fala sobre a evolução de celebridades, como a apresentadora Oprah, ou o roteirista Ryan Murphy, que faziam uma representação errada do universo trans, e que hoje em dia já são politicamente corretos.
Na pesquisa da GLAAD, Ong Lgbtqi+, mais de 80 por cento doa americanos não possuem nenhuma referência real de trans, e sabem da existência delas através dos personagens vistos em filmes e séries, por isso a importância hoje em dia de se falar sobre as trans com representatividade em roteiristas, produtores e diretores.
A enorme pesquisa de cenas de filmes e séries e programas de tv de "Revelação" é um presente para qualquer cinéfilo.
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